Suspeita de zika exigirá maior nº de ultrassons
10/11/2016 - O Estado de S.Paulo
Gestantes com suspeita de zika atendidas na rede pública de saúde passarão a fazer dois exames de ultrassom durante o pré-natal em vez de um. A mudança, que atende a uma recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), passa a valer no fim deste mês.
Além da ampliação do número de exames, o novo protocolo deverá trazer uma série de orientações para médicos e profissionais de saúde para o tratamento de gestantes com suspeita ou portadoras de chikungunya, doença também transmitida pelo Aedes aegypti que, a exemplo da zika, traz o risco de ser transmitida durante a gestação para o bebê.
Ao contrário do vírus da zika, o maior risco de transmissão da chikungunya da mãe para o bebê ocorre nos três meses finais de gestação. O contágio pode fazer com que a criança nasça com problemas graves de saúde, provocados principalmente pela ação do vírus no sistema nervoso.
O diretor de Vigilância em Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, em entrevista ao Estado disse que não há nenhuma orientação para que a gestante com chikungunya faça o parto cesáreo. “As avaliações deverão ser caso a caso. Não há uma indicação clínica específica para isso”, disse. Ele observou, no entanto, que haverá recomendação para que se verifique a necessidade de se adequar a rede para um eventual aumento da demanda por UTIs para os bebês.
Hage afirmou que o governo deverá reforçar os preparativos da rede pública para enfrentar um eventual aumento de casos de chikungunya no País entre a população em geral. A expansão da doença preocupa por três razões. Primeiramente, ela é conhecida em outros países por provocar epidemias explosivas.
Além do grande número de casos, a doença pode tornar-se crônica, exigindo da rede pública não apenas atendimento no setor de urgência, mas na rede especializada, sobretudo com direcionamento ao alívio da dor e de problemas nas articulações.
Há, ainda, um número expressivo de mortes relacionadas à doença. “A taxa de mortalidade é de 0,4 caso a cada 100 mil habitantes”, disse Hage – indicador semelhante ao da dengue.
O problema, no entanto, é que há um grande número de pessoas suscetíveis ao vírus no Brasil. “Não sabemos o motivo, mas a chikungunya, quando chegou ao País ficou concentrada em dois Estados, somente agora ela se expandiu”, afirmou à reportagem o infectologista da Universidade Federal de Pernambuco Carlos Brito.
NÚMEROS
Agora, no entanto, o vírus já está presente em todos os Estados e a doença parece despertar. O número de casos relatados neste ano é dez vezes maior do que o identificado em 2015. Até agora, foram registrados 236.287 pacientes com a doença, enquanto no ano passado haviam sido identificados 23.431 casos. A epidemia está concentrada no Nordeste e a tendência, na avaliação de especialistas, é de que o comportamento se replique em outras regiões, caso medidas de controle do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, não sejam adotadas de forma eficiente.
O manual de esclarecimento, afirmou Hage, deverá conter informações sobre como diferenciar os três tipos de infecção provocada pelo mosquito – dengue, chikungunya e zika –, a forma de atendimento, os medicamentos que podem ser adotados e aqueles que devem ser evitados.
“A ideia é fazer um protocolo integrado, com abordagem para os três tipos de infecção”, disse.
Rio tem 0,8% de casas com focos de ‘Aedes’
10/11/2016 - O Globo
O resultado do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) realizado entre os dias 12 e 22 de outubro no Rio e divulgado ontem pela Secretaria municipal de Saúde mostra que a cidade continua na chamada faixa verde de infestação predial, repetindo a média anterior: foram encontrados focos com larvas e ovos do mosquito transmissor de dengue, zika e chicungunha em 0,8% dos imóveis visitados. O índice é considerado satisfatório quando está abaixo de 1%. Em 2015, os percentuais do LIRAa variaram entre 1,1% e 1,5%.
O levantamento foi feito em uma época de poucas chuvas, o que ajuda na não-proliferação do mosquito. Para a secretaria, o índice é resultado do trabalho de prevenção e conscientização realizado nos últimos meses e de uma maior colaboração por parte da população. Desde o início do ano, a cidade teve 25.029 notificações de dengue, segundo dados registrados até terça-feira. Em 2015, foram 18.070 casos.
— O número é positivo, mas não significa que ficaremos tranquilos. O comportamento até os primeiros meses de 2017 serão determinantes para o controle ao longo do ano — disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz. LAJES E TOLDOS SÃO VILÕES Das dez Áreas Programáticas (APs) da cidade, sete apresentaram baixo risco: Centro, Zona Sul, Grande Tijuca, Grande Méier, Barra e Jacarepaguá, Bangu e adjacências e Santa Cruz e Paciência. As demais três áreas apresentam médio risco: Ilha e Zona da Leopoldina, Madureira e Campo Grande. Numa comparação entre os resultados atuais e os do LIRAa anterior, a área de Madureira — onde foram achados focos do mosquito em 1,1% das casas visitadas — manteve o mesmo índice de infestação.
No entanto, o bairro da Zona Norte perdeu o posto de região com mais focos para Campo Grande, na Zona Oeste: na medição anterior, foram encontrados larvas ou ovos em 0,9% dos endereços e, desta vez, havia em 1,3% dos imóveis vistoriados. Outra área que preocupa é o subúrbio da Leopoldina: passou de 0,8% para 1,1% o percentual de locais infestados.
— Antes, os vilões eram pratinhos de plantas, pneus e caixas d’água. Agora, são lajes, calhas, toldos, ralos e piscinas não tratadas — disse Soranz.
Governador nomeia 186 servidores para o SUS
10/11/2016 - DCI
O governador Geraldo Alckmin nomeou, ontem (9), 186 novos servidores, entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e agentes de segurança, contratados por meio de concurso público pela Secretaria de Estado da Saúde.
Os servidores foram nomeados com intuito de reforçar o atendimento à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) em 13 unidades do Estado de São Paulo.
Entre os profissionais nomeados, estão 41 médicos, 95 técnicos de enfermagem, 43 enfermeiros e sete técnicos de saúde, sendo três na área de farmácia, três de nutrição e um de biomedicina.
Com a nomeação dos profissionais, serão beneficiadas unidades hospitalares da capital, litoral e interior do Estado. Na capital, está o Conjunto Hospitalar do Mandaqui (receberá 5 médicos e 12 técnicos de enfermagem), Hospital Leonor Mendes de Barros (10 médicos e 4 enfermeiros), Hospital Ipiranga (13 enfermeiros), os hospitais gerais da Nova Cachoeirinha (12 médicos e 10 enfermeiros) e Taipas (31 técnicos de enfermagem), e o CAISM (Centro de Atenção Integrada em Saúde Mental) (4 médicos), da Água Funda.
Na Grande São Paulo, os servidores atuarão nos hospitais regionais de Osasco (1 médico, 3 nutricionistas e 1 biomédico) e Ferraz de Vasconcelos (3 médicos).
No litoral, o Hospital Guilherme Álvaro, na cidade de Santos (8 técnicos de enfermagem e 1 enfermeiro), também receberá reforço do Estado.
No interior, as instituições beneficiadas com os novos funcionários são o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (5 médicos), o Hospital Geral de Promissão (10 técnicos de enfermagem) e os estaduais de Mirandópolis (3 farmacêuticos) e Presidente Prudente (1 médico, 15 enfermeiros e 34 técnicos de enfermagem).
Câncer de mama tem pressa.
09/11/2016 - Revista Viva Saúde
O tempo. Esse talvez seja o bem mais controverso e precioso que temos. Quando falta, nos causa angústia: de não conseguir terminar uma tarefa, não poder desfrutar da companhia de entes queridos, não cuidar de si. Mas, quando sobra, é comum a vontade de preenchê-lo, ao custo de parecer não o estar aproveitando em sua plenitude. Mas aproveito os parágrafos a seguir para observar o tempo sob outra ótica: a da saúde. Em especial a da corrida de pacientes pela terapia adequada para uma doença que desafia — adivinhe — o próprio tempo. Estou falando do câncer, e o do tipo mais comum entre as mulheres do Brasil e do mundo: o de mama.
Para começar, é bom saber que esse tumor atinge a mulher em sua fase mais ativa — e produtiva — da vida: pois ela está trabalhando e cuidando da família, atividades que tomam todo o seu tempo. Dados estatísticos do Instituto Nacional de Câncer (Inca) demonstram que o tumor costuma ser diagnosticado em pacientes acima dos 40 anos de idade, mais comumente após os 50 anos. Seria natural supor que todos os esforços do sistema de saúde público estão concentrados em otimizar o tratamento, deixando-o mais rápido para que essa mulher possa fazer o que mais deseja: continuar sua vida.
DIAS EM VEZ DE MESES
Infelizmente, esse tempo tem andado devagar para elas. A paciente que nota algo diferente em suas mamas tem um caminho obrigatório a percorrer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E ele começa nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), ou nos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Mas, até a mulher chegar a esses locais, a primeira consulta demora e se dá no posto de saúde próximo de sua casa.
Foi assim que aconteceu com a assistente social Maria Conceição dos Santos antes de ser diagnosticada com câncer de mama aos 42 anos de idade: “Notei o nódulo ao acordar pela manhã. Fui arrumar a camisola e, ao tocar no seio, percebi um caroço na mama direita. Levei alguns dias para ir ao médico, pois fiquei aguardando que o caroço sumisse. Por fim, procurei uma unidade de saúde próxima de casa para uma consulta. Agendaram esta para 30 dias depois”.
Desde novembro de 2012, a Lei dos 60 dias garante a todos os pacientes o início do tratamento pelo SUS no prazo de dois meses, a partir da assinatura do laudo patológico. E isso é, sim, uma boa notícia. Antes de a lei ser aprovada, não havia um prazo determinado entre a confirmação da doença e o começo da terapia, que prevê desde a realização de cirurgia até sessões de quimioterapia.
METROS NO LUGAR DE QUILÔMETROS
Mas há um porém, como lembra Maira Caleffi, chefe do Serviço do Núcleo de Mama do Hospital Moinhos de Vento e fundadora-presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama): “Entre passar pelo médico, realizar o exame, aguardar o resultado e pedir a biópsia para conseguir o laudo patológico há um tempo enorme. E esse é o começo de toda a ‘saga’ da mulher com a suspeita de um ‘caroço no peito’. Uma vez diagnosticada, ela precisa iniciar o tratamento. Antes da lei dos 60 dias, o tempo entre laudo e tratamento era entre três e quatro meses”.
A preocupação com o tempo motivou uma pesquisa inédita na Costa Rica. Conduzida por Ileana Vargas e Allan Bejarano, pesquisadores ligados à Universidad de Costa Rica, o estudo apontou que as pacientes que procuravam o atendimento oncológico no importante Hospital San Juan de Dios percorriam em média 2,44 km dentro do próprio prédio para resolver questões administrativas. Ou seja, quase 2,5 km andando para cima e para baixo para ter informações sobre como marcar uma consulta! E o que isso significava? Que o tempo entre a primeira visita ao médico e o prognóstico (quando sabe-se o que esperar após a intervenção médica) era muito alto: de 5 meses e 13 dias (no melhor dos casos), podendo chegar a até 30 meses e 16 dias.
Foi então que surgiu uma ideia inovadora. E se algumas pessoas, dentro do hospital, ajudassem as pacientes? Criou-se, então, o Programa de Navegadoras. O objetivo é assegurar que as mulheres tenham uma atenção de saúde eficiente e de qualidade. Assim, elas conseguiriam chegar mais rápido ao tratamento, já que o tempo perdido pode atrapalhar nos resultados do atendimento. As Navegadoras são pessoas que tiveram uma experiência próxima com a doença e, graças a elas, chegou-se a um ponto surpreendente: o tempo de prognóstico do câncer de mama caiu para 67 dias (o mais rápido) e 18 meses, em casos mais demorados.
MÉDICOS QUE SE IMPORTAM
De volta à história da Maria Conceição, em vez de aguardar o retorno para a primeira consulta após 30 dias, ela fez o que a maioria faria se tivesse condições: marcou uma consulta particular. “Procurei uma médica que conheci na unidade de saúde próxima de casa. Ela me orientou a ir até a sua clínica, que também atendia pelo SUS. Ela me atendeu, fez a ultrassonografia que localizou o nódulo e, graças a ela, na mesma semana, consultei um ginecologista pelo SUS. Logo fiz a pulsão com agulha fina. Em dez dias (outubro) tinha o diagnóstico em mãos.”
MAIS CHANCE PARA A PACIENTE
Maria iniciou o tratamento em dezembro, com quimioterapia antes de retirar a mama. Seu diagnóstico foi de Her2 positivo (um tipo agressivo de câncer), portanto, ela precisou fazer uso durante um ano do medicamento trastuzumabe, não disponível no SUS para câncer metastático. “Sou uma sobrevivente. O tumor estava em estado avançado e com perspectiva de retorno. Após dez anos, ele não se manifestou e isso me deixa confiante.”
Os últimos dados divulgados pelo Inca de 2013, revelam que o câncer de mama vitimou mortalmente 14.388 mulheres no Brasil. E não existe um tipo de câncer agressivo que justifique todas essas mortes. “Eu acredito que seja uma questão de gestão do cuidado, o acesso ao diagnóstico precoce é fundamental”, defende a mastologista Maira. Já Diego Rosselli, presidente da International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR-Colômbia), pondera como sua área de atuação pode ajudar nesse quesito: “Todos temos um preço, pois os recursos são limitados. E em farmacoeconomia é preciso analisar os custos diretos (medicamentos, um dia no hospital etc.), os custos indiretos (o valor da produtividade de uma pessoa) e, por fim, os custos intangíveis, difíceis de se valorar”. Com todos esses dados em mãos, fica mais certeiro apostar em boas políticas públicas de saúde.
PRESSA AMIGA DA CURA
O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos é taxativo ao dizer que a taxa de sobrevivência com detecção precoce é de 98,8%. Isso reforça o discurso da pressa. “Hoje não temos no Brasil muita dificuldade em solucionar o problema do câncer em 60 dias. Mas, se uma paciente tem um segundo câncer, porque a doença voltou, ela não se enquadra mais em nenhuma lei. Então, a mulher com câncer avançado, que já está no sistema público, precisa recomeçar sua jornada: posto, consulta, exames, biópsia... ”, alerta Maira. O diagnóstico precoce, então, precisa ser feito em todas as suspeitas, ao custo de tomar o tempo de alguém que tem pressa em (sobre)viver.
Hepatites Be C exigem atenção
09/11/2016 - Revista Viva Saúde
Quando o argentino radicado brasileiro Carlos Varaldo descobriu, ao doar sangue, que tinha o vírus da hepatite C, em 1995, seu mundo pareceu ruir. Enquanto um médico lhe disse que a possibilidade de cura não passava de 7%, outro profetizou que ele não teria mais de seis meses de vida "Não podia morrer antes da minha mãe, sofrendo de Alzheimer, dependendo de mim. Ainda queria ver minha filha, de oito anos, crescer", conta.
O tratamento a que ele se submeteu, à base de uma substância chamada interferon riba-virina, tinha resultado incerto e efeitos colaterais. As três injeções semanais causavam enjoo, dor de cabeça, vômitos, anemia, depressão e outros sintomas desagradáveis.
Varaldo parou de trabalhar e, depois de 21 meses conseguiu se ver livre do vírus HCV. Gastou quase o valor de um carro de luxo. Ao se deparar com uma amiga infectada que não tinha a mesma condição, fundou o Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite (vvww.hepato.com), para dar voz a milhares de brasileiros sem acesso ao tratamento que estavam condenados à fila de transplante ou à morte por cirrose ou câncer de fígado.
REVOLUÇÃO NO TRATAMENTO
De lá para cá, Varaldo viu os avanços na medicina e nas políticas públicas transformarem o destino dos pacientes. Uma nova versão do interferon, com redução do número de injeções e, portanto, menos efeitos colaterais, melhorou um pouco a vida dos pacientes. Em 2003, o governo brasileiro passou a oferecer a terapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Não havia mais dúvidas de que lidar com as consequências da hepatite C saía muito mais caro para o país, ainda que as chances de cura ainda estivessem em torno de 40%. Cientistas do mundo inteiro se debruçaram nos mecanismos de replicação do vírus e, a partir de 2011, surgiram os primeiros fármacos capazes de agir diretamente na estrutura do agente causador da doença, ao contrário do interferon, cuja ação se dava de outra fornia
"As outras substâncias apenas estimulavam o sistema imunológico a combater o vírus, então dificilmente levavam a uma cura total", explica o infectologista Roberto Foccacia, de São Paulo. Hoje, com os chamados medicamentos de ação direta, que impedem a multiplicação do vírus, o tiro é bem mais certeiro.
REVOLUÇÃO TERAPÊUTICA
"Foi uma verdadeira revolução no tratamento das hepatites", avalia Foccacia, que demonstra emoção ao falar de pacientes que enfrentaram os efeitos colaterais terríveis das injeções, sem sucesso, e agora estão curados. "[Os novos medicamentos] também têm alguns efeitos, como dor de cabeça e enjoo, mas não se comparam aos do interferon, que levavam quase 30% dos pacientes a suspender a terapia", compara o médico infectologista.
MEDICAMENTOS NO SUS
Se ainda não existem perspectivas do acesso a uma vacina contra a hepatite C, os medicamentos de ação direta já incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), como o sofosbuvir, o daclatasvir e o simeprevir, aumentaram as taxas de sucesso para algo em torno de 95%.
"O número depende do genótipo do vírus, da progressão da doença e de comorbidades, como diabetes e HIV, avisa o hepatologista. Outro medicamento, que combina quatro substâncias (ombitasvir, paritaprevir, ritonavir e dasabuvir) também já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Outros fármacos já receberam o aval das autoridades norte-americanas e prometem gerai- resultados ainda mais próximos de 100%. O fundador do Grupo Otimismo diz que hoje é comum receber mensagens de pessoas que, curadas, preferem não receber mais notícias sobre hepatite C. "São poucos os que continuam na luta depois de ter vencido a doença", observa Varaldo, que lamenta quase não receber doações, mas apesar disso se mantém na ativa e transformou o combate a esta e outras doenças infecciosas em sua nova profissão.
HEPATITE B: OUTRO CENÁRIO
Enquanto o tratamento da hepatite C entrou para a indústria farmacêutica como um "case de sucesso", para a hepatite B o cenário é outro. Embora a vacina já esteja gratuitamente no calendário oficial há alguns anos, muitos adultos não sabem da importância da imunização, ou não completaram as três doses necessárias. Como a principal forma de transmissão ainda é sexual e o amplo uso de camisinha está longe de ser realidade, é um grande e difícil desafio controlar os casos.
Quando se torna crônica, a hepatite B também pode ser tratada com o interferon ou medicamentos orais, chamados de nucleosídeos análogos. "Em geral, o vírus é negativado no sangue, mas não no fígado", relata o médico infectologista Focaccia. Ou seja, a cura definitiva é mesmo muito rara. No entanto, o tratamento permite que a doença seja controlada e não evolui para cirrose ou câncer. Várias substâncias têm sido avaliadas pela indústria farmacêutica, mas infelizmente os estágios de pesquisa ainda são iniciais.
Homem que não emagrece vai ter diabetes
09/11/2016 - Revista Viva Saúde
Quando se fala sobre diabetes em homens, nós nos deparamos com duas questões. A primeira é que eles vão menos ao médico. Não estamos falando de estereótipos. O Ministério da Saúde divulgou neste ano de 2016 que 31% dos homens não têm o hábito de ir aos serviços de atendimento médico para acompanhar sua saúde. Essas estatísticas têm mudado, mas a realidade ainda é esta.
A segunda questão a ser destacada é que uma das complicações do diabetes está associada à disfunção erétil. Ter uma vida sexual saudável é importante para o corpo em geral. E uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com a farmacêutica Bayer (2014), mostrou que o maior medo deles é a impotência sexual. O estudo revelou que eles temem mais esse sintoma do que ter um câncer em geral. Ou seja, a forma de lidar com as complicações do diabetes acaba sendo também prejudicada.
MAS O QUE É ESTA DOENÇA?
Trata-se de um grupo de doenças metabólicas caracterizadas pelo excesso de açúcar no sangue. "Classicamente pode ser dividido em tipos 1 e 2. No tipo 1, existe a necessidade de usar insulina desde o diagnóstico e geralmente acomete crianças sem história familiar. Já o tipo 2 ocorre na fase adulta e o controle inicial pode ser feito com dieta e medicações", explica Suemi Marui, endocrinologista do Delboni Medicina Diagnostica (SP).
O do tipo adquirido, ou seja, o tipo 2, acontece por uma ação deficiente da insulina e é sobre o que estamos falando aqui. "Isso ocorre em pessoas com distúrbios metabólicos", informa Carolina Ferraz, médica especialista em endocrinologia e Metabologia do Hospital Samaritano (SP). Flávio Cadegiani, endocrinologista (DF) acrescenta que essa variação da patologia tem como pano de fim do a genérica, mas é desencadeada por maus hábitos. "Todo obeso que hoje não é diabético um dia virá a ser se não se cuidar", afirma.
CUIDADOS COM A CINTURA
Entre os principais fatores que podem levar à doença Mareio Mancini, endocrinologista e responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP), cita o tabagismo, excesso de gordura - principalmente abdominal -, além da presença de hipertensão e inatividade como os inimigos dos homens.
Aqui entra um detalhe interessante, uma pesquisa feita com a colaboração do Instituto de Saúde Global da Universidade de Oxford (GB), liderado por Sanne Petters, doutora em epidemiologia, mostrou que esse grupo apresenta maior risco para diabetes mesmo tendo menor índice de ganho de peso.
Para explicar o resultado acadêmico, Bianca de Almeida Pititto, endocrinologista e vice-coordenadora do Departamento de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), diz que o foco de alerta para os homens é que mesmo com menos excesso de peso que as mulheres, eles têm uma piora do metabolismo que se traduz em alteração glicêmica (pré-diabetes e diabetes) e lipidica (dislipidemia). Um fato que confirma isso é que "os homens acumulam a gordura de forma mais central, no abdome, que é a adiposidade mais prejudicial à saúde", conclui.
DEMAIS COMPLICAÇÕES
Como já é sabido, o diabetes ainda não tem cura. A saída é o controle e tratamento das taxas de glicemia e dos sintomas e a prevenção das complicações. Carolina nos diz que esse processo é feito com o uso da medicação adequada para o tipo de diabetes, que deve ser prescrita pelo médico. "Uma dieta adequada, geralmente com redução de carboidratos simples (pão branco, arroz branco e bolachas) e açúcar, além da prática de atividade física são essenciais para o controle", informa.
Sobre as complicações que atingem mais o grupo masculino, Cadegiane lista, além das renais, a neuropatia diabética (pé diabético), retinopatia (associado a casos de cegueira) e disfunção erétil irreversível em homens. "Tudo porque o corpo com mais açúcar passa a ter reações químicas e metabólicas patológicas disfuncionais e gera inflamação no corpo todo", diz o endocrinologista.
Carolina explica que o diabetes está ligado a alterações vasculares, incluindo os que irrigam o órgão sexual masculino, o que justifica tal consequência "O tratamento se baseia em um controle adequado da glicemia. Após o ajuste, o urologista avalia se o paciente consegue ter ereção e pode prescrever medicação", orienta a especialista do Samaritano. Mas saiba que o controle da doença desde o início é essencial para se evitar a complicação.
Poluição do ar e sonora podem elevar risco de hipertensão, diz pesquisa
10/11/2016 - G1 - Bem Estar
A exposição de longo prazo à poluição do ar urbano aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira feito com mais de 41 mil moradores de cidades europeias.
A poluição sonora constante - especialmente do trânsito - também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica European Heart Journal.
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças e mortes prematuras.
O estudo revelou que um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro.
O risco é semelhante ao de estar clinicamente acima do peso com um índice de massa corporal (IMC) de 25-30, disseram os pesquisadores.
Para realizar o estudo, 33 especialistas liderados por Barbara Hoffmann, professora na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, monitorou 41.071 pessoas na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Espanha por cinco a nove anos.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores examinaram anualmente a qualidade do ar em cada localidade durante três períodos de duas semanas entre 2008 e 2011, medindo as diferentes quantidades de material particulado.
Cada incremento de cinco microgramas - ou milionésimos de um grama - da menor dessas partículas aumentou em 20% o risco de hipertensão para as pessoas que vivem nas áreas mais poluídas, em comparação com os que moram nos locais menos poluídos.
No vídeo, o cardiologista Roberto Kalil comenta sobre a relação entre poluição e pressão arterial:Nenhum dos participantes tinha hipertensão quando ingressou no estudo, mas durante o período de acompanhamento, 6.207 pessoas (15%) relataram ter desenvolvido a doença ou que começaram a tomar medicamentos para baixar a pressão arterial.
POLUIÇÃO SONORA
Em relação à poluição sonora, os pesquisadores descobriram que as pessoas que vivem em ruas movimentadas com tráfego noturno barulhento tinham, em média, um risco 6% maior de desenvolver hipertensão em comparação moradores de áreas onde os níveis de ruído eram pelo menos 20% mais baixos.
"Nossos resultados mostram que a exposição a longo prazo à poluição ambiental particulada está associada a uma maior incidência de hipertensão auto-declarada", disse Hoffmann em um comunicado.
Mesmo quando o barulho foi excluído, o impacto da poluição do ar sobre a pressão arterial permaneceu, acrescentou.
"A legislação atual não protege a população europeia adequadamente contra os efeitos nocivos da poluição do ar", concluíram os pesquisadores.
Os níveis de poluição eram maiores na Espanha e na Alemanha do que nos países nórdicos, observou Hoffmann.
Acredita-se que a poluição do ar afete o coração e os vasos sanguíneos ao causar inflamação, um acúmulo de radicais livres - conhecido como estresse oxidativo -, e um desequilíbrio no sistema nervoso.
Já a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal, segundo os cientistas.
Exames de imagem ajudam a fechar o diagnóstico do câncer de próstata
09/11/2016 - Jornal do Commercio (PE) Online
Para os casos em que há suspeita de câncer de próstata, os exames de imagem podem ajudar o urologista a fechar o diagnóstico. Geralmente são solicitados quando alterações são encontradas no toque retal e/ou na dosagem do PSA (sigla para antígeno prostático específico, uma substância produzida pelas células da próstata). “Essas condições podem dar indícios da doença. Por isso, solicita-se a realização de uma biópsia da próstata com o auxílio da ultrassonografia transretal”, informa o urologista Misael Wanderley Júnior, chefe do setor de urologia do Hospital Esperança Recife, no bairro da Ilha do Leite, área central da cidade.
O detalhe é que, em alguns casos, o resultado da biópsia pode ser negativa para o câncer e, ainda assim, o PSA se mantém alterado. “São situações em que a suspeita do tumor persiste. Então, pode ser solicitada uma ressonância magnética para detectar áreas da próstata que não foram identificadas por outros métodos diagnósticos”, esclarece o médico radiologista Lucilo Maranhão Neto.
Segundo Lucilo Maranhão Neto, existe atualmente uma tendência de os urologistas, antes de solicitarem a biópsia guiada por ultrassonografia, pedirem uma ressonância magnética, que tem se tornado mais sensível e específica para localizar e identificar uma lesão na próstata. “É um exame de imagem complementar que vai sinalizar a área mais precisa para se fazer a biópsia e, dessa maneira, evita-se que o paciente seja submetido a um número desnecessário desse procedimento guiado por ultrassom”, explica Lucilo.
EXTENSÃO DA DOENÇA
Outro diferencial é que a ressonância magnética, além de possibilitar uma avaliação detalhada da próstata, pode detectar se o tumor está localizado na glândula ou se já espalhou, passando a afetar outros órgãos.
“É o método mais sensível para avaliar a extensão da doença além da cápsula prostática, que é o reparo anatômico em volta da glândula. Dessa forma, é possível ver se o câncer ultrapassou ou não essa região”, frisa o radiologista. Esse resultado é importante para se indicar a cirurgia, como a prostatectomia radical (visa a cura da doença e é realizada geralmente quando o tumor está contido na glândula), ou outro tipo de tratamento, o que pode incluir radio ou hormonioterapia.
O cirurgião-dentista aposentado Cândido Wanderley Carneiro, 76 anos, submeteu-se ontem a uma biópsia da próstata pela segunda vez. “Como o meu PSA deu alterado, o urologista solicitou o exame. Da primeira vez, a biópsia acusou nada. Isso já tem uns anos. Realizei novamente o procedimento porque o médico achou mais adequado, embora seja uma conduta que, na minha idade, nem precise ser realizada em alguns casos. Mas sempre faço um check-up”, conta Cândido, que não abre mãos dos cuidados com a saúde.
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