PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012
Revista 107 Técnica e Prática
Antibiótico X álcool – Mito ou risco para a saúde?
Uma das interações medicamentosas mais polêmicas é a do uso associado de bebidas alcoólicas com antibióticos. Há quem considere que o consumo concomitante pode ocorrer sem riscos para o paciente, e que a inadequação para a saúde do uso de ambas as substâncias não passa de um mito. Mas a realidade não é bem essa. Esse casamento, em alguns casos, pode gerar, sim, efeitos colaterais graves, inclusive com risco de morte.
A Revista do Farmacêutico conversou com a dra. Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP, que apontou os principais problemas dessa interação.
De acordo com a especialista, o uso conjunto de alguns antibióticos como Metronidazol, Trimetoprim-sulfametoxazol, Tinidazole e Griseofulvin e bebidas alcoólicas pode se assemelhar ao efeito antabuse ou efeito dissulfiram, o mesmo que acontece no tratamento de dependentes alcoólicos quando há a inibição da enzima aldeído desidrogenase. Desta forma, ocorre um acúmulo de acetaldeído, sendo este muito tóxico para o organismo. Essa reação pode causar vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória e, em alguns casos, pode levar à morte.
Alguns antimicrobianos frequentemente receitados, entre eles cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida em uso conjunto com álcool podem inibir o efeito esperado do fármaco. Essa interação pode também potencializar a toxicidade hepática.
O álcool inibe ainda o sistema imune e dificulta o combate a agentes infecciosos. É responsabilidade do farmacêutico promover a melhoria da qualidade de vida da população e orientar o paciente sobre a relação temerária entre o uso do álcool com antibióticos.
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Mônica Neri
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