37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 26/09/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

1 em 4 remédios ofertados por decisão da Justiça já está no SUS

24/09/2016 - Folha de S.Paulo


De cada quatro medicamentos que a Justiça obriga o Estado de São Paulo a fornecer, um já é oferecido no SUS, mostra mapeamento feito pela Secretaria da Saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

O estudo foi feito com base nas 77 mil ações cadastradas na pasta de 2010 a 2016. O número de processos disparou nos últimos cinco anos, passando de 9.385 para 18.045 em 2015 –alta de 92%. Neste ano, até junho, foram cerca de 8.000.

Do total de remédios pedidos durante esse período, 10% já são disponibilizados pela União ou pelos próprios Estados e 14% são medicamentos de assistência básica, cuja oferta é de responsabilidade dos municípios.

Só de ácido acetilsalicílico, o princípio ativo da aspirina, são 2.031 condenações, que geram para o Estado um gasto de R$ 16,7 milhões ao ano.

O número não se refere a pessoas que foram à Justiça apenas pelo analgésico. Estão incluídos no montante processos que incluem, além do ácido acetilsalicílico, outras terapias mais caras.

O problema de comprar um medicamento que já está na rede pública para atender uma decisão judicial é que ele acaba saindo mais caro, pois é adquirido para atender apenas a uma ação, sem descontos obtidos em negociações de grande escala, diz o governo.

"A enxurrada de ações está tornando a saúde inadministrável", afirma o secretário paulista David Uip (Saúde).

Hoje, São Paulo gasta por ano R$ 1,2 bilhão para atender 51 mil condenações. O valor é o dobro do gasto no programa de terapias de alto custo da secretaria, que tem 700 mil pacientes cadastrados.

Os medicamentos mais caros nesse total são os imunobiológicos, voltados a doenças mais graves como câncer.

A Justiça, porém, também obriga o Estado a comprar mais de 80 itens que não são medicamentos para pessoas doentes. A lista não representa a maior parte do gasto, mas inclui excentricidades como água de coco e água mineral.

Neste ano, a secretaria teve que comprar suco de cranberry para um doente com alzheimer. Há três anos, teve que adquirir creme hidratante para paciente com varizes.

Para o pesquisador Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, a judicialização da saúde abre margem para distorções ao tirar verba de uma ação que atenderia um grupo maior para beneficiar só um indivíduo.

Por outro lado, ele aponta falhas de gestão pública. Se houvesse, diz, um banco de informações acessível a médicos, pacientes, advogados e juízes sobre quais remédios há em cada esfera do SUS, o número de ações cairia.




Decisão do STF sobre fornecimento de remédios guiará ações pelo país

24/09/2016 - Folha de S.Paulo


Dois casos que devem voltar à lupa dos ministros do Supremo Tribunal Federal na próxima semana têm movimentado entidades na área da saúde, representantes de pacientes, do governo federal e de administrações estaduais.

Os processos envolvem o fornecimento de medicamentos não disponíveis no SUS ou sem registro no Brasil e reabrem a discussão sobre o direito de acesso à saúde e o impacto de ações judiciais nas contas dos governos.

Iniciado na quinta-feira (15), o julgamento, que deve ser retomado na quarta (28), terá repercussão em outros casos semelhantes no país.

São dois pontos em jogo. O primeiro deles é se o Estado deve fornecer remédios de alto custo e ainda não disponíveis no SUS a pacientes sem condições de obtê-los.

O debate surgiu após uma paciente do Rio Grande do Norte com miocardiopatia e hipertensão arterial pulmonar obter, na Justiça, o acesso a um medicamento de alto custo e não disponível à época no SUS. Obrigado a custear o remédio, o governo estadual recorreu ao STF.

O segundo caso envolve o fornecimento de remédios sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Foi o que pediu à Justiça, em 2009, uma paciente de Minas Gerais que buscava tratamento para o quadro de doença renal crônica, somado a outras complicações graves.

Diante de negativas, a paciente recorreu ao STF.

Na primeira sessão do julgamento, o ministro relator do caso, Marco Aurélio Mello, entendeu que o Estado não pode deixar de fornecer remédios de alto custo para pacientes sem recursos, desde que tais produtos tenham registro na Anvisa. Outros dez ministros ainda devem votar.

Para Marconi de Oliveira, procurador-geral do RN, governos não têm orçamento para arcar com medicamentos fora da lista do SUS.

“A partir do momento em que o Judiciário obrigar o Estado a fornecer medicamentos além do que existe de recursos, a única saída é aumento de imposto”, afirma.

Ele cita levantamento feito nos Estados que mostra que 70% dos recursos destinados à compra de medicamentos são usados para atender ações judiciais.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirma que ao mesmo tempo em que é legítima a possibilidade de demandar tratamentos na Justiça, há uma limitação do governo em conseguir atender a esses pedidos.

Os gastos da União em ações judiciais cresceram 797% em cinco anos —de R$ 122,6 milhões, em 2010, para R$ 1,1 bilhão em 2015.

“São decisões judiciais, muitas vezes liminares, que acabam desestabilizando completamente o sistema”, disse no STF a advogada-geral da União, Grace Mendonça.

Ela defende que o governo não tem obrigação de fornecer“ tudo a todos”, mas sim fornecer a todos “tudo o que estiver disponível no SUS”.

Já para Carlos Paz, defensor público geral da União, o custo dos medicamentos deve ser olhado da perspectiva de quem precisa. “Para uma população de baixa renda, o que é alto custo pode ser algo muito mais acessível”, disse ele, para quem os processos judiciais colaboram para a incorporação de alguns tratamentos no SUS—e, assim, para redução dos preços.

“Ao invés de ver isso como algo que dificulta a vida do Estado, vemos como algo que contribui para melhorar a política de saúde.” Paz defende ainda que a existência de registro ou não dos medicamentos não seja impeditivo para que casos semelhantes sejam analisados pelo Judiciário.

Essa também é a preocupação de Sérgio Sampaio, presidente da Abram (Associação Brasileira de Mucoviscidose), que representa pacientes com fibrose cística.

“Muitas dessas doenças criminalizadas pela judicialização carecem da importação de drogas de outros países.”




Ato exige remédios para síndromes raras

26/09/2016 - O Globo


Cerca de cem pessoas estiveram ontem na Candelária para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir a favor do fornecimento, por parte do poder público, de medicamentos de alto custo que não estão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS) ou que não tenham sido registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estavam no local portadores de síndromes raras e seus familiares, amparados por 24 associações cariocas. O julgamento ocorre quarta-feira, após o ministro Luís Roberto Barroso ter pedido vista do processo no último dia 15.

A estudante Júlia dos Santos Rodrigues, de 12 anos, sofre de mucopolissacaridose, uma doença que ainda não tem cura e que pode afetar o sistema respiratório e cardíaco, a visão e o crescimento. Diagnosticada quando tinha 1 ano e 8 meses, ela luta para conseguir o medicamento intravenoso que custa cerca de R$ 4 mil por mês. A expectativa de vida de quem não faz uso do remédio não passa dos 20 anos. O medicamento, entretanto, consegue dobrar esse tempo. Júlia — que cursa o 7º ano, faz circo e sonha em ser veterinária e jogadora profissional de videogame — está preocupada com a decisão do STF:

— Tenho medo de piorar sem o remédio. Mas não é só por mim. A decisão não vai afetar apenas quem tem doenças raras, mas também que tem doenças mais comuns, como o câncer.


DOIS RECURSOS EM ANÁLISE


São dois os recursos em análise no STF. Em um, o governo do Rio Grande do Norte questiona ter que arcar com um medicamento que não consta do SUS. No outro, uma paciente de Minas Gerais, que teve o pedido negado pelo estado, luta para ter acesso a um medicamento não registrado pela Anvisa. Nos dois casos, a Defensoria Pública do Rio atua como parte interessada, defendendo que o tratamento adequado seja garantido aos pacientes.

— Todas as vezes em que vamos fazer pedidos de medicamentos, procuramos ver com as secretarias se elas têm esses remédios e se o município e o estado têm alguma alternativa terapêutica. Mas, algumas vezes, tratamentos incluídos no SUS e medicamentos registrados pela Anvisa não são eficazes para determinados pacientes, e a gente não pode deixar essas pessoas descobertas. É uma violação e limitação ao direito à saúde, à vida e à isonomia — explica a coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da defensoria, Thaisa Guerreiro.

Doutoranda em filosofia pela UFRJ, Patrícia Rocha, de 41 anos, é um exemplo do caso citado. Há dois anos, ela ganhou o direito de importar um medicamento que já foi aprovado na Europa e nos Estados Unidos, mas que não consta da lista da Anvisa. Patrícia ficou encarregada da importação, mas teve que contratar uma empresa especializada, pois como pessoa física não pode fazêlo. Três caixas duram seis meses e têm o custo de R$ 110 mil para o governo, incluindo R$ 16 mil de ICMS e quase R$ 10 mil destinados à importadora. A cada seis meses, ela precisa fazer de novo o pedido à Justiça.

— Passei a usar esse remédio porque, dos dois antibióticos que estão na lista, a um eu desenvolvi alergia e a outro, resistência. Conforme fui crescendo, aquilo passou a não fazer mais efeito — conta Patrícia, que foi internada em abril porque o terceiro ciclo do remédio demorou a ser liberado.

A defensoria está fazendo um levantamento do número de ações de pessoas que são assistidas em todo o estado. Em apenas dois meses, a Associação de Famílias e Amigos de Pessoas com Doenças Raras, que ajuda as famílias a recolherem documentos necessários para recorrer à Justiça, fez 38 pedidos.




Manifestantes pedem que Estado financie remédios de alto custo

25/09/2016 - Valor Econômico / Site


Cerca de 100 pessoas estiveram na Candelária, neste domingo, para tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal pelo voto favorável ao fornecimento, por parte do poder público, de medicamentos de alto custo que não estão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS) ou que não tenham sido registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com olhos vendados com um pano preto, os manifestantes pediam justiça pelas pessoas que dependem dos remédios para viver. Estavam no local portadores de síndromes raras e seus familiares, amparados por 24 associações cariocas.

O julgamento ocorre nesta quarta-feira após o ministro Luis Roberto Barroso ter pedido vista do processo no último dia 15. Aos 12 anos, Júlia dos Santos Rodrigues estava no protesto. Ela sofre de mucopolissacaridose, uma doença que ainda não tem cura e é causada por conta da não produção de determinadas enzimas, podendo afetar, por exemplo, o sistema respiratório e cardíaco, a visão e crescimento. Diagnosticada quando tinha um ano e oito meses, ela participou de uma pesquisa que resultou na aprovação de uma medicação específica, que ainda não existia no país. Agora, ela luta na Justiça para conseguir o medicamento intravenoso que custa cerca de R$ 4 mil por mês. Júlia, que cursa 7º ano, faz circo e sonha em ser veterinária e jogadora profissional de vídeo game, está preocupada com a decisão do STF. Ela teme a regressão de seu estado.

A expectativa de vida de quem não faz uso do remédio é de que o portador da doença não passe da segunda década de vida. O medicamento, entretanto, consegue dobrar esse tempo. “Não é só por mim. Essa decisão não vai só afetar pessoas que têm doenças raras, mas também que têm doenças mais comuns como o câncer, que qualquer um pode vir a ter e o remédio é caro. Tenho muito medo de piorar muito sem o remédio”, afirma Júlia.

Para a presidente da Associação Carioca de Distrofia Muscular, Clara Migowski, o voto contrário do STF será uma sentença de morte aos portadores de doenças raras. Ela luta para que um medicamento europeu, que ainda não foi aprovado pela Anvisa, seja fornecido pelo governo brasileiro. O tratamento custa, pelo menos, R$ 500 mil por ano, e evita a progressão da doença, que tem como característica principal o enfraquecimento progressivo da musculatura esquelética.

Existem dois recursos que estão em análise no STF. Em um deles, o governo do Rio Grande do Norte questiona ter que arcar com um medicamento que não consta no SUS. No outro, uma paciente de Minas Gerais luta para ter acesso a um medicamento não registrado pela Anvisa, mas teve pedido negado pelo estado. Nos dois, A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) atua como parte interessada, defendendo que o tratamento adequado seja garantido aos pacientes. “Todas as vezes que vamos fazer pedidos de medicamentos procuramos ver com as secretarias se elas têm esses remédios, e se o município e o estado têm alguma alternativa terapêutica que seja padronizada. Mas, algumas vezes, tratamentos incluídos no SUS e os medicamentos registrados pela Anvisa não são eficazes para determinados pacientes e a gente não pode deixar essas pessoas descobertas. É uma violação e limitação ao direito à saúde, à vida e à isonomia”, explica a coordenadora de saúde e tutela coletiva da DPRJ, Thaisa Guerreiro.

A DPRJ está fazendo um levantamento do número de ações de pessoas que são assistidas em todo o estado. Mas para se ter uma ideia, em apenas dois meses, a Associação de Famílias e Amigos de Pessoas com Doenças Raras, que ajuda voluntariamente às famílias a recolher documentações necessárias para recorrer à Justiça, realizou 38 pedidos.




Manifestantes pedem que Estado financie remédios de alto custo

25/09/2016 - Valor Econômico / Site


Cerca de 100 pessoas estiveram na Candelária, neste domingo, para tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal pelo voto favorável ao fornecimento, por parte do poder público, de medicamentos de alto custo que não estão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS) ou que não tenham sido registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com olhos vendados com um pano preto, os manifestantes pediam justiça pelas pessoas que dependem dos remédios para viver. Estavam no local portadores de síndromes raras e seus familiares, amparados por 24 associações cariocas.

O julgamento ocorre nesta quarta-feira após o ministro Luis Roberto Barroso ter pedido vista do processo no último dia 15. Aos 12 anos, Júlia dos Santos Rodrigues estava no protesto. Ela sofre de mucopolissacaridose, uma doença que ainda não tem cura e é causada por conta da não produção de determinadas enzimas, podendo afetar, por exemplo, o sistema respiratório e cardíaco, a visão e crescimento. Diagnosticada quando tinha um ano e oito meses, ela participou de uma pesquisa que resultou na aprovação de uma medicação específica, que ainda não existia no país. Agora, ela luta na Justiça para conseguir o medicamento intravenoso que custa cerca de R$ 4 mil por mês. Júlia, que cursa 7º ano, faz circo e sonha em ser veterinária e jogadora profissional de vídeo game, está preocupada com a decisão do STF. Ela teme a regressão de seu estado.

A expectativa de vida de quem não faz uso do remédio é de que o portador da doença não passe da segunda década de vida. O medicamento, entretanto, consegue dobrar esse tempo. “Não é só por mim. Essa decisão não vai só afetar pessoas que têm doenças raras, mas também que têm doenças mais comuns como o câncer, que qualquer um pode vir a ter e o remédio é caro. Tenho muito medo de piorar muito sem o remédio”, afirma Júlia.

Para a presidente da Associação Carioca de Distrofia Muscular, Clara Migowski, o voto contrário do STF será uma sentença de morte aos portadores de doenças raras. Ela luta para que um medicamento europeu, que ainda não foi aprovado pela Anvisa, seja fornecido pelo governo brasileiro. O tratamento custa, pelo menos, R$ 500 mil por ano, e evita a progressão da doença, que tem como característica principal o enfraquecimento progressivo da musculatura esquelética.

Existem dois recursos que estão em análise no STF. Em um deles, o governo do Rio Grande do Norte questiona ter que arcar com um medicamento que não consta no SUS. No outro, uma paciente de Minas Gerais luta para ter acesso a um medicamento não registrado pela Anvisa, mas teve pedido negado pelo estado. Nos dois, A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) atua como parte interessada, defendendo que o tratamento adequado seja garantido aos pacientes. “Todas as vezes que vamos fazer pedidos de medicamentos procuramos ver com as secretarias se elas têm esses remédios, e se o município e o estado têm alguma alternativa terapêutica que seja padronizada. Mas, algumas vezes, tratamentos incluídos no SUS e os medicamentos registrados pela Anvisa não são eficazes para determinados pacientes e a gente não pode deixar essas pessoas descobertas. É uma violação e limitação ao direito à saúde, à vida e à isonomia”, explica a coordenadora de saúde e tutela coletiva da DPRJ, Thaisa Guerreiro.

A DPRJ está fazendo um levantamento do número de ações de pessoas que são assistidas em todo o estado. Mas para se ter uma ideia, em apenas dois meses, a Associação de Famílias e Amigos de Pessoas com Doenças Raras, que ajuda voluntariamente às famílias a recolher documentações necessárias para recorrer à Justiça, realizou 38 pedidos.

Intermédica faz 3ª aquisição em dois anos e avança entre planos de saúde

24/09/2016 - O Estado de S.Paulo


Depois de nove meses de negociações, o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) fechou ontem a compra da Unimed ABC. Com a operação, que deve ser divulgada na segunda feira e não teve valor revelado, a gestora de hospitais e planos de saúde se consolida como a terceira maior operadora no segmento médico hospitalar do País.

Essa é a terceira aquisição feita pelo grupo desde 2014, quando o fundo americano Bain Capital pagou, segundo estimativas do mercado, cerca de R$ 2 bilhões pelo controle da NotreDame Intermédica. Desde então, a empresa subiu duas posições no ranking das maiores operadoras do País em número de beneficiários no segmento médico-hospitalar.

Segundo dados da Associação Nacional de Saúde (ANS), que ainda não consideram a aquisição, o ranking é liderado pela Amil, com 3,87 milhões de vidas, seguido por Bradesco (3,81 milhões), NotreDame Intermédica (1,958 milhão), Hapvida (1,943 milhão) e Sulamérica (1,75 milhão).

Com a aquisição da Unimed ABC, a NotreDame Intermédica incorpora 70 mil vidas, um hospital, cinco centros clínicos e duas unidades de atendimento 24 horas. Para ser concretizada, a operação deve passar pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Segundo o presidente do Grupo NotreDame Intermédica, Irlau Machado Filho, a compra faz parte da estratégia de expansão do grupo que, apesar da crise e da contração do setor, espera fechar o ano com um crescimento de 9% na carteira de beneficiários.

“Além das aquisições, estamos crescendo graças a uma combinação de gestão eficiente, controle de custos e preços de planos que chegam a ser 20% mais baratos do que a concorrência”, resume Machado Filho.

Com 12 hospitais próprios e atuação concentrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, a empresa consegue atender 65% dos sinistros em rede própria, eliminando custos. Segundo Machado Filho, procedimentos dentro de casa chegam a ser 40% mais baratos do que os feitos em rede credenciada.

O desempenho da operadora – que fechou 2015 com faturamento de R$ 2,9 bilhões (crescimento de 18% em relação a 2014) e um aumento de 20% no número de beneficiários (saúde e odontológico) – destoa do cenário geral do mercado de planos de saúde. Pela primeira vez em dez anos, o setor registrou retração em 2015, reflexo da crise e do aumento do desemprego – os planos oferecidos por empresas respondem por dois terços do mercado. Com isso, quase 2 milhões de beneficiários deixaram os planos desde o início do ano passado.

Na avaliação de Paulo Furquim de Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, em função da atenção aos custos e dos preços mais competitivos, a empresa pode ter se beneficiado do movimento de ‘downgrade’ que o setor tem vivido.


INEFICIÊNCIA


Para Azevedo, além da crise em si, o setor sofre com um alto grau de ineficiência, o que faz com que empresas que eliminem algumas imperfeições, consigam se destacar.

“Companhias que chegam com alta tecnologia de informação e de gestão estão conseguindo um espaço de transformação não só em planos, como em hospitais e laboratórios”, afirma, citando outro modelo em expansão: as clínicas populares de consulta médica, como Dr. Consulta.

Para Walter Cintra Ferreira Jr, professor da FGV e coordenador do curso de especialização em administração hospitalar e de sistemas de saúde, o movimento de consolidação do mercado tende a se fortalecer ainda mais. “Quem não tem escala e gestão não consegue mais se estabelecer nesse mercado.”




PGR vai ao STF contra orçamento impositivo e corte de gastos na saúde

23/09/2016 - Valor Econômico / Site


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar dois tópicos do chamado orçamento impositivo, proposta aprovada pelo Congresso em 2015 que alterou o patamar de gastos da União com a saúde pública, entre outras medidas.

Na representação enviada à corte, o procurador-geral inclui um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde que estima uma redução de R$ 20 bilhões no financiamento do sistema de saúde do país no período de 2015 a 2017.

Ele argumenta ser inconstitucional qualquer medida que represente perdas nos direitos fundamentais do cidadão.

"O princípio do não retrocesso social, portanto, visa a proteger direitos sociais concretizados por atos anteriores contra medidas regressivas de órgãos estatais, de forma que ocorra sempre ampliação desses direitos (ou ao menos preservação deles)", escreve.

O orçamento impositivo fixou patamares mínimos de gastos com saúde, que devem crescer progressivamente até chegar a 15% da receita líquida da União, em 2020. Nos anos anteriores, deveriam ficar em 13,2% para o exercício de 2016; 13,7% para 2017; 14,1% em 2018; e 14,5% em 2019.

Antes da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabeleceu novas regras orçamentárias, o governo era obrigado a gastar com a saúde o valor equivalente ao do ano anterior mais o percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Quando o PIB encolhesse no período, o Estado tinha que manter o desembolso dos últimos 12 meses.

"A norma impede retrocessos no montante anual de recursos investidos no SUS. Considerando a essencialidade dos serviços de saúde, mesmo em cenário econômico negativo, deve-se preservar o montante de aplicação de recursos mínimos pela União relativo ao exercício anterior", diz o procurador.

Janot criticou ainda o fato de a proposta do orçamento impositivo ter incorporado ao montante de gastos mínimos para o setor os recursos provenientes da exploração de petróleo e gás, que antes representavam receitas adicionais ao piso.

"Além de reduzir severamente os montantes anuais de financiamento federal [...], a emenda retirou o caráter de "fonte adicional" da parcela de recursos da saúde oriunda da participação no resultado ou compensação financeira por exploração de petróleo e gás natural. Tais mudanças são intensamente prejudiciais ao financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS)", detalhou.

A aprovação do projeto foi considerada uma vitória pelos congressistas. Um dos principais tópicos do texto obriga a União a executar emendas individuais, apresentadas pelos parlamentares, até o limite de 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior.

O ministro Ricardo Lewandowski foi sorteado relator do processo. Não há previsão de quando a causa será julgada.




Maioria das operadoras de saúde é bem avaliada em programa da ANS

23/09/2016 - Valor Econômico / Site


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou nesta sexta-feira que 80,8% das operadoras de planos de saúde foram bem avaliadas pelo Programa de Qualificação da Saúde Suplementar, que anualmente avalia o desempenho das operadoras de planos de saúde por meio do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS).

O IDSS, conhecido como a nota das operadoras, funciona como mais uma ferramenta no momento do consumidor contratar um plano de saúde ou trocar de operadora. Segundo a ANS, o índice também é importante para a indução da melhoria de qualidade e de estímulo à concorrência entre os planos.

Ao longo de 2015, o programa avaliou a atuação de 975 operadoras, sendo 695 do segmento médico-hospitalar e 280 exclusivamente odontológicas. Desse total, 25,9% ficaram com nota máxima entre 0,80 e 1; e 54,9% ficaram com nota entre 0,60 e 0,79, num total de cinco faixas que vão de 0 a 1.

Para definir o IDSS, são analisados 29 indicadores em quatro dimensões: qualidade em atenção à saúde, garantia de acesso, sustentabilidade no mercado e gestão de processos e regulação.


SETOR


Atualmente, o setor de planos de saúde no Brasil possui 48,3 milhões de beneficiários de planos de assistência médica e 22,3 milhões de consumidores de planos exclusivamente odontológicos.




PGR vai ao STF contra orçamento impositivo e corte de gastos na saúde

23/09/2016 - Valor Econômico / Site


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar dois tópicos do chamado orçamento impositivo, proposta aprovada pelo Congresso em 2015 que alterou o patamar de gastos da União com a saúde pública, entre outras medidas.

Na representação enviada à corte, o procurador-geral inclui um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde que estima uma redução de R$ 20 bilhões no financiamento do sistema de saúde do país no período de 2015 a 2017.

Ele argumenta ser inconstitucional qualquer medida que represente perdas nos direitos fundamentais do cidadão.

"O princípio do não retrocesso social, portanto, visa a proteger direitos sociais concretizados por atos anteriores contra medidas regressivas de órgãos estatais, de forma que ocorra sempre ampliação desses direitos (ou ao menos preservação deles)", escreve.

O orçamento impositivo fixou patamares mínimos de gastos com saúde, que devem crescer progressivamente até chegar a 15% da receita líquida da União, em 2020. Nos anos anteriores, deveriam ficar em 13,2% para o exercício de 2016; 13,7% para 2017; 14,1% em 2018; e 14,5% em 2019.

Antes da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabeleceu novas regras orçamentárias, o governo era obrigado a gastar com a saúde o valor equivalente ao do ano anterior mais o percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Quando o PIB encolhesse no período, o Estado tinha que manter o desembolso dos últimos 12 meses.

"A norma impede retrocessos no montante anual de recursos investidos no SUS. Considerando a essencialidade dos serviços de saúde, mesmo em cenário econômico negativo, deve-se preservar o montante de aplicação de recursos mínimos pela União relativo ao exercício anterior", diz o procurador.

Janot criticou ainda o fato de a proposta do orçamento impositivo ter incorporado ao montante de gastos mínimos para o setor os recursos provenientes da exploração de petróleo e gás, que antes representavam receitas adicionais ao piso.

"Além de reduzir severamente os montantes anuais de financiamento federal [...], a emenda retirou o caráter de "fonte adicional" da parcela de recursos da saúde oriunda da participação no resultado ou compensação financeira por exploração de petróleo e gás natural. Tais mudanças são intensamente prejudiciais ao financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS)", detalhou.

A aprovação do projeto foi considerada uma vitória pelos congressistas. Um dos principais tópicos do texto obriga a União a executar emendas individuais, apresentadas pelos parlamentares, até o limite de 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior.

O ministro Ricardo Lewandowski foi sorteado relator do processo. Não há previsão de quando a causa será julgada.




Doses de criatividade

23/09/2016 - IstoÉ - As Melhores da Dinheiro


O SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR vive uma situação que pode ser comparada à de um paciente que demanda muita atenção. Em 2015, os negócios encolheram, algo inédito desde que a Agência Nacional de Saúde (ANS) passou a medir o número de clientes das operadoras de saúde em todo o Brasil, no ano 2000. Só no ano passado, o número de contratos registrados caiu de 50,39 milhões, em 2014, para 49,44 milhões, em 2015, numa perda de 953,2 mil beneficiários. No primeiro semestre deste ano, o caso se agravou: 1,77 milhão de contratos desapareceram por conta do desemprego, que hoje atinge 11,3% da população economicamente ativa do País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse problema deriva, sobretudo, da composição das carteiras das grandes operadoras, que são muito atreladas aos planos coletivos empresariais e por adesão. Juntos, esses planos somam quase 80% dos contratos em vigor, ante menos de 20% dos planos individuais e familiares. Há, porém, quem tenha desenvolvido um remédio eficiente para aliviar as dores causadas pela recessão econômica. E o caso da Bradesco Saúde, vencedora, pelo segundo ano seguido, na categoria Planos de Saúde do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2016.

Na contramão de todo o setor, a companhia adotou a tática de avançar sobre as pequenas e médias empresas, as chamadas PMEs, e conseguiu enfrentar a recessão sem que o vermelho desse as caras em seu balanço financeiro. "Não fomos tão afetados pelo ciclo recessivo porque nosso foco em PMEs manteve a demanda aquecida", diz Mareio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice, empresa do grupo que administra os planos de saúde de coparticipa-ção e que, desde o ano passado, cuida da Novamed, rede de hospitais próprios do grupo.

Os números do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) explicam por que a estratégia da companhia foi certeira. O Brasil abriga mais de dez milhões de micro e pequenas empresas, que faturam, por ano, entre R$ 60 mil e R$ 3,6 milhões. Elas foram responsáveis por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Não é pouco: um de cada quatro reais gerados pelas companhias brasileiras surgiu a partir da atividade de um pequeno empresário. Já em meados de 2013, a Bradesco Saúde percebeu o potencial de crescimento desses empreendedores.

Naquele ano, a controladora Bradesco Seguros iniciou o desenvolvimento de uma nova plataforma web integrada, batizada como Novo Emissão Expressa. Em 2015, essa ferramenta foi aprimorada, permitindo que os corretores tivessem mais rapidez nas cotações e na implantação do seguro saúde. Além dessa plataforma, a companhia reformulou o sistema Movimentação Expressa, que automatiza a movimentação das apólices de três até 199 vidas, voltadas para as micro e pequenas empresas. Na prática, com alguns cliques é possível incluir ou excluir segurados, alterar os dados cadastrais e ainda solicitar a segunda via da carteirinha do segurado, entre outras funções. "As PMEs demandam agilidade de processos e, por isso, oferecer uma plataforma que permite aos corretores cadastrar e anexar todos os documentos online, sem processos manuais, faz toda a diferença", diz Coriolano.

A eficácia dessa estratégia adotada pela companhia é comprovada pelos números. Juntas, Bradesco Saúde e Mediservice encerraram 2015 com faturamento superior a R$ 18 bilhões, alta de 21,9% em relação a 2014. No fim do ano passado, a carteira do segmento PME representava cerca de 31% da receita de planos coletivos, mais do que o dobro dos 14% de 2008. Mas o que chama a atenção é a alta de novos contratos desse segmento, que cresceram 47% em 2015. Neste ano, a receita combinada das duas empresas, no segundo trimestre, foi de R$ 5,2 bilhões e o lucro atingiu R$ 57 milhões. De acordo com dados da ANS, a Bradesco Saúde encerrou os seis primeiros meses do ano com 3.848.024 beneficiários, e atua em 1,4 mil municípios brasileiros. De acordo com Coriolano, no segmento de até 199 vidas, a companhia encerrou o segundo trimestre com mais de um milhão de beneficiários, 137 mil empresas clientes e crescimento de 31,2% do faturamento em relação ao mesmo período do ano anterior.

Outro remédio contra a retração do setor foi o lançamento da Novamed, rede de clínicas pró-prias administradas pela Mediservice. Com duas clínicas na capital paulista, nos bairros da Bela Vista e da Lapa, a Novamed oferece atendimento ambulatorial em várias especialidades, como cardiologia, dermatologia, geriatria, ginecologia, entre outras, e realiza exames e procedimentos cirúrgicos ambulatoriais. A terceira clínica será aberta no início de 2017 em Osasco, município da grande São Paulo onde fica a sede do Banco Bradesco. Mas a ideia é levar a rede para outras capitais do País e chegar a 64 clínicas nos próximos anos. Com a iniciativa, além de facilitar a vida do usuário, que acessa diversas especialidades médicas e realiza exames em um mesmo local, a companhia passa a ter maior controle de seus custos. Afinal, quando o paciente demanda muitos cuidados, a atenção tem de ser redobrada.

STF julgará aborto por microcefalia

24/09/2016 - O Estado de S.Paulo


A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse ontem que pretende julgar até o fim do ano o processo sobre a possibilidade de aborto no caso de grávidas infectadas pelo vírus zika. Em conversa com jornalistas, a ministra ressaltou que o “tema é mais delicado” que o aborto em caso de anencefalia, julgado pela Corte em 2012.

“Eu acho que (o aborto em caso de zika) é mais delicado, até por causa do momento em que estamos vivendo em que aconteceu isso, e a sociedade quer participar (da discussão)”, disse a presidente do STF. Questionada sobre as diferenças desse novo julgamento com o caso dos fetos anencéfalos, Cármen Lúcia respondeu: “É outra coisa, completamente diferente”.

Em abril de 2012, o STF decidiu, por 8 votos a 2, que o aborto de feto sem cérebro não é crime. Cármen Lúcia deu um dos votos favoráveis à possibilidade de interrupção da gestação nesse caso. A Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) é a autora da nova ação, que pede o direito de aborto para mulheres infectadas pelo vírus zika.

Um ministro ouvido reservadamente pelo Estado considera que o novo julgamento será mais controverso, por considerar que os bebês com microcefalia apresentam “potencial de vida”, ao contrário dos fetos anencéfalos.

Em manifestação encaminhada ao STF nesta semana, a Associação Nacional da Cidadania pela Vida (Adira) alega que a descriminalização do aborto para grávidas com zika pode “abrir um perigoso precedente para toda e qualquer outra situação de deficiência” e compara o “aborto eugênico” à limpeza étnica proposta por Adolf Hitler durante a 2.ª Guerra Mundial.


POLÊMICA


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já deu parecer favorável à possibilidade de aborto nesses casos, argumentando que a continuidade da gestação nesse caso representa risco “à saúde psíquica da mulher”, que se torna principal afetada pela infecção. Já a Advocacia-Geral da União (AGU) alega que a interrupção da gestação “seria frontalmente violadora ao direito à vida”.


MÁ-FORMAÇÃO CHEGFA A 9.514 REGISTROS


Três em cada dez casos de microcefalia relatados desde o início da epidemia de zika ainda aguardam confirmação. É o que aponta o mais recente relatório do Ministério da Saúde, com dados até o fim da semana passada.

Até o dia 17 deste mês, 9.514 casos foram notificados em todo o País.

Desses registros, 3.030 (31,9%) permanecem em investigação e 6.484 foram investigados e classificados, sendo 4.535 descartados e 1.949 casos confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso – sugestiva de infecção congênita.




A ameaça das superbactérias

24/09/2016 - IstoÉ


Pela quarta vez na história, a Assembleia Geral das Nações Unidas – evento que reúne os líderes de todos os países integrantes da organização – incluiu nas suas discussões um tema de saúde. Durante o encontro, realizado na semana passada na sede da ONU, em Nova York, os governantes foram apresentados à grave ameaça representada pelos supermicróbios – bactérias e fungos que estão se tornando resistentes à ação de antibióticos e antifúngicos. O que as autoridades ouviram foi que a contínua expansão desses agentes consiste em risco não só para a saúde, mas também para a economia mundial. Segundo estimativa do Banco Mundial, se nada for feito, em cerca de trinta anos os prejuízos monetários serão comparáveis aos provocados pela crise financeira de 2008, que devastou países e da qual o mundo ainda não se recuperou. No cenário mais pessimista traçado pelos analistas, as nações pobres perderão mais de 5% de suas riquezas e cerca de 28 milhões de pessoas serão jogadas na pobreza.

As perdas seriam resultado da combinação do aumento acentuado dos gastos em saúde no atendimento aos pacientes infectados por micróbios resistentes com a redução da força produtiva oriunda da fragilização das pessoas afetadas pelas infecções. Antes dos supermicróbios, apenas a emergência da epidemia de Aids, o crescimento das doenças cardiovasculares e o terror do Ebola tinham ganhado espaço na reunião de líderes mundiais.

O surgimento de agentes infecciosos que não respondem a medicamentos é um problema que há tempos saiu da esfera dos casos individuais e dos ambientes hospitalares para ganhar status de perigo de saúde pública. O fenômeno tem duas origens. A primeira é o uso indiscriminado de antibióticos por parte da população. A cada vez que uma pessoa usa uma medicação deste tipo sem necessidade ou de forma errada contribui para que as bactérias fiquem mais e mais imunes à atuação das drogas. Isso ocorre por mecanismos complexos, mas de forma inevitável.


AÇÕES URGENTES


Utilizar sem necessidade significa, por exemplo, lançar mão de antibiótico quando a infecção é produzida por vírus, como são os casos de gripes e resfriados. Antibiótico só funciona contra bactéria. E fazer uso de maneira errada quer dizer não continuar o tratamento como manda o médico. É comum que os pacientes parem de tomar o medicamento quando sentem a primeira melhora. Mas isso faz com que apenas as bactérias mais fracas morram. As mais fortes, até aquela altura fora do alcance da droga, persistem e se proliferam. Na próxima vez em que for preciso usar um antibiótico, será necessário receitar um mais forte. Até que não exista mais essa opção.

O segundo motor a criar o exército de supermicróbios é a utilização de antimicrobianos na agropecuária. Os remédios são usados na fabricação de ração para fazer com que cresçam mais rápido. A ingestão dos produtos provenientes da carne também fortalece o surgimento de resistência.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 700 mil pessoas morrem no mundo, por ano, devido a infecções causadas por agentes multiresistentes. Entre os principais estão a MRSA, variável resistente da Staphylococcus aureus, uma das principais responsáveis por infecções hospitalares, e as formas resistentes da bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose. Até há pouco tempo, a Neisseria gonorrhoeae, responsável pela gonorreia, respondia a apenas uma classe de antibióticos. No entanto, há relatos de casos que não respondem mais a nem essas medicações. “Se ações concretas não forem tomadas, a situação ficará cada vez pior, a ponto de não termos mais o que usar em epidemias”, diz a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

De fato, corre-se o risco de a humanidade voltar à era pré-penicilina, quando não havia nenhum recurso eficaz contra as bactérias e as doenças infectocontagiosas figuravam entre as primeiras causas de mortalidade. A inclusão do tema na conferência da ONU, porém, sinaliza que finalmente o mundo se dá conta do perigo. “Há o reconhecimento por diferentes pessoas, setores e organizações de que estamos lidando com um enorme desafio”, afirmou Keiji Fukuda, responsável pelo acompanhamento da questão na OMS.

Uma das respostas veio das indústrias farmacêuticas. Treze das maiores companhias anunciaram que trabalharão em conjunto para monitorar casos de resistência e fortalecer campanhas de alerta para o uso equivocado de antibióticos. No entanto, é preciso mais. “Investir na educação contra o uso indiscriminado de antibióticos e estimular atitudes básicas em hospitais, como lavar as mãos, são algumas das ações”, diz a médica Rosana.

O papel dos restaurantes contra as superbactérias

Na mesma semana na qual o perigo dos supermicróbios chegou à discussão na ONU, um relatório organizado por entidades de defesa do consumidor, segurança alimentar e meio ambiente apontou que as grandes cadeias de fast food ainda precisam fazer a sua parte para conter a ameaça. O documento faz um ranking mostrando como empresas como a Subway, o McDonalds e a Pizza Hut estão adotando na prática políticas que levem à extinção da oferta de carnes provenientes de animais alimentados com rações enriquecidas com antibióticos. Muitas redes estão reduzindo bastante a quantidade de antibiótico nas carnes que servem, especialmente na de frango, mas ainda há muito o que ser feito.




Intermédica paga R$ 125 milhões pela Unimed ABC

26/09/2016 - Valor Econômico


A NotreDame Intermédica, terceira maior operadora de planos de saúde do país, adquiriu a Unimed ABC por cerca de R$ 125 milhões, segundo o Valor apurou. É a primeira vez que uma cooperativa médica é comprada por uma operadora que não faz parte do sistema Unimed - o que pode desencadear outras transações semelhantes no mercado. Atualmente, há cerca de 300 cooperativas médicas que juntas detém 18 milhões de usuários, ou seja, 37% do setor, e muitas delas enfrentam dificuldades financeiras.

Esse foi o motivo que levou a Unimed ABC ser vendida. A cooperativa médica do ABC paulista, polo da indústria automobilística, perdeu muitos clientes por causa da recessão do setor automotivo e viu sua situação econômica se agravar com a quebra da Unimed Paulistana, que lhe deixou uma dívida de cerca de R$ 18 milhões. Em nove meses, a Unimed ABC perdeu mais de 20 mil usuários.

A transação envolveu a compra de uma carteira com 70 mil clientes, um hospital com 110 leitos, cinco centros clínicos e duas unidades de pronto atendimento - ativos que se encaixam com o perfil da Intermédica que tem uma ampla rede própria e já tem presença em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema. Além disso, a Intermédica tinha interesse em fortalecer sua presença nessas cidades porque, em abril, a Amil comprou o Grupo Santa Helena que tem hospitais e clínicas no ABC.

Ainda de acordo com fontes do setor, os recursos da venda serão usados para cobrir os prejuízos da Unimed ABC deste ano e de 2015, dívidas com fornecedores e uma parte será mantida na cooperativa médica para possíveis passivos futuros. Em 2015, a cooperativa médica apurou um prejuízo de quase R$ 37 milhões e neste ano deve amargar outro resultado negativo.

Os médicos cooperados não vão receber prêmio pela venda do negócio, mas não vão precisar colocar dinheiro do próprio bolso para cobrir as perdas. A Unimed ABC tem cerca de 200 médicos associados. Pelas regras das cooperativas, os médicos associados são obrigados a colocar recursos próprios quando há prejuízo. Isso aconteceu com a Unimed Paulistana e deve ser feito com a Unimed Rio. Na próxima semana, a cooperativa carioca realizará uma assembleia em que deve definir que cada médico precisa contribuir com R$ 90 mil, segundo o Valor apurou.

Ainda de acordo com fontes do setor, a própria diretoria da Unimed ABC preferia um formato de transação que não envolvesse uma outra cooperativa. Hoje, uma das críticas do setor é que as cooperativas médicas acabam absorvendo carteiras problemáticas de outras Unimeds. Esse caso aconteceu com a Unimed São Paulo que faliu e seus clientes foram transferidos para a Paulistana que, por sua vez, também fechou as portas em 2015.

As negociações para a venda da cooperativa médica do ABC levaram cerca de seis meses, sendo que outros competidores também se interessaram pelo ativo. A Unimed ABC foi assessorada pelo banco Santander e escritório Mattos Filho e a Intermédica teve apoio da consultoria Setter Investimentos e Pinheiro Neto Advogados.

Adquirida há dois anos pela gestora americana de private equity Bain Capital por R$ 2 bilhões, a Intermédica tem se posicionado como uma forte consolidadora e está com um caixa robusto. Em 2015, o lucro líquido foi de R$ 236 milhões, um salto de 245% e o lucro antes de juros, impostos e depreciação (Ebitda) avançou 110% para R$ 330 milhões. Já a receita líquida alcançou R$ 2,9 bilhões, alta de 18% quando comparado a 2014. Além disso, o grupo que possui 3,6 milhões de usuários e planos de saúde e dental, vem investindo fortemente na modernização de sua rede própria e marca.




A perda da audição e a possível recuperação

24/09/2016 - Folha de S.Paulo


A progressiva dificuldade de muitas pessoas poderem dialogar adequadamente em locais ruidosos está relacionada a danos em conexões das fibras do nervo auditivo com as células sensoriais do ouvido interno (cóclea).

Essas células convertem os sons em sinais elétricos transmitidos ao cérebro. Os danos nas sinapses podem ocorrer antes da perda de atividade das células sensoriais e é denominado "perda oculta da audição", sugere estudo.

A pesquisa, realizada por pesquisadores de Harvard, é relatada este mês na revista "Plos One".

Segundo a pesquisa, realizada no Departamento de Olhos e Ouvido da universidade, a exposição crônica ao ruído pode levar à perda de 50% das sinapses das células do ouvido interno com neurônios da cóclea. E os mesmos danos podem ocorrer com as pessoas, pelo envelhecimento.

Os autores referem que o problema observado nas sinapses abre uma possibilidade para uma terapia regenerativa, na qual o emprego de substâncias de fator crescimento (neurotrofinas) poderiam eventualmente reconectar células sensoriais com os neurônios, quando detectados precocemente nesses pacientes.

Na segunda (26), transcorre o Dia Nacional dos Surdos, instituído na Lei nº 11.796 de 29 de outubro de 2008. A data comemora a criação em 1857, no Rio, da primeira escola brasileira para surdos.




‘Coração e pulmão artificiais’ salvam bebê

25/09/2016 - O Estado de S.Paulo


Parecia uma tosse inofensiva, dessas comuns nos primeiros anos de vida de qualquer criança. O quadro, porém, não era tão simples quanto aparentava. Davi, então com 1 ano e 4 meses, havia sido contaminado por um vírus respiratório agressivo. Poucas horas após chegar ao hospital, ele estava na UTI, entubado e com poucas chances de sobreviver.

Não era a primeira vez que Angélica Hadish Miguel Vila Santos, de 28 anos, e Jefferson Souza Vila Santos, de 30, tinham de lidar com o medo da morte de um filho. Nos dois anos que antecederam a internação de Davi, o casal perdeu outros dois meninos.

Angélica ficou grávida de trigêmeos em maio de 2014, mas um dos bebês morreu já na oitava semana de gestação. O segundo menino, Lucas, teve uma má-formação que o impediu de desenvolver os rins. Os médicos diziam que ele sobreviveria apenas algumas horas. Lucas viveu quase cinco meses, mas não resistiu quando seu corpo começou a rejeitar os inúmeros tratamentos e medicamentos.

Fazia quase um ano da morte de Lucas quando Davi foi internado no Hospital Infantil Sabará, por causa da infecção respiratória, em março de 2016. “A gestação já tinha sido muito complicada, tive um aborto e depois passei a gravidez inteira sabendo que o Lucas também não ia sobreviver. Ver o Davi na mesma situação me remeteu à outra perda. Fiquei sem chão”, conta Angélica.

A cada hora que se passava, a situação do menino ficava pior.

Os pulmões dele não reagiam nem com a ajuda de aparelhos e a família foi obrigada a tomar uma decisão. “O médico me falou que se ele não entrasse na ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), a chance de amanhecer sem vida era de 90%”, diz ela, referindo-se a um tratamento em que o sangue sai do corpo por um cateter para receber oxigênio por meio de uma membrana externa. Por sua complexidade e risco de sequelas, a tecnologia é oferecida em poucos hospitais do País e indicada somente para casos gravíssimos. “O equipamento é como se fosse um coração e um pulmão artificiais. É usado quando o paciente não consegue respirar nem com a ajuda de aparelhos ou quando o coração está bem fraquinho. No caso do Davi, a gente fez a ventilação mecânica, mas, mesmo assim, o sangue não oxigenava, o vírus tinha paralisado os pulmões dele.

Sem oxigênio, os outros órgãos começam a se deteriorar”, explica Grace Van Leeuwem Bichara, cardiologista pediátrica e diretora do programa de ECMO do Hospital Sabará.


AVAL


Angélica e Jefferson foram alertados do risco de sequelas pelo uso do aparelho. O menino poderia sofrer acidente vascular cerebral (AVC) ou uma trombose. “Nunca nem tinha ouvido falar dessa máquina. Fiquei com medo, mas não pensei duas vezes em autorizar. Era praticamente a única chance de salvar meu filho”, diz Angélica.

Davi ficou seis dias respirando pela ECMO e outros 15 internado.

No dia 6 de abril, o bebê teve alta, curado da infecção e sem sequelas.

Até hoje, a família tem cuidados redobrados com Davi porque seu sistema imunológico ainda é frágil. Os problemas de saúde, no entanto, não atrapalharam o desenvolvimento do menino. Ele corre, pronuncia as primeiras palavras, adora pintar e desenhar e, com apenas 1 ano e 10 meses, já mostra habilidades tecnológicas de dar inveja aos menos conectados. “Ele pega meu celular, entra no YouTube e coloca o desenho da Peppa Pig. Sabe tirar selfie também”, diverte-se a mãe. Depois de tanta luta, nada mais justo do que aproveitar a infância.




Célula infectada com HIV age contra tumor

24/09/2016 - Folha de S.Paulo


Existem aplicativos que facilitam a vida nas grandes cidades com a proposta de mostrar rotas mais rápidas, calcular tráfego e tempo necessário para se chegar ao destino final. Um pesquisador brasileiro, ao estudar um tipo específico de célula-tronco, parece ter encontrado um tipo de "aplicativo biológico" com função parecida.

A diferença entre essa e a versão de celular é que o destino não pode ser alterado, é sempre um agressivo tumor cerebral. Dispondo de um "GPS orgânico", a ideia é destruir o tumor ao direcionar para ele células infectadas com HIV (vírus da Aids) modificado. Pode parecer ficção científica, mas é ciência.


CÉLULA-TRONCO


O uso de HIV para curar tumores em camundongos começou quando o grupo de estudos de Alexander Birbrair, pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), descobriu que poderia criar células-tronco neurais a partir de algumas células do músculo.

Ao estudarem os pericitos, pequenas células que ficam em volta dos vasos sanguíneos, os pesquisadores perceberam que, a partir deles, era possível conseguir células-tronco similares às neurais.

"Células-tronco neurais estão presentes no organismo somente no cérebro. Se você quiser esse tipo de célula para qualquer tipo de terapia, é necessário fazer uma biópsia do cérebro, o que não é possível", diz Birbrair.

Além dessa, todas as outras formas de conseguir essas células acabam travadas por problemas éticos. Daí a importância de obtê-las a partir de tecido muscular, que é abundante e de fácil acesso no corpo humano.


NO ESCURO


Como um mímico puxando uma corda invisível, as células-tronco neurais descobertas pela equipe de Birbrair são atraídas para um agressivo tumor cerebral, o glioblastoma.

Esse tipo de câncer é veloz e costuma se espalhar, gerando metástase. Isso poderia ser um problema para drogas que fossem direcionadas para o tumor principal, pois os tumores secundários, dispersos, não seriam atingidos.

O cérebro, além disso, possui barreiras naturais que dificultam a chegada de medicamentos. Retirar mecanicamente tumores também se mostra problemático, considerando o quão invasivo é o procedimento.

Em testes com camundongos, contudo, todos os tumores foram alcançados pelas células-tronco neurais. Restava pensar em estratégias para usar essa habilidade.

"Vimos que essas células poderiam funcionar como veículos, como carregadores de alguma coisa tóxica para a célula tumoral. Era muito importante pensar em alguma coisa que não destruísse o resto normal do cérebro", diz Birbrair.


EXTERMINADOR


Foi aí que a equipe de pesquisa, utilizando-se dos achados de estudos realizadas por outros grupos, pensou no HIV, que se mostrou um excelente candidato para a tarefa.

Por meio de engenharia genética, Birbrair modificou o vírus, tornando-o inofensivo, e infectou as células-tronco neurais descobertas.

Desse modo, conseguiu alterar o DNA das células e fazer com que elas produzissem continuamente uma substância antitumoral, o Trail (acrônimo que, não por acaso, tem o significado de caminho ou trilha, em inglês).

Agora a equipe tinha o transporte e a arma necessária para finalmente levar a missão a cabo. "Colocamos as células-tronco neurais que produziam a substância em contato com células tumorais. Vimos que essas células-tronco conseguiam matar o tumor", diz Birbrair. Essa forma de terapia por enquanto está em fase de testes em camundongos.

Por enquanto, os pesquisadores ainda não sabem os efeitos a longo prazo das células-tronco enviadas para o cérebro. De toda forma, a expectativa de sucesso quanto ao método terapêutico utilizado é alta.

"No futuro talvez a gente possa tratar certas doenças do sistema nervoso central, como as neurodegenarativas, com o vírus da zika levando algum tipo de medicamento", especula Birbrair.

A pesquisa foi publicada recentemente pela revista científica "Stem Cells Translational Medicine".

O pesquisador afirma que a parte mais difícil de todo o processo é obter financiamento para a pesquisa.

"O mais trabalhoso é você conseguir o dinheiro necessário para fazer isso tudo. Não deveria faltar verba para pesquisas que podem trazer esse tipo de benefício para a população", afirma.

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.