Criação dos cursos de Farmácia nesse modelo impactam negativamente na formação do farmacêutico
Diretoria do CRF-SP durante a reunião plenária com a participação do deputado federal Orlando Silva
São Paulo, 10 de junho de 2025.
A 5ª reunião plenária ordinária do CRF-SP teve como tema central o novo marco regulatório da educação e o impacto na formação do farmacêutico. Diretores, conselheiros e farmacêuticos debateram sobre o Decreto nº 12.456/25 que trata da oferta de educação à distância por instituições de educação superior em cursos de graduação e a Portaria MEC nº 378/25, que dispõe sobre os formatos de oferta dos cursos superiores de graduação, normativas que não atendem aos anseios dos farmacêuticos e estudantes de Farmácia de todo o país.
Com o Decreto, um acadêmico de Farmácia poderá estudar de forma semipresencial, com 40% da carga horária em atividades presenciais e outros 20% em atividades síncronas (ao vivo). Essa carga é considerada insuficiente para garantir uma formação de qualidade, compatível com as exigências técnicas e humanas da profissão.
Conselheiros também participaram das discussões
Para a Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP, o debate sobre a criação dos cursos de Farmácia no modelo semipresencial é de extrema importância. Isso impacta diretamente na formação do nosso aluno, na qualidade desse profissional para a sociedade, colocando em risco a saúde da população. Nesta plenária nos posicionamos e estabelecemos quais são os aspectos e como vamos lutar contra essa modalidade”.
Ela destaca ainda “é nosso dever propor alterações nas Diretrizes Curriculares Nacionais para ampliar a carga horária presencial. No entanto, qualquer avanço deverá respeitar o limite legal de 30% para a modalidade EaD”.
Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP apresentou as normativas recentes sobre o tema
Outro aspecto apresentado pela Dra. Danyelle foram as ações do CRF-SP, em parceria com o Fórum dos Conselhos de Atividades Fim da Saúde (FCAFS-SP), que reúne 15 profissões e 14 conselhos, entre os quais o CRF-SP. Entre as ações está a articulação na esfera política para sensibilizar os parlamentares sobre o problema. “Estivemos em Brasília e visitamos mais de 200 deputados, inclusive os que fazem parte da Comissão de Educação e da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Fomos muito bem recebidos pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que entendeu o prejuízo que as normativas podem causar”.
De forma on-line, diretamente de Brasília, o deputado federal Orlando Silva, que esteve presente na reunião com o ministro da Saúde, também participou da reunião plenária e enalteceu a atuação do CRF-SP. "Quero deixar registrado a liderança do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo e do Conselho Federal de Farmácia no debate em defesa da saúde pública, do SUS e dos direitos do povo brasileiro por essa batalha que vocês travam e que nós travamos pelo fim do ensino à distância na área de saúde. São muitos conselhos envolvidos mas há que se destacar o peso político que o CRF-SP tem no plano federal, regional e, particularmente,em São Paulo. Eu acredito que os conselheiros regionais e a comunidade de Farmácia têm de ter orgulho do CRF-SP pelo trabalho dedicado disciplinado eh que tem feito articulando todos os conselhos da área da saúde".
O deputado federal Orlando Silva participou do debate diretamente de Brasília
O coordenador do Grupo Técnico de Trabalho de Educação Farmacêutica do CRF-SP, Dr. Alexandre Bechara, também deu sua contribuição acerca da discussão de novas diretrizes curriculares (DCNs) para o curso de graduação em Farmácia e os impactos do novo decreto sobre as modalidades de ensino. “Acreditamos que o ensino farmacêutico deva ser sempre presencial. Então, estou aqui reunido com os colegas para representar os trabalhos do GTT, em que nós, ao longo de muito tempo, estamos discutindo tudo que é necessário para uma educação farmacêutica de qualidade e para o aperfeiçoamento das atuais diretrizes, focando sempre no ensino presencial”.
Dr. Alexandre também destacou as lacunas na formação do farmacêutico no Brasil e ressaltou aspectos do profissional formado atualmente como desalinhado com o contexto atual, pouco preparado para gerir e tomar decisões, pouco preparado para tecnologias e pouco exposto às demandas sociais.
Representando os estudantes de Farmácia, o presidente do Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica da Usp, Mateus Pazini Silva, também enfatizou a preocupação com a modalidade atual. “A realidade é que muitos estudantes pagam uma mensalidade de 100% presencial enquanto recebem apenas 60%. É uma discrepância muito grande e é uma pauta que está sendo cada vez mais latente”.
Dr. Alexandre Bechara, coordenador do GTT de Educação Farmacêutica do CRF-SP
Mateus também exemplificou contando sobre um curso de Farmácia que se utiliza da gamificação no lugar de aulas práticas em um laboratório de Farmacotécnica. “Ao invés da instituição disponibilizar um laboratório para o estudante aprender a fazer o procedimento correto, criou-se um jogo em que você clica com o mouse no jaleco para se vestir, depois clica no béquer. Essa precarização do ensino também está relacionada com a precarização do ensino público”.
Mateus Pazini Silva é presidente do Centro Acadêmico Farmácia e Bioquímica da Usp
O CRF-SP continuará com as ações na esfera política, jurídica, legislativa, além de batalhar pela alteração das DCNs.
Para contribuir com essa discussão, o FCAFS-SP solicita o apoio em favor da formação presencial dos profissionais da saúde com a assinatura em um abaixo-assinado.
Acesse o formulário e confirme seu apoio em defesa da saúde e da qualidade no atendimento à população: https://crfsp.far.br/url/abaixo_assinado_fcafs.
Clique para acessar a reunião plenária de segunda-feira, 9/06 e acompanhar as discussões na íntegra.
Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP
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