A quimioterapia é uma das formas de tratamento utilizadas no combate a diversos tipos de câncer, sendo composta por medicamentos com estruturas químicas específicas, as quais, quando combinadas, criam um arsenal farmacoterapêutico disponível para tratar o paciente. Esses medicamentos são substâncias citotóxicas ou citostáticas pois causam lesões no ácido desoxirribonucleico (DNA) das células, bloqueando o desenvolvimento e o crescimento do tumor (Bruton et al., 2010).
No entanto, em meados dos anos 70, surgiram as primeiras preocupações sobre a exposição dos trabalhadores durante o manuseio desses fármacos, uma vez que eles também afetam o crescimento de células humanas sadias (NIOSH, [2023]).
No Brasil, a Resolução do Conselho Federal de Farmácia n° 288, de 1996, normatizou a competência legal da manipulação de drogas antineoplásicas pelo farmacêutico e estabeleceu as condições de segurança para exercer as atividades inerentes ao preparo (CFF, 1996).
Atualmente, o aumento crescente e contínuo do uso e da criação de medicamentos citostáticos é proporcional à geração de riscos ocupacionais, pois vários desses fármacos também são indicados para o tratamento de doenças não oncológicas, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla (NIOSH, [2023]; Bonassa, 2012; CFF, 2012; CFF, 1996).
Esses riscos ocupacionais caracterizam-se pelo aparecimento de efeitos nocivos, tais como:
• Carcinogenicidade: capacidade de uma substância de causar o câncer; • Teratogenicidade: capacidade de uma substância de causar defeitos congênitos e prejudicar o desenvolvimento do feto durante a gravidez;
• Toxicidade reprodutiva: capacidade de uma substância de prejudicar o sistema reprodutivo;
• Toxicidade orgânica: capacidade de uma substância de causar efeitos prejudiciais em órgãos específicos do organismo, quando ingerida ou inalada, mesmo em pequenas doses;
• Genotoxicidade: capacidade de uma substância de danificar o material genético no interior das células.
Para que as barreiras de proteção sejam efetivas contra o aparecimento dos efeitos tóxicos mencionados, são utilizados equipamentos, estruturas ambientais, processos de segurança e todas as ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar os riscos relacionados às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente. Esse conjunto de medidas caracteriza-se pela implementação da Biossegurança nas práticas operacionais (Ministério da Saúde, 2002; CFF, 2012).