Enxaqueca ligada a bactérias da boca
19/10/2016 - Correio Braziliense
Todos que sofrem de enxaqueca têm uma lista de itens a serem evitados, sob risco de a dor lancinante voltar. Alguns fogem de lugares com som muito alto, outros fazem de tudo para não pegar frio. Um item, contudo, parece marcar presença na maioria esmagadora de listas: a alimentação. O produto pode variar, mas é raro encontrar alguém vítima da dor de cabeça que não aponte algum ingrediente que parece facilitar uma crise.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) decidiram dar crédito aos pacientes e investigaram mais a fundo por que alimentos são tão mencionados como gatilhos para a enxaqueca. A pesquisa acabou encontrando uma relação entre as crises e a população de bactérias que habitam o organismo humano.
Usando dados de uma ampla pesquisa que recolhe amostras da microbiota da população norte-americana, eles notaram que a doença é mais comum nos indivíduos que abrigam uma quantidade consideravelmente maior de micro-organismos especializados em degradar o nitrato. Os resultados do estudo foram publicados ontem na revista especializada mSystems, editada pela Sociedade Americana para Microbiologia.
“Circula uma ideia de que certos alimentos favorecem enxaquecas, como chocolate, vinho e, especialmente, comidas que contêm nitratos”, explica, em um comunicado à imprensa, Antonio González, analista no laboratório do professor Rob Knight na UC San Diego. “Nós pensamos que, talvez, houvesse uma conexão entre a microbiota de uma pessoa e o que ela come”, completa González, que assina o artigo como principal autor.
EFEITO COLATERAL
O nitrato é um composto encontrado em alimentos como carne processada, vegetais folhosos verdes e certos medicamentos. Algumas bactérias presentes na cavidade bucal conseguem transformá-lo em nitritos, que, quando ganham a corrente sanguínea, podem ser convertidos em óxido nítrico (NO), um poderoso vasodilatador que pode ajudar a saúde cardiovascular, por melhorar o fluxo sanguíneo e reduzir a pressão.
Por causa desse efeito, drogas contendo nitrato são prescritas para pessoas com problemas cardíacos. Esses fármacos aliviam dores no peito e outros sintomas. No entanto, quase 80% dos pacientes relatam dores de cabeça fortes como efeito colateral dos remédios. Os autores do estudo especulam que o excesso de bactérias redutoras de nitrato podem gerar um efeito semelhante ao desses medicamentos.
González e sua colega de laboratório Embriette Hyde sequenciaram as bactérias encontradas em 172 amostras orais e 1.996 fecais. Os doadores do material preencheram um questionário indicando se sofriam ou não com enxaquecas e nenhum apresentava algum problema grave de saúde. A análise genética das amostras mostrou quais espécies de bactérias estavam presentes no sistema digestivo dos voluntários.
Com relação aos tipos de micro-organismos encontrados, não houve muita diferença entre os participantes que sentiam as fortes dores e os que não sofriam com o problema. Porém, uma análise realizada com a ajuda de uma ferramenta de bioinformática chamada PICRUSt evidenciou que os voluntários com enxaqueca apresentavam uma quantidade maior de bactérias capazes de degradar o nitrato. A presença era especialmente mais alta nas amostras orais, apesar de haver uma diferença significativa também no material fecal.
“Nós sabemos que bactérias redutoras de nitrato são encontradas na cavidade oral e acreditamos que elas estão relacionadas a uma melhor saúde cardiovascular. Mas, agora, temos uma potencial conexão também com a enxaqueca”, afirma Hyde, coautora do artigo.
FUTURO
Como próximo passo de investigação, os autores pretendem analisar grupos mais bem definidos de pacientes, separando-os por diferentes tipos de enxaqueca. Assim, eles esperam determinar se a microbiota oral realmente expressam genes redutores de nitrato. Outro objetivo é medir o nível de óxido nítrico no sangue e verificar se a relação com as crises se confirma.
González já consegue imaginar um produto que poderia ajudar a prevenir as enxaquecas no futuro. “Nós poderemos criar um enxaguante bucal probiótico que ajude sua saúde cardiovascular sem lhe dar enxaqueca. Por enquanto, contudo, não há muito a se fazer: “Se você suspeita que nitratos estão te dando dor de cabeça, você deveria evitá-los na sua dieta”.
Seguridade Social debate dificuldades de acesso a tratamento de doenças raras
18/10/2016 - Câmara dos Deputados
A Comissão de Comissão de Seguridade Social e Família discute nesta quinta-feira (20) as dificuldades no acesso ao tratamento e a judicialização sob a ótica do paciente acometido por doenças raras. O debate foi proposto pelas deputadas Mariana Carvalho (PSDB-RO), Dulce Miranda (PMDB-TO) e Carmem Zanoto (PPS-SC).
Mariana Carvalho explica que cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil são portadoras de doenças raras. Segundo a deputada, mesmo com a “Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras e as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde”, validado pela Portaria 199/2014, do Ministério da Saúde, há muito o que fazer.
“Para avançar nesta questão alguns projetos de lei relacionados às doenças raras ou medicamentos órfãos que estão atualmente em tramitação no Congresso Nacional terão que ter celeridade nas discussões. Hoje 26 proposições fazem parte dos debates”, defende a deputada.
Segundo Mariana, o ritual regulatório no Brasil para fabricação e distribuição de medicamentos dificulta o tratamento da maioria dos pacientes com doenças raras. “Algumas nunca chegarão a ter tratamentos aprovados se não houver uma visão moderna”, lamenta.
Segundo ela, estima-se que 7 mil tipos doenças foram identificados no mundo inteiro, sendo que 80% delas podem ser de origem genética. Outras se desenvolvem como infecções bacterianas e virais, alergias, ou têm causas degenerativas. A maioria, cerca de 75%, se manifesta ainda na infância.
Foram convidados:
- a procuradora da República Lisiane Braecher
- o representante dos Pacientes Portadores de Doenças Raras (Casa Hunter), Antoine Daher;
- a presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Carolina Fischinger Moura de Souza
- a diretora da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Maria José Delgado Faguntes.
Coca e Pepsi lutam contra a obesidade, mas com segundas intenções
18/10/2016 - IstoÉ Online
Coca-Cola e Pepsico financiam com milhões de dólares influentes ONGs e entidades de saúde pública que lutam contra a obesidade para melhorar sua imagem e transformá-la em aliadas contra os impostos sobre as bebidas açucaradas, afirmam os acadêmicos americanos.
Os dois gigantes da bebida fizeram de 2011 a 2015 generosas doações a 96 associações americanas que lutam contra epidemias de saúde pública como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, adiantou o estudo realizado por Daniel Aaron e Michael Siegel, da Universidade de Boston.
A maioria dos recursos foram para organizações não governamentais, mas também para entidades vinculadas ao governo federal, assim como para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
As doações se tornaram maiores nos últimos anos, com intensas campanhas de sensibilização contra os riscos representados pela obesidade e pela necessidade de reduzir o consumo de refrigerantes, considerados pelos cientistas um fator favorável à obesidade e ao diabetes.
A Coca-Cola revelou recentemente ter destinado desde 2010 mais de 120 milhões de dólares ao financiamento de estudos científicos e a associações de luta contra a obesidade.
De acordo com o Center for Responsive Politics, uma organização independente, PepsiCo destina desde 2011 uma média de 3 milhões de dólares para lobbying.
DESVIAR A ATENÇÃO
Esse lobbying faz parte de uma estratégia de mercado dirigida a melhorar sua imagem com o público, afirmaram os dois acadêmicos.
“É para dizer ‘vejam, nós publicamos os problemas de saúde pública’ e ao mesmo tempo desviam a atenção do fato de que seus produtos contribuem para a epidemia da obesidade”, disse à AFP Michael Siegel.
Cerca de 35% dos adultos americanos são obesos e 69% tem sobrepeso, segundo números oficiais de 2012. Os gastos de saúde ligados à obesidade correspondem a um quinto das despesas totais de saúde dos Estados Unidos, de acordo com as mesmas fontes.
“Ao dizer ‘nós somos sócios de muitas organizações de saúde pública’ a indústria de refrigerantes dá a impressão de que também é parte da solução”, acrescentou Michael Siegel.
Para o nutricionista Keith-Thomas Ayoob, “não importa tanto a origem dos fundos”, mas, sim, sua utilização.
“O que me interessa saber é se essas doações beneficiaram os consumidores, se os ajudam a administrar melhor a diabetes”, disse.
Aaron e Siegel observaram que o lobbying intenso da Coca-Cola e da PepsiCo para eliminar toda a legislação contra as bebidas açucaradas põe as ONGs financiadas em uma posição de conflito de interesses.
É o caso de Save The Children, para a qual a Coca-Cola e a PepsiCo doaram cinco milhões de dólares em 2009. Um ano mais tarde, essa ONG abandonou seu pedido para a criação de um imposto às bebidas açucaradas, aconselhado pela Organização Mundial de Saúde para lutar contra a obesidade e a diabetes.
Contactada pela AFP, a organização afirmou que tem se dedicado à educação das crianças e não quis informar se recebe dinheiro dos produtores de bebidas.
A Academia de Nutrição e Dietética (AND) e a associação NAACP, que defende os direitos dos negros, se opuseram em 2012 a um projeto do ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de reduzir o tamanho das latas das bebidas, depois de ter recebido fundos da Coca e da PepsiCo.
A AND, que rompeu seus vínculos com as duas companhias, declarou à AFP ter aceitado dinheiro “para chegar a um público amplo com mensagens para uma alimentação saudável”.
A NAACP NÃO RESPONDEU ÀS PERGUNTAS DA AFP
Rhona Applebaum, encarregada de saúde da Coca, teve que se demitir no final de 2015 depois das revelações de que a empresa influenciava mensagens da ONG da luta contra a obesidade Global Energy Balance Network, da qual a Coca-Cola era um generoso doador.
“Sim, nós podemos divergir (…) sobre os impostos e políticas regressivas e discriminatórias contra nossos produtos, mas nossas ações nas comunidades (…) contribuem para responder ao complexo desafio que é a obesidade”, defendeu ABA, o grupo de lobbying da indústria das bebidas e do qual a Coca-Cola e a PepsiCo são membros.
Contatada pela AFP, a Coca-Cola a repassou à ABA, enquanto a PepsiCo preferiu não se manifestar.
A ABA prometeu gastar milhões de dólares em campanhas publicitárias em San Francisco e Oakland, especialmente, onde os moradores deverão se pronunciar nas eleições de novembro a respeito do imposto sobre bebidas.
Câncer de mama: mutirão de reconstrução mamária vai realizar 842 cirurgias
18/10/2016 - Portal EBC
Cerca de 840 mulheres que passaram por mastectomia – remoção de uma ou ambas as mamas – serão atendidas gratuitamente por cirurgiões plásticos para o procedimento de reconstrução mamária. O 2º Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, coordenado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), acontece de 24 a 29 de outubro e deve contar com a participação de mais de 800 profissionais da área.
As pacientes que vão participar do mutirão já foram selecionadas e realizaram previamente todos os exames necessários para a cirurgia. A previsão é que pelo menos 842 procedimentos sejam realizados em 98 hospitais do país. Ao todo, 18 unidades da federação que contam com uma regional da entidade participam da ação. São eles: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
AUTOESTIMA
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da SBCP, Luciano Chaves, destacou que a reconstrução da mama é parte integrante da proposta de tratamento para o câncer de mama implementada atualmente no Brasil, que envolve o diagnóstico, a cirurgia para retirada de parte da mama ou de toda a mama, a quimioterapia e a radioterapia e, por fim, a plástica reconstrutora. “A reconstrução mamária é um direito garantido em lei”, reforçou.
“O mutirão devolve a essas pacientes a autoestima. Estudos mostram que as mulheres reconstruídas têm menor chance de reincidir no câncer porque essas doenças estão relacionadas à produção de endorfina e ao equilíbrio emocional. Mulheres mastectomizadas são mais deprimidas, mutiladas, tristes. Mulheres reconstruídas retomam seu relacionamento afetivo, encontram um ponto de equilíbrio psicoafetivo e uma melhora do humor e do estado depressivo”, concluiu.
FILAS
Chaves ressalta que o Brasil registra cerca de 50 mil casos de câncer de mama anualmente. Desses, em torno de 12 mil pacientes morrem após o diagnóstico. Dos outros 38 mil, cerca de 5 mil conseguem fazer a reconstrução mamária pelo convênio ou plano de saúde, enquanto mais de 30 mil mulheres dependem da rede pública para o procedimento.
“Todos os anos, acumulamos aproximadamente entre 25 mil e 27 mil mulheres que ficam sem realizar a reconstrução mamária. O tempo médio de espera de uma mulher brasileira que permanece mastectomizada na rede pública gira em torno de dez anos. Na França, por exemplo, de cada 100 mulheres submetidas a mastectomia, 82 fazem a reconstrução no primeiro ano após o procedimento”, contou.
Segundo Chaves, em 2012, quando foi realizado o 1º Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, 555 pacientes foram operadas no prazo de uma semana, enquanto a rede pública realizou 1.120 cirurgias em um ano. “É um mutirão de logística muito grande. Este ano, um grande facilitador foi a doação de 500 próteses mamárias por parte de uma empresa fabricante. No primeiro ano, dependíamos que as próteses fossem adquiridas pelas secretarias de saúde de cada estado”.
OUTUBRO ROSA
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o tumor na mama é o segundo tipo mais comum de câncer registrado entre mulheres no Brasil e no mundo – atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A doença responde por cerca de 25% dos novos casos de câncer registrados todos os anos.
Considerado relativamente raro antes dos 35 anos, o câncer de mama aumenta sua incidência progressivamente a partir dessa faixa etária – sobretudo após os 50 anos. Apesar dos vários tipos de câncer de mama e da variação na evolução, a maioria dos casos, segundo o órgão, tem bom prognóstico desde que precocemente diagnosticado e tratado.
A estimativa é que cerca de 57.960 novos casos de câncer de mama sejam registrados no Brasil este ano. Em 2013, 14.388 pessoas morreram no país em razão da doença, sendo 14.206 mulheres e 181 homens (o tumor também acomete homens, mas de forma mais rara, representando apenas 1% do total de casos).
Em 2016, a campanha Outubro Rosa tem como tema "Câncer de mama: vamos falar sobre isso?". O objetivo é fortalecer as recomendações para rastreamento e diagnóstico precoce e desmistificar conceitos relacionados à doença. A data é celebrada anualmente no intuito de compartilhar informações, promover a conscientização e proporcionar maior acesso a serviços de diagnóstico e tratamento, além de contribuir para a redução da mortalidade.
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