PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 105 - DEZ - 2011 / JAN - 2012
Revista 105 Eventos
50 anos de CRF-SP: evento para ser lembrado
Temas de ponta para a profissão mesclados com momentos de resgate histórico de intensa emoção marcaram a celebração do Jubileu de Ouro do CRF-SP
Glórias do passado não garantem o sucesso futuro, mas nos ensinam que é possível superar grandes desafios com trabalho, coragem e determinação. Talvez seja essa grande mensagem a ser tirada do conjunto de eventos e palestras que marcaram a celebração dos 50 anos do CRF-SP. O Jubileu de Ouro do CRF-SP foi coroado com o Seminário Internacional “A arte de ser farmacêutico”, realizado de 28 a 30 de outubro, e que reuniu mais de 400 farmacêuticos e autoridades na capital.
A celebração mesclou momentos de importante resgate histórico e pura emoção, com palestras que apresentaram o momento atual da profissão farmacêutica, os caminhos para a valorização profissional e os desafios futuros perante novas tecnologias como os biofármacos, células-tronco e nanotecnologia.

O evento teve início com a palestra da farmacêutica norte-americana dra. Diane Ginsburg, ex-presidente da Associação de Farmacêuticos dos EUA, que apresentou os caminhos trilhados para o fortalecimento da profissão naquele país. Segundo dra. Diane, foi necessário provar com números que a presença do farmacêutico em várias áreas de atuação representavam mais segurança para os pacientes e redução dos custos. “Pesquisas indicaram que a atenção farmacêutica aplicada de forma eficaz pode reduzir o número de internações por problemas decorrentes das interações medicamentosas, e isso representa segurança para o paciente e redução de custos, em especial da saúde publica”, destacou.
Resgate histórico e emoção
Depois da primeira atividade, ocorreu um encontro de gerações proporcionado pela abertura do Seminário.

A noite era de reconhecimento aos que construíram, ao longo de meio século, o CRF-SP de hoje. Todos os ex-presidentes do CRF-SP foram homenageados e também a dra. Leda Nascimbeni, conselheira da primeira gestão” em 1961, portadora do CRF nº 6. “Felizmente as coisas mudaram muito. Naquela época a gente lutava para garantir a presença do farmacêutico nas farmácias, onde havia somente balconista.” O dr. Paulo Queiroz Marques, idealizador do Museu da Farmácia, também recebeu sua menção honrosa pela contribuição à profissão. Portador do CRF nº 16, fez questão de ressaltar o resultado de um trabalho árduo. “Hoje, o farmacêutico deixou de ser apenas o profissional do medicamento para ser um profissional de saúde.”
“Se hoje somos a entidade de referência para o farmacêutico e para a sociedade, os méritos são de profissionais que trabalharam e ainda trabalham incessantemente para que a categoria seja representada e cada vez mais valorizada”, ressaltou a dra. Raquel Rizzi, então presidente do CRF-SP.


A história em livro Também foi lançado o livro comemorativo dos 50 anos de CRF-SP, resultado de um intenso trabalho de pesquisa em um vasto arquivo de documentos e fotos, além de entrevistas com os personagens principais. ![]() Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP, apresentou o livro comemorativo aos 50 anos, elaborado pelo CRF-SP
Todo o processo foi orientado por um grupo de farmacêuticos renomados que integraram a Comissão Científica do Jubileu de Ouro, coordenado pelo dr. Mario Hirata. O resultado de tanto envolvimento de voluntários e colaboradores pode ser percebido na primorosa publicação que conta os 50 anos. São 144 páginas de história, emoção e muitas fotos que retratam, década a década, como o CRF-SP se transformou na entidade que é hoje. Na sequência, ocorreu o lançamento do carimbo e do selo comemorativos aos 50 anos de CRFSP, ação realizada em parceira com os Correios.” |
Programação internacional foi um sucesso

Um fim de semana de intensa atualização profissional também fez parte da comemoração. As palestras, realizadas no Memorial da América Latina, em São Paulo, se revezaram entre a preocupação com o futuro da profissão, devido aos avanços tecnológicos, o momento atual e o passado, por meio de farmacêuticos que fizeram história ao longo dos anos.
Dr. Manuel Machuca, farmacêutico da Universidade de Sevilha, na Espanha, e especialista em Atenção Farmacêutica Comunitária, destacou o fato de já existirem, no Canadá, máquinas que dispensam medicamentos e passam informações sobre o uso dos fármacos aos pacientes. “Se o farmacêutico acreditar que sua função na farmácia é apenas dispensar medicamentos, se não fizer a diferença para o paciente, esse será o futuro da dispensação no mundo. Tecnologia já existe para isso”, alertou o especialista em atenção farmacêutica.
Novamente, a emoção esteve em pauta no Seminário. Foi a vez de farmacêuticos experientes mostrarem sua trajetória, como a dra. Clara Pechmann, docente aposentada da Unesp - Araraquara, que fez um panorama dos 65 anos de carreira. Seu maior desafio foi aos 70 anos, quando assumiu a Secretaria de Saúde de Araraquara. “Foi um trabalho árduo em um cargo antes ocupado apenas por médicos, tenho muito orgulho de ter brigado por uma saúde com qualidade para a comunidade". Dr. Dermerval de Carvalho, livre docente da USP de Ribeirão Preto, destacou que o Brasil já é o terceiro consumidor mundial de cosmecêuticos e está se transformando em plataforma de produção mundial.


Dr. George Washington, diretor-técnico do serviço de Farmácia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de SP, destacou a evolução da assistência farmacêutica com a qualificação profissional e a publicação de guias técnicos específicos para a área de cardiologia. “A qualidade profissional na Farmácia está pautada por presença, postura, personalidade, procedimento e perseverança.”
A segunda etapa do sábado, 29 de outubro, contou com outro destaque internacional, o dr. Bernd Hill, docente na área de física da Universidade de Münster, Alemanha, que falou sobre a biodiversidade como fonte de inspiração e inovação para a tecnologia. O engenheiro fez questão de enfatizar a condição brasileira frente à biônica, para ele, a tecnologia do século XXI. “O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. Gostaria que essa nova tecnologia, a biônica, tivesse uma boa aceitação nas universidades, porque é a área do futuro”.

O panorama da organização política e social da profissão foi apresentado pelo dr. Dirceu Raposo de Mello, ex-presidente da Anvisa. Ele ressaltou que a transformação se dará quando o farmacêutico tiver plena consciência da necessidade do seu trabalho.
A tarde de palestras foi concluída com a apresentação do cardiologista e autor de 35 best sellers, dr. Lair Ribeiro, que mostrou aos participantes o que é preciso fazer para se manter no mercado de trabalho. “É preciso tirar o cérebro do módulo automático. É necessário saber pensar. Tecnologia não resolve nada se não houver um cérebro que saiba usá-la.”
De olho no futuro
O Seminário também foi importante para que o farmacêutico conhecesse e identificasse áreas de atuação em evidência ou com um futuro promissor, como o caso da palestra do dr. Julio Voltarelli, docente do Departamento de Clínica Médica da USP de Ribeirão Preto, que destacou a repercussão positiva da terapia com células-tronco para o controle do diabetes tipo 1.
Já a dra. Silvia Stanisçuaski Guterres, que atua na área de nanobiotecnologia e tecnologia farmacêutica, falou aos participantes sobre o uso da nanotecnologia como ferramenta de inovação.
O dr. Spartaco Astolfi Filho, docente de Engenharia Genética e diretor do Centro de Apoio Multidisciplinar da Universidade Federal do Amazonas também enfatizou a área de biofármacos em expansão no Brasil. “Obtidos por meio de algum processo biológico e usados, por exemplo, em casos de câncer, deficiência hormonal e hemofilia, os biofármacos estão em amplo desenvolvimento no Brasil e aparecem como mais um setor em que o farmacêutico pode fazer a diferença.”
Farmacêutico é imprescindível para o SUS, diz ministro da Saúde
Alexandre Padilha prestigia a comemoração dos 50 anos do CRF-SP e fala sobre os projetos para a formação em saúde e verbas para o setor

O último dia da programação do Seminário foi marcado pela presença do ministro da Saúde, dr. Alexandre Padilha, que falou para mais de 400 pessoas que acompanharam o evento e puderam saber mais sobre os planos ministeriais para implementação e desenvolvimento da assistência farmacêutica no país.
Após a palestra, o ministro concedeu uma entrevista exclusiva à Revista do Farmacêutico.
Durante a entrevista, repetiu várias vezes o quanto a presença do farmacêutico é decisiva dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), pois garante maior segurança ao paciente, uso racional e economia dos recursos. “Nos primeiros seis meses deste ano conseguimos economizar mais de R$ 600 milhões apenas com o planejamento racional da compra de medicamentos e o farmacêutico foi decisivo pra isso.” Além de reforçar a importância do aperfeiçoamento do ensino na área da saúde, deu especial destaque à parceria com o Ministério da Educação e às ações criadas para estimular os municípios a cumprir as diretrizes estabelecidas pelo sistema de saúde brasileiro.
O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), idealizado pelo governo federal, busca induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável entre os municípios e equipes participantes. “O Ministério da Saúde quer premiar e repassar mais recursos aos municípios que se comprometem com a qualidade de atendimento da população, e isso inclui uma assistência farmacêutica bem estabelecida.”
De acordo com a política do Programa, a concessão de recursos pode até ser dobrada com base no desempenho de cada equipe inscrita. A estratégia pretende melhorar e ampliar o acesso à saúde. “Garantindo equipes qualificadas e com ações de promoção e prevenção nos locais onde as pessoas residem, até 80% dos agravos podem ser resolvidos ou acompanhados a partir da atenção básica. Isso gera melhor qualidade de vida e também a redução dos atendimentos hospitalares, pois evita a presença desnecessária em pontos de urgência e emergência”, afirmou Padilha.
Este evento somente foi possível graças aos seguintes Patrocinadores:
Acesse aqui as edições anteriores ou faça download da Revista do Farmacêutico