Descoberta de proteína que transporta o LDL pode levar a controle da gordura no sangue
22/11/2016 - Extra Online
Uma descoberta da Universidade de Yale, em New Haven, nos Estados Unidos, promete um novo caminho para estudos que levem ao controle do colesterol ruim no sangue. Pesquisadores identificaram uma proteína — chamada ALK1 — que desempenha um papel importante no acúmulo do LDL, conhecido como “mau colesterol”. Segundo os cientistas, essa substância facilita o caminho do LDL até as células.
A descoberta pode ajudar a prevenir ou retardar o entupimento das artérias que leva a doenças cardiovasculares. Isso será possível quando o próximo passo for dado: produzir uma estratégia para bloquear essa proteína.
Para chegar à descoberta, a equipe de pesquisa rastreou mais de 18 mil genes do endotélio — a camada interna de vasos sanguíneos e examinaram a transferência de LDL em células endoteliais.
ALTO RISCO PARA O CORAÇÃO
Doenças cardíacas causadas por danos aos vasos sanguíneos são a principal causa de morte em todo o mundo. Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a doenças cardiovasculares causam 17 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de que sejam de 300 a 400 mil pessoas.
O cardiologista Bruno Froz destaca a importância de sempre verificar os valores de colesterol no organismo.
— O colesterol elevado não apresenta sintomas, por isso é importante conhecer seu nível. Uma dieta balanceada e rica em gorduras insaturadas (presentes no azeite de oliva, no abacate e no salmão, por exemplo) e pobres em gorduras saturadas (encontradas em carnes vermelhas e de aves e no leite, por exemplo) está indicada para todas as pessoas. Exercícios físicos ajudam a elevar o HDL e a diminuir o LDL, então são importantes sempre. Medicamentos só são indicados em casos mais problemáticos — explica o médico.
Atalho para reduzir filas no SUS: saiba como funciona o Telessaúde
22/11/2016 - Zero Hora Online
Melhorar a saúde na Capital – reduzindo as filas e agilizando o acesso a especialistas – é um dos desafios que aguarda o prefeito eleito Nelson Marchezan Júnior. E, durante a campanha, ele apresentou de forma persistente uma ferramenta que poderia ser um trunfo: telessaúde.
Nessa área, existe um programa nacional chamado Telessaúde Brasil Redes, iniciado em 2007, que busca melhorar o atendimento básico no SUS via 0800, no qual médicos das Unidades Básicas de Saúde falam diretamente com médicos especialistas, reduzindo a necessidade de outras consultas.
Como prefeito eleito, Marchezan Júnior reforça que vai aplicar a ideia nas rotinas dos postos de Porto Alegre.
– É um serviço oferecido para todo o Brasil, está sediado em Porto Alegre e é gratuito. Queremos implementar essa modalidade nos processos internos. Hoje, a Capital usa muito pouco essa alternativa – defende o prefeito eleito.
REFERÊNCIA
A referência nacional para o Telessaúde Brasil Redes fica dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Começou como projeto de pesquisa vinculado à Faculdade de Medicina e serviu como piloto para o Ministério da Saúde. Hoje, o TelessaúdeRS-UFRGS, com cerca de 150 profissionais, atende todo o Brasil com teleconsultorias gratuitas por telefone 0800. São cerca de 2 mil atendimentos por mês.
– A cada três casos discutidos na teleconsultoria, em dois se evita a ida a um especialista. O profissional pode resolver, por exemplo, a dúvida sobre dosagem de insulina para um paciente sem que ele precise entrar em uma lista de espera – explica o coordenador de Telecomunicação do TelessaúdeRS-UFRGS, Otávio Pereira D'Avila.
CONFIRA SE É VERDADE O QUE DISSE NELSON MARCHEZAN DURANTE A CAMPANHA
Centros médicos reforçam Porto Alegre como polo de saúde
Segundo o coordenador, o TelessaúdeRS-UFRGS tem condições de suportar um aumento do número de ligações em Porto Alegre caso aumente a procura pelo serviço. Levantamento do TelessaúdeRS-UFRGS aponta que, levada em consideração a relação entre a população e o número de consultorias, a Capital gaúcha aparece na posição 194 no Estado no uso do 0800.
– Há espaço para aumentar em Porto Alegre, sim. Podemos absorver essa demanda porque funcionamos hoje abaixo da nossa capacidade. E acredito que, além da solução para os pacientes, isso significaria economia de custos para a prefeitura a médio e longo prazo – diz Otávio.
Outra linha de ação do programa é o RegulaSUS, em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde do Estado. A lista de consultas com especialistas marcadas no Interior para a Capital é analisada e, dependendo do caso, o TelessaúdeRS-UFRGS liga para o médico que encaminhou o paciente e discute a situação. O resultado tem sido mais situações resolvidas no município, sem a necessidade de vir à Capital.
– Em janeiro de 2015, havia cerca de 171 mil consultas marcadas com especialistas na Capital. Hoje, são cerca de 61 mil. E isso com 97% dos médicos contatados por nós se dizendo confortáveis com esse processo, ou seja, aprovando a nossa intervenção – conta Otávio.
TELESSAÚDE BRASIL REDES
O que é: é um programa nacional, iniciado em 2007 para melhorar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde. A ideia é dar mais ferramentas para os profissionais das UBSs conseguirem resolver os problemas dos pacientes sem encaminhá-los para consultas com especialistas.
Para quem: o programa não é para os pacientes, é destinado aos profissionais e trabalhadores do SUS. São eles que fazem contato.
O QUE OFERECE:
- Teleconsultoria: pelo telefone 0800-644-6543 sobre diagnóstico, tratamento e/ou manejo de problemas de saúde.
- Teleducação: com oferta de atividades educacionais a distância.
- Telediagnóstico: elaboração de laudos a distância (espirometria, estomatologia e dermatologia).
- Segunda Opinião Formativa: biblioteca pública de perguntas e respostas sobre questões levantadas pelos profissionais e trabalhadores do SUS.
QUEM RESPONDE:
- Núcleos em todo o país formam a rede que presta esses atendimentos.
- O projeto TelessaúdeRS-UFRGS é um dos protagonistas do programa e sedia o atendimento pelo telefone 0800 para todo o Brasil.
- Uma equipe de médicos e enfermeiros de diferentes especialidades, com excelente desempenho clínico e experiência em Atenção Primária à Saúde.
QUAL O RESULTADO:
- Em cada três casos discutidos, dois são resolvidos sem a necessidade de se encaminhar para um especialista.
- O paciente vai para casa com o problema resolvido, não precisa, muitas vezes, se deslocar para outra cidade e ficar em filas de espera.
- Os médicos especialistas ficam com casos que, realmente, não têm como ser resolvidos na Atenção Básica.
- As filas por especialistas não acabam do dia para a noite, mas a prática e estudos médicos vêm comprovando que a alternativa é caminho para se reduzir essa fila.
Fraude em indicação de prótese continua e pressiona o setor
22/11/2016 - DCI
São Paulo - Após dois anos da implantação da CPI na área de dispositivos médicos para estudar o uso excessivo, a fraude e a propina na compra de órteses, próteses e medicamentos especiais (OPMEs) continua. Com isso, o uso deste tipo de dispositivo voltou ao mesmo patamar anterior, pressionando as margens de planos.
"Vimos uma queda substancial de 40% na demanda por OPMEs [após a CPI], mas depois que saiu da mídia voltou a patamares preocupantes", conta o presidente da Notredame Intermédica, Irlau Machado Filho. Contudo, o executivo aponta que tem observado uma nova cultura no poder judiciário. "Os juízes estão interpretando de uma forma diferente [em prol da operadora]", diz.
Além do poder judicial, a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, também conta que a percepção do consumidor está melhor. "Hoje grande parte dos beneficiários têm conhecimento do assunto e questiona os efeitos e consequências dos procedimentos", cita.
De acordo com ela, ambos os efeitos fazem parte do primeiro passo do setor no combate à fraude. "Nosso objetivo lá na ponta é a redução, mas não é o ponto de partida. Há um caminho a se percorrer e nós temos buscado primeiro a conscientização".
Agora, o próximo passo do setor é exigir que médicos envolvidos na questão sejam responsabilizados. "É hora de combater o problema eficazmente e isso vai se dar por meio de ações na justiça contra atos médicos", analisa.
NIP
"Não podemos achar que o médico é isento disso tudo", continua Machado Filho da Notredame Intermédica. Segundo o executivo, hoje a ideia é denunciar a má prática, quando comprovada. "Não estamos mais tímidos."
Para conseguir acelerar as aprovações de procedimentos em investigação pelas operadoras, o executivo aponta que muitos médicos orientam pacientes a abrir Notificação de Investigação Preliminar (NIP) na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que impõe rápida tramitação e ainda gera multa para a operadora em caso de descumprido. "Em alguns casos , a NIP é aberta com caráter de urgência e falta crivo da ANS para ver quando realmente é, já que em alguns casos fica evidente o contrário", relata. Com isso, ele acredita que a questão das OPMEs foi além do problema financeiro.
"A NIP também afeta os indicadores de qualidade da operadora", discorre Machado. Segundo ele, isso tem provocado reajustes muito altos em alguns hospitais, chegando a altas de 60% em um ano. Mas para resolver essa questão, um desafio contato por ele é a legislação. "Como é possível um reajuste tão alto? O problema é que não posso simplesmente descredenciar", analisa. Segundo ele, se a operadora conseguisse retirar os hospitais com este problema, teria economia de no mínimo R$ 100 milhões.
Outra legislação que precisa ser revista, segundo ele, é a precificação dos materiais e medicamentos especiais. "Existem muitos distribuidores corretos, mas também temos muitos que não são", conta.
De acordo com ele, em outros países é usado o método de preço ponta a ponta, onde o fabricante determina o valor do material e o que pode ser acrescentado a este custo, que geralmente são impostos.
"E [essa disparidade de preço] não é pelo custo Brasil. Alguns materiais de coluna, por exemplo, têm isenção de alguns impostos. O problema é que o Brasil é um dos países onde mais se ganha com materiais e medicamentos", conta o médico, ortopedista e traumatologista, Edmond Barras. Segundo ele, em 2015, o mercado de implante de coluna, um dos mais prejudicados pela distorção de preços, movimentou US$ 150 milhões na América Latina e o Brasil representou cerca de 83% desse montante.
Isso ocorre, segundo ele, pelo uso indevido, já que cerca de 60% das indicações de cirurgias de colunas com uso de implantes são desnecessárias. "Por isso, acredito que a implementação de conselhos de segunda opinião dentro dos hospitais seja a solução mais rápida", relata. Com os conselhos, ele acredita que é possível evitar indicações abusivas. "Porque os médicos estudam a necessidade, as melhores técnicas e materiais", explica.
De acordo com Barra, existe uma série de interesses por trás que catalisam o problema. Se por um lado as distribuidoras querem vender mais, por outro, o médico considera os honorários médicos baixos. Apesar de não ser um motivo correto para a prática ilegal, ele conta que a renegociação da remuneração poderia ser um desestimulador para a prática de propinas. "Porque hoje o médico recebe R$ 30 mil do distribuidor e acaba não brigando pelos honorários. Algumas operadoras já estão mudando isso, mas são poucas."
TRIBUNAIS
Os custos judiciais das operadoras superam R$ 1,2 bilhão, em razão de condenações em ações judiciais, para o fornecimento de tratamentos médicos demandados. Desse total, pelo menos R$ 320 milhões foram gastos em procedimentos que não constam no Rol de Procedimentos. De acordo com o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Ney Wiedemann, o SUS e o poder judicial também têm sofrido com os custos, tanto pelos processos como pelos honorários médicos dos núcleos de assessoramento técnico, os chamados NATs ou câmaras técnicas
Mesmo assim, ele aponta que tem valido a pena. "Uma vez indeferi pedido de cirurgia ortopédica em uma postulante que custaria R$ 800 mil e na verdade era inadequado para o quadro clínico do paciente."
Segundo ele, no caso do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, há o diferencial que o próprio tribunal dispõe de um departamento médico que realiza as perícias e emite os pareceres. Em âmbito nacional, outra novidade é a criação de um banco de dados para consultas de magistrados sobre o uso de medicamentos, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Este e outros temas serão debatidos nos dias 23 e 24 de novembro no 2º Fórum da Saúde Suplementar, realizado pela FenaSaúde, no Rio de Janeiro. As inscrições estão abertas e são gratuitas.
Infecção por zika traz problemas a 1/3 dos bebês e em qualquer fase da gravidez
22/11/2016 - O Estado de S.Paulo
Um estudo que acompanhou 57 gestantes paulistas infectadas pelo zika reforça a hipótese de que o vírus pode causar diversos danos aos bebês além da microcefalia. E as anomalias podem acontecer independentemente do trimestre de gravidez em que a mãe foi infectada.
Coordenada por Mauricio Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e integrante da Rede Zika (força-tarefa formada por pesquisadores de São Paulo apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp), a pesquisa monitorou 1.200 grávidas do interior, das quais 57 tiveram a confirmação de contaminação pelo vírus zika, com casos de infecção em todos os trimestres da gestação.
Após todos os partos, os pesquisadores verificaram que nenhum dos bebês nasceu com microcefalia, mas, ao realizarem exames mais aprofundados, descobriram que 35% das crianças desenvolveram alguma anomalia.
“Vinte dos 57 bebês nasceram com algum tipo de máformação discreta, como surdez unilateral, danos na retina, cistos cerebrais ou inflamação em artérias cerebrais. O próximo passo é investigar a importância desses achados no desenvolvimento da criança”, explica o cientista.
Nogueira diz que há situações que comprovam que o bebê pode ser prejudicado, mesmo se a contaminação pelo vírus ocorrer no fim da gravidez.
Em um dos casos, a mulher contraiu a doença com 36 semanas de gestação e, mesmo assim, o bebê nasceu com sinais de infecção cerebral. “Os resultados indicam que a microcefalia deve ser mesmo só a ponta do iceberg, ela não deve ser o fenômeno mais provável entre os que o zika pode causar. Muitas crianças devem ter desenvolvido alguma anomalia mais leve que não foi notada. Se esses 20 bebês, por exemplo, não estivessem participando da pesquisa, sairiam da maternidade como crianças normais, porque tinham peso e perímetro cefálico dentro do esperado”, afirma.
Pesquisa realizada por cientistas da Fiocruz e publicada em março no periódico The New England Journal of Medicine já mostrava que 29% dos bebês de mães que tiveram zika apresentaram alguma anomalia, mesmo quando a infecção era tardia, ou seja, nos últimos meses da gravidez.
OUTROS ESTUDOS
O grupo de pesquisa de São José do Rio Preto conduz ainda outros dois estudos sobre a ação do vírus zika.
Em um deles, os cientistas estão monitorando há um ano um grupo de 1.500 pessoas para verificar, por exames de sangue, quais foram infectados mesmo sem sintomas. Isso porque, no caso da dengue, a estimativa é de que apenas 20% das pessoas infectadas sejam sintomáticas, o que aponta que os números das epidemias sejam muito maiores do que os registrados pelo Ministério da Saúde.
A outra pesquisa busca saber se os diagnósticos de zika e dengue estão sendo dados corretamente, uma vez que, em períodos epidêmicos, eles costumam ser feitos apenas por critérios clínicos e epidemiológicos, sem a realização de exames.
“Colhemos cerca de 1.500 amostras de pessoas que passaram por serviços de saúde e receberam diagnósticos por critérios clínico-epidemiológicos. Verificamos que cerca de 15% das pessoas que saíram do serviço com diagnóstico de dengue tinham, na verdade, zika; enquanto 20% a 30% dos que saíram achando que tinham zika estavam com dengue”, conta.
Nogueira explica que o diagnóstico correto é importante tanto para definir as providências a tomar em cada caso, de acordo com as possíveis complicações de cada doença, quanto para que os dados de saúde pública não tenham distorções.
“Se o governo for avaliar se oferece uma vacina contra a dengue na rede pública, por exemplo, ele precisa saber o real alcance da epidemia.”
Após quase 1 ano, sai edital para compra de repelente
22/11/2016 - O Estado de S.Paulo
Quase um ano depois de anunciar que distribuiria repelentes para todas as gestantes do País, o Ministério da Saúde publicou somente ontem o edital de compra do produto, que, na mais recente versão do projeto, será fornecido somente para as grávidas integrantes do programa Bolsa Família.
Em dezembro, quando a pasta ainda era chefiada por Marcelo Castro, o governo afirmou que compraria repelentes para todas as grávidas brasileiras e o item seria produzido pelo laboratório do Exército, que já fornece repelente para os homens das Forças Armadas. O órgão, no entanto, desmentiu Castro e negou que tivesse capacidade para produção em larga escala.
No mês seguinte, o ministério passou a fazer contato com outros fabricantes, reduziu a promessa de oferta do produto apenas para as gestantes do Bolsa Família e anunciou que a entrega seria feita a partir de fevereiro – a promessa também não cumprida.
No início de outubro, o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que a compra estava sendo realizada e os repelentes começariam a ser entregues em novembro – mais um prazo não atendido.
Agora, com a publicação do edital, a estimativa do ministério é que o pregão eletrônico para compra ocorra no dia 1.º de dezembro e o ganhador do pregão entregue os produtos em até 15 dias após a assinatura do contrato. Para participar do pregão, o fabricante precisa oferecer um produto com, no mínimo, quatro horas de proteção, conforme regra da Anvisa, em forma de gel, loção, aerossol ou spray.
GASTO
O ministério afirma que cerca de 484 mil gestantes receberão o produto, com investimento de cerca de R$ 300 milhões, que serão fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
Fim da emergência global do zika foi um erro, dizem cientistas
22/11/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A OMS (Organização Mundial da Saúde) vem sendo duramente criticada por pesquisadores internacionais pela decisão de declarar o fim da emergência global por conta do vírus da zika. Para eles, a medida é um erro e pode "secar" de vez os recursos para as pesquisas sobre o vírus e a microcefalia. No Brasil, a situação de emergência nacional será mantida.
As verbas já estavam escassas. Neste ano, a OMS só conseguiu receber de doadores internacionais pouco mais de 20% do volume de verbas solicitadas (US$ 25 milhões de US$ 115 milhões). Agora, a expectativa é que os cientistas que trabalhem com o zika tenham de disputar recursos com todas as demais doenças, como a dengue, por exemplo. Ainda não há um cronograma claro para quando uma vacina chegará ao mercado. Especula-se que isso não ocorrerá antes de 2018 ou 2019.
A emergência internacional havia sido anunciada em fevereiro de 2016, quatro meses depois de o governo brasileiro notificar a OMS sobre a crise. Mas muitas questões relacionadas ao zika ainda seguem sem respostas. Por exemplo, não há uma explicação sobre o motivo pelo qual o Brasil registrou um grande no número de microcefalia, especialmente na região Nordeste, enquanto outros locais essa tendência não foi observada.
Para Lawrence Gostin, professor de saúde global na Georgetown University, a decisão da OMS "foi um erro". "A resposta internacional para o zika foi letárgica e o fato de a OMS ter declarado emergência global, conseguiu mobilizar governos e doadores. Isso pode acabar a partir de agora", afirmou à NBC News.
Na opinião de Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Contagiosas (EUA), o fim da emergência é "prematuro", principalmente porque o verão no Brasil está prestes a começar. "Por que não esperaram alguns meses? Será que veremos uma nova onda de casos no Brasil e Colômbia?", questiona.
Peter Salama, diretor-executivo dos programas de emergência da OMS, sustenta que o zika veio para ficar e que agora entrará na mesma categoria da dengue. "Todos os países que têm circulação do mosquito vetor da doença estão sob risco", disse.
"Trata-se de uma questão de longo prazo e que exigirá uma adaptação de sistemas de saúde, de pesquisa e até mesmo de direitos reprodutivos", indicou. "O mundo terá de agir. Esperamos que os doadores entendam", afirmou.
Segundo ele, os casos vão continuar a se espalhar pelo mundo, onde haja o mosquito, e acredita que os 2,3 mil casos de microcefalia identificados até agora são apenas uma parte da história. "Há muito que precisa ser feito", admitiu.
Na coletiva em que anunciou o fim da emergência, a OMS garantiu que a medida não "rebaixa" a importância do zika, mas sim, sinaliza que a doença será um problema crônico e que os governos terão de tomar medidas de longo prazo, com programas permanentes. "O zika continua sendo um desafio significativo e duradouro de saúde pública e que exige ação intensa, mas não é mais uma emergência".
Debora Diniz, professora da UnB (Universidade de Brasília) e integrante da Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas, diz que o anúncio da OMS não significa que a epidemia de zika acabou, ou que não haja mais riscos à saúde das mulheres ou das futuras crianças. "A mensagem não é esta."
Ela lembra que para um evento de saúde pública levar a OMS a decretar "emergência" é preciso que a doença seja incomum, extraordinária ou desconhecida com graves repercussões para a saúde das populações.
No caso das consequências neurológicas do zika, havia de tudo um pouco, mas especialmente o caráter extraordinário de um arbovírus causando alterações neurológicas em feto. "Dez meses depois do anúncio, a ciência avançou –não temos mais dúvidas de que o zika causa a microcefalia no feto. Há muito mais o que se descobrir, é verdade, mas já sabemos o suficiente para o alerta ser acalmado."
Para ela, as necessidades das mulheres e das crianças são tão urgentes quanto antes. "Talvez sejam ainda mais dramáticas. O fim do quadro de emergência global pode facilitar governos a relaxaram o que nunca foi verdadeiramente enfrentado como uma consequência terrível da epidemia do zika: é a saúde de mulheres e meninas que deve estar no centro das políticas de saúde. Não há tranquilidade no anúncio da OMS, ao contrário: a síndrome congênita do zika é, agora, uma ameaça permanente à saúde perinatal no Brasil."
Dobra número de pessoas com Aids que recebe tratamento
21/11/2016 - Folha de S.Paulo / Site
O número de pessoas com Aids que recebem tratamento com antirretrovirais dobrou em cinco anos, chegando a 18,2 milhões. Isso representa metade das pessoas que vivem hoje com HIV ou Aids no mundo, anunciou a Unaids na segunda-feira (21).
Em junho de 2016, "18,2 milhões de pessoas" tinham acesso aos tratamentos, um milhão a mais do que no início do ano e duas vezes mais do que há cinco anos, indica a Unaids, o programa das Nações Unidas sobre HIV e Aids, em relatório.
"Se estes esforços prosseguirem será possível atingir o objetivo de 30 milhões de pessoas recebendo tratamento até 2020", espera a Unaids, que revelou o relatório em Windhoek, capital da Namíbia, um dos países mais afetados pela doença no mundo.
Assim, cerca da metade das 36,7 milhões de pessoas com Aids no mundo tem acesso a tratamentos atualmente.
"Os progressos que fizemos são notáveis, especialmente no que diz respeito aos tratamentos. Mas tudo ainda é incrivelmente frágil", advertiu o diretor da Unaids, Michel Sidibé.
A maioria dos países estão longe de atingir o objetivo estabelecido pela Unaids de tratar 90% dos pacientes infectados até 2020.
Não existe nenhuma vacina nem remédio para curar a Aids. O tratamento com antirretrovirais permite apenas controlar a evolução do vírus e aumentar a expectativa de vida dos soropositivos.
Comer antes de dormir pode alterar o organismo e os processos digestivos
21/11/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Para muita gente, especialmente quem passa o dia fora de casa, no trabalho ou estudando, o jantar se transformou na principal refeição do dia.
Especialistas dizem, no entanto, que comer à noite –especialmente quando a refeição é farta e realizada perto da hora de dormir– pode alterar o organismo e os processos digestivos.
Um estudo realizado com 700 adultos e apresentado em congresso recente da Sociedade Europeia de Cardiologia analisou a relação entre as horas nas quais se consome alimentos e os efeitos no organismo.
A pesquisa constatou que ingerir alimentos tarde da noite gera um impacto significativo na pressão arterial. Durante a noite, o processo fisiológico normal é a queda da pressão arterial.
Porém, o estudo descobriu que 24,2% dos participantes que comeram até duas horas antes de dormir não registraram uma queda adequada da pressão sanguínea. Entre os que haviam jantado mais cedo, a porcentagem foi de 14,2%.
ESTADO DE ALERTA
Segundo especialistas, consumir alimentos antes de dormir faz com que o organismo permaneça em "estado de alerta", no qual estimula a produção de hormônios do estresse, como a adrenalina, e pode alterar o ritmo circardiano, o ritmo diário do organismo.
Ebru Ozpelit, professora de Cardiologia da Universidade de Dokuz (Turquia), que apresentou o estudo, disse que os resultados sugerem que o que se come é tão importante quanto o tipo de alimentos que se ingere.
Ozpelit disse que a vida moderna está criando "hábitos de alimentação erráticos", como o de pular o café da manhã e comer cada vez mais tarde. Tais práticas, afirma, estão se tornando cada vez mais frequentes e podem causar danos ao longo do tempo.
"Devemos definir a frequência ideal e a hora dos alimentos", afirma Ozpelit. "O café da manhã é importante, devemos tomar um café da manhã forte e não pular o almoço. Devemos fazer um jantar mais leve e ele não deve ser depois das sete da noite", afirmou.
OBESIDADE
Os especialistas afirmam que o corpo humano não está preparado para enfrentar muitos dos aspectos da vida moderna. Com a chegada da luz artificial e a industrialização, os humanos modernos começaram a experimentar horas prolongadas de iluminação. Isso levou a um consumo estendido de alimentos e ao consumo de alimentos cada vez mais tarde no dia.
Sandra Hirsch, especialista em nutrição humana pelo Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Chile, afirma que as refeições noturnas podem ter efeitos adversos no organismo.
"Quando alguém come, uma série de processos metabólicos se desenvolve", disse a especialista à BBC Mundo. "São liberados hormônios no processo de absorção de alimentos. Portanto, se eu comer e ir dormir, esses mecanismos hormonais podem ter impactos negativos no organismo."
Segundo ela, alguns desses impactos podem ter ganho de peso ou mesmo obesidade. "Comer tarde pode inibir a degradação da gordura no organismo, que é um processo natural durante a noite", afirma Hirsch. "E isso pode fazer com que uma pessoa que está tentando emagrecer tenha mais trabalho."
REFLUXO
Outro problema de comer perto da hora de dormir é o refluxo, segundo a especialista. Esse transtorno faz com que o conteúdo estomacal retroceda do estômago até o esôfago, o que pode irritar o esôfago e causar acidez gástrica, náusea, indigestão e, em alguns casos, provocar câncer de esôfago.
"Se uma pessoa come e vai dormir não consegue esvaziar o estômago, por isso o estômago fica cheio, e se a válvula gastroesofágica está alterada a comida vai subir." Segundo estudos mais antigos, pessoas que comem antes de dormir têm maior risco de desenvolver sintomas de refluxo.
Em um artigo publicado no jornal americano "The New York Times" em 2015, Jamie Koufman, médico especializado em transtornos de refluxo, escreveu que esses transtornos se transformaram "em uma epidemia que afeta até 40% dos americanos".
Ele afirmou que também podem ser causas dessa "tendência inquietante" uma dieta ruim, com maior consumo de açúcar, gordura e alimentos processados. "Há outra variável importante que vem sendo ignorada: a hora que jantamos."
O médico afirmou que o ideal é não comer após às 20h ou fazer a refeição noturna três horas antes de dormir. "Concluindo, não é bom comer muito tarde nem comer e ir dormir", afirma a especialista em nutrição Sandra Hirsch.
Projeto da ANS para incentivar parto normal inicia nova fase.
21/11/2016 - G1 - Bom dia Brasil
O Brasil é o país campeão mundial em cirurgias cesáreas: são quase 85% dos partos na rede particular. Um programa vem sendo ampliado e agora está conseguindo reduzir esse índice, que é absurdo.
Algumas medidas adotadas são simples, como oferecer medicamentos às gestantes que reduzem as dores das contrações, ainda estimular a mulher a fazer pequenas caminhadas, tentar não ficar o tempo todo deitada no dia do parto. A ideia é levar o projeto para 150 hospitais e reduzir ainda mais o número de cesáreas.
A consultora Simone Fonseca é mãe da Sofia, de 5 anos, e do Rafael, de 2 anos. No primeiro parto ela fez cesárea e hoje diz que não foi bem uma escolha, mas falta de informação.
“É uma cirurgia desnecessária. Tive um pós-parto muito agressivo com muitos pontos, tendo que cuidar de uma recém-nascida, muita dor e com muita dificuldade de amamentar”, contou a consultora técnica no Ministério da Saúde.
Quando ela foi ter o Rafael, aí a história mudou, decidiu pelo parto normal. “A amamentação fluiu de forma muito mais rápida e segura, e a recuperação nem se fala”, contou.
Vinte e seis hospitais do Brasil participaram de um projeto piloto para incentivar o parto normal. O projeto Parto Adequado foi desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.
A equipe de um hospital em Belo Horizonte comemora o aumento dos partos normais. Em um ano e meio, eles passaram de 32% para 52% no hospital, o maior índice entre os participantes. Um hospital em Niterói, no Rio de Janeiro, teve 800% de aumento na quantidade de partos normais. Eles eram só 4%. Agora são 36%.
Para atingir a meta, foram tomadas medidas consideradas simples pelos médicos, como o uso de remédios para diminuir as dores do parto. O incentivo para que a gestante faça pequenas caminhadas e uma equipe, além do médico, para acompanhar a gravidez.
O projeto Parto Adequado evitou 10 mil cesáreas que não tinham indicação médica. O resultado foi tão acima do esperado que o projeto vai iniciar agora uma segunda fase e outros 150 hospitais do país vão participar.
“Quando a paciente entra em trabalho de parto existe todo uma melhora no desenvolvimento neurológico dessa criança, ela vai saber que ela está caminhando para um nascimento, facilita a amamentação, porque é liberado um tipo de hormônio que se chama ocitocina que ajuda na lactação, na amamentação”, afirmou a ginecologista e obstetra Lucila Nagata.
Helena completa dois meses hoje. A mãe, Cynthia Kruta, desde o início, se programou para um parto normal e deu tudo certo. “Ver ela nascendo de forma natural e ter ela nos braços foi uma recompensa fascinante, então a gente esquece a dor. É tão prazeroso tudo que a gente esquece, vendo essa coisinha tão pequeninha e tão perfeita no nosso colo. E a gente fica tão bem depois, que vale muito a pena ter”, contou.
Essa nova fase do projeto será desenvolvida nos próximos dois anos em dez estados do Brasil.
Campanha quer aumentar doações de sangue em unidades federais de saúde no Rio
21/11/2016 - Portal EBC
Unidades federais de saúde do Rio realizam de hoje (21) a sexta-feira (25) uma campanha para aumentar a doação de sangue. As coletas ocorrem em três regiões da cidade em comemoração ao Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, lembrado no dia 25 de novembro. O objetivo é reforçar os estoques de sangue para os períodos que antecedem feriados prolongados.
Na zona norte, as doações podem ser feitas no HemoINTO do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into); na zona sul, os voluntários podem doar no Hemonúcleo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC); e na zona oeste, no Hemonúcleo do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF).
As bolsas de sangue são necessárias durante todo o ano, mas principalmente nos períodos que antecedem feriados prolongados, quando o número de voluntários cai significativamente. Segundo o Ministério da Saúde, cada doação pode salvar até quatro vidas.
De acordo com a hemoterapeuta Fernanda Azevedo, coordenadora do HemoINTO, é importante que a população tenha consciência da importância de doações regulares. “Por isso as campanhas são importantes. Se cada pessoa no Rio de Janeiro doasse uma vez por ano, seria suficiente para abastecer todos os bancos de sangue do estado”, afirmou a coordenadora. “Esperamos um aumento em torno de 30% das doações de sangue esta semana. É importante porque os nossos estoques estão críticos.”
Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos e mais de 50 quilos, além de estar saudável, descansado e alimentado. Os maiores de 60 anos precisam ter doado pelo menos uma vez. O doador deve evitar alimentos gordurosos três horas antes e bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação. É necessário um intervalo entre as doações de 60 dias para os homens, com o máximo de quatro doações por ano, e de 90 dias para as mulheres, com o máximo de três por ano.
LOCAIS DE DOAÇÃO:
- HemoINTO, de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h.
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Tumores e doenças do coração são as principais causas de mortalidade de mulheres
21/11/2016 - IstoÉ Online
As causas mais frequentes para a mortalidade de mulheres em idade fértil (10 a 49 anos) de Campinas entre 2010 e 2014 foram os tumores, as doenças cardiovasculares, as causas externas e as infecto parasitárias, que juntos foram responsáveis por 68,3% do total de óbitos.
Os tumores corresponderam a 24,6% dos óbitos de mulheres em idade fértil. As doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por 18,5% dos casos, as causas externas (acidentes e violência) foram 17,2% e as doenças infecto parasitárias, 8%.
Os dados foram apresentados no 53º boletim divulgado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Campinas (Unicamp).
Já as mortes maternas relacionadas à gravidez, parto e puerpério corresponderam a 2,2% dos óbitos registrados. De acordo com a pesquisa, que analisa dados dos últimos 20 anos, o número de mortes obstétricas diretas aumentou de 19 para 31, de 2000 a 2014, e as indiretas passaram de 19 a 11, no mesmo período.
“Em Campinas, são investigados todos os óbitos de mulheres em idade fértil, independentemente da causa do óbito. A investigação é realizada por meio da revisão de prontuários ambulatoriais e hospitalares, entrevistas com familiares e checagem no Serviço de Verificação de Óbitos”, explicou a professora de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da FCM e coordenadora do CCAS, Marilisa Berti de Barros.
De acordo com a pesquisa, a queda do risco de morte das mulheres em idade fértil foi de 33,4% entre 1995 e 2004, e de 8,3% entre 2005 e 2014. Apenas as mortes relativas aos acidentes de trânsito e pneumonia apresentaram aumento entre 2000 e 2014. Segundo a pesquisa, entre as mulheres mais jovens, as causas externas, ou seja, em consequência de acidentes e de violência, constituem os óbitos mais frequentes.
MORTES MATERNAS
Segundo a Unicamp, a cidade de Campinas realiza a investigação dos óbitos maternos desde 1998 e em 2001 criou o Comitê Municipal de Vigilância do Óbito Materno e Infantil (CMVOMI). A partir de 2006, o comitê passou a agregar profissionais das equipes de vigilância dos Distritos e representantes dos hospitais universitários e maternidades de Campinas.
De 2000 a 2014, o Comitê identificou 80 mortes maternas, mas em 22 delas esta causa não constava na declaração de óbito. As principais causas de morte materna em Campinas foram a hipertensão, as hemorragias e as doenças prévias que tiveram complicação durante a gestação e parto.
Em relação ao percentual de mães adolescentes, a pesquisa mostra que houve redução de 33,1% entre 2000 e 2010, mas que houve aumento de 6,9% entre 2010 a 2014.
A pesquisa apontou também o aumento do número de consultas no pré-natal e que o número de gestantes que tiveram seis ou menos consultas diminuiu. Em termos de pré-natal, a pesquisa apontou que o número de consultas aumentou no período estudado e que houve redução no número de gestantes que tiveram seis consultas ou menos de pré-natal.
Em relação ao nascimento de bebês prematuros, o período mais recente indica percentual maior: entre 2000 e 2004 a média foi 7,7% de crianças prematuras, e no período de 2010 a 2014 a média foi de 12,8% de crianças prematuras.
Tomar cerveja todos os dias ajuda a prevenir doenças do coração
21/11/2016 - Portal Exame
Um novo estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia chegou à recomendação médica dos sonhos: beber cerveja todos os dias.
Os cientistas comprovaram que o consumo moderado da bebida pode reduzir as chances de ter um infarto ou outras doenças do coração.
A pesquisa, apresentada em um encontro da Associação Americana do Coração, examinou 80 mil chineses adultos e saudáveis durante um período de seis anos e percebeu que o álcool reduziu o declínio natural dos níveis de HDL – conhecido como colesterol bom, que age como um “detergente natural” ao limpar as moléculas de gordura do sangue.
Ao longo da pesquisa, os participantes responderam questionários sobre seus hábitos alcoólicos e fizeram exames de sangue periodicamente para medir os níveis de colesterol.
Aqueles que bebiam doses moderadas de álcool – duas por dia entre os homens e uma entre as mulheres – não viram seus percentuais de HDL despencar tão rapidamente (0.17mmol/por ano).
Entre os voluntários mais boêmios ou abstêmios, essa manutenção das taxas de colesterol não foi percebida.
As doses de cerveja foram medidas em “pints” (copo de 473 ml) – o volume de cerveja ingerido por um voluntário que bebe moderadamente não chega nem ao conteúdo de duas latas de cerveja.
Apesar dos cientistas terem feito a pesquisa com outras bebidas, os efeitos do consumo de cerveja foram mais perceptíveis. Os resultados do estudo são importantes, porque quanto maiores as concentrações de HDL, menores são as chances de desenvolver placas de colesterol “ruim” nas paredes das artérias e, consequentemente, obstruir o fluxo sanguíneo.
Uma boa descoberta, visto que os problemas cardíacos estão entre as doenças que mais matam no Brasil e no mundo.
Mesmo assim, os pesquisadores afirmam que para determinar a relação colesterol bom–cerveja, são necessários outros testes em populações com hábitos diferentes da chinesa.
Eles também alertam para os perigos que o excesso de álcool provoca no organismo, como aumento de peso, disfunções no fígado e o desenvolvimento de problemas no sistema nervoso.
Ou seja, não é pedindo mais uma saideira que você vai evitar um possível infarto – mas talvez molhar o bico ajude.
Cirurgia bariátrica — quem deve fazer (e quem deve ficar bem longe dela)
21/11/2016 - Veja Online
A indicação de cirurgias para o tratamento da obesidade continua crescendo rapidamente em todo o mundo. Só no Brasil foram quase 100 000 operações no último ano e esse número deve aumentar muito em 2016. O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou neste ano um novo conjunto de regras para indicação desses procedimentos, estendendo o número de condições clínicas que autorizam sua utilização em uma faixa de peso menor. Essas faixas de peso estão padronizadas pelo índice de massa corporal (IMC). O cálculo não é complicado. É só dividir o peso (em quilos) pela altura (em metros). Esse resultado então é dividido novamente pela altura e chega-se assim ao IMC. Vamos usar como exemplo uma mulher que podemos chamar de Maria, com 1,60 metro de altura e 90 quilos de peso. Noventa dividido por 1,60 é igual a 56,2, que, dividido novamente por 1,60, tem como resultado um IMC de 35,1.
Até o ano passado ela só seria candidata à cirurgia se tivesse associada à sua obesidade uma doença como diabetes ou hipertensão arterial. Pela nova resolução, se ela se declarar vítima de estigmatização social, depressão, ovários policísticos, varizes nas pernas ou qualquer outra condição de uma lista de mais de vinte, a cirurgia já pode ser indicada.
E o que deve justificar o uso desse recurso extremo? Ele pode parecer um tratamento muito radical, mas radical também é o risco de quem está muito acima do peso. Da última vez que se tentou estimar quantos brasileiros morrem a cada ano em decorrência da obesidade, chegou-se ao alarmante número de 80 000 vítimas. Só para efeito de comparação, o câncer de mama mata 14 000.
Quando então operar? A decisão médica precisa estar baseada na comparação entre o risco da cirurgia e o benefício que ela pode trazer para o candidato. Se a nossa paciente Maria, com seu IMC de 35, tiver também um diabetes, ela tende a lucrar muito mais com a cirurgia do que sua vizinha Joana, com os mesmos de 35 de IMC e algumas varizes nas pernas. O próprio IMC, aliás, tem sido cada vez mais questionado. Se Maria tiver, além do seu diabetes, uma hipertensão arterial, a cirurgia para ela pode ser mais necessária que para sua prima Lúcia, com 40 de IMC mas com uma taxa de glicose de 80 e uma pressão de 12 por 8. É por isso que muitos têm preferido chamar essas cirurgias de metabólicas, em vez de bariátricas. A melhora do metabolismo pode ser mais importante do que os quilos perdidos. Nos casos de obesidade com menos doenças associadas, os riscos inerentes à operação podem ameaçar o sucesso do tratamento. Apesar de vermos complicações graves com frequência cada vez menor, problemas relacionados com deficiências de alguns nutrientes podem ocorrer se não for feita uma reposição adequada.
E como são feitas essas cirurgias? Por terem nomes oficiais bastante complicados, as duas técnicas principais são mais conhecidas pelo seu nome em inglês: bypass gástrico (gastroplastia redutora com reconstituição em Y de Roux) e sleeve gastrectomy (gastrectomia vertical).
No bypass se faz uma redução no tamanho do estômago combinada com um desvio de uma parte do intestino. Além de comer menos, o paciente tem diminuída a absorção de alimentos. Por agir através desses dois mecanismos, a perda de peso tende a ser um pouco maior que a obtida através do sleeve, que ganhou esse nome por causa do formato que adquire a cavidade onde os alimentos são recebidos, semelhante a uma manga de camisa. As vantagens do sleeve, que acabou de assumir o primeiro lugar na preferência de muitos cirurgiões, incluem maior facilidade técnica e menos problemas com absorção de nutrientes e medicamentos.
As cirurgias bariátricas, quando bem indicadas e executadas por uma equipe treinada, podem ser uma excelente opção para o tratamento da obesidade grave e de suas complicações. Sua utilização com finalidade estética é, no entanto, descabida e condenável.
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