Revista 108 - Indústria

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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 108 - AGO - SET - OUT - 2012

Revista 108 setinha Indústria

 

Fusões e oportunidades

Laboratórios multinacionais apostam em alianças, fusões e aquisições para explorar mercado de elevado potencial econômico e que exige um novo profissional

Uma das modalidades de negócio mais adotadas pelaindústria é a joint venture, ou empreendimento conjunto (Foto: Robert Gerhardt / Panthermedia)
Uma das modalidades de negócio mais adotadas pelaindústria é a joint venture, ou empreendimento conjunto (Foto: Robert Gerhardt / Panthermedia)

Fusões, aquisições e negócios conjuntos movimentam a indústria farmacêutica brasileira desde a década de 70, mas ganharam impulso nos últimos três anos, especialmente porque o Brasil se tornou mais atrativo e há motivos para isso. O programa de genéricos que fortaleceu laboratórios brasileiros, o crescimento das compras governamentais de medicamentos para o Sistema Único de Saúde e o aumento do poder de compra das famílias brasileiras são fatores que ajudam a explicar o fenômeno. Por outro lado, a crise econômica internacional reduziu o apetite de investimentos das grandes multinacionais farmacêuticas em países da Europa e nos Estados Unidos, onde foram anunciadas demissões e perda de receita com a expiração de importantes patentes.

As parcerias e aquisições visam à diminuição do risco de investimento, ampliação do portfólio de medicamentos, interesse no segmento de genéricos e expansão de negócios por meio de licenciamento de medicamentos, além de construção de novas unidades produtoras.

"As perspectivas da indústria farmacêutica no Brasil são excelentes. O papel do país no mapa setorial global tornou-se ainda mais relevante. O Brasil já é o sétimo mercado mundial de medicamentos e um grande fabricante de genéricos e similares e agora começa a investir de forma consistente, ainda que tímida, na pesquisa e no desenvolvimento de medicamentos inovadores", avalia Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma).

Já na avaliação do vice-coordenador da Comissão Assessora de Indústria do CRF-SP, dr. Edson Rollemberg Albuquerque Jr., as alianças estratégicas da indústria farmacêutica continuarão a acontecer porque o desenvolvimento de medicamentos inovadores é caro e leva muito tempo. "A estimativa é que hoje se gaste cerca de U$ 1 bilhão e de 10 a 15 anos em pesquisa para se desenvolver e comercializar um novo medicamento."

Segundo o especialista, essas dificuldades explicam a necessidade de alianças, mas ele considera que, num futuro próximo, as empresas que conseguirem produzir novos fármacos serão aquelas que terão o melhor desempenho. "Para que isso aconteça, será necessário um alto investimento na formação de profissionais capacitados e em novas tecnologias e o Brasil ainda está se preparando para isso."

A estratégia de investimentos dos grandes laboratórios multinacionais no Brasil está direcionada para modalidades distintas de acordos comerciais. Uma das opções é a formação de uma aliança comercial conhecida por joint venture, algo que pode ser traduzido como "empreendimento conjunto". 

O objetivo desta modalidade de negócio é variado e pode englobar a produção, apoio mútuo, exploração de novos mercados e não implica na perda da identidade e individualidade de cada pessoa jurídica. A vantagem deste tipo de acordo inclui a partilha de custos e riscos dos projetos que estariam além do alcance de uma só empresa.

Vários são os exemplos de joint venture realizados recentemente no Brasil para a fabricação e desenvolvimento de produtos biotecnológicos, sendo um deles a Orygen, que é a união dos laboratórios Biolab, Cristália, Eurofarma e Libbs. Outro, a união dos laboratórios Aché, EMS, União Química e Hypermarcas para a formação da BioNovis, um meganegócio que originou uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil. Mais uma grande movimentação foi o acordo entre a Merck, Eurofarma e Cristália que originou a Supera RX.

Novo profissional

As empresas que investem neste novo cenário apostam em maior competitividade e em uma mentalidade de ganho de eficiência. Desta maneira, o profissional também deve se reorientar em busca destes objetivos. O mercado procura profissionais com competências e habilidades equivalentes às necessidades da função. Portanto, cursos de especialização ou MBA são exigências cada vez mais prementes para quem pretende aproveitar as oportunidades que estão surgindo nesse mercado.

Raphael Revert: Além da indústria, uma gama de prestadoresde serviços necessitam de profissional especializado (Foto: Arquivo pessoal)
Raphael Revert: Além da indústria, uma gama de prestadoresde serviços necessitam de profissional especializado (Foto: Arquivo pessoal)

"Este cenário abre um momento de oportunidades, pois a nova empresa, fruto da fusão, passa a buscar no mercado, profissionais com competências específicas, capazes de integrar as duas culturas anteriores ou que possuam conhecimentos alinhados ao que será o novo momento da empresa", avalia o dr. Raphael Revert, farmacêutico especialista em recursos humanos e headhunter responsável pela divisão Healthcare da Michael Page International, além de membro da comissão de Regulação e Mercado do CRF-SP.

Segundo o dr. Raphael, as grandes empresas resultantes de alianças comerciais demandam um profissional com maior capacidade de adaptação, orientação a resultados e entendimento de mercado e não A estratégia das indústrias inclui explorar uma lacuna de mercado dos chamados biofármacos, já que o Brasil importa cerca de R$ 10 bilhões por ano desta classe de medicamentos e 60% desse montante é desembolsado diretamente pelo governo brasileiro. Além disso, o país poderá disputar no futuro um segmento de mercado global que, estima-se, movimenta cerca de U$ 160 bilhões e cresce, em média, 12% ao ano.apenas bom conhecimento técnico. "Em um mercado mais competitivo, com visão mundial, é natural que as empresas passem a exigir mais de seus funcionários, buscando pessoas que tenham formação complementar à graduação", diz o especialista.

Além da própria indústria, uma gama de prestadores de serviços que necessitam de mão de obra especializada e que conhecem profundamente o mundo farmacêutico tem florescido no nosso país. "É por empresas como estas que o farmacêutico será um profissional cada vez mais procurado".

Carlos Nascimento

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