PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 112 - JUL-AGO / 2013
Revista 112 Técnica e Prática
Anticoncepcionais: riscos e interações
Associação com cigarro e medicamentos pode colocar em risco a saúde da mulher. Farmacêutico deve orientar sobre a utilização correta
Aprovado em 1960 pelo órgão regulador dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), o medicamento Enovid-R® foi a primeira pílula anticoncepcional do mundo. Passados mais de 50 anos, as variações dos anticoncepcionais são inúmeras, entre elas os orais hormonais combinados, orais de progesterona, injetáveis (mensal e trimestral), de emergência e anticoncepção hormonal oral combinada de doses menores. Mesmo com tanto tempo no mercado e com a tecnologia cada vez mais avançada, o contraceptivo oral, ainda que ofereça inúmeras vantagens, é um medicamento e, portanto, é imprescindível que toda mulher esteja atenta aos riscos e interações medicamentosas na sua utilização.
Nesse contexto, o farmacêutico é o profissional apto e que reúne todas as informações para orientar a respeito do medicamento, incluindo forma de utilização correta, horário, dose, necessidade de acompanhamento médico, prazos de validade e, principalmente, a alertar sobre os possíveis efeitos adversos dos anticoncepcionais. Em alguns casos, podem causar cefaleia, mastalgia, sangramento intermenstrual, enxaqueca, secura vaginal, náusea, diminuição da libido, retenção de líquidos, aumento da pressão arterial, vômitos, ganho ou perda de peso, alterações no humor, acne e sangramento irregular.
Alguns grupos são mais propensos a terem problemas com o uso de anticoncepcionais e devem evitar esse tipo de método, como é o caso de mulheres com mais de 40 anos e que tenham diabetes descompensada ou hipertensão, que estiverem amamentando, que apresentarem problemas neurológicos, quadro de trombose venosa, doença cardíaca, mulheres acima de 35 anos quando fumantes, enxaqueca com aura, cirrose hepática, hepatite aguda, doença cardíaca atual ou passada. Já em relação às interações medicamentosas, o uso concomitante de anticoncepcional com antibióticos pode propiciar o risco de diminuição da concentração sérica dos contraceptivos, especialmente quando associados com derivados de rifampicina, nafcilinas e penicilinas. O grande perigo na associação com a rifampicina se dá pelo uso prolongado do antibiótico como no tratamento contra tuberculose e hanseníase. Outras classes como as tetraciclinas, metronidazol e derivados da penicilina como amoxicilina e cefalosporinas também podem diminuir a concentração de estradiol.
Cigarro x anticoncepcionais: perigo iminente
Há especialistas que são categóricos: mulheres fumantes e com mais de 35 anos não devem utilizar anticoncepcional oral em hipótese alguma. A explicação é que o cigarro em si já representa uma série de riscos para o organismo dos fumantes ativo e passivo. O cigarro pode alterar o sistema cardiovascular e, por isso, prejudica o sistema circulatório. A pílula anticoncepcional, por sua vez, também gera modificações nesta área e a junção dos dois resulta numa mistura com sérias
Outro risco é o aumento das chances da mulher desenvolver alguns tipos de câncer que poderiam ser evitados, como o de colo de útero. O cigarro é o fator ambiental mais significativo para o aparecimento da doença, quem fuma tem duas vezes mais chances de desenvolver este tipo de câncer do que aqueles que não o fazem.consequências para a saúde.
Interações medicamentosas com anticoncepcionais: | |||
Componentes dos contraceptivos hormonais | |||
Grupo Terapêutico |
Substância ativa | Etinilestradiol | Levonorgestrel |
Adsorventes (Diarreia e gases) | Carvão ativado |
X | |
Antibióticos | Penicilinas, tetraciclinas | X | |
Anticoagulantes | Acenocumarol, varfarina | X | X |
Antidislipidêmicos (colesterol) | Atorvastatina, rosuvastatina | X | |
Antiepiléticos e anticonvulsionantes | Carbamazepina, fenitoína, fenobarbital, lamotrigina, primidona, felbamato, topiramato | X | X |
Antineoplásicos | Anastrozol, bexaroteno, ciclosporina | X | X |
Antiparkinsonianos | Ropinirol, selegilina | X | |
Antivirais | Amprenavir, atazanavir, efavirenz, fosamprenavir, nelfinavir, ritonavir, nevirapina | X | X |
Antituberculosos | Rifabutina, rifamicina, rifampicina | X | X |
Corticosteroides | Betametasona, deflazacorte, dexametasona, hidrocortisona, metilprednisolona, prednisolona, prenisona | X | |
Inibidores da cox-2(Anti-inflamatórios) | Etoricoxib | X | |
Antidiabéticos | Acarbose, glibenclamida, glimepirida, insulina | X | X |
Relaxantes musculares | Tizanidina | X | |
Xantinas (Asma) | Aminofilina, teofilina, teofilinato de colina | X | |
Antiacneicos | Acitretina, isotretinoína |
Fonte: http://farmaceutico.planetaclix.pt/contracepcao.html acesso em 17-07-13
Thais Noronha (com informações da assessora técnica do CRF-SP, dra. Amouni Mourad)
Fontes: Fiocruz, Inca, Unifesp, Mdsaúde.
Acesse aqui as edições anteriores ou faça download da Revista do Farmacêutico