PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 112 - JUL-AGO / 2013
Revista 112 Análises Clínicas
100% preparado para a Toxicologia
Farmacêutico é o profissional que reúne conhecimentos fundamentais para atuar com primazia na área. Mercado de trabalho está em ascensão
As aulas de química, farmacologia, genética, interações medicamentosas, fisiologia, bioquímica, hematologia, toxicologia, entre outras, ainda na graduação em Farmácia, são fundamentais à formação do farmacêutico. Elas ganham ainda mais importância e fazem toda a diferença se a escolha do profissional for pela atuação na área toxicológica. A Farmácia é a única profissão que possui a toxicologia como disciplina obrigatória, todas as outras são opcionais e obrigam o profissional a buscar especialização. É o primeiro passo para o farmacêutico largar na frente nesse campo cada vez mais em alta no mercado.
A ciência que estuda os efeitos nocivos das substâncias sobre os organismos vivos, decorrente da interação entre um agente tóxico e um sistema biológico, a toxicologia, é multidisciplinar e tem o farmacêutico como um profissional indispensável para atuar na equipe. A área é vasta e com a tendência cada vez maior de se usar o conhecimento para a segurança na saúde humana, meio ambiente e produtos químicos, o farmacêutico tem espaço em laboratórios, no desenvolvimento analítico para ensaios químicos e biológicos voltados para as análises toxicológicas de alimentos, medicamentos, cosméticos, produtos químicos e industriais, bem como a sua relação com o homem e o meio ambiente.
Atividades de toxicovigilância, planejamento e gerenciamento que envolvam os processos de avaliação de risco ocupacional e ambiental também são áreas de atuação do profissional. Além disso, o farmacêutico está habilitado para o controle de qualidade laboratorial e gerenciamento de resíduos, poderá prestar informações sobre efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de fármacos e de drogas lícitas ou ilícitas, e pode atuar em órgãos de regulamentação e fiscalização profissional, bem como no registro e controle de medicamentos, cosméticos, correlatos, saneantes e domissanitários.
Para o Professor Titular de Toxicologia pela Universidade de São Paulo, dr. Dermeval de Carvalho, o conteúdo programático de Toxicologia na graduação permite ao farmacêutico trabalhar no delineamento de estratégias necessárias à avaliação de toxicidade e de segurança, obrigatórios para fármacos, ingredientes cosméticos, aditivos alimentares, praguicidas, entre outros. “Com o aporte científico recebido, um ramo da Toxicologia, a Regulatória, tem tornado importante ferramenta para os processos de harmonização legislativos, especialmente quando se sabe do crescimento comercial praticado de forma globalizada.” Profº. Dermeval ressalta ainda que o farmacêutico deve levar em conta os estudos de baixas doses, ensaios in silico, reader-across, tecnologias omics, métodos alternativos a métodos in vitro e modelos computacionais.
Há 27 anos na área de Toxicologia, a Profª. Dra. Luciane Maria Ribeiro Neto, coordenadora da Comissão Assessora de Análises Clínicas e Toxicológicas do CRF-SP e docente do Centro Universitário São Camilo, destaca ainda que o farmacêutico pode contribuir no aspecto forense atuando na investigação médico-legal, na análise da mudança de desempenho (antidopagem, alcoolemia), na testagem forense de drogas na urina e na caracterização de crime ambiental. Para isso, é necessária a aprovação em concurso público. “É uma área motivadora. Para atuar em análises toxicológicas são necessárias habilidades e competências em química analítica instrumental e contínuo aprimoramento voltado para os avanços tecnológicos.”
Em Toxicologia, o farmacêutico sempre esteve focado na indústria farmacêutica, na investigação de efeitos adversos e malefícios que os medicamentos ou cosméticos podem causar ao ser humano e ao meio ambiente, em especial pela necessidade de comprovação da segurança para que os produtos sejam comercializados. No entanto, uma área pouco explorada e que necessita de conhecimentos toxicológicos é o departamento de segurança, saúde e meio ambiente das indústrias químicas. Qualquer empresa pode ter um farmacêutico à frente da equipe para verificar as condições a que os trabalhadores estão expostos, tendo em vista o manuseio dos mais variados produtos.
Diferencial farmacêutico
Apesar de ter acesso aos conhecimentos ainda na graduação, o farmacêutico necessita de uma sólida formação, deve ter alicerce para desenvolvimento de competências para o exercício do pensamento crítico e juízo profissional, para análise de dados, para a tomada de decisões e solução de problemas, conforme destaca o dr. Eduardo Kinio Sugawara, membro da Comissão Assessora de Análises Clínicas e Toxicológicas e que atua há 18 anos na área. “Atuar como farmacêutico nesse segmento é saber que oferecemos com primazia um serviço diferenciado na área da saúde do indivíduo e da coletividade, pois trabalhamos principalmente na prevenção, além da investigação, promoção, proteção e contribuição para a recuperação da saúde.”
Dr. Eduardo, que também é coordenador do laboratório de toxicologia Biocrom da empresa Afip – Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa, ressalta que o farmacêutico é um profissional cada vez mais procurado no mercado de trabalho e pode evitar a intoxicação parcial ou total da população, por meio das análises de alimentos, ambientais, ocupacionais, medicamentos e cosméticos; a morte de pacientes, por exames toxicológicos que servem de suporte para o tratamento médico adequado; além do uso indevido de substâncias, produtos farmacêuticos, alimentos, entre outros, que possam trazer risco ao indivíduo, à sociedade ou ao meio ambiente..
Dica do congresso: O tema “Toxicologia: Perspectivas para o farmacêutico” será abordado no XVII Congresso Paulista de Farmacêuticos, de 5 a 8 de outubro. Programação: |
Mais informações sobre Análises Clínicas e Toxicológicas na página da comissão
Thais Noronha