PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012
Revista 107 Farmácia
Diabetes. Você está preparado?
Níveis epidêmicos do diabetes e tendência de crescimento reforçam importância do farmacêutico como aliado na prevenção e controle da doença
O diabetes atinge mais de 370 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados da Federação Internacional para o Diabetes (IDF), a doença já mata uma pessoa a cada oito segundos e se configura como um desafio massivo para os sistemas de saúde. A situação também é alarmante no Brasil, onde o diabetes atingiu níveis epidêmicos nos últimos anos, ultrapassando o índice de doenças respiratórias e cardiovasculares: estima-se que 17 milhões de brasileiros tenham a doença, enquanto outros 40 milhões, entre os quais indivíduos que têm diabéticos na família ou sedentários que estejam acima do peso (segundo estimativa da Fundação Nacional de Saúde – Funasa).
Esse panorama reitera a importância da RDC 44/09 ao regulamentar a prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, como a aferição de glicemia capilar e a atenção farmacêutica.
Ainda incipiente no Brasil, mas já considerada realidade em boa parte dos países desenvolvidos, a atenção farmacêutica a diabéticos se dá, principalmente, no acompanhamento farmacoterapêutico desses pacientes.
Para o dr. José Vanilton, membro do Grupo de Trabalho de Diabetes do CRF-SP e coordenador do Departamento de Farmácia da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), na prática, o que diferencia o trabalho de um profissional que dispensa o medicamento a um portador de diabetes (eventualmente esclarecendo dúvidas sobre o uso), de outro que realiza atenção farmacêutica é o fator “documentação”.
“O registro de todas as orientações dadas aos pacientes é uma importante ferramenta da atenção farmacêutica”, afirmou dr. José Vanilton. Segundo ele, esse registro deve ser amplo, enriquecido com os resultados dos exames periódicos de controle da doença e de outras observações pertinentes para que o farmacêutico consiga, por exemplo, com a análise dos dados, prever o aparecimento de algum efeito adverso do tratamento medicamentoso indicado.
Mudança de atitude
É por meio da atenção farmacêutica que o profissional consegue dar orientações que podem retardar as complicações do diabetes ou, ainda, que proporcionem mais qualidade de vida aos pacientes. “É importante frisarmos que a atenção farmacêutica ainda é muito pouco praticada em sua essência no Brasil. Por outro lado, se levarmos em conta que uma longa caminhada começa com o primeiro passo, considero muito importante a mudança de atitude dos farmacêuticos que buscam qualificação no atendimento para fazer uma dispensação diferenciada; sua simples preocupação em dar mais esclarecimentos sobre medicamentos pode ser o decisivo primeiro passo da caminhada à excelência no atendimento”, reitera dr. Vanilton.
O farmacêutico deve estar preparado tecnicamente, o que significa ter conhecimentos sólidos e atuais de farmacologia, ação dos fármacos no organismo, saber identificar reações adversas e outros problemas relacionados ao medicamento, sintomas, fisiopatologia da doença e suas complicações e a forma de preveni-las.
Ele deve se atualizar constantemente, fazer cursos, participar de palestras, workshops e congressos, ou seja, buscar novas informações e, com isso, ter condições de prestar o melhor atendimento ao paciente, oferecendo a ele o que existe de mais moderno na área da ciência e tecnologia.
O CRF-SP disponibiliza gratuitamente aos farmacêuticos do Estado de São Paulo o curso “Cuidados farmacêuticos em Diabetes” com o objetivo de propiciar ferramentas para o farmacêutico implementar os serviços farmacêuticos preconizados pela RDC 44/09 em diabetes e o curso “Casos clínicos em diabetes”, que traz ao profissional a possibilidade de aplicação prática do conhecimento teórico.
Renata Gonçalez
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