37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 23/11/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Anvisa cria regra para uso de maconha

23/11/2016 - O Estado de S.Paulo


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma regra que abre caminho para o registro, produção e venda de medicamentos compostos por maconha no Brasil. Pela decisão, remédios à base de tetrahidrocannabinol (THC) e de canabidiol, substâncias presentes na planta, passam a ser considerados como de venda sob controle especial.

A decisão, unânime, deve beneficiar o registro do medicamento Mevatyl, um produto que já é vendido em alguns países na Europa, com base de maconha.

No Brasil, o remédio será usado em pacientes adultos para o controle de sintomas provocados pela esclerose múltipla.

O medicamento está em processo de registro pela agência, mas ainda não foi aprovado.

A aprovação da Anvisa vale para os dois derivados de maconha em concentração de até 30 mg por mililitro. Produtos que estejam acima desta concentração continuam na lista de proscritos e, por isso, não podem ser vendidos, produzidos ou comercializados no País.

A agência também mudou as regras para tornar mais fácil a importação de produtos de canabidiol. A regra permite que pedidos novos possam ser analisados de forma prioritária, desde que apresentados todos os documentos necessários previstos no processo. A liberação do uso do canabidiol no Brasil foi decidida pela Anvisa em 2015, depois de uma movimentação feita por familiares de pacientes, sobretudo crianças que apresentavam crises repetidas de convulsão.


TRÊS ANOS


Como o Estado mostrou no domingo, há exatos três anos, Any, de 8, começou a usar canabidiol para contornar as crises convulsivas.

Diante dos resultados, os pais dela, Norberto Fischer e Katiele, ingressaram em 2014 com uma ação na Justiça para obter o produto. A medida provocou uma revolução nas regras, não só para o canabidiol, mas para outros medicamentos sem terapias no País.

A permissão do uso foi a primeira regra da Anvisa feita a partir da pressão de familiares de pacientes. Até então, a regulação era resultado de iniciativas dos diretores da autarquia ou da indústria de fármacos.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, produtos à base de canabidiol e medicamentos contra o câncer fazem parte da lista dos itens que mais tiveram impacto financeiro entre os remédios judicializados.

O gasto do Ministério da Saúde com a compra de medicamentos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária cresceu 220 vezes nos últimos anos e já representa metade de toda a despesa da pasta com remédios e tratamentos solicitados em ações judiciais.

Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou julgamento que vai definir se o Sistema Único de Saúde (SUS) será obrigado a fornecer itens sem licença no País.




Confiança diluída.

23/11/2016 - O Globo


EUA exigem que homeopatia tenha prova de eficácia. Remédios homeopáticos vendidos sem receita nos EUA agora devem provar com estudos independentes as alegações de que agem contra as doenças ou sintomas anunciados em seus rótulos. Caso contrário, tais afirmações têm que ser acompanhadas por um alerta de que não são cientificamente comprovadas e se baseiam em teorias surgidas no século XVIII não mais aceitas pela maioria dos cientistas atuais. A determinação, divulgada na semana passada pela Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), órgão que regula o setor no país, é uma nova investida no cada vez mais apertado cerco à homeopatia em alguns países desenvolvidos, onde é apontada por muitos especialistas em saúde como uma “pseudociência”. Enquanto isso, em outras nações, a homeopatia ainda desfruta de um maior status. Como no Brasil, onde ela é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como uma especialidade médica desde 1980.

— Existe uma briga muito grande, de anos, para desacreditar a homeopatia — diz Francisco José de Freitas, professor adjunto e chefe do Departamento de Homeopatia e Terapêutica Complementar da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e que clínica na área desde 1982. — Infelizmente, isto acontece porque a homeopatia vem crescendo de forma consistente mundo afora e isso perturba os interesses da indústria farmacêutica, pois acaba comendo uma fatia do mercado. PILARES CRIADOS NO SÉCULO XVIII De fato, os estudos publicados nos últimos anos em periódicos científicos ou avaliações encomendadas por órgãos governamentais de países como Reino Unido e Austrália não tiveram resultados favoráveis à homeopatia, indicando que ela não é mais eficaz que o chamado “efeito placebo”. Criada em 1796 pelo médico alemão Samuel Christian Hahnemann (1755-1843), esta prática terapêutica segue três princípios básicos. O primeiro, conhecido como “lei dos semelhantes”, diz que o que quer que seja a causa do sintoma no paciente também será sua cura. Por exemplo, se você sofre de insônia por consumir cafeína durante o dia, deve ingerir cafeína à noite para dormir.

E é aí que entra o segundo princípio da homeopatia, chamado de “lei dos infinitesimais”, segundo o qual esta cafeína noturna não deve ser tomada como a consumida de dia, mas sim diluída em doses ínfimas (daí o nome). Assim, no remédio homeopático típico, as substâncias supostamente neles contidas podem estar em concentrações que vão desde uma parte em um trilhão (diluição conhecida na área como 6CH) até uma parte ao número um seguido de 60 zeros (diluição 30CH), um número tão grande que se aproxima da estimativa da quantidade de átomos existentes em todo Universo (um seguido de 80 zeros).

Para os críticos, estes níveis de diluição são um dos indícios da ineficácia da homeopatia, como argumentou a própria FTC na sua decisão: “muitos produtos homeopáticos são diluídos a um extremo que não mais contêm níveis detectáveis da substância inicial”, diz o comunicado do órgão americade no. Por fim, o último pilar da homeopatia, ou “lei da sucussão”, dita que, ao serem produzidos, os remédios homeopáticos devem ser constantemente agitados, ou “dinamizados”, para ativar a “memória” da água ou outro extrato onde estejam sendo diluídos (geralmente também são usados álcool ou sacarose), “potencializando-os” para que surtam efeito.

O problema é que os princípios da homeopatia criados por Hahnemann e desenvolvidos desde então vão de encontro aos conhecimentos atuais sobre física, química e biologia. Isto, no entanto, não impede que ela seja cada vez mais procurada por pessoas na busca de solução para diversos problemas de saúde. Segundo a Administração para Alimentos e Drogas dos EUA (FDA), em 2007, último ano para o qual existem dados, os americanos gastaram quase US$ 3 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) em tratamentos homeopáticos. Responsável por regular o setor de medicamentos nos Estados Unidos, a FDA dá um tratamento especial para os remédios homeopáticos, não exigindo que eles comprovem sua segurança e eficácia como faz com os alopáticos (convencionais) para serem registrados e vendidos — princípio que foi seguido por sua equivalente brasileira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em resolução de 2007 na qual criou a categoria de “medicamentos dinamizados” para controlar sua fabricação, registro e venda.

São pessoas como a pedagoga Letícia Rossi, que começou a se tratar com homeopatia há cerca de três meses. Depois de tentar diversas estratégias, é a primeira vez que ela consegue resultados eficazes.

— Uso homeopatia há pouco tempo, mas estou gostando muito, já sinto que está surtindo efeito. Comecei a tomar há três meses para inibir minha ansiedade, que estava fazendo com que eu comesse muito. Também tenho pressão alta e então utilizo uma fórmula para equilibrar minha pressão — conta ela, que desde o início do tratamento já emagreceu sete quilos.

Já Amarilys de Toledo Cesar, presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, vê com bons olhos a decisão da FTC. Paradoxalmente, ela acredita que a medida “ajuda a separar os produtos homeopáticos sérios dos não tão sérios assim”, embora admita que a comprovação da eficácia dos remédios homeopáticos no Brasil seja feita apenas com consulta à literatura médica produzida pelos próprios homeopatas, e não por estudos independentes como passou a exigir a FTC.

— É preciso que haja comprovação científica sobre a eficácia dos medicamentos mesmo -— diz. — No Brasil, toda vez que vamos fazer um registro na Anvisa, costumamos comprovar isso não por meio estudos propriamente ditos, mas por meio de literatura. O lado negativo da medida, a meu ver, é que não existe muita verba para pesquisas em homeopatia, então isso dificulta a possibilidade de comprovação. A medida não é necessariamente ruim, mas pode diminuir o apoio. No Brasil, quem faz pesquisa na nossa área é um herói.

Freitas, por sua vez, lembra que o importante não é contrapor homeopatia e alopatia, mas sim entender as duas abordagens como uma forma integrada de tratar o paciente com foco na pessoa e não na doença, num resgate de uma visão holística da medicina liderado pela própria prática homeopática.

— A homeopatia não parou no século XVIII e evoluiu muito desde então — defende. — Além disso, aqui no Brasil a homeopatia é feita por médico e ocupa uma posição bastante diferente da que tem nos EUA, onde não é preciso ser médico para ser homeopata. Existe atualmente todo um movimento na medicina de retorno ao paciente, de tratar as pessoas e não as doenças. E até por consequência da própria forma de ser da homeopatia, ela é uma medicina mais humanizada, que atua muito também na prevenção e na promoção da saúde, deixando as pessoas aptas a responder aos diversos estímulos nocivos que sofremos no dia a dia.




Anvisa publica decisões que dá para medicamentos na internet

22/11/2016 - Brasileiros


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), entidade responsável pela regulação de medicamentos no País vinculada ao Ministério da Saúde, colocou no ar uma ferramenta em que é possível analisar o motivo da aprovação ou reprovação de um composto.

O documento possui uma síntese da ação do medicamento, informações gerais, indicações terapêuticas, modo de administração, processo de fabricação, dados sobre produção e controle de qualidade.

Na ferramenta, uma síntese de todos os testes clínicos feitos para o medicamento é apresentada. Os interessados também podem encontrar a bula do medicamento.

Os documentos, no entanto, não possuem informações consideradas de caráter sigiloso (a agência não explicou quais informações podem ser qualificadas como tal).

Medicamentos com pareceres públicos disponíveis:

Produtos biológicos

Medicamentos novos – aqueles com princípios ativos inéditos no país

Genéricos inéditos – o primeiro genérico de um determinado medicamento registrado

Fitoterápicos, específicos e dinamizados – apenas nos casos de princípio ativo ou associação de princípios ativos inéditos ou de uma nova indicação terapêutica

Relator aumenta recursos para saúde no Orçamento

23/11/2016 - Valor Econômico


Relator-Geral do Orçamento da União para 2017, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) anunciou um acréscimo de R$ 9,9 bilhões nos valores destinados para a área da saúde, em comparação com a previsão contida no projeto encaminhado inicialmente pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional.

Em seu relatório preliminar, Braga apontou também um acréscimo de R$ 1,2 bilhão para educação e cultura. As novas despesas serão compensadas pelo aumento de R$ 9 bilhões no teto das receitas de 2017, que havia sido informado pelo Ministério do Planejamento em decorrência da elevação dos gastos de 2016, e pelo corte de R$ 6 bilhões em subvenções econômicas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e do Programa de Reconstrução de Municípios Afetados por Desastres Naturais.

Deste montante a mais para a saúde, R$ 6,7 bilhões referem-se a recursos vindos de emendas coletivas, emendas de bancada impositivas e emendas individuais.

Segundo Braga, com esse acréscimo, o orçamento da saúde alcançará os 15% da receita corrente líquida previstos na PEC do teto de gastos, somando R$ 115,5 bilhões.

A pedido do governo, o Fundo de Incentivo às Exportações (Fiex) receberá R$ 1,9 bilhão. Braga ainda adicionou mais R$ 2,7 bilhões para que os relatores setoriais do Orçamento possam também atender às emendas de bancadas e de comissão. Com isso, as emendas impositivas de bancada e os recursos dos relatores setoriais totalizam o valor de R$ 17,8 bilhões.

O senador explicou que seu relatório não leva em conta a revisão de crescimento do PIB para 2017, que passou de 1,6% para 1%, conforme anunciado na segunda-feira pelo governo, porque seu relatório preliminar tem que acompanhar o de receita já aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). O PIB mais fraco, no entanto, será compensado pelo aumento de arrecadação em receitas como com a segunda etapa do programa de repatriação, acredita.

O fundo partidário, até o momento, não recebeu nenhum acréscimo em relação à previsão original. "Só se houver solicitação dos partidos. Não veio nenhuma emenda", disse Braga.

A ideia é que a CMO aprove quinta-feira o relatório preliminar. Se tudo transcorrer como esperado, segundo o relator, o Orçamento poderá ser votado em sessão conjunta do Congresso Nacional entre os dias 14 e 15 de dezembro.




Células-tronco de tumores podem ajudar no combate ao câncer

22/11/2016 - Portal Exame


Estudos indicam que tumores sólidos e cânceres hematológicos (como leucemia, mieloma e linfoma) têm, entre suas células, um tipo conhecido como células-tronco tumorais.

Essas teriam características semelhantes às das células-tronco normais, especialmente a capacidade de originar qualquer um dos tipos de células encontradas nas diferentes formas de câncer.

Células-tronco tumorais (ou cancerígenas) são células que podem se dividir e originar várias células que constituem tumores. Por conta disso, representam um importante alvo de pesquisas em diversos países.

Entretanto, há cientistas que discordam de sua existência e da ideia de que células-tronco normais possam originar células-tronco tumorais. Outros, mais cautelosos, preferem dizer que tais células são ainda uma hipótese.

As células cancerígenas não são sempre iguais. Em um tumor maligno pode haver uma variedade de tipos de células e a ideia das células-tronco tumorais é que, entre as células do câncer, algumas atuem como células-tronco que se reproduzem e sustentam o câncer, de forma semelhante à que células-tronco normais se derivam em órgãos e tecidos.

Um grupo de pesquisadores da Universidad de la República (UDELAR), no Uruguai, não tem dúvidas da existência e destaca a importância de se realizar estudos com essas células.

“As células-tronco tumorais têm grande interesse clínico por estarem envolvidas na metástase e na resistência às drogas, prejudicando tratamentos como a quimioterapia”, disse Maria Ana Duhagon, professora no Laboratório de Interações Moleculares da Faculdade de Medicina da UDELAR.

Diversas terapias contra o câncer têm como base a capacidade de reduzir o tamanho de tumores, mas se elas não destroem as células-tronco tumorais, o tumor poderá crescer novamente.

Na FAPESP Week Montevideo, realizada nos dias 17 e 18 de novembro no Uruguai, Duhagon falou sobre pesquisas que seu grupo realiza com microRNAs envolvidos na diferenciação de células-tronco em câncer de próstata, a segunda causa mais frequente de morte entre homens em países como o Uruguai e Brasil.

MicroRNAs são reguladores fundamentais da expressão gênica em plantas e animais. São ácidos ribonucleicos (RNA) não codificantes, ou seja, moléculas transcritas a partir do genoma e não traduzidas em polipeptídeos. Geralmente permanecem no núcleo da célula, atuando na regulação da expressão gênica.

“Temos desenvolvido um método para isolamento, manutenção e diferenciação de células-tronco tumorais que permite realizar análises de sensibilidade a fármacos convencionais e naturais e a identificar vias moduladoras da diferenciação. O método também tem possibilitado determinar a capacidade de metástase e caracterizar microRNAs modulados durante a diferenciação”, disse.

Segundo Duhagon, sabe-se que os microRNAs se encontram extensivamente desregulados em cânceres, o que permite o uso desses ácidos para identificar ou acompanhar o desenvolvimento da doença.

“Os microRNAs participam da manutenção do estado de diferenciação das células tumorais, sendo esta a linha de pesquisa fundamental de nosso grupo”, disse.

A pesquisadora e seu grupo identificaram microRNAs com potencial para o desenvolvimento de terapias contra o câncer de próstata. Duhagon contou que a detecção de possíveis locais de interação de um deles (hsa-miR-886-3p) com o RNA mensageiro na porção não traduzida do RNA chamada de 3’ UTRs (do inglês three prime untranslated region) permitiu a seleção de diversos genes candidatos à inibição de tumores.

“Os RNA mensageiros desses genes diminuíram com a transferência temporária de hsa-miR-886-3p, inibindo a proliferação”, disse.

“O hsa-miR-886-3p provém de um precursor de RNA não convencional chamado vtRNA2-1, localizado em um local de relevância emergente, mas de pouca compreensão. A expressão do hsa-miR-886-3p e do vtRNA2-1, que verificamos em amostras obtidas no Uruguai e no Câncer Genome Atlas, é regulada fortemente pela metilação [processo envolvido na regulação de expressão gênica] de seu promotor, o que o torna um possível gene supressor de tumor em câncer de próstata”, disse.

Análises feitas pelos pesquisadores da UDELAR permitiram identificar o papel de supressor de tumor na etapa G2/M, afetando a proliferação tanto em testes in vitro como em modelos animais – G2/M, ou checagem da entrada em mitose, é uma etapa importante no ciclo celular que verifica se não há danos no DNA.

“Por meio do uso de microarrays de expressão gênica, identificamos 278 transcrições reguladas diferentemente pelo vtRNA2-1, que representam processos celulares como migração, adesão e ciclo celular”, disse. Microarray (“microarranjo”) é uma ferramenta empregada para analisar a expressão de centenas ou milhares de genes em uma amostra.

OMS: Brasil terá mais mil casos de microcefalia

23/11/2016 - O Estado de S.Paulo


A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o zika está “aqui para ficar” e mais de mil novos casos de microcefalia ligados ao vírus deverão ser identificados no Brasil. Quatro dias depois de anunciar o fim da emergência global, a entidade reuniu ontem governos de todo o mundo para explicar a decisão de transformar a resposta em programa de longo prazo e garantir que a atenção sobre a nova doença será “reforçada”.

A organização alertou que a real dimensão do impacto do vírus da zika pode ser ainda maior, com a descoberta de novas sequelas nos bebês. Todos na agência da ONU admitem: algumas das perguntas sobre o vírus poderão levar “anos” para serem respondidas.

Anthony Costello, diretor de Saúde Infantil da OMS, explicou que hoje existem 2,1 mil casos confirmados de microcefalia no Brasil. Mas outros 3 mil incidentes estão em análise.

“Desse total, poderemos esperar um número extra de mil casos confirmados. A emergência mundial pode ter acabado. Mas temos um enorme problema de saúde pública. Trata-se de um vírus que causa um impacto de longo prazo e o problema não vai desaparecer”, alertou.

A OMS também destaca que 80% dos casos de infecção pelo vírus da zika não provocam sintomas nas mulheres, o que pode elevar o número de casos de microcefalia. Costello confirmou que novos estudos alertam que quanto mais cedo a contaminação de uma gestante pelo zika maior será a chance de seu bebê desenvolver problemas.

“Se a contaminação for no primeiro trimestre, os riscos neurológicos são maiores”, disse Pete Salama, diretor da OMS. “Muitos nascem com cabeças normais, mas estamos descobrindo que os problemas podem ser maiores.”




Zika pode afetar fetos em qualquer época da gestação, diz pesquisa

22/11/2016 - Valor Econômico / Site


Além da microcefalia, o vírus da zika pode causar outros problemas em fetos em qualquer fase da gestação. Um estudo, conduzido com gestantes paulistas infectadas com o vírus da zika, documentou casos de infecção no último mês de gravidez que resultaram em danos cerebrais nos bebês. A possibilidade já havia sido levantada em pesquisas anteriores.

Das 1.200 grávidas com suspeita de zika acompanhadas no estudo, contatou-se que 57 estavam realmente infectadas com o vírus. Os casos de infecção encontrados, contudo, eram menos graves do que os documentados anteriormente na região nordeste do país e no Rio de Janeiro, segundo Maurício Nogueira, líder da pesquisa e professor da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).

Não houve casos de microcefalia ou aborto, mas cerca de 30% das crianças que nasceram das grávidas infectadas apresentavam manifestações relacionadas à zika.

"Todas as crianças eram aparentemente normais no nascimento, mas, examinando com mais cuidado, percebemos os danos", diz o autor da pesquisa.

Entre os problemas encontrados nos bebês estão surdez - de um dos ouvidos -, danos de retina e cistos cerebrais.

Os filhos de duas mulheres infectadas nas últimas semanas de gravidez apresentavam cistos e inflamações cerebrais.

"A próxima etapa é acompanhar essas crianças", afirma Nogueira.

Um estudo, realizado com gestantes do Rio de Janeiro, já havia levantado a possibilidade de o vírus da zika afetar a saúde do feto em qualquer etapa gestacional. O levantamento foi feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade da Califórnia e divulgado em março deste ano na revista científica "The New England Journal of Medicine".

O estudo liderado Nogueira foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).




Zika pode causar microcefalia e outros danos após o nascimento

23/11/2016 - Folha de S.Paulo


Bebês infectados pelo vírus da zika durante a gestação podem nascer sem microcefalia, mas desenvolver a síndrome mais tarde.

É o que aponta o estudo publicado nesta terça (22) pelos CDC (Centros de Controle de Doenças, dos EUA), uma colaboração entre pesquisadores americanos e brasileiros.

Foram investigadas 13 crianças de Pernambuco e do Ceará que nasceram com a infecção congênita da zika, mas sem redução do crânio.

Aos cinco meses, os bebês apresentavam um crescimento lento da cabeça. Onze desenvolveram microcefalia.

Todos tinham complicações neurológicas, como diminuição do tamanho do cérebro, ventrículo megalia (alargamento de cavidades cerebrais), calcificações e outras más-formações.

Não é a primeira pesquisa a mostrar que o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, tem efeitos severos mesmo após o nascimento.

Um estudo divulgado no final de agosto já havia relatado o caso de uma infecção que resultou em surdez de um bebê.

Os cientistas já haviam notado que existe uma facilidade de o vírus da zika atacar o tecido nervoso. Isso quer dizer que, além do cérebro, a visão e audição também podem ser afetadas.

O problema ficou claro agora, quando médicos e cientistas relataram que o nascimento não significa o fim da maré de azar. E isso pode significar problemas na atenção à saúde de gestantes e mães que tiveram zika e de seus filhos.

Para Maurício Nogueira, virologista e professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, falta atenção aos filhos inicialmente “normais” de mães que tiveram zika. Ele é responsável por uma pesquisa que acompanha gestantes na região.

Sua pesquisa detectou que infecções no último mês de gravidez podem resultar em danos aos bebês.

Não houve casos de microcefalia ou de aborto, mas cerca de 30% das crianças que nasceram das grávidas infectadas apresentavam manifestações relacionadas à síndrome congênita da zika (veja ao lado). Ao todo, o estudo contou com 1.200 mulheres.


NOVO PARÂMETRO


“Se fossemos seguir os critérios de análise propostos pelo Ministério [da Saúde], esses bebês seriam considerados normais”, afirma Nogueira.

“Os casos de microcefalia grave inicialmente chamaram a atenção, mas esses são só a ponta do iceberg e, provavelmente, não é o efeito mais comum da zika.” O professor afirma que, independentemente do momento econômico do país, os órgãos responsáveis terão que encontrar um jeito para acompanhar a médio e longo prazo um número muito grande de filhos de mães infectadas pelo vírus da zika.

“É necessário que todos os filhos de mãe que tiveram sinais de zika na gravidez tenham acompanhamento. ”, diz Vanessa van der Linden, neuropediatra da AACD em Pernambuco, que participou da pesquisa. “Podemos até ter mais surpresas pela frente”, diz a médica.

O Ministério da Saúde, por sua vez, afirma que está ciente de possíveis sequelas relacionados à zika além da microcefalia e que as crianças com mães infectadas serão acompanhadas por três anos.

“Os pediatras precisam ficar atentos ao desenvolvimento neurológico da criança, principalmente para casos de histórico de zika na gravidez”, afirma Vanessa.




Hospital Geral adere à rede de saúde

23/11/2016 - DCI


O Hospital Geral do Grajaú (HGG), administrado pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, passa a integrar, este mês de novembro, a Rede Universitária de Telemedicina (Rute), que congrega 124 instituições de saúde do Brasil e do exterior.

O sistema de teleconferência tem como objetivo estimular discussões para o aprimoramento profissional entre os seus hospitais participantes.

A adesão ao projeto por parte do Hospital Geral do Grajaú terá impactos científicos, tecnológicos, econômicos e sociais, beneficiando a formação de 900 profissionais de saúde da instituição, bem como 830 graduandos e residentes, nas áreas médica, multiprofissional, de enfermagem, fisioterapia e psicologia.

"O Grajaú é uma região que abriga um milhão de habitantes, carentes em termos assistenciais. A participação do nosso hospital neste tipo de projeto aprimora a qualidade do ensino e do conhecimento dos profissionais. Por consequência, tem impacto positivo junto à população, que passa a contar com um nível de atendimento cada vez mais qualificado", explica a Dra. Jocelene Batista Pereira, diretora geral do HGG.

O sistema Rute tem como intuito facilitar a adoção de medidas simples e de baixo custo, como a implantação de análise de imagens médicas, com diagnósticos remotos, que podem contribuir para diminuição da carência de especialistas. Além disso, proporciona treinamento e capacitação de profissionais sem a necessidade de deslocamento para os centros de referência.

Para integrar a Rute, o HGG passou pelas oito etapas de aprovação, que incluem apresentação de propostas, diagnóstico, licitação dos equipamentos e serviços, assinatura de contrato, implantação de infraestrutura, teste de equipamentos e serviços, ativação dos hospitais na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e assim foi homologado e está operacional na rede.




“As farmacêuticas impedem a criação de novas terapias contra o câncer”

22/11/2016 - El País (Brasil)


Os grandes projetos de sequenciamento do genoma do câncer iniciados há uma década demonstraram que cada tipo de tumor é tão diferente de outro em nível genético e molecular que parecem doenças distintas. Essa heterogeneidade também ocorre dentro de cada paciente – uma célula de um tumor pode ser muito diferente da célula ao lado. E toda essa variabilidade pode explicar por que algumas pessoas (e células) respondem aos tratamentos oncológicos e outras não.

“Com tanta complexidade, o problema só poderá ser resolvido com a utilização de computadores”, diz Fátima Al-Shahrour, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO) da Espanha. Al-Shahrour é especialista em bioinformática, uma disciplina em expansão que mistura o poder de cálculo dos computadores atuais com ferramentas oriundas da matemática e da estatística para analisar a imensidade do Big Data genético do câncer. Al-Shahrour foi uma das organizadoras de um congresso internacional do CNIO e da Fundação La Caixa voltado ao entendimento e combate da heterogeneidade do câncer graças à bioinformática.

Chris Sander, um dos pais dessa disciplina, foi o grande nome do congresso. É pesquisador do Instituto do Câncer Dana-Farber de Boston (EUA) e um dos líderes do Atlas do Genoma do Câncer, um consórcio norte-americano que estudou as variações genômicas de 30 tipos de tumores em 20.000 pessoas. “Essa base de dados agora nos ajuda a enxergar os detalhes microscópicos do que ocorre no câncer”, diz Sander. Físico teórico, foi para a área da biomedicina há mais de quatro décadas. Desenvolveu algoritmos capazes de resolver problemas de biologia que estavam fora do alcance dos maiores supercomputadores do mundo e criou unidades de bioinformática no Laboratório Europeu de Biologia Molecular e no Centro do Câncer Memorial Sloan-Kettering de Nova York. Nessa entrevista ele explica como a bioinformática pode ajudar a encontrar novas terapias combinadas mais efetivas e acessíveis.

Pergunta. O que diria a uma pessoa com câncer sobre como a bioinformática pode melhorar os tratamentos?

Resposta. Já demonstramos, por exemplo, que há tumores cerebrais que parecem muito similares, mas quando analisados do ponto de vista molecular e genético ocorre que cada pessoa tem um tumor diferente. É a heterogeneidade do câncer, o que implica que cada um necessitará de uma terapia diferente. Podemos listar a paisagem complexa de cada tumor e o número de drogas disponíveis para encontrar a combinação correta. Inicialmente vamos estudar isso em testes clínicos com pacientes, e depois começará a ser feito nos hospitais, como terapia.

P. O senhor defende que os pacientes também podem ter um papel mais ativo na luta contra o câncer.

R. Sim. Até agora, a força da genômica no câncer são os mais de 60.000 tumores analisados no nível da genética molecular. Essa é a montanha de dados que temos. O que nos falta é uma informação equiparável sobre pessoas. Essa informação está bloqueada nos hospitais e é incompleta. Temos que trabalhar para estruturá-la bem, publicá-la e compartilhá-la, de forma que possamos passar de uma montanha de dados genéticos a outra de dados de saúde pessoais, prontuários médicos, estilos de vida etc.. Meu pedido aos pacientes é que trabalhem com a comunidade de engenheiros informáticos, os geeks, e que os deixem captar suas informações sobre saúde através de seus smartphones, de modo a podermos obter essa informação diretamente deles. Isso já está acontecendo, há programas pilotos em andamento.

P. As pessoas precisam se preocupar por exporem informações sobre sua saúde?

R. Deveríamos criar um direito constitucional pelo qual cada pessoa teria a propriedade sobre sua informação genômica e de saúde. Uma vez que esse direito exista, você poderá guardar esses dados só para você ou compartilhá-los. Há pessoas com um câncer muito agressivo que querem compartilhar seus dados enquanto estiverem vivas, porque esperam ajudar outras pessoas conectadas, como no Facebook. Se conseguirmos proteger esse direito, criaremos a liberdade de compartilhar informação. E, se fizermos isso bem, teremos uma base de dados extremamente poderosa. Poderemos multiplicar por 10 ou por 100 os benefícios que a bioinformática já propicia no tratamento de tumores.

P. Os computadores também podem encontrar novos usos para fármacos já existentes?

R. Sim. Especialmente com as chamadas terapias combinadas, quando várias drogas são usadas juntas para combater tumores que são resistentes a um fármaco. Uma decorrência disso é que se pode evitar o uso dos fármacos mais caros, de digamos 200.000 euros [711.200 reais], e substitui-los por uma combinação de outros já aprovados e muito mais baratos. Esse reposicionamento representa uma enorme oportunidade. Mas os grandes laboratórios farmacêuticos se opõem. Fizeram grandes contribuições para curar o câncer, mas não estão interessados em fazer testes clínicos se não tiverem a oportunidade de lucrar um monte de dinheiro. Se uma combinação contiver um medicamento barato, os grandes laboratórios não farão o teste, porque não aumentará seus lucros. Por isso temos que encontrar a forma de fazer testes clínicos alternativos, financiados com dinheiro público. É um problema social e político, mas há a oportunidade de propiciar um enorme benefício para os pacientes com câncer se fizermos testes públicos, por exemplo, sobre tumores muito especializados, que não interessam às grandes companhias.

P. Então os grandes laboratórios se opõem ao desenvolvimento de novos tratamentos?

R. Sim. Estão pondo o foco numa gama muito pequena, devemos ampliar a mira.

P. Quando chegarão as terapias melhoradas graças à bioinformática?

R. Já. É parte do sistema global de desenvolvimento de novas terapias. Veja, por exemplo, o melanoma, uma doença mortífera e muito rápida. Os novos testes clínicos de imunoterapia tiveram uma taxa de sucesso de 40% a 50% dois anos depois do tratamento, ou seja, há pessoas que potencialmente se curaram ou pelo menos não morrerão de melanoma. É um feito inovador. Não decorre diretamente da bioinformática, mas ela está ajudando a melhorar os resultados ao relacionar os tratamentos com o perfil genético das pessoas e ao mostrar quem pode responder melhor.

P. Como acredita que a vitória de Donald Trump afetará a ciência nos EUA?

R. Eu o chamo de Dump [lixo, em inglês], por razões óbvias. Há 77 anos já vimos aonde levam certos movimentos políticos. Acredito que esse seja o maior risco. Alguns dos políticos que ganharam as eleições negaram a base científica da mudança climática, e inclusive nas fileiras dele questionam a evolução. Se essa animosidade contra a ciência se traduzir em cortes orçamentários, haverá um problema na pesquisa do câncer. Como cientistas devemos erguer a voz para que não haja um novo movimento anticientífico.

P. A medicina personalizada poderia incrementar a desigualdade em algo tão importante como a saúde?

R. Há um problema sem resolver. Se quisermos reduzir as mortes por câncer no mundo com uma só ação, ela seria uma campanha mundial contra o tabaco e a favor de mudanças na dieta e nos hábitos de vida. Numa recente conferência científica em Cingapura houve uma exposição da Phillip Morris, uma das empresas do câncer, dizendo que ela está fazendo pesquisas positivas sobre biologia de sistemas. Quando olhei do que se tratava, estavam desenvolvendo novos cigarros um pouco menos perigosos, e os apresentavam como se fosse ciência! Como seres humanos, estamos permitindo que haja mortes por câncer totalmente desnecessárias, e deveríamos parar com isso. Se não solucionarmos esses problemas sociais, a ciência não poderá mudar as coisas.

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.