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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 13/01/2017

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Novo medicamento para câncer de pulmão ajuda a reduzir progressão da doença

12/01/2017 - Correio Braziliense Online


Chegou ao Brasil no mês passado um novo medicamento para o tratamento do câncer de pulmão. O afatinibe (Giotrif nas prateleiras) serve para conter apenas um tipo bastante específico da doença, quando o paciente tem um adenocarcinoma de pulmão com metástase e, além disso, apresenta uma mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico - conhecido como gene EGFR.

"Cerca de 70% dos pacientes com câncer de pulmão que chegam ao Icesp têm adenocarcinomas de pulmão. Desses, aproximadamente 80% já apresentam metástase ao diagnóstico - no fígado, osso ou cérebro, por exemplo", explicou Gilberto de Castro Junior, oncologista especialista em câncer de pulmão do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. "Dentro desse grupo de metastáticos, conseguimos detectar uma mutação no gene EGFR que, no Brasil, estudos mostram que é encontrada em 20 a 25% dos casos", complementou.

Foi exatamente este o tipo de câncer que a professora universitária Janaina Carneiro descobriu há um ano. Na época, o tumor estava com 12 centímetros. "Tinha metástase no quadril, na coluna, no ombro. Eu precisei começar o tratamento tradicional na hora", disse.

Janaina não chegou nem a terminar todas as sessões de quimioterapia quando soube que poderia ter acesso ao Giotrif, ainda em fase de pesquisa no Brasil na época. A condição era que os resultados de seu tratamento fossem compartilhados com o laboratório. "Eu disse: 'Claro que quero tentar', mesmo sabendo que poderia não dar certo."

E funcionou. Com a quimioterapia, o tumor já havia reduzido para aproximadamente metade do tamanho. Ela relatou que o remédio foi essencial na melhora da qualidade de vida. "Eu ganhei esse ano de vida muito pouco doente, com a possibilidade de ficar com o meu filho e fazer várias atividades com ele."

Quando comparado à quimioterapia, o medicamento chega a aumentar em 12 meses a sobrevida do paciente, segundo Karina de Andrade, diretora da Unidade de Negócios de Especialidades da Boehringer Ingelheim, fabricante do Giotrif. Além disso, ele pode reduzir em 27% a progressão da doença e aumentar em 23% a chance de redução do aumento do tumor. Em outras palavras, a doença demora mais para progredir.


ALTERNATIVAS


Castro Junior pondera que a aprovação do afatinibe no Brasil é positiva porque traz mais uma opção de tratamento. No entanto, ele alerta que há outras alternativas que podem ser tão eficazes quanto, dependendo das especificidades paciente. "É muito bom que agora temos mais uma possibilidade para escolher. Mas isso depende do paciente, do tumor e também do acesso ao medicamento. Existem outras drogas que também funcionam nesse cenário, como o erlotinibe e o gefitinibe", afirmou.

Karina argumenta que o afatinibe apresentou maior eficácia quando comparado aos similares. No entanto, o acesso ainda é difícil, já que ele não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Castro Junior afirma que isso não deve ser motivo de preocupação. "Precisa ficar claro que não é porque você não tem o afatinibe que você não está fazendo boa medicina."

De qualquer forma, a diretora afirma que a equipe de acesso ao mercado da Boehringer Ingelheim está "empenhada em conversar com os agentes de saúde do mercado público e privado para que o Giotrif se torne mais acessível".




 

Remédios e planos de saúde estão entre preços que mais pressionaram inflação em 2016

11/01/2017 - G1


Os preços de medicamentos e planos de saúde subiram acima da inflação em 2016 e estão entre os índices que tiveram maior impacto no Índice de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA), que encerrou o ano passado em 6,29%, segundo divulgou nesta quarta-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os preços relativos a saúde e cuidados pessoais registraram a maior alta entre todos os grupos de despesas analisados para o cálculo desse indicador. De 9,23% em 2015, a variação passou para 11,04% em 2016, superando a inflação da educação (8,86%) e de alimentos e bebidas (8,62%).

A inflação da saúde e cuidados pessoais foi puxada principalmente pelo reajuste dos planos de saúde, que chegou a 13,55% - a maior taxa desde 1997 - e pelos remédios, que ficaram 12,5% mais caros, a taxa mais elevada desde 2000.

Os números acompanham uma tendência de alta que vinha também em 2015, quando os dois itens também estiveram entre os que mais pressionaram a inflação. No período, os remédios também registraram alta, no caso de 6,89%, e os planos de saúde tiveram aumento de 12,15%.

"Os medicamentos também tiveram aumento maior do que o concedido pela câmara e maior do que no ano anterior. Esse ano, além do reajuste ter sido maior, o ICMS sobre o preço dos remédios em vários estados também provocou um reajuste maior que o esperado", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE.

A pesquisadora do IBGE não acredita que os aumentos acima da média entre os planos e remédios tenham pesado somente nos bolsos dos aposentados e idosos, grupo que utiliza muito os serviços médicos e costuma comprar mais medicamentos do que a média da população.

"A inflação é perversa para todos. No período de inflação, todo mundo perde. Tanto o idoso como o jovem, o estudante. Até porque tivemos também uma indexação forte nos colégios. Não dá para afirmar que foi pior para este ou aquele. A inflação é um mal do país", disse Eulina.


O QUE DIZEM AS EMPRESAS


A Interfarma, a associação que representa laboratórios farmacêuticos do país, afirma que os preços em 2016 refletiram o reajuste autorizado pelo governo em 2015, que "sofreu impacto das oscilações do câmbio e das despesas com energia elétrica".

"O setor de medicamentos registra uma defasagem nos reajustes de preços autorizados pelo Estado de 29,7 pontos percentuais, desde 2005, em comparação com o IPCA", acrescentou a Interfarma.

A associação destacou que o reajuste de 12,5% aplicado em abril foi referente ao período entre março de 2015 e fevereiro de 2016 e que em março de 2017 deverá ser autorizada uma nova correção de preços pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). "Portanto, somente neste momento será adequada uma comparação com os dados do IBGE referente ao ano de 2016", completa.

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) disse que a inflação apurada pelo IBGE reflete uma reposição parcial dos custos médico-hospitalares, que em 2015 ficou acima de 18%.

Segundo a Abramge, nos últimos anos as despesas assistenciais têm crescido frequentemente mais que as receitas. "Em 2016 estes valores atingiram a cifra recorde de R$ 131,4 bilhões. O custo per capita em 2016 com o atendimento médico-hospitalar também foi bastante superior aos anos anteriores, atingindo o valor de R$ 2.711, um salto de 14,8%", informou.

A associação afirma ainda que, desde 2007, o setor tem operado com margens operacionais inferiores a 1%. "A correção de valores das mensalidades dos planos de saúde é necessária para viabilizar a continuidade do atendimento por parte das operadoras, considerando a incorporação de novas tecnologias, o incremento de procedimentos determinados no rol da ANS, a maior demanda devido ao envelhecimento da população, a judicialização e demais desperdícios da saúde", completou.


REAJUSTES AUTORIZADOS EM 2016


A alta de 12,5% nos preços dos remédios e de 13,55% nos planos de saúde verificada pelo IBGE em 2016 mostra que os reajustes autorizados pelos governos nestas áreas foram repassados integralmente ao consumidor.

Em abril de 2016, o governo fixou em 12,5% o reajuste máximo para um universo de mais de 9 mil medicamentos com preços controlados. Em junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou reajuste de 13,57% para os planos de saúde individuais e familiares.

Segundo a ANS, a metodologia utilizada para calcular o índice máximo de reajuste anual dos planos individuais/familiares é a mesma desde 2001 e leva em consideração a média dos percentuais de reajuste aplicados pelas operadoras aos contratos de planos coletivos com mais de 30 beneficiários.

No caso dos medicamentos, o reajuste é calculado com base no IPCA e fatores relacionados à concorrência de mercado, produtividade e variações dos custos de insumos. Segundo a Interfarma, a forte alta do dólar e das tarifas de energia elétrica tiveram forte impacto nos custos da indústria, cuja boa parte da matéria-prima é importada.

"O reajuste referente a 2015 sofreu impacto das oscilações do câmbio e das despesas com energia elétrica. Ambos tiveram alta expressiva no período e estão previstos na fórmula oficial para calcular o reajuste", afirma a associação.


METAS DE INFLAÇÃO


Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2016 era de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA poderia oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta fosse formalmente descumprida. Em 2015, o índice havia avançado 10,67%.

A estimativa mais recente dos economistas do mercado financeiro apontava que o IPCA chegaria ao final de 2016 a 6,35%, segundo o boletim Focus, do BC.

Depois da divulgação dos dados do IPCA, o presidente Michel Temer afirmou, na abertura de uma reunião com ministros, que o resultado da inflação em 2016 foi uma "boa notícia". Ele afirmou ainda que em 2017 o índice deve cair ainda mais, chegando perto do centro da meta, que é de 4,5%.




Novas drogas contra o Alzheimer

11/01/2017 - Revista Mente e Cérebro


Com milhões de baby boomers (pessoas nascidas durante a explosão populacional entre as décadas de 40 e 60) se aproximando da velhice, o número de diagnósticos de Alzheimer tem sido cada vez maior - bem como a procura por medicamentos que podem ajudar a desacelerar ou interromper o desenvolvimento da forma mais comum de demência. Muitas empresas farmacêuticas contavam esperançosamente com anticorpos monoclonais, drogas projetadas para se prender a uma proteína tóxica que se acumula no cérebro de pessoas com a patologia e acionar o sistema imunológico para desintegrá-la. No entanto, estudos preliminares durante a última década mostraram frequentemente que esses medicamentos não conseguiram superar os placebos. Mais recentemente, diversas análises podem ter ressuscitado a promessa original.

Há poucos meses três equipes de pesquisa apresentaram dados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, em Washington, sugerindo que os anticorpos monoclonais poderiam interromper a implacável progressão do distúrbio neurológico - desde que fossem administrados rapidamente e em doses elevadas o suficiente. Esses medicamentos experimentais tinham como alvo a beta-amiloide, um fragmento de proteína no cerne de uma teoria amplamente aceita sobre como a doença destrói a memória. Todas as células do corpo produzem beta-amiloide, mas, se o cérebro não puder removê-la rápido o suficiente, a substância começa a se aglutinar, formando placas que matam neurônios e deterioram as sinapses. Os anticorpos monoclonais antia-miloides são produzidos para se ligar aos fragmentos, sinalizando-os para que sejam removidos pelo sistema imunológico.

No encontro, a empresa farmacêutica Biogen apresentou novos resultados de um estudo em curso de seu candidato monoclonal, o aducanumab. Em março, a Biogen anunciou com entusiasmo que a droga havia reduzido significativamente placas beta-amiloides observadas por meio de tomografias por emissão de pósitrons (PET-Scan), além de diminuir o prejuízo cognitivo de 166 pacientes com Alzheimer leve. Os pacientes testados com doses superiores - 10 miligramas por quilo de peso corporal - demonstraram as maiores pontuações de memória, mas também experimentaram maior inchaço localizado no cérebro, um efeito colateral relacionado com vasos sanguíneos com vazamentos.

Durante os testes, eles introduziram o que esperavam ser uma dose equilibrada - nem muito nem pouco. Mas não era o tanto adequado. Os pesquisadores da Biogen revelaram que 6 miligramas produziram ainda menos benefícios do que 3 em uma medida de funções cognitivas. A busca pela dose acertada - e a prova definitiva da potência do fármaco - vai continuar durante um próximo estudo de cinco anos.


DIAGNÓSTICOS MAIS PRECISOS


É comum os idosos terem dificuldades de se lembrar de determinados eventos. Se esses esquecimentos se mantêm estáveis ou pioram lentamente, os médicos os consideram sintomas normais do envelhecimento. Nesses casos, métodos de imageamento são úteis para revelar pequenas reduções do volume cerebral e certa limitação das atividades do lobo frontal. Os distúrbios cognitivos leves se distinguem pela recorrência dos lapsos de memória. Além disso, os pacientes têm problemas para memorizar acontecimentos atuais. O cérebro deles sofre atrofia em certas regiões, especialmente no hipocampo e no lobo temporal. A atividade do córtex cingular posterior e da região intermediária entre os lobos temporal e parietal (lobo temporoparietal) também se reduz. A evolução desse tipo de distúrbio é variável e deve ser supervisionada por um médico em intervalos regulares de tempo.

Quando os problemas de memória e alterações anatômicas do cérebro aumentam rapidamente, é quase certo que o diagnóstico seja a doença de Alzheimer. Além de não se lembrarem dos acontecimentos passados, os pacientes têm dificuldades de memorizar novas informações. Os primeiros indícios geralmente revelam mais de uma função cognitiva afetada, como fala e concentração. Nos estágios mais avançados, todas elas costumam ficar comprometidas. Os exames de imagens mostram nítida diminuição do tamanho do hipocampo desses pacientes, bem como do córtex cingular posterior e do lobo temporoparietal. Na fase final da doença, as lesões comprometem também todo o córtex frontal.

Nos últimos anos, cientistas têm recorrido a métodos como testes neuropsicológicos, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons para diagnosticar o Alzheimer. Mais recentemente, porém, passam a contar com uma nova ferramenta para identificar as alterações anatômicas típicas da doença: o imageamento por tensor de difusão (DTI, na sigla em inglês). Trata-se de um tipo de ressonância magnética que permite a caracterização da estrutura de tecidos fibrosos (como as fibras nervosas) por meio de medidas locais da difusão de moléculas de água.

Nos tecidos saudáveis, elas correm ao longo dos axônios; na doença de Alzheimer, a membrana axonal é danificada, atrapalhando a movimentação dessas moléculas. A DTI mede essa diferença e revela lesões muito precoces. Outra inovação na área de diagnóstico por imagem foi anunciada em 2005 por pesquisadores japoneses do Instituto Ríken de Pesquisas Cerebrais, em Saitama. Eles conseguiram tornar visíveis as placas de proteína amilóide no cérebro de ratos com Alzheimer, no qual foi injetada uma molécula capaz de ultrapassar a barreira hematoencefálica e se fixar nos depósitos de proteína. A substância injetada foi marcada com flúor-19, que aparece em destaque nas imagens de ressonância magnética e logo revela a localização precisa das placas amiloides. O procedimento ainda está em fase de testes em animais.

Alterações na bioquímica cerebral também podem ser usadas para fins diagnósticos. Harald Hampel, da Universidade Ludwig-Maximilian, em Munique, aposta na proteína tau modificada. Nos pacientes com Alzheimer, ela apresenta fosfato em excesso, o que compromete sua função de suporte e faz com que os neurônios percam estabilidade. Como a proteína tau é encontrada também no líquor, pode ser facilmente coletada e converter-se, no futuro, em um marcador biológico da doença de Alzheimer. Um estudo clínico do qual participaram 77 voluntários com distúrbios leves de memória mostrou que a maior concentração da proteína tau no líquor se correlacionou à severidade dos prejuízos cognitivos.

Nesse meio-tempo, os pesquisadores da Eli Lilly relataram resultados potenciais e encorajadores da ampliação de um grande ensaio (que havia falhado) com solanezumab. Para realçar a eficácia desse anticorpo monoclonal, eles se concentraram apenas em pacientes com Alzheimer precoce e usaram uma análise de início retardado - a primeira para uma droga contra a doença. No início do experimento de três anos e meio, os cientistas encaminharam aleatoriamente 1.322 pacientes para tratamento ativo ou com placebo. Depois de 80 semanas, todos os participantes desse último grupo começaram também a tomar solanezumab.

Os dois grupos continuaram a apresentar piora dos sintomas, mas o tratamento parecia diminuir o ritmo a cerca de um terço. Notavelmente, o grupo placebo jamais alcançou as pontuações cognitivas dos pacientes que receberam solanezumab desde o início. Os cientistas interpretam esses resultados como uma evidência de que o medicamento pode ajudar a dissipar a beta-amiloide no cérebro e controlar sua toxicidade. Não se trata apenas de cuidar dos sintomas - se esse fosse o caso, o grupo de controle de início retardado deveria apresentar os mesmos ganhos que o primeiro, apenas mais tarde. Um estudo de confirmação está em curso.

Os pesquisadores da Hoffmann-La Roche relataram novas descobertas sobre outra droga antiamiloide, a gantenerumab. Um grande ensaio com esse anticorpo mono-clonal foi cancelado em dezembro de 2014, quando não mostrou efeitos mensuráveis com sucesso. No entanto, depois de terem analisado novamente os dados, considerando apenas os pacientes com Alzheimer muito precoce e com progressão bastante rápida, os pesquisadores constataram, com a ajuda de exames PET, que a gantenerumab havia reduzido a quantidade de beta-amiloide das pessoas desse grupo. Também diminuiu os níveis da tau - outra proteína que, com o avanço do Alzheimer, se acumula dentro de neurônios, formando emaranhados que interferem na função celular.

Os três relatórios sublinham a importância da intervenção precoce. Em certo momento, pode ser tarde demais para conter a maré de amilóide. Agora, vários ensaios investigam se medicamentos antiamiloides podem ser ainda mais poderosos quando utilizados preventivamente. O chamado estudo A4, um esforço conjunto entre os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), a Eli Lilly e várias organizações sem fins lucrativos, faz testes com a solanezumab em pacientes que ainda não demonstram prejuízos na memória, mas apresentam maiores níveis de beta-amiloide em exames PET. Mais duas investigações exploram o efeito do solanezumab em pessoas saudáveis que carregam mutações genéticas, o que as coloca em alto risco de herdar Alzheimer.

Embora a esperança tenha se reacendido em torno de anticorpos monoclonais, outras classes de drogas em fases iniciais de testes talvez se mostrem até mais efetivas no combate ao Alzheimer. "Medicamentos que atingem a beta-amiloide estão em alguns dos estágios mais avançados de desenvolvimento", diz a neurobióloga Heather Snyder, diretora de operações médicas e científicas da Associação de Alzheimer, "mas há outros ensaios clínicos que visam a insulina, a tau, as inflamações e os mecanismos envolvidos na saúde e no crescimento dos neurônios. Precisamos identificar todas as mudanças biológicas que ocorrem e, assim, intervir com todos os tratamentos disponíveis (remédios e mudanças no estilo de vida) se quisermos reduzir riscos, interromper ou retardar a progressão do Alzheimer."




Anvisa quer flexibilizar rastreio de remédios

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


Alvo de sucessivos atrasos, a criação de um sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos, modelo que prevê controle do caminho dos remédios da indústria ao consumidor, dever agora passar por novas mudanças.

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Jarbas Barbosa, finaliza uma proposta de resolução para que o sistema passe a ter foco apenas em medicamentos de alto custo ou que precisam de prescrição médica, e não mais em todos os remédios, como no modelo anterior.

A ideia é que vacinas e medicamentos vinculados a programas do SUS, radiofármacos e isentos de receita, como alguns analgésicos, sejam excluídos da rastreabilidade.

A justificativa é que, nesses casos, já há maior controle dos medicamentos ou baixo risco de falsificação. “A lista não está fechada”, diz Barbosa, que pretende levar a proposta ao crivo de outros diretores nas próximas semanas.

“Se o objetivo é evitar fraudes, roubo de carga e facilitar a questão sanitária [caso de recall, por exemplo], o risco é maior para medicamentos de alto custo ou que exigem prescrição médica”, diz.

Outra proposta é que o sistema, que estabelece que cada caixinha de remédio tenha uma espécie de “RG”, composto por um código único de identificação, não necessariamente ocorra em tempo real, mas sim com prazos específicos para cada setor informar o caminho do remédio.

Fabricantes, assim, teriam três dias para comunicar esses dados via sistema à Anvisa, que vai centralizar as informações.

Distribuidores, cinco dias. Farmácias, sete.

“É diferente de um sistema de cartão de crédito, que tem que autorizar na hora”, diz Barbosa, para quem o modelo em tempo real seria inviável no país. “Há farmácias que não estão em áreas com internet 24h por dia.”


ATRASOS SUCESSIVOS


As propostas, que indicam uma “flexibilização” no modelo previsto inicialmente, surgiram depois de adiamentos sucessivos do controle.

Na última semana de 2016, o presidente Michel Temer sancionou uma nova lei que estabelece o prazo dos próximos quatro anos e oito meses para início completo do sistema a partir da nova regulamentação da Anvisa.

A medida altera lei anterior, de 2009, que previa que o sistema começasse a funcionar nos três anos seguintes —o que não ocorreu.

Nesse intervalo, um novo prazo chegou a ser definido para o fim deste ano, mas acabou cancelado após embates na Justiça e pressão da indústria, que alegou custo alto e pouco tempo para adaptação.

Com a nova lei, serão quase dez anos de atraso em relação ao prazo inicial.

Segundo Barbosa, apesar do adiamento, o Brasil deve ser um dos primeiros países a implementar a rastreabilidade —outros onde isso já ocorre são Turquia e Argentina. O processo também passa por discussões nos EUA, em Portugal e na Itália, segundo representantes da indústria.

Para Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma, entidade que representa indústrias farmacêuticas, a proposta de rastrear apenas medicamentos que exigem receita pode reduzir os custos do sistema.

“Isso não quer dizer que a empresa não possa colocar o produto no sistema. Poderá ser fator de competitividade. ” Já Antônio Britto, da Interfarma, faz ressalvas. “Deixar alguns medicamentos de fora não é o ideal. Até porque não tem como saber qual o medicamento que vai ter problema.

Pode-se ter um problema gravíssimo de saúde pública a partir de uma droga aparentemente inofensiva. ” Para Britto, o Brasil “perdeu anos preciosos” com os sucessivos atrasos na rastreabilidade.

“A tentativa da Anvisa e a nova lei dão esperança de que agora seja para valer. Não é o ideal [flexibilizar], mas reconhecemos que é uma tentativa de fazer andar o processo. ”

Os atuais achados são importantes, diz, por uma razão epidemiológica: também existem casos graves em São Paulo, que não concentra casos de zika. Em 2016 foram 12,6 casos para cada 100 mil habitantes no Estado, contra 407,7 do Rio de Janeiro, por exemplo.

Outra hipótese já aventada, de que pessoas pobres estariam mais sujeitas aos efeitos deletérios da zika, não pôde ser testada, já que se tratou de relato de caso. No entanto, ela vem ganhando força, diz Belfort.

“Nossa impressão é que existe uma ligação entre a síndrome e fatores sociais. ”

EMS conquista o “Prêmio Líderes da Saúde”

12/01/2017 - Guia da Farmácia Online


Evento homenageou as 69 empresas mais importantes do setor no País

A EMS recebeu em 06/12 o “Prêmio Líderes da Saúde” na categoria “Indústria Farmacêutica”. Promovido pelo Grupo Mídia, o evento foi realizado no Espaço Apas, em São Paulo, e contou com a presença de 400 executivos de diversos setores da economia.

Para o diretor da unidade de negócios Hospitalar da EMS, Marcos Paula, esse título é resultado do compromisso sério da empresa com o bem-estar e a qualidade de vida, bem como de investimentos consistentes em pesquisa, desenvolvimento, inovação, infraestrutura fabril e projetos de responsabilidade social, buscando sempre garantir o cumprimento de sua missão de cuidar das pessoas. “A promoção da saúde está em nosso DNA e move o dia a dia de nossos cinco mil colaboradores, que são, com certeza, os maiores responsáveis por mais esse reconhecimento da EMS”, completa.

O Prêmio “Líderes da Saúde” prestigia anualmente as três empresas mais bem classificadas em cada uma de 23 categorias referentes a serviços e produtos do setor da saúde. A eleição dessas empresas é efetuada por um júri oficial composto por diretores de importantes instituições do País, diretores de associações da indústria da saúde e pelo conselho editorial da revista Healthcare Management.

Esse título inédito soma-se a outros recebidos pela EMS, como o “Prêmio Lupa de Ouro 2016”, no último mês de outubro, em que a empresa conquistou quatro primeiros lugares, tendo sido o principal destaque da edição; o Prêmio “Valor 1000”, do jornal Valor Econômico, obtido em 2013, 2014 e 2015; o prêmio “Melhores da Dinheiro”, da revista IstoÉ Dinheiro, em 2015; e, em 2010 e 2012, o prêmio “Melhores e Maiores da Exame”, entre outros.




Beneficência vai adotar novo formato de isenção fiscal

11/01/2017 - Valor Econômico


A Beneficência Portuguesa dá mais um passo para se equiparar aos hospitais do primeiro escalão e deixar de vez para trás a imagem de "instituição de saúde pública". A Beneficência obteve aval do Ministério da Saúde para integrar o grupo de hospitais de excelência formado por Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Alemão Oswaldo Cruz e Moinhos de Vento. Todos eles têm isenção tributária que é revertida em programas de atendimento médico, ensino ou pesquisa estabelecidos pelo ministério.

A Beneficência Portuguesa obtém imunidade fiscal porque cerca de 60% de seus atendimentos são voltados para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Mas é um modelo que dificulta a gestão, e obtenção de resultados, devido à defasagem na tabela de remuneração do governo.

Com o título de hospital de excelência, a Beneficência adotará o novo formato de isenção tributária a partir de 2018. "Neste ano, vamos definir com o Ministério da Saúde quais projetos adotaremos, mas com certeza continuaremos com atendimento para procedimentos de alta complexidade [para o SUS]", disse Denise Santos, presidente-executiva da Beneficência Portuguesa. Ela informou que ainda não está definido se haverá mudanças no volume desse tipo de atendimento, mas garantiu que os procedimentos de baixa e média complexidades continuarão sendo realizados nas duas unidades do grupo voltadas ao SUS.

Entre os fatores que colocaram a Beneficência no grupo de hospitais de excelência estão os procedimentos de alta complexidade e os projetos de pesquisa e ensino. O grupo também conseguiu em 2015 fechar as contas no azul - estava no vermelho há cinco anos. Em 2016, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 69 milhões, o que representa mais do que o dobro dos R$ 32 milhões apurados em 2015. Neste mesmo período, a receita líquida avançou 20% para R$ 1,2 bilhão.

A Beneficência Portuguesa passa por uma forte reestruturação para se modernizar há cinco anos. Nesse tempo, foi construído um hospital focado em oncologia para o público premium, foram feitos investimentos em equipamentos e na infraestrutura. Entre 2013 e 2016, foram investidos mais de R$ 350 milhões.

Entre 2017 e 2027, a previsão é que a expansão orgânica demande recursos de R$ 750 milhões. Deste total, R$ 135 milhões serão aplicados neste ano, sendo R$ 110 milhões em infraestrutura e manutenção e R$ 25 milhões para divulgar a marca.

A Beneficência Portuguesa iniciou, neste ano, um reposicionamento de marca de seus três hospitais que, até então, tinham bandeiras distintas. Agora, o São Joaquim (conhecido como Beneficência Portuguesa) teve seu nome alterado para Hospital BP, o São José foi rebatizado de Hospital BP Mirante e o Santo Antônio mudou para BP Hospital Filantrópico. A área de medicina diagnóstica e clínicas médicas também ganharam a nomenclatura BP.

"A marca-mãe é BP. O objetivo desse reposicionamento é transmitir a ideia de que somos um grupo de saúde", disse a presidente-executiva. O presidente do grupo BP é Rubens Ermírio de Moraes que assumiu o posto em 2009 em substituição ao seu pai, Antônio Ermírio de Moraes.




Mercado Aberto: Diagnóstico

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


Colunista: Maria Cristina Frias

O laboratório Sabin fechou, na terça-feira (10), a compra do centro de medicina diagnóstica Franco do Amaral, em Campinas (SP), que teve receita de R$ 13 milhões em 2016. O valor da aquisição não é revelado.

Hoje o paciente fica perdido dentro de um labirinto de unidades de saúde municipais e estaduais, administradas por várias organizações sociais (OSs) que, muitas vezes, não conversam entre si.

A confusão é tão grande que mesmo essa fila de quase 500 mil pedidos de exames que o Corujão pretende zerar em 90 dias é questionada por alguns especialistas. É muito comum as pessoas se inscreverem em vários serviços de saúde e, quando conseguem uma vaga num lugar, o nome continua no outro.

Uma das promessas de Doria é a integração dos sistemas municipais e estaduais de saúde, mas a proposta ainda não foi detalhada.

A falta dessa integração gera bizarrices como a fila de 500 mil pessoas à espera de exames na rede municipal, enquanto existem AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), ligados ao governo estadual, com taxas de absenteísmo de 30%.

Até agora, as únicas integrações anunciadas pela gestão municipal foram dos números de emergência 190, 192 e 193 (haverá apenas um número na cidade) e do empréstimo de quatro carretas de um programa estadual para ajudara reduzira fila de exames.

Para especialistas, as carretas são uma reinvenção dos mutirões e, portanto, mais um paliativo. Fica muito mais barato oferecer esses serviços em unidades fixas, de modo a incluir esses pacientes no sistema para serem cuidados de forma contínua.

Um exemplo citado é o caso dos mutirões de oftalmologia. O paciente faz exame, recebe tratamento, mas, se o problema foi causado por diabetes, precisará ser acompanhado na atenção primária para manter a doença sob controle. Do contrário, pode ficar cego, sofrer amputações, além de outros danos.

Se a cidade perseguir uma atenção primária que funcione de fato, coma ampliação e qualificação das equipes de saúde da família, por exemplo, a demanda por especialistas, exames e internações tende a ser menor. Até 80% das queixas podem ser resolvidas na atenção básica, caso ela seja mais resolutiva.

Por que então a atenção primária não foi eleita como prioridade? Talvez porque não dá visibilidade. É como falar em investir em saneamento básico para combater o mosquito Aedes aegypti.

A boa notícia é que Doria está cercado de bons técnicos e há tempo de sobra para a equipe realizar as mudanças que o sistema necessita.

História mostra que é preciso cautela com a vacinação indevida

13/01/2017 - Folha de S.Paulo


Os casos de febre amarela silvestre no norte de Minas Gerais geraram uma corrida em busca da vacinação no Estado, mas é preciso cautela com a imunização indiscriminada e sem indicação.

Embora muito segura e com eficácia que chega a 90%, a vacina contra a febre amarela pode causar reações adversas, como qualquer medicamento.

Os casos graves são raros, porém, crescem em quantidade conforme aumenta a população vacinada.

O cuidado neste momento se faz necessário porque a situação remete ao que ocorreu no verão de 2007/2008, quando, após casos de febre amarela silvestre em Goiás, com intensa cobertura da imprensa, houve uma corrida pela vacinação em todo o país.

Em menos de dois meses, entre final de dezembro de 2007 e meados de fevereiro de 2008, mais de 7,6 milhões de doses foram aplicadas— 6,8 milhões só em janeiro de 2008. À época, a quantidade era equivalente a uma demanda de quase seis meses de vacinação em todo o país.

Como resultado dessa corrida maluca (que, depois, mostrou-se desnecessária porque o número de casos estava de acordo com o ciclo natural silvestre da doença), houve oito casos de reação adversa grave à vacina, com seis mortes. Três delas por doença viscero trópica, que pode causar choque, derrame pleural e abdominal, e falência de múltiplos órgãos.

Foi um número alto em relação à série histórica anterior e relacionado, muito provavelmente, ao número igualmente muito alto de doses aplicadas em curto período.

Em nove anos (1999-2007), o Ministério da Saúde havia registrado oito casos da doença, com sete mortes.

O problema pode atingir uma pessoa a cada 400 mil vacinadas, segundo a literatura médica. Encefalites também são episódios raros.

Reações mais brandas, como dores no corpo, na cabeça e febre, podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados.

Por isso, é preciso seguir à risca as orientações das autoridades sanitárias sobre quais regiões e grupos populacionais devem vacinados.

Por exemplo, não devem receber a vacina gestantes, crianças com menos de seis meses de idade, alérgicos ao ovo e seus derivados e imunodeprimidos por doenças como câncer e Aids ou por tratamentos (imunossupressores, radioterapia etc).

Pessoas com doenças autoimunes (como lúpus e artrite reumatoide) devem ser avaliadas caso a caso, preferencialmente pelo médico que já as acompanha.

Entre as mortes por reação vacinal em 2008, pelo menos duas foram de pessoas para quais a vacina era contraindicada. Em Goiás, um vigilante que já tinha danos no fígado por hepatite B morreu dias depois de ser vacinado.

Em São Paulo, uma enfermeira que tinha lúpus também morreu com suspeita de febre amarela vacinal.

A experiência mostra que todo cuidado é pouco na interpretação e divulgação de dados epidemiológicos.




Em 10 anos, uso de adoçante nos EUA cresce mais de 50%

13/01/2017 - Folha de S.Paulo


Em uma década, o consumo de adoçantes entre os americanos disparou. Entre os adultos, o uso diário ou quase diário foi de 27% para 41% —aumento de mais de 50%. Entre as crianças e adolescentes, o crescimento foi ainda maior, de 200% (de 9% para 25%).

Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada por cientistas de diversas instituições dos EUA a partir de dados coletados pelo governo entre 2009 e 2012, que contou com quase 17 mil respostas de adultos e jovens. Nos EUA quase 40% da população adulta é obesa. A comparação foi feita com a mesma pesquisa feita em 1999/2000.

Os resultados foram publicados nesta semana na revista“Journal of the Academyof Nutrition and Dietetics”.

A grande escalada no uso de adoçantes e de produtos que os contêm causou preocupação nos cientistas, que agora levanta mal e breda importância de estudar os efeitos do uso da substância em longo prazo, coisa ainda desconhecida em humanos.

No Brasil, não existem estatísticas oficiais a respeito, mas, segundo especialistas, a tendência é a mesma.

Até a década de 1980, os adoçantes só eram vendidos em farmácias e indicados para pessoas com diabetes.

A expansão do uso para pessoas que queriam perder peso veio no fim daquela década, explica a nutricionista Rosana Farah, professora da Universidade Mackenzie.

“Virou uma alternativa para quem quer reduzir as calorias da dieta e não abre mão do sabor doce”, diz.

No entanto, há pesquisas que indicam que as substâncias não são tão inertes quanto se pensava. Em um estudo com moscas, observou-se que a sucralose (um dos adoçantes de maior aceitação entre consumidores) provocou um aumento (reversível) na ingestão calórica de 30% em comparação com os insetos que tinham açúcar na dieta.

Se o mesmo valer para humanos, será uma arapuca fisiológica: com o adoçante, os organismos e encarregaria de buscar uma compensação pelo paladar doce sem as calorias correspondentes.

“Não dá para enganar o cérebro”, afirma Sophie Deram, nutricionista especialista em comportamento alimentar.

“Não há comprovação de que adoçantes são substâncias nociva se não é preciso travar uma guerra contra eles, mas é saudável diminuir o paladar doce. A pessoa às vezes nem sabe quantas gotas de adoçante põe no café. Algumas colocam um jato—e a doçante não é água.” Ela diz que muito do que uma boa nutrição pode oferecer é perdido quando o debate é reduzido à economia de calorias. “As pessoas têm de fazer as pazes com a comida.” O raciocínio é semelhante ao de Rosana: “O trabalho necessário é reeducar o paladar, ensinar as pessoas a sentirem o sabor dos alimentos. Quando uma pessoa enche o café de açúcar ou adoçante, elas não sentemos aborde verdade”, exemplifica.

Se não existem evidências fortes contra o uso de adoçantes, também não há a favor.

Pelo contrário: na literatura científica começam a pipocar associações (onde não há relação de causa e efeito) não favoráveis para quem se vale das substâncias artificiais.

Um estudo brasileiro com quase 13 mil pessoas observou um risco maior de diabetes em pessoas de peso normal que consomem bebidas adoçadas artificialmente (mas, curiosamente, a associação não foi vista entre as pessoas acima do peso.) A pesquisa americana também mostra que o uso de adoçantes é maior entre gordos.

“O uso de adoçante é, no máximo, um coadjuvante em uma série de outras medidas a serem tomadas na reeducação alimentar. Seria injusto colocar a culpa da obesidade nele”, argumenta Rosana.

Bebidas diet e light industrializadas são as os produtos artificialmente adoçados favoritos mundo afora. Seria uma alternativa barata e de sabor aceitável para economizar calorias, mas, que no final das contas, não vale a pena, afirma Sophie.

Para as crianças, afirma ela, os danos dos adoçantes são potencialmente maiores, por isso seria bom evitar.

“A melhor opção para matar a sede e se hidratar é beber água. Se está com vontade de tomar um suco ou um refrigerante, normal ou diet, o ideal é tomar só um pouco e estando hidratado. ”




Fabricante diz que Nutella não causa câncer

13/01/2017 - Folha de S.Paulo


A indústria do óleo de palma, que vale aproximadamente US$ 44 bilhões, está sob pressão: autoridades europeias anunciaram que o composto aumenta o risco do surgimento de câncer. O setor, porém, ganhou como nova aliada a empresa produtora do creme de avelã Nutella.

Enquanto outras companhias europeias deixaram de lado o óleo de palma, a Ferrero, responsável pela Nutella, passou a defender publicamente o ingrediente.

O óleo de palma bruto também é conhecido como azeite de dendê.

A empresa lançou uma campanha de marketing reafirmando a segurança do seu principal produto, responsável por quase um quinto das vendas da companhia.

O óleo é o ingrediente responsável pela cremosidade e tempo de prateleira da Nutella.

Segundo a Ferrero, a substituição por outros componentes, como óleo de girassol, alteraria as características do creme.“Fazer Nutella sem óleo de palma resultaria em um produto inferior, seria um retrocesso”, diz Vincenzo Tapella, representante da Ferrero.

A possível substituição do óleo de palma também teria implicações econômicas. Entre as opções de óleos vegetais, ele é o mais barato—US$ 800 a tonelada, comparado a US$ 845 do óleo de girassol e US$ 920 o de canola.

A Ferrero usa, aproximadamente, 185 mil toneladas de óleo de palma por ano. Isso significa que qualquer mudança custaria entre US$ 8 milhões e US$ 22 milhões anuais. A empresa se negou a comentar esses valores.

A EFSA (Autoridade de Segurança Alimentar Europeia) afirmou, em maio de 2016, que o óleo de palma, quando refinado em temperaturas superiores aos 200°C, gerava mais substâncias cancerígenas em comparação aos outros óleos vegetais.

Contudo, a EFSA disse que mais estudos eram necessários e, em nenhum momento, recomendou que o produto deixasse de ser consumido.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a FAO(Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) chegaram à mesma conclusão em relação ao maior risco de ocorrência de câncer.

De toda forma, não houve recomendações para a interrupção do consumo.

A Ferrero diz que, em seu processo, a temperatura não chega aos 200°C e que utiliza baixa pressão para minimizar substâncias potencialmente cancerígenas.As altas temperaturas são usadas para remover a cor vermelha natural da planta e eliminar seu odor. Segundo a empresa, isso torna o processo mais caro e demorado, além de mais seguro.




‘Aedes’ turbinado contra dengue.

13/01/2017 - O Globo


Uma nova técnica com potencial para frear a disseminação de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti foi divulgada ontem por pesquisadores americanos. Cientistas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins criaram mosquitos geneticamente modificados que se valem de seu próprio sistema imunológico para combater o vírus da dengue. Graças a uma alteração feita em laboratório, o organismo do inseto aumentou a produção de fatores antivirais, bloqueando a contaminação pelo vírus. E, se não for infectado, o mosquito também não transmite a doença para seres humanos.

Os testes não funcionaram para os vírus da zika e da chicungunha, também transmitidas pelo Aedes, mas os pesquisadores acreditam que a técnica ainda pode ser aprimorada para trazer resistência também contra esses outros tipos de arboviroses.

O Aedes se infecta com o vírus da dengue quando suga o sangue de uma pessoa que está com a doença. Desta forma, pode transmitir o vírus quando picar outros indivíduos. O estudo, publicado pelo periódico científico “Plos One”, mostra que esse mosquito produz antivirais contra a dengue naturalmente, mas em um nível tão baixo que não são capazes de eliminar o vírus. O que a nova técnica faz, de forma inédita, é estimular essa habilidade natural a partir da interferência em determinados genes que atuam sobre a área de gordura do inseto, o que seria o mais próximo de um fígado em um ser humano.

Depois dessa alteração, foi observado que a maioria dos mosquitos eliminou completamente o vírus, e que os poucos insetos que ainda se mantinham infectados registraram um nível viral baixo nas glândulas salivares, que é a via pelas quais o inseto transmite doenças.

— Se substituir uma população natural de mosquitos transmissores de dengue por organismos geneticamente modificados que sejam resistentes ao vírus, pode parar a transmissão. Este é um primeiro passo rumo a esse objetivo — diz o principal autor do estudo, o professor George Dimopoulos, do Departamento de Microbiologia e Imunologia Molecular da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.

Agora, a equipe pretende testar mudanças genéticas na parte do mosquito que equivaleria ao intestino. Eles acham que é possível turbinar a produção de fatores antivirais também nesse órgão, tornando mais forte a resposta imunológica. Uma das apostas é de que isso possa impedir a infecção pelos vírus que causam zika e chicungunha.

Mosquitos geneticamente modificados já são usados no Brasil, mas com técnicas diferentes. Os pesquisadores da Johns Hopkins descobriram que os insetos alterados por eles vivem tanto quanto os selvagens, mas produzem menos ovos. Isto ocorre porque, provavelmente, o mecanismo que desempenha papel importante na resposta imunológica do inseto contra o vírus é o mesmo envolvido na produção de ovos. E um dos aspectos fundamentais para a proliferação de mosquitos não transmissores da dengue é que esses insetos modificados consigam procriar e passar sua característica genética para sua prole. Para surtir efeito, é necessário soltar milhões de mosquitos alterados.

— É provável que, se ativarmos isso (a modificação genética) no intestino, tenhamos um efeito muito mais forte, sem comprometer a produção de ovos — aspira Dimopoulos. — E, embora decepcionante, a ausência de supressão dos vírus da zika e chicungunha ensina algo sobre o sistema imunológico do mosquito. Isto vai nos orientar sobre como fazer mosquitos resistentes a vários tipos de vírus.

Os pesquisadores também planejam analisar como os novos Aedes competem com os mosquitos selvagens dentro de grandes gaiolas, em experimentos controlados. Dimopoulos reconhece que existem preocupações quanto à soltura de mosquitos geneticamente modificados no meio ambiente: uma vez livres, não haverá mais qualquer tipo de controle sobre eles.

— É por isso que estudos extensivos de laboratório e de campo são necessários — ressalta o pesquisador. — Se os cientistas conseguirem que isso funcione, esta poderia se tornar uma maneira eficaz de controlar a doença. As pessoas teriam proteção duradoura sem ter que tomar medicação, usar redes em torno da cama ou repelentes.


INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO


Para o especialista Antonio Carlos Bandeira, coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), esse novo método para impedir que o mosquito transmita a dengue abre mais um caminho de intervenção importante, já que algumas das técnicas muito usadas até o momento, como fumacê e pesticidas, não se mostram eficazes.

— É preciso um investimento de médio e longo prazo no campo da modificação genética do Aedes aegypti, porque, para mostrar resultados, existe a necessidade de se liberar milhões desses mosquitos, ao longo de muito tempo — explica Bandeira. — É uma técnica nova que se junta a outros esforços do tipo. Se for confirmada a eficácia nos estudos científicos, terá que passar ainda por uma avaliação de custo, para verificar sua viabilidade econômica.

O infectologista também destaca que, provavelmente, a dengue só será erradicada com esforços conjuntos: alterações no inseto, eliminação de criadouros e vacinas.




Suspeitas de febre amarela em Minas quintuplicam em três dias

13/01/2017 - O Estado de S.Paulo


O número de casos suspeitos de febre amarela em Minas quintuplicou em três dias. A Secretaria de Saúde do Estado informou ontem haver 110 pacientes com sintomas da infecção. Desse grupo, 20 já apresentam exames laboratoriais positivos para a doença e, por isso, são considerados casos prováveis. Na segunda feira, eram 23 pacientes suspeitos de febre amarela.

A velocidade de expansão das mortes relacionadas à infecção também é expressiva. Agora, são 40 óbitos com suspeita de terem sido provocados pela doença. Segunda, a Secretaria de Saúde informava haver 14.

Das 40 mortes, 10 já são consideradas prováveis de terem sido provocadas pelo vírus. Elas aconteceram nas cidades de Piedade de Caratinga (3), Ladainha (3), Ubaporanga (1), Ipanema (1), Itambacuri (1) e Malacacheta (1). Ao todo, 21 municípios mineiros notificaram algum registro relacionado à febre amarela: mortes e casos suspeitos entre humanos ou em macacos.


ALERTA


A expansão dos casos em Minas deixou em alerta autoridades sanitárias de várias partes do País. A superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Bahia, Ita Cunha, afirmou ao Estado ter deslocado uma equipe de vigilância para áreas limítrofes. No Espírito Santo, a vigilância está redobrada.




Custo da saúde dispara e ameaça planos e clientes

13/01/2017 - Correio Braziliense


O envelhecimento da população e os avanços da tecnologia, com o surgimento de exames, remédios e procedimentos médicos cada vez mais complexos e caros, estão jogando os gastos com doenças na estratosfera. A inflação da saúde disparou nos últimos anos, sempre acima do custo de vida, e a tendência é que continue em alta, ameaçando a viabilidade econômica de planos privados e de autogestão, assim como o atendimento aos beneficiários.

No ano passado, o aumento dos preços com saúde disparou 11,05%, a maior alta desde 2001 para o setor, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 6,29%, de acordo com dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a tendência, aponta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é continuar subindo.

A instituição calcula que o custo da doença atingiu 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2010 e, no ano passado, ultrapassou a marca dos 10% do PIB. A estimativa da OCDE é de que, em 2050, encoste em 20% de todas as riquezas produzidas no país. Considerando a projeção do Ministério do Planejamento, de que o PIB do Brasil será de R$ 50,6 trilhões em 2050, o país gastará nada menos do que R$ 10 trilhões em saúde se nada for feito para a prevenção de doenças.

Para Rubens Sakay, especialista em comportamento humano, nada é capaz de inflexionar a curva de aumento dos gastos, a não ser a mudança nos hábitos de vida. “As doenças crônicas são responsáveis por 86% dos gastos com saúde e estamos padecendo mais delas, que são possíveis de prevenir, mudando o modo de vida sedentário e passando a se alimentar melhor”, diz.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são hoje responsáveis pela maioria das mortes em muitos países, seja de alta, média ou baixa condição socioeconômica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 72% das mortes antes dos 60 anos de idade são ocasionadas por doenças crônicas. Estimativas para o Brasil sugerem que a queda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar resultantes de apenas três DCNTs — diabetes, doença do coração e acidente vascular cerebral — levaram a uma perda na economia brasileira de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015. Também são consideradas crônicas doenças como o câncer, as respiratórias, a hipertensão, e as chamadas mentais, termo genérico que designa depressão, esquizofrenia e abusos de álcool e drogas.

“O doente crônico, depois de desenvolver o mal, passa 30 anos piorando de condições. Há uma preocupante expansão da morbidade no mundo, isto é, estamos percentualmente mais tempo doentes”, alerta Sakay. Por conta disso, os planos privados, sobretudo, os de autogestão (sem fins lucrativos), são os que correm mais risco de se tornarem economicamente inviáveis, no entender do especialista.

Levantamento realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra que, no período de cinco anos, entre 2007 e 2012, os gastos de uma operadora de plano de autogestão aumentaram 120,4%, enquanto a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) foi de 88,1% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 31,9% no mesmo intervalo de tempo.

Pesquisa inédita da Associação de Planos de Saúde sem Fins Lucrativos e de Autogestão (Unidas), de 2016, aponta que o custo médio per capita para cobertura médico-hospitalar subiu 12,6% em 2015 e acumula alta de 61% nos últimos cinco anos. Somente as autogestões movimentaram R$ 20 bilhões em 2015. Do total, R$ 10 bilhões foram com internações. Dessas, 21% poderiam ter sido evitadas, segundo o estudo, com potencial para redução de despesas de cerca de R$ 2 bilhões ao ano.

João Paulo dos Reis Neto, vice-presidente da Unidas, explica que a inflação da saúde decorre de dois fatores iniciais: a idade e a variação do custo dos exames completos. “Cada vez as pessoas usam mais os planos de saúde. Isso está relacionado com a idade e doenças crônicas. Qualquer população que envelheça mais gasta mais com saúde”, afirma.

No caso das autogestões, 30% dos beneficiários são idosos, diz Neto. “Os planos privados ficam muito caros e os idosos são expulsos. Eles não têm metade disso. As associadas da Unidas absorvem os aposentados, os parentes de funcionários ou agregados”, ressalta. O especialista explica que há tratamentos que custam até R$ 500 mil por paciente, como os oncológicos para tratar câncer.

Neto acredita que não há muito a fazer porque as coisas vão continuar ficando mais caras e as pessoas, mais velhas. “Uma saída é trabalhar na revisão do modelo assistencial. Hoje, o doente é internado e nós pagamos os hospitais. Pagamos pela doença e não pela saúde. Porque os hospitais querem mais é que o doente fique hospitalizado. Depois, eles apresentam a fatura e os planos pagam”, alerta. Já existem 60 operadoras com patrimônio líquido negativo no país. A Unimed Rio está falindo. É preciso tomar medidas para evitar internações por causas banais para economizar”, apela Neto.

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) é um plano de autogestão do Banco do Brasil (BB). “Hoje, o nosso grande desafio é oferecer aos associados um serviço de qualidade a um custo compatível com a capacidade de pagamento dessa população”, afirma Carlos Célio de Andrade Santos, presidente da Cassi. O aumento nos custos, em 2015, foi de 14,6%.

Com 720 mil associados, a Cassi limita a adesão aos empregados da ativa, ex-funcionários, aposentados e pensionistas do BB e seus parentes até terceiro grau. Porém, o total da população atendida em 2015 foi de mais de 1 milhão de pessoas, pois inclui participantes de convênio de reciprocidade (operadoras que utilizam a rede credenciada da Cassi, mediante ressarcimento dos custos).

“Cada vez as pessoas usam mais os planos de saúde. Isso está relacionado com a idade e doenças crônicas. Qualquer população que envelheça mais gasta mais com saúde”

João Paulo dos Reis Neto, vice-presidente da Unidas




A crise da Saúde

13/01/2017 - Zero Hora Online


É alarmante constatar que, em dois anos, o Rio Grande do Sul perdeu 474 leitos hospitalares para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas é ilusório imaginar que basta uma decisão governamental para o problema ser resolvido. A crise financeira do Estado não permite mais soluções contemporizadoras como o pagamento de incentivo hospitalar, criado na administração passada. O que se impõe é a adequação dos hospitais ao momento de crise e a busca de alternativas que contemplem o atendimento básico à parcela da população que depende do setor público.

Na prática, a situação pode ser ainda mais preocupante pelo fato de os números do DataSus, do Ministério da Saúde, não incluírem todos os casos de fechamento de leitos. E, para completar o quadro de dificuldades, muitas instituições beneficentes e filantrópicas estão com os salários dos funcionários em atraso, o que acaba se refletindo de alguma forma na qualidade do atendimento aos pacientes.

Como a penúria financeira tende a continuar nas três instâncias da federação, é preciso que as próprias entidades hospitalares persistam na busca de saídas envolvendo melhorias na gestão. Ainda que a maioria alegue já ter feito o possível, o fato é que não há como aguardar apenas por um improvável reforço estatal no prazo imediato.

O que não pode continuar, de fato, é a tendência acelerada de redução do número de leitos apontada pelo levantamento desde 2014. Os usuários do SUS não podem ser responsabilizados e punidos por uma crise que deveria ter sido enfrentada na origem.




Sede constante, emagrecimento e visão embaçada são sinais de diabetes

13/01/2017 - R7


Silencioso, o diabetes é uma doença crônica que pode provocar consequências terríveis ao organismo se não tratado adequadamente. Só no Brasil, afeta mais de mais de 13,5 milhões de pessoas. Uma delas é o jogador Romário, que passou recentemente por uma polêmica cirurgia para minimizar os efeitos da enfermidade.

De uma maneira simples, quem tem diabetes, o corpo não produz insulina (hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue) suficiente para atender às próprias necessidades ou não consegue utilizá-la adequadamente. Quando a pessoa tem a doença, o nível de glicose na corrente sanguínea fica alto. Se esse quadro permanece por um longo período de tempo, pode provocar consequências aos nervos, vasos e órgãos, segundo o endocrinologista Mario Carra, da SBD (Sociedade Brasileira Diabetes).

— As complicações são sérias, e incluem problemas como sobrepeso, doenças do coração e nos rins e até cegueira. A doença pode ter, inclusive, desdobramentos neurológicos, a depender do estágio em que se encontra.

Existem dois tipos de diabetes: a do tipo 1 e tipo 2. A tipo 1, que acomete entre 5 e 10% dos portadores da doença, se manifesta logo na infância e tem influência genética. Mário Carra explica os detalhes:

— Nesse caso, que é considerado o mais grave, o pâncreas perde totalmente a capacidade de produzir insulina, e a pessoa passa a ter de ingerir a substância para repô-la no organismo.


DIABETES: DESCUBRA OS MITOS E VERDADES SOBRE A DOENÇA


Já a do tipo 2 é a mais comum na população. Na maioria das vezes, é adquirida na idade adulta como resultado de fatores como sedentarismo e obesidade, especialmente se há acúmulo de gordura abdominal. Quem tem esse tipo pode ter criado uma espécie de resistência à insulina — que deixa de ser absorvida pelas células — ou produz o hormônio em quantidade insuficiente para suprir as necessidades do próprio corpo.


CONHEÇA OS SINTOMAS


No Brasil, estima-se que metade da população portadora de diabetes nem saiba que sofre da doença. Isso porque a enfermidade é muito silenciosa, e só começa a manifestar seus primeiros sintomas quando já se encontra em estágios avançados no organismo.

Entre os sintomas do diabetes tipo 2, os mais conhecidos são a sede constante e a vontade de urinar mais vezes que o normal — que estão inteiramente ligados. É que, sem conseguir filtrar os altos níveis de açúcar presentes no sangue, os rins terminam por eliminar esse volume no xixi.

O corpo acaba entendendo que a única forma de diluir todo o açúcar que deve sair é com muita água — daí a necessidade de ingerir líquidos em grandes quantidades. Visão embaçada, infecções frequentes, muita fome e formigamento nos pés também são motivos para redobrar a atenção.

Se a pessoa já tem histórico de diabetes tipo 2 na família, é sedentária, consome muito álcool e apresenta triglicerídeos elevados, as chances de ter a doença são maiores. Caso você seja diagnosticado, entretanto, não se desespere: com acompanhamento médico, a convivência com o diabetes se dá sem grandes transtornos. Mario Carra garante.

— Embora não haja cura, não faltam tratamentos para quem sofre da doença. Os medicamentos disponíveis são muitos e, geralmente, melhoram o papel funcional da insulina no organismo e recuperam a resistência do indivíduo às possíveis complicações da doença.


MUDANÇA NA ROTINA


Fora os remédios, é muito importante ainda que a pessoa diagnosticada com diabetes tipo 2 comece a praticar exercícios físicos e controle a dieta, diminuindo a ingestão de alimentos ricos em carboidratos simples, como massas, pães e doces.

Outro cuidado importante que deve ser incorporado à rotina é a medição frequente dos níveis de insulina no organismo. Segundo o endocrinologista, os níveis normais de glicemia – concentração de glicose na corrente sanguínea – são aqueles próximos de 100 miligramas por decilitro. No caso dos diabéticos, é sempre importante manter este número entre 80 e 120 mg/dl. Em casa, quem sofre com a doença fazer o controle por meio do glicosímetro — aparelho que coleta uma pequena gota de sangue do indivíduo e apresenta o resultado em poucos segundos. Mario Carra completa:

— Com controle de dieta, exercícios físicos e tratamento adequado com medicamentos, o paciente pode passar uma vida sem sentir as complicações trazidas pelo diabetes. O importante é se cuidar.




Doença misteriosa deixa pacientes com urina escura na Bahia e no Ceará

12/01/2017 - G1 - Jornal Nacional


Pesquisadores brasileiros e americanos estão investigando uma doença que teve casos registrados na Bahia e no Ceará. Mais de 50 pessoas apresentaram os sintomas.

Os laboratórios que tentam desvendar o mistério, quatro no Brasil e um nos Estados Unidos, ainda não sabem quando vão concluir as análises das amostras de sangue.

Duas pessoas já morreram com suspeita de terem contraído a doença desconhecida. Outras 53, incluindo 3 do Ceará, apareceram com sintomas parecidos: dores musculares que começam no pescoço e se estendem pelo resto do corpo e urina escura.

“A sensação que eu tinha era de uma contração muito forte no músculo, como se fosse câimbra. Era uma dor muito forte que eu nunca tinha tido antes”, conta a estudante Geovana Colavope.

A Secretaria estadual de Saúde distribuiu alertas nos hospitais para que os médicos informem às autoridades os pacientes que chegarem com os sintomas.

A suspeita de que a doença estaria sendo provocada por toxina de peixes do litoral Norte baiano está praticamente descartada. Pesquisadores da Bahia agora trabalham com outras hipóteses. A principal delas é a de contaminação por um vírus encontrado nas águas sujas dos esgotos, nas fezes. Um vírus da mesma família da hepatite A.

Ele é conhecido como parechovírus. Foi encontrado nas últimas análises feitas no laboratório do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.

O professor Gúbio Soares, coordenador do estudo, acredita que esteja no caminho para acabar com o mistério da doença.

“As pessoas podem ter se alimentado de vegetais, bebido água contaminada e se contaminaram. Esses vírus causam dores musculares forte. Já causaram surtos na França em 2008 e 2010, no Japão em 2008, 2010 e 2014. Estamos encontrando a presença desse vírus no material fecal das pessoas que estiveram doentes, mas estão curadas”, explicou o virologista.

Mas esse vírus não leva ninguém à morte. Geralmente o paciente tem que ficar internado, mas não há risco de vida.




O peso dos cuidados com a saúde no IPCA

12/01/2017 - O Globo


Cuidar da saúde foi o que mais encareceu em 2016. As mensalidades dos planos subiram 13,55%, mais do que o dobro do índice geral da inflação, que avançou 6,29%. Esta é a maior alta de preços do serviço em 19 anos, de acordo com a inflação oficial medida pelo IBGE por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Já os remédios tiveram acréscimo de 12,5%, o maior em 16 anos. Isso significa que tanto as operadoras de saúde quanto as fabricantes de medicamentos repassaram aos consumidores todo o aumento autorizado pelo governo. Com isso, o grupo saúde e cuidados pessoais — artigos de higiene subiram 9,49% — teve a maior alta e a única de dois dígitos (11,04%) entre os nove grupos pesquisados.

Em 2016, o teto para o reajuste anual estabelecido pela Agência Nacional de Saúde (ANS) foi de 13,57% para os planos de saúde individuais e familiares — o maior já autorizado e o 13º acima da inflação. Na Região Metropolitana do Rio, por exemplo, o aumento atingiu o percentual máximo, de acordo com o IPCA.

No caso dos medicamentos, o governo federal autorizou acréscimo de até 12,5%, também acima da inflação, para um universo de mais de 9 mil itens com preços controlados. Em 2015, o reajuste máximo autorizado foi de 7,7% e, em 2014, de 5,68%.

Os preços dos medicamentos são monitorados pelo Ministério da Saúde. Pela legislação em vigor, os reajustes são divulgados até o dia 31 de março de cada ano. Ou seja, um novo aumento está previsto para este trimestre. Para calcular o reajuste dos preços dos remédios, os técnicos levam em conta três fatores: produtividade, ajustes de valores entre os setores e a inflação do período.

Quem precisa usar remédio de uso contínuo sofre ainda mais com a alta dos preços. A enfermeira Mônica Guedes, de 56 anos, costumava gastar em torno de R$ 400 por mês com esses medicamentos. Atualmente, desembolsa mais de R$ 500.

— Mesmo pesquisando ou me fidelizando ao sistema de descontos de algumas farmácias ainda pago muito caro. Às vezes, chego a gastar R$ 600 — conta ela.

Maxon Vicente, de 38 anos, também sentiu no bolso a alta dos remédios:

— Eu gastava cerca R$ 60 por mês, e, agora, a conta chega a R$ 90 a R$ 100. Eu procuro descontos e remédios genéricos, mas os preços estão altos demais.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, acredita que tanto as operadoras quanto as fabricantes de remédios repassaram o máximo autorizado para compensar a queda do número de usuários de planos e, consequentemente, de medicamentos: — A pessoa perde o emprego, o plano, os descontos nos remédios e passa a se consultar só em caso de emergência. As empresas estão perdendo clientes e acabam dividindo os custos maiores com um número menor de pessoas.

Segundo a ANS, em um ano, até novembro de 2016, as operadoras perderam 1,5 milhão de usuários de planos de saúde. O item foi o que mais pressionou o grupo saúde e cuidados pessoais a chegar à alta de 11,04% em 2016 e foi o único cujos preços subiram mais do que em 2015. Os planos de saúde também exerceram o segundo maior impacto individual na taxa geral da inflação, contribuindo com 0,45 ponto percentual dos 6,29% do ano. Só perderam para alimentação fora de casa, que contribuiu com 0,63 ponto percentual para o índice. No Rio, foi o maior impacto, de 0,63 ponto da taxa de 6,33% acumulada no ano.


CÁLCULO BASEADO NOS CONTRATOS COLETIVOS


O aumento autorizado de até 13,57% atingiu cerca de 8,3 milhões de beneficiários de planos de saúde individuais e familiares, segundo a ANS. A metodologia usada pela agência reguladora para calcular o índice máximo de reajuste anual leva em consideração a média dos percentuais de aumento aplicados pelas operadoras aos contratos de planos coletivos (com mais de 30 beneficiários), que não são regulados e, portanto, não têm um teto. O índice é composto por variação da frequência de utilização de serviços, incorporação de novas tecnologias e variação dos custos de procedimentos e serviços cobertos. A ANS geralmente divulga esse percentual no segundo trimestre do ano.

As entidades que representam as operadoras (Abramge e FenaSaúde) dizem que a inflação dos planos de saúde medida pelo IBGE em 2016 repõe apenas parcialmente os custos médico-hospitalares da assistência aos beneficiários, que, em 2015, cresceram entre 18% e 19%. A Abramge acrescentou que, nos últimos anos, as despesas assistenciais têm crescido frequentemente mais do que as receitas.

— O teto estabelecido pela ANS é alto porque a variação da inflação médica sempre fica muito acima da inflação oficial. Pressionam nossos custos a incorporação de novas tecnologias, os preços altos dos insumos e o sistema de remuneração da cadeia, que necessitaria ser revisto — explica José Cechin, diretor-executivo da FenaSaúde.




Governo investiga 14 mortes por suspeita de febre amarela em MG

11/01/2017 - Valor Econômico / Site


Em apenas três dias, o número de casos suspeitos de febre amarela dobrou em Minas Gerais e já atinge 48 registros em investigação, com 14 mortes. Balanço anterior, divulgado na segunda-feira (9), apontava 23 casos suspeitos, um aumento de 109%. Destes, 16 já tiveram resultados positivos para a doença em exames iniciais e devem agora passar por novas análises.

Também cresceu o número de municípios do interior do Estado com casos em investigação: de dez, passaram a 15. Segundo o Ministério da Saúde, todos os casos ocorreram na área rural, em regiões onde já havia recomendação de vacinação contra o vírus.

As cidades onde os casos são investigados são Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga, Imbé de Minas, Entre Folhas, Ubaporanga, Ipanema, Inhapim, São Domingos das Dores, São Sebastião do Maranhão, Itambacuri, Poté e Setubinha.

O recente avanço da febre amarela acendeu um alerta entre autoridades de saúde e motivou a organização de uma força-tarefa para intensificar a vacinação nas áreas de Minas Gerais onde há registro de casos suspeitos da doença.

Em nota, o ministério informa que a vacinação imediata nestes locais deve ocorrer principalmente em pessoas que vivem nas áreas rurais dos municípios com casos suspeitos ou que nunca se vacinaram contra a febre amarela. Nos municípios onde há registros de casos, a vacinação será feita casa a casa, segundo a pasta. Em seguida, a campanha será estendida para cidades próximas.

Ao todo, 285 mil doses extras de vacina foram enviadas para a campanha. Nesta quinta-feira (12), a previsão é que mais 450 mil doses sejam encaminhadas.

Questionado sobre os casos, o ministro Ricardo Barros evitou comentar a possibilidade de surto, mas admitiu que a situação gera alerta e defendeu a intensificação da vacinação. "Ainda não há [um surto]. Se a população se vacinar rapidamente, estaremos com o risco controlado", afirmou.

Segundo o ministério, todos os casos são de febre amarela silvestre, ou seja, ocorreram em áreas rurais e de mata. Nestes locais, a transmissão ocorre por meio de um ciclo que envolve primatas não humanos, como macacos, e mosquitos como o Haemagogus -que, por sua vez, podem transmitir o vírus a pessoas não vacinadas.

A febre amarela silvestre é uma doença endêmica no Brasil, principalmente na região amazônica. Nos últimos anos, porém, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul também registraram casos. Em 2016, foram confirmados seis casos de febre amarela silvestre, dos quais cinco levaram à morte dos pacientes. Do total, três ocorreram em Goiás, dois em São Paulo e um no Amazonas.

Já a febre amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não é registrada no Brasil desde 1942, o que reforça a necessidade de controlar possíveis surtos na área rural, dada a infestação deste vetor no país.


'ALERTA'


A suspeita de um possível surto de febre amarela em Minas Gerais fez com que o Ministério da Saúde enviasse uma notificação à OMS (Organização Mundial de Saúde). A medida segue recomendação do Regulamento Sanitário Internacional, que prevê que todas as ocorrências importantes à saúde pública sejam informadas e monitoradas.

Duas equipes do Ministério da Saúde também foram enviadas para ajudar na investigação dos casos.

Segundo o virologista Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, laboratório referência na área e que dá apoio na investigação, o aumento de casos prováveis da doença neste ano preocupa. Em um dos fatores, pela época em que ocorrem: em geral, os meses de dezembro a maio são o período de maior risco de transmissão da febre amarela silvestre, tanto pelas chuvas quanto pela época de viagens. "No verão, as pessoas vão muito à mata para pescar ou fazer ecoturismo. Tem que estar com a vacina em dia", afirma.

Outro fator é a elevada infestação de Aedes aegypti no país, mosquito que pode transmitir o vírus caso ele volte à área urbana -nos últimos anos, só houve casos da febre amarela silvestre.

"O risco de reurbanização sempre aumenta quando há aumento dos casos notificados. Felizmente temos a vacina e a maior parte da população é vacinada", diz ele, que recomenda vigilância também em locais onde a vacina não é recomendada.

De acordo com Vasconcelos, a doença preocupa pela elevada letalidade —cerca de 45%. "É uma doença bifásica. Na fase inicial, de três a cinco dias, o paciente tem febre, dor de cabeça, dores no corpo, cansaço, perda de apetite, náuseas e vômitos", relata o virologista. Já nas formas graves, podem ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele), hemorragias e insuficiência renal. "Esses três fatores, somados, podem levar à morte do paciente", afirma.




Alimentação e saúde impedem inflação mais baixa em 2016

11/01/2017 - Valor Econômico / Site


Alimentação, saúde e despesas pessoais responderam por 67,5% - ou 4,25 pontos percentuais - da inflação de 6,29% medida pelo IPCA em 2016, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Saúde e despesas pessoais desbancaram habitação e transportes, que, em 2015, foram as duas principais influências, após alimentos, para a alta de 10,67% do IPCA.

No acumulado de 2016, o grupo alimentos e bebidas subiu 8,62%, depois de elevação de 12,03% um ano antes, e contribuiu com 2,17 pontos para o IPCA. O IBGE lembra que a produção agrícola caiu 12% em 2016, o que influenciou os preços. A alta colocou o grupo - que tem peso de 25% nas despesas das famílias - na liderança dos impactos. Os alimentos para consumo em casa (que tem peso de 17,00% no IPCA) subiram 9,36%, enquanto a alimentação consumida fora de casa (peso de 8,83%) subiu 7,22%. No entanto, no ranking dos impactos individuais, a alimentação fora de casa foi líder, com 0,63 ponto percentual no IPCA geral.

Em segundo lugar, vieram saúde e cuidados pessoais, com avanço de 11,04%, maior que o de 2015, de 9,23%, e contribuição de 1,23 ponto para o índice geral. Em terceiro lugar, ficaram as despesas pessoais, que subiram 8%, ante 9,50% em 2015, e adicionaram 0,85 ponto ao IPCA de 2016.

Transporte ficou em quarto lugar, saindo de alta de 10,16% para 4,22%, com contribuição de 0,78 ponto.

A despesa com habitação subiu 2,85%, após incremento de 18,31% em 2015, e contribuiu com 0,45 ponto. Artigos de residência aumentaram 3,41%, após os 5,36% no ano anterior, e adicionaram 0,14 ponto. Vestuário passou de alta de 4,46% para 3,55% e acrescentou 0,22 ponto ao IPCA de 2016.

Educação apresentou alta de 8,86%, depois de avançar 9,25% em 2015, e acrescentou 0,40 ponto. O grupo comunicação deixou de alta de 2,11% para acréscimo 1,27% e foi o que menos contribuiu para a alta do IPCA em 2016, com 0,05 ponto.


IMPACTOS


Os planos de saúde subiram, em média, 13,55% em 2016 e foram a maior pressão individual no IPCA do período. Esse item foi responsável por adicionar 0,45 ponto percentual à taxa de 6,29% no fechamento do ano.

O segundo maior impacto no IPCA do calendário foi empregado doméstico, com variação de 10,27% e acréscimo de 0,41 ponto, e produtos farmacêuticos, que subiram em média 12,50% e adicionaram 0,40 ponto ao IPCA de 2016.

Em 2015, o principal culpado para que a inflação estourasse o teto da meta de 6,5% e chegasse a 10,67% foi a energia elétrica. A conta de luz subiu 51% naquele ano e contribuiu com 1,5 ponto percentual. Em 2016, o item apresentou queda de 10,66% e foi o maior impacto negativo, de 0,43 ponto.


PREÇOS ADMINISTRATIVOS


Após dispararem 18% em 2015, influenciados pela alta de 51% na conta de luz, os preços administrados tiveram elevação de 5,5% em 2016. Os serviços, que ao longo de 2015 e parte de 2016 resistiram à desaceleração, apesar da recessão, também subiram menos, encerrando o calendário com avanço de 6,5%, ante 8,09% no resultado anterior.

No caso dos administrados, foi justamente a energia elétrica a maior contribuição para a redução da taxa em 2016. Ao cair 10,66% no ano, esse item também foi o principal impacto de baixa no IPCA, ajudando a retirar 0,43 ponto percentual do indicador de inflação no ano.

Nos serviços, a alimentação fora de casa desacelerou de 10,38% em 2015 para 7,22% em 2016 e ajudou a inflação do setor a ceder.


INDEXADOS


Excluindo alimentos, os cinco itens que mais exerceram pressão na inflação em 2016 foram plano de saúde (13,55% e impacto de 0,45 ponto percentual), empregado doméstico (10,27% e impacto de 0,41 ponto, remédios (12,5% e impacto de 0,40 ponto), taxa de água e esgoto (20,05% e impacto de 0,29 ponto) e cursos regulares (9,12% e impacto de 0,26 ponto).

Outros itens, também indexados, tiveram forte participação na inflação de 2016. Entre eles, ônibus urbano, com alta de 9,34% e impacto de 0,24 ponto, e cigarro, que subiu 16,04% e impacto de 0,16 ponto.

Por outro lado, houve queda importante na energia elétrica, que havia sido em 2015 a principal alta do IPCA. A conta de luz em 2016 caiu, em média, 10,66% e puxou para baixo o indicador daquele calendário.

Com deflação, apareceram automóvel usado (-4,46%), passagem aérea (-4,88%) e hotel (-6,25%). Todos itens sofrem com a queda da demanda provocada pelo mercado de trabalho em crise e o crédito caro.




Suspeitas de febre amarela crescem em MG

12/01/2017 - Folha de S.Paulo


Em apenas três dias, o número de casos suspeitos de febre amarela dobrou em Minas Gerais—já há 48 registros em investigação (antes eram 23), com 14 mortes.

Destes, 16 já tiveram resultados positivos para a doença em exames iniciais e devem passar por novas análises. Dados de municípios mineiros, porém, apontam um número maior de casos.

Só na região de Caratinga (Vale do Rio Doce), há 79 casos suspeitos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Oito pessoas morreram—quatro com confirmação laboratorial da febre amarela.

Todas as vítimas trabalhavam na zona rural ou eram pessoas que estiveram no campo recentemente. Entre elas, está uma adolescente que praticava ecoturismo.

Em Ladainha (Vale do Mucuri), há 28 casos suspeitos.

Dez pessoas morreram—duas com confirmação da febre.

Os casos estão concentrados em 15 municípios mineiros.

Segundo o Ministério da Saúde,eles ocorreram na área rural, em regiões onde já havia recomendação da vacina.

A procura por vacinação nos municípios mineiros aumentou muito, gerando desabastecimento.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que não há falta de vacina e que, em razão do limite de armazenagem e do aumento da procura, pode haver ausência pontual.

O recente avanço da febre amarela acendeu um alerta entre autoridades de saúde e motivou a organização de uma força-tarefa para intensificar a vacinação nas áreas de Minas Gerais onde há registro de casos suspeitos.

Em nota, o ministério informa que 285 mil doses extras de vacina foram enviadas para a campanha. Nesta quinta-feira(12),mais 450 mil doses serão encaminhadas.

O ministro Ricardo Barros evitou comentar a possibilidade de surto, mas admitiu que a situação gera alerta e defendeu a intensificação da vacinação. “Ainda não há [um surto]. Se a população se vacinar rapidamente, estaremos como risco controlado.” Especialistas, como o infectologista Artur Timerman, da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, avaliam que a situação já configura surto. “Segundo a OMS, um caso laboratorialmente confirmado de febre amarela já é considerado um surto.” O virologista Pedro Vasconcelos,diretor do Instituto Evandro Chagas,diz que o aumento de casos prováveis da doença neste ano preocupa.

“No verão, as pessoas vão muito à mata para pescar ou fazer ecoturismo. Tem que estar com a vacina em dia.” Segundo o ministério, todos os casos são de febre amarela silvestre. A transmissão ocorre por meio de um ciclo que envolve primatas, como macacos, e mosquitos como o Haemagogus, que, por sua vez, podem infectar pessoas não vacinadas.

Já a febre amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não é registrada no Brasil desde 1942.

“O vetor [aedes] está totalmente sem controle no país, o que aumenta a preocupação com a febre amarela urbana”, diz Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco.




Corujão de Doria estreia com atrasos para exames

12/01/2017 - Folha de S.Paulo


Jornalista: LUCILENE OLIVEIRA

A primeira madrugada do Corujão da Saúde, mutirão lançado pelo prefeito João Doria (PSDB) para zerar a fila de cerca de 500 mil exames na capital, teve equipamento quebrado e atrasos.A maioria dos pacientes, porém, conseguiu fazer os procedimentos agendados.

Eram quase 5h no hospital Oswaldo Cruz, na Bela Vista (centro), quando a paciente Daiane Cristina Costa, 42, conseguiu fazer uma tomografia no ombro.O exame estava agendado para 1h40.

“A máquina quebrou quando eu estava dentro. Tive que entrar na fila da outra máquina, que também estava sendo usada por pacientes do Corujão”, disse.Ela estava na fila desde setembro. “Apesar do transtorno, saio aliviada porque fiz esse exame.” Para não esperar a madrugada até o transporte público voltar a funcionar, pacientes foram de carro ou pegaram carona com amigos, caso de Karina Soares, 33. “A ideia é boa,mas é preciso providenciar transporte.”


PREFEITURA


A gestão Doria diz que a falha do equipamento de tomografia foi uma “situação pontual de quebra de máquina, que pode ocorrer”. Sobre o transporte de pacientes, disse que analisa as linhas de ônibus que atendem os hospitais e que poderá disponibilizar novas linhas noturnas.

No hospital Oswaldo Cruz, foram realizadas todas as ressonâncias agendadas e 73% das tomografias computadorizadas, segundo a prefeitura.




Estudo vincula consumo de carne vermelha a inflamação no intestino

11/01/2017 - Folha de S.Paulo / Site


Os homens que consomem muita carne vermelha sofrem com mais frequência de um tipo comum de inflamação do intestino, chamada diverticulite, revelou um estudo publicado nesta terça-feira (10).

Esta doença é provocada pela inflamação de um ou vários divertículos –pequenas bolsas de tecido que se formam na mucosa interna do intestino.

O estudo comparou o grupo composto por 20% dos participantes que consumiam mais carne vermelha com os 20% que consumiam menos, e concluiu que os casos de diverticulite foram 58% mais numerosos no primeiro grupo, explicaram os pesquisadores, em sua maioria acadêmicos da Universidade de Harvard.

Os dados foram extraídos de um amplo estudo epidemiológico nos Estados Unidos, que analisou as respostas de mais de 46.000 homens questionados periodicamente desde 1986.

A cada quatro anos, os participantes responderam a perguntas sobre seus hábitos alimentares no ano anterior, especificando o seu consumo de carne vermelha, frango e peixe. As opções variavam desde "nunca ou menos de uma vez por mês" até "seis vezes por dia ou mais".

Do total do grupo, 764 homens desenvolveram diverticulite, o que equivale a 1,6%.

Os especialistas destacaram que o estudo só mede uma coincidência estatística, sem expressar uma relação de causalidade.

Os grandes consumidores de carne vermelham também fumavam mais que a média, praticavam menos esportes e recorriam mais vezes a anti-inflamatórios e analgésicos.

A equipe desenvolveu algumas hipóteses, entre elas a de que o consumo elevado de carnes vermelhas poderia perturbar o equilíbrio das bactérias que vivem no intestino.

A diverticulite é uma condição relativamente comum que pode ter consequências graves em 4% dos casos (abscessos, peritonite, perfuração do intestino), destacaram os autores do estudo, publicado na revista médica "Gut", que depende da publicação "British Medical Journal" (BMJ).




Do cérebro ao coração

12/01/2017 - O Globo


Cientistas descobriram um caminho direto entre estresse e doenças cardíacas. Região do cérebro sob pressão ativa processos inflamatórios que endurecem artérias. de um sistema que foi fundamental para a sobrevivência em tempos imemoriais, o estresse é hoje um dos principais males da Humanidade. Sofrendo com o constante medo da violência, do desemprego, da frustração amorosa ou de outras situações com profundos efeitos psicológicos, milhões de pessoas vivem num estado crônico de tensão que já foi relacionado a um maior risco de doenças como o câncer e problemas cardiovasculares. Mas apesar dessa associação ser conhecida há tempos, os mecanismos pelos quais o estresse crônico eleva essas chances ainda são pouco compreendidos. Um estudo, porém, identificou pela primeira vez uma ligação direta entre a atividade em uma região do cérebro responsável por nossas reações emocionais e processos que provocam inflamação e endurecimento dos vasos sanguíneos, o que, por sua vez, levam a episódios como infartos e derrames.

Segundo os cientistas, o caminho pelo qual o estresse aumenta o risco de doenças cardiovasculares começa pelas amídalas cerebrais — não confundir com as estruturas também chamadas amídalas, ou tonsilas palatinas, localizadas na garganta, que são parte do sistema imunológico e uma das primeiras linhas de defesa do organismo contra agentes causadores de doenças, como vírus e bactérias. Os pesquisadores descobriram que, constantemente estimuladas por tensão emocional, as amídalas cerebrais ativam a produção pela medula óssea de células sanguíneas relacionadas a respostas inflamatórias, o que acaba por afetar a saúde das artérias do coração e outras partes do corpo.

— Embora a ligação entre estresse e doenças do coração tenha sido estabelecida há tempos, o mecanismo que media esse risco nunca foi claramente entendido — comenta o pesquisador Ahmed Tawakol, do Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, e principal autor do artigo sobre o estudo, publicado no periódico científico “Lancet”. — Estudos com animais já haviam demonstrado que o estresse ativa a produção de células brancas pela medula óssea, levando à inflamação arterial, e nosso estudo sugere que uma via biológica análoga existe em humanos. Além disso, identificamos pela primeira vez, em animais ou em humanos, a região do cérebro que liga o estresse aos riscos de ataques cardíacos e derrames.


‘NÃO HÁ SEPARAÇÃO ENTRE MENTE E CORPO’


No estudo, os pesquisadores fizeram dois levantamentos complementares. No primeiro, eles analisaram dados e prontuários médicos de quase 300 indivíduos que se submeteram a exames de imagem usando um radiofármaco que permite medir tanto a atividade de regiões do cérebro quanto o estado de inflamação nas arvantamento, térias. Na época dos exames no hospital, nenhum tinha indícios de problemas cardiovasculares, e todos voltaram a se consultar com médicos ao menos três vezes nos dois a cinco anos seguintes. Neste período, 22 deles sofreram algum evento cardiovascular, como infarto, derrame ou angina. Todos estes também estavam justamente entre os que apresentavam maior atividade das amídalas nos exames iniciais, numa relação que se manteve mesmo depois que os cientistas introduziram outros fatores de risco na análise, como tabagismo e sedentarismo. Já no segundo leParte os pesquisadores examinaram 13 voluntários com histórico de estresse pós-traumático com o mesmo radiofármaco, verificando que o nível de atividade das amídalas de fato se traduzia em uma maior inflamação das artérias.

Segundo o cardiologista Claudio Domênico, autor do livro “Te cuida! Guia prático para uma vida saudável”, os resultados do estudo reforçam a importância do controle do estresse na prevenção de doenças cardíacas. Ele lembra, por exemplo, que desde 2011 a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda o uso de técnicas de respiração lenta que reduzem os níveis de tensão emocional, como meditação e ioga, entre as estratégias para reduzir o risco dessas doenças, ao lado de melhorias na dieta e a prática de exercícios.

— O estudo mostra como o estresse é cada vez mais um fator preponderante de riscos de doenças na sociedade — diz ele. — Não há separação de mente e corpo e, por isso, a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares não pode se restringir a remédios. Deve também melhorar os hábitos emocionais do paciente.




Doença misteriosa na Bahia pode ter afetado 52 pessoas

12/01/2017 - O Globo


Cientistas tentam identificar doença que deixa a urina preta e teria afetado 52 pessoas na Bahia Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) estão analisando amostras de material de pacientes que podem ter contraído uma doença misteriosa que provoca intensas dores musculares e deixa a urina com a cor preta. Os 52 casos suspeitos surgiram a partir de dezembro. Segundo a Secretaria de Saúde do estado (Sesab), um homem que morreu no último dia 31 apresentou os sintomas, mas não se pode dizer que a doença desconhecida o matou, uma vez que ele sofria de outros problemas de saúde, como a hipertensão.

De acordo com o pesquisador Gúbio Soares, do Laboratório de Virologia da UFBA, a equipe deve identificar a doença e sua origem até a próxima semana. Mas testes de fezes e urina indicam que a doença pode ser causada por um vírus do gênero Enterovírus ou do gênero Parechovírus. Apesar de não serem fatais, esses vírus podem levar a um quadro de insuficiência renal, se não forem tratados de forma adequada. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também está analisando amostras de material.

Os casos estão concentrados na região de Salvador. A manifestação dos sintomas se assemelha a pequenos surtos ocorridos no exterior, como no Japão, entre 2008 e 2014, na França, entre 2008 e 2010, e na Dinamarca, em 2014.

— Identificamos a família do vírus, e estamos sequenciando o material genético. Não é um vírus fatal, mas pode levar à insuficiência renal. É muito importante procurar o médico em caso de sintomas. A pessoa não deve, por exemplo, tomar remédios anti-inflamatórios de jeito nenhum — explica Soares.




Sudeste já tem 20% dos casos de microcefalia

12/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Relatório do Ministério da Saúde revela crescimento preocupante de casos de microcefalia relacionados ao vírus zika no Sudeste. A região já é responsável por 20,7 % (2.193) do total de registros (10.574). Enquanto o Nordeste estabilizou em novos casos, Rio de Janeiro e São Paulo despontam com 848 e 855 confirmações. Em ação conjunta, os Ministérios da Saúde, Educação e Assistência Social pretendem lançar cinco centros-creche de reabilitação no Norte e no Nordeste para tratar as crianças de até 3 anos com microcefalia e más-formações.




Corujão tem idoso na madrugada e exame sem reavaliação médica

12/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Enquanto conta sua história, o aposentado Elzo Batista de Oliveira, de 76 anos, toma fôlego diversas vezes. Não consegue falar muitas frases seguidas sem sentir cansaço e falta de ar.

Com problema pulmonar crônico que se agravou nos últimos meses, ele teve a indicação médica de uma tomografia do pulmão, mas estava na lista de espera do exame havia quatro meses. Foi um dos primeiros pacientes a ser chamado para o programa Corujão da Saúde, mutirão da gestão João Doria iniciado anteontem que quer acabar, em três meses, com uma fila de 485 mil pacientes.

A insatisfação do idoso foi com o horário do exame. Embora o prefeito tenha prometido prioridade às marcações entre 20 horas e meia-noite, quando ainda há transporte público, Oliveira foi agendado para a 1h20 no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na Bela Vista, a 20 quilômetros de sua casa, no Jardim João XXIII, na zona oeste. Para chegar lá, o idoso precisou pegar ônibus e metrô, além de caminhar mais de 1 quilômetro.

“Acho que a Prefeitura devia olhar a idade das pessoas quando for marcar os exames para não expor um idoso a ficar na rua nesse horário, né?” Oliveira saiu de casa com antecedência para poder pegar o metrô e chegou ao hospital à 0h20. Queria esperar até as 4h40 a reabertura da estação para retornar para casa, mas a filha, que o acompanhava, achou que seria “judiar demais” do pai. “Instalei o aplicativo no celular dele, mas ele não sabe mexer e então eu vim junto para voltarmos de Uber”, conta ela, a analista jurídica Érica de Souza Oliveira, de 36 anos.

A empregada doméstica Giracema Florinda de Sousa, de 38 anos, tinha exame às 2h22, mas decidiu sair de casa quatro horas antes por medo da violência.

Sem dinheiro para o Uber, Giracema decidiu esperar, ao lado da filha de 12 anos, o metrô reabrir, mas voltou de carona após conhecer no hospital outra paciente que morava na mesma região e tinha ido de carro.

Além do horário, chamou a atenção da paciente ter tido o exame agendado sem antes passar por reavaliação médica. Para os pacientes aguardando exame há mais de seis meses, a gestão Doria prometeu uma nova consulta antes do agendamento.

Giracema aguardava há um ano e sete meses.

A Prefeitura informou que só o Oswaldo Cruz está agendando pacientes na madrugada. Ela informou ainda que vai reiterar a orientação para que sejam priorizados os pacientes que estão de um a seis meses na fila.




Redução do uso de sal evitaria milhões de mortes, diz estudo

12/01/2017 - DCI


Diminuir em 10% o consumo de sal poderia salvar milhões de vidas, afirma um estudo publicado nesta quarta-feira (11) pela revista médica britânica The British Medical Journal. O sal aumenta os riscos de hipertensão e de doenças cardiovasculares. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos adultos consome mais do que a quantidade recomendada de 2 gramas de sal por dia, no máximo. O excesso de sal nos alimentos está na origem de 1,65 milhão de mortes,diz a OMS.




Como o estresse maltrata o coração

12/01/2017 - Correio Braziliense


Tabagismo, hipertensão e diabetes são fatores de risco bem conhecidos para doença cardiovascular. Agora, um estudo publicado na revista The Lancet mostra que o estresse crônico também deve entrar para a lista. “Embora a associação entre o estresse e as doenças do coração tenha sido sugerida há tempos, o mecanismo que media esse risco não era totalmente conhecido”, explica Ahmed Tawakol, pesquisador do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, e um dos autores do trabalho. De acordo com ele, pela primeira vez, se identificou o processo biológico por trás dessa relação.

A explicação está na amígdala, uma estrutura do cérebro ultrassensível a fatores estressantes. Quando hiperativa, ela desencadeia uma série de passos que pode levar a eventos cardiovasculares. “Estudos com animais mostram que o estresse induz a medula óssea a produzir células brancas sanguíneas, o que causa inflamação arterial”, continua Tawakol. “Nossa pesquisa sugere um padrão análogo em humanos. Além disso, identificamos pela primeira vez, seja em animais, seja em humanos, a região do cérebro que liga o estresse ao risco de ataque cardíaco e derrame.”

O artigo reporta dois estudos complementares. O primeiro, conduzido no Hospital Geral de Massachusetts, analisou imagens e registros médicos de mais de 300 pessoas que fizeram o exame de imagem PET/CT, usando como contraste um radiofarmacêutico chamado FDG, que capta tanto a atividade de regiões do cérebro quanto a inflamação dentro das artérias. Nenhum participante tinha doença cardiovascular na época. O segundo estudo, conduzido no Instituto de Imagem Molecular e Translational (TMII, sigla em inglês) de Nova York, contou com a participação de 13 indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático. Eles foram avaliados para níveis atuais de estresse e também submetidos ao PET/CT com FDG.

Entre os participantes da primeira pesquisa, 22 acabaram tendo um evento cardiovascular, como ataque cardíaco, derrame ou angina, no período de acompanhamento (média de 3,7 anos). O nível de atividade da amígdala foi um forte preditor da ocorrência de um evento subsequente. Essa associação permaneceu significativa depois de os cientistas ajustarem fatores de risco cardiovasculares tradicionais, como hábito de fumar e hipertensão.

A atividade da amígdala também se associou ao tempo dos eventos, na medida em que aqueles com maior nível de ativação na região tinham infarto ou derrame antes daqueles que apresentavam uma elevação menos extrema. A hiperatividade dessa parte do cérebro, além disso, associou-se à formação exagerada de células brancas na medula óssea e no baço e ao aumento da inflamação arterial. No estudo menor, o nível de estresse dos participantes foi fortemente relacionado tanto à atividade da amígdala quanto à inflamação arterial.


INEDITISMO


O coautor do trabalho, Zahi A. Fayad, vice-presidente de pesquisa do Departamento de Radiologia do TMII, diz: “Esse estudo pioneiro fornece mais evidência de uma conexão coração/cérebro ao elucidar a ligação entre a atividade metabólica de repouso da amígdala, um marcador de estresse, e eventos cardiovasculares subsequentes, independentemente dos fatores de risco já estabelecidos”. “Também mostramos que a atividade amigdalar está associada ao aumento da percepção de estresse, da inflamação vascular e da atividade hematopoiética”, conclui.

Segundo Ahmed Tawakol, as descobertas sugerem muitas oportunidades em potencial para reduzir o risco cardiovascular atribuído ao estresse. “Seria razoável aconselhar indivíduos com risco de doença cardiovascular aumentado a considerar empregar abordagens de redução de estresse caso se sintam sujeitos a um grau muito alto de estresse psicológico. Contudo, pesquisas maiores ainda são necessárias para confirmar se a redução do estresse diminui o risco”, afirma.

Além disso, de acordo com o médico, uma manipulação farmacológica do eixo amígdala/medula óssea/artérias pode fornecer novos meios de redução da doença cardiovascular. “O aumento do estresse associa-se a outras doenças, como câncer e condições inflamatórias, incluindo artrite reumatoide e psoríase. Então, é importante avaliar se acalmar esse mecanismo produz benefícios nessas doenças também.”


Palavra do especialista

Complicador real

“Na década passada, mais e mais indivíduos passaram por estresse social no dia a dia. Jornadas de trabalho pesadas, insegurança no emprego e viver na pobreza são circunstâncias que podem resultar em aumento crônico do estresse, que, por sua vez, pode levar a distúrbios psicológicos como a depressão. Além do pesado fardo psicológico, esse problema está associado com o risco aumentado de doença cardiovascular. Indivíduos com percepção aumentada de estresse têm uma prevalência substancialmente maior de infarto do miocárdio que os de controle, como reportado por pesquisas anteriores. Porém, esses estudos associativos até então não estabeleceram se o aumento no estresse está causalmente ligado à incidência dos eventos cardiovasculares, nem indicaram os mecanismos envolvidos. Mais estudos são necessários para confirmar o mecanismo descritos no estudo de agora, mas os dados clínicos, ao estabelecer uma conexão entre estresse e doença cardiovascular, o identificam, portanto, como um fator de risco real para síndromes cardiovasculares agudas. Dado o aumento no número de pessoas com estresse crônicos, isso deveria ser levado em consideração nos exames clínicos, no consultório médico.”

Ilze Bot, pesquisadora da Universidade de Leiden, na Holanda




Avanço no tratamento de fraturas em diabéticos

12/01/2017 - Correio Braziliense


Das muitas complicações associadas ao diabetes, uma particularmente desafia os médicos. Pessoas que sofrem dessa doença metabólica enfrentam mais dificuldade para se recuperar de fraturas ósseas. Agora, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford (EUA) descobriram a razão por trás disso. Em um estudo com ratos, perceberam que uma proteína responsável por estimular a atividade das células-tronco esqueléticas (SSCs) ajuda a restaurar o osso quebrado. A descoberta, além de elucidar um mecanismo até então desconhecido, pode, segundo os autores, levar ao desenvolvimento de uma abordagem terapêutica. O trabalho foi publicado na edição desta semana da revista Science Translational Medicine.

“O diabetes é um problema descontrolado em todo o mundo, e qualquer coisa que melhore a habilidade das pessoas afetadas de sarar das fraturas pode ter um efeito positivo imenso na qualidade de vida delas”, observa Michael Longaker, codiretor do Instituto de Biologia de Células-Tronco e Medicina Regenerativa de Stanford. “Nós descobrimos o motivo pelo qual alguns pacientes com diabetes não se recuperam de fraturas e propusemos uma solução que pode ser aplicada localmente durante a cirurgia de reparação do osso quebrado.”

Segundo o médico, a ideia de investigar a ação de proteínas sobre a recuperação do osso de diabéticos veio de um trabalho anterior no qual Longaker, a equipe que assina a artigo com ele e o patologista Irving Weissman identificaram e descreveram uma população de células nos ossos de ratos que funcionam como SSCs. Essas estruturas são capazes de se diferenciar em todos os componentes do sistema esquelético, incluindo ossos, cartilagens e uma parte da medula óssea chamada estroma. Quando os animais não tinham as proteínas em quantidade suficiente, era muito mais difícil se recuperarem de fraturas. “Isso nos fez pensar. ‘Será que o diabetes afeta a capacidade de recuperação ao modular, de alguma forma, a atividade dessas células?’”, explica Charles Chan, PhD, pesquisador do instituto e coautor do artigo.


EM GEL


Para solucionar a questão, a equipe comparou o número de SSCs nos ossos de modelos de rato com diabetes 2 e identificou que eles tinham quantidade bem menor dessas células. A razão da redução foi esclarecida logo em seguida, em outro experimento. Os pesquisadores descobriram que a doença metabólica diminui a produção de uma família de proteínas chamadas hedehog (Hd), que desempenham importante papel em diversos processos, incluindo o desenvolvimento embrionário e a regeneração de tecidos. A fim de confirmar o achado, eles manipularam ratos normais para não produzir essa proteína. O resultado foi que eles também desenvolveram dificuldade de recuperação das fraturas.

Além de desvendar o mecanismo, a equipe de Stanford descobriu uma forma de resolver o problema. Os cientistas criaram um gel que, aplicado no local da fratura, restabelece a habilidade de recuperação. A substância restaura a produção da Hd e, consequentemente, aumenta o número de células-tronco esqueléticas. Embora mais pesquisas sejam necessárias antes de se começar a testar a abordagem em humanos, os cientistas estão confiantes de que alcançarão resultados promissores.




Só exames não bastam: pacientes de Corujão querem mais médicos e remédios

11/01/2017 - UOL


O orgulho com que a doméstica Maria José da Conceição Barbosa, 56, fala sobre as cinco filhas que criou sozinha –"todas concluíram faculdade, só a mais nova, ainda, que não"–contrasta com o sentimento de impotência que ela relata diante do périplo há anos enfrentado para cuidar da própria saúde em uma cidade como São Paulo.

Com perda da audição do ouvido esquerdo, um glaucoma e hipertensão, Maria José aguardou cinco meses para uma tomografia de crânio, por conta da audição, mas espera há oito meses por dois exames solicitados pela ginecologista. E tudo pela rede municipal de saúde –onde não encontrou, por outro lado, respaldo para os três colírios, com valores entre R$ 50 e R$ 150, de que necessita para a doença oftalmológica. "Não basta ter mutirão de exame: tem que ter também mais médico, mais medicamentos e mais agenda para atender os pacientes na rede", pediu.

O mutirão mencionado pela doméstica é o Corujão da Saúde, uma das principais bandeiras de campanha do prefeito João Doria (PSDB) e cujas primeiras ações foram implementadas nesta terça-feira (10).

Maria José foi uma das dez pacientes atendidas no centro de diagnósticos do Hospital do Coração (HCor), entidade que firmou parceria com a Prefeitura de São Paulo pelo fim de uma fila de espera de 485 mil pacientes em até 90 dias. Até ontem, oito hospitais privados e filantrópicos --entre os quais a Santa Casa, o Oswaldo Cruz e o Sírio Libanês-- haviam aderido ao programa pela realização de exames. Ao todo, a Prefeitura estima investir R$ 17 milhões na ação, com exames pagos de acordo com a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).

Assim como Maria José, outras pacientes atendidas ontem no mutirão apontaram a falta de médicos e de medicamentos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) como problemas que fazem o Corujão estar longe de ser uma solução para os usuários --mesmo porque os laudos ali fornecidos precisarão ainda ser avaliados por um médico que prescreverá, quando for o caso, o tratamento adequado ao paciente.

"A espera é de seis a oito meses pelo exame, e, quando a gente consegue, ainda dão mais três meses para conseguir a consulta. É complicado; não basta ter mutirão de exames se faltam médicos, agenda e medicamentos na rede pública", desabafou a representante comercial Elisabete Chagas da Costa, 50, também na lista de dez atendidos na unidade do HCor.

Moradora de Santo Amaro (zona sul), Elisabete contou que desde julho passado sente dores de cabeça intensas remediadas apenas com analgésico. Ontem, finalmente conseguiu fazer o exame. A consulta com o neurologista no sistema municipal, porém, está agendada para março. "Aqui [no HCor] é outra realidade, nem um pouco parecida com a do sistema público, que precisa melhorar muito, ainda: é desde falta de estrutura à falta de pessoal para atendimento", concluiu.

"Não é só exame", diz paciente que perdeu irmã em hospital público

Também na fila pela tomografia, a auxiliar de limpeza Maria das Graças Queiroz da Silva, 48, já havia tido a solicitação de um ultrassom de tireoide por um médico da rede municipal na Lapa. "Mas esse exame nunca saiu", contou. No HCor, na fila restrita de dez pacientes, a sensação foi outra. "Senti muita diferença aqui, gostei, o atendimento parece ser muito bom. Nem esperava que me mandassem para cá, esperava um hospital mais simples. Eu morava em Pirituba, por exemplo, e o atendimento no hospital público lá é péssimo –perdi uma irmã diagnosticada com pneumonia há quatro anos lá", relatou. E o que acha do Corujão? "As coisas estão melhorando, mas a gente ainda precisa de mais médicos e muito medicamento, além de bom atendimento. Não é só exame."


CRÍTICAS SOBRE FALTA DE MÉDICOS TAMBÉM FORA DO CORUJÃO


Fora da unidade contemplada pela visita do staff do prefeito, mas na própria rede municipal, outros usuários também se queixaram da falta de médicos.

"Demora demais o atendimento com médico na rede; é uma situação quase que a de abandono a que vivemos. Se o sujeito tiver uma doença grave, [ele] morre", constatou a arrumadeira Maria de Lourdes Oliveira, 56, paciente no Hospital do Servidor Municipal, na Aclimação (zona sul).

"Mutirão de exame ajuda, mas não resolve. A gente precisa muito ainda de médico, mesmo os que atendem já fazendo o máximo que podem", reforçou o zelador Marcelo dos Santos, 42.

Questionado no evento de lançamento do Corujão sobre a falta de médicos, Doria admitiu que o problema existe, mas informou que pretende seguir com as "visitas surpresa", como a feita dias atrás a um hospital em Sapopemba (zona leste), para detectar o que precisa ser feito.

Doria: "Nada muda em uma velocidade tão intensa"

"Farei toda semana visitas surpresa nas áreas de saúde, prefeituras regionais e escolas. Na primeira dessas visitas, constatei algumas dificuldades em termos de médicos especialistas e medicamentos para que as soluções sejam postas em prática", afirmou. "É uma nova dinâmica de gestão, evidente que podemos ter problemas, sim, [porque] nada muda em uma velocidade tão intensa. Mas percebi solidariedade e disposição dos funcionários [pela mudança] em relação ao tempo de campanha, em que eu via pouca disposição e inibição quanto ao trabalho adicional e dedicado."

O secretário municipal de saúde, Wilson Pollara, disse que, por ora, não há previsão de um Corujão de consultas. "Vamos observar: se houver uma avalanche de consultas necessárias, faremos algum procedimento. Mas 70% desses exames serão normais. E o exame vem com o laudo de um médico --não vou entregar o laudo na mão do paciente sem que médico tenha visto o exame", disse.

Ainda de acordo com Pollara, que estimou o prognóstico de 70% dos exames sem anormalidades "com base na experiência" (ele é médico e ex-secretário-adjunto de saúde do governo Geraldo Alckmin), "o próprio médico nos avisará e a consulta será marcada imediatamente" em caso de alterações. Para isso, aposta, contará com o auxílio da Santa Casa, "que colocou milhares de consultas para que esse paciente seja atendido o mais rapidamente possível".


PREFEITO NEGA GRATUIDADE DE TRANSPORTE A PACIENTES DA MADRUGADA


Pelos números do secretário, o Município destinará R$ 17 milhões aos hospitais públicos, filantrópicos e privados que aderirem ao Corujão. Cada hospital definirá sua janela de horário para a iniciativa --no caso do HCor, das 16 às 18h, e no Sírio Libanês e no Oswaldo Cruz, das 18h às 21h30 e das 16h às 22h, respectivamente. A Santa Casa atenderá os pacientes do mutirão a partir das 13h.

Questionado se as UBSs também vão abrir em horário estendido, o secretário alegou que a prefeitura faz "um novo estudo e dimensionamento" para que as unidades "realmente atendam o número de pessoas que elas têm de atender". "Se pegarmos a população SUS dependente em São Paulo hoje, que é de 6 milhões de pessoas, e dividirmos por 20 mil que as UBSs deveriam atender, precisaríamos de 300 UBSs –temos 448. É fazer com que cada uma atenda um número adequado de pessoas. É tudo questão de gestão", encerrou.

Sobre hospitais que disponibilizarem exames ao Corujão apenas na madrugada, o prefeito afirmou que é estudado pela Secretaria de Transportes se há linhas de ônibus nas localidades, nesses horários, mas negou que, caso necessárias, sejam gratuitas. "Não haverá gratuidade, haverá transporte – se necessário, até novas linhas, mas desde que não haja gratuidade", avisou o tucano.




Casos mais graves de HPV podem não ser identificados pelo Papanicolau, diz estudo

12/01/2017 - Extra Online


Apesar de essencial para detectar e prevenir uma série de doenças, o exame preventivo feito no ginecologista, o Papanicolau, pode não ser o mais eficiente para identificar casos graves do papilomavírus humano, o HPV, responsável pelo câncer do colo do útero. O estudo “Athena”, feito por pesquisadores americanos, mostra que outro exame, o teste do DNA do HPV, é quase 30% mais sensível para perceber casos de alto risco.

— Muitas vezes, o Papanicolau pode falhar para ver lesões precursoras do câncer, porque ele depende de muitas variáveis: do laboratório, de quem coletou e da qualidade do material em si. Já o teste do DNA do HPV é totalmente automatizado. A coleta é igual à do preventivo — explica a ginecologista Neila Speck, professora do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina.

Para a ginecologista Carolina Mocarzel, chefe de clínica do Hospital Federal dos Servidores do Estado, esse teste é indicado como complemento ao Papanicolau para mulheres com mais de 30 anos:

— O preventivo é de rotina e avalia se o material achado tem sinais de infecção. O outro tem que ser feito com indicação, caso a paciente tenha um histórico ou apresente lesões suspeitas.

O câncer do colo do útero é um dos que mais atinge mulheres no país, mas, com a prevenção correta, ele pode ser curado em 100% dos casos, de acordo com a oncologista Ana Carolina Nobre, do grupo Oncologia D’Or.

— Para virar câncer, ele demora de 10 a 20 anos. Então, tem muito tempo para detectar as lesões e tratar. Nos países desenvolvidos, quase não se vê casos. A recomendação é fazer sempre o preventivo — afirma.


INCA INAUGURA AMBULATÓRIO DE SEXUALIDADE


O Instituto Nacional de Câncer (Inca) inaugurou o primeiro ambulatório de sexualidade do Brasil para pacientes com câncer ginecológico, há uma semana. O espaço, construído dentro do Hospital do Câncer II (HC II), no bairro do Santo Cristo, no Centro do Rio, será dedicado ao atendimento de mulheres que sofrem de câncer de colo do útero, de ovário, de vagina e de vulva.

A equipe do ambulatório é formada por enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatras. Eles orientações sobre quais limitações cada mulher terá — de acordo com o tipo de tratamento ao qual cada uma for submetida — e sobre como essas mulheres podem adequar sua prática sexual a essas limitações.

O ambulatório funcionará em uma sala exclusiva no HC II, sempre às quintas-feiras, das 8h às 17h. As pacientes poderão ir às consultas acompanhadas de seus parceiros, familiares ou amigos. Pelo menos por enquanto, o atendimento será feito apenas às mulheres que fazem tratamento contra o câncer no Inca.




Saúde anuncia liberação de R$ 234 milhões para municípios paulistas

10/01/2017 - Valor Econômico / Site


Em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes na manhã desta terça-feira, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou a liberação de R$ 234 milhões para 193 municípios paulistas. Os recursos serão destinados para serviços na área de saúde que estavam em funcionamento sem contrapartidas federais.

Da verba total liberada, R$ 186 milhões terão como objetivo custear serviços hospitalares e ambulatoriais voltados à assistência especializada e atendimento em alta complexidade. Além disso, cinco cidades (Campinas, Fernandópolis, Perdeneiras, Rio Grande da Serra e Santana de Parnaíba) serão beneficiadas com a habilitação de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ao custo de R$ 7,8 milhões por ano.

Além dos R$ 234 milhões liberados, há R$ 539 milhões previstos para a saúde em São Paulo em emendas parlamentares, que estão sujeitas a contingenciamento. Caso as emendas sejam liberadas, o total destinado aos municípios do Estado será de R$ 773 milhões. O Estado também recebeu hoje do ministério 81 novas ambulâncias do Samu para renovação da frota.

O evento contou com a presença do governador Paulista, Geraldo Alckmin, e dos prefeitos beneficiados com os recursos federais.




Doutor WhatsApp

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


As mídias sociais podem facilitar a comunicação entre médicos e pacientes. Planejadas de antemão, essas ferramentas podem ajudar bastante o atendimento e a relação. O que não podemos deixar acontecer, no entanto, é substituir o WhatsApp pela consulta médica formal.

Cada vez mais, os pacientes estão lançando mão dessa ferramenta e de outras, como e-mails e mensagens de texto, para receber o atendimento médico. Estão usando posts no Facebook e no Twitter para procurar o profissional.

Na maior parte dos casos, são pacientes que moram na mesma cidade que o especialista procurado, às vezes a poucas quadras de distância do consultório médico.

Há casos em que essa ferramenta pode ser muito útil. Por exemplo, se um paciente está passando mal, procura o médico via mídias sociais e este pode orientá-lo se é ou não o caso de procurar um hospital. Ajuda também a relatar sintomas novos ou reações adversas a tratamento.

É muito comum o paciente mandar foto de lesão e pedir opinião do médico ali mesmo, na mensagem de texto. Como se uma visão simples de uma tela do celular pudesse substituir uma inspeção mais acurada do especialista. O médico responde, o paciente retruca e, em minutos, inicia-se uma consulta virtual.

Ao meu ver, é preferível o paciente procurar o consultório, ou até mesmo falar por telefone para avaliar com o especialista se há a necessidade de uma nova consulta. Isso não pode acontecer via mensagens de texto.

Os abusos desse meio de comunicação podem levar a situações inusitadas, como um paciente que achou por bem enviar uma foto do seu vômito, ou outro que gravou a sua respiração para ilustrar o ritmo.

Sim, devemos usar todo o arsenal tecnológico de que dispomos em prol de um atendimento e tratamento cada vez melhor dos nossos pacientes. Mas temos que ter bom senso e entender até onde essa ferramenta pode ajudar –ela não substitui uma consulta.

Já passamos pelo "doutor Google" e agora estamos na fase do "doutor WhatsApp", prática que carece de qualquer tipo de regulação ou desdobramento legal. E como seria feita a cobrança pelos serviços prestados via tais plataformas?

Minha recomendação, nesses casos, seria usar o WhatsApp em casos específicos, e combinar de antemão com o paciente o protocolo adequado para o seu uso.

A consulta ainda é, e será mesmo diante de todos os avanços tecnológicos, a única ferramenta adequada que permitirá ao médico chegar ao diagnóstico e orientar o melhor tratamento. Até mesmo porque os encontros presenciais entre médico e paciente são fundamentais para criar um vínculo de segurança e confiança.

O "doutor WhatsApp" deve ser implementado principalmente com pacientes conhecidos e fotos enviadas quando solicitadas. O modelo de chamadas por vídeo, que apresenta intenso crescimento, somente deveria ser usado em cenários específicos e pontuais.

Diante do avanço desenfreado das novas mídias, cabe ao médico liderar o diálogo e ao paciente discutir face a face com seu profissional de escolha a melhor conduta a ser seguida, evitando que o uso deste valioso recurso seja utilizado de forma inapropriada.




Na estreia, paciente chega antes para voltar de metrô

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


Com a promessa de acabar até abril com uma fila de quase meio milhão de pessoas, teve início nesta terça (10) o Corujão da Saúde, programa da gestão João Doria (PSDB) para acelerar a realização de exames em São Paulo.

A estreia teve pacientes que chegaram mais cedo para conseguir voltar de transporte público e outros que fizeram o exame em horário normal, pois nem todas as unidades estenderam o período de funcionamento. Atualmente, 485 mil pessoas esperam há pelo menos 30 dias por algum procedimento.

Ainda não está definido o número exato de pessoas que farão exames pelo programa, pois as 73 mil que aguardam há mais de seis meses serão avaliadas novamente.

A prefeitura espera fazer os procedimentos com parcerias com clínicas privadas e filantrópicas. Por ora, oito aderiram, segundo o secretário da Saúde Wilson Pollara.

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz é o que fará o maior número de exames.

José Benedito Aguiar, 68, chegou mais de uma hora antes para a tomografia, marcada para as 23h na unidade principal do hospital, no Paraíso. Ele queria garantir a volta de metrô, para não ter que pagar um táxi.

Doria afirmou que a prefeitura estuda criar linhas para atender ao Corujão, mas ainda não há definição.

Aguiar ainda espera um ultrassom abdominal, segundo ele marcado em novembro 2014. Mas, assim como os outros pacientes há mais de seis meses na fila, ele terá de ir a nova consulta para revalidar o pedido de exame.

“É um absurdo”, reclamou.

Já a aposentada Joana Rocha Felipe, 64, conseguiu fazer o exame no pulmão que esperava há mais de um ano, após o ter o pedido renovado.




Corujão de Doria é paliativo e não resolve questões cruciais da saúde

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


O programa Corujão da Saúde começou nesta terça (10) em quatro hospitais de São Paulo e já enfrenta entraves. O primeiro é que várias pessoas que estão na fila de espera de exames não são encontradas pelas equipes.

Existe também o temor de que haja altas taxas de absenteísmo, o que já ocorre em algumas unidades públicas.

Outra questão é que os pacientes que realizarem seus exames agora não terão o problema de saúde resolvido de imediato em razão da falta de especialistas e de vagas para a realização de cirurgias.

A gestão do prefeito João Doria (PSDB) planeja uma nova etapa do Corujão com a meta de acelerar a realização de consultas e cirurgias.

A questão é que o Corujão é uma medida paliativa, resolve temporariamente as queixas de um grupo de pessoas (e isso é bom), mas não ataca os problemas cruciais que geram as filas de espera, como falhas na atenção básica de saúde e falta de integração e hierarquização entre as unidades assistenciais.

Em seu programa de governo, Doria promete, por exemplo, “reforçar o atendimento primário à saúde pelo preenchimento das vagas existentes nas equipes do Programa de Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde, requalificando e valorizando os profissionais”. Mas ainda não disse como e quando isso vai acontecer.




Duas bebês da Grande São Paulo nascem cegas por causa da zika

11/01/2017 - Folha de S.Paulo


Mesmo fora das regiões mais afetadas, o vírus da zika faz vítimas. Em um artigo científico publicado na última semana, cientistas brasileiros relataram dois casos de cegueira em bebês da Grande São Paulo —um em Guarulhos e outro na capital— por causa do vírus da zika.

As duas mães, que tinham 14 e 18 anos na época do parto, disseram aos médicos não terem tido nenhum dos sintomas relacionados à zika, tais como vermelhidão na pele e nos olhos, dores articulares e febre.

Outras infecções que poderiam ter gerado microcefalia e as más-formações oculares nas bebês (como toxoplasmose e rubéola) foram descartadas.

Os achados oftalmológicos nas bebês são diversos: subdesenvolvimento do nervo óptico, degeneração da retina, excesso de pigmentação na região da mácula—importante para a captação de cores.

Todas essas condições são deficitárias e contribuem para a perda de visão.

Para o oftalmologista Rubens Belfort Jr., professor da Universidade Federal de São Paulo, os novos achados são coerentes com aqueles já encontrados anteriormente, principalmente em outras regiões do país.

“Já está claro que o vírus não atinge apenas a parte da retina e o nervo óptico, mas também outras partes do olho, levando à alteração da pressão intraocular, lesando o nervo e propiciando o aparecimento de glaucoma. ” As bebês foram examinados em 2016: uma delas aos 23 dias de vida e outra aos 7 meses. Os relatos dos pesquisadores são consistentes com outros achados relacionados à condição que ficou conhecida como Síndrome Congênita da Zika.

Além dos achados oftalmológicos, as bebês apresentaram achados radiológicos como ventriculo megalia (aumento das cavidades do cérebro), menor quantidade de giros e sulcos no cérebro (órgão mais “liso”), ausência do corpo caloso (estrutura que liga os dois hemisférios do cérebro) e calcificações.

O relato dos dois casos está na revista “Retinal Cases& Brief Reports”.


POBREZA


O que ainda não se sabe, afirma Belfort, é o modus operandi do vírus. Ele poderia exercer seus efeitos negativos por meio de seu potencial inflamatório ou alterando, de alguma maneira, a expressão de genes importantes para o desenvolvimento normal das estruturas cerebrais e oculares, por exemplo.




‘Guerreiros de fim de semana’.

11/01/2017 - O Globo


Sessão intensiva de atividade física uma vez por semana reduz em 30% risco de morte, diz estudo. As pessoas que reservam apenas o fim de semana para fazer atividades físicas podem comemorar. Um novo e amplo estudo comprova que quem se exercita apenas uma ou duas vezes a cada sete dias alcança quase tantos benefícios quanto quem faz o mesmo volume de esforço, mas ao longo de várias sessões na semana. Se comparados aos totalmente sedentários, esses dois perfis de indivíduos conseguem praticamente a mesma taxa de redução de risco de morte, indica a pesquisa publicada no “JAMA Internal Medicine”, periódico da Associação Médica Americana. O recado é claro: movimentar o corpo, ainda que uma vez na semana, já reduz significativamente os problemas de saúde.

— Milhões de pessoas gostam de fazer esporte uma ou duas vezes por semana, mas elas podem estar preocupadas de não estarem fazendo o suficiente — comentou Gary O’Donovan, pesquisador de atividade física da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, e autor do estudo. — Mas agora encontramos um benefício claro. O exercício somente uma ou duas vezes na semana é capaz de deixar as pessoas saudáveis.

O estudo analisou dados de mais de 60 mil adultos de meia idade entre 1994 e 2012. Neste período, quase 9 mil deles morreram, por diferentes razões. Ao longo da pesquisa, os participantes seguiram a recomendação mínima dos órgãos internacionais de saúde: 150 minutos semanais de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa. Eles variaram apenas a frequência com que realizavam os exercícios.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que, enquanto aqueles que se exercitaram várias vezes ao longo da semana tiveram uma redução de 35% no risco de morte, os participantes que fizeram apenas uma ou duas sessões alcançaram redução de 30%. O índice é sempre estimado em relação ao risco apresentado por quem é completamente sedentário.

A probabilidade de morrer especificamente por doença cardiovascular foi ainda mais parecida: um risco 41% menor para quem se exercitou mais vezes, e 40% menor para os “guerreiros de fim de semana”, como define o estudo. Já a redução no risco de morte por câncer foi de 21% para quem fez atividades com frequência, e 18% para adeptos de exercícios intensos uma ou duas vezes por semana.

Mas o estudo também mostra que as pessoas que conseguem aumentar a duração e a intensidade de suas atividades afastam ainda mais o risco de morte. Portanto, não se pode achar que 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos de intensa são o ideal, adverte um dos maiores especialistas do Brasil em medicina do exercício, o professor e cardiologista Claudio Gil Araújo, da UFRJ.

— Isto é o mínimo recomendado, e o que este novo estudo traz é a confirmação de que, mesmo que essa carga de atividade seja realizada em apenas um dia, os benefícios já são relevantes. No entanto, a quantidade ótima de exercício para um adulto de cerca de 40 anos é de duas a três vezes essa dose mínima, o que daria pelo menos duas horas e meia de atividade intensa ou cinco horas de atividade moderada por semana — explica o especialista.

Alguns médicos defendem que praticar atividades físicas somente aos fins de semana pode provocar um estresse oxidativo das células, trazendo prejuízos para o organismo, mas, segundo Claudio Gil, a teoria nunca foi comprovada. Nem cientificamente, nem na prática clínica.

— O que temos visto é que qualquer exercício, mesmo que longe do ideal, é melhor do que nada. A pior opção que uma pessoa pode fazer para a vida é ser sedentária — pondera ele.

O médico ressalta que a intensidade do exercício é mais importante do que a frequência. Então, é preferível levar menos tempo na atividade, mas fazê-la de modo intenso — como um spinning ou uma corrida rápida —, do que realizar uma atividade demorada, mas leve. Isto já foi analisado ao longo de um estudo publicado ano passado na revista “PLoS One”, mostrando que um minuto de exercício vigoroso pode ter o mesmo efeito de até 45 minutos de atividades moderadas.

— Exercícios intensos proporcionam benefícios específicos para a glicose e o colesterol. Se compararmos duas pessoas que perdem a mesma quantidade de calorias por semana, mas fazem exercícios de intensidade diferente, aquela que se exercita de forma mais intensa sem dúvidas estará com o organismo mais equilibrado — exemplifica Claudio Gil. — Mas temos que lembrar que, na realidade brasileira, com o calor que está fazendo neste verão, por exemplo, praticar atividades apenas no final de semana sob o Sol do meio-dia não é a melhor opção.

Para aqueles que incluíram a prática de exercícios físicos nas resoluções de ano novo, o autor da nova pesquisa recomenda começar com atividades moderadas, como uma caminhada rápida, para, a partir daí, estabelecer metas cada vez mais exigentes. Ele ressalta que é preciso ser realista para não correr risco de lesões.

— Uma pessoa de meia idade ou idosa deve fazer até 12 semanas de exercício moderado antes de introduzir qualquer exercício vigoroso — aconselha O’Donovan.




OMS: cigarro vai matar 8 milhões por ano em 2030

11/01/2017 - O Estado de S.Paulo


As mortes no mundo ligadas ao tabagismo devem aumentar de 6 milhões para 8 milhões por ano em 2030, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.

Mais de 80% das mortes devem ocorrer em países de baixa e média renda, onde vivem a maioria dos fumantes.

O estudo defende políticas antitabagistas, como taxação e aumento do preço do cigarro, e diz que elas podem gerar economia significante aos países com saúde e produtividade, uma vez que os governos gastam mais de US$ 1 trilhão por ano em razão do fumo. Segundo os especialistas, o tabaco é a maior causa evitável de morte no mundo, sendo responsável por casos de câncer e doenças do coração.

Segundo o estudo, o tabaco custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, em gastos com saúde e perda de produtividade.

O custo estimado supera as receitas com os impostos sobre o cigarro que, segundo a OMS, foram de cerca de US$ 269 bilhões em 2013 e 2014.

Atualmente, 6 milhões de pessoas morrem por ano em função do cigarro. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas com mais de 15 anos são fumantes. O relatório cita estudo de 2016 que, se os países criassem taxas para aumentar em US$ 0,80 o preço do maço do cigarro, a receita com a venda aumentaria em 47% – US$ 140 bilhões. O aumento poderia levar a uma diminuição de 9% dos fumantes, ou 66 milhões de pessoas.




Reduzir o sal evitaria a perda de 5,8 milhões de anos de vida

11/01/2017 - Correio Braziliense


Campanhas que incentivem a redução do consumo de sal podem reduzir consideravelmente as mortes causadas por complicações cardíacas, ressaltam cientistas americanos e ingleses em um estudo divulgado na última edição da revista British Medical Journal (BMJ). A equipe previu os custos e os possíveis impactos de programas governamentais com esse foco em 183 países, incluindo o Brasil, e concluiu que um plano de 10 anos que reduzisse em 10% a ingestão da substância evitaria a perda de 5,8 milhões de anos a cada 12 meses em decorrência de doenças cardiovasculares. Hoje, no planeta, enfermidades do tipo tiram a vida de 1,64 milhão de pessoas anualmente.

“Sabemos que o excesso de sal na dieta causa centenas de milhares de mortes cardiovasculares a cada ano. A questão principal é como reduzir o consumo de sal e quanto esse esforço custaria”, explicou, em comunicado, Dariush Mozaffarian, pesquisador da Escola de Ciências e Política de Nutrição da Universidade de Tufts, em Boston (EUA), em um dos participantes do estudo. A equipe considerou na projeção ações governamentais que combinassem acordos com a indústria alimentar e a educação pública e usou dados de 2010 com relação à ingestão de sódio, os níveis de pressão arterial, os efeitos da hipertensão sobre as doenças cardiovasculares, entre outros quesitos.

Os dados foram combinados com o auxílio de uma ferramenta da Organização Mundial da Saúde (OMS) usada como base em campanhas de combate a doenças não transmissíveis, incluindo gastos com recursos humanos, treinamento, reuniões, suprimentos, equipamentos e campanhas de comunicação. Dos 5,8 milhões de anos que seriam salvos, 42% estariam ligados a doença cardíaca coronária; 40%, a acidente vascular cerebral; e 18%, aos outros tipos de complicações cardiovasculares.

Para os autores, os resultados mostram que a adoção de uma política de redução do sódio pode ser mais estratégica que muitas intervenções médicas. “Descobrimos que um plano nacional apoiado pelo governo para reduzir o sal seria rentável em quase todos os países”, destacou, também em comunicado, Michael Webb, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Stanford. A OMS recomenta que a ingestão de sódio seja de no máximo 2g por dia. O valor é praticamente o que existe em um pacote de macarrão instantâneo.




Suspeita de febre amarela mobiliza MG

11/01/2017 - Valor Econômico


A Secretaria de Saúde de Minas Gerais anunciou ontem que está analisando exames laboratoriais de 23 pessoas que podem ter contraído febre amarela no Estado. Destas, 14 morreram. No mês passado, seis casos de malária no município de Diamantina levantaram o alerta do governo mineiro.

Os casos suspeitos de febre amarela ocorreram em 15 municípios. A lista das cidades não foi divulgada. Porém, na semana passada, a secretaria á havia diagnosticado 12 ocorrências nos municípios de Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga e Imbé de Minas. O último caso de contágio da doença dentro do Estado havia sido registrado em 2009, na cidade de Ubá.

Como ainda não há confirmação para febre amarela, os casos são tratados como febre hemorrágica aguda. Não está descartado que outras doenças tenham levado a esse quadro, como dengue, leptospirose e febre maculosa.

A febre amarela é causada por um vírus da família flaviviridae e ocorre em alguns países da América do Sul, da América Central e da África. No meio rural e silvestre, ela é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Já em área urbana, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, zika e febre chikungunya.

Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da febre amarela no Brasil não ocorre em áreas urbanas desde 1942. A Secretária de Saúde de Minas informa que todos os casos suspeitos ocorreram em regiões rurais e envolvem homens, com idades entre 7 e 53 anos.




Hospitais filantrópicos particulares de SP aderem ao programa 'Corujão'

11/01/2017 - Valor Econômico


Jornalista: Luciano Máximo e Beth Koike

Além de Sírio-Libanês, HCor, Oswaldo Cruz e Albert Einstein, os hospitais filantrópicos particulares Cruz Azul, Santa Marcelina, Edmundo Vasconcelos e Sepaco vão participar do Corujão da Saúde, programa da prefeitura de São Paulo que tentará zerar uma fila de espera de 485,3 mil exames na rede pública da capital paulista até março. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde, que também confirmou a participação da Santa Casa de São Paulo e a expectativa de contar com 60 unidades da rede de laboratórios Lavoisier, da Dasa, e 23 clínicas médicas populares Dr. Consulta.

Outros hospitais particulares sem fins lucrativos também devem aderir ao programa, cujo chamamento público ficará aberto até o fim do mês. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin, praticamente todos os hospitais filantrópicos associados à entidade informaram, durante um encontro realizado com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que têm interesse em participar do Corujão. "Não haverá um impacto relevante nos custos desses hospitais. A maioria deles já tem estrutura para atender pacientes da rede pública", disse Balestrin.

O secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, afirmou que o programa terá uma segunda fase que, a princípio, contemplará o encaminhamento dos pacientes para realização de cirurgias na rede pública, conforme a necessidade de cada caso. Pollara não confirmou se os procedimentos cirúrgicos poderão ser feitos em hospitais privados. A secretaria informou que isso depende da demanda e de consultas posteriores para avaliar os resultados de exames.

"Trata-se de um procedimento natural reparatório depois dos exames. Por enquanto, não há planejamento para isso, precisaria ocorrer uma crise aguda", complementou Joel Formiga, assessor da secretaria. Ele explicou que os hospitais filantrópicos, que contam com isenção fiscal, participam do Corujão por meio de convênio e usarão a cota filantrópica para receber da prefeitura de acordo com a tabela de custos do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa tabela também será referência para remunerar hospitais, clínicas e laboratórios privados.

É sabido no mercado de saúde do Brasil que a tabela do SUS não cobre os custos dos serviços prestados por operadores privados - por exemplo, o sistema público paga R$ 28 por uma radiografia e R$ 268 por uma ressonância magnética. "Sabemos que os valores são baixos, mas os parceiros já têm a estrutura montada para operar em horários mais ociosos, não precisarão fazer novos investimentos para participar do Corujão da Saúde, trata-se de diluir um custo fixo", disse Formiga. Ele estima que o programa será bancado com R$ 17 milhões do orçamento da própria Secretaria Municipal de Saúde.

O Sírio-Libanês e Alemão Oswaldo Cruz decidiram absorver o custo dos exames realizados dentro do programa Corujão, ou seja, abriram mão do repasse da prefeitura. Os dois hospitais são filantrópicos e fazem parte de um grupo de hospitais de excelência que contam com isenção tributária.

O Sírio-Libanês se comprometeu em realizar 2.240 exames de ultrassom por mês até março. O hospital já realiza, mensalmente, 3 mil exames de ultrassom por meio de uma outra parceria que mantém com a prefeitura paulista desde 2015. "Os exames do programa Corujão vão ser realizados pela nossa área de responsabilidade social. Já temos um ambulatório de ultrassom que realiza esse tipo de exame", disse Fernando Torelly, diretor-executivo do Hospital Sírio-Libanês. A equipe que hoje conta com 16 pessoas foi ampliada para 25.

Ainda segundo Torelly, se houver necessidade o hospital ampliará o prazo de atendimento do Corujão que está programado para terminar em março. "Hoje [ontem], primeiro dia do programa, nossa agenda está tomada, com todos os horários ocupados. Um dos pontos positivos deste programa é que agentes da secretaria estão ligando para os pacientes para confirmar. É comum o paciente faltar porque o exame está marcado há muito tempo, com isso há menos faltas e desperdício", afirmou o diretor do Sírio-Libanês.

Torelly afirmou ainda que está avaliando a possibilidade de ofertar outros tipos de exame dentro do programa Corujão, mas explicou que não foi consultado pela prefeitura para realização de cirurgias.

O Alemão Oswaldo Cruz vai subsidiar o custo de 4,8 mil tomografias, 330 ressonâncias e 2,4 mil ultrassons de mama entre janeiro e março. Os exames serão realizados, entre 19h e 6h na sede do hospital na região da avenida Paulista e na unidade de sustentabilidade que está localizada na Mooca.

Os exames serão realizados por pacientes que estão há menos de seis meses na fila de espera. As pessoas que já estão com pedidos acima desse prazo deverão passar por consulta na Santa Casa para solicitar um novo pedido de exame.




Tabagismo vai matar 8 milhões de pessoas anualmente, diz OMS

11/01/2017 - O Globo


O tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano e matará um terço a mais de pessoas até 2030, em comparação com o número de óbitos que já provoca atualmente. A previsão é de que as doenças relacionadas ao cigarro sejam responsáveis por 8 milhões de mortes anuais. Estas projeções constam de um relatório divulgado ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.

O custo atual estimado supera amplamente as receitas globais com os impostos sobre o fumo, que, segundo a OMS, chegaram a cerca de US$ 269 bilhões de 2013 a 2014.

“O número de mortes relacionadas ao tabaco deverá aumentar de cerca de 6 milhões para cerca de 8 milhões anualmente até 2030, sendo que mais de 80% vão ocorrer em países de baixa e média renda”, detalha o estudo.

Em torno de 80% dos fumantes vivem nesses países, e, embora a prevalência do tabagismo esteja caindo entre a população global, o número absoluto de fumantes em todo o mundo está aumentando, diz o documento.


CUSTOS DE SAÚDE PÚBLICA


De acordo com especialistas em saúde, o fumo é a maior causa evitável de morte em todo o planeta. “É responsável por provavelmente mais de US$ 1 trilhão em custos de saúde e perda de produtividade a cada ano”, estima a publicação, revisada por mais de 70 cientistas de diferentes países.

— O impacto econômico do tabaco nos governos, e no público geral, é enorme, como mostra este novo relatório. A indústria tabagista produz e vende produtos que matam milhões de pessoas de forma prematura, rouba finanças da economia doméstica que poderiam ter sido usadas para a alimentação e educação, e impõe imensos custos à saúde de famílias, comunidades e países — alerta Oleg Chestnov, subdiretor-geral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis e Saúde Mental da OMS.

Dados divulgados em 2015 pela organização já mostravam que, em 2013, aproximadamente dois terços dos fumantes no mundo viviam em apenas 13 países, entre eles Brasil, China, Índia e Rússia, somando 736,3 milhões de pessoas. No Brasil, havia cerca de 24,6 milhões de consumidores do produto naquele ano. O relatório destaca ainda a forte indústria do tabaco no Brasil, que é o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas da China.

Os custos econômicos com o tabagismo devem continuar aumentando e, apesar de os governos terem as ferramentas para reduzir o fumo e as mortes associadas, a maioria não conseguiu aproveitá-las adequadamente, afirma a análise.

“O temor dos governos de que o controle do tabaco terá um impacto econômico adverso não é justificado pelas evidências. A ciência é clara: o momento para a ação é agora”, completa o relatório.


MEDIDAS DE COMBATE


Diversos países já fazem uso de medidas de controle do tabagismo, como impostos extras, restrições a publicidade de fabricantes de cigarro e advertências nos rótulos dos produtos com imagens fortes ilustrando os problemas de saúde causados pelo fumo.

Por outro lado, países como Cuba, Indonésia, Honduras e República Dominicana estão se posicionando contra a adoção de medidas tomadas, por exemplo, na Austrália, onde os maços das mais diferentes marcas foram padronizados.

De acordo com o estudo, a decisão australiana está sendo observada de perto por países que estudam políticas semelhantes, como Noruega, Eslovênia, Canadá, Bélgica e África do Sul.




Corujão atenderá 16% da fila de exames no primeiro mês

11/01/2017 - O Estado de S.Paulo


Jornalista: Fabiana Cambricoli

Lançado oficialmente ontem, o programa Corujão da Saúde, proposta da gestão João Doria para zerar a fila de espera por exames na capital, realizará em seu primeiro mês 80 mil exames, o equivalente a 16% da lista de 485 mil pacientes que aguardam esse tipo de atendimento hoje. A promessa de Doria é acabar com a fila em três meses. O custo total do projeto será de R$ 17 milhões.

Segundo o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, estão garantidos para os três primeiros meses de programa 240 mil exames. “Serão 80 mil por mês, incluindo hospitais privados, filantrópicos e ampliação da rede própria”, disse.

A outra metade da lista não foi agendada porque está em uma de duas situações: ou faz parte da fila há mais de seis meses e terá de passar por reavaliação médica, ou aguarda há menos de 30 dias e entrará no fluxo comum de marcação. Os que passarão por reavaliação médica já estão tendo as consultas agendadas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, e serão encaminhados para exames no mesmo prazo caso haja necessidade do procedimento.

Ontem, três hospitais privados conveniados à Prefeitura começaram a realizar os exames por meio do programa: HCor, que fará 300 exames de tomografia computadorizada; Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que ofertará 7.530 procedimentos, entre tomografias, ressonâncias magnéticas e ultrassonografias; e Hospital Sírio Libanês, que fará 6.720 procedimentos.

O Hospital Albert Einstein ofertará 90 ressonâncias e 270 tomografias a partir da semana que vem.

Segundo a administração municipal, aderiram ao programa ainda os Hospitais Santa Marcelina, Edmundo Vasconcelos, Cepaco e Santa Casa de Santo Amaro, e outros oito já estão em fase de adesão. Também participarão do Corujão quatro redes de laboratórios da capital, entre elas o Lavoisier.


MADRUGADA


Apesar de ser batizado de Corujão da Saúde, nem todos os exames serão realizados à noite ou de madrugada.

No Einstein, por exemplo, os procedimentos serão das 8 às 18 horas. No HCor, os exames começarão às 16 horas. No Sírio, os procedimentos serão marcados para no máximo 21h30. No Oswaldo Cruz, os procedimentos serão 24 horas.

Para facilitar o deslocamento da população, a gestão Doria informou ontem que estuda linhas noturnas de ônibus direcionadas especificamente para os hospitais do programa. Doria ainda afirmou que a prioridade de agendamento será para fora da madrugada.

Outra novidade anunciada ontem é sobre o encaminhamento posterior dos beneficiados pelo Corujão. Segundo o governo, será feito um convênio com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para as consultas de retorno necessárias a partir de abril. A Santa Casa também fará as consultas de reavaliação daqueles que aguardam na fila há mais de seis meses.


PRIMEIRO DIA


Embora prefeito e secretário tenham dito que a prioridade nos agendamentos nos hospitais privados seja de quem está na fila de espera entre 1 mês e 6 meses, o primeiro dia do Corujão tinha pacientes de diferentes perfis. A auxiliar de limpeza Maria das Graças Queiroz da Silva, de 48 anos, por exemplo, passou no médico na AMA da Lapa na sexta-feira com dor de cabeça e recebeu um pedido para tomografia.

Já na segunda-feira foi chamada para o HCor. “Fui premiada porque foi muito rápido. Só que estou esperando um ultrassom de tireoide há quatro meses e para esse não fui chamada. ”  Já o porteiro Adeildo Gomes, de 49 anos, esperava desde agosto por uma tomografia e também foi incluído no primeiro grupo de pacientes atendidos pelo Corujão da Saúde. “Tive de remarcar o retorno com o médico porque eu não tinha feito o exame ainda. Agora vou conseguir”, diz ele, morador do Jardim Peri Peri, na zona oeste.




Saúde: município terá nova regulação

11/01/2017 - O Globo


“Não podemos ter uma fila para cirurgia de hérnia no Hospital Federal Cardoso Fontes e uma outra no Miguel Couto, da prefeitura. Faremos uma só”. A medida foi anunciada ontem pelo secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos, que, na noite de segunda-feira, discutiu o assunto com o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, Jair Veiga. Eles preparam um plano para organizar a espera de pacientes de acordo com o tipo de atendimento na rede pública do Rio, inclusive do estado, e não mais por unidades.

A estratégia será a base do projeto que tem como objetivo diminuir o número de pacientes que aguardam consultas, exames ou cirurgias eletivas em hospitais municipais, federais e estaduais. Apenas os que chegarem às unidades pelos setores de emergência não entrarão nas filas. O plano de atendimento unificado deve ficar pronto até o próximo dia 1º, conforme estabelece um decreto do prefeito Marcelo Crivella publicado logo após sua posse.

— O acesso aos ambulatórios é feito pelo sistema de regulação do município. Depois, os pacientes entram nas filas dos hospitais. Hoje, cada um tem a sua — disse Veiga.

O plano do município e do governo federal deverá contemplar ainda a criação, de fato, de uma central única de regulação de consultas, exames e leitos no Rio. Atualmente, prefeitura e estado têm centrais independentes.

— A central é unificada apenas no papel. É preciso haver uma reorganização do sistema — destacou Carlos Eduardo.

O secretário municipal de Saúde acrescentou que o próximo passo será chamar o estado para conversar:

— Os três entes precisam trabalhar em harmonia. Lá fora, temos filas enormes de pacientes que não querem saber se a responsabilidade é do município, do estado ou da União.


POSSIBILIDADE DE MUTIRÕES


Antes da reformulação do sistema de regulação, Veiga e Carlos Eduardo acertaram uma medida para aliviar, a curto prazo, o problema da longa espera por atendimento em hospitais públicos do Rio. O representante do Ministério da Saúde se comprometeu a apresentar, na próxima segunda-feira, um projeto para diminuir as dez maiores filas para consultas, cirurgias e exames da cidade. A ideia é que médicos das seis unidades federais localizadas no município façam mutirões.

Hoje, há 28.035 pessoas esperando consultas oftalmológicas, como o GLOBO mostrou no último domingo. Em muitos casos, a espera pode passar de um ano.

Ontem, Crivella disse temer uma “sobrecarga nas unidades municipais” devido à crise financeira do estado. Durante uma visita ao Hospital Jesus, em Vila Isabel, referência no tratamento pediátrico, ele ouviu da diretora Ariane Molinaro que existe um déficit de 50 técnicos de enfermagem e enfermeiros na unidade. Ali, há 250 crianças à espera de cirurgias.




O descaso russo em relação ao HIV

10/01/2017 - Zero Hora Online


Sem alarde, o número de russos que recebeu um diagnóstico de HIV positivo passou da marca do milhão no ano passado. No entanto, há pouca indicação de que o governo direcione recursos adequados para conter a propagação do vírus de grupos de alto risco para a população em geral.

Cerca de 850 mil russos são portadores de HIV e outros 220 mil morreram desde a década de 1980, informou Vadim Pokrovsky, chefe do Centro Federal de Aids, sediado em Moscou, que estima que pelo menos outros 500 mil casos de HIV tenham sido diagnosticados.

Embora o uso do termo "epidemia" seja negado por algumas autoridades, os peritos na linha de frente como Pokrovsky dizem que é exatamente isso que está acontecendo. Argumentam que a estimativa total de vítimas constitui cerca de um por cento da população russa, que é de 143 milhões de habitantes, suficiente para ser considerada uma epidemia. Além disso, afirmaram que o sexo heterossexual logo ultrapassaria o uso de drogas injetáveis como o principal meio de infecção.

"Isso já pode ser considerado uma ameaça para toda a nação", disse Pokrovsky, acrescentando que o número de casos aumenta em cerca de 10 por cento por ano. Em 2016, cem mil novas infecções foram antecipadas, cerca de 275 por dia. É a maior epidemia na Europa e uma das maiores taxas de infecção do mundo.

Apesar do recorde sombrio, os especialistas não acreditam que algo mude na Rússia, onde as vítimas ainda enfrentam o tipo de estigma que predominava no Ocidente na década de 1980, e onde a contínua guerra de trincheiras entre o Kremlin e organizações não governamentais independentes minam esforços coletivos. Além disso, algumas vozes influentes tentam impor os "valores familiares" como o programa de prevenção ideal.

Em muitos aspectos, a luta da Rússia contra o HIV é um estudo de caso na tensão constante entre a sociedade civil e o governo do presidente Vladimir Putin; a atividade pública fora do controle governamental é considerada inerentemente suspeita. A tensão aumentou no ano passado, depois que o Ministério de Justiça rotulou várias ONGs envolvidas no combate à Aids como "agentes estrangeiros", porque haviam recebido fundos internacionais.

O presidente se mantém basicamente em silêncio. Em geral, segundo ativistas, a combinação de indiferença para com as vítimas, a austeridade financeira do governo, a hostilidade contra fundos estrangeiros e um poderoso grupo de negadores da Aids acabam com a possibilidade de um esforço nacional coerente.

Especialistas criticaram uma nova estratégia do governo russo na luta contra o HIV, lançada em outubro, por ser um tanto vaga, inclusive sem plano de execução ou injeção de novas verbas.

Apesar disso, ambos os lados na guerra contra o HIV concordam que a Rússia fez alguns progressos. O fato de que existe uma estratégia nacional – bem como um programa de publicidade promovendo exames de sangue, apoiados por Svetlana Medvedeva, a esposa do primeiro-ministro – ao menos indica algum interesse dos poderosos.

Em São Petersburgo, um casal, Dra. Tatiana N. Vinogradova e Andrei Skvortsov, tenta superar a divisão entre o governo e as ONGs sobre o assunto.

Tatiana é uma guerreira de terceira geração no combate ao HIV. Sua avó, especialista em doenças infecciosas, tratou um dos primeiros pacientes em São Petersburgo no final da década de 1980 e se dedicou a estabelecer um centro de Aids na cidade; sua mãe o administrou, e a própria Tatiana é agora sua chefe-adjunta de pesquisa científica.

Skvortsov, magro, desleixado e HIV positivo – ex-viciado em drogas e ex-presidiário – comanda uma pequena ONG chamada Pacientes em Controle, fundada em 2010 para tentar persuadir, pressionar e constranger o governo federal e local a fornecer tratamento garantido pelo governo.

No Centro de Aids de São Petersburgo, Tatiana, de 41 anos, viu a prevalência entre drogados diminuir enquanto casos entre casais heterossexuais aumentam.

"Chamar a isso de epidemia seria o mesmo que admitir que o governo deixou o problema fugir ao controle nos últimos 30 anos", disse ela, explicando por que o termo é evitado. Mas usa a estratégia nacional e qualquer declaração oficial que encontra para tentar arrancar mais dinheiro de políticos. "Isto aqui é a Rússia, então tudo tem que ser feito de cima para baixo para que algo aconteça."

Os dois já tentaram usar o casamento para ajudar a acabar com o estigma de que a doença é uma praga incurável limitada a viciados, homossexuais ou outras pessoas que iriam morrer de qualquer jeito.

"Vejo as pessoas pularem para trás quando ele diz que vive com o HIV. Agora, sempre que ouço falar sobre discriminação, tomo isso como uma ofensa pessoal", disse Tatiana, e ainda há profissionais médicos mais velhos particularmente temerosos, apesar da quantidade de provas mostrando que quem toma medicamentos antivirais não transmite a infecção.

Ativistas e especialistas sempre voltam a apontar a falta de apoio do governo como a raiz do problema.

Sob as diretrizes da Organização Mundial de Saúde para reduzir a propagação da doença, pelo menos 90 por cento dos pacientes HIV positivos devem receber medicamentos antivirais.

Na Rússia, cerca de 37 por cento recebem tal tratamento, de acordo com estatísticas do governo. "Os programas de prevenção não estão funcionando, a cobertura não é suficiente para quebrar a curva", disse Vinay P. Saldanha, diretor regional da UNAIDS para a Europa Oriental e Ásia Central.

A Rússia está entre os cinco países que representam quase metade das novas infecções em todo o mundo; os outros são África do Sul, Nigéria, Índia e Uganda, segundo dados da UNAIDS, embora em alguns desses casos, uma percentagem muito mais elevada da população total esteja infectada.

A maioria dos US$ 338 milhões anuais do orçamento federal russo destinado ao HIV é gasto com remédios, e quase nada vai para a educação preventiva. Veronika Skvortsova, a ministra da Saúde, já disse várias vezes que a expansão de programas de tratamento é uma prioridade do governo. (Ela não é parente de Andrei Skvortsov.) Porém, depois de uma profunda recessão, pouco dinheiro se materializou.

Ao mesmo tempo, a Igreja Ortodoxa Russa e alguns políticos promovem "valores conservadores" como a melhor forma de combater o HIV.

O patriarca Kirill pediu "educação moral", salientando que "estabelecer valores familiares, ideais de castidade e fidelidade conjugal" deveria ser a principal estratégia na contenção do vírus.

Tanto o governo quanto a Igreja firmemente se opõem à educação sexual para crianças. Um alto oficial do governo afirmou que a literatura clássica era a melhor professora.

O Estado também se opõe terminantemente ao tratamento com metadona para viciados, às vezes dizendo que esse é um esquema "narco-liberal". Em outros países, programas com a droga são usados para tratar e monitorar pacientes infectados por agulhas intravenosas.

A ênfase em valores tradicionais desanima aqueles que lutam contra a doença. "Valores tradicionais significam apenas deixar tudo como está. Se temos valores tradicionais e não fazemos nada, a epidemia vai continuar se espalhando", disse Pokrovsky.

Além de todos os problemas, o governo federal tenta silenciar organizações que desafiaram suas políticas, rotulando-as de "agentes estrangeiros" por receber doações do exterior, forçando algumas a fechar.

A Fundação Andrey Rylkov para Saúde e Justiça Social, que distribui agulhas e preservativos gratuitos no sul de Moscou, agora tem que grampear um pequeno selo em seus sacos de plástico, dizendo "Agente Externo", como exigido por lei. Quem os recebe diz não se importar, mas isso significa que a fundação não pode trabalhar com organizações governamentais.

Elena Plotnikova, que trabalha para a fundação, disse: "O HIV não é um problema pessoal, é uma questão social que deve ser resolvida como tal, só que a atitude do governo é como se dissesse: 'A decisão ruim foi sua e não vamos ajudá-lo'."




Descoberta da USP apresenta potencial para tratar câncer

10/01/2017 - Portal Exame


Um pequeno peptídeo sintético identificado por pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) apresentou em testes pré-clínicos potencial para inibir o crescimento patológico de novos vasos sanguíneos, processo que ocorre em doenças como retinopatia e câncer.

A pesquisa foi conduzida durante o pós-doutorado de Jussara Michaloski Souza, sob a coordenação do professor Ricardo Jose Giordano. O projeto teve apoio da FAPESP e seus resultados foram divulgados recentemente na revista Science Advances.

“O peptídeo ainda não é um fármaco, mas pode servir de modelo para o desenvolvimento de um novo inibidor de angiogênese”, disse Giordano em entrevista à Agência FAPESP.

Como explicou o pesquisador, angiogênese é o processo de formação de novos vasos sanguíneos a partir de outros já existentes.

Ele pode ocorrer de maneira fisiológica, durante um processo de cicatrização ou quando há aumento na demanda de oxigênio e nutrientes em um determinado tecido.

Mas no caso da retinopatia diabética, por exemplo, o excesso de glicose no sangue induz um desenvolvimento excessivo e desorganizado dos vasos da retina – causando lesões no tecido e podendo comprometer a visão.

Já em alguns tipos de câncer, o tumor libera mediadores que induzem uma intensa angiogênese para aumentar o aporte de oxigênio e nutrientes para as células malignas continuarem a se proliferar descontroladamente.

Os principais mediadores envolvidos no processo de angiogênese são quatro proteínas da família VEGF (fator de crescimento endotelial vascular, na sigla em inglês): VEGFA, B, C e D.

Elas precisam se ligar a receptores específicos existentes na superfície das células – as proteínas VEGFR-1, 2 e 3 – para que seja disparada uma cascata de sinalização intracelular e o processo de formação dos novos vasos tenha início.

“O peptídeo que descrevemos no estudo, cuja sequência de aminoácidos é PCAIWF, mostrou-se capaz de se ligar aos três receptores de VEGF na superfície da célula, bloqueando a ação de toda a família de proteínas”, contou o pesquisador.


DESCOBERTA


Para encontrar a molécula que melhor interagia com a porção extracelular dos receptores, o grupo coordenado por Giordano desenvolveu e triou uma biblioteca com quase 10 bilhões de peptídeos diferentes. Para isso, foi usada uma técnica conhecida como Phage Display.

O método consiste em manipular o genoma de bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) para fazer com que cada partícula viral sintetize um diferente peptídeo – que fica aderido à sua proteína de superfície.

“Usamos bacteriófagos porque são vírus muito resistentes a variações na temperatura e no pH. Dessa forma, as bibliotecas de peptídeos geradas permanecem viáveis para a pesquisa durante anos”, contou Giordano.

O passo seguinte foi incubar toda a biblioteca com um receptor de VEGFR para ver quais partículas virais ficariam aderidas a essa proteína.

“A princípio, focamos apenas no VEGFR-3, que era o menos estudado até então em relação à angiogênese. A ideia era identificar um peptídeo que se ligasse a esse receptor para descobrir o que aconteceria se ele fosse bloqueado”, contou Giordano.

Os primeiros ensaios indicaram o peptídeo PCAIWF como o mais promissor. Ao realizar novos testes in vitro com a molécula purificada (não mais acoplada ao bacteriófago), os pesquisadores descobriram que ela também se ligava ao VEGFR-1 e 2, bloqueando a ação de toda a família VEGF.

“Cada uma das proteínas se liga a receptores diferentes. O VEGFA, por exemplo, se liga ao VEGFR-1 e 2, mas não se liga ao VEGFR-3. Já o VEGFC se liga ao VEGFR-2 e 3, mas não ao VEGFR-1. Ao bloquear os três receptores, portanto, inibimos a ação de todas as proteínas dessa classe, o que sugere uma ação mais eficaz”, explicou Giordano.


TESTES IN VIVO


Para testar o efeito in vivo, os pesquisadores usaram um modelo de camundongo que simula a retinopatia da prematuridade. Em bebês humanos, essa condição é causada pela exposição excessiva ao oxigênio em incubadoras neonatais.

O gás inibe a formação dos vasos da retina, que normalmente ocorre nas últimas semanas de gestação. Quando o bebê sai da incubadora, o tecido ocular passa a sofrer de hipóxia (falta de oxigênio) e ocorre uma angiogênese patológica.

“O bebê camundongo nasce com os olhos fechados e eles só abrem por volta do 14º dia de vida. O processo de formação dos vasos da retina ocorre, portanto, após o nascimento nesses roedores e podemos simular o processo que acomete bebês prematuros”, explicou Giordano.

Os camundongos foram colocados aos sete dias de vida em uma câmara de oxigênio e permaneceram lá até o 12 º dia.

No 15º dia, parte dos animais recebeu uma injeção intraocular com o peptídeo PCAIWF e, dois dias depois, quando deveria ocorrer o ápice do processo de angiogênese, os camundongos foram analisados.

Enquanto nos animais que receberam apenas placebo os sinais de retinopatia eram evidentes, no grupo tratado com o peptídeo a área vascular e a profundidade da vasculatura estavam semelhantes às dos roedores que não passaram pela câmara de oxigênio e, portanto, apresentavam o desenvolvimento normal da retina.


NOVOS PASSOS


Segundo Giordano, os resultados obtidos durante o pós-doutorado de Souza abriram novas frentes de pesquisa. Uma delas, que já teve início, é o estudo aprofundado da estrutura do peptídeo, por meio de métodos como ressonância magnética nuclear, para entender como ele interage com os receptores.

“Esse conhecimento abre caminho para o desenho racional de novos inibidores de angiogênese – que possam, talvez, ser administrados por via oral. Mas, apesar de o peptídeo não ser a droga ideal por precisar ser injetado diretamente no olho, o que não é agradável, talvez seja possível desenvolver nanoformulações para tornar sua liberação mais lenta. Desse modo, seria possível espaçar as injeções”, disse Giordano.

Atualmente, há no mercado o biofármaco injetável bevacizumab, que age neutralizando a ação do VEGFA.

“Trata-se de um anticorpo monoclonal que neutraliza a ação da proteína mais importante para o processo de angiogênese e tem sido usado para tumores de cólon, rim, gliomas e também no tratamento da retinopatia. Mas é um medicamento caro. Custa cerca de R$ 5 mil a dose e são necessárias injeções mensais”, contou Giordano.

Outra opção é o fármaco sunitinibe que, embora tenha a vantagem de ser administrado via oral, apresenta mais efeitos colaterais por ter ação sistêmica.

“Ele age na porção intracelular dos receptores de VEGF e acaba afetando também outras proteínas parecidas, como o receptor da proteína PDGF [fator de crescimento derivado de plaquetas, na sigla em inglês]. Sem a ação da PDGF, o vaso fica mais frágil e hemorrágico, o que pode afetar principalmente o coração”, explicou o pesquisador.

Já o peptídeo PCAIWF, explicou Giordano, age na porção extracelular dos receptores de VEGF – parte em que essas proteínas são mais diferentes de outras da mesma classe (tirosinas quinases).

Ainda assim, na avaliação do pesquisador, os riscos de efeitos adversos não são desprezíveis se a administração for por via oral, pois a droga pode afetar o processo fisiológico de angiogênese em outros tecidos.

“Estamos agora tentando identificar em modelos animais genes que são expressos apenas na angiogênese patológica, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento de fármacos ainda mais seletivos”, comentou Giordano.

O artigo “Discovery of pan-VEGF inhibitory peptides directed to the extracellular ligand-binding domains of the VEGF receptors” (DOI: 10.1126/sciadv.1600611) pode ser lido aqui.




Cientistas desenvolvem biosensor que detecta tumores antes que se originem

10/01/2017 - UOL


Uma equipe de pesquisadores espanhóis desenvolveu um biosensor capaz de detectar tumores antes mesmo que eles se originem.

O método de diagnóstico foi desenvolvido por cientistas da Universidad Complutense de Madri (UCM) e do Instituto de Pesquisas Biomédicas Alberto Sols, em parceria com diferentes hospitais.

Antes mesmo do desenvolvimento de um tumor maligno, o sistema imunológico tenta combatê-lo gerando determinados anticorpos. Quando as células vão se transformar em tumorais, há uma alteração da expressão de algumas proteínas. Essa mudança pode se iniciar vários meses - ou até anos - antes do desenvolvimento da doença e que ela seja detectada pelos médicos.

"Nosso sistema imunológico produz os anticorpos três anos antes que se manifestem os primeiros sintomas", explicou Susana Campuzano, pesquisadora do Departamento de Química Analítica da UCM e coautora do trabalho.

O novo biosensor detecta esses anticorpos em pacientes com câncer e pessoas com alto riscos de sofrer a doença no futuro.

Os pesquisadores comprovaram a efetividade em amostras sorológicas de quatro pacientes com câncer de cólon e dois de ovário. Além disso, ele também foi analisado para analisar 24 pessoas com elevada probabilidade de desenvolver tumores malignos no cólon por antecedentes genéticos.

"Com a ajuda do biosensor, os cientistas determinaram os anticorpos gerados pelos pacientes para a proteína p53, conhecida como a guarda do genoma, já que repara mutações do DNA evitando alterações no ciclo celular e a aparição dos tumores", afirmou José Manuel Pingarrón, professor da UCM e coautor do estudo.

Quando a p53 sofre uma mutação e se multiplica sem controle, o sistema imunológico de entre 10% e 40% dos pacientes com câncer produz anticorpos contra ela, alertando sobre a possível doença.

"A presença de anticorpos da proteína p53 poderia ser o indicativo da existência de uma doença neoplástica já iniciada ou do risco de desenvolvê-la em um futuro próximo", completou Rodrigo Barderas, pesquisador do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UCM e também coautor do trabalho.

O biosensor apresentou uma sensibilidade 440 vezes superior à de outros dispositivos similares e soube identificar melhor as amostras sorológicas positivas e negativas de anticorpos da proteína p53.

O estudo também destaca a simplicidade do manejo, a portabilidade e, sobretudo, a rapidez em que o biosensor realiza o teste: apenas seis horas. Os métodos tradicionais demoram semanas ou meses.

Além de servir como método de diagnóstico antecipado, o biosensor pode ser utilizado para acompanhar a evolução da doença em pacientes que apresentem anticorpos da proteína p53 em biópsias líquidas.

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