Epidemia de Aids chegou nos EUA antes do que se pensava, diz estudo
27/10/2016 - Folha de S.Paulo
Uma nova técnica, apelidada de “britadeira de RNA”, conseguiu identificar o material genético do vírus da Aids preservado em amostras de mais de 40 anos. As conclusões do estudo mostram que a epidemia começou antes do que se imaginava no Caribe e na América do Norte, e que a ideia de um “paciente zero”, que iniciou a propagação na região, é um mito.
Com a técnica foi possível identificar oito genomas (conjunto do material genético) antigos do vírus —até agora, só um era conhecido.
O vírus causador da doença,o HIV,é simples e letal. É pequeno tanto em tamanho como na quantidade de genes. Essa simplicidade esconde a capacidade de se modificar e adaptar, além do fato de ter por alvo no organismo humano as células de defesa.
De tão simples, o HIV não temo DNA comum a todos os seres vivos,e sim o mais prosaico RNA.
Amostras antigas de vítimas da Aids geralmente não preservam bem o material genético.
A equipe de Michael Worobey,da Universidade do Arizona em Tucson (EUA), usou uma técnica de “força bruta” para reproduzir RNA original e degradado.
A Aids surgiu na África provavelmente na década de 1950. Foi passada ao ser humano pelo sangue de macacos, como processamento da carne para consumo, contaminados com uma versão animal do vírus.
O RNA extraído mostra que o epicentro —núcleo inicial da doença— na América do Norte foi Nova York, em torno de 1971. Dali passou para a Califórnia (notadamente em San Francisco) em 1976,e para Geórgia em 1979.
Em 1981 a Aids foi reconhecida como doença, graças a estudos com homens gays na Califórnia. Já na África e no Caribe a doença afetava principalmente heterossexuais.
O vírus causador da doença foi identificado em 1984.
O novo estudo refuta a ideia de que houve um “paciente zero”, Gaëtan Dugas, que trouxe a doença aos EUA.
Na verdade, Dugas foi citado em um estudo com o o paciente “O” (letra O),que terminou sendo incorretamente transformado em “0” (número zero).Aletra dizia respeito à palavra “out side”, de “out side of California” (fora da Califórnia).Dugas era canadense, o que explica o termo.
Pressionado por indígenas, ministro da Saúde revoga portarias
26/10/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Pressionado por protestos, incluindo bloqueio de rodovias, de indígenas em diversas partes do país, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, revogou nesta quarta-feira (26) duas portarias que ele mesmo havia baixado nos últimos dias sobre o tema do atendimento à saúde indígena.
Os índios protestaram contra mudanças no sistema de gastos da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). Na semana passada, o ministro havia baixado uma portaria que, na prática, diminuía o poder de autorização de desembolsos dos 34 Dseis (Distritos Especiais de Saúde Indígena). Se a nova sistemática entrasse em vigor, inúmeros gastos teriam que ser autorizados previamente pelo comando do ministério, em Brasília.
Até então, os gastos mais elevados eram autorizados também por Brasília, mas pela direção da Sesai, e com ordens às vezes pelo telefone, dependendo da urgência do caso. A principal preocupação dos índios e servidores da Sesai era que o novo sistema burocrático deveria impedir ações mais urgentes como, por exemplo, um resgate aéreo a um índio enfermo em regiões mais distantes.
Os indígenas ocuparam nesta quarta-feira (26) prédios da Sesai em pelo menos sete Estados: Roraima, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Ceará e Santa Catarina. Também interditaram o tráfego em rodovias, como a BR-163, em Mato Grosso, BR-101, entre João Pessoa (PB) e Natal (RN) e SC-283, em Chapecó (SC).
Após uma reunião com indígenas no ministério, Barros assinou o ato que tornou sem efeito a portaria 1907, publicada no dia último dia 17, e também a portaria 2141, publicada no Diário Oficial desta terça-feira (25) já como um recuo em relação à primeira portaria. A 2141, porém, também não agradou aos índios, pois continuava atribuindo ao secretário-executivo do Ministério da Saúde um poder de autorização e controle que os indígenas consideraram exagerados.
Com a revogação das duas portarias, volta a vigorar o sistema anterior, estabelecido por portarias de 2011 e 2013.
O ministro alegava, ao tentar mudar o sistema, uma necessidade de conter gastos. Em áudio gravado na terça-feira (25), ele disse a um grupo de índios que os recursos da Sesai eram mal utilizados. "Eu vou cuidar diretamente do assunto. Tem muita gente na saúde indígena, pouco resultado. A gente podia gastar muito melhor o dinheiro", disse o ministro.
A Sesai tem um orçamento total de R$ 1,43 bilhão para o ano de 2016 e uma previsão orçamentária de R$ 1,45 bilhão para o ano que vem. Boa parte desses recursos é destinada a três organizações não governamentais que são contratadas para ajudar a colocar em prática o sistema de atendimento à saúde, incluindo contratação e gestão de pessoal: Missão Caiuá, com R$ 497 milhões em 2016, IMIP (R$ 132 milhões) e SPDM (R$ 143 milhões).
O ministro Ricardo Barros, na mesma gravação, fez críticas à Missão Caiuá, dizendo que "tem muita irregularidade" e que ela estaria fazendo "um lobby danado" para impedir que o sistema mudasse. Gestores da Missão Caiuá gravaram um áudio e fizeram circular em redes sociais para se defender das declarações do ministro. Alegam que não há qualquer acusação formal de desvios ou má utilização dos recursos e que suas contas são auditadas e conferidas por órgãos de controle.
Em nota, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informou que os protestos em todo o país nesta quarta-feira reuniram cerca de 11 mil indígenas.
País deve mudar para combater zika, diz OMS
27/10/2016 - O Estado de S.Paulo
O vírus zika “se instalou” de fato em países tropicais, como o Brasil, e só campanhas para mudar o comportamento das pessoas não vão mais frear a proliferação de casos. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica que o Brasil terá de investir em saneamento para lidar com o surto.
A OMS admite que, um ano após os primeiros casos, ainda não tem respostas à doença e uma vacina dificilmente estaria pronta antes de 2018.
Reorganização de circuitos do cérebro alivia ‘dor fantasma’
27/10/2016 - O Estado de S.Paulo
Um grupo de pesquisadores japoneses e britânicos descobriu que uma “reorganização” dos circuitos do cérebro pode eliminar a “dor fantasma” frequente na maioria das pessoas que tiveram membros amputados. O estudo também aponta um potencial método de tratamento com base em técnicas de inteligência artificial.
A pesquisa, publicada hoje na revista Nature Communications, foi liderada por cientistas da Universidade de Osaka (Japão), com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
No experimento, os cientistas usaram um equipamento de interface cérebro-máquina, com o objetivo de treinar um grupo de dez indivíduos para controlarem braços robóticos com seus cérebros. Segundo o artigo, quando os pacientes tentavam controlar a prótese associando o movimento ao braço amputado, a “dor fantasma” aumentava.
Mas, quando eles foram treinados para associar o movimento da prótese ao braço que não foi afetado, a dor diminuiu consideravelmente.
De acordo com um dos autores, Ben Seymour, do Departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge, entre 50% e 80% das pessoas com membros amputados sofrem com a “dor fantasma”.
ENGENHARIA
“Embora o membro tenha sido perdido, a pessoa ainda sente dor como se ele estivesse lá. É um tipo de dor semelhante à que é provocada por queimaduras, mas os analgésicos convencionais são ineficazes para tratá-la. Fizemos esse estudo para ver se conseguíamos desenvolver um tratamento baseado na engenharia, em vez dos convencionais com drogas”, disse Seymour.
Os cientistas já suspeitavam que a “dor fantasma” está associada a falhas nos circuitos da parte do cérebro responsável por processar os estímulos sensoriais e executar movimentos.
No novo estudo, eles usaram a interface cérebro-máquina para decodificar a atividade dos neurônios e a ação mental necessária para que os pacientes movessem seu “braço fantasma”.
Depois, com uso de técnicas de inteligência artificial, converteram esse movimento no controle do braço robótico.
“Descobrimos que, quanto mais o lado afetado do cérebro se aperfeiçoava no uso d o braço robótico, pior ficava a dor. A parte do cérebro que comanda o movimento funcionava bem, mas eles não têm o retorno sensorial normal”, disse o líder do estudo, Takufumi Yanagisawa, da Universidade de Osaka.
Os cientistas então alteraram a técnica para treinar o “lado errado” do cérebro, isto é, os pacientes que tiveram o braço esquerdo amputado foram treinados para mover o braço robótico decodificando movimentos associados ao braço direito, e viceversa.
Treinados com a técnica invertida, os pacientes tiveram a dor reduzida. Segundo Yanagisawa, ao aprenderem a controlar o braço robótico com o “lado errado” do cérebro, os pacientes tiraram vantagem da plasticidade – a capacidade cerebral para se reestruturar e aprender novas coisas. “A dor está claramente ligada à plasticidade.
Combinar técnicas de inteligência artificial com novas tecnologias é um caminho promissor para tratá-la”, disse o cientista.
Pesquisa da Unicamp avança no controle da transmissão da zika
26/10/2016 - G1 - Jornal Hoje
Pesquisadores da Unicamp estão mais perto de conseguir desenvolver um remédio contra a zika. Eles conseguiram mapear o caminho do vírus na célula do mosquito.
Após um ano de estudos, os pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp descobriram como a célula do mosquito Aedes albopictus, um parente do Aedes aegypti, é infectada pelo vírus da zika.
O segredo está no aumento dos lipídios, estruturas que ficam na membrana da célula do inseto. São como portas de entrada para o vírus da zika infectar a célula e depois se multiplicar.
“O que a gente fez foi identificá-las no processo de infecção viral e verificar qual a função dela nesse processo de infecção viral e multiplicação dentro da célula do mosquito”, disse o pesquisador da Unicamp Carlos Fernando Odilo Rodrigues Melo.
As imagens mostram o escaneamento de células normais do mosquito e as manchadas de vermelho, infectadas com o vírus da zika.
Quando o vírus entra na célula ele precisa de um caminho. Para isso existem os sinalizadores. É como se fossem placas indicando a rota. Os pesquisadores da Unicamp conseguiram identificar esses sinalizadores de nome complicado: fosfatidilcolinas. E dessa descoberta também surgiu o caminho inverso, estruturas que evitam a multiplicação. São antivírus naturais dentro do próprio organismo dos insetos.
“Você pode fazer com que ela seja sintetizada, com que ela possa ser disseminada e, por exemplo, funcionar como um inseticida direto para o mosquito, ou mesmo ser formado ou criado um medicamento justamente para combater a infecção do zika em seres humanos”, explicou Rodrigo Ramos Catharino, professor de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.
Investir em saneamento reduz gasto em saúde, diz ministro
26/10/2016 - IstoÉ Online
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse hoje (26) que o Brasil precisa investir fortemente em saneamento básico para que políticas de combate à disseminação de doenças possam dar certo. Durante a abertura do 1º Encontro da Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas, Barros destacou que para cada R$ 1 investido em saneamento, o país economiza R$ 4 em saúde.
“Água tratada, esgoto tratado e lixo coletado e tratado são fundamentais para evitar a disseminação de doenças. Precisamos sim fazer um investimento forte em saneamento”, disse. Segundo Barros, um grupo de trabalho tenta articular os ministérios das Cidades, da Integração, do Meio Ambiente e da Saúde, além da Agência Nacional de Águas, para que haja uma política clara de investimento no setor.
VERÃO X DENGUE
Sobre a proximidade do verão e o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti pelo país, o ministro disse que o governo está preocupado especialmente com o aumento de casos de febre chikungunya, que provoca sintomas graves e incapacitantes; e com o agravamento da epidemia do vírus Zika, que envolve consequências sérias, como casos de microcefalia em bebês.
“A dengue também tem, eventualmente, causado algumas mortes. Todas essas doenças merecem a atenção do Estado e procuraremos combater no conjunto o mosquito, que é o que transmite todas elas”, disse.
WOLBACHIA
Barros também comentou a possibilidade de expansão do projeto que utiliza a bactéria Wolbachia para conter casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O projeto, atualmente conduzido no Brasil por meio de parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates em Niterói (RJ), deve ser ampliado para a cidade do Rio de Janeiro e para municípios do Nordeste brasileiro.
“Ele deverá ser ampliado em outras cidades isoladas para a gente ver se consegue ter uma avaliação mais efetiva”, disse o ministro. “Mas isso está em decisão pelo grupo de pesquisa. Decidimos pegar uma cidade de médio porte, isolada e ver como se comporta nessas condições o tratamento por meio da Wolbachia”, completou.
O sistema imunológico é a chave para a cura do câncer?
26/10/2016 - Veja Online
Há alguns anos, os imunoterápicos, medicamentos que utilizam o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer, têm sido os grandes protagonistas dos congressos médicos sobre o assunto e a grande aposta de médicos e pesquisadores. Essa semana, houve outra grande vitória no avanço de tratamentos contra a doença.
Na segunda-feira, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula fármacos, aprovou uma nova droga para o tratamento de câncer de pulmão. Trata-se do pembrolizumabe, medicamento indicado como primeira linha de tratamento para pacientes com tumores pulmonares em estágio de metástase.
A aprovação é importante pois essa é a primeira vez que um fármaco imunoterápico é indicado como primeiro tratamento para pacientes com esse diagnóstico, em vez da tradicional quimioterapia. A FDA também expandiu a aprovação para o tratamento de pessoas com a doença que tenham realizado quimioterapia.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre 2016 e 2017 haverá 28.190 novos casos de câncer de pulmão no país. Um estudo conduzido pela Sociedade Americana do Câncer em parceria com a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), aponta que o câncer de pulmão é a principal causa de morte pela doença entre homens e mulheres em países desenvolvidos.
Segundo uma matéria publicada em VEJA dessa semana, o medicamento é uma esperança para os pacientes diagnosticados com o letal câncer de pulmão. Dos 30 000 brasileiros que recebem o diagnóstico a cada ano, apenas 6 000 sobreviverão à doença em cinco anos. Estudos com pembrolizumabe mostraram que o composto reduziu pela metade o risco de progressão da doença e em 40% o risco de morte.
“São resultados que representam uma quebra de paradigma”, diz o oncologista Artur Katz, chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O medicamento age bloqueando a PD-1, proteína presente nas células de defesa do corpo humano, os linfócitos T, mas que, em pessoas com câncer, permite que o tumor se esconda do sistema imunológico. Ao bloquear a PD-1, o medicamento faz com que os linfócitos-T ataquem o câncer.
Para Philip Greenberg, chefe de imunologia do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson em Seattle, nos Estados Unidos, a imunoterapia já é o quarto pilar do tratamento anticâncer, ao lado da radioterapia, quimioterapia e cirurgia, segundo informações da rede americana CNN. “Há momentos em que ela será usada sozinha, e haverá momentos em que será usada em conjunto com outras terapias, mas há muito pouco a questionar que esta vai ser uma parte importante do tratamento do câncer daqui para frente.”, disse Greenberg.
SURGIMENTO DA IMUNOTERAPIA
No verão de 1890, a jovem de 17 anos Elizabeth Dashiell, carinhosamente chamada de “Bessie”, prendeu sua mão entre dois assentos de um trem e mais tarde notou um nódulo doloroso na área que ficou presa, de acordo com o Instituto de Pesquisa do Câncer dos Estados Unidos. As informações são da rede americana CNN.
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