Aparelho cirúrgico de US$ 85 ajudará países pobres
28/09/2016 - Valor Econômico
Quase 70% da população mundial - ou cinco bilhões de pessoas - não têm acesso a cuidados cirúrgicos seguros e baratos.
Um dispositivo de US$ 85 concebido na gaveta das meias de um médico pode mudar isso.
John Langell, cirurgião que dirige o Centro para Inovação Médica da Universidade de Utah, teve a ideia quando foi chamado para uma emergência tarde da noite e usou a lanterna de seu iPhone para procurar por roupas sem acordar sua esposa. "Eu pensei, 'Nossa, isso é tão luminoso quanto um laparoscópio'", lembra ele.
Langell transmitiu a ideia aos alunos de sua aula de inovação médica que estavam procurando por um projeto: por que não construir um laparoscópio de baixo custo usando partes de celulares e tornar as cirurgias minimamente invasivas acessíveis às regiões mais pobres do mundo?
Um laparoscópio é um tubo fino com uma pequena câmera em uma extremidade que permite que os médicos realizem cirurgias dentro do abdômen de pacientes através de pequenas perfurações em vez de uma grande incisão. Os cirurgiões podem ver uma imagem aumentada da cavidade abdominal e assistir o que estão fazendo em uma tela de vídeo externa. Esses instrumentos normalmente custam mais de US$ 20 mil. E equipamentos adicionais exigem um investimento de capital de até US$ 700 mil. A maioria dos sistemas é vendida com um contrato anual de serviços que aumenta o preço em milhares de dólares.
A alternativa elaborada pela equipe de Langell - o Xenoscópio - custa cerca de US$ 85 para ser produzido. Não há necessidade de um computador grande para processamento de imagem ou de uma tela de vídeo. Os cirurgiões podem assistir às imagens produzidas em um laptop comum - até em um smartphone - que também pode fornecer toda a energia que o laparoscópio precisa por até oito horas. Com isso, pequenas cirurgias poderão ser feitas mesmo fora de um hospital e sem uma fonte estável de eletricidade.
A Xenocor Inc., empresa fundada pela equipe, espera vender os dispositivos por entre US$ 300 e US$ 500, sem necessidade de investimento de capital ou contrato de serviços.
"É tão barato que, se quebrar, você pode jogar fora", diz Langell.
O Xenoscópio é parte de uma nova onda de instrumentos médicos extremamente baratos que estão sendo criados, em grande parte por estudantes de pós-graduação, para serem usados em regiões do mundo onde o dinheiro é escasso, a eletricidade é instável e a água potável não é garantida. As universidades estão recrutando engenheiros, cientistas, designers e estudantes de administração para identificar problemas na distribuição de assistência médica e criar soluções práticas e de baixo custo, muitas das quais procuram resolver uma necessidade crítica de serviços cirúrgicos.
A falta de assistência cirúrgica básica em muitos países de renda média e baixa é responsável por mais de 18 milhões de mortes por ano por condições tratáveis como apendicites, doenças da vesícula biliar, tumores e traumas, segundo estimativas da Comissão Lancet sobre Cirurgia Global, um esforço multinacional para abordar o problema. A Organização Mundial de Saúde e o Banco Mundial identificaram as melhorias nas capacidades cirúrgicas como um passo essencial para elevar o padrão de saúde e econômico em todo o mundo.
"Você vai ver muito mais empresas adaptando produtos para mercados de baixa renda", diz John G. Meara, um dos presidentes da Comissão Lancet e diretor do programa de Cirurgia Global e Mudança Social da Faculdade de Medicina de Harvard.
A cirurgia minimamente invasiva se tornou padrão para muitas doenças em países desenvolvidos, em grande parte devido à rápida recuperação do paciente, menor tempo de internação, menos dor e menor risco de infecção que a cirurgia normal. Essas vantagens são muito mais importantes em países pobres, onde os leitos hospitalares são raros e chefes de família não podem se ausentar do trabalho por muito tempo enquanto grandes incisões cicatrizam. Mesmo assim, apenas 18% da população do mundo tem acesso a uma cirurgia laparoscópica, informa a Comissão Lancet.
Na Mongólia, onde há uma alta incidência da doença da vesícula, o Xenoscópio será demonstrado em uma operação de retirada da vesícula nesta semana, diz Ray Price, um dos líderes de cirurgia global da Sociedade dos Cirurgiões Gastrointestinais e Endoscópicos Americanos (Sages).
A ideia de Langell parece simples, mas criou uma série de desafios técnicos que não foram resolvidos com soluções existentes no exterior.
"Normalmente, um sensor de smartphone está registrando imagens de uma pessoa ou de uma montanha - não algo a cinco centímetros", diz Lane Brooks, pioneira em design de câmeras digitais e miniaturização que foi recrutada para a equipe.
Brooks concluiu que seria necessário criar seu próprio processador óptico e de imagem. Mas a equipe conseguiu comprar outras partes essenciais, incluindo um sensor de imagens e iluminação de LED, de forma barata devido à oferta criada pela grande demanda por celulares.
Em maio, cirurgiões na Índia fizeram o primeiro teste do Xenoscópio em uma operação de remoção dos tubos de falópio de uma mulher. Langell e Price observaram a cirurgia e visitaram a paciente em sua casa no dia seguinte. "Ela estava andando e não tinha dor", diz Langell.
Ainda há obstáculos a superar. A equipe pediu à FDA, a agência americana que controla alimentos, remédios e aparelhos médicos, e à União Europeia para definir o Xenoscópio como um dispositivo equivalente à tecnologia existente, o que significa que ele tem de passar por testes clínicos extensos. Langell quer a aprovação dos reguladores antes de lançar o aparelho de forma ampla.
Nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar poluído, alerta OMS
27/09/2016 - Valor Econômico / Site
A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou nesta terça-feira que 92% da população global vivem atualmente em áreas onde os níveis de qualidade do ar ultrapassam os limites mínimos estabelecidos pela entidade.
Os dados integram o mais completo relatório global já divulgado pela organização sobre zonas de perigo para poluição do ar, com base em informações de medições por satélite, modelos de transporte aéreo e monitores de estação terrestre de mais de 3 mil localidades rurais e urbanas.
EBC
A estimativa é que cerca de 3 milhões de mortes ao ano estejam ligadas à exposição à poluição externa do ar. A poluição interna do ar, entretanto, aparenta ser igualmente perigosa já que, em 2012, em torno de 6,5 milhões de mortes estavam associadas à poluição interna e externa juntas.
De acordo com a OMS, quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar são registradas em países de baixa e média renda, sendo que quase dois em cada três óbitos foram contabilizados no sudeste da Ásia e em regiões ocidentais do Pacífico.
Ainda segundo o relatório, 92% das mortes são provocadas por doenças não comunicáveis, sobretudo doenças cardiovasculares, derrame, doença obstrutiva pulmonar crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta os riscos de infecções respiratórias graves.
"A poluição do ar continua prejudicando a saúde das populações mais vulneráveis — mulheres, crianças e adultos de mais idade", disse a diretora-geral adjunta da organização, Flavia Bustreo. "Para que as pessoas sejam saudáveis, elas precisam respirar ar limpo do primeiro ao último suspiro", completou.
A OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte; combustível doméstico e queima de resíduos; usinas de energia movidas a carvão; e atividades industriais em geral.
"Para enfrentar a poluição do ar, é preciso agir o mais rápido possível", defendeu a diretora do Departamento de Saúde Pública e Determinantes Ambientais e Sociais de Saúde da OMS, Maria Neira.
"As soluções existem por meio do transporte sustentável nas cidades, da gestão de resíduos sólidos, do acesso a combustíveis domésticos limpos e fogões, bem como de energias renováveis e da redução de emissões industriais", concluiu Maria.
América é o 1º continente a erradicar o sarampo
28/09/2016 - Folha de S.Paulo
O continente americano está livre do sarampo, segundo a Opas (Organização Pan Americana de Saúde). A região é a primeira a conseguir tal feito.
O último caso de sarampo endêmico (não “importado” de outras áreas) no hemisfério foi em 2002. Normalmente, para que uma doença seja declarada erradicada, são necessários três anos, bem menos do que os 14 levados no caso do sarampo. Algumas causas para essa demora foram citadas por autoridades da Opas.Comunicação ruim entre entidades nacionais e regionais de saúde, grande número de imigrantes não vacinados em algumas regiões e partes de países fora de alcance por conta de conflitos. “Esta data marca um momento histórico. Adeus ao sarampo na região americana!”, comemorou Carissa Etienne, presidente da entidade.
Há 25 anos,diz Etienne,o sarampo “matava mais de meio milhão de crianças por ano, mundialmente. Por isso, é um momento histórico”.
Universalidade do SUS e escassez de recursos
28/09/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Quatro da tarde de uma terça-feira em Salvador. Um médico experiente, 59 anos de idade, 25 deles dedicados à medicina de emergência, está no Hospital Estadual Roberto Santos diante da seguinte situação: dois pacientes em estado crítico, um de 80 anos e um de 34, e somente um leito de UTI.
A difícil decisão foi racional: "Dei a vaga para o mais jovem, por ter maior expectativa de vida. O idoso acabou morrendo horas depois na espera", conta o médico, em relato publicado pelo jornal "Correio da Bahia".
"Decisões de abreviar ou, ao menos, de não prolongar a vida de pacientes são tomadas todos os dias em UTIs e salas de emergência do planeta. E é preciso que seja assim, ou o sistema não funcionaria", escreveu o colunista da Folha Hélio Schwartsman.
Não se trata, apenas, de um dilema ético, como pode parecer à primeira vista, mas sobretudo financeiro e orçamentário.
Em um Estado de roupagem social democrática, que assume a missão de garantir, a todos, diversos direitos sociais imediatos, a escassez de recursos torna-se um problema, parcialmente equacionado pela elaboração de políticas públicas contempladas nas peças orçamentárias.
As políticas públicas de saúde trabalham com a chamada medicina de evidências, baseada em estudos que contemplam o melhor tratamento para o caso levando em consideração a eficácia, a efetividade e o custo.
São elaboradas rotinas de trabalho, procedimentos padrão e listas de medicamentos, que sistematizam um programa integrado de atenção à saúde.
O SUS (Sistema Único de Saúde), obra do constituinte de 1988, tem por traço fundamental a universalidade.
Uma vaga de UTI ocupada por paciente terminal, não raras vezes, compromete a vida de um doente que não recebe os cuidados que poderiam salvá-lo.
E isso é resultado do confronto incessante entre a universalidade da cobertura do SUS, de um lado, e as limitações orçamentárias do Estado, de outro.
Quando o Judiciário, alheio à política instituída pelo governo, impõe aos entes federados o custeio de tratamentos de alto custo com eficácia ainda não comprovada, acaba, ainda que involuntariamente, por desorganizar a lógica de universalidade do sistema.
O benefício individual advindo da decisão, por seu poder multiplicador, tem aptidão para pôr o sistema em risco real de colapso.
A judicialização da saúde deve observar duas diretrizes: restringir-se aos casos excepcionais, sob pena de violação à cláusula de separação dos poderes, e dedicar-se a uma abordagem não individualista, preferencialmente por meio de ações coletivas, dotadas de eficácia geral e com menor potencial lesivo aos princípios que norteiam o SUS.
Ao decidir, o juiz deverá: (i) aferir se é, ou não, comprovada a eficácia do tratamento, devendo excluir os experimentais e alternativos; (ii) optar por procedimentos disponíveis no Brasil; (iii) indicar a adoção do procedimento menos custoso, dentre os disponíveis; (iv) considerar se o tratamento é indispensável para a manutenção da vida.
A questão está em julgamento no STF, com repercussão geral. Até o momento, a jurisprudência tem sinalizado, de forma tímida, que pretende racionalizar a judicialização da saúde, coibindo abusos, e garantindo o direito à vida, sem comprometimento à universalização do direito à saúde.
Enquanto os médicos deste país não puderem atender a todos os que necessitem da assistência do Estado, enquanto houver menos UTI´s do que internados em estado crítico, é razoável, e até esperada, a atuação do Judiciário na fixação de parâmetros, mais ou menos estáveis, com aptidão para garantir o direito à vida sem destruir o sistema de políticas públicas voltadas à saúde em nosso país.
Produtos com lactose terão advertência no rótulo
27/09/2016 - G1 - Bom dia Brasil
A partir do ano que vem, os produtos que têm lactose vão ter no rótulo uma advertência para o consumidor. A Anvisa ainda vai ouvir médicos e pacientes para definir os detalhes. Hoje essa informação está escondida lá nas letrinhas miúdas e ninguém enxerga.
A partir desta semana, médicos e pacientes já podem dar sugestões sobre os rótulos. É que de janeiro em diante os produtos deverão ter a advertência sobre lactose bem clara na embalagem. Uma medida simples, mas que vai facilitar a vida de quem sofre com a intolerância.
São Paulo lidera judicialização da saúde, aponta estudo.
27/09/2016 - O Globo / Site
O Estado de São Paulo é o líder em ações judiciais na área de saúde, registrando, somente nos meses de janeiro e de setembro de 2015, 3.014 processos neste segmento da judicialização, segundo estudo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Os dados fazem parte do caderno "Judicialização da Saúde na Prática – Fatos e dados da realidade brasileira", que analisou uma amostra das ações judiciais em quatro estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Foram reunidos dados referentes a dois meses de processos: janeiro e setebro para São Paulo, e março e novembro para os demais estados.
Foram quase 15 mil ações impetradas em tribunais de Justiça, que, segundo o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto, foram analisadas, uma a uma, e trazem uma amostra dos impactos negativos que a judicialização causa para o sistema de saúde do Brasil
Depois de São Paulo, o estado com o maior número de ações foi o Rio Grande do Sul, com 2.780 processos, seguido do Rio, com 607, e Minas Gerais, com 529. O Rio Grande do Sul, no entanto, se destacou pelo número de ações por 100 mil habitantes. São quase 25, enquanto a média dos estados é de 7,45. São Paulo aparece em segundo lugar, com 6,79 ações por 100 mil habitantes.
Para compor a amostra, foram pesquisadas ações com os termos "medicamento" e "remédio" no Banco de Sentenças do Tribunal do Estado de São Paulo e no Banco de Jurisprudência do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Das 15 mil ações encontradas, quase sete mil puderam ser classificadas como judicialização da saúde; excluindo ações como indenização por acidentes de trânsito.
PRINCIPAIS CAUSAS DA JUDICIALIZAÇÃO
Uma série de fatores contribui para o aumento da judicialização, como o envelhecimento da população, a crise econômica e a falta de subsídio para a compra de medicamentos, afirma a advogada especialista em direito à saúde, Renata Vilhena Silva. Contudo, diz ela, três fatores são mais decisivos. O primeiro é o orçamento do governo para o setor, que sofreu uma redução de R$ 24 bilhões em 2016, comparando com o orçamento original de 2015.
O segundo é a falta de incorporação. O SUS não incorpora a maioria dos medicamentos mais modernos, dando preferência às tecnologias mais antigas. Nos últimos três anos, até julho de 2015, o governo havia barrado 56,3% dos 199 pedidos de incorporação que recebera. Outros 66 pedidos ainda estavam em fase de análise. Dos 80 medicamentos incorporados, a maioria (45) é formada por terapias disponíveis no mercado há mais de 15 anos. Já os remédios lançados mais recentemente, com até cinco anos de mercado, tiveram uma incorporação bem menor, de apenas 13 produtos.
Por fim, existem os atrasos e problemas logísticos, completa Renata. Segundo a advogada, mesmo os medicamentos incorporados ao SUS e que, portanto, deveriam estar à disposição dos brasileiros, acabam às vezes em falta nos postos de saúde e hospitais públicos. A causa disso é atribuída a problemas de logística, mas com o agravamento da crise econômica no país, todas as esferas do governo começaram a reduzir o volume de medicamentos comprados ou a postergar a compra, além de atrasar o pagamento dos fornecedores.
DEBATE COM A SOCIEDADE
Para enriquecer o debate sobre judicialização, a Interfarma convidou diferentes lideranças e especialistas em saúde para compartilhar as suas perspectivas sobre a questão. Além de Renata Vilhena, participam do caderno Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP).
A publicação traz sugestões e propostas de ações que possam reduzir a judicialização da saúde, garantindo fôlego aos governos e acesso à saúde para os brasileiros. Entre as sugestões está a criação de varas especializadas em saúde, para que as ações sejam julgadas por juízes experientes nessas questões, a exemplo do que acontece em outras áreas. Grupos de apoio técnico ao judiciário podem complementar a iniciativa. Além disso, a Interfarma sugere a criação de mais canais de diálogo para facilitar a negociação entre sociedade, Ministério Público e governos, evitando ações judiciais desnecessárias, e o aperfeiçoamento das políticas de incorporação de novos medicamentos.
É possível prevenir o câncer? Dicas de alimentação e exames a serem feitos
27/09/2016 - Veja Online
A expectativa de vida do homem vem aumentando nas últimas décadas. Esse fato auspicioso, contudo, traz consigo novos problemas sociais e, de quebra, também os de saúde, pois é nessa fase da vida que mais se desenvolvem as doenças crônicas, que comumente exigem tratamentos mais complexos e onerosos. Entre elas destaca-se o câncer, a segunda causa de morte por doença no mundo ocidental. O câncer, em suas várias formas de apresentação, tende a ser traumático do ponto de vista físico, emocional e financeiro não só para o paciente, mas também para sua família. O contraponto para esse cenário é que nos tempos atuais cerca de 60% dos casos diagnosticados podem ser curados e, mais ainda, para aqueles sem chance de cura, não é incomum existirem tratamentos que permitem, no jargão médico, administrar a doença, podendo oferecer anos extras de vida, comumente com boa ou aceitável qualidade de vida.
Contudo, melhor do que bons tratamentos é fazer a prevenção dos tumores, para evitar que eles se desenvolvam , ou, então, ir atrás de diagnósticos precoces, que aumentam de forma expressiva a chance de um tratamento exitoso, com menos sofrimento, gastos e até mesmo sequelas.
Embora no presente nem todos os tipos de câncer possam ser prevenidos ou ter seu diagnóstico feito precocemente, o fato é que os cinco mais frequentes no Brasil (próstata, mama, próstata, pulmão, intestino grosso e colo de útero) podem ser razoavelmente rastreados através de programas sugeridos por entidades médicas, embora ainda haja discordâncias e controvérsias. Existem dois tipos de prevenção, a denominada primária, que tem a ver essencialmente com hábitos e estilo de vida, e a secundária, definida de acordo com o órgão e com riscos individuais (inclui idade) e familiares. Na tabelinha abaixo estão resumidas as condutas de prevenção e diagnóstico precoce mais aceitas pelos especialistas.
PULMÃO
Prevenção primária – não fumar
Diagnóstico precoce – tomografias de tórax de baixa dose, anuais, entre os 55 e os 74 anos de idade para quem fuma em média um maço de cigarros/dia (conduta ainda controversa)
MAMA
Prevenção primária – dieta rica em fibras vegetais e pobre em gorduras animais, evitar sobrepeso, exercitar-se (podem ter efeito protetor)
Diagnóstico precoce – mamografia anual após os 40 anos de idade; se houver fatores de risco associado (história familiar ou mutação genética reconhecida), iniciar os exames ao redor dos 30 anos, ampliando os tipos de exame em função de cada caso
PRÓSTATA
Prevenção primária – dieta rica em fibras vegetais e pobre em gorduras animais, evitar sobrepeso, exercitar-se (podem ter efeito protetor)
Diagnóstico precoce – toque retal e PSA anuais após os 50 anos de idade; se houver fatores de risco associado (história familiar), iniciar os controles aos 40 anos de idade
INTESTINO GROSSO (CÓLON E RETO)
Prevenção primária – dieta rica em fibras vegetais e pobre em gorduras animais, evitar sobrepeso, exercitar-se (podem ter efeito protetor)
Prevenção e diagnóstico precoce – colonoscopias a partir dos 50 anos de idade; se não forem encontrados pólipos adenomatosos (lesões pré-cancerosas), repetir a cada cinco ou dez anos; se forem encontrados pólipos, definir intervalos de acordo com os achados; em grupos de maior risco (história individual ou familiar ou mutação genética conhecida), iniciar a colonoscopia entre 35-40 anos de idade, a intervalos adaptados a cada situação clínica
COLO DE ÚTERO
Prevenção primária – sexo seguro e vacina para HPV logo antes ou no início da vida sexual
Prevenção e diagnóstico precoce – exame de Papanicolau a cada dois anos após o início da vida sexual
Apesar do impacto positivo de programas de prevenção e detecção precoce do câncer, existem três barreiras principais a se considerar. A primeira é que os programas de prevenção ainda amadurecem e serão necessários mais anos para que possam ser universalmente referendados. A segunda é a motivação para um indivíduo se submeter a exames periódicos e a mudar hábitos de vida. A velha frase “um dia a gente morre mesmo” continua sendo usada por muitos para se esquivarem de atitudes proativas em relação a sua própria saúde. A terceira, não menos importante, é que existem reais limitações de acesso aos exames periódicos por restrições financeiras individuais ou impostas por planos de saúde ou, então, pela incapacidade dos sistemas de saúde, em especial o público, de contar com estruturas que facilitem a realização desses exames.
A realidade que vivemos é a de uma crescente preocupação com a saúde em geral, em especial em populações com melhores níveis de educação e condições socioeconômicas mais favoráveis. Entretanto, é preciso que a conscientização quanto aos riscos chegue a todos e, para tanto, cabe aos governos e ao setor privado incentivar atitudes de prevenção primária e secundária, bem como de diagnóstico precoce para, em última análise, diminuir ou evitar o sofrimento decorrente do câncer e de seu tratamento na população em geral. E se isso por si só não é motivo suficiente, adiciono outro argumento: prevenir diminui gastos. Para um subfinanciado sistema de saúde, esse fator não é coisa pouca!
Vacinas hexa e penta da rede privada seguem em falta; veja como vacinar
27/09/2016 - G1 - Bem Estar
As vacinas hexalentes e pentavalentes acelulares continuam em falta na rede privada, informa a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Há pouco menos de 1 ano, o G1 já havia noticiado a escassez das duas vacinas.
De acordo com o vice-presidente da SBim, Renato Kfouri, a falta dessas vacinas não chegou a ser resolvida dentro deste período. “É um problema de abastecimento que ocorre há quase um ano, mas não sei precisar exatamente quando começou. A rede privada recebe uma quantidade pequena que acaba rapidamente, que não dá nem pra atender à demanda que está reprimida, nem às novas crianças que deveriam estar entrando no calendário”, disse.
Segundo Kfouri, documentos internacionais relatam um aumento mundial pela procura dessas vacinas e apenas alguns laboratórios a produzem. “Elas englobam a coqueluche, que tem uma versão acelular com uma tecnologia de produção um pouco mais complicada”, disse. “A justificativa que temos ouvido da indústria é que ocorreu um aumento mundial do consumo ainda não acompanhado do proporcional aumento da produção”.
A vacina hexavalente acelular, que está em falta, é também chamada de sêxtupla acelular e protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b, hepatite B e poliomielite. A pentavalente protege contra as mesmas doenças, exceto poliomielite.
A SBIm recomenda que os pais não atrasem o calendário e vacinem as crianças com a vacina pentavalente ou quíntupla de célula inteira encontrada no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Kfouri, há maior risco de reação após a vacinação, como febre, dor local e irritação, mas a versão pública é tão efetiva quanto a das clínicas privadas.
Ainda de acordo com a SBIm, crianças que já receberam doses das vacinas acelulares também podem completar o esquema vacinal com as vacinas disponíveis na rede pública, de células inteiras, sem nenhum prejuízo no grau de proteção contra as doenças.
A vacina pentavalente encontrada nos postos e hospitais públicos protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B, e é dada em associação com a vacina contra poliomielite. “São duas vacinas, em vez de uma, mas o risco de ficar desprotegido contra as doenças é muito pior” do que o inconveniente de tomar uma vacina a mais, disse Isabella Ballalai, presidente da SBIm.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE VACINA DO SUS E VACINA PRIVADA?
A diferença entre a vacina da clínica particular e a vacina dos postos de vacinação públicos é que a da clínica privada é acelular e a do posto é de células inteiras. Na prática, as duas são muito eficazes, mas a acelular tem a vantagem de provocar menos reações adversas. "Para quem pode se dar ao luxo de pagar a vacina acelular, ela é menos reatogênica”, diz Isabella.
“Mas, na falta dela, não só é seguro, como muito importante que as mães não deixem de procurar a rede pública para fazer a vacinação de seus filhos”, completa a médica. Informações sobre as vacinas recomendadas para cada faixa etária podem ser acessadas no site da SBIm.
O QUE DIZEM AS EMPRESAS?
A Sanofi Pasteur confirmou o número limitado da vacina pentavalente no mercado brasileiro. A empresa francesa diz que a vacina é produzida em uma fábrica no Canadá e que, atualmente, está com restrição na capacidade de produção e distribuição não apenas no Brasil, mas também em outros países. A Sanofi pretente normalizar o abastecimento até o primeiro semestre de 2017.
Já a GSK, que fabrica a vacina Infanrix Hexa diz que recebeu nos últimos meses uma quantidade que não foi suficiente para atender à demanda, e que trabalha para assegurar uma regularização dos estoques locais com previsão de liberação de novas doses da vacina ao longo do mês de outubro.
|