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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 07/11/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Governo quer incentivar produção de remédio fundamental, diz ministro

04/11/2016 - Valor Econômico / Site


O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta sexta-feira que o governo busca uma "solução" para produzir "medicamentos fundamentais" que não vêm sendo fabricados por serem pouco atrativos economicamente. O país enfrenta uma epidemia de sífilis, por exemplo, mas a produção da penicilina, que combate a doença, não tem atendido a demanda.

"O governo prepara uma solução para o abastecimento de medicamentos fundamentais", afirmou Barros, após reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Embora o ministro não tenha entrado em detalhes, a solução deve vir por meio de uma Medida Provisória (MP). Atualmente, a lei permite apenas que os preços sejam reajustados de acordo com a inflação. A ideia do ministério é que, com as mudanças, em situações excepcionais, como em casos de epidemias, os preços possam ser ajustados acima da inflação, incentivando as indústrias a aumentarem a produção dos medicamentos necessários.

Barros confirmou apenas que a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) está estudando qual a melhor maneira para mudar a política de preços nesses casos. O prazo para que seja apresentada uma solução, segundo ele, é "rápido".

"São medicamentos que precisam abastecer o mercado, que evitam epidemias, que já são conhecidos, mas que não são produzidos porque não são viáveis economicamente", afirmou.

A reunião desta sexta-feira, no entanto, não tratou especificamente do tema, segundo ele. "Prestei contas das diretrizes do ministério", afirmou.

Segundo Barros, no próximo dia 20 será lançada uma campanha nacional para combater a proliferação do Aedes aegypti. A ideia, diz, é que "todos os ministérios" participem.




Medley aposta em similar para acelerar expansão

07/11/2016 - Valor Econômico


Uma das maiores fabricantes de medicamentos genéricos do país, a Medley, do grupo francês Sanofi, aposta nos similares como motor do crescimento dos negócios nos próximos anos, uma classe de remédios que tem registrado expansão acelerada no país e cujas margens não são tão comprimidas por descontos quanto as dos genéricos.

A estratégia que privilegia o lançamento de similares, porém, não representa o enfraquecimento da área de especialidade do laboratório constituído há 20 anos e comprado pelos franceses em 2009 por R$ 1,5 bilhão. Naquele momento, o mercado de genéricos no país estava em plena expansão e o retorno com o negócio ainda não era tão pressionado. Hoje, as vendas desse tipo de medicamento, em unidades, puxam as vendas totais de fármacos no país. Mas pela primeira vez, em receita, o ritmo de expansão ficará abaixo do mercado em geral.

Em 2016, até setembro, as vendas de genéricos no varejo farmacêutico nacional cresceram 10% considerando-se os descontos concedidos ao longo da cadeia farmacêutica, para R$ 4,7 bilhões, segundo dados da IMS Health organizados pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). O mercado em geral, por sua vez, movimentou R$ 37,3 bilhões, 12,4% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Em unidades, contudo, as vendas de genéricos tiveram expansão de 12,3%, enquanto as vendas de remédios no varejo brasileiro subiram somente 4,9%. "O plano é manter o crescimento em genéricos junto com o do mercado, sustentando a posição da Medley", afirma o diretor responsável pela área de negócios do grupo farmacêutico, Carlos Aguiar. A marca brasileira, que responde por metade das vendas em volume da Sanofi no Brasil, é a segunda maior em faturamento e a terceira em volume de vendas de genéricos. No passado, chegou a ocupar a liderança desse mercado no país, hoje nas mãos da EMS.

O diretor da Medley reconhece que o mercado brasileiro de medicamentos tem se mostrado desafiador desde o fim do ano passado. Ainda assim, manteve o duplo dígito de crescimento e a expectativa é a de que esse ritmo se sustente no longo prazo. "O mercado brasileiro é muito relevante, independentemente de percalços econômicos", avalia o executivo. "E temos uma plano de crescimento em execução."

Os similares são cópias não necessariamente perfeitas de um medicamento de referência e têm marca própria (ver definições em Ipsis Litteris). E a aposta nesse tipo de medicamento e em diversificação, de acordo com Aguiar, ganhou força na Medley em 2013, com o lançamento de cerca de dois ou três novas marcas por ano de similares, que hoje representam quase um terço do faturamento da unidade de negócios. De lá pra cá, a unidade de negócios de genéricos e similares passou por uma grande reestruturação, para ser "definitivamente integrada" à Sanofi.

Segundo Aguiar, a atuação da Medley em similares está concentrada em quatro áreas: cardiologia, sistema nervoso central, ginecologia e gastroenterologia. Em sistema nervoso central, o grupo tem promovido medicamentos da própria Sanofi junto com os da Medley com o objetivo de mostrar à classe médica que possui um portfólio completo. "Somando os portfólios, ficamos entre os cinco maiores desse segmento", explica.

Na Europa, por outro lado, a farmacêutica decidiu-se recentemente pela venda dos ativos de genéricos e as notícias de que estava avaliando a permanência ou não nesse segmento no mercado europeu gerou inclusive rumores relacionados às operações no Brasil. Aguiar é categórico ao afirmar que a Medley não está à venda. "A Medley é importante para a estratégia da Sanofi porque amplia o acesso à população e permite acelerar o negócio de similares", afirma.

A decisão foi anunciada pelo laboratório junto aos resultados do terceiro trimestre, no fim de outubro, e está alinhada ao planejamento estratégico que tem como horizonte o ano de 2020. Conforme a farmacêutica, todas as opções foram analisadas "cuidadosamente".

"A Sanofi estará à procura de um potencial comprador que aproveite as oportunidades de crescimento sustentável a médio e longo prazos", informou, acrescentando que segue comprometida com a área de genéricos em outras regiões e "continuará a se concentrar nos mercados emergentes para desenvolver o negócio nesses países".




Ipsis Litteris

07/11/2016 - Valor Econômico


Genérico: Segundo a Anvisa, é o medicamento praticamente idêntico ao produto de referência, produzido após a expiração ou renúncia da patente ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade.

Similar: É aquele que contém o mesmo princípio ativo, tem a mesma concentração, forma farmacêutica e indicação terapêutica do medicamento de referência, porém com marca ou nome comercial próprios. Pode diferir em características relativas a tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipiente e veículos.

Referência: produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente por ocasião do registro.




Um freio no Alzheimer

05/11/2016 - IstoÉ


O desafio de conter o crescimento do número de casos de Alzheimer mobiliza a ciência há anos. Por se tratar de uma doença complexa, de mecanismos ainda não esclarecidos, a tarefa não tem sido fácil, mas avanços recentes mostram que não será impossível de ser cumprida. Na semana passada, um artigo publicado na revista científica Science Translational Medicine descreveu mais uma etapa bem-sucedida dos testes com uma droga que se propõe a interromper um dos principais processos responsáveis pela enfermidade. Desenvolvido pelo Laboratório Merck Sharpe & Dohme, o verubecestate reduz a concentração da proteína beta-amilóide, cujo acúmulo sobre os neurônios está associado ao desencadeamento dos sintomas. Entre os principais, a perda progressiva de memória e a demência. O medicamento faz isso impedindo a ação da BACE1, uma das duas enzimas que agem sobre uma substância chamada APP. Trata-se da matéria-prima a partir da qual a beta-amilóide é feita. O papel da BACE1 e da Gamma-secretase (a outra enzima) é quebrar a APP, mecanismo cujo subproduto é a beta-amilóide. Ao impedir a atuação da BACE1, evita-se a formação da proteína nociva.

São vários os medicamentos em estudo que atuam dessa forma e, justamente por isso, são chamados de inibidores de BACE1. A enzima foi descoberta em 1999. Estudos em cobaias geneticamente modificadas a não produzi-la revelaram, no entanto, que sua ausência levou ao surgimento de problemas oculares e na rede neuronal. Além disso, havia obstáculos como o de que forma produzir moléculas grandes o bastante para se ligar à BACE1 e, ao mesmo tempo, passar pela barreira hemato- encefálica (estrutura que protege o sistema nervoso central).

O produto em teste pela Merck superou os dois desafios primeiro em animais, e, agora, em humanos. Na pesquisa, feita em 32 pacientes com níveis leves a moderados de Alzheimer, houve redução de até 80% da beta-amilóide, dependendo da dose, com efeitos colaterais mínimos. Conseguiram isso investindo na seletividade da droga. "Criamos uma molécula com ação específica sobre a enzima", disse à ISTOÉ Matthew Kennedy, chefe da pesquisa em Alzheimer da Merck. Dois estudos estão em andamento. O primeiro envolve dois mil pacientes com estágio moderado. O segundo, 1,5 mil com sinais iniciais. Há grande expectativa em relação a ambos, mas aguarda-se com ansiedade o resultado do segundo. Há uma torcida para que o remédio se mostre eficaz também no começo da doença, impedindo que ela continue a promover a destruição cerebral.




Mercado Aberto: Remédio popular

07/11/2016 - Folha de S.Paulo


A venda de medicamentos genéricos teve um crescimento, em unidades, de 12,6% no acumulado de 12 meses até setembro deste ano, em comparação com igual período de 2015, aponta o IMS Health.

Em faturamento, a alta no período foi de 16,35%.

Apesar da expectativa de que a expansão do segmento se desacelere à medida que se consolida, os genéricos mantiveram seu crescimento acima da média das demais categorias do setor.

"A quebra de algumas patentes importantes para o mercado é relativamente recente, ainda existe espaço para crescimento", afirma Pedro Bernardo, diretor da Interfarma, associação que reúne farmacêuticas.

No mesmo período, o volume de remédios de referência comercializados permaneceu estável, com um aumento de 0,5%, e o total de similares vendidos cresceu 2,9%.




Venda de medicamentos cresce 12,4% até setembro, diz Interfarma

04/11/2016 - IG


As vendas de medicamentos nas farmácias tiveram crescimento nominal de 12,4% no acumulado do ano, segundo dados apurados pela IMS Health e compilados pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). O crescimento resultou em faturamento de R$ 37 bilhões no acumulado em 2016. Na comparação com o mesmo período de 2015, o faturamento do setor era de R$ 33 bilhões.

Em nota o presidente da Interfarma, Antônio Britto, afirmou que o segmento de farmácias e drogarias sofre menos com a crise por não vender produtos que podem ser cortados da lista de compras do consumidor. “Em comparação com os demais setores, o segmento farmacêutico consegue ser mais resistente às crises porque medicamentos são produtos de primeira necessidade”, afirmou Britto.

Vale ressaltar que o crescimento de 12,4% não desconta o valor da inflação no período, logo, esse desempenho, pode ser considerado moderado. “é preciso descontar a inflação do período e considerar também o aumento de custos para chegar ao crescimento real do setor”. Custo com energia elétrica e a carga tributária do setor também foram ressaltados no balanço da entidade.

Ainda segundo o balanço da entidade, o número de doses comercializadas cresceu 4,9%, passando de 104 bilhões para 109 bilhões. Índice semelhante é observado também nos 12 meses móveis encerrados em setembro – com base em outubro a setembro de 2015: 11,9%. O faturamento pelo varejo passou de R$ 44 bilhões para R$ 49, enquanto a doses comercializadas avançaram de 137 bilhões para 144 bilhões.


SETOR EM EXPANSÃO


Outro fator que ajuda a impulsionas as vendas nas farmácias são os produtos considerados não medicamentos. Itens de higiene pessoal, dermocosméticos e demais artigos relacionados a beleza, representam mais de 30% do faturamento das farmácias no Brasil, segundo balanço mais recente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

A interfarma afirmou ainda que o varejo de farmácias representa cerca de 70% do mercado farmacêutico brasileiro, que hoje movimenta R$ 65 bilhões por ano. O restante do mercado é formado por clínicas médicas, hospitais e universidades, sendo que as compras do Governo respondem por mais da metade do chamado mercado institucional.

Estimativa da IMS Health aponta que o mercado de farmácias no Brasil deve atingir R$ 87 bilhões em 2017.




Clubes de compradores de medicamentos mais baratos ajudam a combater a hepatite e o HIV

06/11/2016 - Reuters Brasil


Frustrados com o alto preço dos medicamentos antivirais, milhares de pacientes de Londres a Moscou e Sidney estão aderindo a uma nova onda de "clubes de compradores" online para obter medicamentos genéricos baratos para a cura da hepatite C e proteção contra o HIV.

Enquanto as agências reguladoras advertem que comprar drogas online é arriscado, dados científicos apresentados em uma recente conferência médica sugerem que o tratamento organizado por meio de clubes de compradores pode ser tão eficaz quanto o de canais convencionais.

Will Nutland, que apoia uma rede de compra de medicamentos em Londres e toma medicamentos genéricos fabricados na Índia, que não estão disponíveis no serviço de saúde pública, para prevenir a infecção pelo HIV, pensa que as últimas pesquisas irão gerar confiança em tais esquemas.

"Esses novos dados mostram que até agora nós acertamos", disse o ativista. "Isso nos dá um impulso de confiança nos tipos de drogas que estão disponíveis online."

Os sites dos clubes de compradores atuam como intermediários, fornecendo detalhes de farmácias online confiáveis ??e fabricantes de medicamentos, explorando uma brecha nas regras de patentes da Organização Mundial do Comércio que permite pequenas importações de medicamentos para uso pessoal.

Como Ron Woodroof, paciente de Aids dos anos 80 no filme 'Dallas Buyers Club' (Clube de Compras Dallas), os patrocinadores dos atuais clubes de drogas têm como objetivo ajudar os pacientes que não conseguem obter os remédios que querem através dos sistemas locais de saúde trazendo remédios do exterior.

Mas enquanto Woodroof tinha que contrabandear drogas em massa pela fronteira mexicana, os usuários dos clubes modernos podem, em muitos países, fazer pedidos de seus computadores de forma legal.

A economia pode ser enorme. O suprimento de um mês dos genéricos de profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV, emtricitabina e tenofovir, custa cerca de 45 libras (56 dólares) online na Grã-Bretanha, cerca de um décimo da versão da marca Gilead Sciences.

O tratamento da hepatite C, por sua vez, pode ser adquirido por cerca de 1.000 libras contra um preço de medicamentos com marca de cerca de 35.000 libras.

Gilead é também um dos principais produtores de medicamentos patenteados contra a hepatite C, juntamente com a Merck e a AbbVie.

Pesquisadores procuram gene que ‘ajuda’ vírus

06/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Resultados preliminares de um estudo da Universidade de São Paulo (USP) feito com bebês com microcefalia reforçam a hipótese de que podem existir genes que predispõem ou protegem o feto de desenvolver ou não a má-formação no caso de uma possível contaminação da mãe pelo vírus zika.

Desenvolvida pelo grupo da cientista Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Célulastronco da USP e professora de genética do Instituto de Biociências da universidade, a pesquisa vem monitorando casos de gêmeos em que pelo menos uma das crianças tenha nascido com a microcefalia causada pelo zika.

“Estudamos oito pares de gêmeos de todo o País. Em seis casos, só um nasceu com o problema e, em dois, ambos os bebês foram afetados. Nos casos em que só um nasceu com microcefalia, os bebês eram dizigóticos (dois embriões). Nos outros dois, eles eram monozigóticos (um único embrião, que se divide), ou seja, com o mesmo DNA”, explica a especialista.

Diante do achado, os pesquisadores acreditam que, mesmo quando a mãe é contaminada pelo zika, é preciso que algum gene ou grupo de genes facilite a ação do vírus nos danos ao sistema nervoso. “Essa marca genética pode ser, por exemplo, alguma característica que permita a entrada do vírus na placenta ou, então, no caso de todas as placentas serem ultrapassadas pelo zika, algum gene que facilite a ação do vírus nos neurônios”, diz.

Para fazer a pesquisa, os cientistas da USP firmaram parcerias com universidades de Estados do Nordeste para ter acesso a uma amostra de bebês mais diversificada.


SEQUENCIAMENTO


A partir das descobertas feitas até agora, os cientistas estão fazendo todo o sequenciamento genético dos gêmeos e de mais cem bebês afetados pela microcefalia para descobrir similaridades e contrastes e tentar chegar a possíveis genes que interfiram no desenvolvimento da microcefalia.

O trabalho, no entanto, é demorado, e só deve ter resultados mais sólidos em um ano.

De acordo com Mayana, caso a hipótese seja confirmada, haveria a possibilidade de, por meio de testes genéticos, determinar quais mulheres têm maior predisposição de gerar um bebê com microcefalia caso infectadas pelo zika.

“Outros estudos sobre zika e microcefalia já mostraram que a chance de uma mulher infectada dar à luz uma criança com a má-formação é de 3%. Precisamos descobrir o que determina que alguns tenham o problema e outros, não”, afirma.




Mercado Aberto: Corte de bisturi

06/11/2016 - Folha de S.Paulo


Os hospitais privados reduziram em 21,6% seu ritmo de contratações no acumulado deste ano até agosto, em relação ao mesmo período de 2015, aponta a Anahp, associação do setor.

A desaceleração reflete o congelamento dos projetos de expansão das companhias e a queda do número de beneficiários de planos de saúde privados, diz o presidente, Francisco Balestrin.

Os salários de funcionários respondem por cerca de 40% das despesas dos hospitais.

Ainda assim, as empresas mantiveram suas contratações e deverão fechar 2016 com um faturamento 4,2% maior que no ano passado, já descontada a inflação.

"Mesmo com a crise, o envelhecimento da população e o aumento de doenças crônicas entre os pacientes fazem com que a demanda se mantenha em alta", afirma.


R$ 12,6 bilhões

faturaram os hospitais privados no primeiro semestre deste ano, um aumento real de 1,5%.




Como conciliar sono e tecnologia

05/11/2016 - Época


Se o uso maciço das tecnologias digitais é uma das principais marcas dos jovens de hoje, os problemas causados pela falta de sono também devem deixar marcas importantes na saúde e no comportamento dessa geração no futuro. É o que tem apontado uma série de pesquisas divulgadas nos últimos meses. A mais recente, da Universidade de Montreal, no Canadá, sugere que quanto maior o uso do celular, conversando com amigos, mandando mensagens ou ficando on-line (principalmente antes de ir para a cama), maiores os riscos de os jovens dormirem pouco e terem pior qualidade do sono.

O trabalho, publicado no periódico médico Sleep health, avaliou 1.200 jovens de 14 a 16 anos. Aqueles que usavam computadores ou jogos digitais por mais de duas horas diárias tiveram duas vezes mais chance de dormir menos de oito horas por dia, o que é considerado o tempo ideal de sono para essa faixa etária. O impacto no tempo de sono é ainda mais intenso nos que falam por mais de duas horas ao celular, já que esses teriam um risco três vezes maior de dormir pouco. Esses jovens também se queixavam de maior sonolência ao longo do dia. Curiosamente, assistir a mais de duas horas de TV aumentava as chances de eles dormirem mais de oito horas.

A pesquisa foi divulgada uma semana depois que a Academia Americana de Pediatria, durante sua conferência nacional, que reuniu cerca de 10 mil pediatras em San Francisco, Califórnia, resolveu “afrouxar” sua determinação anterior. Antes, a entidade não recomendava o uso de telas por menores de 2 anos. Para os maiores, autorizava duas horas diárias. Agora, em função das grandes pressões das redes sociais para comunicação familiar e até mesmo do uso pedagógico das ferramentas digitais, os especialistas recomendam que, apesar dos riscos para a saúde, esse limite de tempo deve ser ajustado individualmente, levando em conta o conteúdo acessado e o envolvimento dos pais nesse processo.

O grande problema de dormir cada vez menos é que a falta de sono pode impactar a atenção, a memória e a capacidade cognitiva dos mais jovens, em uma fase essencial para a construção de seu aprendizado. Além disso, há evidências acumuladas de que dormir pouco está associado a sintomas depressivos, crescimento abaixo do esperado e maior risco de obesidade, o que compromete a saúde no futuro.

Para os especialistas, além de checar o tempo de uso das redes sociais e os conteúdos acessados, os pais devem restringir o uso dos celulares e computadores no quarto. Segundo eles, as telas deveriam ser desligadas uma hora antes de o jovem ir para a cama, a fim de garantir um sono mais fácil, longo, tranquilo e, principalmente, reparador.

Mundo tem 73 países com zika e 26 com casos de microcefalia

06/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Um ano depois da primeira identificação do surto de zika no Brasil, a OMS ainda não tem respostas para a maioria dos desafios ou novos instrumentos para lutar contra o vírus.

Mas tem certeza de que a doença chegou para ficar e que governos e sua própria estrutura terão de trocar uma estratégia de emergência contra a microcefalia por uma resposta de longo prazo para ajudar as famílias afetadas.

Desde 2007, 73 países registraram a transmissão do vírus.

Desses, 67 foram alvo de surto desde 2015. Mas em pelo menos sete deles, a situação aponta para uma crise endêmica. Em 12 países, a OMS identificou a transmissão de pessoas para pessoas, numa indicação do poder do vírus em contaminar por meio do contato sexual.

Nesse mesmo período, 26 países registraram um salto em casos de microcefalia e outras más-formações “potencialmente associadas com o zika”. Na semana passada, os últimos a registrar casos de microcefalia foram Bolívia, Trinidad e Tobago e Vietnã. Em 19 países, o aumento de casos foi da Síndrome de Guillain-Barré.

Considerando ser “impossível” medir todas as pessoas contaminadas pelo vírus, a OMS se limita a contar os casos de microcefalia e de Guillain-Barré.

Assim, até quarta-feira, a organização somava 2.257 casos de microcefalia pelo mundo. Cerca de 10% deles aconteceram fora do Brasil. O País lidera a lista, com 2.079 casos, ante 54 da Colômbia e 28 nos EUA.

Para a OMS, não há dúvidas de que a proliferação vai continuar e que o vírus “se instalou” de fato em países tropicais. Isso, na avaliação dos especialistas da entidade, vai exigir uma mudança no comportamento da resposta e até mesmo dos serviços de saúde dos países atingidos.

“Teremos zika em todos os países que registrarem a presença de mosquito”, disse Monika Gehner, porta-voz da OMS.

A OMS sugere que, a partir de agora, a meta não seja apenas a de parar o mosquito. Mas preparar os serviços de saúde para uma resposta de longo prazo para atender crianças afetadas, além de suas famílias.


DÚVIDAS


Um ano após iniciar o trabalho, porém, a OMS está sem resposta para quase todos os aspectos da doença. Não há, por exemplo, respostas sobre as linhagens do vírus e por que em locais como o Brasil os casos de microcefalia explodiram e, em outros, não. “Estamos vendo um número cada vez maior de casos na Ásia e indicando que qualquer que seja a linhagem, os problemas serão identificados”, indicou Monika.

Ela admite, por exemplo, que até hoje a organização não tem uma resposta a dar sobre o motivo pelo qual os casos de microcefalia no Brasil deram um salto importante, enquanto na Colômbia a taxa é muito menor. Documentos obtidos pelo Estado apontam que a OMS quer, até o final de 2017, intensificar investigações para tentar entender qual é de fato o impacto do vírus em fetos e recémnascidos.

Estão em falta os instrumentos para parar a doença. Produtos contra o mosquito Aedes aegypti não seriam suficientes.

Duas vacinas já começaram a passar por testes, mas sua comercialização ainda não tem data e, na melhor das hipóteses, estariam no mercado em 2018.

“Podemos levar mais dois ou três anos para ter uma vacina”, disse Monika.




Plantão Médico: Homens também sofrem de câncer de mama

05/11/2016 - Folha de S.Paulo


A tradicional campanha do outubro rosa vem alertando positivamente a mulher para o diagnóstico precoce do câncer da mama.

Seria interessante que a campanha também lembrasse aos homens essa possibilidade, considerada quase rara, mas às vezes presente.

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) assinala em 1% o número de casos para o sexo masculino. Para este ano, o Inca prevê 57.960 casos de câncer de mama na mulher.

Na 10ª Conferência Europeia sobre Câncer de Mama, realizada no começo do ano, a médica Carolien van Deurzen, da Holanda, apresentou os resultados de estudo com 1.483 pacientes masculinos de 23 centros oncológicos de dez países. Ela destacou que esses pacientes são frequentemente diagnosticados com a lesão bem adiantada, prejudicando o resultado do tratamento.

O resultado poderia melhorar se nas campanhas para as mulheres o mesmo problema nos homens também fosse abordado.

O câncer de mama masculino, segundo a médica, está presente em menos de 1% de todos os casos de câncer de mama. Em relação a todas as neoplasias presentes no homem, o câncer de mama masculino representa 1% do total.

A proporção de câncer de mama feminino para masculino é de 100 para 1, o que acaba provocando escassa percepção do problema do câncer de mama masculino não só entre os homens mas também entre os médicos.




Menopausa e droga do desejo

06/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Novo estudo divulgado na última semana traçou uma espécie de “mapa” da disfunção sexual feminina no período que cerca a menopausa e concluiu que a fase de maior impacto sobre a sexualidade dura cerca de três anos, período em que a mulher enfrenta suas maiores dificuldades.

O trabalho, feito pela Sociedade Norte-Americana de Menopausa, detectou que um declínio rápido e contínuo no desejo e no desempenho sexual começa a ser percebido 20 meses antes da última menstruação e segue caindo de forma aguda até cerca de um ano após essa data.

A partir daí, o processo continua a ser sentido, de forma mais amena, por um período de mais dois anos, até uma nova estabilização.

O resultado da pesquisa, que acompanhou 1,4 mil mulheres, foi publicado no periódico médico Menopause e divulgado pelo Daily Mail. Os sintomas mais nítidos incluem ressecamento vaginal e diminuição da libido.

O impacto dessa disfunção sexual feminina é ainda mais importante quando contrastado com a conclusão de outro estudo recente da Sociedade NorteAmericana de Menopausa, que revelou que o sexo é considerado “extremamente importante” por 75% das mulheres que estão na meia-idade.

Os resultados mostram o quanto é importante que os ginecologistas conversem abertamente com as mulheres sobre as mudanças na vida sexual que elas vão enfrentar nessa fase da vida. A menopausa é marcada pela “falência” progressiva dos ovários, que deixam de produzir os hormônios femininos responsáveis pelo desejo sexual e pelos ciclos menstruais.

Os médicos devem alertar, também, sobre o aparecimento de sintomas como calores, falta de energia, irritação e labilidade emocional, entre outros, que podem prejudicar ainda mais a disposição para se fazer sexo. Além disso, é fundamental discutir hábitos mais saudáveis, que podem atenuar parte dessas manifestações e contribuir para uma melhor saúde sexual.

Existem recursos terapêuticos que podem aliviar algumas das alterações.

Para melhorar o ressecamento vaginal e as dores na penetração, por exemplo, o uso de lubrificantes à base de água no momento do sexo e o emprego de baixas doses do hormônio estrógeno por via vaginal são indicações possíveis. O médico pode avaliar e discutir com a paciente, caso a caso, os riscos e benefícios da terapia de reposição hormonal.


NOVA ARMA PARA O DESEJO?


Outro trabalho divulgado na última semana pelo Daily Mail aponta que uma nova substância, usada antes da relação sexual, promete aumentar o desejo nas mulheres nesta fase.

A droga conhecida como Bremelanotide foi testada em 1,2 mil mulheres por 24 semanas. Ela deve ser injetada por via subcutânea com o auxílio de um autoaplicador e tem efeito por oito horas. A última etapa de estudo clínico da droga (que foi desenvolvida originalmente como um agente de bronzeamento solar), feita pelo laboratório responsável, mostrou resultado superior ao placebo em relação ao aumento da libido e à redução da tensão provocada pelas dificuldades sexuais, além de poucos efeitos colaterais. O mecanismo de ação da droga não tem relação com os facilitadores de ereção masculinos. A substância age diretamente no sistema nervoso central, em áreas relacionadas ao prazer.

Mas será que funciona mesmo? Até hoje, nenhum remédio que se “vendeu” como estimulante sexual feminino alcançou resultados satisfatórios.

Nem mesmo a Flibanserina, recentemente aprovada pelo FDA (agência reguladora americana), convenceu. Além de ter efeito muito limitado, ainda traz riscos de desmaios súbitos e não deve ser usada com álcool. O fabricante espera o novo remédio nas prateleiras das farmácias americanas no segundo semestre de 2017. É esperar para ver!




O que os corpos podem dizer

05/11/2016 - Veja


TRINTA MINUTOS, apenas trinta minutos. Foi essa a duração da palestra do geneticista holandês Manfred Kayser no mais recente congresso da Sociedade Americana de Genética Humana, em Vancouver, no Canadá, o evento mais influente da área. A apresentação, rapidíssima para os padrões dos encontros de cientistas e médicos, foi suficiente para produzir um alvoroço que permanecerá borbu- lhante por muito tempo. Kayser divulgou um novo teste de análise genética que permite esmiuçar, com extrema precisão e velocidade, a cor dos olhos e dos cabelos a partir da coleta de fragmentos de DNA em cadáveres.

Esse teste representa uma pequena grande revolução forense na identificação de corpos carbonizados, por exemplo. Até hoje. era preciso ter a identidade dos genes de uma pessoa previamente armazenada em um banco de dados para que se fizesse uma comparação com a amostra colhida na cena do crime ou no corpo sem vida. Se somos capazes de identificar características genéticas em cadáveres, somos capazes também de identificá-las num embrião — e modificá-las. E assim se abriu, com a novidade, uma larga avenida de questões éticas. Diz o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika. de Curitiba: “A partir de agora, basta alguém tentar. E isso é assustador”. Trata-se. portanto, de uma extraordinária ferramenta de investigação para quando a vida acaba — mas de uso ainda incalculável para quando ela ainda nem bem começou.

A manipulação de células humanas é um dos embates mais delicados e controversos da civilização, anátema para as igrejas. Até que ponto se tem o direito de tentar mexer nas características de um feto em formação, em especial se ele é saudável? O procedimento é um atalho para experimentos perigosos, como os que construiram a malfadada eugenia. Conceito criado pelo antropólogo inglês Francis Galton (1822-1911), a eugenia significa a melhora de determinada espécie por meio da seleção artificial. A ideia chegou a seu ponto alto na Alemanha nazista, com a instauração de barbaridades: tribunais biológicos, esterilização compulsória, eliminação dos “socialmente inadequados”, além de experimentos genéticos em busca do que se chamava de “raça pura”, a ariana.

Atualmente, a maioria dos países permite a seleção de embriões exclusivamente para eliminar doenças específicas, como hemofilia, síndrome de Down e distrofias musculares. Os embriões portadores de alterações genéticas podem ser legalmente utilizados em pesquisas ou descartados depois de cinco anos, com a autorização dos pais. Os sadios, implantados no útero materno. Os Estados Unidos são um dos raros países cuja legislação não reprime a escolha de características físicas a partir da análise embrionária.

Ainda assim, poucos lugares dispõem da tecnologia, e, quando a têm, ela é desenvolvida pelas próprias clinicas. de forma muitas vezes imprecisa. O Fertility Institutes, em Los Angeles, é um dos raros centros de reprodução assistida no mundo que dispõem da análise da cor dos olhos, embora de maneira incipiente: em seis casos por ano. o laboratório altera a cor dos olhos do futuro bebê. “O número de testes não é maior porque nossos recursos ainda são limitados”, disse a VEJA o endocrinologista reprodutivo Jeffrey Steinberg, fundador do instituto. “A maioria dos casais quer, na verdade, que os filhos tenham características diferentes das suas”, complementa Steinberg. Para chegar ao resultado, a equipe do endocrinologista faz um rastreamento genético completo dos pais e dos irmãos. Levam-se semanas para obter a resposta e, a partir dela, a seleção que atenda aos desejos paternos.

O teste desenvolvido na Holanda por Manfred Kayser. esse que se propõe a decifrar enigmas atrelados à policia cientifica e que pode vir a ser aplicado ao início das gestações, ganhou imediata notoriedade por exigir uma quantidade ínfima de sangue, que contenha 60 picogramas de DNA, o equivalente a oito células. O detalhe é fun- damental no manuseio de um embrião. O diagnóstico no embrião é realizado, de preferência, no quinto dia depois de formado, quando é constituído de 120 células. Essa quantidade de material genético é suficiente para que o embrião não seja inviabilizado com a extração das oito células necessárias para a realização do teste. O resultado surge a partir do terceiro dia. Por meio dessas oito células, o novo teste capta informações simultâneas da cor dos olhos e dos cabelos com uma precisão que chega a 93% (veja o quadro na pág. 80).

O manejo embrionário começou em 1990, quando a equipe de Yuri Verlinski, do Instituto de Reprodução Genética, do Centro Médico Illinois Masonic, em Chicago, publicou um trabalho no qual divulgava ter selecionado um embrião que não contivesse os genes de fibrose cística, doença que afetava os pais. Dez anos depois, teve início a detecção de traços físicos em embriões saudáveis. A primeira característica a ser detectada foi o sexo do bebê. Nos EUA, esse procedimento está consolidado. Os “bebês sob encomenda” são chamados de “designer babies”. No Fertility Institutes. por exemplo, 500 casais ao ano escolhem o sexo do feto.

A escolha de meninas está na frente. No Brasil, a legislação é clara. As técnicas de reprodução assistida podem ser aplicadas somente na seleção de embriões com o diagnóstico de alterações genéticas causadoras de doenças. Dificilmente a técnica holandesa será aprovada por aqui. Mas a questão, claramente, vai muito além. Diz o experiente Edson Borges, diretor de uma das maiores clínicas do país, a Fertility, em São Paulo: “A medicina é feita para tratar problemas. Usar de seus recursos para interferir no traço estético de um ser em formação não é exercer a profissão, portanto”. A discussão — fascinante — ainda vai longe. O avanço forense representa somente o preâmbulo de uma longa contenda.




Ainda sem amparo ideal no Nordeste, microcefalia por zika cresce no Sudeste

06/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Um ano depois de o Brasil decretar emergência em saúde pública por causa do surto de microcefalia, os esforços para barrar novos casos da doença e amparar as famílias com bebês vítimas da má-formação parecem ter sido insuficientes.

Desde o alerta federal, em 11 de novembro de 2015, 2.079 casos foram confirmados no País e outros 3.077 seguem em investigação, a maioria no Nordeste.

Dados inéditos tabulados pelo Estado com base nas estatísticas oficiais mostram, porém, que a epidemia começa a registrar números expressivos também no Sudeste.

Enquanto Recife, epicentro da crise inicial, vive estagnação nos registros – 64 até agora –, o Rio já é a capital com a maior tendência de alta, ocupando a segunda posição no ranking de municípios com mais casos confirmados (110). Só Salvador tem índice maior (154). O surto no Estado do Rio, no entanto, está concentrado na capital, já que, nos demais municípios, há 30 registros confirmados.

Em São Paulo, o número de crianças com a microcefalia triplicou entre agosto e outubro, passando de 14 para 46 – 13 na capital. Outras 19 cidades paulistas tiveram a confirmação de casos da doença, entre elas Ribeirão Preto e Guarulhos. Juntos, São Paulo e Rio têm ainda 700 registros da má-formação em investigação.

Para o professor de infectologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Benedito Antonio Lopes da Fonseca, o aumento de casos de microcefalia no Sudeste era esperado, considerando que o vírus da zika se disseminou por todo o País, a partir do verão passado.

“Esses bebês que estão nascendo agora foram vítimas da infecção que a mãe pegou no primeiro trimestre da gravidez, ou seja, no início do ano”, diz.

O Ministério da Saúde afirma, no entanto, que, ao contrário do que aconteceu no Nordeste, não há um período de pico de casos no Sudeste. “Os dados são contabilizados nas estatísticas na semana em que foram confirmados, mas quando os analisamos vimos que muitos se referem a registros de bebês nascidos meses atrás. Não há tendência de aumento. De maneira nenhuma o risco pode ser minimizado, mas os números registrados mês a mês se mantêm estáveis”, diz Eduardo Hage, diretor do Departamento das Doenças Transmissíveis.

Questionada sobre o cenário da cidade, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio afirmou que desconhece os dados, por isso não poderia comentá-los. Já a Secretaria Estadual de Saúde do Rio disse que não é possível concluir que todos os casos tenham ligação com o vírus da zika. “Para definir a origem da má-formação, todos os casos são investigados.” A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo também disse não ver aumento significativo de casos de microcefalia. “Na realidade, o que vem acontecendo é que os critérios laboratoriais etiológicos têm sido aprimorados e, consequentemente, a investigação tem se desenvolvido de forma mais ágil e assertiva”, afirmou, em nota.


DESAMPARO


Enquanto o Sudeste se prepara para atender os primeiros bebês com microcefalia na região, as crianças vítimas do primeiro surto da máformação, no Nordeste, completam um ano enfrentando ainda a falta de vagas em centros de reabilitação e demora no acesso à atenção especializada.

Para mostrar os impactos da microcefalia na vida das famílias, o Estado viajou a Pernambuco e acompanhou de perto o primeiro ano de vida de três bebês nascidos no Estado entre setembro e outubro de 2015. Com realidades sociais e familiares distintas, Alessandro, Matheus e Pérola tiveram de enfrentar limitações trazidas pela doença.

Centros de reabilitação prometidos pelo Ministério da Saúde não saíram do papel, impedindo o início da reabilitação de bebês como Alessandro. Os locais de tratamento seguem concentrados nos grandes municípios e o acesso ao transporte, de obrigação municipal, vem sendo dificultado pelas prefeituras, inviabilizando o tratamento de crianças do interior do País, como Pérola. Mas para bebês como Matheus, que tiveram condições econômicas para buscar um tratamento adequado, os bons resultados começam a aparecer e mostram que, com amparo ideal, é possível contornar dificuldades.




Zika e doenças associadas deixam lições a cientistas

07/11/2016 - O Estado de S.Paulo


Às vésperas de completar um ano do estado de emergência em saúde pública no Brasil declarado por causa da microcefalia, o diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos, não hesita em afirmar: o zika, vírus associado ao aumento de casos da má-formação, trouxe várias lições para cientistas. “Não se pode desprezar nenhum agente infeccioso, mesmo aqueles que à primeira vista são considerados inofensivos.” Esse, completa Vasconcelos, foi o erro cometido com zika no Brasil e no mundo.

Descoberto na década de 40, o zika nunca despertou interesse de pesquisadores. “Até o início de 2015, ele era considerado um vírus de segunda categoria.

Ele era pouco estudado, porque se imaginava que seria de pouco interesse para saúde pública.” O baque, no entanto, não se resumiu ao fato de ele ser muito mais nocivo do que se pensava no início. “O zika rompeu um padrão. Ele representa uma revolução em termos de arbovírus.

Até então, acreditávamos que esses agentes eram transmitidos pela picada de artrópodes infectados.” O zika veio mostrar que essa ideia era limitada e incorreta. Comprovou-se que ele pode ser transmitido por via sexual, transfusão de sangue. “E ele pode causar doença grave.

Tanto na sua forma congênita quanto para pacientes infectados que já apresentam, por exemplo, falhas no sistema imunológico”, explica Vasconcelos.

Em virtude do alcance do vírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em fevereiro, estado de emergência internacional em saúde pública.

Vasconcelos defende que esse status seja mantido.


ESTRATÉGIAS


A equipe de Vasconcelos trabalha em várias frentes. Um dos braços considerados mais promissores é o que se dedica ao desenvolvimento de uma vacina, em parceria com a Universidade do Texas. Os resultados obtidos até agora são animadores. Nos próximos dias, a vacina será testada em primatas, em áreas controladas.

A vacina é desenvolvida com base em um vírus vivo enfraquecido.

Por meio do uso de engenharia genética, pesquisadores procuram manter a capacidade do vírus de infectar células, sem, no entanto, que ele possa desenvolver a doença.

O diretor do Instituto Evandro Chagas avalia que há muito ainda que se descobrir sobre o zika. “Ele era praticamente desconhecido.

Hoje temos algumas pistas. Mas é preciso muito mais”, disse. Uma das hipóteses que necessitam ser avaliadas ainda é o fato de a microcefalia não atingir todos os bebês cujas mães são infectadas pelo zika.

“Há uma corrente que arrisca haver um papel protetor da vacina de febre amarela. Isso poderia explicar, por exemplo, o fato de que as regiões onde a microcefalia ocorreu de forma mais intensa no ano passado coincidem com áreas onde a vacina não é aplicada de forma rotineira.

Mas são apenas suposições. Vasconcelos reconhece que, a partir da agora, os brasileiros começam a perder o protagonismo nas descobertas. Ele atribui essa mudança ao investimento realizado em outros países.

“Nossa contribuição foi significativa. Mas há uma tendência de que outros centros passem a apresentar estudos.”




Maconha medicinal

05/11/2016 - Folha de S.Paulo


Os médicos paulistas defendem a descriminalização da maconha. O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) emitiu uma nota pública em que pede a descriminalização da erva para uso próprio.

Não poderia concordar mais. Minha ressalva em relação ao Cremesp é que a nota é tímida. Ela se limita a pedir a descriminalização da Cannabis, deixando de lado outras substâncias. Ora, o raciocínio que os médicos aplicaram à maconha, a saber, de que seu abuso constitui um problema de saúde pública e não de polícia, vale para todas as substâncias psicoativas. O interessante é que o texto da nota fala em drogas genericamente, mas o título restringe a discussão à maconha. Meu palpite é que houve alguma polêmica entre os membros da câmara técnica de psiquiatria e prevaleceu o lado mais prudente/conservador.

E, já que a ideia nesta coluna é não fazer concessões ao realismo político, dá para afirmar que a descriminalização do uso também é pouco. Ela até resolveria o problema do consumidor bem-apessoado e de maior poder aquisitivo, que não precisaria mais temer a ação da polícia. Os usuários crônicos ou mais pobres, que tendem a sustentar sua dependência repassando repartes da droga para terceiros, continuariam sendo enquadrados como traficantes, para os quais a lei reserva penas duras.

Mesmo que conseguíssemos definir um critério para distinguir com precisão o dependente que vende dos comandantes do tráfico, apenas descriminalizar a atividade me parece pouco. Se quisermos realmente mudar o "statu quo", é preciso efetivamente legalizar as drogas, estabelecendo pontos de venda e cobrando impostos. Todas as drogas receberiam um tratamento semelhante ao dispensado ao álcool.

Isso não resolveria o problema do abuso. Na verdade, poderia até agravá-lo, mas serviria para esvaziar um pouco as cadeias e, principalmente, para reduzir o poder do tráfico.




Mortes: Expoente da luta contra ELA e das minorias

05/11/2016 - Folha de S.Paulo


O pensamento constante na possível finitude precoce nunca foi a tônica da vida da advogada Alexandra Lebelson Szafir, 50, uma das expoentes com maior visibilidade no Brasil entre as pessoas que vivem com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).

Batalhando contra a enfermidade degenerativa e progressiva desde 2005 e, aos poucos, sucumbindo a seus efeitos, como a perda total da mobilidade e da capacidade respiratória, Alexandra não fez do drama ou das perdas o seu sentido de viver.

Fez o contrário: lutou até o último dia por melhores condições para as pessoas com a doença, ajudando financeiramente com a sua imagem e com o seu prestígio, por mais pesquisas, medicamentos e equipamentos de assistência aos que têm ELA.

Paralelamente à dedicação à Associação Pró-Cura da ELA, a advogada militou no direito voltado às minorias. Escreveu, em 2010, "desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos" e, em 2014, "desCasos 2".

Embora não conseguisse mais falar, Alexandra se comunicava por meio dos olhos que acionavam as letras no computador e enviava suas mensagens para o mundo. Respirava com auxílio de aparelhos e levava o dia a dia com a ajuda das forças da incansável assistente, Magna.

"Alexandra era uma pessoa rara, com uma doença rara. Raros os que a conheciam e não a admirassem por sua bravura e sua generosidade", diz o amigo e confidente, o empresário Jorge Abdalla.

A advogada, que deixa os filhos Pedro e Isabella, morreu no hospital, na quinta (3), por complicações no sistema respiratório.




Um maço de cigarro ao dia produz 150 mutações no pulmão por ano

04/11/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Fumar um maço de cigarros por dia provoca, em média, 150 mutações por ano nas células pulmonares, segundo investigadores que identificaram vários mecanismos pelos quais o fumo danifica o DNA.

O estudo, publicado nesta quinta-feira (3) na revista "Science", avalia com precisão –pela primeira vez– os devastadores efeitos genéticos do cigarro, e não apenas para os pulmões, mas também para outros órgãos que não estão diretamente expostos ao fumo.

Estudos já revelavam que o cigarro contribui com ao menos 17 tipos de câncer, mas até o momento não se havia estabelecido como o fumo provocava estes tumores, destacam os pesquisadores do britânico Wellcome Trust Sanger Institute e do americano Los Alamos National Laboratory.

O maior número de mutações genéticas causadas pelo tabagismo se observou no tecido pulmonar, mas outras partes do corpo também apresentaram alterações do DNA que explicam como fumar causa diferentes tipos de câncer.

O cigarro contém mais de 7 mil substâncias químicas diferentes, das quais mais de 70 são cancerígenas, destacam os pesquisadores, assinalando a complexidade das interações do fumo com o organismo.

"Este estudo aporta novos elementos sobre os diferentes mecanismos pelos quais o fumo provoca o câncer", destaca Ludmil Alexandrov, do Los Alamos National Laboratory, um dos principais autores do trabalho.

"Já dispúnhamos de muitos dados epidemiológicos sobre um vínculo entre o fumo e o câncer, mas agora podemos observar e determinar o número de alterações moleculares do DNA provocadas pelo hábito de fumar".

"Concluímos que as pessoas que fumam um maço por dia têm, em média, 150 mutações genéticas adicionais a cada ano em seus pulmões, o que explica por que motivo os fumantes têm um maior risco de desenvolver câncer de pulmão", destaca o cientista.

Para esta primeira análise ampla do DNA relacionando o fumo ao câncer, os pesquisadores examinaram mais de 5 mil tumores, comparando os cânceres similares de fumantes e não fumantes.

Assim, encontraram características moleculares específicas no DNA dos pulmões de fumantes e determinaram seu número nos diferentes tumores.

Os pesquisadores concluíram que o fumo provoca um número significativo de mutações genéticas adicionais nas células pulmonares.

Em outros órgãos, o estudo revelou que um maço de cigarros por dia produz, em média, 97 mutações a mais por ano no DNA da laringe, 39 na faringe, 23 na boca, 18 na bexiga e 6 no fígado.

O estudo revela ao menos cinco processos distintos pelos quais o DNA é danificado pelo tabagismo, e o mais comum se encontra na maioria dos tipos de câncer.

Para o professor Mike Stratton, do Wellcome Trust Sanger Institute, "este estudo também revela que o processo pelo qual o cigarro provoca um câncer é mais complexo do que se pensava".

"Na realidade não entendemos completamente as origens subjacentes de muitos tipos de câncer", disse Stratton, assinalando outras causas ainda pouco conhecidas, como a obesidade.

Mas este trabalho sobre o DNA em tumores cancerosos poderá fazer avançar a pesquisa e ajudar em uma maior prevenção de qualquer forma de câncer, avaliou o professor Stratton.

"Sequenciar o genoma de cada câncer proporciona assim uma espécie de registro arqueológico" no DNA, exposto aos diferentes fatores que contribuíram para as mutações genéticas responsáveis pelo tumor.




Bebida do tipo zero traz mesmo risco de diabetes do que a normal

05/11/2016 - Portal Exame


Consumir menos de meio litro de bebidas açucaradas por dia é o suficiente para dobrar o risco de se desenvolver diabetes, mostra um estudo publicado pela European Society of Endocrinology. E, ao contrário do que pode parecer, quem opta pelas versões diet ou zero não sai ileso a esse risco.

Os resultados foram obtidos após a análise dos hábitos alimentares de mais de 2.800 pessoas. A pesquisa mostra que a ingestão diária de 400 ml de produtos como refrigerantes ou néctares (refresco que não é composto exclusivamente por suco integral) aumenta em duas vezes o risco de diabetes.

As versões adoçadas artificialmente, conhecidas como zero ou diet, apresentaram resultados semelhantes às convencionais. Segundo o estudo, tal relação pode ser explicada, entre outros fatores, por um efeito estimulante ao apetite provocado por elas.

Além da diabetes tipo 2, a pesquisa analisou também uma variedade mais rara da doença, a LADA – que é autoimune, assim como a tipo 1, e geralmente ocorre em adultos. Nos dois casos, constatou-se o risco em dobro como consequência do consumo de duas doses diárias, cada uma de 200 ml.

Também foi analisado o consumo de mais de um litro das bebidas por dia; nesse caso, o risco de desenvolver a diabetes tipo 2 chegou a ser dez vezes maior do que entre os que não consomem nenhuma quantidade. Por conta da baixa frequência com que esse hábito foi relatado, o estudo destaca que esse resultado é menos expressivo.

A relação da diabetes tipo 2 com as bebidas açucaradas já tem sido evidenciada em pesquisas anteriores. Os riscos em relação à LADA, por outro lado, não são tão evidentes e foram o principal foco do estudo.

Segundo os pesquisadores, ainda são necessárias novas pesquisas para investigar a relação das bebidas com a LADA e, também, para esclarecer os efeitos das bebidas adoçadas artificialmente.

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