Entidades debatem ações na área farmacêutica na vacinação contra a covid-19
São Paulo, 10 de dezembro de 2020.
À medida em que a vacina passou a ser uma realidade cada vez mais próxima, assim como tem feito desde o início da pandemia de covid-19, o CRF-SP percebeu a necessidade de intensificar a discussão sobre a contribuição do farmacêutico e dos estabelecimentos da área em toda a cadeia desde a logística até o serviço de imunização. Diante dessa demanda, esse foi o tema do Fórum: Vacina na cadeia farmacêutica da logística ao serviço de imunização, realizado na manhã desta quinta-feira, 10, ao vivo, no canal do YouTube.
Além da diretoria do CRF-SP, o Fórum contou com a participação de representantes da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sincofarma/SP) e do Dr. Kleber Fernandes, coordenador do Grupo Técnico de Trabalho de Logística de Produtos de Interesse à Saúde do CRF-SP.
Ao abrir a discussão, Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, destacou que apesar do impacto econômico da pandemia já ser de mais de US$ 1 trilhão de dólares no mundo, a preocupação é principalmente com a saúde da população, tendo em vista os atuais 69 milhões de casos da doença e 1,5 milhões de mortes por covid-19. No Brasil, hoje são cerca de 180 mil mortes e quase 7 milhões de casos.
Dr. Marcos ressaltou que a vacina nesse momento é o assunto mais importante no mundo. "Nada é mais importante para o retorno da vida das pessoas. O mundo já está se preparando enquanto nós vivemos um momento de angústia, precisamos o quanto antes de uma definição em relação à disponibilização da vacina no Brasil”. O presidente do CRF-SP destacou ainda a lei 13.021/14 que possibilita o serviço de imunização nas farmácias. “Acredito que de imediato o governo deva assumir essa demanda e as farmácias possam entrar como pontos de apoio por se tratar de um problema de saúde pública emergencial”.
Ações do CRF-SP
Durante toda a pandemia, o CRF-SP tem se preocupado em munir o farmacêutico com ferramentas de capacitação como uma área específica sobre covid-19 no portal com informações atualizadas, materiais técnicos, além da realização de campanhas de educação em saúde. Outro diferencial é o curso “Cuidado farmacêutico na imunização e administração de vacinas”, disponível gratuitamente na Academia Virtual de Farmácia. “Mesmo os farmacêuticos que não estão na linha de frente é importante que façam o curso e conheçam todos os aspectos relacionados às vacinas. O CRF-SP também enviou um ofício à Secretaria de Saúde solicitando que os farmacêuticos sejam incluídos como profissionais de saúde prioritários para serem vacinados imediatamente assim que se iniciar a vacinação no estado de São Paulo e atuarem com segurança”, enfatizou Dr. Marcos, que durante o Fórum lançou a campanha "Chega de mortes, o Brasil precisa de vacinas!".
O vice-presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, chamou a atenção para as curvas da segunda onda na Europa e Estados Unidos. “A comparação com a primeira onda é assustadora, é um momento oportuno para essa discussão. Se os setores não trabalharem em conjunto nada vai funcionar. Precisamos regulamentar a questão da vacinação de covid-19 nas farmácias, afinal além da capilaridade é uma questão humanitária, de saúde pública. O farmacêutico tem um papel importante em toda a cadeia”. Já Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP, fez questão de destacar a proatividade do CRF-SP ao propor o debate entre os vários players da cadeia farmacêutica em relação à vacina. “Os desafios são inúmeros, assim como a nossa capacidade de superação como fizemos na linha de frente de toda a pandemia”.
Vacinação nas farmácias
Com a consolidação dos serviços farmacêuticos nas farmácias ao longo dos últimos anos, inclusive com a recente discussão da reformulação da RDC 44/09, por meio da consulta pública 911/20, o farmacêutico ganhou força e mostrou que é possível fazer mais.
Foi o que apresentou o CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, entidade que representa 8300 farmácias de 26 redes em todo o país. “As vacinas já são uma realidade e fazem parte da construção da nova farmácia. Hoje, temos potencial para disponibilizar 1953 salas de aplicação de injetáveis, por se tratar de uma situação emergencial e até 3500 profissionais, incluindo o farmacêutico para o serviço de imunização e outros funcionários para organização de filas e procedimentos. Tudo sem custo ao Estado ou para a população, com possibilidade de imunização de mais de 1 milhão de pessoas por semana”.
Mena Barreto ressalta que a pandemia, apesar da gravidade e da quantidade de mortes, reforçou a importância da farmácia e do farmacêutico. “Não me canso de aplaudir os farmacêuticos, vivemos algo inédito. Pela primeira vez, as farmácias vão ser usadas em larga escala. Todos são bem-vindos e devem se engajar para superar as dificuldades e voltarmos a uma vida normal”.
Representando o Sincofarma/SP, Angélica Saldeira, coordenadora de cursos e Comunicação, chamou a atenção para a credibilidade do farmacêutico e para o fácil acesso às farmácias. “Apesar de sermos o sindicato do comércio varejista, a grande preocupação é com a saúde. Precisamos aproveitar esse momento para que possamos de fato nos unir e nos ater a esse lado capacitando os profissionais, apoiando os estabelecimentos pequenos e independentes, envolvendo o apoio de vereadores e deputados sem interesse político ou empresarial, temos que nos disponibilizar a apoiar a população”.
Gestão logística do farmacêutico
O processo de logística começou a amadurecer nos últimos dez anos quando a legislação começou a se organizar. Essa a foi a frase de abertura da apresentação do Dr. Kleber Fernandes, coordenador do Grupo Técnico de Trabalho de Logística de Produtos de Interesse à Saúde do CRF-SP e Diretor de Qualidade e Gestão Técnica na Solistica. Como experiência, Dr. Kleber citou o sistema de vacinação que funcionou perfeitamente em meio a pandemia de H1N1, no entanto, ressaltou que nem todos quiseram tomar a vacina e não houve sobrecarga. “O grande problema da vacina de covid-19 é a expectativa, o que sobrecarrega qualquer sistema de distribuição. Não será uma distribuição única, consolidada. A aproximação entre os elos da cadeia é que vai fazer com que a gente ganhe o jogo”.
Outro ponto importante alertado no Fórum foi o investimento em segurança para evitar furto, roubo, extravio ou a possibilidade de falsificação da vacina. “Ouvimos falar apenas em controle de temperatura, é fundamental por ser um produto termossensível, no entanto, há outras questões peculiares como o contrabando e, por isso, a necessidade de gestão do farmacêutico em toda a cadeia”. Dr. Kleber se atentou ainda à questões como a logística reversa, ou seja, para onde vão as devoluções e as incinerações? Como será feita a rastreabilidade do produto que foi incinerado, tudo isso somado ao desafio de se vacinar a população no menor tempo possível.
Confira o Fórum: Vacina na cadeia farmacêutica da logística ao serviço de imunização na íntegra
Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP
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