Ministro da Saúde é a favor de proibir aditivos em cigarros
09/12/2016 - DCI
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou ontem ser favorável à proibição do uso de aditivos que conferem sabor e aroma ao cigarro. A prática foi proibida em 2012, mas nunca entrou em vigor. O uso dessas substâncias é apontado como estratégia para estimular o tabagismo, sobretudo entre jovens.
Luz contra o Alzheimer
09/12/2016 - Correio Braziliense
Produzida pelo cérebro em pequena quantidade, a proteína amiloide ajuda no funcionamento dos neurônios. Se a geração desregula, essa substância em excesso pode se agrupar dentro do cérebro, passando a comprometer as sinapses, a transmissão de impulsos de uma célula nervosa para a outra. Dá-se aí um dos primeiros passos para o Alzheimer, doença neurodegenerativa sem cura e mais incidente na terceira idade. Cientistas dos Estados Unidos acreditam ser possível usar estimulação visual, por meio de luzes LED piscantes, para induzir as ondas cerebrais elétricas que se tornaram disfuncionais com a enfermidade. Detalhada na versão on-line da revista Nature, a técnica funcionou em ratos e abre a possibilidade de desenvolvimento de uma nova intervenção para humanos.
“É um grande se”, ponderou a coautora do estudo Li-Huei Tsai, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Mas se os seres humanos se comportarem de forma semelhante aos ratos em resposta a esse tratamento, eu diria que o potencial é enorme porque é um tratamento não invasivo e acessível”, complementou. O experimento consistiu na exposição de camundongos à luz estroboscópica para tentar influenciar a atividade elétrica do cérebro deles. Após uma hora de estimulação, constatou-se a redução de 40% a 50% dos níveis de beta-amiloide no hipocampo, a parte do cérebro essencial para a formação e a recuperação da memória.
Especialistas acreditam que as ondas cerebrais variam de 25 a 80 hertz, faixa que contribui para funções cerebrais como atenção, percepção e memória. Em pessoas com Alzheimer, porém, essa oscilação é prejudicada. Na primeira fase do experimento, os investigadores estimularam as oscilações a 40 hertz no hipocampo dos roedores e chegaram aos resultados promissores. As cobaias que receberam outras frequências, variando de 20 a 80 hertz, não tiveram os mesmos benefícios.
A equipe, então, decidiu testar uma técnica menos invasiva: estimular as ondas cerebrais pela visão. Depois de tratar os ratinhos por uma hora por dia, durante uma semana, com luz piscante, as placas e as proteínas amiloides flutuantes foram “reduzidas acentuadamente”. Os pesquisadores também descobriram que a técnica reduziu outra característica da doença de Alzheimer: a ação da proteína Tau, que anormalmente modificada pode formar emaranhados no cérebro.
ALÉM DO CÓRTEX
A nova etapa do trabalho é descobrir se a luz LED pode conduzir oscilações em regiões cerebrais além do córtex visual. Segundo os autores, dados preliminares sugerem que isso é possível. “(O estudo) pode muito bem nos dar uma faísca para novas formas de pesquisa para explorar mais a relação entre os ritmos da atividade elétrica no cérebro e a doença de Alzheimer”, disse, em comunicado, Doug Brown, diretor de pesquisa da Sociedade de Alzheimer, uma instituição britânica.
Reitor da Escola de Ciência do MIT, Michael Sipser também ressaltou o potencial da abordagem proposta. “Nossos cientistas abriram a porta para uma direção inteiramente nova de pesquisa sobre esse distúrbio cerebral e os mecanismos que podem causá-lo ou impedi-lo (…) Esse importante anúncio pode ser o início de um avanço na compreensão e no tratamento de uma aflição que afeta milhões de pessoas e suas famílias ao redor do mundo.”
A Organização Mundial da Saúde estima que a demência acometa cerca de 47,5 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 7,7 milhões de novos casos são registrados a cada ano. O Alzheimer é a forma mais comum de demência, sendo responsável por 60% a 70% dos casos. Diagnosticado pela primeira vez há mais de 100 anos, o mal geralmente evolui de episódios de esquecimento e distração para uma grande perda de memória e dependência quase total.
MP fecha o cerco contra atestados falsos
09/12/2016 - Correio Braziliense
As investigações começaram há oito meses e, inicialmente, envolveriam apenas a emissão de atestados “frios” entre servidores da Secretaria de Saúde. O alto índice de profissionais afastados do trabalho — o índice chegou a 53,7% em um ano e meio — causou estranhamento na Corregedoria da pasta. A cada fato apurado, porém, a dimensão do esquema aumentava de tal modo que nem o feriado do Judiciário, em comemoração ao dia da Justiça, impediu o Ministério Público (MPDFT) de deflagrar, ontem, a Operação Trackcare. A partir daí, a história ganhou novos personagens e formas de atuação. As investigações apontam, inclusive, que políticos se beneficiaram nas eleições de 2014 com a distribuição de remédios, obtidos de forma fraudulenta.
Logo no início da manhã, mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Cruzeiro, no Sudoeste e no Centro de Saúde Nº 3 do Guará. Dois servidores tiveram de prestar depoimento à Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap). Dois promotores e um delegado cuidam do caso. Além dos atestados fraudulentos, que o Correio revelou com exclusividade na edição de quarta-feira, há indícios de distribuição de medicamento com uso de receitas falsas e adulteração de dados dos sistemas de ponto da Secretaria de Saúde. Entre junho de 2015 e setembro passado, 2.578 dos 4,8 mil médicos da rede pública pediram afastamento do trabalho (veja A fraude).
Não é possível afirmar ainda quantos atestados são “frios”, mas as investigações identificaram casos específicos de servidores que burlam plantões e escalas para trabalhar na rede privada (leia Casos apurados). Por esse motivo, o técnico de enfermagem Marcelo Cereja e a enfermeira Daniela Moiana foram levados coercitivamente à Decap. Ele apresentou 16 atestados e teve 47 abonos duvidosos na folha de ponto. Ela também homologou 18 licenças e teve 18 incidências estranhas — a principal delas, 402 horas-extras em cinco meses. Eles não responderam a nenhuma pergunta dos investigadores e foram liberados.
Os servidores se revezaram nos últimos dois anos na chefia do Centro de Saúde Nº 3 do Guará. Segundo as investigações, a dupla usava carimbos e assinaturas falsas de cinco médicos para abonar as próprias faltas — um dos profissionais usados no esquema deixou a Secretaria de Saúde em 2001. Os investigadores chegaram aos suspeitos por meio de denúncia anônima. “Não há registro de nenhum atendimento médico dessas duas pessoas. Precisamos da colaboração, com outras denúncias, para termos acesso a mais informações”, ponderou o promotor de Defesa da Saúde (Prosus), Luis Henrique Ishihara. Ele recolheu caixas de documentos e as folhas de ponto de Marcelo e de Daniela. A Secretaria de Saúde garantiu que vai iniciar “uma rigorosa investigação”, mas admitiu a vulnerabilidade na fiscalização, além de informar que não há nada que possa ser feito para “fortalecer” a segurança dos sistemas de ponto.
FISCALIZAÇÃO
A fraude pode ainda ter levado à morte pacientes na rede pública. Duas pessoas vieram a óbito num hospital em que estavam escalados pelo menos três médicos. Ninguém apareceu para trabalhar. O caso é investigado em sigilo. Outros envolvidos na fraude nem sequer cumpriam o cronograma de trabalho. Quando estavam escalados para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), por exemplo, registraram presença no Hospital de Base (HBDF). “Se todos os profissionais estivessem exercendo suas atividades, não haveria essa sangria na rede pública. A falta de fiscalização e a certeza da impunidade levam os profissionais a cometerem fraudes como essa”, criticou o promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida), Maurício Miranda.
Os envolvidos podem ser penalizados por seis crimes: peculato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e associação criminosa. “Vamos cobrar daqueles gestores que registram os atestados. Precisamos que protocolos sejam implantados para frear essa prática. As chefias que fazem o controle e o registro tiveram uma conivência passiva”, completa Miranda. O promotor destaca que há indícios de que candidatos tenham usado recursos públicos para angariar votos. “O paciente que recebe medicamento também é eleitor”, pondera. O Correio apurou que as primeiras pistas estão ligadas a servidores específicos que apoiaram candidaturas ou trabalharam como cabos eleitorais.
O PAPEL DELES NA INVESTIGAÇÃO
Corregedoria
» A apuração começou em abril. O órgão estima que até 40% dos 2,5 mil atestados homologados entre junho de 2016 e setembro passado são fraudulentos. Uma parcela desses médicos se ausenta dos afazeres nos hospitais públicos, mas continua a atuar na rede privada. Com a fraude, eles recebem os dois salários, mas trabalham efetivamente em apenas um local — normalmente, clínicas particulares ou próprias.
MPDFT
As promotorias de Defesa da Saúde (Prosus) e de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida) deflagraram, em conjunto com a Polícia Civil, a Operação Trackcare para investigar as fraudes. Dois servidores foram levados para prestar depoimento coercitivamente. Os promotores vão pedir que as secretarias de Saúde e de Planejamento implantem mecanismos de controle e fiscalização dos atestados médicos.
Seplag
Há uma discussão, segundo a pasta, que estuda maneiras de melhorar a forma de tratamento dos dados. A Seplag garante que todas as informações serão digitalizadas a partir do próximo ano. Para as investigações continuarem, o MPDFT e a Corregedoria precisam da Classificação Internacional de Doença (CID). Sem o dado, não é possível saber a causa do afastamento e se a licença é válida. A SubSaúde discute a possibilidade de abrir a confidencialidade da informação.
SindMédicos
Vai pedir acesso às investigações. A entidade diz que nunca recebeu denúncias sobre o assunto e que, se a fraude de fato ocorre, é de maneira pontual. Segundo cálculos do sindicato, há um deficit de 3,5 mil médicos na rede pública. Sobre os afastamentos, o SindMédicos atribui o alto índice de licenças às péssimas condições de trabalho.
CRM-DF
Para o Conselho Regional de Medicina, cabe à Secretaria de Saúde a apuração das denúncias no âmbito administrativo, sendo que os casos concretos devem ser encaminhados à entidade para apuração do “ponto de vista ético-profissional”. As eventuais denúncias ou suspeitas devem ser apuradas com rigor, com amplo direito de defesa, evitando-se generalizações que prejudicam a relação médico-paciente e não trazem benefícios à assistência oferecida.
Casos apurados
Uma pediatra que deveria clinicar 60 horas semanais no DF, mas mora no Rio de Janeiro.
Um casal de cardiologistas que atende no Hospital Regional do Gama (HRG). Quando um tira férias, o outro, no mesmo período, entra com o afastamento.
Um neuropediatra que está há mais 280 dias sem trabalhar na rede pública e, segundo apuração da Corregedoria, atende regularmente numa clínica em Águas Claras.
Uma médica que estava afastada havia dois meses, suspendeu o atestado, participou como palestrante em um evento na Secretaria de Saúde e, no outro dia, protocolou novamente a licença.
A FRAUDE
De 856 clínicos, 541 entraram de licença entre janeiro e setembro.
Dos 614 ginecologistas da rede pública, 425 protocolaram atestados médicos.
Dos 629 pediatras, 194 se ausentaram por mais de três dias.
Dos 4,8 mil médicos da rede, 2,5 mil pediram afastamento, em um ano e meio.
Até setembro, 63 anestesiologistas protocolaram atestados.
Mais Médicos: saída de cubanos abriria ‘vazios’ em cidades
09/12/2016 - O Estado de S.Paulo
A substituição de profissionais cubanos que já completaram três anos no Mais Médicos corre o risco de provocar vazios assistenciais em vários município. Embora o governo brasileiro e o de Cuba já tenham acertado em setembro que novos médicos deverão ocupar vagas disponíveis, o Ministério da Saúde reconhece que a operação não é imediata e demanda um tempo de preparação.
A estimativa é de que até o fim deste mês 4 mil cubanos retornem à ilha.
Outra previsão é de que 1.384 médicos cubanos cheguem em dezembro. Outros 2 mil devem desembarcar entre janeiro e fevereiro.
“O problema é que ao chegar, eles não podem ir direto para cidades”, afirmou Neilton Oliveira, do Ministério da Saúde. Ele conta que um esforço está sendo realizado para tentar tornar mais ágil os preparativos, que envolvem a abertura de conta em um banco brasileiro, o registro temporário que autoriza o exercício de Medicina no País, a designação e o deslocamento para cidades.
“São várias áreas.” O receio é de que os municípios fiquem mais de 90 dias sem assistência, o que poderia levar a uma interrupção nos recursos do Ministério da Saúde. “Estamos trabalhando para isso não acontecer”, disse Oliveira. Até setembro, 11.400 profissionais cubanos trabalhavam no Mais Médicos.
A ajuda à Santa Casa
09/12/2016 - O Estado de S.Paulo
O empréstimo de R$ 360 milhões da Caixa Econômica Federal à Santa Casa de São Paulo representa um alívio para suas agruras financeiras e vai permitir a essa instituição – que mantém o maior hospital filantrópico do País – dar um passo importante para superar a grave crise que atravessa. E ele serve também para colocar mais uma vez em evidência a dramática situação em que se encontra a saúde pública – na qual as Santas Casas e os demais hospitais filantrópicos desempenham papel relevante –, resultado de anos de desleixo do poder público, em especial durante os governos petistas.
As condições do empréstimo são consideradas satisfatórias para atender às necessidades imediatas da instituição: prazo de 10 anos, com um ano de carência e com a possibilidade de iniciar a liberação dos recursos em curto prazo, nos próximos 30 dias. Segundo o provedor da Santa Casa, José Luiz Setubal, os recursos permitirão atacar o problema mais urgente, que é a relação com os fornecedores, para regularizar o fornecimento de insumos. Isso é fundamental para que a instituição normalize o funcionamento de serviços afetados pela crise, como o das cirurgias eletivas, que estão atrasadas.
O empréstimo facilitará também negociar uma redução dos juros mensais pagos pela Santa Casa, que hoje estão na casa dos R$ 9 milhões. Mas ele é mesmo apenas um alívio, porque a dívida total da instituição é estimada por Setubal em R$ 800 milhões. Falta ainda, portanto, um bom caminho a percorrer. Lembra ele que para voltar ao nível de atendimento de antes da crise será preciso que a Santa Casa tenha uma renda mensal entre R$ 11 milhões e R$ 12 milhões. E ela está hoje entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões.
A importância dessa ajuda do governo federal, por meio da Caixa, vai além da Santa Casa de São Paulo. Não foi por acaso que o presidente Michel Temer resolveu fazer o anúncio do empréstimo no Palácio do Planalto, com a presença do governador Geraldo Alckmin, do ministro da Saúde, Ricardo Barros, além do presidente da Caixa, Gilberto Occhi, e de Setubal.
Segundo Temer, esse modelo de ajuda deve “reproduzirse em todas as Santas Casas do País”. Logo se saberá se a promessa do presidente será cumprida.
Mesmo que seja, o seu efeito para as demais instituições não passará para elas também de um alívio, embora essencial, nas atuais condições. A solução do problema passa necessariamente, como é sabido, pela atualização da defasada tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), com base na qual são remunerados os hospitais a ele conveniados. Essa é a principal causa da crise em que estão mergulhadas – e que se agrava continuamente – as Santas Casas e os demais hospitais filantrópicos, pois a tabela do SUS cobre, em média, apenas cerca de 60% dos custos dos procedimentos.
Como os recursos referentes aos restantes 40% não caem do céu, os hospitais conveniados ao SUS têm de se endividar junto aos bancos, pagando juros altíssimos, para cobrir essa diferença de custo. Isso significa que, na prática, são esses hospitais que sustentam o SUS, ainda que indiretamente, e não o contrário, como o governo deixa entender. E essa é uma questão que envolve todo o sistema de saúde pública, porque aqueles hospitais são responsáveis por quase metade (47%) dos atendimentos feitos por ele. O governo federal não faz, portanto, nenhum favor ao ajudar as Santas Casas e os hospitais filantrópicos. Ao contrário, ainda fica devendo, e muito, enquanto não atualiza a tabela do SUS.
Chegou-se a essa situação, da qual não será fácil sair, tendo em vista a crise por que passa o País, porque principalmente os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff nada fizeram pela saúde pública – da qual depende a população de baixa renda –, que se deteriorou nos mais de 13 anos em que o PT esteve no poder. Logo eles que se proclamam os campeões do “social”. Além da defasagem na tabela do SUS, só entre 2010 e 2015, a rede pública perdeu 23.565 leitos hospitalares, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina.
País já registra 13 casos de chikungunya por hora
09/12/2016 - O Estado de S.Paulo
O Brasil registrou aumento de 8.877 casos de chikungunya (mais de 13 por hora) em quatro semanas, de acordo com dados apresentados pelo Ministério da Saúde. Até 28 de novembro, foram contabilizados 259.928 casos da infecção, com 138 mortes.
O número é cerca de dez vezes maior do que o que havia sido contabilizado no ano passado.
Os indicadores de dengue também subiram no último mês, mas de forma menos expressiva.
Em cinco semanas, o salto foi de 17.585 casos, passado de 1.458.355 para 1.475.940 infecções prováveis, com 601 mortes confirmadas.
Os números mostram que o comportamento da Chikungunya é bem diferente do que foi registrado com zika, doença que provocou neste ano 210.897 casos suspeitos. No caso, houve uma explosão da epidemia nos primeiros meses do ano, com pico em março. A queda do número de casos, porém, veio quase tão rápida quanto a expansão. A partir de abril, os números começaram a cair de forma expressiva.
Com chikungunya, no entanto, a doença se mostrou muito mais persistente. Neste ano, os casos atingiram o ápice em fevereiro e até maio, embora uma queda tivesse sido registrada, o número de novos casos ainda era bastante significativo.
ZIKA
Até agora, foram identificados 16.763 casos prováveis de zika entre gestantes no Brasil.
Desse total, 10.608 foram confirmados.
A maior parte das gestantes reside nos Estados de São Paulo, Rio, Minas, Bahia e Mato Grosso. A confirmação de zika durante a gravidez, no entanto, não significa que os bebês nascerão com síndrome congênita. Não há ainda dados que indiquem qual o risco real de o bebê se contaminar pelo vírus durante a gestação e nascer com a síndrome.
O número de casos de microcefalia identificados até o momento indica estabilidade.
“Não registramos um aumento de nascimentos com bebês com a síndrome. Pelo contrário. Em comparação com números apresentados no ano passado, houve uma redução significativa”, afirmou Eduardo Hage, do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Até 26 de novembro, foram notificados 10.342 casos suspeitos, acumulados durante 2015 e 2016, em todo o País. De setembro a novembro, o número de casos suspeitos da má-formação subiu de 743 para 830 no Rio e de 696 para 820 em São Paulo. Um crescimento pequeno, sobretudo quando se leva em consideração a população em cada um desses dois Estados.
Mesmo mais velhos, EUA veem demência cair
09/12/2016 - Folha de S.Paulo
O envelhecimento da população dos EUA e de outras nações desenvolvidas criou o receio de um aumento exponencial no número de pessoas com doença de Alzheimer e outras síndromes cognitivas geriátricas, coletivamente chamadas de demências.
No entanto, um estudo recente apresentou uma conclusão intrigante: a prevalência de demência nos EUA diminuiu de modo significativo entre 2000 e 2012.
Extensa pesquisa feita com 21 mil americanos de mais de 65 anos mostrou que a prevalência de demência diminuiu de 11,6% para 8,8% entre 2000 e 2012.
Prevalência é a proporção de casos totais da doença em uma população em um dado momento; já a incidência é uma medida da probabilidade de ocorrência da doença em determinado período.)
Parte disso pode ser atribuído à melhora do índice educacional da população do país. A proporção de adultos com 65 anos de idade ou mais com um diploma de escola secundária aumentou de 55% em 1990 para 80% em 2010, enquanto a proporção com um diploma universitário aumentou de 12% para 23%.
O motivo dessa proteção pode ser tanto a mudança nas conexões nervosas (neuroplasticidade) quanto uma reserva funcional, criada com o tempo dedicado às atividades cognitivas.
Não é possível descartar completamente outros benefícios que vêm junto com a educação elevada: mais acesso a serviços de saúde e menor impacto da doença na qualidade de vida.
Outro achado é particularmente curioso: a obesidade parece estar associada a um risco menor de demência.
Os idosos com IMC (índice de massa corporal) acima de 25 tinham redução de aproximadamente 30% na chance de ficar doente.
O achado é interessante, pois na meia idade a obesidade costuma estar associada com vários riscos à saúde, incluindo a demência.
Em um comentário que acompanha o estudo, publicado na revista médica "Jama Internal Medicine" pela equipe de Kenneth Langa, da Universidade de Michigan, dois cientistas lembram do chamado "paradoxo da obesidade": o peso mais baixo, normalmente associado à boa saúde, pode, na terceira idade, trazer risco maior de doenças e morte. Em outras palavras, a gordurinha extra acabaria sendo uma espécie de protetora contra as fragilidades da idade.
Mas a obesidade não necessariamente protege contra a demência. O que acontece, segundo os cientistas, é que a perda de peso precede os problemas cognitivos. A demência pré-clínica, ou seja, ainda sem sintomas, desregula o olfato e o paladar e leva à perda de apetite.
DEMÊNCIA NO BRASIL
Não há dados consistentes que mostrem se há a mesma tendência por aqui.
Uma revisão sistemática da prevalência de demência no Brasil feita por três pesquisadores da USP mostrou que não há dados confiáveis para a maior parte do país.
Apenas no Estado de São Paulo houve pesquisas com amostras grandes o suficiente. Mesmo assim, os dados variam muito, com prevalência variando de 5,1% até 17,5%. Com mais dados, a prevalência nos EUA foi de 8,8%.
O estudo foi publicado na "Revista de Medicina" do Departamento Científico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
De 357 artigos avaliados pela equipe de Bottino, apenas oito foram selecionados após a avaliação –seis sobre populações paulistas, um sobre Campo Grande (MS) e outro sobre o Rio. Os cientistas também fizeram um estudo em 2008 com uma amostra de 1.563 pessoas com idades acima de 60 anos na cidade de São Paulo. A prevalência de demência foi de 6,8%.
Um estudo foi feito no Rio em 2013 com 683 pessoas com idades avançadas –acima de 67 anos e clientes de um mesmo plano de saúde. O índice foi alto: 16,9% de prevalência.
"A prevalência de demência foi maior do que a encontrada em estudos populacionais. Esses achados apontam para a possibilidade de uma alta demanda de serviços especializados entre os idosos atendidos pelo setor privado de saúde", conclui o estudo.
A conclusão do comentário que acompanha o estudo americano é que os estudos de lá mostrando a queda na prevalência da demência são animadores.
O foco agora deveria ser em melhor entender os fatores que estão por trás dessa tendência e traduzir esse conhecimento em intervenções que podem reduzir o risco dessas doenças individualmente e na sociedade como um todo.
O Hospital Israelita Albert Einstein testa o DRG há um ano como ferramenta de avaliação do consumo de recursos de acordo com a complexidade dos casos clínicos.
Segundo Sidney Klajner, recém-eleito presidente do Einstein, o modelo tem permitido comparar a prática médica assistencial e a eficiência de um tratamento.
"Com ele, os hospitais terão que assumir a responsabilidade por complicações evitáveis que o paciente possa ter por falta de um processo de segurança interno."
Francisco Balestrin, presidente da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), diz ser preciso mudar a forma de remuneração, que o atual modelo gera desperdícios, mas tem ressalvas sobre o DRG. "Ele implica mudar todo o sistema de informação de um hospital. Isso não é barato e leva tempo."
Da ansiedade à genética: por que até 30% da população mundial rói as unhas?
09/12/2016 - Bem Estar
Muitos associam o hábito de roer as unhas ao nervosismo ou à ansiedade.
Até algumas pessoas que têm este hábito, frequentemente chamado de vício, acreditam nisso.
Mas outros afirmariam algo que vários estudos já revelaram: roer as unhas não é necessariamente um sinal de ansiedade.
As pessoas também o fazem quando estão entediadas, com fome, frustradas ou tentando completar uma tarefa difícil.
É "um problema comum, porém e não resolvido pela psiquiatria, psicologia, medicina e odontologia", como afirma um dos relativamente poucos estudos sobre o tema, publicado na revista especializada "Iranian Journal of Medical Sciences".
MISTÉRIO
O termo técnico para o hábito de roer as unhas é onicofagia.
E afeta entre 20% e 30% da população mundial independentemente da idade, "podendo levar a problemas psicossociais significativos e ter um impacto negativo na qualidade de vida", de acordo com outro estudo publicado em 2016 na revista PubMed.com.
Além disso, roer unhas também pode causar problemas na "unidade ungueal (da unha) e na cavidade oral", de acordo com um estudo cujo nome já dá uma ideia do quanto os pesquisadores ainda precisam descobrir sobre este problema: Onicofagia: o mistério, para os médicos, de roer as unhas.
Para os autores da pesquisa, este problema é tão difícil de tratar que é preciso um esforço multidisciplinar envolvendo dermatologistas, pediatras e dentistas, entre outros.
GRAVIDADE
O problema pode ser grave, principalmente quando está associado a outras condições como transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade por separação (TAS).
A Associação Americana de Psquiatria incluiu a onicofagia na lista de transtornos obssessivos-compulsivos (TOC).
Mas nem todos os psiquiatras concordam com esta classificação.
Alguns deles argumentam que apesar de a onicofagia ser, como no caso do TOC, uma conduta natural levada ao excesso, as obssessões do TOC são motivadas por ansiedade. O que não ocorre no caso de roer as unhas.
Para a maioria das pessoas, é um habito irritante - e para alguns é até nojento. Mas não é tão preocupante.
PRAZER, PERFEIÇÃO E DNA
Uma das razões para roer as unhas e que poucos confessam é que é um hábito relaxante.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, não se surpreenderia: para ele, poderia ser uma "alteração no desenvolvimento psicossexual na fase oral, que se transforma em uma fixação oral".
Entrentanto a ligação com o prazer já foi destacada em alguns estudos com animais usando outros termos.
Roer as unhas é um hábito relacionado à aparência. Apesar de camundongos não roerem as unhas, quando cientistas deram endorfinas a eles - o chamado "hormônio da felicidade" - eles alisavam menos o pelo.
Quando eles recebiam medicamentos que bloqueavam as endorfinas, os camundongos alisavam mais o pelo.
Isso parece indicar que alisar o pelo - e isso remete ao hábito de roer as unhas - em excesso é um ato ligado ao prazer.
Por outro lado, um estudo publicado em 2015 na revista "Journal of Behaviour Therapy and Experimental Psychiatry", indica que o que move a onicofagia não é a ansiedade, é o perfeccionismo.
As conclusões do estudo, chamado de O Impacto das Emoções nas Condutas Repetitivas Centradas no Corpo, mostraram que as pessoas que roem as unhas podem ser perfeccionistas e que este hábito pode ajudar estas pessoas a diminuir a irritação, tédio ou insatisfação.
Outra possibilidade é que algumas pessoas sejam geneticamente predispostas a roer as unhas.
Existem pesquisas que mostram que um terço dos que roem as unhas tem familiares com o mesmo hábito é que isto é algo comum entre gêmeos.
CONSEQUÊNCIAS
Apesar de muitos afirmarem que roer as unhas não pode ser considerado como distúrbio ou doença, há consequências.
Umas delas é que levar os dedos à boca corresponde a levar tudo o que eles carregam para um lugar úmido e no qual coisas indesejáveis podem se instalar.
Existem os que sugerem que as pessoas que roem as unhas têm um sistema imunológico mais forte, pois vão introduzindo aos poucos agentes estranhos ao organismo. Mas é difícil encontrar provas disso.
O problema é que embaixo das unhas estão, por exemplo, bactérias como a E. coli e a salmonela.
E as verrugas nas mãos, causadas pelo papiloma vírus humano podem se propagar pelos lábios e boca.
E tudo o que entra pela boca pode afetar o corpo inteiro.
Segundo a Academia Americana de Dermatologia (AAD) as infecções bacterianas causadas pelo hábito de roer as unhas são um dos problemas mais comuns.
Uma destas, a paroníquia, é uma infecção da pele que acontece ao redor das unhas. É dolorosa e, em casos mais graves, pode chegar a necessitar uma intervenção cirúrgica.
Outro problema causado por roer as unhas é a deformação nos dentes ou o desgaste prematuro.
Também pode levar os dentes a mudarem de posição, afetando a oclusão dental ou a mordida.
LARGANDO O 'VÍCIO'
Deixar de roer as unhas é muito difícil. A maioria dos que conseguem relatam fracasso em tentativas anteriores.
Existem desde os métodos domésticos, como as broncas dos pais e amigos, substâncias com sabores desagradáveis que podem ser colocadas nos dedos, até terapias ou dispositivos como pulseiras para corrigir vícios com o uso de choques elétricos.
As estatísticas estimam que 45% dos adolescentes roem as unhas, no entanto este número cai de forma significativa quando falamos de adultos.
E isto pode demonstrar que muitos conseguem abandonar o hábito com o passar do tempo.
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