PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012
Revista 107 Farmácia Hospitalar
Sim, também é preciso administrar
Ter domínio sobre gerenciamento de estoque de materiais médico-hospitalares é essencial ao farmacêutico do setor, cuja atuação garante segurança a processos
A Farmácia Hospitalar vem passando por mudanças significativas nos últimos anos. Caracterizada por realidades distintas, onde coexistem desde hospitais sem farmacêuticos até farmácias extremamente modernas prestando toda a gama de serviços, sua gestão impõe ao farmacêutico responsável um grande desafio: a implementação de melhorias administrativas, sobretudo por se tratar de um setor do hospital que demanda elevados valores orçamentários.
É fundamental que o farmacêutico entenda e se prepare para assumir as atividades clínico-assistenciais e contribuir com a eficiência administrativa do setor com consequente redução de custos.
A gestão de uma farmácia ou almoxarifado hospitalar é algo de grande importância, e requer domínio dos mecanismos de gerenciamento de estoque e conhecimentos técnicos não apenas sobre medicamentos, mas também dos produtos para a saúde. Entram nesta lista itens como esparadrapos, coletores de urina, agulhas, cateteres, seringas, sondas e outros materiais médico-hospitalares.
A legislação que regulamenta o exercício profissional do farmacêutico em unidade hospitalar é a norma do CFF nº 492, de 26 de Novembro de 2008. De acordo com esta Resolução, “Farmácia hospitalar é uma unidade técnico-administrativa dirigida por um profissional farmacêutico, ligada funcional e hierarquicamente a todas as atividades hospitalares”.
Na avaliação do dr. Wladimir Mendes Borges Filho, gerente de suprimentos hospitalares do Hospital Albert Einstein, a normativa é importante. Segundo ele, os prestadores de serviço em saúde, já há algum tempo, identificaram que a atuação do farmacêutico em suas instituições traz segurança aos processos.
“Nos últimos anos, observase cada vez mais que este profissional tem sido convocado a atuar no processo de gestão dos produtos para saúde. Tornar seguro o uso dos insumos de saúde é a principal responsabilidade do farmacêutico, através de padronização de marcas previamente qualificadas e desenho de processos seguros de armazenamento e dispensação, sem perder o olhar no resultado financeiro, que é imperativo para a sustentabilidade do negócio”, declarou dr. Wladimir.
A opinião é compartilhada pelo coordenador da Comissão Assessora de Farmácia Hospitalar do CRF-SP, dr. Gustavo Alves Andrade dos Santos. “A gestão dos produtos para a saúde apresenta-se como fator estratégico nas instituições de saúde, e o farmacêutico, que ocupa cargo gerencial, é o profissional diretamente responsável por estes itens, quer na sua seleção e padronização, ou no controle (previsão e provisão)”.
Dr. Gustavo explica que os produtos para a saúde são itens que partem de valores baixos, podendo chegar a valores significativos, como nos casos das órteses, próteses e materiais especiais. “Os produtos para a saúde requerem atenção especial, pois a maioria é indispensável e sem similares. Atualmente, as farmácias hospitalares agregam dentre os itens de seu estoque estes produtos, sendo um grande desafio para o farmacêutico o conhecimento deles, já que, diferentemente dos medicamentos, não têm ampla abordagem na graduação, sendo necessário aprofundamento para o devido conhecimento.”
Perfil ideal
As habilidades e competências esperadas de um farmacêutico hospitalar podem ser resumidas em técnicas e administrativas (gerenciais). Embora não obrigatório, é desejável que o profissional possua especialização em farmácia hospitalar, além de ter realizado estágio em farmácia ou possuir experiência anterior em unidades hospitalares. Ter conhecimentos básicos de contabilidade e administração, e desenvolver habilidades naturais como comando e liderança complementam o perfil ideal deste profissional.
O conhecimento técnico deve ser renovado constantemente para que o profissional esteja atualizado e sempre consiga implementar as melhorias práticas, ressalta o dr. Wladimir Borges. “Por fim, julgo que a capacidade de criar um bom relacionamento com os atores envolvidos no processo são fundamentais para atingir resultados diferenciados das atividades do farmacêutico, em especial no ambiente hospitalar.”
Renata Gonçalez