
Governo publica MP que permite reajustes no preço de medicamentos
20/12/2016 - Valor Econômico / Site
O presidente Michel Temer publicou nesta terça-feira (dia 20) uma medida provisória que permite aumentar ou reduzir os preços de medicamentos "excepcionalmente", e não apenas no período definido para reajuste desses valores.
A medida abre espaço para que o conselho de cinco ministros vinculados à Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) possa autorizar alterações "excepcionais" no preço a qualquer momento, e não apenas no fim de março, período em que o governo anuncia o percentual máximo permitido de reajuste definido para esses produtos.
O texto foi publicado no Diário Oficial da União. A medida gerou reação de membros da indústria farmacêutica, que temem a possibilidade de redução nos preços dos remédios.
Membros do governo, no entanto, dizem que a medida foi motivada pelo oposto: a possibilidade de aumento nos preços para estimular a produção de alguns medicamentos com valores tidos como "defasados" e em situação de desabastecimento ou baixos estoques no mercado.
O principal exemplo é a penicilina, utilizada para tratamento da sífilis, doença que vem avançando no país. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, diz que a mudança deve estimular a produção do medicamento.
"A emergência que temos é a sífilis, mas também temos problemas em obter alguns medicamentos para tratamento de câncer. Com isso, viabilizaremos a produção de vários medicamentos que são hoje inviáveis economicamente e que são de interesse do poder público", justifica.
Questionado, ele nega que o aumento já em estudo pela pasta no preço de alguns produtos possa afetar o consumidor. "São produtos de aplicação hospitalar, que não são de venda de varejo, então não há preocupação", afirma. Além da penicilina, poderão ter preços ajustados os medicamentos benzonidazol, L-asparaginase e dactinomicina, usados para tratamento de câncer, informa o ministério.
Ainda de acordo com a pasta, o novo mecanismo deve ser usado apenas em situações "como potencial risco de desabastecimento ou epidemiológico no Brasil; falta de alternativa terapêutica que supra o mercado nacional e nos casos de medicamentos essenciais que integrem as listas de dispensação ou de procedimento do SUS". Tais situações, no entanto, não foram especificadas no texto da MP.
CRÍTICAS
A ausência dessas especificações no texto da medida provisória gerou críticas de representantes da indústria. Para Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma, sindicato que representa algumas das maiores farmacêuticas do país, a MP é "populista" e traz riscos ao setor.
"A previsibilidade do nosso setor desaparece completamente. Como vou investir em uma nova fábrica se não sei se o valor do mercado de hoje é o mesmo de amanhã? O fator 'excepcional' é completamente subjetivo", afirma ele, que diz que já estuda recorrer à Justiça para evitar a mudança.
Segundo ele, o texto da medida abre brecha para uma maior interferência em todo o mercado de medicamentos —tanto para aumento quanto para redução nos preços. "Ficou uma medida extremamente ampla. Se algum produto sofrer redução nos preços, ele pode vir a sumir do mercado, o que também traz riscos ao consumidor", afirma Mussolini.
Já o ministro Ricardo Barros nega prejuízos e afirma que qualquer decisão de mudança nos preços deve ser feita de forma unânime pelos cinco ministros. Segundo o ministro, os critérios serão definidos por meio de uma regulamentação através da Cmed. "Nossa expectativa é termos isso definido até o fim deste ano", diz.
Anvisa aprova nova droga para controle da obesidade
21/12/2016 - Folha de S.Paulo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro de uma nova droga indicada para controle da obesidade, o Belviq.
O remédio, composto de cloridrato de lorcasserina hemihidratado, é o segundo com essa indicação a ser aprovado neste ano pela agência –até então, o último registro semelhante havia ocorrido em 1998.
Segundo a agência, o medicamento é indicado como auxiliar em tratamentos que também envolvem dietas de redução de calorias e aumento de atividade física para controle do peso crônico.
O remédio, na forma de comprimidos revestidos, é indicado a pacientes com quadro de obesidade (índice de massa corporal igual ou maior do que 30 kg/m2) e alguns casos de sobrepeso, quando o paciente tem índice igual ou maior que 27 kg/m2 associado à presença de pelo menos uma doença relacionada, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e apneia do sono.
Com o clodridrato de lorcasserina, o Brasil passa a ter quatro medicamentos disponíveis no mercado contra a obesidade –os outros são o orlistat, sibutramina e liraglutida.
HIPOTÁLAMO
Segundo a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da Abeso (associação brasileira de estudo da obesidade), o novo medicamento tem mecanismo de ação diferente dos demais.
"Ela [lorcasserina] ativa um receptor específico de serotonina que fica no hipotálamo, que é o centro principal de controle de balanço energético. E lá aumenta a produção de melanocortina, [hormônio] que traz uma redução da fome. É o único medicamento que vai agir exatamente nesse receptor", explica. "Vemos como mais uma opção, porque nem todos os pacientes respondem bem a todos os tratamentos", afirma a endocrinologista.
Ainda de acordo com Melo, o medicamento também tem aparenta ter menos efeitos colaterais. Os mais comuns são dores de cabeça, boca seca e constipação intestinal, informa. "É um medicamento que tende a ser bem tolerado. Mas como nunca usamos, a prática vai nos dizer muito mais. Com o tempo, vamos avaliar", diz.
O novo remédio deve ter tarja vermelha, sujeito à receita médica. Após a aprovação do registro, o produto deve ter o preço máximo permitido de venda definido pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). No exterior, o medicamento custa cerca de R$ 400 por mês.
Além do Brasil, o Belviq já tinha sido aprovado em outros países, como os EUA. O medicamento é produzido pela empresa suíça Arena Pharmaceuticals. Já a detentora do registro no Brasil é a Eisai Laboratórios, de São Paulo.
Mercado Aberto: Baixe a bula
21/12/2016 - Folha de S.Paulo
A rede de farmácias Onofre vai investir em vendas on-line para crescer em 2017, segundo a diretora-geral, Elizangela Kioko. Hoje, o comércio virtual representa metade da receita da companhia.
Além de desenvolver uma nova plataforma para as vendas, que deverá ser lançada no fim do ano, a companhia planeja ampliar sua estrutura de distribuição -o valor do aporte não foi revelado.
A empresa tem três centros voltados exclusivamente à entrega de produtos comprados pela internet. Em 2017, dois deles, em São Paulo e no Rio, serão trocados por unidades maiores.
Em 2016, a Onofre fechou 12 lojas físicas e abriu oito unidades.
O saldo negativo faz parte da adaptação que a empresa vive desde 2013, quando foi comprada pela americana CVS Health.
Desde então, foram fechados pontos de venda menores e endereços foram reavaliados, diz Kioko.
"Este ainda foi um ano de reestruturação, não tínhamos expectativa de crescimento, mas, em 2017, projetamos um aumento de 20% da receita acima da inflação." A empresa não abre seu faturamento.
37
são as lojas da rede, que atua em São Paulo, Rio e Minas
4
são os centros de distribuição
Remédios poderão ter reajuste ‘excepcional'
21/12/2016 - O Estado de S.Paulo
O presidente Michel Temer publicou ontem no Diário Oficial da União uma medida provisória que permite reajustar ou diminuir os preços dos medicamentos “excepcionalmente”.
A decisão será tomada pelo conselho de ministros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o objetivo da MP é manter no mercado medicamentos de baixíssimo custo que são comprovadamente eficazes, mas não há mais interesse econômico na produção.
Ele citou como exemplo a penicilina, que está em falta. “Estamos com uma epidemia de sífilis e não conseguimos resolver o problema porque não há interesse econômico na produção da penicilina nem pelos laboratórios públicos. Vamos ajustar o preço de custo para que se tenha uma margem para quem produz, seja laboratório público ou privado, e dessa forma poderemos abastecer o mercado e evitar essa epidemia”, afirmou o ministro ao Estado.
De acordo com o Ministério da Saúde, além da penicilina, outros medicamentos que podem ter preços ajustados são os de tratamento de câncer, como Benzonidazol, L-asparaginase, Dactinomicina e componentes usados, por exemplo, como contraste em exames de radiografia.
Todos eles apresentaram produção instável nos últimos anos e a fabricação está sendo acompanhada pelo ministério.
Em nota divulgada ontem, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) disse que a medida “preocupa a indústria, pois rompe com a norma de regulação econômica para o setor farmacêutico, causando um clima de indefinição e incerteza”.
“A instabilidade criada pela MP tem o potencial de congelar os investimentos já programados pela indústria farmacêutica, podendo até mesmo afetar o mercado de trabalho setorial, que hoje emprega 600 mil profissionais diretos e indiretos”, informa a nota.
Atualmente, os medicamentos com preços controlados têm reajuste autorizado no fim do mês de março com base em índices máximos definidos pelo governo.
Segundo o ministro, haverá uma regulamentação da MP sobre a aplicação para não criar instabilidade no mercado.
“Não queremos nenhuma oscilação nesse crescimento que está havendo na indústria farmacêutica”, afirmou Barros. O ministro também disse que o governo não vai permitir desabastecimento de medicamentos por causa da regra.
Para haver mudança no preço, deverá ter parecer unânime dos ministros que fazem parte da CMED. São eles Saúde; Fazenda; Justiça; Indústria e Comércio Exterior e Casa Civil.
AUMENTO
Neste ano, o governo federal autorizou reajuste de até 12,5% nos preços de medicamentos, dependendo da categoria do produto. O porcentual ficou acima do autorizado em 2015 e também da inflação no ano – o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 10,67%.
No ano passado, o reajuste máximo autorizado pelo governo foi de 7,7% e, em 2014, o teto foi de 5,68%. De acordo com a Cmed, o ajuste tem como base um modelo de teto de preços calculado a partir do IPCA, em um fator de produtividade, em uma parcela de fator de ajuste de preços relativos intrassetor e outra de valores relativos entre setores.
O reajuste acumulado desde 2008, de acordo com o Sindusfarma, ficou em 58,83%, abaixo da inflação no mesmo período – de 74,17% pelo IPCA.
Muda regra para preço de remédio
21/12/2016 - O Globo
Sob a justificativa de tentar reverter o desabastecimento de penicilina para estancar uma epidemia de sífilis no Brasil, o governo editou medida provisória (MP) que permite, a qualquer tempo, revisões nos preços controlados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O objetivo seria aumentar o preço da substância para elevar a produção no mercado. Mas a ideia foi recebida pela indústria farmacêutica como uma ameaça aos negócios em tempos de crise econômica, já que possibilita a redução dos valores de medicamentos fora do período previsto para correções: até 31 de março de cada ano.
O Ministério da Saúde sustenta que a medida é importante para elevar o valor da penicilina, cuja produção estaria restrita desde 2014, e de outros medicamentos que também apresentam fabricação instável, a exemplo de drogas contra o câncer e substâncias usadas como contraste em exames de radiografia.
O setor farmacêutico reagiu. Em nota, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma) afirmou que a MP cria instabilidade com “potencial de congelar os investimentos já programados pela indústria”.
Ao GLOBO, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que a MP já está valendo, mas que o governo prepara uma regulamentação, depois de ouvir o setor farmacêutico, para não deixar dúvidas em relação ao mecanismo. Ele nega que a regra represente riscos de aumento de preço dos remédios para a população ou redução sem critério que possa atingir a indústria:
— São medicamentos usados no ambiente hospitalar, importantes para saúde pública, e não produtos que estão na prateleira das farmácias. Queremos resolver o problema do desabastecimento. Há pessoas morrendo de sífilis, isso não é aceitável — disse Barros.
Em 'casos excepcionais'
20/12/2016 - O Globo / Site
Foi publicado hoje no "Diário Oficial" um baita presente de Natal de Michel Temer para a indústria farmacêutica: a medida provisória permitindo que o preço dos medicamentos pode ser reajustado a qualquer tempo, em casos "excepcionais".
Pela lei atual, reajuste de medicamento só pode ser uma vez ao ano calculado com base na inflação (IPCA).
A flexibilização do reajuste que a medida provisória permite era uma batalha antiga do setor.
Pelo texto publicado hoje, a decisão de reajustar os remédios além do IPCA passa a ser do Conselhos de Ministros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) — composto por Ricardo Barros, Eliseu Padilha, Henrique Meirelles, Alexandre de Moraes e Marcos Pereira.
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