CLIPPING - 13/10/2016
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
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Medicamento semanal para diabetes tipo 2 é lançado
12/10/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Uma terapia semanal para o tratamento da diabetes tipo 2 agora está disponível no Brasil. O Trulicity, uma caneta que injeta o medicamento dulaglutida, da farmacêutica Lilly, já estava presente em dez países, entre eles EUA, Inglaterra, Japão e México.
A dulaglutida é uma substância que estimula o organismo a liberar insulina, hormônio que ajuda no controle do açúcar no sangue. Além disso, atrasa o esvaziamento do estômago.
A substância tem efeito análogo ao hormônio GLP-1, que é liberado quando a pessoa se alimenta e tem o efeito de estimular secreção de insulina.
O funcionamento do medicamento é semelhante ao da Victoza, liraglutida, que necessita de aplicações diárias.
Um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) lançado este ano, afirma que cerca de 422 milhões de adultos do mundo todo tinham diabetes em 2014. O número era de 108 milhões em 1980. Isso significa que atualmente cerca de 8,5% da população mundial apresenta a doença.
Em 2012, segundo o mesmo relatório, a diabetes provocou 1,5 milhão de mortes.
No Brasil, cerca de 8,1% da população vive com a doença, o equivalente a aproximadamente 16 milhões de pessoas.
A dulaglutida, em caixa com duas canetas, pode ser encontrado por valores próximos a R$ 230.
A liraglutida pode ser encontrada a partir de R$ 375.
Foco em genéricos garante resultado bom das distribuidoras de remédios
13/10/2016 - DCI
Na contramão do setor de transportes terrestres, que retraiu 9,5% no primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE, as distribuidoras de medicamentos fecharam o período com alta de 11,9% nas vendas. Focando nos genéricos, em ações de redução de custos e treinamento dos representantes, elas têm conseguido passar ao largo da recessão.
As empresas do ramo, que fornecem serviços de distribuição e logística de medicamentos e produtos de higiene e beleza, faturaram nos primeiros seis meses deste ano R$ 7,72 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan). Em termos de unidades vendidas, foram mais de 470 milhões.
Para o diretor executivo da Associação dos Distribuidores de Medicamentos do Estado de São Paulo (Admesp), Geraldo Monteiro, o setor de saúde como um todo foi pouco afetado pela crise, principalmente por lidar com artigos essenciais. "As pessoas não deixam de comprar medicamentos, mesmo que tenham que abrir mão de outros produtos", afirma, completando que o setor teve uma desaceleração com a crise, mas que mesmo assim a taxa de crescimento continuou em patamares altos.
FOCO EM GENÉRICOS
Segundo ele, outro ponto relevante para o bom desempenho é o fato de as empresas focarem nos remédios genéricos e similares, que têm ganhado maior preferência do cliente com a crise. "O nosso grande core business é justamente esse, ofertar produtos mais competitivos. É isso que permite um crescimento mais acelerado: o fato de o comprador hoje se preocupar mais com o preço", afirma.
A distribuidora One Medicamentos, que atua no Estado de São Paulo e atende mais de 4 mil clientes, é um exemplo categórico dessa realidade. De janeiro a junho, as vendas da companhia avançaram 36%, na comparação interanual. No acumulado do ano, por sua vez, a empresa já faturou R$ 29,293 milhões, sendo que em 2015 o faturamento fechou em torno de R$ 22,615 milhões, de acordo com o dono da companhia, Marcos Avelar.
"Como trabalhamos com genéricos e similares a crise até foi positiva para nós, porque ela estimulou o consumidor a se preocupar mais com o preço e a optar por esses produtos", afirma o empresário. Diante disso, a One Medicamentos tem investido forte nesse segmento, e os genéricos e similares respondem hoje por 75% das vendas da companhia, enquanto os itens de perfumaria representam 25%.
Outro aspecto fundamental para ultrapassar o período de instabilidade econômica é o investimento constante que a empresa faz nos chamados representantes de vendas. "Trabalhamos para conseguir angariar profissionais de alta qualidade, e damos treinamentos semanais para eles", diz. Dos três canais de venda, os representantes são os com maior participação no total, sendo responsáveis por 65% do todo. Já a venda on-line representa apenas 10% e a televenda os outros 25%.
A JK Medicamentos, que atende cerca de 7,5 mil clientes por mês, também vem apostando na preparação dos representantes como forma de alavancar as vendas. A empresa atua apenas com esse canal, e possui atualmente 97 vendedores. "Damos treinamentos constantes e 'reciclagem' de 12 em 12 meses", apontou o proprietário da companhia, José Carlos de Souza.
A empresa também tem um foco muito grande nos genéricos, que representam 65% das vendas. A JK trabalha ainda com a venda de medicamentos isentos de prescrição (ou OTC, na sigla em inglês), e com os similares, que são responsáveis por 25% do faturamento.
Apesar das ações adotadas pela companhia terem garantido que ela mantivesse o faturamento estável nos últimos 14 meses, Souza diz que o custo da operação aumentou muito com a recessão, o que tem comprimido a margem de lucro. "Nos últimos dois anos o custo operacional teve um aumento de aproximadamente 3% a 5%. Na nossa margem bruta, isso refletiu em uma diminuição na casa dos 10%", explica o empresário.
Ele afirma ainda que outro aspecto que tem prejudicado os negócios é a concorrência com empresas de outros estados, que cresceu nos últimos anos. Mesmo assim, a expectativa do executivo é de fechar o ano com um incremento de cerca de 5% a 7% no faturamento da distribuidora, em comparação com 2015.
Presa quadrilha que desviava medicamentos da Secretaria da Saúde do Ceará
11/10/2016 - Portal EBC
Nove pessoas foram presas em Fortaleza apontadas como integrantes de uma quadrilha que desviava medicamentos da Secretaria da Saúde do Ceará para revender a farmácias.
As prisões aconteceram durante a deflagração da Operação Tarja Preta, feita pela Polícia Civil do estado desde a última quinta-feira e finalizada hoje (11). Quase 85 mil comprimidos foram apreendidos, além de 860 frascos e ampolas de medicamentos variados e de esteroides e 19 canetas de insulina.
A investigação revelou que os medicamentos eram desviados da Secretaria da Saúde por dois funcionários terceirizados do órgão, que também eram os responsáveis por distribuir os itens a comerciantes da capital cearense. Além deles, estão entre os presos os donos e funcionários de uma farmácia e o dono de uma academia.
A quadrilha também atuava emitindo receitas e atestados médicos falsificados. Os presos foram indiciados por tráfico e associação por tráfico de drogas e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais.
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Não-medicamento representa 33% da venda do setor
13/10/2016 - Diário do Nordeste Online
Já foi o tempo em que as farmácias vendiam apenas medicamentos aos consumidores, a cada dia, as prateleiras e gôndolas oferecem uma maior variedade de produtos. Cosméticos, dermocosméticos, suplementos alimentar, produtos naturais e lanches rápidos são apenas algumas das muitas opções que os clientes têm acesso nestes locais. Hoje, os chamados não-medicamentos representam 33,24% do volume comercializado nas grandes redes, e é considerado uma das grandes apostas para expansão do varejo farmacêutico.
As vendas desta categoria atingiram R$ 8,42 bilhões de janeiro a agosto deste ano, no País. Em 2011, a comercialização de não-medicamentos movimentou R$ 6,15 bilhões, enquanto que em 2015 correspondeu a R$ 12,07 bilhões, um incremento de 96,26%. É o que aponta o levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
"É uma tendência, se você for para as grandes farmácias de outros países você tem meia dúzia de medicamentos com receitas, que estão em espaços restritos, o restante (dos produtos) você pega e leva. Nos Estados Unidos tem lugares que você pega o produto, coloca no leitor e vai embora, é a automatização do serviço", explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma-CE), Antônio Félix Silva, referindo-se a tendência mundial chamada "one-stop shop", ou seja, numa única parada, o consumidor quer resolver rapidamente suas necessidades básicas de higiene, beleza e saúde.
Os dados da Abrafarma mostram ainda que no acumulado de 12 meses, entre setembro de 2015 e agosto de 2016, as vendas das farmácias foram de R$ 12,75 bilhões.
DERMOCOSMÉTICOS
Na rede Extrafarma, que conta com 72 lojas no Ceará e 292 no País, a representatividade de produtos considerados não-medicamentos é ainda maior do que a média do País, correspondendo a cerca de 40% das vendas gerais. Os produtos que ganham maior destaque são os capilares e os dermocosméticos. "Nós trabalhamos com uma série de laboratórios de fora (do País), como La Roche Posey, Roc, Galderma, uma categoria que ganha destaque dentro das nossas farmácias", explicou o diretor de marketing da Extrafarma, Rodrigo Pizzinatto. Ele ainda destacou as vendas de fraldas, produtos de higiene, além de suplementos alimentares e esportivos.
Pizzinatto enfatiza que mesmo em um momento de insegurança econômica e política no País, a rede investiu neste ano na expansão de suas lojas, além de assumir um novo posicionamento de marca e logística nas farmácias. "Nessa nova loja a gente trabalhou bastante a arquitetura e o mobiliário para ser mais atrativa aos clientes, focamos bastante na linha de beleza e também na categoria de farmácia em casa, aqueles medicamentos que você não precisa de receita, que você mesmo pega", explica o diretor de marketing.
Ele ressalta que devido a estratégia da rede, a marca apresentou um crescimento maior do que o percentual médio nacional. Apenas no primeiro semestre houve uma alta de 13% nas vendas. A rede espera ainda aumentar em 20% o número de lojas este ano, no País, em comparação com 2015.
O novo modelo começou a ser implantado no final do ano passado e já conta no Ceará com 12 unidades neste padrão. "A gente pretende continuar crescendo em ritmo acelerado e a região nordeste é um local muito importante para essa alta", conclui.
MENOR PREÇO
Em busca de comodidade e conveniência, os consumidores têm recorrido às grandes farmácias e drogarias como canais preferenciais para aquisição de itens de higiene, perfumaria, cosméticos e artigos de conveniência. O preço também é uma motivação para a escolha das drogarias. "Hoje, se você fizer uma cotação entre os preços do supermercado e das drogarias, muitas vezes a farmácia é mais barata, os supermercados perdem muito em frutas e carnes e acabam repassando o preço para os produtos de conveniência", argumenta o presidente da Sincofarma.
Para a professora universitária Cristiane Martins, a expansão da variedade de produtos considerados não-medicamento nas farmácias é uma vantagem para os consumidores. "Eu compro dermocosméticos, produtos de higiene, maquiagem, esmalte, entre outros. Você vem e resolve muitas coisas na mesma loja, é prático. É uma vantagem porque gera maior concorrência no varejo, o que é bom para o cliente", ressalta.
REGULAMENTAÇÃO
Para o presidente da Sincofarma, o crescimento das vendas em farmácias é resultado ainda da lei de diversificação de produtos ofertados nas drogarias. Cada estado possui uma regulamentação sobre a permissão do consumo de não-medicamentos nas drogarias. No Ceará, a lei estadual, nº 14.588/09, autoriza a comercialização de artigos de conveniência e a prestação de serviços de utilidade pública em farmácias e drogarias do Estado.
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'Vai ter luta' na saúde e muito mais
12/10/2016 - Folha de S.Paulo
O gasto com saúde é o primeiro campo das batalhas que serão causadas pela aprovação do "teto" para as despesas federais. O próximo, que deve ser muito mais amplo e intenso, será o da Previdência. Outros virão.
A disputa vai se expandir para outros cantos do Orçamento. Vai envolver os interessados em serviços públicos de saúde e educação, tanto os mais ricos quanto os mais pobres. Vai envolver empresas beneficiárias de subsídios e reduções de impostos. Funcionários públicos. Beneficiários da Previdência e do seguro-desemprego.
Caso a emenda constitucional que limita os gastos federais seja aprovada tal como passou em primeiro turno na Câmara, haverá disputa por uma quantidade fixa de dinheiro, como agora o povo começa a perceber. Fixa por pelo menos uma década, caso os próximos governo e Congresso não decidam derrubar o "teto" —tudo é possível.
Por enquanto, grita-se contra a perspectiva de que a verba mínima para a saúde não vá crescer tal como o previsto na norma atual. Se a verba mínima permanecer a mesma, deve cair cerca de 5%, em termos per capita, até 2026, data prevista para a primeira revisão do "teto". Desde o início do século até 2015, crescera cerca de 30% (per capita).
Caso o "teto" passe mesmo a vigorar, em breve os defensores dos recursos para a saúde, dentro e fora do governo, procurarão dinheiro noutra parte do Orçamento. Onde?
Uma opção serão as desonerações de impostos e subsídios, dinheiro que as empresas deixam de recolher por concessão do governo. Na prática, um gasto que pode ser cancelado e transferido para outra rubrica –saúde, educação, Previdência, investimento.
Também "na prática", o cancelamento desses gastos tributários equivaleria a um aumento de impostos, do ponto de vista das empresas. As "desonerações" da Previdência nos anos Dilma Rousseff são um desses gastos gordos.
Por falar nisso, o gasto com Previdência, mesmo com reforma, ainda vai crescer bem por vários anos, achatando alguma outra despesa. De despesas maiores, sobram as aposentadorias e salários dos servidores federais e os investimentos "em obras". "Vai ter luta", como dizem certos militantes da política.
Note-se de passagem que o governo gasta diretamente cerca de 1,7% do PIB em saúde. Gasta indiretamente, digamos, outro 0,5% do PIB em saúde por deixar de recolher impostos, renúncias fiscais do setor.
Essa estimativa é dos pesquisadores Carlos Ocké-Reis (Ipea) e Filipe da Gama (Receita Federal), calculada na Nota Técnica 19 do Ipea, para dados de 2013.
ENTENDA-SE
Pessoas físicas e jurídicas podem abater despesas de saúde no Imposto de Renda. Há reduções de impostos ("desonerações") para a indústria farmacêutica e para hospitais filantrópicos. Isso é gasto indireto em saúde. Como tantos subsídios, será objeto de "luta".
Caso se aprove de vez o "teto", a caça aos dinheiros do Orçamento será mais intensa. Haverá disputa do bolo de tamanho fixo, a ser dividido por mais gente, pois a população cresce.
A alternativa será a "flexibilização" do teto, acompanhada de aumento de imposto, ou a privatização de certos serviços públicos. Será um debate da eleição de 2018. Será um conflito aberto em 2022, no mais tardar.
OMS quer que países criem impostos para bebidas açucaradas
13/10/2016 - Folha de S.Paulo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos países que criem impostos sobre bebidas açucaradas para combater a crescente epidemia de obesidade. A entidade também apresentou novos dados sobre os possíveis efeitos benéficos para a saúde dessa nova taxa.
Um imposto sobre bebidas açucaradas que elevasse o preço em 20% resultaria em uma redução proporcional no consumo, disse a agência. Isso seria de grande ajuda na luta contra a obesidade, que mais do que duplicou desde 1980. Cerca de meio bilhão de adultos eram obesos em 2014, cerca de 11% dos homens e 15% das mulheres.
“Se os governos taxarem bebidas açucaradas, eles podem reduzir o sofrimento e salvar vidas, além de reduzir os custos do cuidado à saúde”, diz Douglas Bettcher, diretor do Departamento de Prevenção das Doenças Não Transmissíveis da OMS.
A obesidade começou a despontar como risco em países ricos há décadas, mas agora está tomando conta em países de renda média, como China e México. Especialistas em saúde pública estão estudando as políticas que os países podem adotar para combater essa escalada.
Uma maneira seria taxar bebidas açucaradas, como refrigerantes, sucos, néctares, bebidas energéticas e chás gelados. Eles têm sido associados a obesidade, diabetes e cáries. Entusiastas dos impostos argumentam que desencorajar o consumo de tais bebidas poderia ajudar a reduzir o número de vítimas dessas doenças.
A OMS já havia recomendado que os países aprovassem um imposto desse tipo em um relatório sobre a prevenção da obesidade infantil. A agência convocou um painel de especialistas em meados de 2015, que calculou os números após uma extensa revisão da literatura científica,que incluiu modelagem matemática e estudos de impostos já aplicados em outros países.
Os peritos concluíram também que subsídios para frutas e legumes frescos que reduzam os preços em 10% a 30% podem aumentar o consumo desses alimentos.
Uma história já bem conhecida é a do México, que aprovou um imposto contra bebidas açucaradas em 2013, levando a uma queda substancial no consumo.
O Conselho Internacional de Associações de Bebidas emitiu comunicado que diz que “lamenta que o relatório do comitê técnico da OMS defenda a tributação discriminatória apenas de certas bebidas como uma ‘solução’ para o desafio muito real e complexo da obesidade.”
E o colesterol, como vai?
13/10/2016 - Carta Capital Online
Sugiro que adicionem estatinas nas fontes de água potável.” Manchete da BBC em 2004, esta frase, esporadicamente repetida entre médicos em tom de brincadeira, foi uma declaração entusiasmada do doutor John Reckless, professor da Universidade de Bath, no Reino Unido. Exagero à parte, as estatinas, famosas drogas administradas para diminuir a concentração do colesterol e seus componentes nocivos à saúde, estão sendo prescritas de forma disseminada. Por vezes abusiva.
Além das estatinas, estão sendo testadas, e logo chegarão ao mercado brasileiro, drogas que conseguem reduzir ainda mais a concentração do colesterol ruim, LDL. Recentemente, duas dessas drogas dirigidas contra um tipo de proteína, a PCSK9, que pode se ligar nos receptores de LDL nos tecidos do corpo e causar elevação persistente do colesterol ruim no sangue, foram aprovadas pelas autoridades americanas (FDA) e europeias (EMA) para uso clínico. Essas drogas, conhecidas como alirocumab e evolocumab, parecem atuar de forma complementar, principalmente em casos de resistência individual ou intolerância às estatinas.
Problema: o custo muito elevado. Estima-se que no Brasil alcançará as cifras de alguns milhares de reais por mês. Conversamos sobre o tema com o doutor Marcelo Sampaio, professor de Cardiologia e diretor do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Carta Capital: A obrigação de baixar o colesterol continua controversa?
Marcelo Sampaio: É crescente, entre especialistas, o questionamento em relação à utilização de forma indiscriminada das estatinas, como única e universal opção para controle dos níveis de LDL (colesterol ruim). O LDL está bem estabelecido como fator de risco importante para as doenças cardiovasculares. Induz a formação das placas gordurosas nas artérias, a aterosclerose, contribuindo para a obstrução vascular, o infarto do miocárdio e até mesmo o AVC (derrame). É inquestionável que a redução dos níveis do LDL contribui para a queda do risco cardiovascular. Agora, essa redução do LDL pode ocorrer de inúmeras formas, como dieta, exercício, cirurgia bariátrica e por meio de medicamentos.
CC: E as estatinas?
MS: As estatinas são medicamentos comumente utilizados há mais de 30 anos, com recomendação recente pelo Colégio Americano de Cardiologia e pela Associação Americana de Cardiologia. As dúvidas em relação às estatinas surgiram na medida exata em que sua prescrição passou a ser empregada para todo tipo de paciente, sem considerar seu risco cardiovascular, e sem orientação concomitante de dieta, exercício e medidas de redução de peso. Ficou claro que, nessas circunstâncias, pacientes com risco cardiovascular muito baixo, mesmo com colesterol elevado, não obtiveram benefícios significativos da utilização da medicação. A perseguição não criteriosa de níveis muito baixos de LDL pode levar a efeitos colaterais indesejados e aumentar os custos do tratamento.
CC: Paciente que toma estatina está sempre bem protegido?
MS: Nem sempre. Na prática clínica, alguns pacientes com risco cardiovascular alto, em uso de doses elevadas de estatina, não apresentam níveis de LDL desejáveis (por exemplo, LDL < 70mg/dl), ou apresentam um evento cardiovascular na vigência do tratamento. Há riscos residuais independentes do emprego das estatinas. Essas observações intrigam os médicos e geram espaço para novos estudos científicos, como o recém-publicado na revista Jama (da American Medical Association).
O estudo analisou 49 pesquisas que empregavam medicamentos e técnicas para reduzir o LDL em mais de 300 mil pacientes. A grande conclusão foi que toda medicação que consegue diminuir o LDL é benéfica e pode ser empregada rotineiramente. As estatinas ainda são os medicamentos de primeira linha no combate ao colesterol, disponíveis em forma de genéricos baratos, podendo se associar a drogas como a ezetimiba, que reduz a absorção de colesterol no intestino, com benefícios para casos selecionados de alto risco.
CC: Custos e efeitos colaterais têm, portanto, de ser levados em consideração.
MS: Sem dúvida. Como em tudo na medicina, o conhecimento científico não pode desconsiderar a boa prática médica e o bom senso. Não se pode esquecer a ênfase em associar e orientar mudanças de hábitos tão ou mais benéficas que os medicamentos: parar de fumar, controlar o peso, a hipertensão e o diabetes, e fazer exercícios físicos regularmente.
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