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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 17/11/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Indústria farmacêutica age como o crime organizado

17/11/2016 - Folha de S.Paulo


O médico dinamarquês Peter Gotzsche, 67, não é um homem de meias palavras. Ele compara a indústria farmacêutica ao crime organizado e a considera uma ameaça à prática da medicina segura.

“Isso é fato, não é acusação. Ela [a indústria] sabe que determinada ação é errada, criminosa, mas continua fazendo de novo e de novo. É o que a máfia faz. Esses crimes envolvem práticas como forjar evidências e fraudes”, diz.

Professor na Universidade de Copenhague e um dos que ajudaram a fundar a Cochrane (rede de cientistas que investigam a efetividade de tratamentos), ele acaba de lançar livro“Medicamentos Mortais e Crime Organizado - Como a indústria farmacêutica corrompeu a assistência médica” (Bookman Editora).

Recém traduzida para o português, a obra tem causado alvoroço no meio médico.

Gotzsche reconhece os êxitos da indústria no desenvolvimento de drogas para tratar infecções, alguns tipos de câncer, doenças cardíacas, diabetes, mas expõe no livro dados que demonstram falhas na regulação de medicamentos e os riscos que muitos deles causam à saúde.

No início do mês, ele proferiu uma palestra no congresso mundial de medicina de família (Wonca),que ocorreu no Rio de Janeiro, onde deu entrevista à Folha.

Folha - O sr. compara a indústria farmacêutica ao crime organizado. É uma acusação muito séria. O sr. está sendo processado?

Não, porque isso é um fato, não é uma acusação. a indústria sabe que determinada ação é errada, criminosa, mas continua fazendo de novo e de novo. É o que a máfia faz. Esses crimes envolvem práticas como forjar evidências, extorsões e fraudes. Está bem documentado. Eles dizem que os exemplos que cito no meu livro são velhos, que as práticas hoje são outras. Mas é mentira. Eu documentei crimes cometidos pelas dez maiores farmacêuticas entre 2007 e 2012. Esses crimes estão crescendo, e isso não é surpresa.

Por outro lado, a indústria produz drogas que trazem benefícios, certo?

Sim, alguns medicamentos trazem grandes benefícios, mas meu livro não é sobre os já bem conhecidos benefícios que algumas drogas trazem.

Meu livro é sobre as falhas de todo um sistema, da descoberta, produção, marketing e regulação das drogas.

O sr. é especialmente crítico em relação à área da psiquiatria. Por quê?

As drogas psicotrópicas têm provocado muitos danos aos pacientes e podem se tornar ainda piores quando eles tentam interrompê-las porque aparecem os sintomas da abstinência, mas os psiquiatras muitas vezes negam isso.

Eles aprenderam com a indústria farmacêutica que nunca devem culpar a droga, mas sim a doença.

Não sei de outra especialidade médica onde haja tanto excesso de diagnóstico e de tratamento ou onde os danos dos medicamentos sejam tão debilitantes e persistentes em relação aos benefícios.

Felizmente, alguns dos psiquiatras já perceberam que sua especialidade está em crise, então há esperança.

Mas essas drogas passam pelo crivo de agências reguladoras, que levam em conta os riscos e benefícios. Ou não?

Agências regulatórias têm feito um trabalho muito pobre por diferentes razões.

Elas falam com a indústria farmacêutica, mas não falam com os pacientes. Para ter uma nova droga aprovada só é preciso provar que ela é melhor do que placebo, mas os efeitos colaterais não são levados muito em conta. Esses danos são pouco estudados, quanto mais estudos você faz, mais chances você terá de achar problemas. Uma droga precisaria ser efetiva e segura, mas isso não acontece em muitos casos.

Qual a saída?

O processo de regulação tem que ser melhorado. É preciso que as agências tenham mais independência e transparência e também encorajar as iniciativas que exponham as ligações das farmacêuticas com médicos e outros profissionais da saúde, associações de pacientes e periódicos científicos.

Qual a principal mensagem para pacientes e médicos?

Não confiem nos estudos publicados pela indústria farmacêutica. Muitas drogas são ineficazes e muito mais perigosas do que as pessoas imaginam. É uma tragédia dupla: as pessoas estão morrendo por causa de medicamentos e muitas vezes nem precisariam deles. Por essa razão, médicos devem prescrever menos remédios do que fazem hoje.




Farmacêuticas negam ligação com crimes

17/11/2016 - Folha de S.Paulo


Dirigentes de associações das farmacêuticas no Brasil repudiam a relação que o médico Peter Gotzsche faz entre o setor e o crime organizado.

“Não se pode criminalizar uma indústria que efetivamente faz saúde em caixinha, que evita que as pessoas fiquem doentes”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma (sindicato paulista da indústria de produtos farmacêuticos).

Para ele, Gotzsche trata de questões ideológicas e ultrapassadas.

“Não conheço o livro, mas dei um Google.” segundo Mussolini, é graças a remédios produzidos pelas farmacêuticas que ele e o autor estão vivos hoje.

“quando eu nasci, em 1958,a expectativa de vida para o brasileiro era de 53 anos e do europeu, de 60 anos. A indústria pode ter cometido erros no passado,mas não se pode criminalizá-la.” Ele diz que nos últimos anos houve grande evolução nas questões regulatórias e de marketing e que práticas antiéticas foram banidas.

“No passado, era normal o médico viajar a convite da indústria a congressos fora do Brasil e levar junto a mulher, o filho ficava duas horas no congresso e uma semana de férias.hoje nenhuma empresa aprova uma coisa dessas.” Nos últimos 30 anos, diz, houve uma evolução na forma de pesquisar, registrar e promover os produtos. “hoje só registramos um produto se conseguirmos demonstrar que ele traz ganho em eficácia e segurança em relação a outro já registrado.” Antonio Brito, presidente da Interfarma (associação das farmacêuticas de pesquisa), lembra da preocupação do setor de avançar na transparência das relações.

Afirma que na semana passada a Interfarma lançou a terceira revisão do seu código de conduta, discutido com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira).“sabemos que existem zonas cinzentas nessas relações e falhas de procedimento. Mas elas não serão resolvidas com atitudes que ultrapassam o bom senso.




Aquisição de medicamentos pelo setor público através de plataformas online já é realidade

16/11/2016 - Terra


De acordo com o artigo 196 da Constituição Federal brasileira a saúde é direito de todos. No entanto, em controvérsia à própria Constituição, ocorre frequentemente um aumento na quantidade de processos ligados à judicialização do direito à saúde, que se refere à busca do Judiciário para obtenção de medicamentos, tratamentos e procedimentos médicos, negados de alguma forma pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a finalidade do cumprimento universal do dever supracitado, o Estado criou entidades públicas, assim como criou alicerces entre as mesmas e com setores privados, para execução das políticas públicas de saúde. Apesar disso, a execução tem se mostrado ineficaz, uma vez que o alto custo atrelado à demora no atendimento das solicitações e processos arcaicos dificulta a entrega final do processo ao cidadão.

No processo convencional de compra de medicamentos pelos órgãos públicos, o gestor dedica muito do seu tempo durante o processo de cotação e negociação de preço junto a diversos fornecedores, seja por telefone, e-mail e/ou fax, além da compilação dessas informações em planilhas, mapa e, por fim, redigindo para os fornecedores escolhidos vários pedidos com base nas análises dos mapas de preços realizados.

Diante desse cenário, a Nutricash, empresa especializada em meios de pagamentos corporativos, inovou mais uma vez ao criar uma plataforma online de gestão de compra de produtos diversos que une prefeituras e distribuidoras (farmácias) possibilitando otimização no processo de compra de qualquer tipo de medicamento: o Nutricash Gestão de Compras.

Dentre as funcionalidades do produto Nutricash Gestão de Compras estão a possibilidade de selecionar ilimitadamente os estabelecimentos credenciados para receber a requisição de compra; mudança do escopo de compra com a alteração de medicamentos e quantidades, emitindo alerta para os fornecedores, a qualquer momento; e o acesso à tabela de preços da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), divulgada pela ANVISA, para fins de verificação da adequação dos preços dos medicamentos cobrados pelos estabelecimentos.

"Todo o processo de cotação e aquisição de medicamentos é simplificado e organizado, trazendo benefícios às empresas adquirentes principalmente em relação à redução de custos a partir do amplo acesso a diferentes orçamentos para aquisição de um mesmo produto", afirma Luciano Engel, Superintendente Comercial, Marketing e Produtos da Nutricash.

O Nutricash Gestão de Compras foi projetado para atender a necessidade de gerenciar a aquisição de diferentes bens e serviços por uma empresa. Da gestão de compra de medicamentos por uma prefeitura, como foi citado acima, à aquisição de materiais de escritório, por exemplo, a plataforma se encaixa perfeitamente para as empresas que buscam praticidade e economia para sua gestão.


SOBRE A NUTRICASH:


Fundada em 1993, a Nutricash integra a holding 3P Investimentos e Participações e atua em todo território nacional oferecendo soluções modulares em gestão de pagamentos corporativos que proporcionam economia de custos, praticidade nos processos e maior eficiência na gestão. Atualmente, seu portfólio de soluções abrange com maior ênfase o segmento de benefícios ao trabalhador e o de gestão de frotas através da marca MaxiFrota.

Defeitos corrigidos

17/11/2016 - O Globo


Através da técnica de edição genética conhecida como Crispr, pesquisadores do Instituto Salk, nos EUA, conseguiram, pela primeira vez, substituir o DNA de genes defeituosos por um novo material genético em células que não se dividem — predominantes em órgãos como os olhos, o cérebro, o pâncreas e o coração — e, assim, restauraram parcialmente respostas visuais em roedores cegos. O método pode conduzir a novos tratamentos para uma variedade de doenças associadas ao processo de envelhecimento, como as neurológicas e cardíacas.

Em seu experimento, os cientistas usaram roedores com um gene defeituoso nos olhos, responsável pela morte gradual das células da retina, ocasionando a cegueira, a retinite pigmentosa — uma condição que afeta uma em cada quatro mil pessoas. Quando tinham três semanas de vida, os animais receberam a injeção de um vírus que levava um conjunto de instruções da edição genética. Cinco semanas depois, eles reagiram quando foram expostos à luz, e testes indicaram que a inserção dos genes saudáveis curou as células doentes.

As técnicas de modificação do DNA conhecidas até agora podem ser aplicadas apenas em células em divisão, como as epidérmicas ou intestinais. A Crispr, além de dez vezes mais eficiente, atua também em células que não se dividem, como foi publicado na edição de ontem da revista “Nature”.

— Estamos entusiasmados com esta nova tecnologia porque é algo que não poderia ser feito antes — conta Juan Carlos Izpisúa-Belmonte, autor principal do estudo e pesquisador do Instituto Salk. — Pela primeira vez poderemos entrar em células que não se dividem e modificar o DNA. Há uma grande possibilidade de aplicações desta descoberta.

A equipe ressalta em seu artigo que o nível de eficácia obtido atualmente é de 10% a 15% das células: “Deve-se notar que, embora os testes demonstrem melhora nas respostas visuais após a injeção (do reparo do DNA) quando os ratos têm três semanas de idade, o resgate foi apenas parcial e não o suficiente para restaurar completamente a visão”.

O estudo foi recebido com aplausos pela comunidade científica. Pesquisadora do Departamento de Genética do Instituto de Biociências da UFRGS, Maria Cátira Bortolini acredita que a técnica é uma “ressurreição da terapia genética”.

— As terapias aplicadas nos anos 90 praticamente caíram em desgraça — conta. — Os pacientes desenvolviam uma série de efeitos adversos, inclusive câncer, porque não havia a precisão adequada para a injeção dos genes que deveriam combater as doenças. Agora, localizamos exatamente o gene defeituoso em um órgão.

Para Maria Cátira, doenças hereditárias, como câncer de mama e cegueira, serão as primeiras a terem tratamento disponível, já que os genes defeituosos são mais fáceis de serem encontrados.

Professor de terapia genética da Universidade de Oxford, Robert McLaren também reconheceu o diferencial do estudo americano:

— É um avanço significativo. Os investigadores poderão usar este mecanismo para corrigir defeitos genéticos — revela. — Uma vez que o envelhecimento é definido como a presença crescente de mutações no DNA, a capacidade de corrigi-las pode, no futuro, fornecer um meio para aumentar o nosso tempo de vida, assim como melhorar ou desenvolver o tratamento de muitas enfermidades.

Andrew Wood, professor do Instituto de Genética e Medicina Molecular na Universidade de Edimburgo, também assinala o ineditismo do estudo.

— Embora outros grupos tenham aplicado abordagens semelhantes em células cultivadas em laboratório, esta é a primeira vez que este trabalho pode ser realizado em células que não se dividem em um animal vivo.


EFICIÊNCIA CONTESTADA


Para o geneticista Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, um dos mais prestigiados da área no Reino Unido, o método, “conforme relatado, não é super eficiente”, já que a falta de precisão traria apenas “benefícios marginais”.

— No entanto, as melhorias parecem inevitáveis, e com isso os métodos criados até agora podem ser muito úteis no futuro para o acréscimo de genes e para a terapia genética. É ainda um trabalho complicado. Não deve ser tratado com sensacionalismo.

Izpisúa-Belmonte reconhece a necessidade de realizar novas análises de segurança, mostrando que a injeção do DNA não afetará o material genético “saudável” que cerca os genes defeituosos e sua previsão é iniciar os ensaios clínicos nos próximos cinco anos.




Cientistas chineses usam células modificadas para combater o câncer

16/11/2016 - G1 - Jornal Hoje


Na China, uma pesquisa abre um novo caminho para o tratamento do câncer. Cientistas injetaram, pela primeira vez, num paciente células modificadas geneticamente por uma técnica considerada revolucionária.

A técnica já é conhecida na agricultura para dar mais resistência a plantas ou mudar características de certas culturas, como arroz, milho e soja. Mas é a primeira vez que é testada num ser humano, segundo a revista científica Nature.

A pesquisa é da Universidade de Sichuan, em Chengdu, na China. O paciente tem câncer, que começou no pulmão e já está se espalhando pelo corpo. A técnica "Crispr cas 9" serve para modificar o DNA, alterando um gene específico.

No caso do paciente chinês, células do sistema imunológico dele foram retiradas e, no laboratório, usou-se a técnica para alterar um gene: o que contém uma proteína, PD-1, que impede o combate às células cancerosas, deixando a pessoa doente.

A enzima CAS-9 serviu como uma "tesoura molecular" para cortar e desligar uma parte do gene. As células editadas foram multiplicadas em laboratório e injetadas de volta no paciente. A esperança é que sem a tal proteína, o sistema imunológico naturalmente passe a atacar o câncer, vencendo a doença.

O tratamento será feito em etapas, todas iguais: retirando células, desligando o gene e injetando-as de volta, e vai ser estendido a mais nove pacientes. Eles serão acompanhados por seis meses para saber a eficácia da técnica.

Há risco de efeitos colaterais, mas os pesquisadores estão otimistas. A revista considera que a técnica vai provocar uma corrida entre China e Estados Unidos para ver qual país vai conseguir o primeiro bom resultado.

Projeto-piloto em 35 hospitais evita 10 mil cesarianas em um ano e meio

17/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Um projeto-piloto feito em 35 hospitais brasileiros conseguiu evitar cerca de 10 mil cesarianas desnecessárias no período de um ano e meio. A iniciativa, encabeçada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), segue recomendação de organismos internacionais para a redução das taxas de cesáreas no Brasil, uma das maiores do mundo.

Os resultados do projeto Parto Adequado, obtidos com exclusividade pelo Estado, serão apresentados hoje em evento na capital paulista e mostram ainda que a taxa de partos normais nos centros participantes cresceu 11 pontos porcentuais, passando de 23% para 34%.

Apesar da iniciativa, o índice alcançado pelos 35 hospitais ainda está distante do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo orientação do órgão, 85% dos nascimentos deveriam ocorrer por meio do parto natural e apenas 15% teriam indicação de intervenção cirúrgica, mas na rede privada brasileira a proporção é exatamente a inversa. No último ano, com a implementação do projeto, houve uma pequena queda na taxa geral de cesáreas realizadas na rede particular.

O índice de partos cirúrgicos caiu de 85,6%, em 2014, para 84,4% em 2015.

“Apesar de não ter havido uma queda significativa no índice geral, o resultado obtido nos 35 hospitais participantes representa um avanço gigante e mostra que é possível reduzir essa tendência de aumento das cesarianas no País. Só que, para isso, é preciso combinar uma série de medidas que reorganizem o modelo de atendimento”, afirma Martha Oliveira, diretora de desenvolvimento setorial da ANS, que anunciou que o projeto será agora expandido para outros 150 hospitais, com a intenção de ser replicado para toda a rede daqui a dois anos.


MEDIDAS


As intervenções feitas nas maternidades participantes foram organizadas em três grupos: mudança ou adaptação da infraestrutura dos hospitais, capacitação de profissionais de saúde e conscientização das gestantes.

No primeiro grupo de medidas, uma das principais ações implementadas foi a criação de salas de parto natural, onde ficam disponíveis objetos que aliviam as dores do trabalho de parto, como bolas, banheiras e banquinhos. Nesses quartos, os acompanhantes também podem entrar e sair a qualquer hora sem o rigor de um centro cirúrgico.

“É uma medida que tem muito efeito porque dá à gestante mais confiança. Ela tem uma sala com mais espaço e com o acompanhante o tempo todo, com a garantia de que as intervenções serão mínimas”, diz Rita Sanchez, líder clínica do projeto e coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, parceiro da ANS na iniciativa.

Foi no centro de simulação realística do Einstein que mais de 400 profissionais de saúde dos 35 hospitais receberam capacitação teórica e prática sobre a importância da escolha de um parto adequado. No local, eles estudavam os protocolos existentes para cada caso e treinavam diferentes situações de parto em robôs.

“Colocamos tanto os médicos quanto os enfermeiros na mesma sala para reproduzir diferentes cenários de dificuldades, como parto vertical, no banquinho, de cócoras”, diz Rita.


EQUIPES


Outra mudança na estrutura das maternidades foi a contratação de enfermeiras obstetras e de equipes de obstetras plantonistas. “As enfermeiras especializadas conseguem monitorar o trabalho de parto e acionar o médico da paciente na hora certa”, afirma Rita.

No âmbito da conscientização das gestantes, o projeto estimulou palestras e cursos sobre os riscos e benefícios de cada tipo de parto. “Tanto aqui no Einstein quanto nos demais hospitais participantes, nós reformulamos o curso de gestante.

Em vez de falar das roupinhas do bebê, focamos na questão do trabalho de parto, no que é necessário para garantir uma boa evolução”, explica ela. Segundo a coordenadora da maternidade do Einstein, a taxa de partos cesáreos na unidade caiu de 78%, antes do projeto, para os atuais 57%.

A dentista Adriana Moura Foz, de 33 anos, foi uma das pacientes do hospital que optaram pelo uso das salas de parto natural, chamadas no Einstein de PPP (pré-parto, parto e pósparto).

“Eu já preferia o parto normal, mas nunca fui radical, sabia que a decisão final seria médica. E no dia foi muito legal, porque fui para a sala PPP e não teve aquele ambiente cirúrgico.

Era um espaço agradável, tinha banheira, bola de pilates, a enfermeira ficava acompanhando minha dilatação. Eu, que morria de medo da dor, me senti tranquila”, diz ela, mãe de Felipe, de 1 ano e 1 mês, e grávida de cinco meses do segundo filho.

“A recuperação foi ótima. Espero poder ter parto normal nessa segunda gestação também.”




14 centros médicos também reduzem internações em UTI

17/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Dos 35 hospitais participantes do projeto Parto Adequado, 14 conseguiram reduzir as taxas de admissão em UTI neonatal no período da iniciativa. A taxa de internação nessas unidades caiu de 86 por mil nascidos vivos para 69 por mil nascidos vivos. Na média de todos os hospitais, a taxa manteve-se estável.

A alta no número de partos normais também não aumentou a ocorrência de eventos adversos, como morte materna, sequela e asfixia fetal. De acordo com a ANS, o resultado comprova que a iniciativa de optar pelo parto adequado é segura. Ainda segundo a agência, os hospitais participantes registraram redução significativa em procedimentos como a episiotomia (corte na região do períneo), deixaram de solicitar jejum às gestantes durante o trabalho de parto e estimularam mais mulheres a criar o seu plano de parto e escolher diferentes posições para ter o bebê.

Dos 35 hospitais participantes, 31 são privados e apenas 4 integram a rede pública. A rede privada é o principal alvo da iniciativa por apresentar as maiores taxas de cesarianas (84,4%). Nas maternidades do SUS, o índice de cesáreas é de cerca de 40%.

Embora comemore os resultados do projeto-piloto nos 35 centros médicos, a ANS ainda enfrenta dificuldades para que as operadoras sigam todas as resoluções editadas nos últimos dois anos para evitar a realização de cesáreas desnecessárias nas unidades da saúde suplementar. Pelas normas, instituídas entre o ano passado e este ano, operadoras e hospitais são obrigados a contratar enfermeiras obstetras ou obstetrizes. Também devem informar aos pacientes que solicitarem as taxas de partos cesáreos aplicadas por determinado médico ou hospital.

Já os médicos têm a obrigação de entregar às pacientes, em três consultas diferentes, uma nota de orientação sobre os riscos de cada tipo de parto. Eles devem preencher ainda o cartão da gestante e um partograma específico.




Zika: mulher pode ter risco maior de infecção

17/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Os vírus que armazenam seu código genético no RNA, como o da zika – diferentemente daqueles que armazenam essa informação no DNA, como o da herpes e da catapora –, enfraquecem o sistema imunológico vaginal, retardando a resposta das defesas do corpo à infecção e dificultando a detecção do vírus na vagina. Isso pode aumentar o risco de infecção do feto durante a gravidez. A conclusão é de um novo estudo publicado ontem na revista científica internacional Journal of Experimental Medicine.

O novo estudo foi liderado por cientistas dos Institutos Gladstone, ligados à Universidade da Califórnia em São Francisco (Estados Unidos).

De acordo com os autores do artigo, a descoberta sugere que as mulheres são mais suscetíveis à transmissão sexual de vírus de RNA e elas têm mais dificuldade que os homens para eliminar a infecção do corpo.

“Nossa pesquisa reforça os resultados de estudos epidemiológicos que mostram que as mulheres têm um risco maior de infecção por zika”, declarou o autor principal do artigo, Shomyseh Sanjabi, pesquisador dos Institutos Gladstone.

“O amortecimento da resposta imune vaginal é especialmente preocupante, porque dá ao vírus mais tempo para se espalhar e chegar ao feto, se a mulher estiver grávida ou engravidar durante a infecção”, disse Sanjabi. Para fazer a pesquisa, os cientistas infectaram camundongos fêmeas de forma sistêmica – como acontece quando a transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti – e também pela vagina.

Normalmente, células infectadas liberam as moléculas conhecidas como interferon, que formam uma primeira linha de defesa contra a infecção. O interferon inicia o combate ao vírus e – o que é mais importante – alerta as células vizinhas que o corpo está sendo atacado, desencadeando a reação de todo o sistema imunológico.

Depois de três dias, os animais que foram infectados sistemicamente apresentaram uma forte resposta de interferon e começaram a eliminar o vírus do organismo. Enquanto isso, os animais infectados pela vagina ainda tinham níveis extremamente altos do vírus e nenhum sinal de interferon.




Campanhas e o caos na saúde

17/11/2016 - Correio Braziliense


Novembro é azul com o intuito de lembrar ao universo masculino da necessidade de cuidar da saúde e fazer exames periódicos contra o câncer de próstata, de mama e outras moléstias que reduzem a expectativa de vida se não forem tratadas a tempo. Mas, durante este mês, a sociedade é alertada sobre os riscos da diabetes, uma doença silenciosa que provoca graves danos ao organismo e que, se não controlada, pode provocar a falência dos órgãos e o encontro precoce com a morte.

No Brasil, são mais de 12 milhões de diabéticos e, no mundo, 400 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde. A doença é detectada por exame de sangue e pode ser controlada com medicamento e alimentação. Os especialistas recomendam ainda exercícios físicos regularmente. Tanto o câncer quanto a diabetes tende a aparecer a partir dos 40 anos em homens e mulheres

As sucessivas campanhas — como o Outubro Rosa teve como alvo a prevenção de câncer nas mulheres — não têm amparo na realidade. A rede pública de saúde, na maioria das unidades da Federação, está sucateada. As unidades hospitalares entraram em colapso. O sistema não responde à demanda da sociedade. Faltam médicos, equipamentos, leitos, medicamentos e até lençóis nas unidades de saúde, de norte a sul do país.

As filas de espera para atos cirúrgicos, consultas e exames são, a cada dia, maiores. Os profissionais do setor público, desestimulados pela precariedade das condições de trabalho, não conseguem realizar um bom atendimento — isso, sem contar a parcela minoritária que é negligente que tem dupla jornada e se dedica mais à carreira na iniciativa privada.

Sobre o falido sistema, herdado de governos passados, paira ainda grande preocupação com a diminuição de recursos financeiros, a partir da aprovação da PEC 241 pela Câmara e que, agora, tramita no Senado como PEC 55. A proposta de emenda à Constituição limita a correção dos gastos federais ao índice de inflação do ano anterior. A mudança objetiva organizar as despesas governamentais, desequilibradas pelas crises política e econômica intensificadas a partir do segundo semestre de 2014. Para a equipe econômica, não há outra opção senão a aplicação de rigorosa austeridade às despesas para reencontrar o equilíbrio fiscal.

A decisão angustia os brasileiros que padecem com a má qualidade dos serviços públicos. A preocupação aumenta à espera de uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o financiamento governamental de medicamentos de alto custo para pacientes com doenças crônicas. A apreensão se torna maior quando se constata que a rede de farmácia popular vem minguando. Proprietários de drogarias alegam que trabalhar no sistema já não compensa, pois, antes mesmo da atual gestão, os valores pagos pelo Estado apenas empatam com a despesa, sem representar qualquer lucro aos estabelecimentos.

As campanhas entram no calendário com alertas e recomendações para a realização de exames periódicos, principalmente para pessoas com 40 anos ou mais. Quem reconhece a importância das orientações e recorre à rede pública esbarra em obstáculos para conseguir diagnóstico e tratamento. Propagandear advertências, embora seja muito importante, não é suficiente. O poder público tem a obrigação de dar respostas, para não tornar inúteis iniciativas indispensáveis à qualidade de vida da população.




Número de hipertensos duplica em 40 anos

17/11/2016 - Correio Braziliense


Nas últimas quatro décadas, enquanto os países ricos começaram a se livrar do maior fator de risco de doenças cardiovasculares, as nações pobres e em desenvolvimento fizeram o movimento contrário. Uma meta-análise da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicada na revista médica The Lancet, contendo informações de 97% da população adulta global, mostra que, de 1975 a 2015, o número de indivíduos acima de 18 anos vivendo com hipertensão praticamente duplicou. Hoje, eles são 1,13 bilhão. Contudo, há expressivas diferenças regionais e algumas de gênero — no Brasil, por exemplo, há menos mulheres com pressão alta do que no passado, mas a quantidade de homens com o problema aumentou.

A publicação da OMS mostra que lugares como Estados Unidos e Austrália registraram redução nos índices de hipertensão ao longo de quatro décadas. Já em países como Níger, na África, e Croácia, no leste europeu, houve uma explosão de casos. “A pressão alta não está mais associada a posses, como era em 1975. Agora, é um problema grave de saúde ligado à pobreza”, disse, em nota, Majid Ezzati, professor da Faculdade de Saúde Pública do Imperial College London e um dos autores do trabalho.

O especialista em epidemiologia e saúde pública esclareceu que, embora o trabalho — o maior já realizado sobre hipertensão — não tenha investigado as causas, é possível que a mudança de padrão se deva, em parte, ao fato de nações desenvolvidas estarem consumindo mais frutas e vegetais, o que reduz os fatores de risco. “Outra coisa é que, em países ricos, a hipertensão é diagnosticada mais cedo e controlada mais efetivamente com medicamentos”, afirmou.

O presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Mario Fritsch Neves, destaca essa diferença: “Nos Estados Unidos, entre 50% e 60% dos casos estão controlados, o que já é um número baixo. No Brasil, apenas 20% dos casos estão sob controle”, compara. De acordo com ele, uma das explicações para isso está na adesão ao tratamento. “Como é uma doença crônica, o paciente precisa tomar o remédio todos os dias; às vezes, vários remédios ao dia, e nem sempre as pessoas estão motivadas. Outro problema é que a hipertensão é uma doença silenciosa. A maioria das pessoas não sente nada até ter um AVC (acidente vascular cerebral)”, diz.


POR ACASO


A carioca Lia Barbosa Dias, 76 anos, descobriu a hipertensão há 15, depois de um pequeno mal-estar. “Um dia, estava fazendo caminhada quando senti uma fisgada no peito. Quando cheguei em casa, meu marido disse que eu estava com uma fisionomia estranha. Então, corremos para o hospital. Minha pressão estava 18 por 16. O médico falou que não sabia como eu não tinha morrido no carro”, relata. Até então, ela não tinha sintomas da doença que, contudo, já tinha vitimado seu pai. Desde essa época, Lia toma três remédios para a pressão e o coração diariamente e continua a fazer exercícios físicos. Como já não gostava de sal, não precisou adaptar muito a alimentação. “Minha pressão está bem controlada”, comemora.

No caso de Marcelo Santana, 50 anos, a descoberta da hipertensão também aconteceu por acaso. A doença, porém, teve um impacto positivo na sua qualidade de vida, avalia. “No momento, eu não tomo mais remédios, mas não posso parar de fazer atividade física. Tive de parar de comer comida muito condimentada, com muito sal, e embutidos, como presunto e salsicha”, lista. Apesar do susto, Santana diz que o maior cuidado com a saúde compensa. Além de a pressão ter voltado ao normal, ele perdeu peso e ganhou disposição física. “Me sinto bem melhor, mais magro e forte. E não fico tão preocupado com algum problema que possa acontecer porque chamam a hipertensão de morte silenciosa.”


REALIDADE BRASILEIRA


O estudo conduzido pela OMS mostra que, no Brasil, a situação das mulheres melhorou, mas a dos homens está pior do que na década de 1970. De acordo com o relatório, em 1975, a média da pressão sanguínea sistólica (a força com que o coração bombeia o sangue para os vasos sanguíneos) entre a população feminina era 130,2 mmHg. Já em 2015, passou para 124,3 mmHg. Entre os homens, porém, houve uma leve piora. Enquanto que, há quatro décadas, eles registravam 132,7 mmHg, em 2015, passaram para 133,3 mmHg. Os pesquisadores explicaram que não utilizaram a pressão diastólica (que mede a resistência dos vasos sanguíneos contra a passagem do sangue) como parâmetro porque a maior parte dos estudos da década de 1970 não considerava esse valor, o que afetaria o resultado do trabalho.

De acordo com Mario Fritsch Neves, outros estudos, contudo, vêm mostrando o contrário: um aumento na prevalência da hipertensão entre mulheres. “Os fatores de risco, como tabagismo, má alimentação e níveis de estresse, estão crescendo entre as mulheres. Hoje, não há diferença significativa de prevalência entre os sexos”, explica. O médico ressalta que a principal lição das pesquisas que revelam o retrato da hipertensão é a necessidade de prevenir um mal que, embora tenha componente genético, pode ser evitado com mudanças no estilo de vida — tanto que ele aposta na ocidentalização dos hábitos dos asiáticos como uma das explicações para a explosão de hipertensão em algumas regiões do continente.

“Ingerir pouco sal, comer menos gordura, evitar ganho de peso e fazer atividade física é muito importante. É preciso evitar os fatores de risco desde a infância porque a hipertensão está aumentando entre crianças e adolescentes”, observa. O médico destaca que o mundo está envelhecendo, o que, naturalmente, faz crescer a prevalência dessa condição. “Se nada for feito, a tendência é que a hipertensão aumente cada vez mais e surja cada vez mais cedo, o que gera um problema enorme para o paciente, as famílias e a saúde pública”, observa Fristch Neves. (Colaborou Victor Correia)


20%


Quantidade de casos de hipertensão no Brasil que estão sob controle, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão

“A pressão alta não está mais associada a posses, como era em 1975. Agora, é um problema grave de saúde ligado à pobreza”

Majid Ezzati, professor da Faculdade de Saúde Pública do Imperial College London e um dos autores do trabalho


RISCO DE DEMÊNCIA


Estudos têm demonstrado que a hipertensão é um importante fator de risco para o surgimento da demência e de doenças de declínio cognitivo comuns na terceira idade. Nesta semana, uma equipe de pesquisadores liderados por Costantino Iadecola, da Faculdade de Medicina Weill Cornell, nos Estados Unidos, explicou mecanismos que estão por trás do aumento dessa vulnerabilidade. Segundo eles, a pressão alta ativa células imunes no cérebro chamadas macrófagos perivasculares, levando ao aumento do estresse oxidativo nos vasos sanguíneos do cérebro, condição que pode desencadear a demência. Em experimentos com ratos hipertensos, a redução seletiva desses macrófagos reduziu os sinais de declínio cognitivo, sinalizando uma possível terapia contra essas enfermidades. A pesquisa foi publicada no The Journal of Clinical Investigation.




Casos de meningite crescem 75% no DF

17/11/2016 - Correio Braziliense


O ano nem acabou e a capital federal já superou em 75% o número de casos de doença meningocócica, a meningite, em relação a todo o ano passado. Até novembro, 14 pessoas tiveram a doença e seis morreram. Em 2015, ocorreram oito infecções e sete mortes. Essa é a primeira alta em três anos (leia Alerta). A Secretaria de Saúde nega que o DF viva um surto. A Vigilância Epidemiológica, porém, está alerta e acompanha a situação, atualizando os dados semanalmente. Em 2017, haverá alteração no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS) a fim de frear o avanço da doença.

O mapeamento das autoridades sanitárias mostra uma concentração de casos em pessoas entre 10 e 19 anos e em crianças menores de 1 ano. As investigações, segundo a Vigilância Epidemiológica, não comprovam a ligação entre os casos. Regiões administrativas como Estrutural, Gama e Riacho Fundo notificaram dois casos cada uma. Ceilândia, Sobradinho e Lago Norte também registraram uma situação cada. A doença meningocócica tem início abrupto e evolução rápida, podendo levar ao óbito em 24 a 48 horas.

A infecção das meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula) pode ser provocada por vírus, mas a forma mais comum é causada por uma bactéria — o meningococo. O período de incubação é, em geral, de dois a 10 dias — em média, de três a quatro dias. O Boletim Epidemiológico de Doenças Imunopreveníveis emitido pelo governo garante que nos últimos anos houve redução da variação mais letal. Pelo menos na última década não houve surto. As amostras dos pacientes infectados são encaminhadas ao Laboratório Central (Lacen) para confirmação dos casos. Lá, infectologistas identificam o tipo da doença e encaminham os resultados para a Vigilância Epidemiológica.

Os sintomas iniciais são febre alta, náuseas, vômitos e rigidez dos músculos da nuca. O doente não consegue encostar o queixo no peito e deve ser hospitalizado imediatamente. Como é transmitida por espirro, tosse ou fala, é importante a notificação. Os corpos das vítimas passam por quimioprofilaxia — procedimento realizado para evitar que a bactéria, altamente contagiosa, espalhe-se pelo ambiente. “É uma doença difícil de diagnosticar. As manifestações iniciais podem ser confundidas com uma infinidade de outras doenças”, ressalta a gerente de Vigilância Epidemiológica, Priscilleyne Reis.

Este ano, a Secretaria de Saúde publicou um alerta para o aumento de casos de doença meningocócica no Distrito Federal. O documento ressalta a predominância do sorogrupo C — ao todo, são 13 tipos e cinco são os mais frequentes —, além do reaparecimento do sorogrupo B. O texto ressalta o aumento dos casos. O alerta foi publicado em maio. “Naquele período, observamos um aumento acima da média, mas não há motivo para pânico. A doença está sob controle”, argumenta Priscilleyne.


IMUNIZAÇÃO


A meningite é uma doença respiratória. Há casos em que a pessoa tem a bactéria na garganta, mas que não desenvolve a infecção. Mesmo assim, são transmissoras. No primeiro ano de cobertura vacinal, o governo percebeu um recuo de 50% dos casos. No ano que vem, a faixa etária entre 12 e 13 anos também vai receber doses do imunobiológico Meningo C. “Esse é o grupo que está tendo o maior número de situações”, detalha a gerente de Vigilância Epidemiológica.

Há seis anos a vacina disponibilizada no SUS reduziu o número de doentes. No período, a doença meningocócica fez 123 vítimas. Entretanto, no ano passado houve falhas na vacinação (veja Memória). “Na prevenção, trabalhamos o alerta. Se tiver um atendimento rápido e uma boa suspeita clínica, o paciente fica bem. A vacina entrou no calendário anual em 2010 e a gente vem tendo uma redução dos casos”, pondera.


MEMÓRIA


Os problemas da imunização


Na edição de 29 de outubro de 2015, o Correio denunciou a falta de vacinas nas redes pública e particular da capital federal. Entre as que estavam em escassez, a Pentavalente, a Hexavalente e a Meningo B, que protegem da meningite e outras infecções. Na época, a justificativa seria problemas na fabricação por falta do princípio ativo. O problema se arrastou por pelo menos seis meses. O Executivo local, desde então, assegura o abastecimento atual da rede.


ALERTA


Entre 2010 e o ano passado, 123 pessoas tiveram meningite no DF

Ano Casos
2010 43
2011 21
2012 18
2013 20
2014 13
2015 8
2016* 14
*Até novembro
Fonte: Secretaria de Saúde




Pessimismo é fator de risco para doença do coração, diz estudo

17/11/2016 - O Estado de S.Paulo / Site


Os principais fatores de risco para a doença coronariana - a mais comum das doenças do coração - incluem o fumo, a pressão alta, o colesterol elevado, o diabetes e agora, de acordo com um novo estudo, o pessimismo.

Segundo a nova pesquisa, realizada por cientistas da Finlândia e publicada nesta quarta-feira, 16, na revista científica BMC Public Health, o pessimismo é um importante fator de risco de morte por doenças coronarianas. O otimismo, porém, não reduz os riscos desse problema de saúde.

De acordo com a Sociedade Americana de Cardiologia, a doença coronariana é resultado da formação de placas de tecido fibroso e colesterol (arteriosclerose) que crescem e se acumulam na parede dos vasos sanguíneos, dificultando ou bloqueando a passagem do sangue e levando a problemas como angina e enfarte agudo no miocárdio.

Em 50% dos casos, o enfarte é a primeira manifestação da doença coronária, de acordo com o Ministério da Saúde. No último levantamento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014, com base em dados de seu departamento de informática (Datasus), o infarto agudo no miocárdio é a primeira causa de mortes no Brasil: cerca de 100 mil por ano. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A pesquisa envolveu 2.267 homens e mulheres de idades entre 52 e 7 anos, que foram acompanhadas ao longo de 11 anos, na Finlândia. O acompanhamento incluía dados sobre níveis de glicose no sangue, pressão sanguínea, uso de drogas contra hipertensão ou diabetes, diagnósticos de doença coronariana, além de dados socioeconômicos, histórico psicossocial e informações sobre o estilo de vida.

De acordo com os pesquisadores, os questionários apresentados aos pacientes identificam com precisão quem poderia ser considerado otimista ou pessimista. Na definição dos cientistas, otimismo e pessimismo são definidos como a atitude de uma pessoa em relação a seu futuro, considerando se, de maneira geral, ela espera por um número maior de acontecimentos desejáveis ou indesejáveis.

Dos mais de dois mil pacientes avaliados, os 121 que morreram de doenças coronarianas ao longo dos 11 anos de estudo eram mais pessimistas que os pacientes que sobreviveram. Entre os pacientes mais otimistas que a média, porém, não foi verificado nenhum efeito de proteção - a mortalidade entre eles seguiu os mesmos padrões das pessoas que estavam na média.

Considerando apenas os pessimistas, os 25% que estão no topo da escala de pessimismo têm 2,2 vezes mais chance de morrer de doenças coronarianas que os 25% cujo pessimismo é mais moderado. A pesquisa foi realizada no Departamento de Psiquiatria do Hospital Central Päijät-Häme, em Lahti, situada a cerca de 100 quilômetros ao norte de Helsinque.

"O alto nível de pessimismo já havia sido ligado anteriormente a fatores que afetam a saúde cardíaca, como inflamações, mas eram raros os dados sobre a conexão entre o risco de morte por doenças coronarianas e o pessimismo e o otimismo como traços de personalidade", disse o autor principal do estudo, Mikko Pänkäläinen.

Os pacientes mais pessimistas apresentaram um risco maior de mortalidade por doenças coronarianas mesmo quando os dados foram ajustados estatisticamente para excluir a influência de fatores de risco psicológicos. Segundo Pänkäläinen, o estudo é o primeiro a examinar a mortalidade por doença coronariana em associação com o otimismo e o pessimismo como variáveis independentes.

"Os níveis de pessimismo podem ser medidos bastante facilmente e o pessimismo nos servir como uma ferramenta muito útil para determinar os riscos de mortalidade por doenças coronarianas, assim como fazemos com o diabetes, a hipertensão e o tabagismo", disse Pänkäläinen.

Ele explica que os dados se basearam nas respostas dos pacientes ao Teste de Orientação de Vida, um questionário que inclui seis declarações, das quais três indicam o nível de otimismo, como, por exemplo: "em momentos de incerteza, eu normalmente espero o melhor". Outras três indicam os níveis de pessimismo, como "se algo pode dar errado para mim, é isso o que acontecerá". Nas respostas, os pacientes indicam o quanto essas declarações descrevem seu comportamento, em uma escala que vai de 0 a 4.

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