37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 27/01/2017

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Governo quer ampliar produção de remédios

27/01/2017 - Valor Econômico


O governo federal divulga hoje, no "Diário Oficial da União", lista com 52 produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) - atualmente importados - que quer ver produzidos pela indústria farmacêutica brasileira. O anúncio funciona como um chamamento para laboratórios públicos e privados participarem de uma parceria de desenvolvimento produtivo (PDP), promovida pelo Ministério da Saúde, para transferir tecnologia de produtores e detentores de patentes estrangeiros e ampliar a fabricação nacional de medicamentos, matérias primas e sínteses químicas, reduzindo a dependência externa do país.

Na relação dos produtos figuram os dois remédios mais caros importados pelo governo brasileiro: o Sofosbuvir, fabricado pela americana Gilead Sciences, indicado para tratamento de Hepatite C, e o Eculizumabe, da também americana Alexion Pharmaceuticals, para insuficiência renal. Ambos são importados sob judicialização porque pacientes acionaram o governo na Justiça para terem acesso aos medicamentos gratuitamente no SUS. Juntos, dois medicamentos consomem, por ano, R$ 902 milhões do orçamento do Ministério da Saúde.

Com a publicação da lista dos produtos estratégicos, os laboratórios nacionais, públicos e privados, apresentarão ao ministério projetos de parceria com as empresas americanas para a transferência de tecnologia que resultará na produção local desses itens. Já na assinatura do contrato de PDP, o governo passa a comprar os mesmos produtos com desconto de 30%, pois eles passam a figurar na relação de preços de produtos incorporados do governo brasileiro.

"O laboratório estrangeiro deixa de vender para a gente no varejo e entra no atacado. Ampliamos a escala de compra, sem licitação, o que amplia a oferta no SUS, evitando a judicialização", explica o ministro da Saúde, Ricardo Barros, acrescentando que a conclusão da PDP, até a total fabricação dos medicamentos em solo brasileiro, varia de acordo com o projeto de parceria proposto por cada laboratório e sua capacidade e estrutura de produção.

O ministro espera que a indústria biofarmacêutica brasileira incorpore ao seu parque produtivo os 52 produtos divulgados hoje em "cinco, seis anos". "Nossa expectativa é que tenhamos R$ 6 bilhões em investimentos privados, e uma geração de 7,5 mil empregos, sendo 450 pesquisadores", complementa Barros.

O Brasil tem hoje mais de uma dezena de PDPs em andamento. Elas foram criadas em 2012, no governo Dilma Rousseff (PT), para fortalecer o setor industrial da saúde no país. Geralmente, laboratórios envolvidos nas PDPs têm linha de crédito específica do BNDES.




Mercado Aberto: Por rentabilidade, farmacêuticas demitem e trocam seus funcionários

25/01/2017 - Folha de S.Paulo


Colunista: Maria Cristina Frias

A indústria farmacêutica observou aumento de faturamento e de unidades vendidas no ano passado, mas, pela primeira vez desde 2011, o número de pessoas empregadas no setor caiu.

O último trimestre foi o pior, com perda de 1.500 trabalhadores. O resultado do ano foi negativo em 107.

O saldo aconteceu por ajustes de pessoal nas divisões de vendas e no administrativo das empresas, segundo Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (sindicato do segmento).

Na área de produção, houve um movimento de troca de trabalhadores com salários mais altos por novos contratados com remuneração mais baixa, afirma ele.

"Outras áreas da economia perderam bons profissionais. Tem sobra de gente qualificada na rua. A indústria farmacêutica substituiu trabalhadores com altos salários por outros, que estariam desempregados."

As companhias venderam 4% a mais de remédios no ano passado, e 11% em receita total, mas têm enfrentado queda na rentabilidade por causa de aumentos de matéria-prima e de custos de produção, diz Mussolini.

"Quando as empresas passam por isso, fazem cortes. No passado, eles não aconteciam em pessoal porque não conseguiam repor gente do mesmo nível. Agora, elas conseguem fazer isso."

Um eventual aquecimento do mercado de trabalho não deve influenciar as contratações do setor, mas seria favorável para as vendas, afirma.




Remédio genérico brasileiro poderá ser exportado para países mais pobres

25/01/2017 - Valor Econômico


A indústria brasileira de medicamentos genéricos terá facilitada a exportação para países pobres com capacidade insuficiente de produção, com a entrada em vigor de uma emenda no Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual (Trips, na sigla em inglês), na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A emenda dá garantia jurídica de que os remédios genéricos poderão ser exportados a preços razoáveis para responder às necessidades de países cuja capacidade de produção no setor farmacêutico são inexistentes ou limitadas.

Ao Valor , o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, afirmou que "o Brasil tem larga tradição na área de medicamentos genéricos, e com esta mudança nas regras da OMC, a indústria brasileira de genéricos poderá ter acesso ao mercado de países que não têm capacidade de produção desses medicamentos".

No Trips já existia flexibilidades para os governos darem "licença compulsória", ou seja, quebrar patentes para permitir a outras empresas que fabriquem um produto patenteado, mesmo sem consentimento do laboratório detentor da patente, mas unicamente sob certas condições. Em princípio, a maioria dos medicamentos produzidos com "licença compulsória" só pode ser comercializada no mercado interno do país de produção.

Em 2005, foi aprovada por unanimidade a emenda ao Trips, permitindo aos países exportadores de quebrar patente para fornecedores de genéricos unicamente com fins de fabricação e de exportação para países com problemas de saúde pública e sem capacidade de produção.

Mais de uma década depois, enfim foi alcançado o número de dois terços de membros da OMC que ratificaram a emenda.




Medicamentos contra impotência: um ano de crescimento

24/01/2017 - O Globo / Site


Os medicamentos destinados a tratar de disfunção erétil cresceram 15,3% em vendas no ano passado, de acordo com um levantamento inédito da IMS Health.

No total, foram consumidos R$ 1,9 bilhão de Viagra, Cialis e assemelhados.

Um mercado que é exatamente a metade do maior de todos entre os medicamentos vendidos nas farmácias, o de analgésicos, que faturou R$ 3,8 bilhões no ano passado.




O mercado de antidepressivos – enquanto uns choram, outros vendem lenço

24/01/2017 - O Estado de S.Paulo / Site


Que 2016 foi um ano pesado ninguém duvida – talvez um dos mais complicados nos últimos tempos, tanto no Brasil como no mundo. Como se não faltassem evidências de que foram doze meses duros de aguentar, um levantamento da IMS Health sobre o mercado farmacêutico brasileiro mostrou que os antidepressivos e estabilizadores do humor foram os remédios que mais cresceram em vendas no ano – 18,2% – só perdendo para analgésicos em faturamento total. Enquanto uns choram, outros vendem lenços. Ou antidepressivos.

Mas essa não é necessariamente uma notícia ruim.

A venda dessas medicações vem crescendo no mundo todo, ano a ano, há bastante tempo. Levantamentos prévios já mostravam a tendência também por aqui: entre 2003 e 2007 o aumento havia sido de 42%; entre 2008 e 2013, 48%. E isso na época que o Brasil voava em céu de brigadeiro, todo mundo estava empregado e ninguém se xingava de coxinha ou mortadela. Aqui, como no restante do mundo, o preconceito com a psiquiatria vem caindo, a segurança dos remédios aumentando e o acesso aos tratamentos se tornando mais fácil – e mais pessoas passam a ser medicadas.

O aumento na venda pode ser bom, portanto, porque pacientes que vinham sofrendo desnecessariamente estão agora se tratando (mesmo nos EUA estima-se que ainda hoje a minoria das pessoas com depressão trate-se de forma correta).

Claro que essa onda carrega consigo gente que talvez não precisasse tomar antidepressivos. Não deixa de ser um problema, mas certamente é um problema menor, tanto pela quantidade como pelas consequências. Como o escritor Andrew Solomon, autor de O Demônio do meio-dia, coloca muito bem, há tanto excesso como falta na prescrição desses remédios, mas a falta é pior. “Tem quem os tome para fugir de problemas comuns, mas, na minha experiência, essas pessoas acabam largando o medicamento quando percebem sua ineficácia nessa situação”. diz ele “Enquanto isso, aquelas que de fato precisam do remédio e não o tomam às vezes cometem suicídio”. (leia a entrevista no Estadão).

Por outro lado, é real o impacto negativo da crise financeira na saúde mental das pessoas. Diversos estudos vêm sendo feitos mundo afora. Os resultados variam de acordo com os métodos usados, às vezes mais às vezes menos rigorosos, mas a tendência parece consistente: tanto a prevalência de depressão como a taxa de suicídio aumentaram nos países em crise, e boa parte desse aumento pode ser estatisticamente atribuído ao cenário econômico adverso.

Mas até nesse contexto o aumento de vendas de antidepressivos pode não ser má notícia. Se tantas pessoas vêm adoecendo por conta da crise, ao menos que se lhes dê a chance de ser tratadas. Os remédios não farão nada pelo mercado econômico, mas podem ao menos ajudá-las a atravessar essa fase, que, como tudo, também vai passar.




Após 20 anos, países são autorizados a importar genéricos

24/01/2017 - DCI


Depois de uma espera de quase duas décadas, países pobres poderão começar a importar remédios genéricos. Ontem, entrou finalmente em vigor uma emenda às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) que permite a mudança no fluxo de medicamentos. Para o Brasil, a medida pode significar uma queda no custo de remédios e também a abertura de mercados para a produção nacional de genéricos. Desde 2001, o assunto era discutido.




Após pressão de quase 20 anos, países são autorizados a importar genéricos

23/01/2017 - IstoÉ Online


Depois de uma espera de quase duas décadas, países pobres poderão começar a importar remédios genéricos. Nesta segunda-feira, 23, entrou finalmente em vigor uma emenda às regras da Organização Mundial do Comércio que permite a mudança no fluxo de medicamentos. Para o Brasil, a medida pode significar uma queda no custo de remédios e também a abertura de mercados para a produção nacional de genéricos.

Os debates sobre a reforma nas regras sobre propriedade intelectual começaram ainda no final dos anos 90. Em 2001, o assunto foi uma das principais bandeiras do então ministro da Saúde, José Serra. O debate foi mantido durante o governo Lula e, em 2005, os países emergentes conseguiram votos suficientes para derrubar a resistência dos países ricos e modificar as leis de patentes.

Mas, para entrar em vigor, a reforma precisa da ratificação de dois terços dos membros da OMC, o que foi atingido nesta segunda-feira com a ratificação de Burkina Faso, Nigéria, Liechtenstein, Emirados Árabes e Vietnã.

No acordo original, de 1995, a OMC permitia que países pobres produzissem remédios genéricos em caso de emergência nacional. As leis exigiam que esses produtos não fossem exportados e o governo, para iniciar a produção, era obrigado a quebrar patentes de multinacionais.

O problema é que, para muitos países pobres, a brecha não solucionava seu problema de acesso aos remédios. Dezenas de economias pelo mundo não tem a capacidade de produzir, nem mesmo a partir de patentes já existentes. Sem poder produzir, esses governos precisariam importar, o que era proibido.

Carregamentos de remédios genéricos entre a Índia e o Brasil, além de produtos destinados a outros países, chegaram a ser confiscados e destruídos nos portos holandeses, quando faziam escala. O governo americano chegou a abrir uma disputa comercial contra o Brasil, gerando uma reação internacional forte por parte de ativistas.

Pressionada, a OMC chegou a um consenso para abrir a possibilidade para que essa importação ocorresse. Na prática, isso reduziria os gastos dos estados na compra de remédios e permitiria maior distribuição. Mas, para as multinacionais, isso também significaria uma pressão para baixo nos preços.

Com a entrada em vigor do acordo, o Brasil pode ser um dos favorecidos. Em primeiro lugar, a pressão por preços reduzidos diante do comércio de genéricos pode influenciar nas negociações entre multinacionais e o Ministério da Saúde, principalmente na compra de remédios para o coquetel contra o HIV. Mas a indústria de genéricos brasileira também pode ver a abertura de novos mercados, principalmente na América Latina e Africa.

“Essa é uma emenda muito importante”, declarou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo. “Ela da garantias legais de que remédios genéricos podem ser exportados com um preço razoável para satisfazer as necessidades de países sem a capacidade de produção farmacêutica ou aqueles com capacidade limitada”, disse.

“Ao fazer isso, ela ajuda a população mais vulnerável a ter acesso a remédios para atender suas necessidades, ajudando a lidar com doenças como HIV, tuberculose ou malária, assim como outras epidemias”, afirmou o brasileiro.

Margaret Chan, diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), também comemorou. “Isso reforça o papel da saúde em politicas comerciais, disse. Apesar do acordo, Chan insistiu que o mundo ainda está “distante” de garantir um acesso universal a remédios e alertou que os custos da nova geração de tratamentos são “insustentáveis” para dezenas de governos pelo mundo.

Para Chan, o acordo de patentes “não é suficiente” e a comunidade internacional precisa debater um novo modelo que garanta preços adequados para as populações mais pobres.

“A saúde precisa ser prioridade, por mais que as políticas comerciais sejam importantes”, afirmou a ministra de Relações Exteriores do Quênia, Amina Mohamed.

Estudo aponta relação entre depressão e mortalidade por câncer

26/01/2017 - Folha de S.Paulo / Site


As pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade podem ter mais probabilidades de morrer de alguns tipos de câncer, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (26).

A análise da ficha clínica de mais de 160.000 adultos na Inglaterra e em Gales mostrou que os que declararam que sofriam problemas psicológicos eram mais propensos a morrer de câncer de cólon, próstata e pâncreas.

Os pesquisadores ressaltaram que se trata de uma constatação estatística e que isso não significa que exista um vínculo causa-efeito entre o estado psíquico de uma pessoa e o câncer.

Mas estes resultados se somam a vários indícios que apontam a existência de interações entre a saúde física e a saúde mental, afirmou o artigo publicado na revista "British Medical Journal" (BMJ).

Várias pesquisas já apontaram a existência de uma relação entre os sintomas da depressão e os transtornos de ansiedade e a incidência de doenças cardiovasculares.

Mas até agora as tentativas de demonstrar um possível vínculo com o câncer tiveram resultados pouco claros, explicaram os especialistas, um grupo de cientistas do University College de Londres, da Universidade de Edimburgo e de Sydney.

A equipe, dirigida por David Batty, epidemiologista da University College de Londres, analisou 16 estudos que realizavam um acompanhamento de uma determinada população no longo prazo, uma dezena de anos.

Do total de 163.363 pessoas acompanhadas, um grupo composto por indivíduos de mais de 16 anos e que não tinham câncer no início do estudo, 4.353 morreram por esta patologia durante as observações.

Os pesquisadores centraram seu estudo nos casos de câncer que dependem dos hormônios ou que estão ligados ao estilo de vida.

Vários estudos sugerem que, efetivamente, o desequilíbrio hormonal que gera a depressão conduz a uma produção mais elevada de cortisol e inibe os mecanismos naturais de reparação do DNA, o que enfraquece as defesas diante do câncer.

Também há dados de que entre as pessoas depressivas é mais comum o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade, três fatores de risco para o câncer.

Segundo a análise realizada, as pessoas que sofriam sintomas de depressão e ansiedade tinham uma incidência 80% mais alta de morrer de câncer de cólon, e eram duas vezes mais propensas a falecer de um câncer de próstata, de pâncreas ou de esôfago.

Os pesquisadores ajustaram estatisticamente os efeitos de distorção atribuídos ao modo de vida, sexo, idade, peso e situação socioeconômica.

Os especialistas indicaram que também não é possível excluir uma causalidade inversa, ou seja, que a depressão seja provocada pelos sintomas de um câncer que ainda não foi diagnosticado.

É preciso realizar outras pesquisas para entender mais sobre a relação do câncer e suas possíveis causas, disse Batty.




Como seus genes poderão ajudar a neurologia

26/01/2017 - Veja Online


A farmacogenômica é um ramo em rápida expansão na medicina; em especial naquelas situações que necessitam de tratamento específico ou de longo prazo. Nossos genes podem ser mapeados e relacionados ou não a certas doenças e tratamentos. Muitas vezes o tratamento de condições como Parkinson, Alzheimer, depressão, derrames, dor de cabeça ou epilepsia baseia-se em tentativa e erro: tenta-se uma medicação após a outra, até que seja encontrada uma adequada para aquele indivíduo.

A farmacogenômica promete transformar a maneira como medicamos nossos pacientes, ao prever o resultado do tratamento e antever possíveis complicações (prever a ocorrência de uma doença é um outro assunto). Os genes deverão indicar qual das medicações provavelmente beneficiará mais aquele indivíduo: noutras palavras, permite uma prescrição personalizada. A quantidade de informação farmacogenética vem aumentando exponencialmente nos últimos anos, e podemos esperar que diretrizes de tratamento baseadas nessas informações sejam implementadas no futuro próximo.

Algumas ações práticas já existem. Por exemplo: indivíduos do Sudeste Asiático ou seus descendentes apresentam risco muito maior de desenvolver efeitos colaterais gravíssimos ao utilizar a carbamazepina (uma medicação utilizada para tratar a epilepsia) caso possuam um determinado gene. Assim, sempre que pensarmos em utilizar a carmabazepina em um indivíduo do Sudeste Asiático, tal gene deve ser pesquisado antes. Pacientes que façam uso de valproato (para epilepsia, dor de cabeça, distúrbios de humor) possuem risco aumentado de complicações graves quando portadores de certas deficiências no ciclo da ureia e seus genes.

Uma grande atenção tem sido dada aos genes que levam a uma maior ou menor metabolização dos diferentes medicamentos utilizados no tratamento dessas doenças neurológicas e psiquiátricas. Aqueles indivíduos que possuem genes ligados a um metabolismo mais rápido das medicações têm maior probabilidade de responder mal ao tratamento.

No momento temos muita dificuldade em valorar os resultados obtidos com nosso mapeamento genético. Mas esse procedimento vai tornar-se corriqueiro nos próximos anos, e certamente vamos obter informações capazes de beneficiar nossos pacientes.




Batata frita pode ser mais benéfica que a cozida, diz estudo

26/01/2017 - Portal Exame


Para alegria geral, a ciência voltou a encontrar benefícios surpreendentes em comidas demonizadas pelos defensores da alimentação saudável. E a hora chegou: as incríveis, crocantes e douradas batatas fritas estão oficialmente redimidas.

Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, descobriu que vegetais fritos podem trazer mais vantagens para o corpo do que quando são cozidos – desde que a fritura seja feita em azeite extra virgem.

A universidade espanhola estava estudando a famosa Dieta Mediterrânea, que já foi associada a prevenção de doenças degenerativas por ser rica em antioxidantes.

A alimentação típica da região é rica em vegetais frescos e azeite extra virgem – que, segundo os pesquisadores, não só contém vitaminas C, E e betacarotenos, mas também outro grupo de antioxidantes chamados de fenóis.

Vegetais crus como batata, abóbora, berinjela e tomate são cheios de fenóis, mas os pesquisadores queriam descobrir se esses antioxidantes se perdiam quando os alimentos passavam por algum processo de cozimento.

Aí testaram formas diferentes de preparar os alimentos: fritar mergulhando em azeite extra virgem, cozinhar em água, cozinhar em água com óleo e saltear.

O que eles descobriram é que a quantidade de fenóis não muda muito quando a batata e os outros vegetais são cozidos. Mas, quando passam pelo azeite extra-virgem, que também é rico em fenóis, esses compostos são transferidos para a comida – aí a quantidade de fenóis dá um salto.

As calorias e gorduras dos alimentos, é claro, também aumentaram. Mas os pesquisadores acreditam que os resultados desafiam a ideia corrente de que toda fritura é ruim: não só a quantidade de fenóis aumentou mais que em qualquer outro método de preparo, mas o potencial antioxidativo desses compostos foi mantido. Ou seja: batata frita em azeite extra virgem demonstrou um potencial maior em prevenir câncer, diabetes e outras doenças degenerativas do que a versão cozida.

Vale lembrar que os benefícios extras da batata frita observados na pesquisa vinham de um cenário bem específico. Primeiro, os fenóis transferidos para a comida vinham do do tipo mais nobre de azeite, que é obviamente mais caro e não se encontra a cada esquina. Em segundo lugar, as batatas e os demais vegetais da pesquisa estavam frescos antes de fritar, ao contrário das batatas congeladas que vemos lanchonetes afora.

Nada impossível de fazer, mas não tão simples quanto entrar na fila do McDonalds. Batata frita pode ser mais saudável sim – mas não sem um toque de gourmetização.




Por uma guinada no setor da saúde

26/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Há anos a saúde figura como uma das principais preocupações dos brasileiros. Assistimos diariamente aos desmandos na saúde pública: filas intermináveis para consultas e exames, estabelecimentos em situações precárias de atendimento, falta de profissionais, medicamentos e materiais, enfim, um quadro de total desassistência.

Esse cenário, infelizmente, vem se agravando.

Saúde é um setor que está direta e principalmente ligado à economia, à educação e ao saneamento básico. Um povo mais educado, cidades com bom tratamento de água e esgoto e um orçamento compatível para prevenção, promoção e assistência elevam os indicadores sociais. Mas, afinal, a falta de recursos é a responsável pela atual situação da nossa saúde? Alguns defendem a tese de que, no Brasil, o setor não carece de mais verbas, mas, sim, de melhor gestão. Para fugir desse debate, que não leva a novos horizontes, é premente assumir que a nossa saúde tem deficiência de recursos financeiros, sim, mas também poderia produzir mais com o que hoje lhe é destinado.

O Brasil é o oitavo maior mercado de saúde no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O País movimenta anualmente cerca de R$ 550 bilhões, incluindo investimentos públicos, do mercado de planos e seguros de saúde e o gasto direto das famílias. São quase 10% do produto interno bruto (PIB), que totalizou R$ 5,9 trilhões em 2015 (o do ano passado ainda não foi divulgado, mas será menor). É um montante considerável. Porém, se pegarmos apenas o investimento público, veremos que ele responde por 47% do total de recursos e atende a mais de 75% da população (151 milhões de brasileiros).

O que os cidadãos custeiam diretamente somado ao investimento do mercado de planos de saúde – que sente os reflexos da crise e perdeu 1,2 milhão de vidas de janeiro a novembro do ano passado – responde por 53% do total de gastos, lembrando que “apenas” 24,78% das pessoas têm algum tipo de plano de saúde. Num país que constitucionalmente coloca a saúde como “direito de todos e dever do Estado” e se propõe a assegurar universalidade, integralidade e equidade a seus cidadãos, esses dados mostram a discrepância entre a realidade orçamentária e o que o Sistema Único de Saúde (SUS) deveria entregar.

É fato também que há desperdício.

Não há dados nacionais, mas relatório da OMS intitulado O Financiamento da Cobertura Universal afirma que entre 20% e 40% de todos os gastos em saúde são desperdiçados por ineficiência. Se o Brasil movimenta cerca de R$ 550 bilhões por ano e se hipoteticamente perdermos 30% disso para a ineficiência, estamos falando de aproximadamente R$ 165 bilhões anuais que estão indo para o ralo, num país que atravessa séria crise econômica e retração dos investimentos. Esse montante perdido para o desperdício, aliás, é bem superior ao teto do orçamento aprovado para o Ministério da Saúde este ano, de R$ 125 bilhões.

Para pôr esse setor tão complexo nos trilhos da sustentabilidade é necessário enfrentar com coragem vários desafios, que vão da reforma do Estado à rediscussão sobre a viabilidade da integralidade no SUS, à necessidade de introduzir redes integradas e continuadas de assistência, à introdução de tecnologias de informação, e por aí afora. Há, porém, um tema capaz de garantir eficiência e eficácia ao sistema de saúde e que tem sido pouco explorado: a deficitária formação dos profissionais da cadeia produtiva da saúde, que não contempla diretrizes de atuação no SUS e no setor privado. Eles chegam ao mercado sem conhecimento das políticas públicas e sem noções de gerenciamento e gestão.

Algumas grades curriculares têm disciplinas que tratam de sociedade e cidadania, saúde pública, saúde coletiva, comportamento e até de gestão, mas todas muito direcionadas ao exercício específico da profissão.

Isso faz com que profissionais de diferentes áreas da saúde façam a “gestão” do seu próprio trabalho, de forma individualizada, quando todos deveriam estar focados na gestão da integralidade da assistência.

Essa mudança de pensamento e comportamento precisa começar na universidade. E a tarefa é árdua.

Dados mais recentes do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostram a complexidade na gestão dos recursos humanos da saúde.

São 2.580.985 profissionais cadastrados. Esse universo é formado por nada menos que 364 diferentes ocupações, seguindo os critérios da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

Pouco mais de 1 milhão de profissionais (39,1% do total) têm nível superior. São médicos de várias especialidades, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e odontólogos, entre outros. Os técnicos representam 29,4% do total dos recursos humanos, ou 759.239 pessoas.

Para melhorar a qualidade da assistência, principalmente a que o usuário percebe como valor, é necessário que essa equipe multiprofissional trabalhe integrada, seja dentro da mesma organização ou no âmbito do sistema de saúde. Para que isso seja feito, as atribuições técnicas de cada profissão precisam ser extrapoladas. Isso vale também – ou principalmente – para os médicos. Além do funcionamento do mercado, os profissionais precisam conhecer os protocolos da organização em que atuam, ser incentivados a alcançar metas e se sentirem parte de uma rede de relações que tem como foco principal o bem-estar do paciente e a qualidade assistencial.

Certamente isso ajudaria, e muito, também no combate ao desperdício.

Mudanças estruturais importantes, necessárias ao sistema de saúde brasileiro, só se vão concretizar com o envolvimento de todos. Novas abordagens na formação dos profissionais da saúde são importantes para que o mercado se possa reorganizar e inovar. Mais que de bons profissionais, precisamos formar cabeças capazes de promover mudanças.




Panorama entre a Saúde Pública e os Planos de Saúde no Brasil.

25/01/2017 - O Estado de S.Paulo / Site


O SUS atende atualmente mais de 150 milhões de pessoas no país, com orçamento de 118 bilhões por ano. O que o sistema consegue fazer com este dinheiro realmente surpreende, mas não se pode dizer que é com a qualidade e eficiência esperada. Nos noticiários mesmo nós notamos isto...

Pessoas morrem na fila de espera dos hospitais, não há leitos, aparelhos e médicos suficientes para a demanda, assim como não há medicamentos ou número de hospitais, já que a fila de espera para exames e cirurgias tendem a demorar anos. Infelizmente o sistema que deveria ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda.

Por este motivo, mais e mais pessoas contratam os planos de saúde, mesmo os que possuem menores valores e consequentemente menor cobertura, pois este mínimo não é o que o SUS consegue oferecer.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) é o órgão regulador do governo, vinculado ao Ministério da Saúde, responsável pela normatização e fiscalização do setor de planos de saúde no Brasil.

Segundo Kátia Delane, analista de seguros da corretora JK Saúde, os planos de saúde no país variam muito em relação ao seu atendimento - este é o ponto crítico - mas também podem ser dos tipos individuais e empresariais, que diferem entre si em categorias e coberturas de benefícios, idades e número de vidas.

Os planos de saúde que mais valem a pena são os de maior cobertura e com melhor rede credenciada e atendimento, como a Amil, SulAmérica, Bradesco Saúde e Unimed, porém, o custo deles é alto. As operadoras comercializam o plano coletivo por adesão também com descontos pela categoria profissional do beneficiário.

Porém, os planos de saúde com faixas populares, como Promed, Vivamed Saúde e Good Life possuem uma rede credenciada menor com relação aos top planos, o que permite oferecer preços mais competitivos, e mesmo os básicos atendem satisfatoriamente a maioria das necessidades de seus pacientes, coisa que o SUS infelizmente ainda não é capaz.

Com o aumento do desemprego no país, o sistema de saúde pública está ainda mais congestionado, pois cada vez mais pessoas possuem menos condições de pagar o convênio e as firmas cortam o benefício após a demissão, então o sistema que já é saturado está ainda mais caótico e inchado.

Especialistas dizem que o que resta a fazer, para quem puder, é contratar o serviço privado de saúde, pois, diante de emergências, não há como contar com algo que infelizmente não é garantido, o acesso à saúde de qualidade. Mediante cirurgias de emergência e doenças inesperadas, os planos de saúde atendem prontamente e possuem parcerias com hospitais de altíssima qualidade e preparo médico.

Por que existem planos baratos? Os planos de saúde no Brasil custam, em média, acima de R$ 100,00 o que não é tão alto para as vantagens que se pode ter até mesmo com os classificados do tipo popular. Isto porque ao não ter um atendimento básico e de qualidade de prontidão, quando necessário, pode acarretar em complicações mais sérias que poderão levar até mesmo a morte. O pensamento dos empresários que criam estes valores mais acessíveis aos consumidores é que este tipo de plano, mesmo que simples, supre muito mais do que o SUS consegue fazer atualmente. Com o baixo valor do convênio, garante estar à disposição de um maior número de brasileiros que tanto precisam.




Cientistas mapeiam como o vírus da zika causa estragos

25/01/2017 - Folha de S.Paulo


Cientistas brasileiros acabam de traçar um mapa detalhado dos efeitos do vírus da zika sobre as células que dão origem ao cérebro humano.

O invasor microscópico é capaz de travar a multiplicação celular e de impedir que neurônios maduros apareçam, o que provavelmente explica o tamanho reduzido do cérebro dos recém-nascidos afetados pelo zika quando estavam na barriga da mãe.

Ao fim do trabalho, a equipe coordenada por Patricia Garcez e Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, conseguiu uma biblioteca de mais de 500 proteínas e genes das células humanas que parecem ser manipulados ou alterados indiretamente pela presença do vírus.

Algumas dessas moléculas podem se revelar alvos promissores para medicamentos que bloqueiem a ação do vírus de modo específico –algo que não existe hoje.

Garcez, Rehen e companhia estão tentando desvendar os aspectos básicos da biologia do vírus da zika desde que o patógeno foi ligado à epidemia de microcefalia em bebês do Nordeste. A principal ferramenta usada é o cultivo, em laboratório, das chamadas neuroesferas.

Essas pequenas massas esféricas de células se formam quando as precursoras dos neurônios são cultivadas juntas, e sua estrutura simula alguns aspectos do desenvolvimento cerebral dos fetos humanos.

Após expor células-tronco neurais (precursoras dos componentes do cérebro) ao zika durante duas horas, os cientistas esperaram que elas formassem neuroesferas e compararam o desenvolvimento subsequente das estruturas com o de neuroesferas formadas sem o contato das células com o vírus


PEQUENAS E MORIBUNDAS


Os primeiros resultados foram similares aos que a equipe já tinha observado em estudos anteriores: as neuroesferas infectadas com o zika eram menores que as não infectadas e, com o passar do tempo, começaram a sumir (veja infográfico).

Depois os pesquisadores usaram técnicas que lhes permitem enxergar detalhadamente os efeitos do vírus sobre as células. Com a ajuda de uma espécie de balança molecular, que diferencia os vários tipos de proteínas com base em seu "peso", identificaram as moléculas presentes nas neuroesferas afetadas.

Mapearam ainda as moléculas de mRNA (RNA mensageiro) nas células. Para cada gene no DNA há pelo menos uma molécula de mRNA, que transmite ao maquinário celular as instruções para produzir a molécula cuja receita está contida no gene.

Na prática, isso significa que a quantidade de cópias de mRNA correspondentes a determinado gene que estão circulando pela célula pode ser usada para medir o quanto aquele gene está ativo –quanto mais cópias de mRNA, mais acionado ele está.

Com essas ferramentas, foi possível enxergar os detalhes dos efeitos do zika sobre as células humanas.

Em primeiro lugar, não é só que o vírus saia matando indiscriminadamente as precursoras dos neurônios. A presença dele leva a uma interrupção no chamado ciclo celular -o processo delicadamente programado pelo qual as células fazem novas cópias do seu material genético e depois se dividem, dando origem a outras células. "A parada no ciclo é uma resposta da célula aos danos em seu DNA", disse Rehen à Folha.

Outro processo complexo, a chamada neurogênese –na qual as células-tronco neurais dão origem a diferentes formas especializadas de neurônios–, também é derrubado pelo zika, a julgar pelos genes ligados a esse mecanismo que ficaram menos ativos nas neuroesferas infectadas.

Alguns genes parecem estar diretamente associados à capacidade de multiplicação do vírus. "Penso que o DDX6 é um bom alvo", afirma Rehen, referindo-se a um desses genes, que, quando fica menos ativo, leva a uma menor replicação do vírus da dengue. Em tese, portanto, alguma intervenção envolvendo o DDX6 poderia ter efeito contra o vírus da zika.


FINANCIAMENTO


Com laboratórios no Rio, Rehen e Garcez têm sido afetados pela crise financeira do Estado e pelos problemas mais gerais de financiamento que têm preocupado a comunidade científica brasileira. A situação deles é um pouco menos grave por causa da prioridade que tem sido dada aos estudos sobre o zika.

"Boa parte dos recursos federais para zika tem sido repassada, com cortes. Infelizmente, no caso da Faperj [órgão estadual de fomento à pesquisa], nem isso. A porcentagem repassada até agora foi mínima e não permite o andamento das pesquisas", diz Rehen.

Também assinam o estudo pesquisadores da Unicamp, da Fiocruz, do Instituto Evandro Chagas e da Universidade Federal do Pará. Os dados estão em artigo na revista especializada "Scientific Reports".




EUA têm dados piores de câncer de colo de útero

25/01/2017 - Folha de S.Paulo


A taxa de mortalidade por câncer de colo do útero (também chamado de câncer cervical) nos EUA é significativamente mais alta do que estimado anteriormente, assim como a disparidade entre mulheres negras e brancas, segundo um estudo publicado na segunda-feira (23) na revista médica “Cancer”.

A taxa de mortalidade de mulheres americanas negras dessa doença é comparável à de mulheres em países pobres ou em desenvolvimento.

Na nova análise, que agora exclui as mulheres que foram submetidas à remoção cirúrgica do útero, a taxa de mortalidade de mulheres negras é de 10,1 para cada 100 mil. Para mulheres brancas, éde4,7para cada 100 mil. Estudos anteriores davam 5,7 e 3,2, respectivamente.

Cerca de 20% das mulheres americanas já tiveram o útero removido por problemas como câncer e sangramento excessivo.

Ainda que o estudo não tenha explorado as razões da disparidade racial, médicos dizem que ela pode refletir acesso desigual a exames preventivos e a cobertura de planos de saúde.A doença é,em grande parte, evitável.




Atalhos para o atendimento do câncer

26/01/2017 - Folha de S.Paulo


A incidência de câncer no Brasil vem aumentando de forma preocupante. Em 2016, foram cerca de 600 mil casos novos.

A boa notícia é que entre 50% a 60% dos pacientes com os vários tipos dessa doença podem ser curados, desde que recebam tratamento apropriado e, de preferência, que os diagnósticos sejam feitos nas fases mais iniciais de sua instalação.

Avaliando o que acontece no nosso SUS (Sistema Único de Saúde), que cuida de cerca de 75% da população, percebe-se que considerável parte dos usuários tem dificuldade de acesso aos exames diagnósticos e aos tratamentos mais eficazes, o que pode tornar incuráveis casos com eventual bom prognóstico, fora o sofrimento que a doença traz pelas suas manifestações clínicas.

Portanto, a pergunta crucial é como melhorar essa atual dinâmica, pouco virtuosa. O fato é que o SUS, de modo geral, não tem estrutura e condições operacionais para atender a já alta demanda dos pacientes com câncer, a qual é crescente.

Imaginar que se consiga reorganizar o sistema com a velocidade que a situação exige é utópico. Assim, só vejo um caminho para o momento atual: que sejam criados atalhos para diagnósticos e tratamentos.

Nas próximas linhas mostro o calvário do cidadão comum, procurando de certa forma gerar desconforto e indignação no leitor.

Em relação ao diagnóstico: o passo inicial seria fornecer aos médicos que atendem em unidades básicas de saúde, que é a porta de entrada do SUS, informações essenciais sobre os tumores mais comuns, a fim de que possam suspeitar da presença de câncer, algo que não está sistematizado.

O segundo passo seria criar um atalho no sistema para que exames solicitados sejam realizados com devida presteza (em geral, são exames de imagens e endoscopias, que têm enormes filas de espera). É evidente que médicos que recorrerem ao expediente de forma inadequada devem estar sujeitos a sanções.

O terceiro passo seria a avaliação do exame, que pode ser feita inicialmente pelo médico da unidade básica de saúde e, depois, por um especialista, para o qual o paciente é encaminhado em regime de atalho, dentro de um sistema de referência e contrarreferência que realmente funcione.

O acesso ao tratamento é o ato segundo do drama, uma vez que não é incomum que o paciente espere período além do aceitável antes de conseguir vaga em alguma instituição ligada ao SUS para ser tratado.

Equipes multidisciplinares, atuando em instituições com as condições mínimas para as atenções terapêuticas, bem como o uso de protocolos clínicos padronizados, têm que fazer parte da estrutura pública de atendimento do câncer quando se procura qualidade, algo imprescindível.

Quanto à reabilitação, fundamental para a recuperação pós-tratamento de alguns tumores, pode-se dizer que tende a ser um artigo de luxo no SUS.

Finalmente, é preciso salientar que câncer traz sofrimento físico e emocional para o paciente e que não raro este se estende também para sua família. Mais ainda, não se pode fugir do fato de que tanto o bom quanto o mau atendimento de portadores de câncer têm custos, que não são baixos. A questão não é gastar menos com os portadores de câncer, mas sim gastar melhor, para que cada real possa ser traduzido em benefício clínico.

O caminho via atalhos estruturados pode ser um importante passo.




Luva robótica pode ajudar coração doente

26/01/2017 - Folha de S.Paulo


Se o progresso das ciências biomédicas continuar no mesmo ritmo,a maior parte de nós morrerá de doenças do sistema cardiovascular —é a causa de morte número um no mundo, com 31% do total, segundo a Organização Mundial da Saúde. Um aparato robótico, no entanto, pode dar um ajudinha ao manter a função do coração em casos de insuficiência do órgão.

A proeza foi realizada por cientistas da Universidade Harvard (EUA), do Hospital Infantil de Boston e de outras instituições. Para Ellen Roche, uma das autoras, a grande vantagem do aparato é ficar do lado “de fora” do coração, sem manter contato com o sangue, o que evita complicações como a formação de trombos (que podem causar AVC, por exemplo).

O dispositivo, operado hidraulicamente e moldado com silicone e termoplástico (um tipo de polímero),foi inspirado na arquitetura cardíaca: ele contrai, assim como o coração, em dois sentidos distintos, provocando um deslocamento de líquido — fisiologicamente, de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta, o mais calibroso vaso do corpo humano.

A força exercida por essa “luva” de 0,5 mm de espessura, somada àquela do órgão— que pode já não estar em bom estado—, pode fazer a ejeção de sangue retornar ao nível considerado fisiologicamente normal. Até agora, houve testes in vitro e em suínos.

No total seis porcas, que pesavam entre 60 kg e 75 kg, foram utilizadas. Após um ataque cardíaco, o aparelho foi “instalado”no coração de duas delas, permitindo que cientistas coletassem os dados e avaliassem a eficácia do robô maleável.

Após duas horas de “terapia”, os cientistas removeram o aparelho e aproveitaram para investigar se havia algum tipo de rejeição, reação inflamatória e formação de um indesejado tecido cicatricial.


FIXAÇÃO


O único problema encontrado foi com relação ao uso de um dispositivo que fixa a “luva”no ápice (ponta) do coração.

A parede do órgão ficou bastante inflamada nessa região, o que levou os cientistas a tentarem, desde já, amenizar o problema. A solução encontrada foi usar uma espécie de hidrogel para diminuir a fricção entre luva e órgão. O gel, atóxico, não diminui a função do aparato.

Mimetizar a dinâmica da contração muscular cardíaca foi um dos desafios: a trajetória do sangue dentro do órgão é complexa, e, até então,os dispositivos existentes não conseguiam trabalhar em harmonia com o órgão que os recebiam. Havia uma espécie de interação destrutiva entre as duas funções e o dispositivo tinha que exercer muito mais força (gastando mais energia) para exercer uma função semelhante à da nova “luvinha cardíaca”.

“A área da cardiologia havia deixado de lado a ideia de pesquisar métodos de compressão do coração e se voltou para os VADs, dispositivos de assistência ventricular[que operam de dentro do coração], por uma limitação tecnológica. Agora, com os avanços da robótica flexível, é hora de voltar atrás”, disse Frank Pigula, cirurgião cardíaco e autor do estudo em um comunicado à imprensa.

Dessa forma, pacientes com insuficiência cardíaca poderão evitar o consumo de anticoagulantes —que aumentam o risco de hemorragias, mas que evitam a formação de trombos na corrente sanguínea. Apesar da evolução dos VADs, esses efeitos vasculares ainda são uma preocupação na cardiologia.

Outro diferencial do aparelho é a capacidade de realizar um fino ajuste na força exercida (e no volume ejetado) apenas mexendo na arquitetura dos componentes.

É possível programar o robô para que ele funcione apenas quando necessário, como no caso de uma queda de pressão sanguínea, indicando insuficiência cardíaca. A condição afeta 41 milhões de pessoas em todo o mundo.


FUTURO


Os testes emhumanos ainda devem demorar um bocado, talvez anos, segundo Ellen.

Primeiro é necessário testar o dispositivo por um período longo em animais, para conhecer os efeitos de longo prazo em um organismo vivo. Só depois disso devem começar os primeiros testes em humanos.

A equipe, apesar das ressalvas, está esperançosa de que essas “luvas cardíacas” podem ter uma participação importante na cardiologia do futuro e até mesmo em outras áreas da medicina.

“Dispositivos robóticos flexíveis são idealmente adaptados para interagir com tecidos moles e podem ajudar a aumentar sua função e até mesmo recuperá-los e curálos”, disse Ellen. Os achados estão publicados na revista especializada “Science Translational Medicine”.

Brasil tem pior surto de febre amarela já relatado

27/01/2017 - O Estado de S.Paulo


O Brasil vive o pior surto de febre amarela desde 1980, quando os dados da doença começaram a ser registrados pelo Ministério da Saúde. Até ontem, foram confirmados 88 casos, com 43 mortes. Minas concentra quase a totalidade dos registros: 84 confirmações, com 40 óbitos. Além da explosão dos números, a infecção se alastra pelo País.

Mato Grosso do Sul e Goiás, que este ano ainda não haviam notificado suspeitas, informaram ontem dois casos sob investigação.

Desde 1980, o pico havia sido em 2000, quando foram confirmados 85 casos. Os registros em análise também subiram de forma expressiva. Em Minas, são 383. No Espírito Santo, Estado que até este ano nunca havia registrado nada, 32. Outros 6 estão em análise na Bahia. Contando casos de Mato Grosso do Sul e Goiás, são 423 suspeitas.

Para o diretor do departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, o que mais chama a atenção no surto deste ano é a velocidade de expansão. Os primeiros registros foram em Minas, no início do mês. Depois disso, o governo mineiro já notificou 486 casos, em 51 municípios.

Desse total, 19 foram descartados, 84 foram confirmados e 383 estão em análise.

Hage afirma não haver uma explicação para a expansão de casos tão rápida. Ele avalia ser remoto, por exemplo, a possibilidade de que o surto deste ano seja provocado por um vírus mais agressivo. “O vírus da febre amarela é bastante estável. ” O diretor, no entanto, chama a atenção para a localização dos primeiros casos: cidades mineiras onde as taxas de imunização contra a doença são consideradas baixas e municípios do Espírito Santo, onde até este ano não havia registro de casos e, justamente por isso, não tinham indicação para vacina.

Tanto Mato Grosso do Sul quanto Goiás são Estados classificados como área de risco para febre amarela e, portanto, onde a vacinação contra a doença é feita de forma rotineira. Mesmo assim, foram enviadas para Goiás 30 mil doses extras de vacina.

Para Mato Grosso do Sul, outras 25 mil.

A vacina contra febre amarela é indicada para populações que residem em 18 Estados, além do Distrito Federal. A imunização pode ser feita a partir dos 6 meses de idade, desde que respeitadas contraindicações. Embora esteja no calendário vacinal de boa parte do território do País, a cobertura nacional é baixa: 65%. O recomendado é que pelo menos 95% da população da área de risco esteja imunizada contra a doença.

Apesar de a baixa cobertura vacinal ser evidente, a prioridade, neste momento, será imunizar as áreas consideradas de maior risco: Estados onde há casos suspeitos e confirmados de febre amarela, municípios próximos das regiões atingidas e áreas com registros de morte de macacos. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, afirmou que somente passado o surto um esforço deverá ser feito para tentar melhorar a cobertura vacinal de Estados onde há recomendação da vacina, mas que apresentam indicadores considerados ruins. Também será discutida a ampliação da recomendação da vacina para todas as crianças do Brasil, e não apenas para as regiões consideradas de risco.


RIO E SÃO PAULO


O Ministério da Saúde tem afirmado que a produção de vacina no País é suficiente para atender o aumento da demanda. Ontem, o governo do Rio solicitou uma segunda remessa, de 350 mil doses. O Estado já havia solicitado e recebido outras 350 mil doses, que começaram a ser distribuídas às prefeituras fluminenses na terça-feira.

Em São Paulo, a vacina contra a doença está em falta na maioria das clínicas particulares da capital paulista, segundo levantamento da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp). “Os lotes importados, do laboratório Sanofi Pasteur, terminaram por causa da grande procura”, disse a entidade, em nota divulgada ontem.

Questionada, a Sanofi Pasteur afirmou que a distribuição das doses da vacina “encontrase dentro da normalidade no mercado privado brasileiro” e acaba de receber um novo lote do produto, que deverá começar a ser distribuído em todo território nacional no início de fevereiro.




Febre de vacinas

27/01/2017 - Folha de S.Paulo


O surto de febre amarela silvestre iniciado em Minas Gerais continua a preocupar autoridades de saúde e a inquietar a população.

Até a manhã desta quinta-feira (26), o governo federal computava 72 casos confirmados, entre 550 notificados. Houve 40 mortes (outras 65 seguem sob investigação).

É a quarta ameaça em sequência a ser enfrentada no país tendo flavivírus por agentes. Essa família de patógenos tem em comum a transmissão por mosquitos Aedes aegypti, vetor das epidemias de dengue, zika e chikungunya.

Não se pode falar de epidemia no caso da febre amarela, uma doença preocupante por sua alta letalidade. O surto atual se caracteriza pela modalidade silvestre: pessoas que contraem a doença em áreas de mata habitadas por macacos, e não por transmissão entre pessoas no meio urbano.

Os mosquitos envolvidos também diferem. Os símios doentes são picados por insetos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que podem depois infectar com o vírus da febre amarela seres humanos presentes em lugares florestados.

Nas cidades é o Aedes que transmite esse flavivírus. Não há hoje perspectiva de erradicar esse mosquito, como fez Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro da primeira década do século 20, mas é fato que os últimos casos documentados de febre amarela urbana, transmitida de pessoa a pessoa, se deram há 74 anos, em 1942.

O controle da moléstia se faz apenas com recurso à vacinação, recomendada de maneira oficial no DF e em 17 Estados —inclusive em todo o oeste de São Paulo. Estima-se que seja possível bloquear a transmissão entre humanos com 80% da população imunizada.

Em Minas Gerais, onde ocorreram 37 dos 40 óbitos por febre amarela atestados pelo Ministério da Saúde, apenas 49,7% da população estadual foi vacinada nos últimos dez anos. O surto progride porque há muitos indivíduos suscetíveis.

Com a divulgação do número alto de mortes até aqui, contra cinco no ano inteiro de 2016, cidadãos estão correndo aos postos de saúde em busca de imunização mesmo em cidades –como a capital paulista– em que ela só é recomendável a quem vai viajar para áreas de risco. A vacina pode ter efeitos colaterais graves e não deve ser aplicada em qualquer pessoa.

Compete ao poder público distribuir doses de maneira eficiente aos locais que de fato necessitam delas. Precisa ainda esmerar-se mais na comunicação sobre quem deve vacinar-se e onde, para prevenir uma epidemia de pânico e a desorganização geral do sistema.




Febre amarela bate recorde de confirmações no país

27/01/2017 - Folha de S.Paulo


O total de casos confirmados de febre amarela no país chegou ao seu maior nível desde 1980, início da série histórica, segundo dados do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde de Minas Gerais.

Nesta quinta (26), o governo federal anunciou duas novas suspeitas da doença, em Goiás e Mato Grosso do Sul.

Minas Gerais vive um surto da febre, com 84 casos confirmados em mais de 400 notificações. Espírito Santo tem um caso confirmado e São Paulo, três mortes já comprovadas.

No total, somando os números do governo federal e os da Secretaria da Saúde de Minas referentes ao mês de janeiro deste ano, há 423 casos em investigação e 88 já confirmados. Entre estes há 43 óbitos —outras 61 mortes são analisadas.

Em 2000, último pico da doença, houve 85 confirmações da febre amarela e ao menos 39 mortes.

O aviso sobre o paciente que teria sido contaminado em Mato Grosso do Sul partiu da Secretaria de Saúde de Santa Catarina. Já a morte de um paciente que teria sido infectado em Goiás foi notificada pelo Distrito Federal.

Mato Grosso do Sul já havia registrado a morte de macacos com suspeita da doença próximo à divisa com São Paulo e Minas Gerais. Os exames clínicos nos animais, porém, ainda não foram concluídos.

Contatada, a Secretaria da Saúde de Goiás afirmou que há ainda outro episódio registrado nesta quinta, no município de Piranha, a 310 km de Goiânia. O paciente seria um andarilho de Minas Gerais.

Segundo o ministério, porém, ainda não há confirmação e o caso só deve ser contabilizado nesta sexta (27).

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul afirmou que deve receber 50 mil doses extras de vacina, do total de 11,5 milhões anunciados pelo ministério na quarta (25).

A secretaria de Goiás disse não ter informações sobre reforços, mas afirmou receber mensalmente 100 mil doses regulares da União e ter 93% da população imunizada.




Mais dois estados sob suspeita

27/01/2017 - O Globo


Além de Minas, São Paulo e Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Goiás registraram ontem os primeiros casos suspeitos de febre amarela. No Rio, o governo pediu à União envio de 350 mil novas doses de vacina. Os estados de Mato Grosso do Sul e Goiás registraram ontem pela primeira vez casos suspeitos de febre amarela, com uma ocorrência cada. As notificações podem ser um sinal da expansão da doença, que já aflige cidades de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Distrito Federal. Ao todo, há 550 casos informados no país — 72 confirmados, 23 descartados e 455 sob investigação, segundo o Ministério da Saúde.

O caso suspeito registrado no Mato Grosso do Sul é de um homem de 39 anos que não havia tomado vacina. Morador de Blumenau (SC), ele teria passado por Bonito (MS) entre o Natal e o dia 2 de janeiro. O paciente fez exames após retornar para Santa Catarina, teve alta e está bem. Os resultados devem sair nos próximos 15 dias e as investigações sobre seu caso estão sendo acompanhadas pelos dois estados.

A Secretaria de Saúde de Goiás fará hoje uma entrevista coletiva sobre o perfil da febre amarela e dará orientações sobre a doença à população. Não foram divulgados detalhes sobre o caso suspeito notificado no estado.

O boletim do governo federal também destaca que, dos 105 óbitos notificados no país, 40 tiveram associação confirmada com a febre amarela. Os outros casos ainda estão sendo investigados.

Minas Gerais continua sendo o estado com o maior número de registros até o momento. O boletim epidemiológico mineiro indica 486 casos suspeitos — desses, 19 já foram descartados e 84 estão confirmados — em 51 cidades. Quarenta óbitos foram causados pela doença, de acordo com o governo do estado. Devido ao surto de febre amarela, a Fundação Hemominas tem dificuldades para manter o seu banco de sangue: o estoque caiu pela metade em algumas regiões do estado, e a fundação pede que as pessoas doem sangue antes de tomar a vacina.

O segundo estado mais afetado é o Espírito Santo, onde há 33 notificações de suspeita de febre amarela. Entre elas estão três óbitos, cuja causa ainda está sendo investigada. Para evitar a difusão da enfermidade nas zonas rurais, a Secretaria de Saúde capixaba anunciou ontem nas redes sociais que, como medida preventiva, fechará temporariamente quatro parques estaduais: “Com isso, vamos preservar os visitantes e funcionários do contato com o vírus e proteger nossa fauna de possível contaminação”.

No Rio, a Secretaria estadual de Saúde solicitou uma remessa de mais 350 mil doses de vacina contra febre amarela ao Ministério da Saúde. O governo fluminense já havia recebido 350 mil doses, que estão sendo distribuídas às prefeituras desde terça-feira.

— Protocolei este pedido ontem e já tive uma resposta positiva do ministério — anunciou o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior. — O centro de distribuição deles é justamente aqui no Rio, então isso facilita a operação de receber essas vacinas.


CINTURÃO NO NORTE FLUMINENSE


Da nova encomenda, o Palácio Guanabara destinará 100 mil doses principalmente ao reabastecimento da Região Metropolitana do estado, onde o estoque de diversos postos de saúde já está zerado. O governo estadual usará as outras 250 mil vacinas para a criação de um cinturão de bloqueio à entrada do vírus no território fluminense. A remessa será levada à população de áreas próximas aos focos de risco, nos municípios que fazem divisa com o Espírito Santo e Minas Gerais: Cantagalo, Carmo, Comendador Levy Gasparian, Bom Jesus do Itabapoana, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua e Varre-Sai.

Além destes municípios, Campos dos Goytacazes, São Francisco de Itabapoana, Itaperuna, Sapucaia, Três Rios e Paraíba do Sul terão localidades específicas para a imunização — neles, a campanha de vacinação será voltada apenas para a zona rural.

Em carta aberta divulgada ontem, entidades como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva e a Sociedade Brasileira de Bioética criticaram a carência de pessoal e de infraestrutura necessária para o combate ao surto: “Deve-se considerar a importância de ampliar o quantitativo de recursos humanos treinados (...). A disponibilidade de vacinas e a capacidade atual de realizar rapidamente estas ações estão aquém das necessidades das secretarias de saúde dos municípios afetados”.

O documento também reivindicou melhorias no mapeamento dos municípios onde foram notificados casos suspeitos. Até agora, há ocorrências registradas em 78 cidades. A medida seria fundamental para orientar a população que se desloca pelo país.

As entidades avaliaram que, no ritmo em que vem aumentando o número de ocorrências de febre amarela silvestres em humanos, “torna-se assustadora a possibilidade de haver uma epidemia urbana da doença”, já que “mais de 90% das cidades do país encontram-se infestadas” pelo vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti.




Sete medidas que o Brasil precisa tomar para impedir o avanço do câncer

26/01/2017 - Portal Snif Brasil


Se o Brasil não investir em mudanças substanciais nas políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento do câncer, a doença se tornará a principal causa de mortes no País já em 2029. É o que aponta o último estudo do Observatório da Oncologia, uma plataforma de análise de dados criada pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC).

Para chegar a essa projeção, a pesquisa analisou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos 2000 e 2013 e projeções para o futuro (até 2040), comparando o número de óbitos e incidência do câncer com os de doenças cardiovasculares (como infarto e AVC), atuais campeãs de óbitos no Brasil. Em 2029 a taxa de mortalidade de tumores chegará a 115 a cada 100 mil habitantes, enquanto o índice de óbitos por doenças cardiovasculares será de 113 por 100 mil. Atualmente, as duas doenças juntas matam 542 mil brasileiros todos os anos, conforme dados do Datasus.

Segundo o médico patologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock, projeções como a do Observatório da Oncologia devem servir como um sinal grave de alerta para o Pode Público, motivando o aprimoramento das estratégias para enfrentar a doença. Ele enumera sete medidas importantes que o Brasil deve adotar como formas de combate ao avanço do câncer:

Intensificar a vacinação da população contra o HPV: o controle de fatores importantes de risco é uma das formas mais economicamente viáveis de combater a mortalidade do câncer. O Vírus do Papiloma Humano (HPV), por exemplo, é conhecido por sua associação ao desenvolvimento do câncer de colo do útero.

Desde 2014 temos a vacinação de meninas contra o HPV, uma estratégia que sem dúvida deve diminuir o número de casos e mortes por esse tipo de tumor. Precisamos agora investir na manutenção e ampliação dessa estratégia, lutando pela erradicação de câncer colo uterino causado por essa infecção?, aponta.

Investimento em hábitos saudáveis: assim como no caso da vacinação contra HPV, a estratégia de combater o câncer de maneira preventiva pode ser feita atacando fatores mais passíveis de alteração do que a propensão genética. O fumo, por exemplo, é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão.

Investir nesses hábitos saudáveis é uma tarefa de políticas públicas abrangentes, focadas em educação e construídas para atuarem em longo prazo, mas de extrema relevância para o objetivo de combater a mortalidade do câncer, assim como de outras doenças?, ressalta o patologista.

Rastreamento: depois da prevenção, o diagnóstico correto e precoce é uma das principais estratégias na diminuição da mortalidade do câncer. Campanhas de conscientização para o autoexame e rotinas efetivas de exames como mamografia e Papanicolau, por exemplo, são valiosas para a detecção da doença em seus estágios iniciais.

Diagnosticar um tumor em seu princípio é fator determinante para ditar a sobrevivência do paciente, diminuindo as sequelas e os custos que a doença representa para o sistema de saúde, uma vez que é mais fácil e barato tratar um câncer antes de seu crescimento ou metástase?, explica.

Medicina de precisão: as opções disponíveis para o tratamento do câncer evoluíram muito nos últimos anos tendo como combustível os avanços de áreas como genética e biologia molecular. A chamada medicina de precisão traz alternativas assertivas com mais expectativas de cura e menos sequelas.

Vale lembrar que não existe medicina de precisão sem um diagnóstico correto e afinado, realizado pelo médico patologista. Esse laudo serve como direcionamento da conduta terapêutica, permitindo ao oncologista saber com o que ele está lidando e quais são as suas alternativas?, conta o presidente da SBP.

Consolidação de dados: segundo Clóvis Klock, é fundamental um investimento crescente para a consolidação dos dados referentes ao câncer. Com base nisso, o País pode identificar deficiências no sistema e concentrar esforços em saídas relevantes para populações específicas.

O Brasil ainda engatinha no quesito epidemiologia. Quando falamos câncer estamos nos referindo a um ?guarda-chuva? que compreende mais de mil doenças diferentes. Reunir toda a informação possível sobre essas variantes e suas especificidades é fundamental, principalmente em um país plural e de dimensões continentais como o nosso?.

Aprofundar a parceria com as sociedades médicas: para o patologista, o constante diálogo entre o governo e as sociedades de especialidade envolvidas na luta contra o câncer é outro ponto chave para reverter o cenário atual. Segundo ele, essas instituições são uma das pontes capazes de ligar os responsáveis pelas políticas públicas à linha de frente responsável por aplica-las e aferir seus efeitos.

Resolver o nó do sistema de saúde e prepará-lo para o futuro: unindo fatores como prevenção, diagnóstico e tratamento, a manutenção do sistema de saúde é a esfera superiora no combate ao câncer, ditando como todas as políticas públicas são aplicadas.

É uma questão extensa e extremamente complexa, mas prioritária e da qual não se pode fugir. Para impedir o avanço do câncer precisamos, antes de tudo, resolver o nó do sistema de saúde, colocando na mesa questões como o reajuste de honorários e de procedimentos e até o financiamento dos sistemas públicos? finaliza.




Falta de vacinação expôs cidades de Minas Gerais à febre amarela

26/01/2017 - Folha de S.Paulo


Há quase uma década na área de vacinação recomendada pelo Ministério da Saúde, cidades de Minas Gerais ignoraram evidências sobre o avanço da febre amarela no país e deixaram metade da população exposta ao vírus.

Apenas 49,7% da população do Estado foi imunizada nos últimos dez anos, período de validade da vacina.

O alto índice de pessoas suscetíveis à doença é uma das explicações para o surto no Estado, que tem a maior parte dos registros da doença no Brasil. Desde o início deste ano, são 69 casos e 38 óbitos em 18 municípios.Há ainda 397 pacientes sob análise.

Outros três casos foram confirmados em São Paulo e um no Espírito Santo. Com 73 registros, o país tem o maior surto da doença desde 2000 —naquele ano, foram 85.

A cobertura vacinal do país é de 62,8%, chegando a índices maiores em alguns Estados na área de recomendação da vacina, como Roraima (99,7%) e Goiás (91,2%).

Os limites dessa área foram ampliados ao longo do tempo, mas incluem todas as cidades de Minas desde 2008 (veja mapa acima).

Antes do atual surto, o Estado havia registrado seu último caso em 2009. Há três anos, porém, boletins do Ministério da Saúde alertam para a importância de reforçar ações de prevenção, diante de casos em macacos e humanos no país.

“A intensa atividade viral registrada no país durante o período de monitoramento 2014/2015, sobretudo em polos turísticos, coloca em alerta os sistemas de vigilância, no sentido de antecipar a resposta e prevenir a ocorrência da doença em humanos”, afirma boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em 2015.

Sem a precaução recomendada, o vírus encontrou terreno fértil para se espalhar.

“A proliferação de casos está ligada à baixa cobertura vacinal”, diz o pesquisador Pedro Tauil, professor da UnB (Universidade de Brasília).

Secretário de Saúde de Caratinga, a 311 km de Belo Horizonte,Giovani Corrêa da Silva reconhece o problema. “É preciso ter campanhas envolvendo todas as esferas disponíveis.A vacina sempre esteve disponível,mas faltava um estímulo para as pessoas se vacinarem”, diz.

A cidade tem, desde o início do ano, sete casos confirmados e 82 em investigação.

Para conter a doença, equipes abordam de casa em casamoradoresdazonas rurais, onde está o mosquito transmissor da doença, para aumentar a cobertura vacinal.

De acordo com especialistas, para garantir um controle do vírus,é preciso atingir um índice de imunização de ao menos 80% da população.

Em Ipanema, cidade próxima a Caratinga, essa taxa não chegava a um terço antes do surto. Desde o início do ano, o município tem seis casos confirmados e 15 sob análise.

Para Weverton Medeiros Rodrigues, diretor de Saúde do município, a baixa procura pela imunização é uma “questão cultural”.

“Quem vacina maisécriança e idoso. Na faixa intermediária, as pessoas acabam esquecendo”, afirma.

Em Minas, 88% dos infectados atualmente são homens com idades entre 30 e 55 anos, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde.

Isabella Ballalai,presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, diz que, de fato, é um desafio a vacinação da população adulta, que vai menos ao médico. Garantir que isso aconteça, porém, é fundamental para evitar que o vírus da febre amarela, hoje concentrado em áreas silvestres, circule nas cidades.


REFORÇO NA VACINA


Diante do surto, o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta (25) que reforçará a distribuição da vacina em 11,5 milhões de doses (leia mais no texto ao lado).

De acordo como diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, Eduardo Hage, já foram distribuídas 5,4 milhões de doses extras da vacina para Minas Gerais, Rio, Espírito Santo, São Paulo e Bahia.

Sobre os índices de cobertura vacinal, a pasta diz que não houve falta de doses.“Cabe ressaltar que a vacina contra febre amarela está disponível na rotina do calendário nacional de vacinação nas salas de vacina do país, conforme a organização de cada Secretaria Municipal de Saúde.” O ministério afirma ainda que os casos podem estar ligados à baixa adesão à vacinação pelos adultos, especialmente os homens, e à dificuldade de mobilidade da população que mora em áreas rurais, principalmente próximas às matas.




Uma nova estratégia

25/01/2017 - O Globo


À medida que a febre amarela silvestre avança pelo Brasil, especialistas reforçam o apelo para que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) seja revisto. Este já é o maior surto em décadas e a doença avança na direção do Leste e do litoral, a faixa mais populosa do Brasil e com a menor cobertura vacinal. Por isso, o virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, considerado um dos maiores especialistas do mundo em febre amarela, acredita que chegou a hora de a recomendação de vacina ser ampliada para todo o território brasileiro. Hoje, a superpovoada costa do Sudeste, por exemplo, está fora da área de recomendação.

A vacina da febre amarela faz parte do calendário do PNI. Mas os casos em cidades mineiras onde a população deveria ter sido vacinada mostram que faltou informação, diz outro dos principais nomes do Brasil no estudo da febre amarela, Luiz Tadeu Figueiredo, professor titular de Doenças Infecciosas e Tropicais e coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. A região de Ribeirão Preto está dentro do que Vasconcelos considera um polígono de alta circulação do vírus.

— O número de casos é indiscutivelmente preocupante. E o Espírito Santo preocupa ainda mais. Está na frente de expansão e tem cobertura vacinal insignificante. A vacinação de emergência que acontece lá é fundamental. Mas, se o Brasil quer afastar o maior temor, a ressurgência da febre amarela urbana, tem que se antecipar. E a única forma de fazer isso é com vacina. O controle do transmissor da febre urbana, o Aedes aegypti, continua insuficiente — diz Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua, no Pará.

Ele frisa que não há risco imediato de uma epidemia de febre amarela urbana, mas para afastá-lo e não deixar renascer uma das maiores desgraças da História da saúde pública, é preciso discutir o programa e estudar logo como deveria ser ampliado. Outro que salienta a urgência de rever a estratégia de vacinação é o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Lacerda Nogueira.

— Há muitas décadas o país não enfrentava nada assim. Desde os anos 1930 não se via nada igual. O alerta está dado. A febre amarela se adaptou aos novos tempos. Somos um caldeirão para emergência de doenças. O Brasil tem muita gente, muito mosquito e suscetibilidade. Logo, mais que qualquer país, precisa se antecipar. Vigiar o tempo todo — adverte Nogueira, especialista em febre amarela e professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), em cuja região aconteceram casos em seres humanos e macacos nos últimos meses.

O Ministério da Saúde garante que o estoque atual de vacinas é suficiente para deter o surto de febre amarela silvestre e proteger a população. Mas não informa quantas doses o Brasil tem em estoque neste momento. Segundo nota enviada pelo ministério, “o quantitativo de estoque estratégico do Programa Nacional de Imunizações” não é divulgado “por se tratar de uma questão de segurança nacional”.

Vasconcelos explica que para evitar uma epidemia de febre amarela urbana, quando há risco de a doença se estabelecer, é preciso que 90% da população estejam vacinados. Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura nacional de 2006 a 2015 é de 62,79% da população. E ela é desigual. Varia de 53,43% em Minas a 99,65% em Roraima, por exemplo. Mas Rio de Janeiro e Espírito Santo, assim como vários estados nordestinos, não fazem parte da estatística por não estarem na área de recomendação. Toma a vacina quem vai para a área de risco. Quantos tomaram, o ministério informa não ter os dados. E agora, no caso do Espírito Santo, o risco foi até o estado. Tadeu se preocupa também com o Rio:

— A vacina tem risco de causar reações? Tem. A vacinação precisa ser criteriosa. Mas na situação atual o risco da doença é maior. O Rio tem o mais dramático histórico de febre amarela do país. E reúne hoje condições para a febre amarela: muita gente, calor, mosquito, chuva, uma população vulnerável, não vacinada. O controle do mosquito fracassou. É preciso se antecipar e não relaxar com a vigilância.


SURTO INCOMUM


O surto atual parece diferente dos anteriores. O grupo de Vasconcelos começou a analisar o genótipo do vírus que causa o surto atual.

— Estamos investigando, mediante o sequenciamento do vírus isolado em Minas Gerais. Estou interessado em saber qual o genótipo do vírus que provoca esse surto — observa.

No genótipo podem estar explicações para alguns fatores que intrigam os cientistas. Maurício Nogueira explica que este surto tem duas coisas fora do comum. A primeira é o pouco tempo transcorrido entre o aparecimento dos sintomas e a morte de um paciente. As pessoas parecem estar morrendo mais depressa. A outra é o número maior de macacos mortos. Não apenas os bugios, espécie normalmente muito vulnerável à febre amarela, mas também o extremamente comum Callithrix, gênero que inclui o mico-estrela.

— Os micos também são vulneráveis e têm sido muito afetados agora — explica Vasconcelos.




Vacinas já estão em falta nos postos de saúde e nas clínicas da cidade

25/01/2017 - O Globo


No Rio, já faltam vacinas em clínicas e postos de saúde. A expansão do surto de febre amarela silvestre em estados vizinhos fez o estoque de vacinas na cidade do Rio praticamente zerar. Só este mês, mais de 17 mil doses foram aplicadas, quando a média mensal é de cinco mil, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Os postos estão sem doses ou com estoques no fim, e a previsão é de receber vacinas do Ministério da Saúde só daqui a alguns dias.

Quem for ao Centro Municipal de Saúde Dom Helder Câmara, em Botafogo; ao Centro Municipal de Saúde Marcolino Candau, na Praça Onze; ou ao Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, em São Conrado, por exemplo, não conseguirá ser imunizado.

— Não tem vacina, todo mundo está viajando para Minas — brincou a atendente de uma das unidades, em alusão à “desculpa” dada pela maioria dos que querem se vacinar, já que a imunização é indicada apenas a quem viaja para onde há registro do vírus.

Mesmo quem estiver disposto a pagar entre R$ 150 e R$ 240 pela dose da vacina terá que esperar. Um levantamento feito pelo GLOBO em oito redes de clínicas particulares constatou que, em todas, o estoque também acabou. Algumas não oferecem a imunização desde a primeira semana de janeiro.

Segundo a maioria das clínicas, a previsão é de que os estoques sejam repostos em meados de fevereiro. Outras não souberam informar quando haverá novas doses. Além do crescimento na demanda pela imunização, as clínicas afirmam que o laboratório da Sanofi Pasteur, que fornece a vacina para a rede particular, estaria com problemas na produção. Em nota, a empresa negou os problemas e informou que um novo lote chegará em fevereiro.

O Rio não é uma área com recomendação da vacina, mas os últimos boletins epidemiológicos de outros estados têm assustado a população. Em Minas Gerais, já são 393 casos notificados da doença. Entre eles, 67 estão confirmados e 83 mortes foram registradas, sendo 38 delas confirmadas. No Espírito Santo, há 22 notificações da doença e, até agora, apenas uma foi confirmada. Anteontem, o governo de São Paulo confirmou três mortes causadas por febre amarela no estado e informou que está investigando outros dez casos.


CASOS SUSPEITOS


Ontem, a Bahia também divulgou que registra sete notificações da doença, e que uma delas já foi descartada após exames laboratoriais. Já em Santa Catarina, a Secretaria de Saúde apura quatro notificações suspeitas. O Distrito Federal tem um caso em investigação.

Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é importante alertar que quem mora no estado do Rio de Janeiro não precisa correr aos postos de vacinação, a menos que vá viajar para regiões onde a vacina é recomendada.

— Mais da metade da população brasileira não tem indicação para a vacina, porque mora no litoral do país. Não é para sair vacinando quem não vive na área de recomendação e não viajará para ela — destaca Kfouri. — Hoje, não existe necessidade de vacinação de rotina contra a febre amarela no Rio, um estado que não tem qualquer registro do vírus. Isso só será repensado caso macacos mortos com a doença sejam encontrados dentro do estado, o que considero pouco provável.

Como medida preventiva, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio anunciou ontem que enviou mais 350 mil doses da vacina para os municípios fluminenses. Segundo a pasta, 250 mil doses serão utilizadas em ação de bloqueio nas cidades da região Noroeste, Norte, Serrana e Centro Sul do estado. As restantes serão para reabastecimento das prefeituras.

— O principal critério para definição da ação de bloqueio é a proximidade com as áreas de surto em Minas Gerais: estamos recomendando a intensificação da imunização da população que vive na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo — afirmou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr.




Ataque ao Alzheimer

26/01/2017 - O Globo


Em condições normais, a proteína tau ajuda a manter a estabilidade dos axônios, longas estruturas tubulares que ligam uma das extremidades de um neurônio a outros e por onde ele transmite sinais. Em algumas pessoas, no entanto, estas células cerebrais começam a fabricar versões defeituosas da proteína, que vão se acumulando em emaranhados no seu interior e acabam por danificá-la, levando à morte os próprios neurônios que ela deveria ajudar a proteger — o que é considerado dos primeiros marcadores biológicos do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

Diante disso, cientistas acreditam que, se puderem controlar a produção da proteína, talvez seja possível barrar ou mesmo reverter estes danos, abrindo um novo caminho para o tratamento destas chamadas “taupatias”. E é justamente isso que fizeram pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Washington em St. Louis, no estado americano do Missouri. Usando uma nova abordagem que emprega moléculas conhecidas como oligonucleotídeos antissentido, eles conseguiram reduzir a fabricação da tau, e consequentemente a formação de seus emaranhados, nos cérebros de camundongos geneticamente modificados para produzirem versões defeituosas da proteína, assim como diminuir seus níveis no sistema nervoso de macacos em um experimento subsequente.

— Mostramos que esta molécula reduz os níveis da proteína tau, prevenindo e, em alguns casos, revertendo danos neurológicos — diz Timothy Miller, professor de neurologia na universidade americana e autor sênior de artigo sobre os experimentos, publicado ontem no periódico científico “Science Translational Medicine”. — Este composto é o primeiro que mostrou ser capaz de reverter danos relacionados à tau no cérebro que também tem o potencial de ser usado como uma terapia em pessoas. SEM TRANSMITIR INFORMAÇÃO Os oligonucleotídeos antissentido funcionam ao interferirem na transmissão de informações para a produção de proteínas pelas células. No processo normal, as instruções para montagem das proteínas contidas no DNA, o material genético no núcleo celular, é transcrita em uma molécula mensageira chamada RNA, que então segue para os ribossomas, as fábricas de proteínas das células, com a “receita” para sua produção. Os oligonucleotídeos antissentido, no entanto, podem ser construídos para se unirem a este RNA e marcá-lo pra destruição antes que chegue aos ribossomas, impedindo assim que as proteínas sejam fabricadas.

Como podem ser desenhados para se ligarem a qualquer “receita” de proteína, os oligonucleotídeos antissentido podem ser usados para prejudicar a produção de qualquer uma delas. Recentemente, a Administração para Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, na sigla em inglês) aprovou o uso destas moléculas para tratamento de duas doenças neuromusculares: a distrofia muscular de Duchenne e a atrofia muscular espinhal. E estão atualmente em curso ensaios clínicos para seu uso terapêutico contra outros males neurológicos, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a doença de Huntington.

No experimento da Universidade Washington, os cientistas administraram uma dose de oligonucleotídeos anti-tau diariamente, durante um mês, nos camundongos geneticamente modificados quando eles estavam com nove meses de vida — época em que os emaranhados da proteína já começaram a danificar seus neurônios. Quando os animais estavam com 12 meses, os pesquisadores mediram as quantidades de RNA mensageiro da tau, a concentração total da proteína e a presença dos emaranhados em seus cérebros, verificando que eram todas significativamente inferiores às observadas nos camundongos do grupo de controle, tratados com placebo. Além disso, os níveis totais de tau e de emaranhados dos animais tratados eram menores do que os vistos aos nove meses nos camundongos não tratados, sugerindo que o composto não só interrompeu como reverteu o acúmulo da proteína.

Os benefícios da terapia com os oligonucleotídeos nos camundongos, no entanto, não pararam aí. Ao chegarem aos nove meses de idade, estes animais modificados também já apresentam um encolhimento visível do hipocampo, região do cérebro ligada à formação de memórias, com a progressiva morte neuronal. E embora não tenha sido capaz de reverter estes processos, o tratamento com o composto conseguiu ao menos interrompê-los. Por fim, os camundongos tratados viveram, em média, 36 dias mais do que os que não receberam os oligonucleotídeos, além de demonstrarem uma melhor capacidade de construir ninhos que os do grupo de controle, o que reflete uma combinação de comportamentos sociais, desempenho cognitivo e capacidades motoras também melhores, funções muito prejudicadas em pessoas que sofrem com o Alzheimer e outras “taupatias”.

Animados com os bons resultados nos camundongos, os cientistas decidiram ver se o composto também funcionava em animais mais parecidos com humanos. Para isso, eles trataram grupos de macacos-cinomolgos (Macaca fascicularis) saudáveis injetando duas doses dos oligonucleotídeos, ou de um placebo, diretamente em seu fluido cerebrospinal com uma semana de intervalo entre elas, simulando o que poderia ser o protocolo de tratamento de pacientes humanos. Duas semanas depois, eles mediram a quantidade de proteína tau e seu RNA mensageiro tanto neste líquido quanto no cérebro dos animais, verificando reduções dos níveis nem ambos. Segundo Miller, isto é importante porque, se a abordagem for ser usada de forma clínica em pessoas, não há uma maneira não invasiva de medir os níveis de tau no cérebro, e esta correlação permitiria usar as concentrações no fluido cerebrospinal como um indicativo disso.

Miller lembra ainda que a tau não está associada apenas ao Alzheimer, mas também a outras doenças neurodegenerativas que poderiam ser tratadas com os oligonucleotídeos. O composto poderia ser usado ainda como profilaxia em casos de traumas no cérebro, que também provocam aumento na produção da proteína que pode levar a demências.

— Esta é uma nova e promissora abordagem para reduzir os níveis de tau, mas ainda temos que testar se ela é segura para pessoas e se ela de fato diminui as concentrações da proteína nelas, como foi desenhada para fazer, antes de experimentarmos se tem qualquer efeito nas doenças. Mas tudo que vimos até agora diz que vale a pena investigá-la como potencial tratamento — conclui.




Níveis de obesidade e sobrepeso no Brasil são preocupantes, diz ONU

25/01/2017 - Folha de S.Paulo / Site


O Brasil registrou nos últimos anos um aumento nos índices de obesidade e sobrepeso, condição que já atinge mais da metade da população e que representa uma tendência mais premente que a desnutrição, apontou um relatório divulgado nesta terça-feira (24).

"Ao mesmo tempo em que o Brasil conseguiu superar a fome –alcançando níveis inferiores a 5% desde 2014, quando o país saiu do mapa da fome da ONU–, vêm aumentando nos últimos anos os índices de sobrepeso e obesidade", afirmou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, citado por um comunicado das Nações Unidas sobre o relatório.

"Essa situação gera impactos importantes na saúde e deve ser um tema prioritário nas agendas das famílias e das autoridades", acrescentou Bojanic.

O sobrepeso entre adultos brasileiros passou de 51,1% em 2010 para 54,1% em 2014, de acordo com um relatório sobre segurança alimentar na América Latina realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

O documento aponta a mesma tendência em relação à obesidade, que passou de 17,8% da população adulta em 2010 para 20% em 2014, com uma maior prevalência entre as mulheres, de 22,7%.

Assim como no Brasil, o sobrepeso afeta mais da metade dos adultos na maioria dos países da América Latina e o Caribe, como Chile (63%) e México (64%). Em média, 58% da população da região está acima do peso.

De acordo com o relatório, a tendência de sobrepeso e obesidade em crianças menores de cinco anos vem mostrando um aumento constante nas últimas décadas em toda a região. No Brasil, estima-se que 7,3% das crianças dessa faixa etária estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%.


PADRÕES ALIMENTARES


Um dos motores do aumento do sobrepeso na América Latina é cultural, e diz respeito a uma mudança generalizada nos padrões de consumo, afirma o relatório.

Segundo o texto, muitas famílias vêm trocando os pratos tradicionais, preparados em casa com alimentos frescos, por alimentos ultraprocessados e de baixa qualidade nutricional, com alto conteúdo de açúcares, sódio e gorduras.

Nos últimos anos, porém, esta tendência foi acelerada pela queda do crescimento econômico na região, o desemprego e o aumento da inflação.

O Brasil foi onde a perda de poder aquisitivo das famílias se mostrou mais acentuada, com uma queda de 3,3% do valor do salário médio real em 2015.

"O aumento do desemprego" –que no Brasil passou de 8% em 2013 para 9,3% em 2015– "põe em risco a segurança alimentar e nutricional das famílias", destaca o relatório.

O comunicado das Nações Unidas aponta que, para combater essa realidade, deve-se adotar sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis que unam agricultura, alimentação, nutrição e saúde.

"É necessário fomentar a produção sustentável de alimentos frescos, seguros e nutritivos, garantir a oferta, a diversidade e o acesso, principalmente da população mais vulnerável", afirma o texto, acrescentando que isso "deve ser complementado com educação nutricional e advertências para os consumidores sobre a composição nutricional dos alimentos".




Febre amarela gera corrida a postos e falta de vacina

25/01/2017 - Folha de S.Paulo


Jornalista: Giba Bergamin Jr.

O surto de febre amarela em Minas Gerais e a confirmação de três mortes causadas pela doença no Estado de São Paulo provocaram corrida aos postos de saúde da capital em busca de vacinas, que se esgotaram em unidades das zonas central, oeste e leste.

Unidades básicas administradas pela prefeitura que são referência em vacinação em regiões como Lapa,Pinheiros (oeste),Mooca (leste)e República (centro)não dispunham das doses nesta terça (24), conforme constatou a Folha.

As vacinas —gratuitas na rede pública— também se esgotaram em clínicas particulares da cidade após o aumento da procura, segundo atendentes de duas delas,nas regiões dos Jardins e Perdizes (zona oeste). Nelas, o preço chega a R$ 247.

A busca pelos postos ocorre mesmo após orientações do Ministério da Saúde para evitar alarmismos.

A recomendação do ministério e da Secretaria Estadual de Saúde diz que deve tomar a vacina quem for viajar para as áreas consideradas de risco—aquelas em que já houve casos da doença ao longo dos anos.

No caso de crianças até cinco anos que residam em áreas de risco ou viajarão para essas regiões, a recomendação é uma dose da vacina aos nove meses de idade e outra dose de reforço aos quatro anos.

Para adultos que vão viajar, a recomendação é tomar vacina pelo menos dez dias antes da viagem, caso seja a primeira vez. Também deve tomar quem for viajar para o exterior, já que há países que exigem.Em9de13postoscontatadospela Folha, atendentes disseram que a vacina tem acabado muito rapidamente por causa da intensa procura.

Em seis deles,não havia mais estoque nesta terça.

A procura aumentou também no Instituto de Infectologia Emilio Ribas, referência na América Latina.

Com viagem marcada para a África do Sul em maio,a comerciante Jana Pirani, 44,e o marido dela, André Monteiro, 47, decidiram ir ao instituto para se vacinar.

“Diante do pânico das pessoas por causa das notícias, a gente já quis tomar a vacina antes, pois eu fiquei com medo de faltar”, disse Jana.


SILVESTRE


A diretora de imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Helena Sato, afirmou que,por causa da alta demanda, o Ministério da Saúde enviou nesta quarta mais 400mil doses da vacina.

Segundo o ministério, 88,3 mil doses já haviam sido enviadas em janeiro.

Em períodos normais,a média mensal é de 200 mil doses, segundo Sato.

A diretora diz que 455 dos municípios do Estado têm a vacinação como rotina. Na capital, segundo ela, a imunização ocorre por causa dos deslocamentos de moradores para áreas de risco. No feriado de Carnaval, alerta a diretora, quem for viajar para regiões Norte, Centro-Oeste, parte do Sul e do Sudeste do país deve se imunizar.

Segundo ela, os casos registrados ao longo dos últimos 75 anos são da espécie silvestre. Nesses casos, a doença que acomete macacos é transmitida a humanos nas áreas rurais por meio do mosquito Haemagogus.

“Desde 1942 não há casos de febre amarela urbana”, explica.Nesses casos, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue e da chikungunya.

O Ministério da Saúde informou que, só em 2016, foram enviadas 16 milhões de doses para todo o país, sendo 2,7milhões para o Estado de São Paulo.

A prefeitura de SP diz que não há na cidade transmissão de febre amarela e,por isso,a vacina é indicada para situações em que a pessoa viaja para áreas de risco.

Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, houve aumento de 13% na demanda, diz a nota. Nesta terça, o Espírito Santo confirmou um caso da doença.




São Paulo tem três mortes por febre amarela confirmadas

24/01/2017 - Folha de S.Paulo


Jornalista: PAULO GOMES

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou nesta segunda-feira (23) a morte de três pessoas por febre amarela em São Paulo,sendo um caso importado de Minas Gerais e dois por transmissão local.

A pessoa que contraiu a doença em Minas mora em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. As outras mortes foram em Batatais e Américo Brasiliense, no interior, em áreas consideradas de risco.

Os casos são todos da febre amarela silvestre, que ocorre em áreas rurais e de mata, com transmissão por meio de macacos e mosquitos não presentes em centros urbanos.

Tanto a secretaria quanto especialistas afirmam não haver motivo para pânico ou uma corrida às vacinas nas áreas não afetadas.

“Se não houver deslocamento (para áreas de risco), não há nenhum motivo para tomar vacina”, diz Rosana Richtmann,médica infectologista do hospital Emílio Ribas.

Apesar de extremamente eficaz, a vacina da febre amarela pode provocar efeitos adversos.

O risco de danos colaterais é baixo, mas existe, e por isso a vacina não é aplicada indiscriminadamente.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Mauricio Nogueira, “o que preocupa é que tenham pessoas morando nessas regiões (de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto) que ainda não sejam vacinadas”.

A Secretaria da Saúde de SP diz que 75%da população nas áreas de risco está imunizada.

A vacinação impede a urbanização da doença,que é quando humanos contraem a febre após serem picados por mosquitos Aedes aegypti que já picaram alguém infectado.

De acordo com a pasta, o Estado recebeu este mês mais de 400 mil doses da vacina do Ministério da Saúde. No último semestre de 2016, foram 1,7 milhão de doses. Em dezembro,as secretarias estaduais da Saúde e do Meio Ambiente começaram a trabalhar juntas para monitorar e garantir maior agilidade na identificação de possíveis casos.

Segundo especialistas, a região fronteiriça coma área de MG onde ocorre o atual surto é vulnerável por não ser uma área vacinada. Estados como RJ e ES, portanto, devem “vigiar com muito cuidado os óbitos em primatas”, diz o infectologista Carlos Magno Fortaleza,da faculdade de medicina da Unesp em Botucatu.

Em MG, o número de mortes por febre amarela chegou a 32 entre 58 casos confirmados.

É o maior número, comparado com base de dados que vai de 1990 a 2007. Há ainda 51 mortes e 333 casos suspeitos em Minas.

Em SP, a secretaria investiga ainda dez possíveis casos de febre amarela silvestre de pessoas que estiveram em MG –três das quais morreram.




O manual da prevenção

23/01/2017 - Revista Saúde É Vital


Você está prestes a conhecer o maior e mais importante roteiro sobre como evitar um acidente vascular cerebral (AVC) já elaborado até agora. É assim que pode ser definido o InterStroke, estudo publicado no renomado periódico científico The Lancet. Capitaneado pela Universidade McMaster, no Canadá, ele reúne informações de 26 mil pessoas de 32 nações diferentes — incluindo o Brasil.

Metade dos indivíduos analisados chegou ao hospital após sofrer o entupimento ou o rompimento de um vaso sanguíneo que irriga a cabeça. A outra parcela, por sua vez, não passou por esse baque e serviu de base para a comparação dos resultados.

A primeira conclusão a chamar a atenção: 90% dos casos de AVC não ocorreriam se controlássemos dez fatores que lesam as artérias cerebrais (pressão alta, tabagismo, diabete...). Se isso fosse seguido à risca, o número de atingidos todos os anos no mundo cairia de 15 milhões para 1,5 milhão.

Só em nosso país reduziríamos em 450 mil episódios a taxa anual de eventos do tipo. É o equivalente a salvar a cada 12 meses um contingente similar à população de Florianópolis, em Santa Catarina.

O derrame disputa com o infarto a cabeceira no inglório ranking das doenças que mais matam em todo o globo. Como se não bastasse, aqueles que sobrevivem ao ataque convivem com uma série de limitações, como dificuldades para falar e se locomover.

"Precisamos implementar com urgência as medidas de controle sobre esses dez fatores de risco", afirma o cardiologista Álvaro Avezum, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo e coordenador do InterStroke em terras brasileiras. A seguir, você confere detalhes e orientações em relação a cada um dos agentes promotores do AVC. Evitá-los é primordial para garantir vida longa e funcional ao cérebro.


SEDENTARISMO


Ficar parado por muito tempo é péssimo para a saúde como um todo. O desdobramento imediato do sedentarismo é o acúmulo das calorias dos alimentos. Isso vai desembocar em ganho de peso, hipertensão, diabete... Já percebeu onde vamos parar, não é? Na contramão, investir numa rotina de atividade física impede esse turbilhão de complicações e, mais importante, tem efeito direto no sistema vascular. "Quem se exercita com regularidade se beneficia com a produção de substâncias que evitam a formação de placas de gordura e aumentam a capacidade de o vaso contrair e relaxar", justifica a neurologista Gisele Sampaio, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.


COLESTEROL ALTO


"O LDL e os outros tipos do colesterol ruim são os principais responsáveis pelo surgimento de placas que obstruem os vasos", avisa o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Segundo o médico, ainda restavam poucas dúvidas sobre o papel do excesso de gorduras na probabilidade de um AVC dar as caras — e a nova publicação acaba com qualquer inquietação.

Curiosamente, os estudiosos não mediram no trabalho o LDL e o HDL dos voluntários.

Eles preferiram usar a diferença entre a apolipoproteína B (ApoB) e a apolipoproteína Al (ApoAI), partículas de proteína ligadas ao colesterol (entenda as razões à direita).


DIETA RUIM


Junto com a atividade física, a alimentação constitui o pilar fundamental de uma vida saudável. "Alguns nutrientes, como o ômega-3 dos peixes e das nozes, têm ação nas artérias, preservando-as de processos inflamatórios e da formação de coágulos", exemplifica a nutricionista Rosana Perim, do Hospital do Coração, em São Paulo. O estudo tomou como base de uma dieta ideal o Alternate Healthy Eating Index, roteiro criado nos Estados Unidos que traz recomendações gerais de nutrição. Dá pra conferir as suas premissas à direita.


OBESIDADE


Os quilos extras andam de mãos dadas com hipertensão, colesterol nas alturas, diabete... "Fora que a obesidade central, quando a gordura se acumula na região da barriga, é particularmente nociva porque libera substâncias perigosas para as artérias", informa Malachias.

No InterStroke, para saber se um voluntário estava acima do peso, foi levada em conta a relação cintura-quadril, uma medida simples e fácil de ser feita.

"Ela é mais fidedigna que o popular índice de massa corporal, o IMC", compara Malachias.


ESTRESSE


Tensão exacerbada e transtornos como ansiedade e depressão figuram em sexto lugar no ranking dos malfeitores.

"O InterStroke considerou como o estresse abala o sujeito em quatro domínios: família, sociedade, trabalho e finanças", descreve Avezum. A partir de entrevistas, os autores chegavam à conclusão de como se encontrava o bem-estar mental de cada um. Isso é significativo porque há uma relação direta entre nervosismo constante e alterações circulatórias capazes de gerar uma pane cerebral. "No sentido contrário, quem é espiritualizado e calmo possui um risco menor de enfrentar o problema", nota Sheila Martins.

Motivo extra para descansar e esfriar a cabeça de uma vez por todas.


TABAGISMO


Eis um vilão antigo e que ainda cobra campanhas. 0 cigarro lesa a camada interna dos vasos, deixa os tubos sanguíneos mais estreitos e acelera o aparecimento de placas de gordura — quadro propício para infartos e AVCs. "Felizmente, o hábito de fumar vem diminuindo bastante no Brasil nos últimos anos, graças ao movimento de conscientização e às novas leis", comemora Sheila.

• Existem diversos métodos e até remédios que auxiliam a largar o vício.

• Elabore uma lista com fatos decisivos para desistir do tabaco. Assim, fica mais fácil resistir se vier a tentação de voltar.

• Grupos de apoio apaziguam as aflições da abstinência.


DOENÇAS CARDÍACAS


A arritmia, distúrbio em que as batidas do coração ficam fora de ritmo, dá um incentivo danado para o surgimento de coágulos. "E, algumas vezes, eles viajam até o cérebro e causam AVC", relata o neurologista Márcio Bezerra, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Para evitar essa repercussão, pessoas diagnosticadas com a condição necessitam engolir alguns comprimidos, como anticoagulantes.


ALCOOLISMO


"Em pequenas quantidades diárias, o que significa no máximo uma taça de vinho, as bebidas levam a um relaxamento dos vasos", adianta Rosana Perim. Se exceder no álcool, porém, dá-lhe encrenca.

"As artérias ficam mais apertadas e rígidas, o que dificulta e até trava o transporte de nutrientes", completa a nutricionista.

O recado, mais uma vez, é moderação: fique esperto e nada de abusar dos drinques. Caso não tenha o costume de beber, não há necessidade de criar o hábito pensando em saúde.


DIABETE


O relato dos participantes e o exame de hemoglobina glicada (que mostra a variação nas taxas de açúcar de três meses) serviram para determinar quem era diabético. Mas a influência desse problema no risco de AVC ficou abaixo do esperado, o que gerou estranheza.

"Sabemos que o diabete faz subir o risco de lesões nos vasos, mas talvez seu peso seja inferior ao da pressão e do colesterol", reflete o cardiologista Otávio Gebara, diretor médico do Hospital Santa Paula, na capital paulista.




Uma luz para salvar a próstata

23/01/2017 - Revista Saúde É Vital


Cientistas do Instituto Weizmann de Israel criaram uma terapia que promete revolucionar a batalha contra o câncer de próstata inicial. Ela envolve aplicar um remédio e jogar uma luz infravermelha na glândula durante um procedimento cirúrgico (entenda como à direita). "Alcançamos 80% de cura com uma única aplicação", revela o urologista Paulo Palma, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Outro ponto positivo é a ausência de efeitos colaterais. "Isso é uma coisa muito rara de se ver em medicina", destaca Palma. Já aprovada em Israel e no México, a técnica está em análise no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.




São Paulo na rota do vírus.

24/01/2017 - O Globo


Por causa do surto de febre amarela, que já matou pelo menos 32 pessoas em Minas e fez suas primeiras vítimas em São Paulo, especialistas cobram dos governos agilidade na vacinação em áreas afetadas e arredores para impedir a disseminação da doença. Já há casos confirmados também no Espírito Santo. Ontem, a Secretaria de Saúde divulgou que, das três mortes em São Paulo, duas pessoas contraíram o vírus no interior do estado e a terceira foi contaminada em Minas, mas morreu na Região Metropolitana da capital. -RIO E SÃO PAULO- Em meio ao surto crescente de febre amarela em Minas Gerais —e à investigação de 19 casos suspeitos no Espírito Santo —, o governo de São Paulo confirmou, ontem, as primeiras três mortes causadas pela doença este ano. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, uma das vítimas foi infectada em terras mineiras, mas o caso foi notificado quando ela morreu, em Santana do Parnaíba, na Região Metropolitana de São Paulo. Já os outros dois pacientes contraíram o vírus nos municípios de Américo Brasiliense e Batatais, ambos no interior paulista. As autoridades locais investigam ainda dez casos suspeitos: sete pacientes estão internados e três morreram. Todas as ocorrências sob investigação se referem a pessoas infectadas em Minas.

Em solo mineiro, já são 391 os casos notificados, dentre os quais 58 já foram confirmados, segundo o boletim divulgado ontem pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Entre as mortes, 32 foram comprovadamente causadas por febre amarela, e 52 seguem sob investigação.

No Espírito Santo, até o momento, nenhuma das 19 ocorrências notificadas foi confirmada oficialmente. Um motivo de preocupação, no entanto, é que exames confirmaram a febre amarela silvestre em macacos mortos encontrados nos municípios capixabas de Colatina e Irupi. Este é o principal indício de que o vírus está circulando naquela parte do estado.

Por isso, o Espírito Santo solicitou ao Ministério da Saúde um milhão de novas doses da vacina contra a febre amarela. A expectativa é de que elas comecem a chegar esta semana.


‘SE CHEGAR ÀS CIDADES, SERÁ EXPLOSIVO’


O surto atual é provocado pela febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. A confirmação em São Paulo de duas infecções autóctones — ou seja, contraídas dentro do estado — faz aumentar o receio de que o surto se espalhe, aproximando-se de grandes cidades, infestadas pelo Aedes aegypti, mosquito capaz de transmitir a doença em área urbana e conhecido por ser vetor dos vírus de dengue, zika e chicungunha.

— Se o vírus chegar às cidades e passar a ser transmitido pelo Aedes, o surto será explosivo. É o que não podemos permitir — ressalta Pedro Tauil, doutor em Medicina Tropical e professor da Universidade de Brasília (UnB). — Por isso, a estratégia correta é mesmo aumentar a vacinação em Minas e em São Paulo e vacinar as cidades do Espírito Santo e do Rio de Janeiro próximas à divisa mineira.

Segundo ele, é preciso cautela, mas os casos de São Paulo não significam, necessariamente, o início de um surto no estado.

— Se o bloqueio no entorno de Minas for feito corretamente, com a vacinação da maior parte das pessoas, não acredito que haja risco de a febre amarela se espalhar — analisa ele.

A Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo também destacou que não é raro ter ocorrência da doença. No ano passado, por exemplo, foram confirmados dois registros de febre amarela silvestre em humanos, e, em ambos os casos, os pacientes morreram. Este mês, o governo paulista recebeu um lote extra de 400 mil vacinas, que serão destinadas ao interior do estado.

Segundo o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, do Instituto Emilio Ribas, os casos autóctones em São Paulo ocorreram em regiões do estado onde já existe recomendação de vacinação, devido à possível presença do vírus. Mas ele acredita que é possível um aumento no número de casos no estado.

— Analisando os picos de casos da doença, a cada sete, oito anos, presenciamos um surto de febre amarela. Observando o comportamento deste ano, pode ser que estejamos em meio a uma situação semelhante — comenta ele.




País teve 159 óbitos por chikungunya em 2016

24/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Os óbitos provocados por chikungunya no Brasil já representam 25% do total de mortes relacionadas ao Aedes aegypti.

Em 2016, o País registrou 159 casos de mortes de pessoas que apresentavam a infecção. Isso representa um aumento muito expressivo quando comparado com as mortes identificadas no ano anterior: 14.

O avanço das taxas de mortalidade também destoa da descrição inicialmente feita por autoridades sanitárias da chikungunya – doença que pode provocar dores intensas, ser incapacitante, mas com pouco risco de levar à morte. A maioria dos óbitos foi no Nordeste: Pernambuco (54), Paraíba (32) e Rio Grande do Norte (25).

Em 2016, doenças relacionadas ao Aedes provocaram 794 óbitos. O número de mortes atribuídas à dengue, embora ainda muito expressivo, é menor do que o registrado em 2015. Ano passado, 629 pacientes morreram por causa da dengue.

Em 2015, foram 984. A zika provocou seis mortes em 2016.

Uma das maiores preocupações de infectologistas é o avanço da chikungunya. Em 2016, até 17 de dezembro, foram registrados 265.554 casos da doença.

As notificações ocorreram em 2.785 municípios brasileiros. A taxa de incidência é de 129,9 casos para cada 100 mil habitantes, um aumento de 594% em relação ao mesmo período de 2015 (38.240) registros.




Investigação sobre setor de saúde ganha fôlego.

24/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Investigações sobre setores da economia que não têm relação com a Operação Lava Jato – que apura casos de corrupção relacionados à Petrobrás – proliferam no País. Um segmento que vem sendo acompanhado de perto pela Justiça é o de saúde, por causa de sua forte ligação com o poder público. Em janeiro, duas multinacionais de equipamentos médicos e implantes – Orthofix e a Zimmer Biomet – fecharam acordos de leniência nos Estados Unidos em que assumiram o pagamento de propinas no Brasil.

As investigações também acontecem por aqui, mas ainda sem conclusão sobre os casos.

Pelo menos três companhias tiveram seus nomes recentemente envolvidos em casos de delação premiada: EMS e Hypermarcas, de medicamentos, e a Amil, de planos de saúde. Além das apurações comandadas pelas autoridades, o setor também é alvo de investigações internas, como a do Hospital Albert Einstein, que pediu para a polícia averiguar a relação de seus médicos com fornecedores.

A saúde é a “bola da vez”, diz o advogado Giovanni Paolo Falcetta, do escritório Tozzini Freire, que se especializou em auxiliar empresas em programas de compliance (cumprimento de regras e leis). Para os investigadores, o setor entrou fortemente no radar depois da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, que disse que “questões envolvendo laboratórios farmacêuticos e planos de saúde na arrecadação de propina têm despertado grande interesse das lideranças políticas nas indicações de nomes para as agências ANS e Anvisa, a exemplo do que ocorria na Petrobrás”.

A EMS chegou a ser citada na delação de Delcídio e também já havia tido seu nome ventilado nas primeiras delações da Lava Jato como tendo ligação com o ex-ministro José Dirceu. A empresa nega as acusações e informa que não está sendo investigada.

Hypermarcas e Amil também dizem que não estão sendo investigadas e acabaram envolvidas em denúncias ligadas a ex-executivos.

No caso da Hypermarcas, o ex-diretor de relações institucionais Nelson Mello assumiu que pagou propina a agentes públicos, mas sem envolvimento da companhia. Já a Amil viu seu nome ser citado em acordo de delação do advogado paulista Flávio Calazans, que alega ter recebido dinheiro de três empresas ligadas ao ex-controlador Edson Bueno. As empresas seriam os hospitais Nove de Julho, Clínicas de Niterói e uma imobiliária, que teriam repassado R$ 1 milhão a contas de Calazans, segundo reportagem da revista Época. O dinheiro abasteceria o PMDB. O advogado diz que não pode comentar o caso, em função do acordo com o Ministério Público.

Em nota, a assessoria de Edson Bueno diz que “nem tudo passa pelo presidente da empresa, porém todas as contratações, quando ocorrem, são feitas mediante contrato e nos termos da legislação vigente”. Já a Amil, que hoje pertence à americana UnitedHealth, afirma que “suas relações comerciais e institucionais são pautadas por princípios legais e éticos”.

Segundo fontes ligadas à UnitedHealth, a empresa chegou a fazer uma investigação interna, mas não encontrou irregularidades.

A preocupação da empresa está relacionada ao poder do Departamento de Justiça americano – o DoJ, na sigla em inglês.


LAÇOS


Segundo a advogada Ana Belloto, do escritório Feldens Madruga, o setor de saúde é muito visado porque geralmente envolve grandes contratos com o poder público. Já a advogada criminalista Sylvia Urquiza explica que as empresas do setor precisam tomar cuidado adicional porque costumam depender da atuação de distribuidores, que não são diretamente ligados a elas, mas pelos quais são responsáveis.

Um dos acordos fechados neste ano com o DoJ pela Zimmer Biomet, empresa que faturou US$ 6 bilhões em 2015 e produz implantes dentários e ortopédicos, envolveu justamente o pagamento de propinas por distribuidores.

A empresa já tinha fechado um acordo anticorrupção em 2012. Mesmo depois disso, descobriu que um distribuidor no Brasil pagava propinas a agentes públicos. A empresa também encontrou irregularidades no México. O acordo com o DoJ prevê multa de US$ 30,5 milhões.

Já a Orthofix, de equipamentos médicos, que fatura US$ 400 milhões por ano, firmou acordo com a SEC para pagar US$ 14 milhões. A empresa se autodenunciou às autoridades, segundo seu comunicado. No Brasil, pagava médicos para indicar seus produtos.

Para o advogado Renato Portela, do escritório Mattos Filho, outros setores serão envolvidos em investigações de corrupção nos próximos anos. Alguns desdobramentos da Lava Jato chegaram a áreas como infraestrutura, energia e de frigoríficos.




Número de beneficiários de planos de saúde cai 1,4 milhão em 2016, diz ANS

23/01/2017 - G1


Os planos de saúde perderam 1,4 milhão de beneficiários em 2016, segundo ano consecutivo de retração no setor. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (23) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em dezembro de 2016, os planos privados somavam 47,9 milhões de usuários. No mês, houve uma perda de 5.161 beneficiários dos planos, de acordo com a ANS.

O movimento é reflexo da crise econômica brasileira, que levou o PIB nacional a dois anos de retração consecutiva. Nesse cenário econômico, o desemprego aumentou, superando a casa de 12 milhões de pessoas procurando trabalho. Em 2016, o Brasil fechou 1,32 milhão de empregos formais.

Muitas dos desempregados perderam o plano de saúde corporativo e entram na lista de pessoas que deixaram de ser beneficiárias de planos de saúde privados.


PLANOS ODONTOLÓGICOS


Apesar da queda no número de beneficiários de planos de assistência médica, a quantidade de pessoas que tem acesso a planos exclusivamente odontológicos cresceu 3,8% em 2016.

Ao todo, 22 milhões de pessoas encerram 2016 com plano odontológico, cerca de 815 mil a mais do que no ano anterior.




Dengue, zika e chikungunya mataram 794 pessoas em 2016 no Brasil

23/01/2017 - Valor Econômico / Site


Pelo menos 794 pessoas morreram no Brasil em decorrência das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti: dengue, zika e chikungunya. A maior parte das mortes, 629, foi provocada pela dengue. Os dados são do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, registados até 24 de dezembro de 2016.


DENGUE


Ao todo, foram notificados 1.496.282 casos prováveis de dengue no país, totalizando uma incidência 731 casos a cada 100 mil habitantes. Já em 2015, foram 1.677.013 casos prováveis. Segundo o boletim, mais 629 óbitos estão sendo investigados para serem confirmados ou descartados quanto ao vírus.


CHIKUNGUNYA


Em 2016, até a metade de dezembro, foram registrados 265.554 casos prováveis de febre chikungunya no país, com uma taxa de incidência de 129,9 casos para cada 100 mil habitantes. O número é cerca de seis vezes maior do que o de 2015, quando foram notificados 38.499 casos prováveis da doença. Ao todo, foram registrados no ano passado 159 óbitos pela doença, enquanto em 2015 foram 14.


ZIKA


Em 2016, até o meio de dezembro, foram registrados 214.193 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país (taxa de incidência de 104,8 casos/100 mil habitantes). Ao todo, foram confirmados laboratorialmente seis mortes por Zika. Em relação às gestantes, foram registrados 16.923 casos prováveis, sendo 10.820 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial. A notificação obrigatória de casos da doença pelo sistema de saúde passou a valer no começo de fevereiro de 2016.




Compra da Salomão Zoppi é positiva para a Dasa, avalia Fitch

23/01/2017 - Valor Econômico / Site


Jornalista: Paula Selmi

A compra de 100% de participação da Salomão Zoppi é estrategicamente positiva para a Diagnósticos da América (Dasa), segundo a agência de classificação de risco Fitch.

De acordo com a agência, a operação fortalece o portfólio de serviços da Dasa ao mesmo tempo que reforça sua posição de negócios na Grande São Paulo. A Salomão Zoppi, apesar de possuir pequena escala de operações, com 11 unidades em São Paulo e Osasco, destaca-se por seu elevado reconhecimento dentro da comunidade médica, fator essencial na indústria de saúde.


ALAVANCAGEM


A Fitch considera que a aquisição pressionará temporariamente os indicadores de crédito da Dasa, de forma moderada. “No entanto, outras aquisições relevantes financiadas por dívida, caso ocorram, poderão pressionar o rating no curto prazo”, completou a agência.

Após a operação, a Fitch estima que a alavancagem da Dasa ficará próxima de 2,9 vezes, ante 2,1 vezes no período de 12 meses encerrados em 30 de setembro de 2016. Nos últimos seis meses, a Dasa realizou cinco aquisições.

“A companhia tem o importante desafio de rentabilizar adequadamente os ativos recém-adquiridos, a fim de retornar a indicadores de crédito mais conservadores. Ações de rating negativas poderão ocorrer caso a empresa não consiga gerenciar sua alavancagem líquida ajustada em patamares próximos a 2,5 vezes, de forma sustentável.”

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.