CLIPPING - 30/01/2017
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
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Ministério Público cobra que SP publique dados sobre falta de remédio
30/01/2017 - Folha de S.Paulo
Colunista: Mônica Bergamo
O Ministério Público de São Paulo cobra que a prefeitura e o governo do Estado tornem públicas informações sobre a falta de remédios na rede pública da capital. No dia 20, a promotora Dora Strilicherk enviou um ofício às gestões João Doria e Geraldo Alckmin pedindo que divulguem em até 40 dias quais medicamentos não estão disponíveis em cada unidade e quando a oferta será normalizada.
EM FALTA
Requerimentos similares haviam sido feitos em maio e dezembro do ano passado por Strilicherk às duas esferas de governo, mas, segundo ela, nunca foram atendidos. Em 2016, a promotora fez um levantamento nas UBSs (unidades básicas de saúde) que apontou falta generalizada nas farmácias públicas.
AINDA É CEDO
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que "está dentro do prazo para responder ao ofício" e que busca "novas alternativas para solucionar o problema crônico de falta de medicamentos". A pasta estadual diz que, pela complexidade do pedido da Promotoria, solicitou em dezembro um prazo de mais 30 dias.
Farmácia Popular impede acesso a remédios de pacientes com doenças crônicas
29/01/2017 - Extra Online
Na tentativa de reduzir as fraudes do programa Farmácia Popular, o Ministério da Saúde fixou idades mínimas para a liberação de remédios aos pacientes cadastrados, de acordo com as doenças a serem tratadas. A pasta implementou mudanças nas regras de acesso a medicamentos mais baratos — cujo sistema é subsidiado pelo governo federal —, para pacientes hipertensos, com Parkinson, com osteoporose ou com hipertensão, entre outras doenças crônicas. O motivo alegado foi a ocorrência de irregularidades no sistema, com a liberação de medicamentos de graça ou com descontos a pessoas que não tinham direito.
Criado em 2004, o programa Farmácia Popular permitiu o acesso da população a uma série de remédios gratuitamente ou com descontos de até 90%. Agora, as regras mudaram, e a compra passou a ser autorizada pelo sistema somente se o paciente obedecer a critérios de idade (veja abaixo).
A paciente Alexandra Chagas, de 40 anos, recebeu o diagnóstico de doença de Parkinson aos 36. Ela trabalhava com transporte de passageiros, mas abandonou a atividade por conta das limitações. O tratamento, incluindo os remédios, consume cerca de R$ 800 do orçamento mensal.
— O desconto é fundamental. Só de um dos medicamentos eu preciso de cinco caixas por mês. No Farmácia Popular, a caixa que custaria mais de R$ 40 sai a R$ 7 — disse Alexandra.
Pacientes que estiverem fora das faixas etárias estabelecidas poderão pedir a inclusão de seu CPF no sistema. Mas, para advogados, a medida é restritiva e prejudica um grande número de pacientes.
— Fraudes devem ser combatidas, mas não há dúvidas de que as mudanças prejudicarão uma massa de pacientes com doenças crônicas que, de fato, precisam do tratamento — afirmou Claudia Nakano, advogada especialista em Direito à Saúde.
OS CASOS DE PARKINSON PRECOCE NÃO SÃO RAROS
‘O diagnóstico de Parkinson foi aos 42 anos’
— Fui diagnosticada com a doença de Parkinson quando ainda tinha 42 anos. Apesar de os médicos a chamarem de precoce, a doença em pessoas com menos de 50 anos é muito comum, ao contrário do que a maioria pensa. O principal medicamento que uso custa R$ 300. Com o desconto do Farmácia Popular, sai a R$ 28. Essa economia faz muita diferença para os pacientes que ainda precisam pagar sessões de fisioterapia e outros tratamentos — disse Regina de Mattos, professora de Artes, de 57 anos.
OS HIPERTENSOS PEDIÁTRICOS SÃO GRUPO GRANDE, SEGUNDO MÉDICOS
‘Hipertensos pediátricos são grupo grande’
Existe um grupo de pacientes hipertensos dentro da faixa etária pediátrica que está abaixo dos 20 anos e que não pode ficar sem o medicamento. No caso da dislipidemia (mais conhecida como alteração de colesterol e triglicéridos), diversos estudos mostram um aumento da população de adolescentes com o distúrbio, que precisam de tratamento para evitar doenças cardíacas graves — afirmou Patrícia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
MEDIDA DIVIDE OPINIÕES
A medida do Ministério da Saúde divide opiniões entre médicos e profissionais da saúde. Para o endocrinologista Luiz Henrique Gregório, o limite mínimo de 40 anos para pacientes adquirirem um remédio com desconto para tratar a osteoporose, por exemplo, é correto.
— Em termos de política de saúde pública, a faixa etária de 40 anos para a osteoporose é adequada. É uma doença relacionada ao envelhecimento, e casos de pessoas mais jovens com o problema são raros. Mas é difícil fixar uma idade para todas as patologias — observou.
Carlos Alberto Machado, cardiologista que integra a Sociedade Brasileira de Hipertensão, não pode haver um limite de idade de 20 anos para a compra de remédios que controlam a hipertensão, porque há crianças com a doença que precisam de medicamentos, e há desabastecimento na rede de atenção básica.
— Para uma doença crônica, o desafio é a adesão ao tratamento, além dos problemas do do Farmácia Popular. O ideal é que o paciente com uma doença crônica tenha um vínculo com a unidade básica de saúde, mas o problema é que grande parte das unidades sofre com o desabastecimento — explicou o médico.
SISTEMA DE OUVIDORIA AINDA NÃO ESTÁ PLENAMENTE ATIVO E PREJUDICA O TRATAMENTO
No comunicado sobre as recentes mudanças no programa Farmácia Popular, o governo federal informou que as alterações não teriam impacto na assistência a “casos raros”. Ainda segundo a União, mesmo os pacientes que não se enquadram nas faixas etárias de restrição para o acesso aos remédios poderão ter os medicamentos e a assistência médica adequada nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O problema é que a ouvidoria não está em pleno funcionamento, e muitos pacientes não conseguem ter o CPF autorizado para efetuar a compra. De Norte a Sul do país, eles relatam que seus processos foram suspensos, e outros sequer conseguiram fazer com que os pedidos fossem analisados.
— Quando você envia um e-mail, a resposta automática é um orientação para entrar em contato por telefone, mas, pelo número 136, o atendente transfere a pessoa diversas vezes, e a ligação cai. É preciso ter uma alternativa funcional. A norma saiu para tentar impedir as fraudes, mas não pensaram nestes pacientes mais jovens. Se as pessoas com Parkinson ficam sem remédios, a doença avança, e as sequelas podem ser irreversíveis — disse a cientista Danielle Lanzer, de 41 anos, portadora da doença e coordenadora do Projeto Vibrar, que ajuda pacientes.
Desde a sua criação, o programa já atendeu mais de 39 milhões de brasileiros, o equivalente a 20% da população do país. Ao todo, são oferecidos 25 medicamentos, 14 deles gratuitamente, e o restante com descontos de até 90%.
— Se o canal ainda não funciona, e o medicamento não chega, o paciente não pode esperar. O que ele pode fazer é recorrer à Justiça, por meio da Defensoria Pública, ou se dirigir ao Juizado Especial da Fazenda Pública para fazer valer seu direito — orientou a advogada Claudia Nakano.
Em média, o programa beneficia 9,8 milhões de pessoas por mês, segundo o governo.
MINISTÉRIO DIZ QUE FARÁ CONTATO COM PACIENTES
Ainda no ano passado, antes da implementação das alterações no programa, o Ministério da Saúde promoveu uma fiscalização em 480 farmácias, que passaram por auditorias. Em apenas uma unidade não foram detectadas irregularidades. Os processos indicaram a devolução de quase R$ 60 milhões aos cofres públicos, devido a liberações impróprias de medicamentos. Sobre as dificuldades enfrentadas por pacientes que não conseguiram a inclusão do CPF a fim de ter autorização para adquirir medicamentos por meio do Farmácia Popular, o Ministério da Saúde informou que, na última segunda-feira, dia 23 de janeiro, foi iniciado o cadastramento dos interessados.
Após a conclusão da adequação do sistema, a equipe responsável retornará os contatos para orientar os interessados a respeito do envio dos documentos comprobatórios (veja na página anterior) e efetivar a liberação do CPF no sistema de vendas do programa federal. Mas não há prazo para que esse contato seja feito. Ainda segundo a pasta, as restrições levaram em conta os parâmetros estabelecidos por Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.
Testes revelam verdades sobre medicamentos genéricos no Brasil
29/01/2017 - G1 - Fantástico
O assunto da reportagem especial do Fantástico preocupa médicos e pacientes, porque trata da eficácia dos medicamentos genéricos. Criados como cópias dos remédios de marca e com um preço bem mais acessível, os genéricos respondem, hoje, por 30% mercado, pouco para uma política tão importante como essa.
Além de descobrir quais são os genéricos mais vendidos, para ver se eles funcionam mesmo, o Fantástico encomendou um teste num laboratório credenciado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O estudo investigou os 3 princípios ativos mais consumidos no país em 2015, produzidos por 9 laboratórios que fabricam 15 dos remédios mais vendidos no Brasil.
Entenda com]o foi feito o teste dos remédios genéricos do Fantástico
29/01/2017 - G1 - Fantástico
Descubra os critérios usados para a definição dos medicamentos testados, informações sobre o laboratório e sobre seu coordenador e os resultados.
Entenda como foi feito o teste dos medicamentos genéricos do Fantástico.
O LABORATÓRIO
Cedafar (Centro de Estudos e Desenvolvimento Analítico Farmacêutico, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais)
- criação: 1963
- finalidade: atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviços na área de medicamentos.
- foi o primeiro laboratório brasileiro a ser habilitado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em janeiro de 2000, para a realização de estudos de equivalência farmacêutica para atendimento ao programa de medicamentos genéricos.
- como laboratório credenciado para realizar estudos de equivalência farmacêutica, realiza testes de qualidade necessários no processo de registro de medicamentos genéricos e similares e testes de controle de qualidade.
- presta serviços para empresas produtoras de medicamentos e órgãos vinculados a governos.
Um dos 12 profissionais do Cedafar (Centro de Estudos e Desenvolvimento Analítico Farmacêutico da Faculdade de Farmácia da UFMG) envolvidos no teste dos genéricos do Fantástico (Foto: Reprodução)
Um dos 12 profissionais do Cedafar (Centro de Estudos e Desenvolvimento Analítico Farmacêutico da Faculdade de Farmácia da UFMG) envolvidos no teste dos genéricos do Fantástico (Foto: Reprodução)
REALIZAÇÃO DOS TESTES
Equipe: 12 profissionais estiveram envolvidos diretamente
5 professores pesquisadores
2 farmacêuticos pesquisadores
4 técnicos em análises químicas
1 técnico administrativo
- todos os testes foram realizados conforme normas da Anvisa.
- o laboratório informou para a Anvisa todos os resultados dos testes realizados.
- os resultados dos testes feitos no laboratório são válidos como resultados oficiais, aceitos pela Anvisa.
O COORDENADOR
Prof. Gerson Pianetti
- coordenador do Cedafar e responsável técnico pelo laboratório.
- professor da Faculdade de Farmácia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), há 40 anos.
- doutor em Ciências Farmacêuticas pela Université de Paris XI.
- membro das Academias Brasileira e Francesa de Farmácia.
- linhas de pesquisa/especialização: desenvolvimento, análise e controle de qualidade de medicamentos
- já coordenou setores de aquisição, distribuição e controle de qualidade de medicamentos dos programas especiais do Ministério da Saúde.
- foi presidente da Comissão da Farmacopéia Brasileira entre 2006 e 2011.
- atuou como membro observador da Pharmacopée Europeénne em Strasbourg - França e como consultor da United States Pharmacopoeia por mais de seis anos.
Gerson Pianetti, coordenador do Cedafar e diretor da Faculdade de Farmácia da UFMG (Foto: Reprodução)
Gerson Pianetti, coordenador do Cedafar e diretor da Faculdade de Farmácia da UFMG (Foto: Reprodução)
SELEÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS
Critérios para a definição dos medicamentos testados
Em maio e junho de 2016 a Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos) fez, a pedido do Fantástico, dois levantamentos:
RANKING 1
Os três princípios ativos fabricados nos medicamentos genéricos mais vendidos em 2015:
1) Losartana Potássica – 76.413.810 unidades*.
2) Dipirona Sódica – 45.164.803 unidades*.
3) Citrato de Sildenafila – 41.826.772 unidades*.
*cada unidade representa uma caixa do medicamento vendida; não importa o número de comprimidos de cada caixa. Também entram nessa conta os medicamentos fornecidos com subsídio do Governo Federal pelo programa Farmácia Popular.
RANKING 2
Da lista dos 50 medicamentos genéricos mais vendidos em 2015 por princípio ativo e laboratório fabricante, foram selecionadas as posições dos que têm os três princípios ativos mais consumidos:
Losartana Potássica
1) Neo Química - 24.859.004 unidades vendidas.
5) Teuto Brasileiro - 10.386.335 unidades vendidas.
8) EMS Pharma - 8.825.891 unidades vendidas.
13) Medley - 7.109.684 unidades vendidas.
18) Eurofarma - 6.434.436 unidades vendidas.
20) Ache - 6.131.345 unidades vendidas.
22) Prati Donaduzzi - 6.012.060 unidades vendidas.
45) Geolab - 3.512.763 unidades vendidas.
Dipirona Sódica
3) Neo Química - 19.016.524 unidades vendidas.
10) EMS Pharma - 7.733.515 unidades vendidas.
28) Germed Pharma - 5.094.167 unidades vendidas.
32) Medley- 4.633.073 unidades vendidas.
43) Teuto Brasileiro - 3.609.292 unidades vendidas.
Citrato de Sildenafila
2) Neo Química - 21.100.726 unidades vendidas.
6) Eurofarma - 9.558.350 unidades vendidas.
RESUMO DA SELEÇÃO
3 princípios ativos.
15 medicamentos genéricos.
9 laboratórios diferentes.
A seleção ficou assim:
Losartana Potássica – 50mg / comprimido revestido
Dipirona Sódica – 500mg / solução oral
Citrato de Sildenafila – 50mg / comprimido
Fantastico testa qualidade dos genericos mais vendidos no Brasil (Foto: Reprodução)
Medicamento comprado para realização do teste de qualidade dos genéricos mais vendidos no Brasil
(Foto: Reprodução)
COMO FOI FEITA A COMPRA DE MEDICAMENTOS PARA O TESTE
- para cada fabricante, foi comprada a mesma quantidade determinada pelo laboratório:
Losartana Potássica 50mg comprimido revestido – 450 comprimidos
Dipirona Sódica 500mg solução oral – 100 frascos de 20ml
Citrato de Sildenafila – 440 comprimidos
- os medicamentos foram comprados em três capitais: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
- todos os medicamentos testados são do mesmo lote e com validade superior a seis meses a partir da data da compra.
- em todas as compras, nas três capitais, um técnico do laboratório esteve presente para checar pessoalmente se todos os requisitos estavam sendo cumpridos.
OS TESTES REALIZADOS
- realizamos 14 tipos diferentes de testes em cada fabricante de Losartana Potássica e Citrato de Sildenafila; 13 tipos fazem parte do estudo de equivalência farmacêutica e um tipo é o perfil de dissolução.
- no caso da Dipirona Sódica, realizamos apenas os 13 tipos de testes da equivalência farmacêutica. Nesse caso não foi realizado o perfil de dissolução porque o medicamento era líquido e não sólido. Esse tipo de teste não é realizado em medicamentos líquidos.
- os mesmos testes realizados com os medicamentos genéricos também foram realizados com o medicamento de referência para fazer uma comparação de resultados.
RESULTADOS
Losartana Potássica – marcas que não obtiveram resultado satisfatório:
Medley: não passou no teste de perfil de dissolução (o comprimido não é absorvido pelo organismo)
Prati Donaduzzi: não passou no teste de perfil de dissolução
Geolab: não passou no teste de perfil de dissolução
EMS: não passou no teste de doseamento (não tem a quantidade mínima exigida de princípio ativo)
Dipirona Sódica – marca que não obteve resultado satisfatório:
Neo Química: não passou no teste de doseamento (não tem a quantidade mínima exigida de princípio ativo)
Citrato de Sildenafila – todos os resultados foram satisfatórios
Nota à imprensa sobre segurança de medicamentos genéricos no Brasil.
Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 27/01/2017 17:59
Última Modificação: 28/01/2017 11:18
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu do Centro de Estudos e Desenvolvimento Analítico Farmacêutico (CEDAFAR) da Universidade Federal de Minas Gerais, no último dia 11, resultados de testes de equivalência farmacêutica realizados, a pedido do programa Fantástico da TV Globo, em quinze medicamentos genéricos com os seguintes princípios ativos: dipirona monossódica, losartana potássica e sildelafila. Mesmo esses testes tendo sido realizados sem o cumprimento dos requerimentos técnicos e regulatórios para uma apropriada análise fiscal, visto que o CEDAFAR não é credenciado para esse tipo de teste, sendo apenas habilitado para testes visando o processo de registro, a Anvisa analisou os resultados e informa que:
1 - Todos os lotes de medicamentos com os princípios ativos sildelafila (duas amostras) e losartana potássica (oito amostras) estavam em condições sanitárias satisfatórias, ou seja, dentro dos padrões esperados. Os laudos informaram que os lotes dos medicamentos testados são equivalentes aos medicamentos de referência, o que é obrigatório para os genéricos. Esses resultados coincidem com parte dos testes que os produtores são obrigados a apresentar para solicitar o pedido de registro e que são, criteriosamente, analisados pela Agência antes de conceder o registro;
2 – Quatro das cinco amostras de dipirona monossódica testadas também estavam em condições sanitárias satisfatórias;
3 – Um lote de dipirona monossódica solução oral 500 mg/ml, da empresa Brainfarma, apresentou resultado aparentemente insatisfatório em relação ao teste de equivalência farmacêutica. O teor médio de dipirona encontrado foi de 92,87%, valor inferior ao estabelecido como referência, que é de 95,00%. Apesar dos exames realizados por contratação do programa Fantástico não terem validade legal, a Anvisa, cumprindo sua missão de proteger a saúde da população, já abriu os procedimentos para apurar se existe mesmo esse teor inferior ao que é obrigatório. Esses procedimentos têm regras bem definidas para que os resultados não deixem qualquer dúvida sobre sua interpretação. Serão coletadas três grupos de amostras (prova, contraprova e testemunho) e os exames serão realizados em laboratório credenciado;
Em 2014, a empresa Brainfarma, por ocasião de renovação do registro deste medicamento, apresentou à Anvisa estudo de equivalência farmacêutica, realizado por laboratório credenciado pela Agência, que concluiu pela equivalência farmacêutica da dipirona monossódica da empresa. O laudo apresentado pela empresa, na ocasião, obteve resultado de teor de 104,19%. Os testes que a Anvisa está determinando a realização dirimirão qualquer dúvida e permitirão o esclarecimento se esse lote do medicamento se encontra regularmente dentro dos parâmetros exigidos;
4 – Sobre possível irregularidade em um lote do medicamento losartana potássica, comprimido 50 mg, da empresa EMS S/A, é preciso esclarecer que a metodologia utilizada pelo CEDAFAR, laboratório contratado pelo Fantástico para análise do produto, é diferente da que está autorizada e considerada como de referência pela Anvisa para testar a equivalência farmacêutica nesse medicamento. Utilizar metodologia diferente significa que não é possível comparar os resultados obtidos com aqueles que deveriam ser apresentados pelo produto, não havendo base técnica e científica para considerar que pode haver irregularidade nesse produto;
5 - Sobre os resultados dos testes dos perfis de dissolução dos lotes de losartana monossódica das empresas Medley, Geolab e Pratti, a Anvisa esclarece que a comparabilidade de perfil de dissolução entre o medicamento teste e o medicamento de referência não é requisito para registro ou comercialização de medicamento genérico no Brasil, bem como nas principais agências regulatórias do mundo;
5.1 – O teste de perfil de dissolução é um procedimento feito em bancada de laboratório, importante para o conhecimento das características do produto, mas que não é capaz de assegurar ou comprar a equivalência farmacêutica dos medicamentos genéricos com os medicamentos de referência;
5.2 – No Brasil e em diversos países do mundo, como Estados Unidos, Japão e países do continente Europeu, o teste de referência que comprova a equivalência de medicamentos genéricos com os de referência é o teste de bioequivalência, realizado por meio de pesquisas clínicas com seres humanos. Esse é o teste globalmente aceito para comprovar, sem dúvidas ou questionamentos, que um produto genérico pode substituir o medicamento de referência, porque comprovadamente, por meio de testes em sangue e urina, o teor dos medicamentos no organismo humano é equivalente;
5.3 – Os medicamentos genéricos à base de losartana monossódica das empresas Medley, Geolab e Pratti apresentaram à Anvisa, no momento do seu pedido de registro, testes de bioequivalência satisfatórios. Portanto, são considerados equivalentes ao referido medicamento de referência;
6 – A Anvisa realiza o monitoramento permanente da qualidade dos medicamentos comercializados no Brasil. Em 2016, a Agência suspendeu a comercialização de 95 lotes de medicamentos com suspeitas de desvios de qualidade. Essa ação decorre tanto de inspeções de rotina em fábricas de medicamentos como em razão de queixas apresentadas por pacientes ou profissionais de saúde sobre ineficácia de um determinado medicamento ou reações adversas não previstas;
7 – A Agência não recebeu nenhuma queixa de desvio de qualidade dos lotes dos medicamentos que foram testados pelo Fantástico e relacionados com possível ineficácia;
8 - Para assegurar a qualidade dos medicamentos em uso no Brasil, sejam genéricos ou de referência, a Agência desenvolve um conjunto de ações complementares que incluem: a certificação da qualidade dos produtores; a análise dos registros e modificações de pós-registro; as ações de farmacovigilância; as inspeções nos fabricantes; e um programa de monitoramento da qualidade, chamado Proveme. Em 2016, 70% das amostras desse programa de monitoramento da qualidade de medicamentos foram de genéricos. Nenhuma amostra de medicamento genérico foi considerada insatisfatória; e
9 – O consumo de medicamentos genéricos é seguro. A Anvisa desenvolve, de forma contínua, esse conjunto de ações para garantir a qualidade, segurança e eficácia de todos os medicamentos produzidos em nosso país, sempre em alinhamento com as melhores práticas internacionais. |
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Tragédia anunciada.
30/01/2017 - O Globo
O atual surto de febre amarela em Minas Gerais não é surpresa para quem tem em mãos os registros da doença no estado nos últimos anos. O território mineiro ocupa o primeiro lugar no ranking de casos confirmados e de mortes, entre 2000 e 2012. Foram 101 ocorrências, quase um terço do total registrado no Brasil nesse período. O status de estado mais populoso do país ajuda a explicar esses números, mas apenas em parte. A grande culpada, segundo analistas, é a baixa cobertura vacinal na região, que, em média, é de 49,7% da população. O ideal para afastar a ameaça de surtos seria uma taxa de, no mínimo, 80%.
Um estudo sobre as características epidemiológicas da febre amarela entre 2000 e 2012, publicado ano passado, mostra que ocorreram em todo o país 326 casos da doença, com 156 óbitos. A pesquisa identificou que, a partir dos dados obtidos nesse período, já era possível verificar uma expansão da área de transmissão silvestre da febre amarela para regiões densamente povoadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Isso significa que, pelo menos desde o início do século, o vírus tem dado “alertas” de que vem ampliando a área por onde circula, e de que, especialmente em Minas Gerais, os registros da doença têm se aproximado das grandes cidades.
— O perigo disso é que a incidência silvestre da febre amarela tem se expandido para regiões onde existe alta infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do ciclo urbano da doença — afirma Pedro Tauil, um dos autores do estudo, doutor em doenças tropicais e professor da Universidade de Brasília (UnB). — Isso já vinha acontecendo nos últimos anos e culminou com o atual surto em Minas, que teria sido evitado se a cobertura vacinal fosse maior. Ter cerca de 50% de cobertura é muito pouco. Nosso constante temor é a possibilidade de reurbanização da febre amarela, o que seria terrível porque é extremamente difícil de conter.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais admitiu que a proteção vacinal esteve aquém do ideal nos últimos anos. “A cobertura ideal seria de 100% da população. No entanto, a cobertura vacinal ainda é baixa, principalmente na área rural”, diz a nota. “Ainda que a disponibilidade da vacina nos postos de saúde do Estado seja regular (...), boa parte da população acaba se imunizando, somente, quando viaja para outras áreas endêmicas no Brasil e no exterior”.
A secretaria lembra que a vacina da febre amarela foi incluída no calendário regular do estado após o surto ocorrido na região nos anos 2000. “Desde então, as crianças vêm sendo necessariamente imunizadas. Em todas as campanhas de vacinação realizadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, é reforçada a importância de manter o cartão atualizado. A última campanha ocorreu em setembro de 2016 e, entre as vacinas recomendadas, estava a de febre amarela. Uma nova campanha de vacinação está em curso, atualmente, em todo o estado”, afirma a pasta.
DIFICULDADES NA VACINAÇÃO
O grande problema, na visão de Tauil, é que, apesar de boa parte do país estar dentro da zona de recomendação para a vacina, é expressiva a fatia dos brasileiros que só associa a febre amarela com a região da Amazônia. A zona de recomendação, na verdade, engloba quase todo o território nacional, com exceção da faixa litorânea. E nela, a vacina contra a doença faz parte do calendário de imunização, mas muitos habitantes não procuram os postos de saúde para tomar as doses. E pessoas de outros lugarem em geral sequer sabem que precisam se imunizar antes de viajar. Um carioca, por exemplo, que vai para Belo Horizonte ou Porto Alegre, deveria tomar a vacina da febre amarela até dez dias antes da viagem, pois essas cidades estão inseridas na área onde a imunização é recomendada.
A prevenção é a chave para evitar mortes, já que a taxa de letalidade média de febre amarela no Brasil é bem alta. De 2006 para cá, foi de 47,8%, maior do que o índice que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera comum para a doença — de 15% a 45% de mortes.
Outro dado importante, evidenciado no estudo, é que a incidência de febre amarela é cíclica, com aumento a cada sete anos, aproximadamente. Esse fato é explicado pela maior circulação viral, segundo Pedro Tauil, em virtude do acúmulo de macacos suscetíveis.
Os registros mostram que houve aumento expressivo de casos e mortes no país nos anos de 2000 e 2001 — com 40 e 22 pessoas mortas pela doença, respectivamente —, e depois o número voltou a aumentar em 2008 e 2009 — com 27 e 17 óbitos, respectivamente. Portanto, teria sido possível antever que o país enfrentaria, entre 2016 e 2017, uma nova alta nas notificações. Desta vez, no entanto, a situação é ainda pior: mesmo antes de o mês de janeiro terminar, o Brasil já soma 101 casos e 43 óbitos confirmados. O total de notificações da doença, incluindo as que ainda seguem sob investigação, chega a mais de 500.
Dois aspectos têm sido levantados como possíveis influências nesse aumento repentino de casos da doença: a tragédia de Mariana, que poderia ter provocado um desequilíbrio ambiental capaz de favorecer a circulação do vírus e o surto ocorrido na África nos dois últimos anos, em países como Angola e Congo. O pesquisador Pedro Tauil não considera essas hipóteses plausíveis.
— A mata ribeirinha do Rio Doce, afetada pela tragédia de Mariana, ficou muito sofrida e isso pode ter permitido que macacos infectados com febre amarela tenham se dispersado para áreas mais próximas a humanos, mas acho que ainda é cedo para darmos essa explicação. É precipitado — destaca ele. — Quanto ao surto africano, não teria sido preciso que alguém infectado viesse da África para o Brasil para que os casos aqui aumentassem. A febre amarela silvestre já é uma doença bem característica do nosso país.
ALERTA NO ESPÍRITO SANTO
Para Tauil, o que provoca maior estranhamento até agora é a ocorrência de casos no Espírito Santo, estado que não faz parte da área onde a vacina é recomendada e que não tem registro da doença há 80 anos, mas que, após o início do surto em Minas, já registra pelo menos um caso confirmado, entre mais de 20 notificados. Exames laboratoriais comprovaram que macacos mortos encontrados em dois municípios capixabas, Colatina e Irupi, estavam com febre amarela. A descoberta de primatas infectados é o principal indício de que o vírus circula na região. Isso, de acordo com o especialista em doenças tropicais, poderá motivar a inclusão do Espírito Santo na zona de recomendação para a vacina.
— Acredito que o Ministério da Saúde vá rever a situação do Espírito Santo e colocar a vacina da febre amarela no calendário regular desse estado — afirma ele.
Outra proposta para frear a alta de casos da doença, de acordo com ele, é vacinar todas as crianças do país.
— Assim, teremos, aos poucos, toda uma população protegida — pontua o especialista.
Hoje, dentro das áreas de recomendação, o Ministério da Saúde determina que as crianças se imunizem aos 9 meses de idade e tomem a segunda dose aos 4 anos. Se a primeira dose for tomada após os 5 anos de idade, deve-se receber a dose seguinte dez anos mais tarde. Após essas duas doses, a pessoa fica imunizada contra a febre amarela para o resto da vida.
Ambiente de trabalho é lugar onde dor de cabeça mais atrapalha brasileiros
29/01/2017 - G1 - Fantástico
O Fantástico teve acesso a uma pesquisa inédita que mostra como a dor de cabeça impacta na vida dos brasileiros. Um grupo de mil pessoas foi avaliado, e o resultado é assustador: 97% dos voluntários sentiram dor de cabeça no último mês. O problema atrapalhou a produtividade no trabalho de 70% deles e metade diz que a dor atrapalha a prática de atividades físicas, o lazer com os amigos e o namoro. As mulheres são as mais atingidas pelo mal estar e são também as que convivem com os sintomas por mais tempo. A repórter Carla Vilhena mostra por que isso acontece e como lidar com o incômodo.
Brasil registra o maior número de casos de febre amarela desde a década de 1980
28/01/2017 - O Globo
O surto de febre amarela bateu recorde histórico durante a semana. Até agora, foram confirmados 101casos da doença, 18 a mais do que em 1980, quando o Ministério da Saúde iniciou a contagem anual. Quarenta e três óbitos tiveram ligação confirmada com a doença — em 2000, foram 40.
A enfermidade já foi registrada em sete estados e no Distrito Federal. Ontem foi notificado o primeiro caso suspeito no Piauí, o de uma criança de 9 anos oriunda de Munhuaçu, em Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Piauí, os exames foram encaminhados ao Instituto Evandro Chagas (Belém-PA) e ao Laboratório Central do Estado (LacenPI). Os municípios mineiros concentram a grande maioria dos casos notificados — 504 dos 556 — e também dos confirmados— 97 dos 101. Para estimar o número de casos em cada estado, o Ministério da Saúde considera a unidade da federação onde o paciente provavelmente contraiu a doença.
‘NÃO HÁ MOTIVO PARA PÂNICO’
A Secretaria estadual de Saúde de Goiás divulgou ontem a suspeita de três novas ocorrências. Um dos pacientes, de 58 anos, morreu em Brasília. Os outros são uma grávida, que está internada, e um andarilho, que veio de Minas Gerais. Todos tinham sintomas que poderiam estar ligados a outras doenças. A definição se, de fato, eles contraíram febre amarela será revelada só na semana que vem.
Gerente de vigilância epidemiológica da SES-GO, Magda Carvalho enfatizou que o estado é endêmico para febre amarela. Por isso, 94% da população já está vacinada e protegida.
— Não há motivo para pânico. Quem já tomou duas doses ao longo da vida está imunizado. Mas algumas pessoas estão procurando novas vacinas, e isso pode inclusive comprometer sua saúde — alerta. — Outro efeito adverso é de que, desta forma, não haverá vacinas para o resto da população e para visitantes de outros estados.
Segundo Gustavo Brêtas, infectologista da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), há uma possibilidade “assustadora” de que seja registrada a forma urbana da doença, erradicada na década de 1940.
— Até o momento, os registros são apenas da forma silvestre. Por isso, é importante aumentar a cobertura vacinal nas zonas rurais — explica. — A possibilidade de ocorrer um caso de transmissão urbana é cada vez maior.
Surto atual é mais grave e risco de febre urbana é real
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Não há razão para pânico, mas a atual emergência de casos de febre amarela no país é grave e requer providências imediatas, diz o médico epidemiologista Pedro Luiz Tauil, 75. Professor da Universidade de Brasília, ele acompanha há décadas o tema e avalia: o atual surto é mais preocupante que o anterior, ocorrido entre 2008 e 2009.
Desde o início do ano, o Brasil tem 101 casos confirmados, o maior número desde o início da contagem, em 1980. Para conter essa escalada, diz, é preciso aumentar a imunização dos moradores de áreas atingidas e evitar que o vírus volte a ter transmissão urbana.
Desde 1942, ele é transmitido apenas por mosquitos que da área silvestre. Mas, se uma pessoa com febre amarela for picada pelo Aedes aegypti, o mosquito poderá voltar a circular com o vírus pelas cidades. O epidemiologista também defende um controle maior dos governos sobre a imunização.
*
Folha - Como o sr. avalia o atual surto de febre amarela? Qual o risco para quem vive em área urbana?
Pedro Tauil - Hoje os casos que estão acontecendo são de febre amarela silvestre. Para evitá-los, a única medida é manter o nível de cobertura vacinal elevado, acima de 80%. Além disso, a gente vive o risco de a febre se urbanizar, isto é, passar a ser transmitida pelo Aedes aegypti. Isso pode se dar quando pessoas com febre amarela silvestre vão para a cidade no período de transmissibilidade, em que o vírus está circulando no sangue periférico, de dois dias antes do início dos sintomas a cinco dias após. É uma espada de Dâmocles sobre a nossa cabeça.
Qual é o risco de que isso aconteça?
É preciso ressaltar que isso não está acontecendo hoje e pode ser evitado, como já foi outras vezes. Mas, quanto mais gente com febre silvestre, maior é o risco de essas pessoas virem para a cidade e infectarem mosquitos urbanos.
O surto atual é mais preocupante do que o anterior, de 2008 e 2009? Por quê?
É mais grave porque tem mais casos de febre amarela silvestre, que eventualmente podem vir para as localidades onde existe o aedes.
O que o país poderia fazer para avançar no combate ao vírus da febre amarela?
É preciso ir além da vacinação em postos fixos. É importante que os níveis federal, estadual e municipal façam uma vigilância da cobertura vacinal, inclusive em "épocas de paz" [sem surto], com equipes móveis permanentes, que vão imunizar as pessoas que moram em áreas rurais e não chegam a ir à cidade.
O país pode vir a eliminar a febre amarela silvestre?
Não, febre amarela silvestre não é erradicável, porque vive entre os animais, em mosquitos silvestres. Não dá para acabar com as matas. O ciclo silvestre vai continuar existindo, assim como, provavelmente, mortes de macacos. O que nós não queremos e podemos evitar é casos humanos, por meio de uma boa cobertura vacinal.
Há motivo para pânico?
Não. O que precisa é pessoas que moram em áreas com transmissão silvestre ou para lá se dirigem serem vacinadas. As medidas para enfrentar estão sendo tomadas e é preciso prudência. Algumas pessoas não têm indicação da vacina [como doentes de câncer] e podem ter efeitos adversos.
A que atribui o atual surto?
Provavelmente à baixa cobertura vacinal na área onde ocorreu o ciclo silvestre [em Minas, era de 50%]. Não podemos baixar a guarda.
E se der tudo errado e acontecer a transmissão urbana?
Teria que vacinar rapidamente toda a população urbana, o que traria o desafio da quantidade de vacinas. Por isso precisamos introduzir a imunização no calendário infantil de todo o Brasil [hoje, está apenas nas áreas de vacina recomendada]. Assim, aos poucos, toda a população estaria protegida.
Febre amarela deve se espalhar, diz OMS
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
A OMS(Organização Mundial da Saúde) afirma ser esperada a detecção de casos de febre amarela em outros Estados do Brasil além de Minas Gerais, que concentra a maior parte dos registros,Espírito Santo e São Paulo. O país vive o maior surto da doença desde 1980, quando teve início a série histórica.
Em informe desta sexta-feira (27), a entidade diz que as autoridades brasileiras estão tomando medidas apropriadas para conter o surto, mas reforça a necessidade de vacinação nas áreas de risco.
“É esperado que casos adicionais serão detectados em outros Estados do Brasil considerando se o movimento interno de pessoas e macacos infectados e o baixo nível de cobertura vacinal em áreas que antes não eram consideradas de risco para transmissão de febre amarela”, diz o informe da organização.
O vírus da febre amarela é transmitido no Brasil por mosquitos silvestres, que circulam apenas em regiões de mata. Desde 1942 hão há registro de transmissão pelo mosquito Aedes aegypti, o inseto vetor de dengue e zika que circula nas cidades.
A entidade internacional afirma que não há evidências de que isso esteja ocorrendo, mas declara que “o risco de transmissão urbana de febre amarela não pode ser excluído”.
Isso pode acontecer, diz o texto, se pessoas infectadas se deslocarem para áreas onde o mosquito circula, dentro ou fora do Brasil.
Para a organização, o aumento dos casos ao longo do mês, a confirmação de pacientes em outros Estados e a ocorrência de mortes de macacos ressaltam a propagação geográfica do vírus.
Até esta sexta, o país registrou 101 casos confirmados, dos quais 97emMinasGerais, 3emSão Paulo e um no Espírito Santo. Há ainda suspeitas na Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O informe da OMS segue orientação anterior do governo brasileiro e amplia a área de recomendação de vacina contra o vírus. O novo mapa inclui o sul da Bahia, o norte do Rio de Janeiro e todo o território capixaba,com exceção da área urbana de Vitória.
A entidade diz não recomendar, com base nos dados atuais, restrição a viagens ao Brasil. O texto preconiza a vacinação ao menos dez dias antes da ida a áreas afetadas e a adoção de medidas para evitar picadas de mosquito.
MINISTÉRIO
Em nota sobre o comunicado, o ministério afirma que “o risco de reurbanização da febre amarela é muito baixo”.
A pasta cita que, no levantamento nacional de 2016sobre a infestação de Aedes, 63% dos municípios participantes tiveram índice abaixo de1%, considerado satisfatório, e 8,6% tiveram indicador acima de4%, que representa risco de epidemia de dengue.
“Para que se instale um ciclo urbano de transmissão da febre amarela, baseado no histórico das últimas epidemias na África, são necessários índices muito superiores, estimando-se que, naquelas ocasiões, os índices superaram 50% de infestação por Aedes”, diz a pasta.
Presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Mauricio Nogueira diz que não há razão para pânico, mas que, de fato, “o risco de a doença chegar à costa brasileira se mostra cada vez mais real”.
Para ele, o informe da OMS é“mais realista” que o ministério em relação ao risco de transmissão urbana.“Tem um monte de gente do ente em cidades que tem o Aedes, regiões com baixa cobertura vacinal.
Tem que ser investigado afundo.” Ele ressalta que não é recomendável a vacinação para quem não está ou não vai se dirigir a áreas de risco.
Áreas mais afetadas de MG só aplicaram metade das vacinas
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Apesar do reforço na quantidade de vacinas enviadas para as áreas mais afetadas pela febre amarela em Minas Gerais em janeiro, apenas cerca de metade das doses foi de fato aplicada nos moradores desses municípios.
De 1,76 milhão de vacinas entregues às regiões de Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni, um total de 948.400 foram aplicadas na população, ou 54% do que foi distribuído. Considerando todo o Estado, a taxa de aproveitamento cai para 37,7%.
Os números correspondem ao período de 1º de janeiro até esta sexta (27) e foram informados pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais. A maior discrepância é na região de Governador Valadares, para onde 445 mil vacinas foram enviadas e somente 123 mil foram aplicadas (27,6%). A área engloba 51 municípios e tem 12 mortes por suspeita de febre amarela, além de 4 mortes confirmadas.
Segundo a pasta da Saúde, porém, o número de pessoas efetivamente vacinadas é maior do que o que vem sendo divulgado. Isso porque há um intervalo de tempo entre a aplicação das vacinas e a contabilização dessas aplicações.
A secretaria diz que um dos fatores que dificulta a imunização é a falta de profissionais nos municípios e que, por isso, reforçou o número de vacinadores, disponibilizou "veículos com tração para a abordagem nas zonas rurais e a contratação adicional de cem profissionais", diz a nota.
O Ministério da Saúde também informou que intensificou ações de vacinação em Minas e que não há necessidade de corrida aos postos de saúde, pois há doses suficientes para atender as regiões com recomendação de vacinação.
Se a falta de vacina nos postos não é um problema, a pasta elenca outros fatores como causa para o surto de febre amarela como "a pouca adesão à vacinação pelos adultos, especialmente os homens, e a dificuldade de mobilidade que existe na população que mora em áreas rurais, principalmente próximas às matas".
Plantão Médico: Os 30 mil casos ao ano de hanseníase no Brasil
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Amanhã, como em todo último domingo de janeiro desde 2009, será celebrado no Brasil o Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase. A data enfatiza o compromisso dos médicos dermatologistas em controlar a doença, promover o diagnóstico precoce e tratamento corretos, divulgar informações e em desfazer o preconceito sobre a enfermidade, segundo comunicado da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O Brasil tem 30 mil pacientes novos diagnosticados por ano e ocupa o segundo lugar no mundo em número de doentes, dos quais cerca de 6% são crianças e adolescentes, refere a SBD.
A hanseníase é uma doença provocada pelo bacilo de Hansen, identificado por Gerhard Hansen em 1873. O atual tratamento, realizado nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), é eficiente e evita a disseminação da infecção.
Segundo o médico Egon Daxbacher, coordenador do departamento de hanseníase da SBD, a transmissão da doença se dá por contato próximo e contínuo com doente não tratado.
Por isso é importante aos familiares e pessoas próximas a um doente procurarem uma UBS quando for diagnosticado um paciente com hanseníase na família. O diagnóstico é feito por um dermatologista.
A evolução da doença está relacionada às defesas do sistema imunológico. A bactéria pode ficar adormecida no organismo por longo período, de dois a sete anos, explica Daxbacher. Inicialmente a pele pode apresentar manchas pelo corpo, insensíveis ao calor, frio ou toque ou exibir placas ou caroços pelo corpo, entre outros sinais. |
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Tragédia anunciada
30/01/2017 - O Globo
O atual surto de febre amarela em Minas Gerais não é surpresa para quem tem em mãos os registros da doença no estado nos últimos anos. O território mineiro ocupa o primeiro lugar no ranking de casos confirmados e de mortes, entre 2000 e 2012. Foram 101 ocorrências, quase um terço do total registrado no Brasil nesse período. O status de estado mais populoso do país ajuda a explicar esses números, mas apenas em parte. A grande culpada, segundo analistas, é a baixa cobertura vacinal na região, que, em média, é de 49,7% da população. O ideal para afastar a ameaça de surtos seria uma taxa de, no mínimo, 80%.
Um estudo sobre as características epidemiológicas da febre amarela entre 2000 e 2012, publicado ano passado, mostra que ocorreram em todo o país 326 casos da doença, com 156 óbitos. A pesquisa identificou que, a partir dos dados obtidos nesse período, já era possível verificar uma expansão da área de transmissão silvestre da febre amarela para regiões densamente povoadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Isso significa que, pelo menos desde o início do século, o vírus tem dado “alertas” de que vem ampliando a área por onde circula, e de que, especialmente em Minas Gerais, os registros da doença têm se aproximado das grandes cidades.
— O perigo disso é que a incidência silvestre da febre amarela tem se expandido para regiões onde existe alta infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do ciclo urbano da doença — afirma Pedro Tauil, um dos autores do estudo, doutor em doenças tropicais e professor da Universidade de Brasília (UnB). — Isso já vinha acontecendo nos últimos anos e culminou com o atual surto em Minas, que teria sido evitado se a cobertura vacinal fosse maior. Ter cerca de 50% de cobertura é muito pouco. Nosso constante temor é a possibilidade de reurbanização da febre amarela, o que seria terrível porque é extremamente difícil de conter.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais admitiu que a proteção vacinal esteve aquém do ideal nos últimos anos. “A cobertura ideal seria de 100% da população. No entanto, a cobertura vacinal ainda é baixa, principalmente na área rural”, diz a nota. “Ainda que a disponibilidade da vacina nos postos de saúde do Estado seja regular (...), boa parte da população acaba se imunizando, somente, quando viaja para outras áreas endêmicas no Brasil e no exterior”.
A secretaria lembra que a vacina da febre amarela foi incluída no calendário regular do estado após o surto ocorrido na região nos anos 2000. “Desde então, as crianças vêm sendo necessariamente imunizadas. Em todas as campanhas de vacinação realizadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, é reforçada a importância de manter o cartão atualizado. A última campanha ocorreu em setembro de 2016 e, entre as vacinas recomendadas, estava a de febre amarela. Uma nova campanha de vacinação está em curso, atualmente, em todo o estado”, afirma a pasta.
DIFICULDADES NA VACINAÇÃO
O grande problema, na visão de Tauil, é que, apesar de boa parte do país estar dentro da zona de recomendação para a vacina, é expressiva a fatia dos brasileiros que só associa a febre amarela com a região da Amazônia. A zona de recomendação, na verdade, engloba quase todo o território nacional, com exceção da faixa litorânea. E nela, a vacina contra a doença faz parte do calendário de imunização, mas muitos habitantes não procuram os postos de saúde para tomar as doses. E pessoas de outros lugarem em geral sequer sabem que precisam se imunizar antes de viajar. Um carioca, por exemplo, que vai para Belo Horizonte ou Porto Alegre, deveria tomar a vacina da febre amarela até dez dias antes da viagem, pois essas cidades estão inseridas na área onde a imunização é recomendada.
A prevenção é a chave para evitar mortes, já que a taxa de letalidade média de febre amarela no Brasil é bem alta. De 2006 para cá, foi de 47,8%, maior do que o índice que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera comum para a doença — de 15% a 45% de mortes.
Outro dado importante, evidenciado no estudo, é que a incidência de febre amarela é cíclica, com aumento a cada sete anos, aproximadamente. Esse fato é explicado pela maior circulação viral, segundo Pedro Tauil, em virtude do acúmulo de macacos suscetíveis.
Os registros mostram que houve aumento expressivo de casos e mortes no país nos anos de 2000 e 2001 — com 40 e 22 pessoas mortas pela doença, respectivamente —, e depois o número voltou a aumentar em 2008 e 2009 — com 27 e 17 óbitos, respectivamente. Portanto, teria sido possível antever que o país enfrentaria, entre 2016 e 2017, uma nova alta nas notificações. Desta vez, no entanto, a situação é ainda pior: mesmo antes de o mês de janeiro terminar, o Brasil já soma 101 casos e 43 óbitos confirmados. O total de notificações da doença, incluindo as que ainda seguem sob investigação, chega a mais de 500.
Dois aspectos têm sido levantados como possíveis influências nesse aumento repentino de casos da doença: a tragédia de Mariana, que poderia ter provocado um desequilíbrio ambiental capaz de favorecer a circulação do vírus e o surto ocorrido na África nos dois últimos anos, em países como Angola e Congo. O pesquisador Pedro Tauil não considera essas hipóteses plausíveis.
— A mata ribeirinha do Rio Doce, afetada pela tragédia de Mariana, ficou muito sofrida e isso pode ter permitido que macacos infectados com febre amarela tenham se dispersado para áreas mais próximas a humanos, mas acho que ainda é cedo para darmos essa explicação. É precipitado — destaca ele. — Quanto ao surto africano, não teria sido preciso que alguém infectado viesse da África para o Brasil para que os casos aqui aumentassem. A febre amarela silvestre já é uma doença bem característica do nosso país.
ALERTA NO ESPÍRITO SANTO
Para Tauil, o que provoca maior estranhamento até agora é a ocorrência de casos no Espírito Santo, estado que não faz parte da área onde a vacina é recomendada e que não tem registro da doença há 80 anos, mas que, após o início do surto em Minas, já registra pelo menos um caso confirmado, entre mais de 20 notificados. Exames laboratoriais comprovaram que macacos mortos encontrados em dois municípios capixabas, Colatina e Irupi, estavam com febre amarela. A descoberta de primatas infectados é o principal indício de que o vírus circula na região. Isso, de acordo com o especialista em doenças tropicais, poderá motivar a inclusão do Espírito Santo na zona de recomendação para a vacina.
— Acredito que o Ministério da Saúde vá rever a situação do Espírito Santo e colocar a vacina da febre amarela no calendário regular desse estado — afirma ele.
Outra proposta para frear a alta de casos da doença, de acordo com ele, é vacinar todas as crianças do país.
— Assim, teremos, aos poucos, toda uma população protegida — pontua o especialista.
Hoje, dentro das áreas de recomendação, o Ministério da Saúde determina que as crianças se imunizem aos 9 meses de idade e tomem a segunda dose aos 4 anos. Se a primeira dose for tomada após os 5 anos de idade, deve-se receber a dose seguinte dez anos mais tarde. Após essas duas doses, a pessoa fica imunizada contra a febre amarela para o resto da vida.
Ambiente de trabalho é lugar onde dor de cabeça mais atrapalha brasileiros
29/01/2017 - G1 - Fantástico
O Fantástico teve acesso a uma pesquisa inédita que mostra como a dor de cabeça impacta na vida dos brasileiros. Um grupo de mil pessoas foi avaliado, e o resultado é assustador: 97% dos voluntários sentiram dor de cabeça no último mês. O problema atrapalhou a produtividade no trabalho de 70% deles e metade diz que a dor atrapalha a prática de atividades físicas, o lazer com os amigos e o namoro. As mulheres são as mais atingidas pelo mal estar e são também as que convivem com os sintomas por mais tempo. A repórter Carla Vilhena mostra por que isso acontece e como lidar com o incômodo.
Brasil registra o maior número de casos de febre amarela desde a década de 1980
28/01/2017 - O Globo
O surto de febre amarela bateu recorde histórico durante a semana. Até agora, foram confirmados 101casos da doença, 18 a mais do que em 1980, quando o Ministério da Saúde iniciou a contagem anual. Quarenta e três óbitos tiveram ligação confirmada com a doença — em 2000, foram 40.
A enfermidade já foi registrada em sete estados e no Distrito Federal. Ontem foi notificado o primeiro caso suspeito no Piauí, o de uma criança de 9 anos oriunda de Munhuaçu, em Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Piauí, os exames foram encaminhados ao Instituto Evandro Chagas (Belém-PA) e ao Laboratório Central do Estado (LacenPI). Os municípios mineiros concentram a grande maioria dos casos notificados — 504 dos 556 — e também dos confirmados— 97 dos 101. Para estimar o número de casos em cada estado, o Ministério da Saúde considera a unidade da federação onde o paciente provavelmente contraiu a doença.
‘NÃO HÁ MOTIVO PARA PÂNICO’
A Secretaria estadual de Saúde de Goiás divulgou ontem a suspeita de três novas ocorrências. Um dos pacientes, de 58 anos, morreu em Brasília. Os outros são uma grávida, que está internada, e um andarilho, que veio de Minas Gerais. Todos tinham sintomas que poderiam estar ligados a outras doenças. A definição se, de fato, eles contraíram febre amarela será revelada só na semana que vem.
Gerente de vigilância epidemiológica da SES-GO, Magda Carvalho enfatizou que o estado é endêmico para febre amarela. Por isso, 94% da população já está vacinada e protegida.
— Não há motivo para pânico. Quem já tomou duas doses ao longo da vida está imunizado. Mas algumas pessoas estão procurando novas vacinas, e isso pode inclusive comprometer sua saúde — alerta. — Outro efeito adverso é de que, desta forma, não haverá vacinas para o resto da população e para visitantes de outros estados.
Segundo Gustavo Brêtas, infectologista da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), há uma possibilidade “assustadora” de que seja registrada a forma urbana da doença, erradicada na década de 1940.
— Até o momento, os registros são apenas da forma silvestre. Por isso, é importante aumentar a cobertura vacinal nas zonas rurais — explica. — A possibilidade de ocorrer um caso de transmissão urbana é cada vez maior.
Surto atual é mais grave e risco de febre urbana é real
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Não há razão para pânico, mas a atual emergência de casos de febre amarela no país é grave e requer providências imediatas, diz o médico epidemiologista Pedro Luiz Tauil, 75. Professor da Universidade de Brasília, ele acompanha há décadas o tema e avalia: o atual surto é mais preocupante que o anterior, ocorrido entre 2008 e 2009.
Desde o início do ano, o Brasil tem 101 casos confirmados, o maior número desde o início da contagem, em 1980. Para conter essa escalada, diz, é preciso aumentar a imunização dos moradores de áreas atingidas e evitar que o vírus volte a ter transmissão urbana.
Desde 1942, ele é transmitido apenas por mosquitos que da área silvestre. Mas, se uma pessoa com febre amarela for picada pelo Aedes aegypti, o mosquito poderá voltar a circular com o vírus pelas cidades. O epidemiologista também defende um controle maior dos governos sobre a imunização.
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Folha - Como o sr. avalia o atual surto de febre amarela? Qual o risco para quem vive em área urbana?
Pedro Tauil - Hoje os casos que estão acontecendo são de febre amarela silvestre. Para evitá-los, a única medida é manter o nível de cobertura vacinal elevado, acima de 80%. Além disso, a gente vive o risco de a febre se urbanizar, isto é, passar a ser transmitida pelo Aedes aegypti. Isso pode se dar quando pessoas com febre amarela silvestre vão para a cidade no período de transmissibilidade, em que o vírus está circulando no sangue periférico, de dois dias antes do início dos sintomas a cinco dias após. É uma espada de Dâmocles sobre a nossa cabeça.
Qual é o risco de que isso aconteça?
É preciso ressaltar que isso não está acontecendo hoje e pode ser evitado, como já foi outras vezes. Mas, quanto mais gente com febre silvestre, maior é o risco de essas pessoas virem para a cidade e infectarem mosquitos urbanos.
O surto atual é mais preocupante do que o anterior, de 2008 e 2009? Por quê?
É mais grave porque tem mais casos de febre amarela silvestre, que eventualmente podem vir para as localidades onde existe o aedes.
O que o país poderia fazer para avançar no combate ao vírus da febre amarela?
É preciso ir além da vacinação em postos fixos. É importante que os níveis federal, estadual e municipal façam uma vigilância da cobertura vacinal, inclusive em "épocas de paz" [sem surto], com equipes móveis permanentes, que vão imunizar as pessoas que moram em áreas rurais e não chegam a ir à cidade.
O país pode vir a eliminar a febre amarela silvestre?
Não, febre amarela silvestre não é erradicável, porque vive entre os animais, em mosquitos silvestres. Não dá para acabar com as matas. O ciclo silvestre vai continuar existindo, assim como, provavelmente, mortes de macacos. O que nós não queremos e podemos evitar é casos humanos, por meio de uma boa cobertura vacinal.
Há motivo para pânico?
Não. O que precisa é pessoas que moram em áreas com transmissão silvestre ou para lá se dirigem serem vacinadas. As medidas para enfrentar estão sendo tomadas e é preciso prudência. Algumas pessoas não têm indicação da vacina [como doentes de câncer] e podem ter efeitos adversos.
A que atribui o atual surto?
Provavelmente à baixa cobertura vacinal na área onde ocorreu o ciclo silvestre [em Minas, era de 50%]. Não podemos baixar a guarda.
E se der tudo errado e acontecer a transmissão urbana?
Teria que vacinar rapidamente toda a população urbana, o que traria o desafio da quantidade de vacinas. Por isso precisamos introduzir a imunização no calendário infantil de todo o Brasil [hoje, está apenas nas áreas de vacina recomendada]. Assim, aos poucos, toda a população estaria protegida.
Febre amarela deve se espalhar, diz OMS
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
A OMS(Organização Mundial da Saúde) afirma ser esperada a detecção de casos de febre amarela em outros Estados do Brasil além de Minas Gerais, que concentra a maior parte dos registros,Espírito Santo e São Paulo. O país vive o maior surto da doença desde 1980, quando teve início a série histórica.
Em informe desta sexta-feira (27), a entidade diz que as autoridades brasileiras estão tomando medidas apropriadas para conter o surto, mas reforça a necessidade de vacinação nas áreas de risco.
“É esperado que casos adicionais serão detectados em outros Estados do Brasil considerando se o movimento interno de pessoas e macacos infectados e o baixo nível de cobertura vacinal em áreas que antes não eram consideradas de risco para transmissão de febre amarela”, diz o informe da organização.
O vírus da febre amarela é transmitido no Brasil por mosquitos silvestres, que circulam apenas em regiões de mata. Desde 1942 hão há registro de transmissão pelo mosquito Aedes aegypti, o inseto vetor de dengue e zika que circula nas cidades.
A entidade internacional afirma que não há evidências de que isso esteja ocorrendo, mas declara que “o risco de transmissão urbana de febre amarela não pode ser excluído”.
Isso pode acontecer, diz o texto, se pessoas infectadas se deslocarem para áreas onde o mosquito circula, dentro ou fora do Brasil.
Para a organização, o aumento dos casos ao longo do mês, a confirmação de pacientes em outros Estados e a ocorrência de mortes de macacos ressaltam a propagação geográfica do vírus.
Até esta sexta, o país registrou 101 casos confirmados, dos quais 97emMinasGerais, 3emSão Paulo e um no Espírito Santo. Há ainda suspeitas na Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O informe da OMS segue orientação anterior do governo brasileiro e amplia a área de recomendação de vacina contra o vírus. O novo mapa inclui o sul da Bahia, o norte do Rio de Janeiro e todo o território capixaba,com exceção da área urbana de Vitória.
A entidade diz não recomendar, com base nos dados atuais, restrição a viagens ao Brasil. O texto preconiza a vacinação ao menos dez dias antes da ida a áreas afetadas e a adoção de medidas para evitar picadas de mosquito.
MINISTÉRIO
Em nota sobre o comunicado, o ministério afirma que “o risco de reurbanização da febre amarela é muito baixo”.
A pasta cita que, no levantamento nacional de 2016sobre a infestação de Aedes, 63% dos municípios participantes tiveram índice abaixo de1%, considerado satisfatório, e 8,6% tiveram indicador acima de4%, que representa risco de epidemia de dengue.
“Para que se instale um ciclo urbano de transmissão da febre amarela, baseado no histórico das últimas epidemias na África, são necessários índices muito superiores, estimando-se que, naquelas ocasiões, os índices superaram 50% de infestação por Aedes”, diz a pasta.
Presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Mauricio Nogueira diz que não há razão para pânico, mas que, de fato, “o risco de a doença chegar à costa brasileira se mostra cada vez mais real”.
Para ele, o informe da OMS é“mais realista” que o ministério em relação ao risco de transmissão urbana.“Tem um monte de gente do ente em cidades que tem o Aedes, regiões com baixa cobertura vacinal.
Tem que ser investigado afundo.” Ele ressalta que não é recomendável a vacinação para quem não está ou não vai se dirigir a áreas de risco.
Áreas mais afetadas de MG só aplicaram metade das vacinas
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Apesar do reforço na quantidade de vacinas enviadas para as áreas mais afetadas pela febre amarela em Minas Gerais em janeiro, apenas cerca de metade das doses foi de fato aplicada nos moradores desses municípios.
De 1,76 milhão de vacinas entregues às regiões de Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni, um total de 948.400 foram aplicadas na população, ou 54% do que foi distribuído. Considerando todo o Estado, a taxa de aproveitamento cai para 37,7%.
Os números correspondem ao período de 1º de janeiro até esta sexta (27) e foram informados pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais. A maior discrepância é na região de Governador Valadares, para onde 445 mil vacinas foram enviadas e somente 123 mil foram aplicadas (27,6%). A área engloba 51 municípios e tem 12 mortes por suspeita de febre amarela, além de 4 mortes confirmadas.
Segundo a pasta da Saúde, porém, o número de pessoas efetivamente vacinadas é maior do que o que vem sendo divulgado. Isso porque há um intervalo de tempo entre a aplicação das vacinas e a contabilização dessas aplicações.
A secretaria diz que um dos fatores que dificulta a imunização é a falta de profissionais nos municípios e que, por isso, reforçou o número de vacinadores, disponibilizou "veículos com tração para a abordagem nas zonas rurais e a contratação adicional de cem profissionais", diz a nota.
O Ministério da Saúde também informou que intensificou ações de vacinação em Minas e que não há necessidade de corrida aos postos de saúde, pois há doses suficientes para atender as regiões com recomendação de vacinação.
Se a falta de vacina nos postos não é um problema, a pasta elenca outros fatores como causa para o surto de febre amarela como "a pouca adesão à vacinação pelos adultos, especialmente os homens, e a dificuldade de mobilidade que existe na população que mora em áreas rurais, principalmente próximas às matas".
Plantão Médico: Os 30 mil casos ao ano de hanseníase no Brasil
28/01/2017 - Folha de S.Paulo
Amanhã, como em todo último domingo de janeiro desde 2009, será celebrado no Brasil o Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase. A data enfatiza o compromisso dos médicos dermatologistas em controlar a doença, promover o diagnóstico precoce e tratamento corretos, divulgar informações e em desfazer o preconceito sobre a enfermidade, segundo comunicado da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
O Brasil tem 30 mil pacientes novos diagnosticados por ano e ocupa o segundo lugar no mundo em número de doentes, dos quais cerca de 6% são crianças e adolescentes, refere a SBD.
A hanseníase é uma doença provocada pelo bacilo de Hansen, identificado por Gerhard Hansen em 1873. O atual tratamento, realizado nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), é eficiente e evita a disseminação da infecção.
Segundo o médico Egon Daxbacher, coordenador do departamento de hanseníase da SBD, a transmissão da doença se dá por contato próximo e contínuo com doente não tratado.
Por isso é importante aos familiares e pessoas próximas a um doente procurarem uma UBS quando for diagnosticado um paciente com hanseníase na família. O diagnóstico é feito por um dermatologista.
A evolução da doença está relacionada às defesas do sistema imunológico. A bactéria pode ficar adormecida no organismo por longo período, de dois a sete anos, explica Daxbacher. Inicialmente a pele pode apresentar manchas pelo corpo, insensíveis ao calor, frio ou toque ou exibir placas ou caroços pelo corpo, entre outros sinais.
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