Uma em cada sete crianças respira ar poluído acima do nível recomendado
01/11/2016 - O Globo
Uma em cada sete crianças no mundo vive em regiões onde a poluição é ao menos seis vezes maior que os níveis consideradores seguros, segundo um relatório divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ). São 300 milhões de crianças expostas a poluentes que podem provocar sérios danos físicos, incluindo problemas respiratórios e no desenvolvimento do cérebro.
— A contaminação ambiental é o principal fator que contribui para a morte anual de cerca de 600 mil crianças com menos de 5 anos, e ameaça a vida e o futuro de milhões mais a cada dia — disse Anthony Lake, diretor executivo do Unicef. — Os contaminantes não apenas provocam danos no desenvolvimento pulmonar, como podem cruzar a barreira sangue-cérebro e causar danos cerebrais permanentes.
O relatório foi divulgado uma semana antes do início da próxima Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que será realizada entre os dias 7 e 18 de novembro no Marrocos.
DOIS BILHÕES EM RISCO
Com base em imagens de satélite, o Unicef confirmou que aproximadamente dois bilhões de crianças vivem em áreas onde a contaminação ambiental supera as recomendações mínimas de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A situação é mais preocupante na Ásia, onde vivem 620 milhões de crianças respirando ar poluído, seguida pelo continente africano, com 520 milhões.
A poluição é provocada pelas emissões do sistema de transporte na queima de combustíveis fósseis, mas também por agentes domésticos, como o uso de carvão ou lenha para cozinhar e aquecimento. Juntas, a contaminação externa e interna estão diretamente relacionadas à pneumonia e outras doenças respiratórias, que respondem por uma em cada dez mortes de crianças com menos de 5 anos.
Segundo o Unicef, as crianças são mais suscetíveis à poluição do ar que os adultos, já que seus pulmões, cérebro e sistema imunológico ainda estão se desenvolvendo. As crianças também respiram mais rápido que os adultos, aspirando mais ar em relação à massa corporal.
— Nós protegemos nossas crianças quando protegemos a qualidade do nosso ar — lembrou Lake.
Zika prejudica o esperma
01/11/2016 - Correio Braziliense
Desde que o zika se revelou uma grave ameaça à saúde humana, as atenções de médicos e pesquisadores se voltaram às mulheres. Afinal, os primeiros casos de microcefalia — um dos sinais da síndrome neurológica provocada pela doença — evidenciaram que quem sofre as piores consequências do vírus são as gestantes e os fetos. Agora, pela primeira vez, cientistas da Universidade de Washington (EUA) descobriram que o micro-organismo também tem um efeito devastador sobre o sistema reprodutivo masculino. Em um estudo com animais, eles constataram que o zika pode causar infertilidade no homem.
“Nós já sabíamos que o zika é transmitido sexualmente, sendo que, na maior parte das transmissões sexuais, é o homem que infecta a mulher. Também há transmissão entre homens. O que não sabíamos era a consequência disso”, explica Michael Diamond, um dos autores do estudo, publicado na revista Nature. No experimento, os ratos contaminados pelo micro-organismo se tornaram menos férteis e exibiram níveis mais baixos de testosterona. Além disso, sofreram redução significativa do testículo. Diamond destaca que o estudo foi feito em animais, mas não descarta que os mesmos resultados sejam encontrados em seres humanos.
De acordo com a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Pará Helena Brígido, que também é consultora do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), nem todas as pessoas infectadas apresentam sintomas, mas, no caso dos homens, há relatos de dor na área do testículo e sangramento no líquido seminal, o que se explica pelo fato de o vírus se alojar no sêmen. “É por isso que é muito importante o homem usar preservativo”, observa a médica. Já se sabe há algum tempo que o vírus persiste durante meses, razão pela qual o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenda às pessoas que viajam a regiões endêmicas usar camisinha por até seis meses, ainda que não exibam sinais nem sintomas da doença.
Essa associação fez com que os pesquisadores de Washington decidissem investigar se a presença do vírus teria algum efeito no aparelho reprodutor masculino. Para tanto, inocularam as cepas africana e asiática do zika em ratos e acompanharam a evolução da infecção. “Progressivamente, aconteceu a destruição dos testículos e das células germinativas, aquelas que vão produzir o espermatozoide. Também aconteceu uma produção grande de leucócitos, um sinal de infiltração inflamatória”, observa Helena Brígido. Todas essas lesões ocorreram pouco tempo depois da infecção, entre uma e três semanas. Em 21 dias, os testículos dos ratos infectados pelo vírus estavam com um décimo do tamanho normal e toda a estrutura interna havia sido danificada.
Seis semanas após o início do experimento, não havia mais sinal da presença do zika no líquido seminal nem na corrente sanguínea. Contudo, o testículo continuava destruído. “Não sabemos ao certo se o dano é irreversível, mas acreditamos que sim, pois as células que garantem o funcionamento da estrutura interna dos testículos foram infectadas e destruídas”, diz Michael Diamond. Essas estruturas, chamadas células de Sertoli, são importantes para proteger as células germinativas de ameaças, como vírus e bactérias. Além disso, ajudam a nutrir os espermatozoides em desenvolvimento. Os cientistas descobriram que o zika, porém, consegue matá-las. Os testes reforçaram que dificilmente os danos provocados pelo vírus possam ser revertidos: passado um mês e meio, as contagens de esperma e de testosterona estavam bastante baixas.
De acordo com Kelle Moley, coautora do estudo e diretora do Centro de Ciências Reprodutivas da Universidade de Washington, quando fêmeas saudáveis cruzaram com ratos infectados e não infectados, no primeiro caso, a chance de gravidez foi quatro vezes menor. “Esse é o único vírus que conheço que causa sintomas tão severos de infertilidade”, disse, em nota. A consultora da SBI Helena Brígido destaca que o resultado do estudo levanta questões preocupantes para gerações futuras. “Um menino pode ser infectado hoje e, no futuro, mostrar-se infértil, sem que se consiga descobrir as causas do problema”, observa.
“Um menino pode ser infectado hoje e, no futuro, mostrar-se infértil, sem que se consiga descobrir as causas do problema”
Helena Brígido, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Pará
Anvisa define nova composição da vacina contra gripe para 2017
31/10/2016 - Portal Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, nesta segunda-feira (31), a composição da vacina contra gripe que estará disponível no País em 2017. A vacina trará uma nova cepa do vírus Influenza A/H1N1.
A atualização das vacinas contra gripe faz parte das recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir a eficácia do produto.
Todo o ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprova uma nova composição da vacina Influenza que considera novos vírus circulantes no País e no mundo.
A resolução RDC 119/16, que dispõe sobre atualização das vacinas Influenza, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (31).
VACINAS INFLUENZA TRIVALENTES
Três tipos de cepas de vírus em combinação, dentro das seguintes especificações:
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2); e
- um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
VACINAS INFLUENZA QUADRIVALENTES
As vacinas quadrivalentes contendo dois tipos de cepas do vírus influenza B deverão conter:
- um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2); e
- um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
VACINAÇÃO
O SUS e o Ministério da Saúde promovem, anualmente, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. A ação acontece entre abril e maio.
Os grupos mais vulneráveis devem se vacinar todos os anos. Pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, mulheres com até 45 dias pós-parto, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, doentes crônicos, trabalhadores da saúde e populações indígenas devem ir até um posto de vacinação para se protegerem contra a gripe.
PREVENÇÃO
A transmissão dos vírus influenza ocorre pelo contato com secreções das vias respiratórias que são eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar. Também ocorre por meio das mãos e objetos contaminados, quando entram em contato com mucosas (boca, olhos, nariz).
À população em geral, o Ministério da Saúde orienta a adoção de cuidados simples como formas de prevenção: lavar as mãos várias vezes ao dia, cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar, evitar tocar o rosto e não compartilhar objetos de uso pessoal, entre outros.
Em caso de síndrome gripal, a recomendação é procurar um serviço de saúde o mais rápido possível. A vacina contra a gripe não é capaz de eliminar a doença ou impedir a circulação do vírus. Por isso, as medidas de prevenção são tão importantes, particularmente durante o período de maior circulação viral, que é entre os meses de junho e agosto.
Também é importante lembrar que, mesmo pessoas vacinadas, ao apresentarem os sintomas da gripe – especialmente se são integrantes de grupos mais vulneráveis às complicações – devem procurar, imediatamente, o serviço médico.
Os sintomas da gripe são: febre, tosse ou dor na garganta, além de outros, como dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração.
Veja os fatores de risco para câncer de mama que a população ainda ignora
31/10/2016 - G1 - Bem Estar
Outubro foi marcado pelas ações da campanha Outubro Rosa, de prevenção e controle do câncer de mama. Mas a população ainda desconhece alguns fatores de risco importantes para a doença, como revela uma pesquisa feita com 270 pessoas no metrô de São Paulo.
Álcool, obesidade e genética são alguns dos fatores de risco para a doença que a maioria das pessoas ignora. Segundo o levantamento, 86% dos participantes não acreditam que o consumo de álcool pode aumentar o risco de câncer de mama. Segundo uma pesquisa divulgada em julho, o consumo de álcool está diretamente relacionado a sete tipos de câncer, incluindo o de mama.
Para 78% das pessoas que responderam à pesquisa, a obesidade não está relacionada ao surgimento do câncer de mama, mais um exemplo de desconhecimento da população sobre a doença. Segundo uma análise feita em 2002 pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, em inglês), o câncer de mama é um dos 13 tipos de câncer relacionados ao sobrepeso.
Os paulistanos também têm poucos conhecimentos sobre o papel da genética no câncer de mama. Somente 2% das mulheres e 8% dos homens consideram que filhas, sobrinhas e irmãs de mulheres que tiveram câncer de mama têm mais risco de desenvolver a doença. A percepção vai contra achados científicos que apontam para várias mutações genéticas relacionadas ao câncer de mama.
O levantamento sobre o conhecimento da população sobre o câncer de mama faz parte da campanha Cada Minuto Conta, parceria entre União Latino-americana Contra o Câncer da Mulher (Ulaccam) e a Pfizer, e teve o apoio da ONG Oncoguia.
CÂNCER MAIS COMUM ENTRE MULHERES
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. Segundo estimativa do Inca, o Brasil deve ter 57.960 novos casos de câncer de mama em 2016. O câncer de mama também pode atingir homens, mas apenas 1% dos casos da doença correspondem a eles.
Em 2013, último ano com dados disponíveis, 14.388 pessoas morreram de câncer de mama no Brasil, sendo 14.206 mulheres e 181 homens.
DIAGNÓSTICO
A realização anual da mamografia para mulheres a partir de 40 anos é importante para que o câncer seja diagnosticado precocemente.
O autoexame é muito importante para que a mulher conheça bem o seu corpo e perceba com facilidade qualquer alteração nas mamas e assim procure rapidamente um médico. Vale lembrar que o autoexame não substitui exames como mamografia, ultrassom, ressonância magnética e biopsia, que podem definir o tipo de câncer e a localização dele.
TRATAMENTO
O câncer de mama tem pelo menos quatro tipos mais comuns e alguns outros mais raros. Por isso, o tratamento não deve ser padrão. Cada tipo de tumor tem um tratamento específico, prescrito pelo médico oncologista. Entre os tratamentos estão a quimioterapia e radioterapia, a terapia alvo e a imunoterapia.
Câncer de próstata mata um homem a cada 40 minutos no Brasil
31/10/2016 - Diário de Pernambuco Online
A edição deste ano da campanha Novembro Azul vai ampliar sua abordagem – com o mote “De novembro a novembro azul - movimento permanente pela saúde integral do homem”, a ação vai orientar sobre o câncer de próstata e também alertar os homens sobre a importância de cuidar da saúde.
Criada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, a campanha visa orientar a população masculina sobre o câncer de próstata. A doença figura como o segundo tipo de câncer mais comum entre homens, com mais de 13 mil mortes anuais – uma a cada 40 minutos. Mais de 61 mil novos casos devem ser registrados no país em 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
A proposta do instituto este ano é, com a campanha já consolidada no Brasil, passar a alertar sobre os cuidados com a saúde integral do homem, mobilizando a população masculina para que se torne protagonista de sua história e responsável por sua própria qualidade de vida, em diferentes fases da vida.
ATIVIDADES
Durante o mês de novembro, serão realizadas atividades de orientação sobre o câncer de próstata e a saúde do homem e ações para estimular a atividade física. Haverá distribuição de material informativo e prédios serão iluminados na cor azul – entre eles, o Viaduto do Chá, em São Paulo, e o Congresso Nacional, em Brasília.
Um dos destaques da programação é o II Fórum Ser Homem no Brasil, marcado para a próxima segunda-feira (7). Com apoio do Senado Federal, o evento vai reunir profissionais de saúde, parlamentares, governantes, representantes do Ministério da Saúde e população em geral para debater a prevenção e o combate ao câncer de próstata e outros tipos de câncer, como de pênis e testículo.
Nas redes sociais, a campanha vai tratar da saúde integral do homem e usará as seguintes hashtags: #novembroazul #denovembroanovembroazul #menospreconceito e #maisvida. A programação completa do Novembro Azul pode ser conferida no portal do Instituto Lado a Lado pela Vida.
Por que a obesidade é um grande fator de risco para o câncer?
31/10/2016 - Veja Online
A obesidade tem atingido proporções epidêmicas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esse problema tem aumentado rapidamente, e a Organização Mundial da Saúde estima que a incidência global de obesidade tenha mais do que dobrado de 1980 até hoje, atingindo atualmente mais de 600 milhões de pessoas.
Há várias décadas a obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares e de diabetes do tipo 2. Mais recentemente, entretanto, tem se verificado que a obesidade é, também, um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer. O governo dos Estados Unidos estima que até 2030 o número de casos de câncer na população do país terá um adicional de mais 500 000 somente devido à obesidade.
A incidência de vários tipos de tumor é afetada pelo excesso de peso: câncer do esôfago, da mama, do intestino, do rim, do fígado, do pâncreas, do endométrio, da vesícula biliar, da bexiga e até do cérebro. E o que é mais grave: além de estarem mais sujeitas a ter a doença, as mulheres obesas com câncer de mama têm uma sobrevida pior, com menos possibilidade de cura. É como se a obesidade acelerasse o crescimento das células malignas.
O mecanismo pelo qual a obesidade aumenta a incidência e a progressão do câncer não é bem conhecido, mas várias hipóteses têm sido estudadas. Inicialmente postulou-se que, entre as mulheres, a obesidade levaria a um aumento dos níveis de hormônio feminino (o que é verdade), estimulando o tecido mamário de maneira contínua. Notou-se, entretanto, que os tumores de mama que não dependem de hormônio também aumentam de incidência em mulheres obesas, sugerindo que talvez esse não seja o mecanismo principal.
Aparentemente a desregulação do metabolismo do açúcar e da insulina (além de outros fatores associados a esse hormônio teriam efeitos diretos sobre as células, estimulando seu desenvolvimento e sua proliferação. Esse quadro, chamado de “resistência à insulina”, faz parte da chamada síndrome metabólica, um conjunto de alterações no organismo humano causadas pela obesidade, e seria o responsável pela relação entre obesidade e câncer. Além disso, as células gordurosas produzem substâncias chamadas de adipocinas que têm efeito marcado sobre a proliferação celular.
Uma pergunta importante: se os pacientes perderem peso após o diagnóstico de câncer, isso melhoraria o prognóstico? Aparentemente sim. Alguns estudos sugerem que mulheres que perdem peso através de dieta e exercícios após terem sido diagnosticadas com câncer de mama têm melhor sobrevida do que aquelas que mantêm o sobrepeso. E uma boa notícia: não é preciso uma grande perda de peso para melhorar o prognóstico nesses casos; aparentemente 5% do peso inicial (4 quilos para uma mulher de 80 quilos) já teria um efeito bastante favorável. Atualmente, um grande estudo americano em mulheres obesas com câncer de mama está sendo feito em cerca de 3 000 voluntárias, metade das quais será submetida a uma combinação de dieta e exercícios para perda de peso. O resultado desse estudo, que deve ser divulgado em três anos, definirá de maneira exata a influência da obesidade sobre a doença.
O tipo de dieta para perda de peso parece não fazer muita diferença (e há um grande número de regimes da moda atualmente): dietas com restrição de gordura, carboidratos e da quantidade de alimentos, são todas maneiras eficazes de se proteger contra o câncer. O importante parece ser mesmo a perda de excesso de tecido gorduroso no corpo.
Assim, este é mais um estímulo para você manter seu peso dentro da faixa ideal, através de uma combinação de dieta e exercícios. Dessa maneira, você estará não apenas se protegendo contra doenças cardíacas e do diabetes, como também melhorando sua qualidade de vida e bem-estar, além de reduzir de forma significativa o risco de desenvolver vários tipos de câncer.
Falta de anestesistas suspende cirurgias em hospital de SP
29/10/2016 - Folha de S.Paulo
Pacientes com fraturas internados no Hospital Municipal do Tatuapé (zona leste), administrado pela gestão Fernando Haddad (PT), não conseguem passar por cirurgias ortopédicas por causa da suspensão dos serviços de anestesistas. A espera por operação chega a 22 dias.
No dia 17, a Tamp, responsável por anestesistas para oito hospitais, interrompeu parte dos serviços. Ela afirma que a prefeitura atrasou pagamentos. A gestão Haddad nega e diz que deu cinco dias para a retomada do serviço, sob pena de multa e rescisão do contrato.
Redução de acidentes libera um hospital em leitos, diz prefeitura
29/10/2016 - Folha de S.Paulo
A redução dos acidentes de trânsito na cidade de São Paulo desde 2013 provocou uma queda de 28% nas internações dessas vítimas.
Com menos feridos, é como se fossem liberados 147 leitos por dia, equivalentes a um hospital pequeno, conforme levantamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), ligada à gestão Fernando Haddad (PT).
Os dados do impacto dos acidentes viários na rede de saúde foram levantados a partir de registros do SUS (Sistema Único de Saúde).
A gestão Haddad atribui a diminuição dos acidentados à intensificação do programa de redução das velocidades das vias da cidade, que inclui a mudança nos limites das marginais Tietê e Pinheiros —que será revista pelo prefeito eleito João Doria (PSDB).
A trajetória de queda das internações por acidentes de trânsito vem ainda da gestão Gilberto Kassab (PSD), no início da década, mas foi acentuada nos últimos três anos.
No primeiro semestre de 2010, houve 5.412 autorizações de internação dessas vítimas, contra 5.258 no mesmo período de 2013—uma diminuição de 3%. No primeiro semestre de 2016, 3.804.
O cálculo da “economia” de leitos é feito pela CET com base na diminuição de feridos anoa ano e no tempo médio de internação de acidentados. O total de 147 vagas supera as existentes num hospital do porte do de Pirituba (107) e fica um pouco abaixo da unidade da Cachoeirinha (180), ambos na zona norte.
Apesar desse impacto positivo na liberação de leitos, a saúde municipal segue crítica sob Haddad —79% dos paulistanos avaliavam em julho que ele fez menos do que se esperava pela área, conforme pesquisa Datafolha.
PEDESTRES
As políticas de proteção aos pedestres começaram a ganhar força ainda na gestão Kassab, que baixou a velocidade de parte das vias de 70 km/h para 60 km/h.
Desde então, os pedestres são os que tiveram maior queda na hospitalização —de 39%. Depois aparecem os ciclistas (37%), ocupantes de veículos (29%) e, por último, os motociclistas (21%).
“Em outubro de 2013, houve a implantação de área 40 km/h no centro. O índice de acidentes reduziu”, diz Tadeu Leite, diretor da CET. O programa foi expandido para outras regiões e, em julho de 2015, a redução de velocidade chegou às marginais.
Leite afirma que a redução da velocidade é proporcional à gravidade dos acidentes. Ele atribui ao comportamento de risco de parte dos motociclistas a redução menor em relação aos outros modais.
A estimativa da CET é que a economia em gastos hospitalares foi da ordem de R$32 milhões—dinheiro suficiente para construir seis UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
Em relação aos gastos, a exceção são os ocupantes de veículos, cuja internação se tornou mais cara e mais longa. A CET ainda não sabe explicar a razão do aumento de gravidade desses acidentes.
TRAJETÓRIA
O levantamento aponta que a diminuição de internações na cidade de São Paulo contrasta com outros resultados do Estado e do Brasil.
No país, os hospitalizados por acidentes subiram de 70.339 no primeiro semestre de 2010 para 87.633 no mesmo período deste ano, alta de 25%, pelos dados do SUS.
No Estado, os números ficaram praticamente estáveis nesta mesma comparação, de 18.370 para 18.513 (1%).
O superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Mantovani Néspoli, afirma que a cidade de São Paulo vem de uma trajetória de quedas nos acidentes desde a década de 1980.
“O pico de acidentes em São Paulo foi em 1986. [Desde então] a cidade vêm adotando medidas eficientes”, disse.
Ele cita desde a fiscalização do cinto de segurança e de capacete em motociclistas até ações pró pedestres e para redução de velocidade das vias.
Plantão Médico: Depressão associada a processo inflamatório
29/10/2016 - Folha de S.Paulo
Um processo inflamatório poderia desencadear o mecanismo que provoca a depressão, segundo estudos desenvolvidos nos últimos anos.
A depressão é uma doença relacionada a uma alteração emocional caracterizada por tristeza, baixa autoestima e desinteresse por atividades.
Na revista "Molecular Psychiatry" deste mês, N. Kappelmann e colaboradores da Universidade de Cambridge, Londres, apresentam uma análise sobre testes clínicos que abordam a atividade antidepressiva de drogas anti-inflamatórias.
Por um processo inflamatório, o sistema imunológico lança no sangue proteínas chamadas citocinas. Testes com moduladores das citocinas já estabeleceram a terapêutica para condições inflamatórias crônicas, como a artrite reumatoide e psoríase.
Estudos com 5.063 pessoas mostram que se tratar com anti-inflamatórios melhora sintomas depressivos, indicação que citocinas podem ter relação com a depressão.
Por isso, moduladores de citocina parecem ter potencial emprego para tratar a depressão, dizem os autores.
Na dificuldade de cura da depressão com os tradicionais antidepressivos, algumas drogas anti-inflamatórias poderiam eventualmente substituí-las. Poderia também ser uma esperança para os difíceis casos de depressão intratável, felizmente raros.
O risco em relação aos anti-inflamatórios são as doenças cardiovasculares, o que torna problemático o seu uso como rotina.
Hérnias, complicações e soluções
29/10/2016 - Carta Capital
Uma das complicações mais desagradáveis, desconfortáveis e potencialmente incapacitantes é a ocorrência de uma hérnia na incisão da cirurgia. Após operação sobre algum órgão no abdome, quer seja emergencial, quer seja eletiva, alguns pacientes apresentam complicações na região operada da parede abdominal. Se essas complicações levarem a uma fraqueza nesse local, o conteúdo do abdome (intestino, gordura...) sai através dos músculos e fica superficial, geralmente coberto somente pela pele. Isso é chamado hérnia.
O tratamento dessas hérnias depende de sua extensão, tendo evoluído muito até os dias atuais, com o emprego de telas sintéticas e videolaparoscopia. Persistia entre especialistas a dúvida de quanto realmente essa tecnologia melhorou os resultados a longo prazo dos pacientes.
Conversamos sobre o assunto com o doutor Sérgio Roll, coordenador do Centro de Hérnia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e do Grupo de Cirurgia de Parede Abdominal da Santa Casa de São Paulo.
Carta Capital: A técnica cirúrgica melhorou muito. Ainda acontecem complicações que levem a hérnias incisionais extensas?
Sérgio Roll: Infelizmente, sim. Mesmo a enorme evolução das técnicas cirúrgicas não impediu o aparecimento de hérnias incisionais, as quais podem chegar de 11% a 50% das laparotomias (cirurgias abertas no abdome). Isso faz com que os cirurgiões gerais se deparem com números epidêmicos de pacientes que necessitam de tratamento cirúrgico de uma hérnia incisional.
CC: Qual a estimativa da ocorrência desse problema no Brasil?
SR: Dados do Data-SUS no Brasil, de 2013-2014, mostram que de 245 mil operações para corrigir hérnias realizadas anualmente, 20% referem-se a tratamento de hérnias incisionais. Ou seja, ao redor de 45 mil cirurgias por ano. Nos Estados Unidos, no ano de 2012, cerca de 190 mil pacientes foram operados de hérnia da parede abdominal.
CC: Qual é a eficiência dos vários métodos e técnicas utilizados para resolver as hérnias incisionais?
SR: Desde 1958 houve uma revolução nas operações de hérnia, com a introdução da tela (prótese de polipropileno) por Usher. A chance de as hérnias voltarem (recidiva) tem diminuído drasticamente. Porém, temos notado um grande número de publicações médicas relatando complicações referentes ao uso dessa prótese. Fica, então, a pergunta sobre os reais benefícios do uso da tela. Qual o real preço que se paga para reduzir o risco de recorrência da hérnia, quando se consideram as complicações a longo prazo relacionadas ao uso das próteses? Em recente artigo publicado na revista Jama, pesquisadores liderados por doutor Kokotovic, do Hospital Universitário de Zealand, na Dinamarca, compararam a eficácia das diferentes técnicas de correção de hérnias em 3.242 pacientes, após cinco anos de acompanhamento. Concluíram que o uso de tela sintética, por laparoscopia ou por cirurgia aberta, foi significativamente mais eficaz (90%) que a simples sutura da parede abdominal (83%).
CC: Esses procedimentos, e o uso de telas, são realizados no Brasil? Os resultados são semelhantes?
SR: Sim, eles são. No Centro de Hérnia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo realizamos esses procedimentos em larga escala há alguns anos. A nossa experiência, em acordo com o que conclui o artigo do pesquisador dinamarquês, é de que a utilização da prótese nas cirurgias de hérnia incisional diminuiu drasticamente as reoperações por recidiva, e que esse grande benefício compensa na maioria das vezes as infrequentes complicações atribuídas à tela. O tratamento das hérnias da parede abdominal requer técnica cirúrgica apurada, conhecimentos médicos variados, domínio da físiologia, imunologia, processo de cicatrização e outras ciências básicas, bem como a rápida capacidade de adaptação às incorporações técnicas, mas acima de tudo um grau de comprometimento que só pode ser atingido por cirurgiões dedicados a essa área. Também é essencial a interação com outros profissionais médicos e não médicos, pois, tratando-se de uma doença multifatorial, deve receber atenção multidisciplinar. A formação de uma equipe especializada em defeitos da parede abdominal, além de solucionar o problema de milhares de pacientes, é capaz de contribuir para melhorara reintegração precoce desses pacientes à sua vida social e profissional.
Índice de mortalidade está mais ligado a gordura na cintura do que a aumento de peso
29/10/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Por 6 milhões de anos, a humanidade passou fome. No tempo das cavernas, nossos antepassados disputavam carcaças de animais com urubus e hienas.
Moldado na penúria, nosso cérebro desenvolveu redes de neurônios que estimulam a fome e fecham os olhos para a saciedade até passarmos mal de tanto comer. Essencial para a sobrevivência da espécie, esse mecanismo chegou intato até nós.
Então veio a segunda metade do século 20, em que novas tecnologias de produção agrícola, de armazenagem e preservação permitiram oferecer alimentos de boa qualidade a grandes massas populacionais. A dieta da classe média de hoje é mais nutritiva do que a dos nobres de antigamente.
Um cérebro engendrado para enfrentar epidemias de fome não estava preparado para o convívio com a fartura. A capacidade do organismo de transformar em gordura qualquer caloria em excesso, essencial para a sobrevivência em época de vacas magras, voltou-se contra nós.
As consequências foram desastrosas: 52% dos brasileiros estão na faixa de excesso de peso ou obesidade, número que ultrapassa 70% nos Estados Unidos e no México. A obesidade se tornou epidêmica na América Latina, Europa, Austrália, nos países árabes e até na China.
Para avaliar os riscos do acúmulo excessivo de tecido adiposo, foi criado o índice de massa corpórea (IMC), calculado a partir da relação entre o peso e o quadrado da altura (IMC = Peso/altura x altura).
Valores para o IMC abaixo de 18,5 caracterizam subnutrição; entre 18,5 e 24,9 está o peso saudável; de 25 a 29,9, o excesso de peso; e acima de 30, a obesidade.
Embora útil, o IMC não leva em conta a constituição física: um homem de 1,80 m, musculoso, com ossatura robusta, não pode ter o peso de um longilíneo da mesma altura. Da mesma forma, não permite distinguir aqueles com distribuição uniforme de tecido gorduroso dos que o acumulam no abdômen.
A relação entre massa corpórea e mortalidade não é linear, entretanto. Naqueles com IMC acima de 30 e nos que caem na faixa da subnutrição, a mortalidade é mais alta, constatação conhecida como "paradoxo da obesidade". Essas análises, no entanto, são influenciadas por cigarro, doenças pré-existentes, sedentarismo, emagrecimento ou curto período de observação.
Vários estudos mostraram que o acúmulo de gordura na cintura (corpo em forma de maçã) aumenta o risco de doença cardiovascular, porque está associado a depósitos de tecido adiposo entre as vísceras abdominais, distribuição não encontrada nos casos em que a gordura está localizada preferencialmente nas cadeiras (em forma de pera).
Em 2014, epidemiologistas da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, fizeram a análise conjunta (metanálise) de 11 estudos que incluíram 650.386 mulheres e homens, acompanhados por um período de até 21 anos.
Ajustados pelas características demográficas, níveis de atividade física e IMC, os resultados mostraram que, nos homens com circunferências abdominais maiores que 110 cm, a mortalidade geral foi 52% mais alta do que naqueles com circunferências menores que 90 cm.
Nas mulheres com circunferências superiores a 95 cm, a mortalidade foi 80% maior do que naquelas com medidas inferiores a 70 cm.
Esses números se mantiveram em todas as faixas de IMC. Nos homens, para cada 5 cm a mais na circunferência abdominal, houve aumento de 7% no risco de morte; nas mulheres, esse aumento atingiu 9%.
Em outro estudo que envolveu um banco de dados com 15.547 participantes com doença cardiovascular, em três continentes, foi avaliada a relação entre as medidas da circunferência abdominal e da circunferência da bacia.
Pessoas com IMC na faixa da normalidade, mas com obesidade central, tiveram os piores índices de sobrevida. Por exemplo, as participantes com IMC = 22 e relação diâmetro da cintura/diâmetro da bacia igual ou superior a 0,98 tiveram mortalidade mais alta do que aquelas com o mesmo IMC nas quais a relação foi igual ou menor do que 0,89. O mesmo aconteceu em outras faixas de massa corpórea.
Conclusão: estar acima do peso ou cair na faixa da obesidade pelos critérios do IMC não leva a aumento da mortalidade, desde que o tecido gorduroso não esteja concentrado na cintura.
O verdadeiro impacto do colesterol no infarto
28/10/2016 - Veja Online
O colesterol e a aterosclerose não são descobertas de agora. Múmias de 4 000 anos tinham artérias calcificadas. Leonardo da Vinci descreveu placas em vasos sanguíneos, em 1506. O conde Edward Hyde relatou, em 1632, o sofrimento da dor de angina de seu pai, que hoje sabemos ser causada por obstruções nas artérias do coração. Mas foi o médico russo Nikolai Anichkov, quem, em 1913, primeiro registrou o aparecimento de oclusões nas artérias de coelhos após alimentá-los com o colesterol dos ovos.
Cerca de 25% dos adultos apresentam o colesterol elevado no sangue. Alguns conseguem reduzi-lo com dieta adequada, emagrecimento e exercícios físicos regulares. Mas há muitos, mais da metade, que, mesmo seguindo um estilo de vida saudável, permanecem com o colesterol acima do normal, principalmente a fração LDL, considerada a mais nociva.
Manter o colesterol em níveis normais é uma das melhores formas de prevenção de infarto do coração e de outras doenças vasculares como derrames, aneurismas e o entupimento das artérias das pernas.
Há quem levianamente critique o uso de medicamentos para o colesterol, esquecendo ou desconhecendo evidências de que esses medicamentos revolucionaram o tratamento e a prevenção das doenças cardíacas. Muitos apontam até pesquisas contrárias ao uso das estatinas, fármacos redutores do colesterol. Mas nenhuma dessas pesquisas recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, como fizeram Feodor Lynen e Konrad Bloch, que em 1964 foram laureados pelas descobertas sobre regulação do colesterol e a aterosclerose, assim como Joseph Goldstein e Michael Brown, premiados em 1985, cujos estudos promoveram a criação das estatinas.
A CONTA DO COLESTEROL
Baixar 1mg/dL nos níveis de colesterol LDL no sangue pode promover uma redução de 2 a 3% no risco de um infarto, doença que mata 100 000 brasileiros ao ano e representa a maior causa de óbitos no Brasil e no mundo. Além da dieta e dos exercícios, há muitas opções de medicamentos disponíveis para reduzir o colesterol e salvar vidas. Melhor medir o colesterol uma vez ao ano, seguir as orientações médicas, usar os medicamentos – se prescritos, e se cuidar.
Ah, e a novidade é que está provado que não precisamos mais de jejum para dosar o colesterol no sangue.
Quimioprevenção para barrar o câncer de mama
29/10/2016 - Jornal do Commercio (PE) Online
Mulheres com risco elevado para desenvolver câncer de mama, por apresentarem lesões consideradas pré-cancerígenas, têm como opção recorrer à quimioprevenção, caracterizada pelo uso de medicamentos que vêm se mostrando eficazes para reduzir o risco de aparecimento da doença nos casos em que é alta a chance de tumor no seio. Ou seja, não são medicações indicadas para a população em geral, mas podem diminuir em cerca de 50% o risco da doença no grupo de mulheres cujas lesões nas mamas têm grande probabilidade de evoluir para um câncer. “É o caso da hiperplasia ductal atípica, condição em que células dos ductos mamários estão com formação alterada. Isso pode ser um passo para o aparecimento do tumor. Para essas pacientes, a quimioprevenção é uma alternativa e deve ser seguida por cinco anos”, explica o oncologista Rossano Araújo, da Oncoclínica Recife e do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).
Nesses casos, os medicamentos usados são os mesmos prescritos na fase do tratamento da doença realizado após cirurgia de retirada de tumor, a fim de eliminar possíveis células cancerígenas. “O câncer de mama tem incidência alta: em cada oito a dez mulheres, uma terá o tumor no decorrer da vida. Algumas, no entanto, apresentarão risco mais elevado. Cabe ao médico avaliar se, além de propor exames mais frequentes, poderá indicar o tratamento hormonal preventivo. A medicação escolhida leva em consideração a fase da vida reprodutiva da mulher”, frisa a oncologista Cristiana Tavares, do Huoc.
A médica acrescenta que um dos medicamentos (tamoxifeno) ministrados na quimioprevenção está disponível na rede pública de saúde. “Em linhas gerais, quando precisamos prescrevê-lo para mulheres do Sistema Único de Saúde sem a doença, mas com alto risco para desenvolvê-la por causa de uma lesão atípica na mama, encaminhamos uma solicitação com justificativas para a Secretaria Estadual de Saúde liberar o tamoxifeno, que já é usado em larga escala no tratamento da doença”, informa Cristiana.
A enfermeira e empresária Maria Dulce Filgueira Ramalho, 48 anos, faz parte do grupo de mulheres com risco elevado de desenvolver o tumor e, por isso, optou pela quimioprevenção. “Passei por cirurgia para retirar uma lesão pré-cancerígena da mama. Em seguida, comecei a tomar uma medicação para fazer bloqueio hormonal. E tomarei um comprimido diariamente, por cinco anos”, conta Maria Dulce.
Ela lembra que descobriu a lesão enquanto realizava a mamografia e ultrassom da mama. “Sempre fiz anualmente esses exames. Para mim, é um alívio ter a chance de seguir esse medida preventiva. Não tenho apresentado incômodos por causa da quimioprevenção”, acrescenta. Há casos, no entanto, em que efeitos colaterais podem aparecer. “Mas, quando as pacientes são bem monitoradas, qualquer contratempo, como dor articular, pode ser controlado. Em fumantes, pode-se aumentar o risco de trombose. Já em idosas, há chance de câncer de endométrio, embora seja um efeito raro”, diz Rossano Araújo.
ACOMPANHAMENTO
Lesões no seio, como a de Maria Dulce (hiperplasia ductal atípica), aumentam de quatro a cinco vezes a probabilidade de a mulher ter o câncer de mama, em comparação com o risco que a população em geral tem de desenvolver o tumor, segundo destaca Cristiana Tavares. “As pacientes que fazem parte desse grupo de alto risco também têm como opção apenas acompanhar a lesão por exames realizados a cada seis meses. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente com os médicos”, alerta a oncologista.
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