Mudança de perfil demográfico pressiona saúde e previdência
20/10/2016 - Valor Econômico
Os demógrafos já sabiam há algum tempo que as pressões sobre os gastos da Previdência Social se acentuariam na atual década - período de transição de um crescimento modesto da população acima de 60 anos para outro de velocidade bem maior. A porcentagem de idosos (60 anos ou mais) em relação ao total das pessoas em idade ativa no país aumentou de 13,3% em 2000 para 15,6% em 2010. Até 2020, serão 21,2% e os saltos nas décadas seguintes serão mais rápidos, mostra estudo recém-divulgado do especialista do IBGE, Celso Cardoso da Silva Simões, que reúne as estatísticas relevantes mais recentes. Elas iluminam o pano de fundo das mudanças no regime previdenciário, já bastante desequilibrado pelos benefícios dados aos aposentados do setor público. A correção de rota tornou-se inadiável e pode estar vindo tarde.
A vantagem de ser um país jovem começa a diminuir agora e se esvai ao longo das próximas décadas. A partir de 2020, o contingente dos idosos crescerá perto de 5 milhões de pessoas a cada dez anos até 2050. Já a população em idade de trabalhar passa a decrescer a partir da década de 20. Em 2020, pelas projeções, haverá 66,1 idosos para cada 100 crianças e adolescentes (de 0 a 14 anos), proporção que se reverterá até 2030, quando se prevê que haverá mais idosos que crianças e adolescentes - 105,8 para cada 100. Então, o número de cidadãos com mais de 60 anos, de 18,6 milhões, ultrapassará os da primeira idade, de 17,6 milhões.
"O fato é que, enquanto o número de pessoas com 60 anos ou mais de idade passará de 19,6 milhões para 66,6 milhões, entre 2010 e 2050, o que representa um aumento de 239,0%, o grupo de 0 a 14 anos de idade se reduzirá de 49,9 milhões para 31,8 milhões, configurando um decréscimo de 36,2%", conclui o estudo.
O drama da previdência, já bem conhecido, é que as despesas, de 7,4% do PIB em 2015, já eram altas para um país com perfil demográfico favorável, e equivalentes ou até mesmo superiores às de países desenvolvidos com proporção de idosos muito superior, como Alemanha e Japão. Ou seja, os gastos já eram elevados antes do processo de envelhecimento se consolidar, como começa a ocorrer. A disparidade entre receitas e despesas é muito maior na previdência do setor público, usufruída por um número muito menor que o da previdência geral e com aposentadoria muito superior à da média da população brasileira, que é baixa (mais da metade não recebe mais de um salário mínimo).
Grande parte desse gasto com a previdência do setor público não é passível de ser revertido, pois funcionários antigos que se aposentaram com salário integral seguiram as regras legais do período. Uma das formas de ampliar receitas pode ser o aumento de contribuições dos inativos, algo que já se busca na previdência dos servidores estaduais, quase todas quebradas. Não haverá forma de conter o problema da previdência sem colocar limites a aposentadorias precoces e reavaliar os gastos de vários programas assistenciais sobre os quais há suspeitas de fraudes relevantes.
Se é necessário e difícil mexer no vespeiro da Previdência, pela reação de grupos bem aquinhoados que querem manter privilégios a que a base da pirâmide social não tem direito, não é possível ignorar que a mudança de perfil demográfico traz consigo outras complicações. O sistema de saúde, hoje muito precário, receberá pressões crescentes. O estudo de Celso Simões ilustra uma das consequências mais diretas e imediatas - a expansão dos gastos com internação dos idosos. A média de permanência em internações no Brasil, em 2010, era 37% maior para as pessoas com idade superior a 60 anos do que para as pessoas na faixa do 0 a 14 anos - 7,6 dias ante 4,8 dias. O gasto médio das internações de idosos é bem superior ao de crianças e adolescentes, 25,5% a mais, na média do país. A necessidade de financiamento adicional à saúde já se faz sentir no curto prazo. Seus gastos, da ordem de 2% do PIB, são insuficientes hoje e o serão mais logo à frente.
Com bem menos gente para sustentar um volume crescente de inativos, o Brasil terá de ser muito mais produtivo do que foi no passado. A importância da educação de qualidade ganha contornos ainda mais decisivos também pela mudança demográfica desfavorável. Melhorias constantes na educação e na saúde preparariam o país para um futuro desafiador. Elas não aconteceram ou aconteceram em um ritmo insuficiente. O atraso já custa caro.
Saúde, prioridade de São Paulo
20/10/2016 - Folha de S.Paulo
O prefeito eleito de São Paulo, João Doria, prometeu em sua campanha que a saúde seria a prioridade de seu governo. Em breve poderemos verificar se de fato a meta será cumprida. Temos tudo para acreditar que sim.
Alguns indicadores atestam a complexidade de gerenciar a saúde da maior cidade do país. Segundo a prefeitura, 4,3% das crianças que nascem na zona leste da capital morrem antes de completar um ano, contra 1,5% das nascidas na região centro-oeste na mesma faixa etária.
Também se morre mais por complicações do diabetes antes dos 60 anos na região sul (23%) do que na sudeste (13,9%) -discrepâncias inconcebíveis para uma cidade rica como São Paulo.
Essa é uma área que exige planejamento e, acima de tudo, excelente gestão. São Paulo destina cerca de R$ 9 bilhões por ano para cuidar da saúde de seus 12 milhões de habitantes. Isso dá um investimento público per capita de R$ 750.
Ocorre que 52% dos paulistanos, mais precisamente 6,2 milhões de pessoas, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), possuem um plano de saúde. Temos, portanto, cerca de 5,7 milhões de dependentes única e exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
O investimento público per capita no SUS é maior, já que a porta de entrada da assistência para os que possuem saúde suplementar dificilmente é o serviço público, apesar de todos os cidadãos brasileiros terem direito a ele. Esse investimento beira os R$ 1.500. Com esses recursos certamente é possível fazer mais, melhorar a qualidade e, principalmente, o acesso dos paulistanos aos serviços.
A iniciativa privada pode e deve cooperar com a saúde pública. Talvez São Paulo não necessite de novos hospitais, construções caras que acabam por criar novas demandas orçamentárias. É possível estabelecer convênios com estabelecimentos privados em muitas áreas.
Isso possibilitaria a criação de diversas redes, que seriam divididas por regiões da cidade e responderiam pelos cuidados assistenciais, dos primários aos terciários. Essas redes teriam metas qualitativas e quantitativas a cumprir e seriam recompensadas de acordo com os resultados obtidos.
Cabe ao poder público - no caso, a prefeitura- a fiscalização, por meio de um órgão regulador a ela vinculado. Além de agilizar e melhorar o atendimento, as redes teriam autonomia, o que deve também facilitar a contratação de profissionais, inclusive médicos.
O novo prefeito afirma que implantará, já no primeiro ano de seu mandato, o Corujão da Saúde, para acabar com as filas de exames. Mas nossa proposta vai além.
Um bom sistema de informação, que integre toda a rede, é outro quesito fundamental. Seja por meio de cartão ou do armazenamento do histórico clínico dos pacientes em nuvem, o importante é que a iniciativa acelere consultas, tratamentos e ajude no combate ao desperdício, evitando a duplicidade de exames.
Ao contrário da tecnologia médica, que em geral encarece os custos, esse tipo de incorporação ajudará a baratear a assistência.
Há outras propostas para melhorar a saúde da maior cidade do país, como o desenvolvimento de campanhas permanentes nas escolas, a prevenção de doenças, o combate ao Aedes aegypti, o treinamento de profissionais, entre outras.
Nenhuma dessas sugestões, que a Federação de Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo entregará por escrito ao prefeito eleito, propõe a "reinvenção da roda".
Para o novo governo municipal realmente melhorar os indicadores de saúde, precisará antes de tudo quebrar paradigmas, sejam eles ideológicos ou corporativistas. João Doria tem o aval dos paulistanos para isso.
Moradores da capital tentam evitar surto
20/10/2016 - O Estado de S.Paulo
Tudo o que eles querem é que 2015 fique no passado. Moradores de áreas que já sofreram com epidemia de dengue estão se preparando para o período quente. Eles tomam precauções para evitar contrair a doença e também cobram rigor na fiscalização dos criadouros.
Morador da Brasilândia, área da zona norte de São Paulo com recorde de casos de dengue em 2015, Henrique Deloste, de 49 anos, diz estar preocupado com o surgimento de focos da doença.
“Em casa, nunca tive problema porque não é difícil seguir as orientações. Mas a preocupação é um córrego e a prevenção que não foi intensificada.” A Prefeitura de São Paulo diz que o trabalho de prevenção é contínuo. Dados de outubro apontam que houve 15.917 casos confirmados de dengue, ante 100.279 no mesmo período de 2015. A redução é de 84%.
Segundo o coordenador das Ações de Controle do Aedes Aegypti, Alessandro Giangola, agentes de saúde visitam 2,5 mil imóveis estratégicos – como borracharias e desmanches de carro – a cada 15 dias. Também fazem vistoria uma vez por mês em 3,5 mil locais de grande circulação, como igrejas e escolas.
Ao detectar focos, é aplicado larvicida.
“O mais importante é eliminar o criadouro para não ter mosquito adulto”, diz.
No interior, o representante comercial Abílio Rosa Neto, de 37 anos, tenta evitar o drama de fevereiro de 2015, quando ele, a mulher e a filha contraíram dengue em Sorocaba. “Foram duas semanas quase o tempo todo na cama. Não gosto nem de lembrar.” Segundo Rosa Neto, quase todas as casas da rua dele tiveram casos. Com a chegada do verão, o casal já começou a fazer estoque de repelentes. “Estamos usando todo dia. Aqui em casa, mosquito não tem a menor condição de criar.”
Bayer faz iniciativas para alertar sobre o câncer de mama
20/10/2016 - DCI
A Bayer participa da campanha mundial Outubro Rosa e oferece uma série de iniciativas aos seus funcionários. A empresa alemã promove uma caminhada, amanhã, dentro do seu Parque Industrial, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Ao final da caminhada estão previstas outras ações, como debates e palestras sobre os riscos do câncer de mama e a importância de detectar a doença precocemente. Além disso, durante todo o mês, os colaboradores poderão realizar cortes de cabelo para doações.
O câncer de mama é o tipo de doença mais comum entre as mulheres de todo o mundo. Neste ano, só no Brasil, são estimados 57.960 casos, o que corresponde a cerca de 25% das novas ocorrências de câncer a cada ano, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A iniciativa do Outubro Rosa surgiu na década de 1990 nos Estados Unidos. Ao longo dos anos, diversos países começaram a apoiar a campanha para conscientizar as mulheres e alertar para as grandes quantidades de mortes em decorrência da doença.
Por que a judicialização na saúde é nefasta
19/10/2016 - Veja Online
Num sistema público de saúde combalido pelo financiamento insuficiente e um modelo de gestão que facilita ineficiência, o volume das ações de judicialização assusta: calcula-se que 7 bilhões serão despendidos por meio de ações em 2016, algo que gira ao redor de 2.5% do orçamento federal destinado à saúde para este ano. A judicialização na saúde, da forma que vem ocorrendo, sem critérios definidos para sua solicitação e seu cumprimento é nefasta por vários motivos.
A judicialização na saúde é um mecanismo que tem sido cada vez mais empregado para que o Estado forneça medicamentos não disponibilizados pelo sistema público. É legítimo que, caso exista algo que possa melhorar o tratamento de um indivíduo, ele use todos os recursos possíveis para ter acesso àquilo de que precisa. Contudo, através dos processos de judicialização, definem-se inúmeros problemas, a seguir.
1) Os juízes, de um modo geral, não têm o conhecimento científico para tomar decisões quanto à real necessidade de um medicamento para alguém que o solicita, o que compreensivelmente pode causar-lhes uma situação de conflito interior, na medida em que a eventual recusa a um pedido possa fazer a diferença entre a vida e a morte do solicitante.
2) O atual crescimento exponencial dos processos de judicialização ocupa cada vez mais um sistema judiciário que já não dá conta do que tem para resolver.
3) o volume envolvido de recursos é muito alto, algo como 7 bilhões de reais em 2016, que correspondem a cerca de 2.5% do orçamento anual da saúde.
4) nem sempre o medicamento solicitado é a alternativa cabível, tendo em vista a relação custo/efetividade, ou seja, o real benefício que o solicitante terá em termos de sobrevida e qualidade de vida, a ponto de justificar que se aloque a ele recursos que poderiam ser empregados em outras finalidades de interesse comunitário.
Uma vez que os recursos para a saúde são finitos e que um sistema público não pode deixar de administrar o conflito entre necessidades coletivas e individuais e, mais ainda, que o Judiciário não é a melhor via para resolver esse tipo de problema, que caminhos procurar? O primeiro ponto a ponderar é sobre quais medicamentos podem ser solicitados em circunstâncias especiais. Aqui é possível definir quatro grupos, que requerem encaminhamentos distintos.
1) os que não foram aprovados nem pela Anvisa, nosso órgão regulador, nem no exterior; portanto, creio que esses não devem ser contemplados por não terem sido aprovados pela comunidade científica;
2) os que não foram aprovados pela Anvisa, mas o foram por órgãos no exterior de alta credibilidade, com convênios firmados com nossa agência reguladora, como, por exemplo, a FDA americano. Esses medicamentos poderiam ser pleiteados;
3) os que foram aprovados pela Anvisa, mas que por qualquer motivo não foram incorporados ao SUS. Nesses casos a requisição especial poderia ser pleiteada; e 4) os que foram aprovados pela Anvisa, incorporados pelo SUS, mas que não são fornecidos por motivos administrativos ou de custo.
O segundo ponto diz respeito a como encaminhar essas solicitações. A via, sem dúvida, não deve ser a judiciária, e sim a administrativa, através das secretarias estaduais de Saúde, que, com câmaras técnicas constituídas especialmente para esse fim, conseguirão julgar os pedidos. Será de muita valia um formulário especial, para que o médico não apenas prescreva o medicamento, mas eliminar justifique sua indicação. A participação do Conselho Federal de Medicina, nesse sentido, é primordial.
Finalmente, alguns dados bastante expressivos da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que dispende cerca de 1.2 bilhão de reais por ano com solicitações judiciais: 30% dos medicamentos solicitados não são retirados; existem solicitações frívolas, tais como de absorvente feminino, e outras de má-fé, que levantam a suspeita de interesses escusos; finalmente, a mais relevante: 29 medicamentos oncológicos correspondem a 80% dos gastos, o que, do ponto de vista prático, levanta as perguntas que não querem calar. Mesmo podendo atuar de forma eficaz, quanto esses medicamentos vão impactar na qualidade de vida e no tempo de sobrevida para os solicitantes?
Deveria existir uma política definindo critérios para fornecer ou não determinados medicamentos em função da relação custo/efetividade? Minha conclusão é que a avaliação técnica é imprescindível para qualquer decisão, tanto para proteger o indivíduo quanto o Estado, e até mesmo o Judiciário.
Casos de Aids em mulheres chega a 40% do total de soropositivos em 2016
19/10/2016 - G1
O número de casos confirmados de Aids aumentou em mulheres no Amapá em 2016, informou a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (CVS). Dos 79 casos registrados de janeiro a setembro, 40% são de mulheres de 20 a 39 anos, representando o total de 27 soropositivas.
A CVS explica que no mesmo período no ano anterior, ocorreram 88 casos de Aids e destes, cerca de 30% foram em mulheres. A coordenadora estadual de DST/Aids, Aline Campos, analisa que os números são considerados preocupantes, pois segundo ela, muitas jovens iniciam a vida sexual sem o uso do preservativo.
"Se uma jovem de 20 anos começa a manifestar sintomas da doença, significa que ela foi infectada anos antes. Ou seja, se houve um aumento nessa faixa etária, então muitas meninas estão iniciando a vida sexual sem o uso do preservativo, seja masculino ou feminino. Além disso, elas podem estar em contato com o vírus e sem saber, não fazem o tratamento", disse.
Com relação à mulheres grávidas, a CVS detectou que de janeiro a outubro, 56 casos foram diagnosticadas no estado. O número é considerado preocupante, já que ao longo de 2015 foram registrados 64 casos.
A coordenadora ressalta que mais de 70% dos casos de infecção estão diretamente ligados ao não uso de camisinha. Outros tipos de adquirir o vírus como uso de objetos usados pelos portadores e transfusão de sangue ocorrem em incidência menor no estado.
A presidente da Associação de Amigas e Mulheres Amapaenses Posithivas (Amaph), Márcia Pinheiro, diz que atualmente ajuda 100 mulheres que são portadoras da doença. Ela ressalta que a dificuldade no tratamento ainda é um impasse para muitos pacientes.
"O tratamento aqui ainda é ineficiente para os pacientes, que muitas vezes não tem acesso nem à medicamentos para doenças oportunistas, que são a causa das mortes em muitos portadores de Aids. Auxiliamos muitas jovens mulheres com Aids, que inclusive estão grávidas e infelizmente a doença pode infectar também as crianças", disse a presidente.
Sobre o tratamento, Aline Campos ressalta que testes rápidos e tratamentos de controle são disponibilizados nos postos de saúde e completa que é importante que o paciente inicie o tratamento logo ao descobrir que tem a doença.
"Estamos priorizado para que o tratamento seja iniciado assim que se descobre a doença. Percebemos esse aumento no público feminino e por isso reforçamos que as mulheres usem o preservativo, seja o masculino ou o feminino, mesmo que o parceiro seja fixo. É a forma mais segura de prevenir a Aids", disse a coordenadora.
Infecção hospitalar ameaça mais que aids, diz estudo
19/10/2016 - Terra
Pesquisa sugere que risco de infecção hospitalar para população na Europa é maior que o representado por HIV, gripe e tuberculose juntos.Muitos custam a acreditar, mas seis infecções associadas ao sistema de saúde são um problema maior em hospitais do que gripe, aids e tuberculose juntos.
As chamadas "seis grandes" são pneumonia, infecções do trato urinário e incisional, clostridium difficile (bacilo responsável por doenças gastrointestinais associadas a antibióticos), sepse neonatal e infecções primárias da corrente sanguínea. E todas elas podem ser contraíras durante um tratamento hospitalar.
Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta terça-feira (18/10) na revista científica PLoS Medicine, publicada, sob o sistema de acesso aberto peer-reviewed, pela Biblioteca Pública de Ciência, sediada em São Francisco (EUA).
Infecções hospitalares são "a maioria dos eventos adversos frequentes na prestação de cuidados de saúde em todo o mundo", de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com milhões de pacientes afetados a cada ano.
A UE e o Espaço Econômico Europeu enfrentam mais de 2,5 milhões de casos de infecções hospitalares a cada ano, avalia o estudo. E a estimativa é que elas resultam na perda dessa mesma quantidade de anos de expectativa de vida corrigida pela incapacidade (EVCI) - como são chamados os anos de uma vida saudável, ou seja, sem limitações ou incapacidades. O termo é usado para medir o impacto das doenças sobre a saúde de uma população.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
Infecções hospitalares são uma complicação comum e, em grande parte, possível de prevenir na hospitalização e na cirurgia. Elas afetam até um em cada 20 pacientes, conforme o estudo.
Elas estão associadas ao aumento da morbidade, da mortalidade e de custos de saúde. Os autores do estudo argumentam que a redução de infecções associadas aos cuidados de saúde na UE e no Espaço Econômico Europeu deve ser "uma meta capaz de ser alcançada".
O estudo utiliza dados de uma pesquisa realizada entre 2011 e 2012 pelo Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), de Estocolmo, sobre infecções associadas aos cuidados de saúde em hospitais europeus para casos agudos.
A pesquisa é, de acordo com seus autores, "uma sólida primeira tentativa" em estimar a carga representada pelas infecções hospitalares, incluindo o papel da comorbidade - a coexistência de múltiplas doenças. Eles salientam "a necessidade de se intensificar esforços para prevenir e controlar essas infecções, visando tornar os hospitais europeus mais seguros".
Por que meninos e meninas devem tomar a vacina do HPV
19/10/2016 - Veja Online
O Ministério da Saúde anunciou na semana passada que, a partir de 2017, incluirá meninos na campanha de vacinação contra o papiloma vírus humano (HPV). O vírus, sexualmente transmissível, causa uma série de doenças como câncer de colo de útero, vagina, vulva, de pênis, de ânus, de boca e verrugas anogenitais.
A vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas desde 2014 e atualmente é direcionada para meninas de 9 a 13 anos.A partir de 2017, também serão incluídas as meninas que chegaram aos 14 anos sem tomar a vacina ou que não completaram as duas doses, além de meninos de 12 a 13 anos. Até 2020, a faixa etária atendida será ampliada gradualmente quando a vacina estará disponível para meninos de 9 a 13 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, a medida faz do Brasil o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a incluir meninos em um programa nacional de imunização de HPV. A medida segue a recomendação de sociedades médicas brasileiras e veio após estudos mostrarem que a inclusão dos meninos no público-alvo da vacinação contra a doença contribui para a diminuição das doenças associadas ao vírus, já que possibilita a diminuição da circulação do vírus a população.
“Um estudo na Austrália mostrou que vacinando apenas as meninas reduzia também a incidência de verruga genital entre os meninos da mesma faixa etária”, afirma Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), à BBC Brasil.
Veja abaixo algumas respostas compiladas pela BBC Brasil para algumas das dúvidas frequentes relacionadas ao vírus e à vacinação.
RISCOS DO HPV À SAÚDE
O papilomavírus humano (HPV, da sigla em inglês human papiloma virus) é o vírus sexualmente transmissível mais comum e possui mais de 200 subtipos. Desse total, mais de 40 são facilmente transmitidos pela via sexual, com o contato direto – seja genital-genital, oral-genital ou manual-genital – da pele ou de uma mucosa infectada. Entre eles, cerca de 12 são considerados de alto risco e podem causar câncer. Os subtipos 16 e 18, por exemplo, são responsáveis pela maioria dos casos de câncer relacionados ao HPV. Já os tipos 6 e 11 não estão associados a tumores, mas são responsáveis por 90% das verrugas em regiões de mucosas, genitais e ânus.
Em relação à incidência, acredita-se que cerca de 50% dos homens e mulheres sexualmente ativos nos Estados Unidos, por exemplo, já contraíram o vírus em algum momento da vida. Em 90% dos casos o sistema imunológico consegue derrotar o vírus no período de dois anos. No entanto, mesmo sem sintomas, a pessoa pode infectar parceiros. Também é possível que a doença só se manifeste anos após ter tido contato com alguém infectado, o que complica a tarefa de determinar quando ocorreu a infecção.
Quando a infecção se manifesta, pode causar, tanto em mulheres quanto em homens, “problemas como verrugas genitais, que são mais fáceis de tratar, até doenças potencialmente gravíssimas, como o câncer”, explica Isabella.
O HPV também pode provocar lesões pré-cancerosas, ou seja, lesões que podem se transformar em um câncer. No entanto, contrair o vírus – mesmo os subtipos considerados de alto risco- não é sinônimo de câncer. Segundo o site do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, a maior parte das infecções por HPV ocorre sem apresentar qualquer sintoma. O problema é que algumas persistem por muitos anos e infecções persistentes com subtipos de alto risco levam a mudanças nas células que, sem tratamento, podem causar câncer.
PREVENÇÃO
Além da vacina, a prevenção contra as doenças causadas pelo HPV continua envolvendo o exame Papanicolau, que identifica possíveis lesões precursoras do câncer e que, se tratadas precocemente, evitam o desenvolvimento da doença. Como o preservativo masculino (camisinha) não é basta para proteger contra a infecção – já que o homem e a mulher podem ter a presença do vírus em outras áreas não cobertas pelo preservativo como as mucosas – a vacinação precoce é uma das melhores formas de prevenção da doença.
Por isso, vacinar crianças tão novas, que ainda não iniciaram sua vida sexual é importante para protegê-las antes delas serem expostas ao vírus. “A vacina é eficaz para todos. Mas é claro que para os que são sexualmente ativos a efetividade é menor por uma questão: os jovens que já iniciaram a vida sexual podem ter tido contato com o vírus antes de se vacinar. Do ponto de vista de saúde pública, quanto mais precocemente se der a vacina, maior o impacto, tanto em meninas como em meninos. Vacinando quem ainda não teve relação, evitamos ter tantas dessas lesões (pré-malignas). Vacinar precocemente é válido tanto para imunizá-los antes que se infecte, mas também porque sabemos que quanto mais novo, mais robusta é a resposta à vacina.”, afirma Isabella.
Apesar da redução da eficácia, pessoas já contaminados pelo HPV também se beneficiam da vacina, porque ele provavelmente não se infectou com todos os tipos de vírus – assim, a imunização irá protegê-lo dos subtipos que ele ainda não entrou em contato. Além disso, a vacina reduz a chance de novas lesões causadas pelo HPV. Adultos e adolescentes fora da faixa-etária determinada pelo SUS também se beneficiam da vacina, mas precisam procurar uma rede privada para fazer a imunização.
COMO AGE A VACINA?
A vacina oferecida pelo SUS tanto para meninos quanto para meninas é a quadrivalente, que oferece proteção contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 com um índice de 98% de eficácia, segundo o governo. Os subtipos 6 e 11 são ligados ao surgimento de 90% das verrugas na região genital e anal. Já o 16 e o 18 foram relacionados a 70% dos casos de câncer do colo do útero, também são responsáveis por cerca de 80% dos cânceres de ânus e 50% dos casos de câncer de vagina, vulva, pênis e sistema orofaringe.
Como outras vacinas, essa age estimulando a produção de anticorpos específicos para esses tipos de HPV. A administração é realizada em duas doses, com seis meses de intervalo entre cada. “Essa segunda dose é fundamental para a efetividade da vacina. A primeira estimula o sistema imunológico, mas a segunda é necessária para atingirmos a proteção que queremos”, explica Luciana Rodrigues Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), à BBC.
DIFICULDADES DE ADESÃO À VACINA
A adesão à vacinação contra a doença enfrenta alguns desafios como o próprio público-alvo, o temor dos pais de que a vacina pode incentivar o filho ou a filha a iniciar a vida sexual mais cedo e o medo de possíveis efeitos adversos. Para Isabella Ballalai, implementar campanhas de saúde cujo público alvo é formado por pré-adolescentes e adolescentes exige cuidados e estratégias específicas. Em primeiro lugar, os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros e funcionários em geral – precisam estar bem informados e preparados para interagir com as adolescentes e seus pais.
“Os adolescentes em geral têm muitos temores sobre procedimentos invasivos e dolorosos e tendem a achar que estão imunes a doenças e situações de risco. Isso faz com que seja mais difícil convencê-los da necessidade de tomar uma vacina, que é uma medida preventiva contra alguma doença que eles podem adquirir no futuro”, explica Ricardo Becker Feijó, chefe da Unidade de Adolescentes do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA-RS).
Os pais também têm papel fundamental neste processo, pois são eles que permitirão que as filhas tomem a vacina. Para eles, mais importante que a eficácia e finalidade da vacina, é a certeza de que as doses não causarão nenhum dano à saúde das garotas. Desse modo, é importante que os profissionais de saúde estejam aptos a explicar a esses adultos, em linguagem adequada, como a vacina funciona, quais são seus benefícios e quão segura é a imunização, assim como os possíveis sintomas adversos e suas causas.
Segundo Feijó, a demora da explicação por parte das autoridades do motivo da hospitalização das garotas que receberam a vacina em Bertioga gerou uma preocupação na população sobre a segurança das doses. Embora se saiba que estas reações foram causadas pelo stress do ato da vacinação e não pela vacina em si, muitos pais ainda temem vacinar suas filhas.
O receio de que a vacina incentive a iniciação sexual é real é outro empecilho. “Muitos pais receiam que, ao vacinar suas filhas contra o vírus, precisem explicar para elas como se contrai o HPV. Consequentemente isso levaria a uma conversa sobre relações sexuais, e estes pais temem que isso incentive suas filhas a fazer sexo”, explica Feijó. No entanto, um estudo feito com mais de 200.000 mulheres americanas, concluiu que a vacina contra o HPV não leva as adolescentes a adotar comportamentos sexuais precoces ou arriscados, nem eleva as taxas de doenças sexualmente transmissíveis.
“Um estudo que acompanhou meninas desde a infância, divididas entre as vacinadas e as não vacinadas contra HPV, mostrou que ninguém inicia a vida sexual por causa da vacina. Do mesmo jeito que oferecer anticoncepcional tampouco influencia nisso.”, complementa Isabella.
10 números preocupantes sobre câncer de mama no Brasil e no mundo
19/10/2016 - Portal Exame
Esta quarta-feira (dia 19 de outubro) é marcada como o Dia Internacional do Câncer de Mama, data que relembra a importância da prevenção da doença. Este mês é chamado em todo o mundo de “Outubro Rosa”, uma campanha mundial para disseminar informações sobre o tema.
Segundo dados da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum e que mais mata mulheres em todo o mundo (a lista não considera o câncer de pele não melanoma, que tem alta incidência na população).
A previsão do Inca (Instituto Nacional de Câncer) é de que em 2016 ocorram 57.960 casos de câncer de mama entre mulheres no Brasil. Esse é o segundo tipo de tumor maligno mais incidente entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. O câncer de mama também pode afetar homens, embora os casos sejam considerados raros.
A doença não apresenta sintomas em sua fase inicial, por isso é tão difícil detectá-la precocemente. Vale lembrar que quanto antes o câncer é identificado, mais altas são as taxas de sucesso no tratamento.
Para a prevenção, é necessário que as mulheres pratiquem o autoexame e, entre os 50 e 69 anos, façam a mamografia a cada dois anos, segundo a recomendação do Inca e do Ministério da Saúde. No entanto, entidades como a Sociedade Brasileira de Mastologia recomendam o exame de mamografia seja feito em mulheres a partir de 40 anos e com periodicidade anual.
Veja a seguir 10 números que mostram o quão importante é se informar, prevenir e combater o câncer de mama:
1. 25% dos casos de câncer em mulheres no mundo são de mama
Segundo dados da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, agência da Organização Mundial da Saúde, 1 a cada 4 tipos de câncer que afetam as mulheres é de mama.
Em 2012, últimos dados mundiais publicados pela agência, a taxa de incidência desse tipo de câncer era de 1,6 milhão de casos entre mulheres.
2. O câncer de mama é o 1º em taxa de mortalidade em mulheres no mundo
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo. De acordo com a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, 14,7% dos casos de morte por câncer em 2012 eram de pacientes com câncer de mama. A taxa de mortalidade para aquele ano era de 521.907 casos.
3. 57.960 novos casos são esperados no Brasil em 2016
No Brasil, mais de 57 mil novos casos de câncer de mama feminina são esperados em 2016, segundo dados do Inca. Esse número equivale a 28% de todos os casos de câncer em mulheres estimados para este ano.
A taxa é de 56,2 casos para cada 100 mil mulheres. Esse é o tipo de câncer mais comum entre as brasileiras depois do câncer de pele não melanoma.
4. 51,3% dos casos ocorrem no Sudeste do país
Mais da metade dos casos de câncer de mama (51,3%) estimados para este ano devem ocorrer no Sudeste do país, segundo o Inca. Essa é a região do país que apresenta a maior quantidade de casos esperados da doença: 29.760, no total.
A segunda região com mais casos é o Nordeste (19,3%), seguida pelo Sul (18,9%). Em quarto e quinto lugar aparecem o Centro-Oeste (7,3%) e Norte (3,2%).
5. 14 mil mulheres morreram por causa do câncer de mama no Brasil em 2013
Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, 14.388 pessoas morreram de câncer de mama no Brasil em 2013, último ano com dados disponíveis. Desse total, 14.206 eram mulheres e 181 homens.
6. Diagnóstico no primeiro estágio da doença tem 88,3% de sobrevida, em média
Quanto mais cedo o câncer de mama é descoberto, mais altas são as taxas de sucesso do tratamento. De acordo com o Inca, a taxa de sobrevida após 5 anos (porcentagem de pacientes que vivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico) é maior quando a doença é detectada em seus estádios (etapa de desenvolvimento) iniciais.
Uma pesquisa do Inca com 12.847 pacientes entre 2000 a 2009 revelou que a sobrevida em cinco anos, de acordo com o estádio da doença no início do tratamento, foi de: 88,3% (estádio I), 78,5% (estádio II), 43% (estádio III) e 7,9% (estádio IV).
7. 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com hábitos saudáveis
Ter uma vida saudável é uma receita certa para prevenir o câncer de mama. Segundo o Inca, 30% dos casos desse tipo de doença podem ser evitados com bons hábitos.
Entre as recomendações do Instituto, estão a prática regular de atividade física, uma alimentação saudável, manter um peso adequado, amamentar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
8. 66% dos casos são descobertos pelas próprias pacientes
Uma pesquisa do Inca divulgada neste mês aponta que 66,2% dos casos de câncer de mama são descobertos pelas próprias pacientes ao notarem alguma alteração na mama. O dado reforça a importância do autoexame e da observação das mudanças no corpo para a prevenção da doença, mas, principalmente, de procurar tratamento e orientação médica.
No estudo, o percentual de mulheres que identificou a doença inicialmente por meio da mamografia ou de outro exame de imagem foi de 30,1% enquanto apenas 3,7% dos casos tiveram suspeita inicial vindo de um profissional de saúde.
O levantamento foi feito entre 405 mulheres do Rio de Janeiro que procuraram pela primeira vez atendimento devido a um câncer de mama entre junho de 2013 e outubro de 2014.
9. Excesso de gordura abdominal aumenta em 74% o risco de câncer de mama
A Sociedade Brasileira de Mastologia divulgou neste mês um estudo que mostra que mulheres com excesso de gordura abdominal apresentaram 74% mais chance de ter câncer de mama.
A pesquisa comparou dois grupos de mulheres atendidas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás: o primeiro tinha 116 pacientes recém-diagnosticadas com câncer de mama e o segundo era composto de 226 mulheres saudáveis.
Todas as participantes tinham, em média, 52 anos. A maior parte delas (60%) estava na pós-menopausa e tinha excesso de peso (67,4%), com IMC elevado.
Segundo a coordenadora do estudo, Jordana Carolina Marques Godinho Mota, o excesso de gordura na região do abdômen se mostrou mais grave do que o IMC alto no que diz respeito ao risco de desenvolver câncer de mama.
10. Lei determina início do tratamento em até 60 dias
A Lei 12.732 de 2012 prevê que o tratamento contra o câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) deve começar em até 60 dias após o diagnóstico. Essa determinação vale para todos os tipos de câncer, incluindo o câncer de mama.
Entidades do setor, no entanto, afirmam que quatro anos após a criação da lei, o cenário ainda não está nem perto disso. Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, o tempo médio de espera para uma radioterapia no Brasil, por exemplo, é de 120 dias.
STJ:Plano de saúde não pode pedir carência de demitido sem justa causa
19/10/2016 - Valor Econômico / Site
A operadora não pode exigir prazo de carência de ex-dependente de plano de saúde após demissão sem justa causa do titular, se é contratado o mesmo plano de saúde, ainda que em categoria diversa. Assim decidiu a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade.
A carência é o período ininterrupto, contado a partir da data de início da vigência do contrato, durante o qual o contratante paga as mensalidades, mas ainda não tem acesso a determinadas coberturas
A Turma julgou recurso de uma operadora de plano de saúde contra decisão da Justiça paulista que desobrigou uma mulher de cumprir prazos de carência para atendimento médico.
A mulher usava o plano coletivo empresarial por ser dependente do marido. Com a demissão dele, contrataram outro plano da mesma operadora, mas coletivo por adesão. Porém, ao procurar atendimento médico pelo novo plano, a operadora exigiu o cumprimento do prazo de carência.
A mulher ajuizou ação para anular a cláusula contratual que a obrigava a cumprir a carência. Argumentou no processo que esse prazo já havia sido cumprido no plano anterior da mesma operadora. Com as decisões favoráveis à mulher na Justiça paulista, a operadora recorreu ao STJ.
No voto do relator Villas Bôas Cueva, o ministro salientou que, quando há demissão imotivada, a operadora deve oferecer ao trabalhador e dependentes a prorrogação temporária do plano coletivo ao qual haviam aderido, contanto que paguem integralmente as mensalidades, respeitado o prazo estabelecido em lei: mínimo de seis meses e máximo de 24 meses.
O relator ainda considerou que para que o trabalhador demitido e seus dependentes não fiquem desprotegidos, e atendendo à função social do contrato, foi assegurada a portabilidade especial de carências pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Segundo a Resolução Normativa nº 186, de 2009, da ANS, o ex-empregado demitido ou exonerado sem justa causa ou aposentado, ou seus dependentes no plano, ficam dispensados do cumprimento de novas carências na contratação de novo plano individual ou familiar ou coletivo por adesão, seja na mesma operadora ou em outra, desde que peçam a transferência no período garantido pela Lei nº 9.656, de 1998.
"Logo, como a recorrida, saindo de sua condição de dependente, promoveu sua transferência para outro plano de saúde ao tempo da prorrogação temporária do plano coletivo empresarial garantido ao beneficiário, está ela protegida pelo instituto da portabilidade especial, sendo dispensado o cumprimento de novo período de carência, a permitir, desse modo, a cobertura imediata dos serviços de assistência pré-natal e obstétrica", disse Cueva em seu voto, que foi seguido pelos demais da Turma.
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