ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 125 - MAR - ABR / 2016

COMISSÕES ASSESSORAS / FARMÁCIA HOSPITALAR

   

Atuação que salva vidas

Avança a importância do farmacêutico no atendimento pré-hospitalar, mas área ainda requer legislação específica 

 

A assistência às urgências e emergências das vítimas de trauma no local em que ocorreu um acidente de trânsito, violência urbana (baleado, esfaqueado etc.), mal súbito (emergências cardiológicas, neurológicas etc.) e distúrbios psiquiátricos, por exemplo, é feito pelos profissionais de atendimento pré-hospitalar. Seu objetivo é a manutenção da vida ou minimização de sequelas, prestando os primeiros cuidados e/ou estabilização, seguidos de rápido transporte a um hospital.

A atuação do farmacêutico no atendimento pré-hospitalar no país é uma prática recente e, por isso, necessita de melhor estrutura e reconhecimento profissionalA atuação do farmacêutico no atendimento pré-hospitalar no país é uma prática recente e, por isso, necessita de melhor estrutura e reconhecimento profissionalA atuação do farmacêutico na atividade não acontece nas ruas, mas como suporte na organização dos medicamentos usados nas ocorrências e sua contribuição é fundamental para salvar vidas. A inserção desse profissional na área é recente e nem todos os serviços contam com o seu apoio. Além disso, a atividade carece de melhor estrutura e reconhecimento para os farmacêuticos que estão na ativa.

Duas resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a 492/2008 e 568/2012, ajudaram a estabelecer critérios para o exercício da atividade. “Foi um avanço importante, mas ainda falta legislação específica”, disse a dra. Margarida Vicchietti, farmacêutica atuante há 16 anos no serviço de atendimento pré-hospitalar de uma importante concessionária de rodovias.

A farmacêutica conta que as resoluções acima nasceram de propostas de normatização discutidas pela Comissão Assessora de Farmácia Hospitalar do CRF-SP. “Os profissionais do atendimento pré-hospitalar socorrem vítimas que precisam ser salvas em barrancos, barracos, enchentes, ajoelhados no asfalto, enfiados embaixo de algum caminhão retorcido. E assim eles fazem diluições e administração de medicamentos em situações completamente desfavoráveis”, comentou a profissional. 

A dra. Margarida entende que o estabelecimento de normas pode contribuir para o uso correto e seguro de medicamento nessas condições. Ela cita, como exemplo, a preocupação com a forma e a ordem como os medicamentos são dispostos em mochilas, com o tamanho e a cor das etiquetas, dentre outros detalhes importantes.

A maioria dos medicamentos utilizados nos atendimentos pré-

hospitalares é injetável, e, portanto, estável dentro de faixas de temperatura determinadas. Nas ruas, as viaturas circulam sob sol escaldante, e, por isso, é necessário proteger os medicamentos das variações de temperatura. “A natureza das atividades de um farmacêutico em atendimento pré-hospitalar tem particularidades que nos trazem muitas dificuldades”, completou.

Com 16 anos de atuação, a dra. Margarida Vicchietti considera que falta uma legislação específica para a áreaCom 16 anos de atuação, a dra. Margarida Vicchietti considera que falta uma legislação específica para a áreaLembrando do início da atividade, no ano 2000, a dra. Margarida conta que se deparou com um ambiente de trabalho desorganizado e escuro e com caixas de papelão entulhadas de medicamentos e correlatos. Esse material era distribuído com muitas falhas em relação a critérios técnicos para o trecho que compreendia várias bases operacionais, ambulâncias e viaturas de intervenção rápida, tripuladas por médicos e profissionais auxiliares. “Todas carregam material de suporte avançado, isso é, necessitam de medicamentos, incluindo os de uso controlado pela Portaria MS 344/98”, revelou.

Os primeiros anos foram de trabalho árduo para organizar o local. “Além disso, precisei ter paciência e persistência para fazer as equipes entenderem o meu papel e as minhas exigências”, disse a especialista. 

Dra. Margarida esclarece que hoje o local onde atua possui licença na Vigilância Sanitária e procedimentos estabelecidos para compra, armazenamento, distribuição e utilização de medicamentos e correlatos. “A empresa colabora e me dá todas as condições necessárias para que eu exerça a minha função. Sou respeitada e ouvida. Todos ganham com isso. É muito gratificante”, comemora.

Apesar da conquista dentro da  empresa, a dra. Margarida acredita que falta integração entre os poucos profissionais do segmento, “uma condição que poderia contribuir para o amadurecimento da atuação do farmacêutico nesse âmbito”.

   

Por Carlos Nascimento

 

 

 

 

 

     

     

    farmacêutico especialista
    Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.