PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 132 - OUT - NOV - DEZ/2017
XIX Congresso Farmacêutico de São Paulo
Atividades com foco em cuidados ao paciente lotam auditórios e apontam a prática clínica como tendênciapara o futuro da profissão
Remetendo à tradição iniciada nos anos 1970, década em que ocorreu a sua primeira edição, o XIX Congresso Farmacêutico de São Paulo, realizado no Centro de Convenções Frei Caneca, na capital, entre os dias 6 e 8 de outubro, cumpriu o propósito de apontar os caminhos e as tendências que a Farmácia deve trilhar nos próximos anos. E, a julgar pelas atividades mais disputadas ao longo dos três dias de evento, o futuro da profissão indica que o farmacêutico tem os olhos voltados para a atenção e cuidados com o paciente.
A tendência foi apresentada sob a ótica de 200 ministrantes especializados em diversos temas, cuja expectativa foi fornecer subsídios para ajudar os mais de 2,5 mil participantes vindos de 350 cidades do Brasil, 27 estados e oito países, a consolidar o sucesso profissional. Ao todo foram mais de 300 horas de programação, entre cursos, palestras, mesas-redondas e simpósios, sendo boa parte dedicada a especificidades dessa nova face da Farmácia, mais atenta ao tratamento do paciente.
Ministrante da palestra “Alzheimer: tratamento e cuidados humanizados”, evento que lotou um dos maiores auditórios do Centro de Convenções Frei Caneca, Dr. Gustavo Alves, coordenador do Grupo Cuidados Farmacêuticos ao Idoso do CRF-SP, reforça essa tese e faz um comparativo com a edição de 2015, quando também abordou o mesmo tema.
“Na última edição do Congresso, a palestra sobre cuidados e tratamento do Alzheimer teve um público bom, mas nada comparado à esta edição. Essa mudança de atitude demonstra o interesse tanto de profissionais, quanto de estudantes de Farmácia, para com os temas voltados aos cuidados aos idosos. É um fato maravilhoso porque aponta que o trabalho que temos desenvolvido no CRF-SP, com as ações do Grupo Cuidados Farmacêuticos ao Idoso, tem surtido efeito”, avalia o farmacêutico.
Segundo a Dra. Luciene Moreira Marques, que participou do Simpósio Exames Laboratoriais no Contexto das Atribuições Clínicas: “Se comparado com anos atrás, as possibilidades hoje são totalmente diferentes e muito melhores. Estamos num momento da profissão farmacêutica em que não falamos mais somente da dispensação de medicamento; estamos falando de um profissional voltado para área clínica. Agora, nossa luta é outra, para fazer atendimento e consulta farmacêutica. É importante saber em que contexto da profissão se encaixam os exames laboratoriais”.
Houve lotação máxima também na mesa-redonda sobre consultório farmacêutico. Uma das ministrantes, Dra. Sílvia Storpirtis, ressaltou ser necessário ter conhecimento prático e clínico. “É preciso atuar dentro dos limites profissionais e dentro da filosofia de cuidados farmacêuticos”.
“Resgatar o atendimento individual”
Os congressistas também tiveram muitas oportunidades de interagir com ministrantes internacionais que, por meio das atividades apresentadas, abordaram o panorama da Farmácia em seus países. O somali radicado na Turquia Dr. Abdikarim Mohamed Abdi, diretor de práticas experimentais clínicas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Oriente, na Turquia, acredita que o farmacêutico deve resgatar o atendimento individualizado, com atenção e dedicação ao paciente.
“Se me perguntam qual foi o motivo para eu fazer Farmácia, respondo que fiz porque quero cuidar da vida das pessoas. Estamos buscando ser profissionais clínicos, completos e, como farmacêuticos, temos habilidades únicas”, afirmou.
O presidente do CRF-SP, Dr. Pedro Eduardo Menegasso, ressaltou a qualidade das discussões nos três dias de evento. “Somos uma profissão que constrói o sucesso e o futuro. A cada dia temos batalhado para mostrar que temos valor. Estamos no caminho de mudanças. Que todos saiam do Congresso prontos para o sucesso! ”.
Novidades
A grade de atividades do XIX Congresso Farmacêutico de São Paulo também teve amplo espaço para temas voltados para inovação farmacêutica, entre os quais pesquisa e desenvolvimento com biofármacos, nanotecnologia, análise e gestão de risco de indústrias farmacêuticas, e até sobre o uso de canabinoide na terapêutica.
Este último ficou a cargo de um dos mais experientes pesquisadores do assunto no Brasil, o Dr. Francisco Silveira Guimarães, docente da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que integra o grupo que há 35 anos estuda os efeitos da substância.
No encerramento, Dr. Marcos Machado Ferreira, diretor-tesoureiro do CRF-SP, elogiou a comissão organizadora, ministrantes, funcionários e patrocinadores. “O resultado deste congresso encantou a todos. Foram inúmeras contribuições e cada uma das pessoas que se envolveu com sua realização, comissão organizadora, palestrantes, colaboradores do CRF-SP, fez o seu melhor para o sucesso que é de todos. Estamos certos de que saímos daqui com uma visão diferenciada de que agora poderemos fazer melhor.”
Por Renata Gonçalez (com informações de Carlos Nascimento, Mônica Neri e Thais Noronha)
XIX Congresso Farmacêutico em números 2,5 mil participantes |
Há 45 anos evoluindo com a profissão Apontado como um dos maiores eventos da área de Farmácia da América Latina, o Congresso Farmacêutico de São Paulo (outrora denominado Congresso Paulista de Farmacêuticos) foi realizado pela primeira vez em novembro de 1972. Nascia o primeiro encontro técnico-científico voltado especialmente aos farmacêuticos, realizado no Palácio dos Bandeirantes, na capital. Ainda com uma programação tímida, o Congresso já evidenciava o ímpeto da categoria farmacêutica em mudar a realidade e, assim, fazer com que a profissão se fortalecesse e ganhasse importância para debater e contribuir na construção de regulamentações para a área. De lá para cá, o evento foi evoluindo com a profissão, sempre pautado com acontecimentos importantes para a Farmácia, agregando discussões acerca de assuntos como: • Práticas alternativas e complementares; • Decreto presidencial nº 85.878/81, que definiu as atribuições privativas dos farmacêuticos e representou uma das maiores vitórias da profissão; • A criação do Sistema Único de Saúde com a promulgação da Constituição de 1988; • O substitutivo apresentado pelo deputado federal Ivan Valente ao PL 4.385/94 (que propunha nova redação ao artigo 15 da Lei 5.991/73 e a consequente desobrigação da responsabilidade técnica exclusiva pelos farmacêuticos em farmácias e drogarias); • A criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); a RDC 44/09 (que regulamenta a prestação de serviços farmacêuticos); • E a recente aprovação da Lei 13.021/14. |
PATROCINADORES DO XIX CONGRESSO FARMACÊUTICO DE SÃO PAULO: