CLIPPING - 25/08/2016
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
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Quanto custa ao Brasil prorrogar patentes de medicamentos?
24/08/2016 - Época Online
Os acontecimentos e as datas se misturam na memória da advogada e cientista política Sandra Starling, ex-deputada. Já se vão mais de 20 anos desde que ela ocupou uma das principais funções na elaboração da lei que protege, no Brasil, os direitos de quem cria uma nova tecnologia. Se tem algo de que Sandra se lembra muito bem é do clima de pressão no Congresso: "A gente ficava parecendo uma barata tonta". Nos primeiros anos da comissão especial criada para elaborar a chamada lei de patentes, no início da década de 1990, Sandra ocupou a vice-presidência. Os congressistas, dos quais poucos tinham conhecimento técnico para lidar com o assunto, eram alvo do poder de persuasão de grupos que representavam setores da indústria nacional e estrangeira, empenhados em fazer a norma atender a seus interesses. "Eles nos cercavam nos corredores da Câmara, nos abordavam quando subíamos do plenário para comer no restaurante", afirma Sandra. "Era um inferno."
A lei, aprovada em 1996, depois de cinco anos de turbulenta tramitação no Congresso, pode parecer distante da vida cotidiana dos brasileiros, mas tem um impacto direto no dia a dia. É ela que determina quanto tempo demorará para que um medicamento, por exemplo, chegue mais barato às farmácias e ao governo, que faz compras em larga escala para abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Quando a patente de um medicamento expira, empresas concorrentes podem fabricar genéricos da droga original. Por lei, eles são, no mínimo, 35% mais baratos. Um levantamento do Procon-SP, feito em maio, encontrou preços ainda menores: em média, 57% mais baratos. Um caso emblemático do efeito da patente é o que aconteceu com o preço da droga considerada como a mais rentável da história, após o fim da patente, em 2011. O preço do medicamento contra colesterol Lípitor caiu quase pela metade após a patente acabar em 2011. Se um ano antes da expiração, os valores ficavam em torno de R$ 145 por caixa, hoje os do genérico atorvastatina giram em cerca de R$ 70.
Os genéricos só podem chegar ao mercado depois de 20 anos de o pedido de patente do original ter sido depositado pelos inventores. O prazo é um padrão internacional e faz parte da lei brasileira. Mas pode ser maior no Brasil, em razão de uma particularidade da lei nacional que permite estender o período de vigência da patente. Um novo levantamento sugere que, em razão dessas prorrogações, o governo brasileiro gastaria R$ 2 bilhões adicionais na compra de nove medicamentos analisados no estudo. São drogas usadas no tratamento de câncer, Aids e hepatite C (quadro abaixo). Como continuarão protegidas por patentes alguns anos depois de ter expirado os 20 anos do depósito do pedido - em média 3,8 anos a mais - o governo não poderá comprar genéricos desses medicamentos durante esse período. O cálculo foi feito por pesquisadores do Grupo de Economia da Inovação do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para fazer a estimativa, eles consideraram que os genéricos custam 40% menos do que as drogas de marca. Com base em preços das aquisições governamentais e do volume de compra nos últimos três anos, incluindo as feitas em decorrência de medidas judiciais, chegaram ao custo de prorrogar a proteção da marca do medicamento.
As drogas analisadas foram escolhidas a partir de uma lista de princípios ativos, cujas patentes foram ou serão estendidas, elaborada pela Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades, a Abifina. A entidade representa empresas farmacêuticas que produzem medicamentos genéricos no Brasil. "Esse dinheiro poderia ser usado em outras áreas da saúde ou para fomentar o desenvolvimento de inovações nacionais", diz a economista Lia Hasenclever, uma das autoras do levantamento, realizado pela UFRJ a pedido da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), uma organização não-governamental. Dentre a lista da Abifina, foram selecionados os medicamentos que são distribuídos no SUS.
O novo levantamento revela apenas uma fração dos custos para a saúde pública gerada pela extensão de patentes de medicamentos. O escritório do governo brasileiro encarregado de analisar e conceder - ou não - patentes, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), estima que, atualmente, 1.082 patentes de medicamentos se beneficiam da prorrogação. Entre os pedidos que esperam análise e que poderão usufruir do tempo adicional, estão outras 2.437 patentes.
A possibilidade de extensão é considerada um abuso por grupos como a Abia e a Abifina. A condição não é uma exigência do tratado de propriedade intelectual do qual o Brasil e outros países membros da Organização Mundial do Comércio são signatários. O Trips estabelece os padrões mínimos de respeito à propriedade intelectual e foi firmado em 1994, em um contexto de sanções comerciais dos Estados Unidos ao Brasil. "A extensão de patentes é uma medida Trips plus, que fere o direito à saúde e à concorrência", afirma a advogada Marcela Vieira, coordenadora de projetos da Abia.
O trecho da lei de patentes que permite a prorrogação está sendo questionado no Supremo Tribunal Federal. Em maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ajuizou uma ação de inconstitucionalidade pedindo a suspensão do parágrafo único do artigo 40, que autoriza a extensão. A prorrogação é prevista em casos em que, quando a patente é concedida, após análise do INPI, restem menos de dez anos do seu prazo de vigência. Na prática, isso faz com que medicamentos continuem protegidos para além dos 20 anos previstos em lei, como é o caso do antirretroviral Intelence, no tratamento de pessoas com o vírus HIV. O pedido de patente foi depositado no Brasil pela empresa Janssen, do grupo americano Johnson & Johnson, em 24 de setembro de 1999. A patente só foi concedida em 19 de novembro de 2013, 14 anos depois. Isso significaria que o medicamento só teria mais 6 anos de proteção até sua patente expirar. Graças à prorrogação prevista pela lei, a patente da droga ganhou mais 4 anos de validade para completar os 10 anos de vigência previstos após a concessão.
A ação de Janot é uma resposta a uma ação anterior, movida pela Abifina, a associação dos produtores de genéricos. A Procuradoria-Geral da República considerou que, segundo os ritos jurídicos, a entidade não poderia entrar com o pedido no STF, mas considerou que os argumentos procediam e ajuizou uma ação. A atual disputa jurídica é um indício de que a batalha entre os grupos de pressão que atuaram nos bastidores da aprovação da lei de patentes, há 20 anos, continua a ser travada. "O coração do conflito foi entre dois grandes lobbies, o da indústria farmacêutica nacional e a estrangeira", afirma a jornalista e advogada Renata Reis. No ano passado, ela defendeu no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro uma tese de doutorado em que estudou os grupos que agiram na Câmara dos Deputados durante o processo de tramitação da lei.
O projeto, elaborado à princípio no Executivo e encaminhado à Câmara dos Deputados, previa que medicamentos poderiam ser patenteáveis, algo que não estava previsto no código que regia o assunto até então, em vigor desde 1971. As multinacionais, que concentram o desenvolvimento de pesquisas e costumam ser as detentoras das patentes, empurravam os congressitas - e a lei - em favor da defesa das invenções. As nacionais, que podiam produzir versões similares de medicamentos, queriam uma legislação mais flexível, principalmente sobre a partir de quando as novas regras começariam a valer.
"Foi uma briga de foice no escuro entre as farmacêuticas nacionais e as multinacionais", afirma a ex-deputada Sandra Starling. "Sabe como é lobbista", diz Sandra, que à época exercia seu primeiro mandato como deputada federal pelo PT, depois de cumprir um mandato estadual. "Eles procuravam um amigo seu e pediam para ele intermediar um encontro. Quando você via, estava de cara com o inimigo." Por inimigo, Sandra entendia grupos que eram contrários aos interesses da indústria nacional, cujo desenvolvimento ela diz que era seu objetivo proteger. À época, Sandra exercia seu primeiro mandato como deputada federal pelo PT, depois de cumprir um mandato estadual. "Da indústria nacional, eu recebia todo mundo. Das multinacionais, não recebia ninguém", afirma. "Contei que coloquei o representante da embaixada dos Estados Unidos da porta para fora do meu gabinete?", diz Sandra, cujas décadas de idas e vindas a Brasília não abalaram em nada a mineirice do seu falar, mas afetaram suas convicções partidárias. Em 2010, quando o PT se aliou ao PMDB na disputa pelo governo de Minas Gerais, ela se desfiliou do partido que ajudara a fundar, na década de 1980. Hoje, aos 72 anos, dedica-se a escrever artigos para jornais e a "tentar entender a política nacional".
A lei das patentes, aprovada em 14 de maio de 1996, estabeleceu que os medicamentos seriam patenteáveis e determinou o prazo de 20 anos de vigência para patentes de invenção, além da possibilidade de estendê-las caso o processo de aprovação demorasse mais do que 10 anos. "A indústria farmacêutica multinacional foi a que teve mais posições atendidas na lei", diz Renata. Em seu doutorado, ela contabilizou como os interesses de vários grupos de pressão apareceram na redação final da lei. Além das farmacêuticas, ela avaliou a atuação de representantes da ciência brasileira, de setores de informática e de outras áreas da indústria. Segundo seus critérios, a indústria farmacêutica multinacional foi quem mais teve posições plenamente atendidas: em quatro dos sete tópicos avaliados por Renata, inclusive, no prazo de vigência. A indústria nacional teve duas posições atendidas, ainda que parcialmente (quanto ao que poderia ser patenteado e à possibilidade de o governo autorizar a produção de genéricos em algumas situações). A avaliação de Renata se restringiu à tramitação da lei na Câmara dos Deputados. Ela não analisou como aconteceram as alterações feitas no projeto quando ele foi para o Senado, antes de voltar para a aprovação final dos deputados.
Drogarias São Paulo e Pacheco
25/08/2016 - DCI
Drogarias São Paulo e Pacheco disponibilizam convênio à MPEs. Segundo a rede, a novidade inclui benefício para empresas de 50 a 250 colaboradores, garantindo descontos em medicamentos e débito em folha de pagamento. “Somos a primeira companhia a perceber a necessidade de atender estes empresários e funcionários que movimentam a economia do
Novo anticoagulante não provoca hemorragia
25/08/2016 - Correio Braziliense
Para combater problemas causados pela coagulação do sangue, como a trombose, médicos prescrevem antitrombóticos. O medicamento impede a formação de placas sólidas do fluido em vasos sanguíneos, mas carrega um risco: o de desencadear sangramentos ininterruptos. Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram um anticorpo que não causa esse perigoso efeito adverso. Detalhes do trabalho foram divulgados na edição desta semana da revista Science Translational Medicine.
“A trombose é a causa proximal da maioria dos enfartes do miocárdio, dos derrames e de outros eventos cardiovasculares. É uma grande precedente de mortalidade. Drogas antitrombóticas diminuem a trombose, mas prejudicam a hemostasia (mecanismo que cessa a perda de sangue de um vaso danificado). Por isso precisamos de uma opção melhor, que tenha tanto eficácia quanto segurança”, justificaram os autores no artigo.
Liderada por Shaun Coughlin, pesquisador do Centro de Pesquisa em Câncer Hellen Diller (EUA), a equipe desenvolveu um anticorpo que consegue inibir uma das proteínas responsáveis pela coagulação, o fator de coagulação XI (FXIa). A nova droga se liga ao fator XI e bloqueia sua atividade enzimática, evitando o sangramento. “Nossa intervenção bloqueou a função FXIa ativa no local, mas não se ligou a outros mecanismos de coagulação, não causando, assim, efeitos secundários”, explicaram os autores no trabalho.
Os cientistas testaram a droga em ratos, coelhos e macacos. A substância não provocou sinais de hemorragia nas cobaias, mesmo quando elas receberam doses mais altas do que as necessárias para evitar a coagulação. “Ela não aumentou o sangramento em coelhos induzidos a ter trombose e não causou hemorragia espontânea em macacos durante um estudo de duas semanas”, detalharam.
Para Ricardo Chaves Machado, Hematologista do Hospital Santa Lúcia e do Hemocentro de Brasília, o uso do fator de coagulação XI é o grande diferencial do trabalho norte-americano. “São muitos os elementos envolvidos na coagulação do sangue. O fator XI foi uma escolha interessante porque ele não causa muitas consequências no sangramento comparado a outros fatores, como o VIII e o IX, que são os mecanismos que geram problema para os hemofílicos”, explicou.
O especialista também destaca que, caso se repitam em testes futuros, os resultados podem trazer um grande ganho para a área médica. “Aparentemente, é um grande avanço. Por exemplo, tenho pacientes que usam medicamentos anticoagulantes que já causaram problemas como sangramento intestinal. Eles se beneficiariam com uma opção melhorada. Precisamos ter cautela com os resultados, mas a diminuição de reações adversas é importante e contribuiria de forma muito positiva para tratamentos.”
ANTÍDOTO
Os investigadores desenvolveram um segundo anticorpo que serve como uma espécie de antídoto: reverte rapidamente a atividade do primeiro. A substância também foi testada em animais e obteve sucesso. Machado destaca que uma opção que anule o efeito do anticorpo anticoagulante é uma estratégia necessária. “Se uma pessoa toma esse medicamento, mas sofre um acidente de carro e precisa reverter esse efeito, essa droga é necessária para que ela possa receber o tratamento adequado”, detalhou.
Os autores darão continuidade ao trabalho e acreditam que outros testes com a nova droga poderão ajudar a trazer mais informações quanto ao fator de coagulação estudado. “Esse anticorpo específico, além de ter bloqueado a trombose em modelos animais, pode nos ajudar, em conjunto com sua versão de reversão, a explorar melhor os papéis do fator XI em outras enfermidades humanas”, concluíram.
Aspirina a cada 3 dias também evitaria enfarte
25/08/2016 - O Estado de S.Paulo
Tomar aspirina para evitar problemas como enfarte e AVC sem ter complicações gastrointestinais é um desafio para pacientes que fazem uso do medicamento. Mas um estudo de pesquisadores brasileiros conseguiu encontrar uma alternativa: ao trocar a dose diária do remédio pela administração a cada três dias, os efeitos benéficos foram alcançados sem afetar outras partes do organismo.
“Medimos uma substância produzida no estômago chamada prostaglandina, que é um protetor gástrico. Quando o paciente toma todos os dias, ocorre uma redução de 50% dessa substância. Ao tomar de três em três dias, não ocorre a diminuição e se mantém a eficácia da aspirina”, diz o coordenador da pesquisa, Gilberto De Nucci, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). A pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e da Biolab Farmacêutica.
O ácido acetilsalicílico (AAS) já é um antigo conhecido dos especialistas da área de saúde por sua capacidade de “afinar o sangue”, como é chamado popularmente o seu potencial de evitar que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos. “A aspirina inibe a atuação das plaquetas, que estão entre os responsáveis pela coagulação do sangue. Ela atua como um antiagregante”, explica Marcus Vinícius Bolívar Malachias, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O estudo foi feito com 28 pacientes saudáveis e publicado no periódico The Journal of Clinical Pharmacology. O artigo recebeu o destaque de “escolha do editor”.
Para os pacientes, o maior benefício de evitar as complicações gástricas é que elas costumam ser silenciosas. “A aspirina causa irritação gástrica que não necessariamente tem sintomas e o paciente pode ser surpreendido, mesmo com doses baixas, por hemorragia gástrica. Apesar do uso de protetores gástricos”, afirma De Nucci.
ORIENTAÇÃO
Malachias diz que mais pesquisas devem ser feitas até que a recomendação de doses a cada três dias chegue aos consultórios. “A pesquisa é de uma inteligência imensa e grande originalidade. O ideal é que o modelo seja replicado na vida real, mas é importante que sejam realizados mais testes. A maioria da população deve continuar tomando (o remédio) todos os dias. Há um longo caminho, mas abre a perspectiva para os intolerantes à aspirina diária.”
Na dose certa
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
No terceiro subsolo de um hospital paulistano, Menina empacota cada unidade de comprimido ou ampola e aplica um código de barra.
Depois envia o remédio ao setor em que está o paciente a quem ele foi prescrito.
Por hora, ela é capaz de processar 453 unidades. Num mês, mais de 320 mil.
Menina é Pill Pick, um dos dois robôs de um sistema de R$8 milhões que gerencia remédios e suprimentos no Sírio Libanês, no centro de SP.
O outro é Box Picker. Quando os 462 pacientes internados precisam de xarope, gotas ou pomadas, ele os localiza no estoque e libera na quantidade indicada.
Para a equipe da farmácia central, ele é o Menino, porque “só pega e guarda” —já Menina “é capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo”.
Quando o remédio chegar ao quarto, será preciso escanear o código de barras do remédio, a pulseira de identificação do paciente e o crachá do auxiliar de enfermagem.
Esse controle desde a caixa de medicamento até o paciente, chamado de beira-leito, é a etapa mais completa de um conjunto de máquinas, softwares e processos que evita perdas de remédio e insumos.
Sem ele, o desperdício pode chegar a 20%, segundo a consultoria McKinsey.
A economia pode representar 1,4% do faturamento, segundo a mesma consultoria.
Num hospital de 200 leitos no Brasil sem unidade de oncologia, empresas do setor calculam uma economia anual de R$ 2,9 milhões.
REDE PÚBLICA
O impacto é ainda maior nas redes públicas: 4 em cada 10 hospitais pesquisados pelo TCU em 2014 relatam desperdício de remédios por má gestão ou negligência.
Como o processo de compra é mais complexo e lento, é preciso formar estoques para muitos meses, o que também amplia as perdas por prazo de validade vencido, manipulação errada e furto.
Redes de saúde estaduais e municipais, que podem ganhar com a escala —em vez de dez operações para 50 leitos cada, fazem apenas uma para os 500—, são outro cliente promissor para o serviço terceirizado de logística.
Com alta regulação, forte investimento em tecnologia, sistema de segurança complexo e, principalmente, necessidade de know-how, o segmento tem “só uma meia dúzia” de empresas, diz Mayuli Fonseca, diretora de novos negócios da UniHealth, uma das maiores no país.
Os fornecedores de soluções costumam ser grupos que ganharam experiência com logística para a indústria farmacêutica. Com o crescimento da competição no setor de transportes, eles encontraram uma opção mais especializada e mais lucrativa na logística hospitalar.
A UniHealth vendeu sua transportadora e hoje opera só com soluções, para cem clientes. As concorrentes ainda conciliam as duas atividades, como a RV Ímola, que controla remédios e insumos para 5 de seus 80 clientes. Um deles é o hospital estadual de Vila Penteado (SP), com 198 leitos, que ganhou eficiência e agilidade, segundo o chefe da farmácia, Celso Vicente de Almeida.
Segundo a McKinsey, a digitalização economiza até 40% das horas de trabalho das equipes técnicas,oque permite ao hospital concentrar profissionais nos atendimentos a pacientes.
Boa parte desse tempo era perdida com recalls de produtos feitos pela Anvisa —segundo a agência, todos os dias há suspensão provisória ou definitiva de lotes de produtos ligados a saúde.
Com o controle digital, é possível saber exatamente onde está cada lote e, dependendo do caso, acompanhar pacientes que tenham recebido os medicamentos.
MENOS ERROS
Para os pacientes, o benefício mais relevante é que os controles digitais reduzem os erros de medicação, que não são incomuns. Podem ocorrer em até 80% dos procedimentos, segundo pesquisa da Northwestern University, de 2002, e afetar 20% dos pacientes, segundo a McKinsey.
Há pelo menos 12 tipos de falhas identificadas por vários estudos médicos: receitas erradas ou mal interpretadas, falta de prevenção a alergias ou interação medicamentosa, dosagens maiores ou menores, dadas em horário incorreto, por menos ou mais tempo que o prescrito.
Remédios ministrados na hora errada são o erro mais comum, e o sistema beira-leito —que registra quem foi o auxiliar de enfermagem que deu o remédio ao paciente— faz essa falha cair em 90%, segundo a UniHealth.
Não é necessário, porém, que o rastreamento dos remédios até o paciente seja digital para que o hospital receba um selo de qualidade das entidades acreditadoras.
O Brasil tem hoje 131 instituições particulares e públicas com notas máximas nas acreditações, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde).
Contam-se nos dedos das mãos, porém, os que implantaram o sistema completo.
Um dos principais hospitais do país, por exemplo, o Albert Einstein (São Paulo), é acreditado desde 1998, mesmo sem beira-leito —que planeja implantar até o final deste ano— ou separação robotizada —prevista para 2017.
“O que se ganha com a informatização é agilidade”,diz Nilson Malta, diretor de automação da instituição, que desde 2005 controla digitalmente o estoque de remédios.
O hospital também investirá nos crachás com chip e trocará todo o sistema de prontuário eletrônico, com investimento total de R$ 180 milhões. A meta é implantar o controle completo não apenas nos leitos de internação, mas em todas as unidades, incluindo pronto atendimento e centro cirúrgico.
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A disputa entre irmãos no Hermes Pardini
25/08/2016 - Valor Econômico
A família que comanda um dos maiores laboratórios de análises clínicas do país, o Hermes Pardini, de Minas Gerais, negocia mudanças no papel de uma das sócias e herdeiras da empresa.
Áurea Pardini, detentora de 23% do negócio e integrante do conselho de administração, poderá perder poderes, incluindo o de vetar algumas operações, segundo apurou o Valor PRO serviço de informações em tempo real do Valor.
A mudança, se concretizada, tem potencial para facilitar futuras negociações sobre fusão ou venda da empresa. E será mais um episódio da relação traumática entre os irmãos, filhos do médico que fundou e deu seu nome à empresa há 57 anos.
No ano passado, a companhia faturou R$ 831 milhões e espera fechar 2016 com R$ 1 bilhão.
Áurea, filha mais velha, não participa diretamente da gestão da empresa. Regina, filha do meio, tampouco tem influência decisiva nos rumos do laboratório. É Victor Pardini, o mais novo dos três, quem ocupa a presidência do conselho e exerce papel central. Cada um detém a mesma fatia da empresa e compõem o bloco majoritário. O Gávea, fundo de investimentos do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, detém desde 2011 os outros 30%.
Na família Pardini, as divergências se dão, sobretudo, entre Victor e Áurea. Em 2014, foi Áurea quem levantou uma série de questionamentos a respeito das condições que estavam na mesa de negociação para o que seria a fusão do Pardini com o Laboratório Fleury, de São Paulo.
O negócio, que estava sendo costurado pelo Gávea, acabou frustrado por resistências dela em relação ao preço de avaliação da empresa e por outros dois aspectos: a porção minoritária que a família passaria a ter na nova empresa e a nova dívida que surgiria com a fusão. Esse episódio piorou uma relação que já era conturbada entre Áurea e o irmão, segundo pessoas que acompanharam de perto a negociação.
Antes ela já havia se mostrado contrária a uma discussão na família, que envolveu consultores e advogados, sobre vender a empresa. Era uma possibilidade que teria agradado a seus irmãos. A solução de meio termo foi vender os 30% para o Gávea.
Pelas negociações em curso atualmente, Áurea continuaria tendo assento no conselho, mas seria destituída de algumas de suas prerrogativas como sócia e conselheira. Algumas decisões que precisam da aceitação de todos os sócios não precisariam mais do aval dela. Alguns poderes de veto que ela tem também seriam revistos. Hoje ela só pode vetar operações acima dos R$ 200 milhões.
As mudanças deixariam, em tese, caminho mais livre para futuras negociações de fusão ou venda do laboratório Hermes Pardini.
Mas por que uma herdeira de um negócio bilionário teria interesse negociar uma perda de poderes na empresa de sua família?
A resposta está em uma ação que corre sob segredo de Justiça em Minas. Nessa ação, o pai e a mãe de Áurea a acusam de não ter repassado a eles milhões de reais referentes a usufruto da empresa nos últimos anos. Quando o processo virou notícia, expôs a família e - indiretamente - a empresa de forma bastante negativa. O ônus recaiu principalmente sobre a filha mais velha.
Áurea tem repetido a pessoas próximas a ela que o processo é uma forma que os irmãos encontraram de pressioná-la a não interferir mais nos negócios. Que dona Carmem, a mãe, foi convencida a ajuizar a ação. Hermes Pardini, já octogenário, padece de uma doença mental e embora apareça como um dos autores da ação, ele mesmo não teria por si condições de processar a filha.
Áurea tem dito também que os irmãos haviam acertado que nenhum dos três faria os tais repasses a partir de certo momento, por entenderem que os pais teriam um padrão de vida já muito bom. A ação dos pais contra a ela, no entanto, tramita há um ano na primeira instância do Tribunal de Justiça de Minas.
Como contrapartida para a perda de poder, Áurea quer o fim desse processo - partindo do pressuposto que os irmãos têm a ascendência sobre a mãe para fazê-la cancelar a ação.
Na semana passada, a três interlocutores ela voltou a dizer que o processo é uma tentativa de a "comprarem barato" e que a contragosto ela se vê numa situação de vender sua parte ou aceitar menos autonomia em algumas questões.
A primeira opção - a venda dos 23% -- não prosperou. No ano passado, um fundo estrangeiro chegou a fazer uma oferta de compra dos 30% do Gávea e de uma fatia 15% da Áurea. A negociação teria emperrado, no entanto, depois que a direção do Pardini decidiu impor uma multa elevada ao fundo caso este deixasse vazar alguma informação confidencial que viesse a ser obtida em um processo de "due diligence" (auditoria financeira). O fundo desistiu. Na sequência, houve uma tentativa de venda da parte dela para os irmãos, que também não avançou.
Em 2014, quando da negociação com o Fleury, o laboratório Hermes Pardini foi avaliado em R$ 1,85 bilhão. No ano passado, o fundo falou em R$ 1,7 bilhão.
A alternativa de venda da parte da Áurea saiu, então, da mesa e passou-se para a discussão de alteração de algumas cláusulas do acordo de acionistas de modo a subtrair poderes dela. Quanto tempo a negociação deve durar ainda é uma incógnita.
O Hermes Pardini se consolidou no negócio de análises clínicas para laboratórios de pequeno e médio portes por todo o país. Está entre os maiores do mercado em termos de volume de análises. A empresa, que concorre com o Dasa e com o Fleury, também atende a clientes finais em unidades em Belo Horizonte, São Paulo, Goiânia e Rio. Nas duas primeiras, com sua marca; nas demais com os nomes dos laboratórios que adquiriu há alguns anos.
Em entrevista ao Valor em junho, o presidente da empresa, Roberto Santoro, um executivo profissional que não é da família, disse que uma nova aquisição estava próxima de ser concluída e que com ela a empresa buscaria fechar o ano com faturamento de R$ 1 bilhão.
Sobre as divergências familiares, a assessoria do Pardini disse que elas não afetam em nada a gestão e que as estratégias seguem normalmente, incluindo o processo de expansão e aquisição. Victor Pardini preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Um dos advogados de sua mãe não quis comentar o caso nem intermediar um contato entre a reportagem e ela, com Victor ou Regina. Áurea tampouco falou sobre o caso. A direção do Gávea afirmou que não comentaria os temas relacionados às disputas dos sócios mineiros.
What's News: A Pfizer
25/08/2016 - Valor Econômico
A Pfizer anunciou que fechou acordo para comprar parte dos negócios de antibióticos da britânica AstraZeneca por até US$ 1,575 bilhão, além de royalties. A farmacêutica americana pagará inicialmente US$ 550 milhões e outros US$ 175 milhões em janeiro de 2019. Dependendo do sucesso das vendas dos medicamentos, que incluem três antibióticos já aprovados e dois em fase de testes, a Pfizer pagará mais US$ 850 milhões e royalties.
AstraZeneca vende parte de antibióticos à Pfizer por até US$ 1,57 bi
24/08/2016 - Valor Econômico / Site
A farmacêutica britânica AstraZeneca concordou em vender parte de seu negócio de antibióticos para a Pfizer em um acordo de até US$ 1,575 bilhão, mais royalties.
Segundo os termos da operação, a Pfizer vai pagar à rival US$ 550 milhões adiantados mais um pagamento incondicional de US$ 175 milhões em janeiro de 2019. Em seguida, dependendo do progresso e sucesso comercial dos medicamentos em questão, a empresa pode pagar mais US$ 850 milhões e royalties.
O negócio envolve três antibióticos já aprovados e duas drogas em ensaios clínicos. Ele vai dar à Pfizer o direito de vender os medicamentos na maioria dos mercados fora dos Estados Unidos e Canadá.
A Allergan detém os direitos americanos para quatro das drogas. Para o quinto medicamento, o Merem, a Pfizer obterá os direitos nos EUA.
A operação não envolve portfólio de medicamentos anti-infecciosos biológicos da AstraZeneca.
A Pfizer afirmou que os medicamentos adquiridos serão acrescentados na divisão de "saúde essencial", que comercializa produtos mais antigos, incluindo aqueles que perderam a proteção de patentes. A empresa já tem uma carteira de mais de 60 medicamentos anti-infecciosos e antifúngicos nos EUA, disse John Young, chefe daquela unidade.
A farmacêutica americana foi uma das várias empresas que deixaram a pesquisa e desenvolvimento de antibióticos nos últimos anos, embora continue a vender produtos mais antigos.
A indústria farmacêutica tem em grande parte se afastado da pesquisa de antibióticos devido à baixa probabilidade de obter um retorno sobre o investimento.
O acordo com a Pfizer faz parte da estratégia "externalização" da AstraZeneca: a alienação de produtos que não se enquadram em suas áreas terapêuticas principais de doença cardiovascular e metabólica, oncologia e respiratória, inflamação e autoimunidade.
Mercado Aberto: Nutrientes em fila
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
A lentidão para aprovar alimentos funcionais -que contêm aditivos, como ômega 3, fibras e probióticos- na Anvisa (órgão que regula o setor) tem travado os investimentos no país, segundo a Abiad, que representa a indústria.
A fila de itens que aguardam aval para entrar no mercado soma 348 produtos, e o prazo médio é de 18 meses, apontam empresas do setor.
No caso de compostos inovadores, a demora é maior, pois é preciso primeiro registrar o novo ingrediente e depois o alimento final, afirma a presidente da associação, Tatiana Pires.
"O prazo total pode chegar a cinco anos. As empresas muitas vezes desistem de lançar seus produtos no país."
A lista de requerimentos que aguardam análise, de acordo com a Anvisa, é de 130 alimentos. O dado, porém, não computa os pedidos já em avaliação.
A agência afirma que tem tomado medidas para simplificar os procedimentos e dar mais eficiência ao processo.
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Congresso prorroga Mais Médicos por 3 anos
25/08/2016 - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Senado Federal aprovou na noite desta quarta-feira, 24, em votação simbólica, a Medida Provisória que prorroga por mais três anos o programa Mais Médicos, do governo federal. O texto já passou pela Câmara dos Deputados e segue para sanção presidencial. A MP precisava ser avalizada pelas duas casas legislativas até dia 29 ou perderia a validade.
Na prática, ela prorroga o prazo de atuação dos médicos do programa, que permite tanto a profissionais estrangeiros quanto a brasileiros formados no exterior atuarem como médicos sem diploma revalidado no País. A proposta, editada pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), também prorroga por três anos o visto temporário concedido aos médicos intercambistas estrangeiros inscritos no projeto.
Segundo o Ministério da Saúde, a medida permitirá que 7 mil profissionais (em sua maioria cubanos) permaneçam no Brasil. Os contratos acabariam em outubro de 2016. Apenas em 30 de agosto, um dia após a MP perder a validade, 2 mil profissionais teriam de deixar o Brasil. Caso a MP não fosse votada a tempo, automaticamente os profissionais estrangeiros perderiam gradualmente o direito de atender pacientes.
A possibilidade de interrupção no programa, como o Estado mostrou na segunda-feira, já preocupava o governo. A votação ocorre em um momento em que Ministério da Saúde e governo cubano negociam uma eventual manutenção do contrato de envio de médicos daquele país para atuar no Brasil. Cuba chegou a reivindicar um aumento de até 30% no valor do contrato, usando como justificativa a mudança no câmbio. O governo brasileiro, por sua vez, afirma não haver recursos para isso.
Enquanto o impasse não é resolvido, governos brasileiro e cubano fizeram um trato para reposições pontuais até as eleições municipais. Esse acordo, no entanto, seria inútil, caso a prorrogação não fosse feita no prazo previsto.
TREINAMENTO
A estimativa é de que a troca de um médico estrangeiro leve pelo menos 50 dias. Isso porque não basta recrutar um novo interessado, providenciar transporte e estadia. Estrangeiros que aderem ao projeto têm de fazer um curso de adaptação de três semanas, onde recebem noções de português e sobre o Sistema Único de Saúde (SUS).
Planos de saúde enfrentam crise e procuram alternativas
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
O sistema de saúde suplementar, que atende cerca de 25% da população, enfrenta um momento delicado com perda de clientes e custos crescentes. Só em julho, a queda foi de 156,5 mil beneficiários (0,32%). Mais de 2 milhões de brasileiros deixaram de contar com planos de saúde desde dezembro de 2014, quando a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) registrou 50,39 milhões de beneficiários. Com menos acesso aos planos privados, os brasileiros ficam mais dependentes do SUS, e os que deixam de contar com os planos coletivos empresariais (cerca de dois terços do total) têm dificuldades em encontrar planos individuais, cada vez mais caros e menos comercializados pelas operadoras, pois sofrem maior restrição do órgão regulador para os reajustes. E tudo isso num contexto em que as famílias gastam mais com saúde do que o governo. Segundo relatório do IBGE de dezembro passado, em 2013 o consumo de bens e serviços de saúde representou 8% do PIB. A despesa das famílias chegou a R$ 227,6 bilhões (4,3% do PIB), a maior parte para pagar planos de saúde. A despesa do governo, menor, foi de R$ 190,2 bilhões (3,6% do PIB ou 18,9% do total das suas despesas). “Eu acho que se está vivendo um momento crítico”, diz Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar). “A saúde suplementar com certeza contribui muito para a assistência da população, mas ela não substitui o papel do governo, público. Temos custos assistenciais que estão em flagrante crescimento, uma escalada muito alta, a renda da população está menor e temos um alto índice de desemprego.” É um sentimento compartilhado pelo setor, que teve receita de R$ 142,5 bilhões em 2015. Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente- executivo do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), “os custos têm aumentado na casa dos 15% a 20% ao ano nos últimos quatro, cinco anos. Isso não é uma coisa sustentável.” O segmento tem debatido formas de aperfeiçoar a gestão e diminuir custos, já que há distorções reconhecidas (leia mais à pág. 4). “Na verdade, é resolver principalmente o modelo de remuneração dos hospitais”, diz Carneiro. “Há muitos anos no Brasil eles são remunerados por serviço, a chamada conta aberta (“fee for service”), que incentiva a sobre utilização, o desperdício. Existem várias falhas de mercado, falta de transparência em toda a cadeia de serviço privada”, diz.
PLANOS POPULARES
Com a crise econômica e as dificuldades do governo com o financiamento do SUS, o Ministério da Saúde está discutindo a criação de “planos populares”. “O setor precisa ser repensado. Essa reflexão precisa passar por todos, principalmente pelos consumidores, pelos cidadãos”, diz Solange Beatriz. “A proposta do ministro [Ricardo Barros] de repensar planos de saúde, eu vejo com muito bons olhos. As bases que terá, eu desconheço.” Carneiro cita pesquisas encomendadas por seu instituto apontando que 74% dos pesquisados só não têm planos de saúde porque não conseguem pagar. Ele acha que a questão dos planos populares, para “nicho”, podem ajudar. Para ele, “a agenda reestruturante do setor de saúde passa por várias outras iniciativas. A gente espera que o Ministério da Saúde atue nelas também”.
CONCENTRAÇÃO
O número de operadoras nunca foi tão baixo desde 1998, quando suas regras foram estabelecidas em lei, e desde que foi criada a agência reguladora, a ANS (em 2000). “Se a gente olhar para as 800 operadoras que têm beneficiários, 60% a 70% delas têm apenas 20 mil beneficiários cada uma”, afirma Carneiro. “Apesar da concentração que já houve, ainda existe uma quantidade muito grande de operadoras que não têm necessariamente escala, principalmente na conjuntura de variação alta dos custos médico- hospitalares dos últimos anos. Algum aumento da concentração pode dar aos beneficiários uma cobertura mais sustentável”, afirma. Para Carneiro, deveria haver incentivo para fusões e aquisições no setor, que sofreu momentos traumáticos recentes, como a quebra da Unimed Paulistana, em 2015.
Com regra atual, plano popular não é solução
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
O economista Paulo Furquim, do Insper, acaba de coordenar uma ampla pesquisa encomendada pelo IESS (Instituto de Estudos da Saúde Suplementar) que traça um diagnóstico do setor de planos de saúde. O estudo traz sugestões para contratação e remuneração, modelos de pagamento, protocolos médicos e para atenuar os efeitos da chamada judicialização.
Para o economista, o atual modelo é insustentável e favorece o desperdício e a sobre contratação.
Maior transparência, criação de indicadores de qualidade e mudança do modelo de remuneração são algumas das principais propostas do especialista.
Folha - Com a queda no número de usuários de planos de saúde, o governo Temer tem falado em criar planos populares. Até que pontoo sistema atual pode dar conta das necessidades do país?
Paulo Furquim - O sistema atual não é sustentável. Se tomarmos nos últimos 15 ou 16 anos, houve um crescimento muito grande, mas o modo com que ele lida com os custos da saúde, com a incorporação de tecnologias, faz com que fique insustentável economicamente com o passar do tempo. É importante rever esse sistema,isso é quase uma unanimidade.
As várias etapas da cadeia produtiva têm queixas muito grandes. Essa parte de planos populares é uma reação clara a duas coisas. Uma, obviamente, é a crise. A outra é que fica de fato um espaço entre o SUS e os planos de saúde.
O que a gente precisa ver é como será a regulação desses planos populares. Se for exatamente a mesma, o que a gente verá é, na verdade, uma deterioração do serviço. Os planos populares não serão mais eficientes necessariamente, mas com um atendimento mais precário. Isto obviamente não é uma solução.
Entres as medidas para aumentar a eficiência do sistema, transparência é a mais importante?
Acho que o mais importante, em um modo de se expressar, é “empoderar” o consumidor, aquele que decide, dar informação de qualidade para ele. A transparência é importante no sentido de ter informação, mas tem que ser uma informação que permita a comparabilidade não só do plano de saúde, mas sobretudo do hospital, de médicos e de laboratórios.
Hoje, na ocorrência de uma doença, o hospital coloca todos os custos que cabem naquela doença e o plano de saúde cobre. Vai ficando um sistema de sobreuso de exames, de consultas, de cirurgias que não deveriam ser feitas. É[preciso] mudar as regras de remuneração, este problema que eles chamam de ter a “conta aberta”. O modelo [de remuneração] que tem sido mais bem-sucedido no mundo é o DRG [Diagnosis Related Groups].
Basicamente ele consegue, com muita informação acumulada, definir para uma determinada doença um diagnóstico referente a uma pessoa que tem certas características e o procedimento que vai ser feito em um determinado hospital.
Para isso ser efetivo, não seria necessário um sistema muito eficiente de informação e confiável por todas as partes? Isto é factível hoje?
Certamente é possível, já há algumas experiências. Também não precisa ser para a totalidade dos hospitais. Quem deve implementar? Aí há um papel importante da ANS [agência reguladora] de coordenar os esforços de uniformização. O DRG que funciona melhor, como no Reino Unido e Suécia, tem os elementos que incorporam qualidade. Se você simplesmente definir um preço fixo para o hospital, ele pode ser incentivado a diminuir ao máximo os custos, eventualmente deteriorando a qualidade. É importante que o DRG incorpore elementos de qualidade. Na Suécia e no Reino Unido, se há reincidência, necessidade de reinternação, aquele paciente é reinternado gratuitamente.
A concentração das operadoras está acontecendo de forma ‘saudável’ ou predatória, em prejuízo dos segurados?
A concentração não tem uma face única e clara. É, sim, em benefício dos segurados, porque alguns dos planos que deixaram de existir tinham um problema de solvência, e se suas carteiras são assumidas por outros planos eles [beneficiários] continuam com o provimento de serviço. Como o sistema está ficando mais caro, parte da consolidação é a saída desses que são mais ineficientes. No nosso estudo, a única categoria que tem tido rentabilidade positiva é a dos planos grandes. No caso dos planos pequenos e médios, eles têm tido uma rentabilidade negativa, o que é preocupante.
A abertura dos planos para grupos estrangeiros tem dado os resultados esperados?
Ainda considero pequeno. É interessante notar que isso ocorreu na cadeia produtiva inteira: em laboratórios, em hospitais e em planos de saúde. Em planos de saúde, esse processo ainda é relativamente pequeno. E a maior parte foi de aporte de capital, de fundos de investimento, mas mantendo uma gestão local, o que é positivo. Por que esse capital não modificou tanto a oferta de serviço propriamente dito e modificou mais a composição do capital? Porque um grupo de saúde norte-americano, por exemplo, tem muito a aprender no mercado brasileiro, que é completamente diferente. Mas a tendência é que eles tragam estas metodologias de gestão.
A ANS deveria ter uma atuação maior?
Nesse ponto talvez eu divirja de várias pessoas que entrevistamos, principalmente de hospitais. Entendo que a ANS tem feito um papel importante, ainda limitado por algo que não depende dela. Uma coisa que a ANS poderia avançar é coordenar um processo de formação de um banco de informações de indicadores de qualidade da cadeia produtiva inteira, que seja de adesão voluntária.
Projetos como “segunda opinião”[desenvolvido pelo Hospital Albert Einstein, em que há consulta a outras equipes médicas sobre necessidade de cirurgias recomendadas] podem ser ampliados para o setor como um todo?
Você citou um dos programas que acho mais animador. Foi um projeto-piloto, mas revelou algo que todo mundo já falava. Que havia muito desperdício da pior natureza: a prescrição de cirurgias que não são necessárias em níveis muito elevados. A ideia é restringir a discricionalidade que o médico individualmente tem. É algo que respeita a deferência que se deve ter ao médico, mas não exclusivamente ao médico que está encarregado do caso. Tem uma outra medida que vai nessa direção, que são as diretrizes médicas. Uma entidade, um grupo de médicos, define para um determinado diagnóstico o que deve ser feito. Esses projetos têm o papel de revelar de modo inequívoco algo que sempre se suspeita, que está havendo sobre utilização da saúde, muitas vezes em prejuízo do paciente, e de mostrar uma solução concreta para o problema replicável em escalas ampliadas.
Clínicas de preço popular crescem durante a crise
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
Mesmo em ano de crise financeira, as redes de clínicas que oferecem atendimento médico a preços populares seguem em expansão. Em 2016, o dr.consulta abriu oito novas unidades e chegou a 18. Até o fim do ano, a empresa deve ter 30, segundo Marcus Fumio, vice-presidente médico da companhia. A rede iniciou suas atividades em 2011, em São Paulo. Hoje, tem 600 médicos e faz 50 mil atendimentos por mês, de acordo com Fumio. As consultas, que podem ser parceladas em até dez vezes, custam entre R$ 60 e R$ 135. Os pacientes podem fazer agendamento pela internet ou pelo telefone. A empresa também oferece exames e algumas cirurgias, entre elas procedimentos oculares e vasectomia. Fumio diz que a expansão da rede ocorre após três anos de testes bem-sucedidos do modelo da empresa —baseado em preços baixos, controle rígido de custos e tecnologia para melhorar processos— em sua primeira unidade, na favela de Heliópolis, em São Paulo. Além disso, devido ao avanço do desemprego, muitos pacientes que tinham plano passaram a recorrer ao serviço da empresa, como alternativa ao SUS, o que favoreceu o negócio, afirma Fumio. Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) apontam que, entre dezembro de 2014 e junho de 2016, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram de ser beneficiárias de planos de saúde. O próximo desafio da empresa, segundo Fumio, é usar as informações de que ela dispõe a respeito do histórico dos pacientes (armazenados em formulários eletrônicos) para atuar mais ativamente em ações de prevenção e manutenção da saúde. Outra companhia do setor, a PartMed, pretende ganhar terreno a partir do sistema de franquias. A empresa tem um centro médico próprio em São José do Rio Preto (SP) desde 2014. Espera abrir outras cinco unidades em 2016 e prevê ter cem em um prazo de cinco anos. Paulo Zahr, fundador da rede, afirma que sua empresa busca atrair clientes que estão insatisfeitos com seus planos de saúde. Para isso, oferece parcelamento em até 60 vezes para internações e cirurgias. Segundo Zahr, é possível ter um preço acessível e manter a empresa rentável cobrando dos pacientes valor próximo ao que o plano de saúde paga aos médicos e aos hospitais quando um segurado é atendido por eles.
O BÁSICO
Enquanto dr.consulta e partMed atuam com vários especialistas por unidade, a Dr.Agora e a Minuto Med têm oferecido atendimento de baixo preço (R$ 89) em clínicas enxutas, com apenas um atendente e um clínico geral.
Inspiradas em modelo norte-americano, elas são especializadas em atender problemas de fácil resolução, como gripes e sinusites, e oferecer exames rápidos e vacinas.
As consultas não são agendadas.
A ideia é oferecer o serviço ao paciente poucos minutos após sua chegada, a partir de processos ágeis de triagem e atendimento.
As redes começaram suas operações em 2015. A Dr.Agora tem cinco unidades, e a MinutoMed, quatro, todas na Grande São Paulo. Elas ficam principalmente em lugares de grande fluxo, como shoppings e estações de metrô.
Guilherme Berardo, sócio do Dr. Agora, diz que a empresa deve, após uma captação de investimentos, abrir cerca de dez clínicas em 2017.
O desafio, porém, ainda é grande. Berardo aponta a necessidade de uma mudança cultural para que pacientes vejam essas clínicas como de boa qualidade, Já Don Cordeiro, sócio da MinutoMed, afirma que o setor ainda faz ajustes para chegar a uma forma de atuação viável financeiramente.
“Oferecer o baixo custo não é fácil. É preciso ter um processo muito estruturado e enxuto, com muita tecnologia, caso contrário a conta não fecha.”
Equipe premiada se alia a empresas e desenvolve terapias que utilizam a luz
25/08/2016 - Folha de S.Paulo
No último mês de junho, a equipe coordenada por Vanderlei Salvador Bagnato, professor do IFSC-USP (Instituto de Física da USP de São Carlos), venceu o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, organizado pelo governo federal, com um projeto que está usando a terapia fotodinâmica —ou seja, a combinação de uma fonte de luz e substâncias sensíveis à luminosidade— para tratar lesões genitais causadas pelo HPV, vírus cuja ação pode produzir tumores. Curar as lesões, portanto, significa prevenir futuros casos de câncer. O trabalho, que já tem bons resultados preliminares, soma-se a outros êxitos da equipe com a terapia fotodinâmica. Quase mil pacientes com câncer de pele já foram tratados coma mesma abordagem, por exemplo. “A taxa de sucesso está em torno de 95%”, contou Bagnato à Folha. Resultados promissores também vieram do tratamento de infecções de garganta em crianças —uma única sessão de 20 minutos seria suficiente para evitar o uso de antibióticos. Outra variante da estratégia envolve o uso da curcumina (molécula presente no açafrão) para matar as larvas do mosquito Aedes aegypti.
A substância é sensível à luz e, quando absorvida por larvas expostas à luminosidade, leva-as à morte, porque o corpo delas é transparente (ou seja, a curcumina não teria efeitos nocivos sobre outros membros da fauna aquática, como peixes). O mecanismo que mata os insetos é basicamente o mesmo que destrói células cancerosas ou bactérias que infectam a garganta. As moléculas fotossensíveis, quando estimuladas pela luz de determinado comprimento de onda (o que varia de acordo com a substância), desencadeiam reações que produzem os chamados radicais livres, cuja presença danifica estruturas essenciais das células, matando tumores (ou micróbios, ou larvas).
ELOS COM EMPRESAS
A interação intensa com empresas de tecnologia, muitas delas criadas por ex-alunos das universidades da região (que possui ainda outros campi da USP e da Unesp, em cidades como Ribeirão Preto e Araraquara), é um dos diferenciais do grupo coordenado pelo físico. Bagnato calcula que seus trabalhos já levaram ao licenciamento de mais de uma dezena de patentes. “Mas isso vale apenas para as ideias que foram totalmente desenvolvidas por nós antes que houvesse o interesse de uma empresa”, diz Bagnato, que também chefia a Agência USP de Inovação. “Eu sinceramente acho mais interessante quando os projetos são uma parceria entre nós e as empresas desde o começo, porque fica muito mais fácil chegar a um produto viável. Transferir tecnologia não é simples. A empresa tem de estar junto a cada passo, senão a coisa não sai”, completa o pesquisador. De cerca de R$ 10 milhões gastos anualmente para manter os projetos do grupo, cerca de 40% vêm das parcerias com o setor privado. A equipe tem hoje 17 colaborações desse tipo, e o trabalho conjunto já levou tanto à fabricação em escala comercial dos aparelhos (laser) que produzem as frequências luminosas usadas nos tratamentos quanto à das moléculas fotossensíveis, entre outros produtos.
DIABETES
Além das abordagens terapêuticas, Bagnato e seus colegas também têm investigado novas ferramentas de diagnóstico. “Estamos fazendo um novo aparelhinho que vai permitir saber se o cara é diabético com um toque na pele, sem precisar tirar sangue”, conta. A ideia é viável porque as pessoas com diabetes possuem alterações no colágeno da pele desencadeadas pela presença aumentada de glicose no sangue, o que, por sua vez, altera a refletividade da pele. Os trabalhos têm apoio da Fapesp, do CNPq, da Finep e do BNDES.
Efeitos graves da zika são notados em bebê após 6 meses de nascimento
24/08/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Um bebê que nasceu infectado com o vírus da zika ficou pelo menos 67 dias com o vírus no organismo.
O caso foi descrito em um novo estudo, publicado na tarde desta quarta (24) no prestigioso periódico da área médica "The New England Journal of Medicine".
Os autores, da USP e da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, contam que a mãe, de São Paulo, teve sintomas de zika (como vermelhidão na pele, dor de cabeça, olhos vermelhos, inchaço e dor nas articulações) no terceiro trimestre de gestação.
A provável via de contágio é a sexual, pois o pai havia apresentado sintomas semelhantes três semanas antes da mãe –ele tinha viajado para a Paraíba, onde há uma maior concentração de casos de zika.
Os autores apresentam esse como o possível primeiro caso em que uma mãe foi infectada pela via sexual durante a gestação.
O bebê nasceu com 48 cm, 3,1 kg e circunferência da cabeça de 32,5 cm (um pouco abaixo da média). Externamente, não havia sinais de anormalidades.
No exame radiológico, no entanto, ficou demonstrado que o cérebro havia, sim, sofrido com os efeitos da infecção –houve redução do volume cerebral (e consequente aumento das cavidades cerebrais conhecidas como ventrículos) e focos de calcificação (que marcam lugares onde houve lesões).
Com 54 dias de vida, o bebê foi examinado novamente e foi constatada presença do vírus no sangue, na saliva e na urina. Ainda havia material genético do vírus no sangue no 67º dia de vida.
O prejuízo deixado pela zika no bebê pôde ser aferido no sexto mês de vida –havia um atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, tônus reduzido nos músculos e uma dificuldade de locomoção principalmente do lado direito.
Os exames de sangue foram refeitos no dia 216 (um pouco mais de sete meses após o nascimento) e, apesar de haver anticorpos contra o vírus, o próprio agente infeccioso não podia mais ser detectado.
Mais oito cânceres são ligados à obesidade
25/08/2016 - Correio Braziliense
Inflamações, produção exagerada de hormônios, sedentarismo e ocultação dos agentes que combatem a proliferação desordenada de células são exemplos de complicações causadas pela obesidade que podem estar relacionados ao surgimento de cânceres. Cientistas têm se dedicado a entender essas associações, que têm ganhado cada vez mais amplitude. Após uma revisão de cerca de mil estudos, investigadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, chegaram a uma lista com oito tipos adicionais de tumores ligados ao excesso de peso: vesícula, estômago, fígado, pâncreas, ovário, meningioma (um tipo de carcinoma cerebral), tireoide e mieloma múltiplo (no sangue).
“A incidência dos cânceres devido ao excesso de peso ou à obesidade é mais extensa do que o que foi assumido anteriormente. Muitos dos cancros recentemente identificados não haviam sido vistos como um componente de peso nessa enfermidade”, justificou, em comunicado, Graham Colditz, especialista em prevenção do câncer na Escola de Medicina da universidade e um dos autores do trabalho, divulgado na última edição do The New England Journal of Medicine.
O trabalho teve como base artigos científicos analisados pela Agência Internacional da Organização Mundial da Saúde para o cancro da Investigação (IARC), com sede na França. A equipe mostrou diversas razões para o vínculo entre o ganho de peso e o surgimento de cânceres, como o excesso de estrogênio, testosterona e insulina, que promovem a inflamação, potencializando o crescimento de tumores. Também notou-se uma relação maior entre o índice de massa corporal (IMC) e o risco da doença. A condição foi a mesma para mulheres e homens, e semelhante também em regiões distintas, como Europa, Ásia, América do Norte, Oriente Médio e Ásia.
Para a maioria dos cancros da nova lista, os investigadores notaram uma relação dose/resposta positiva: quanto maior o IMC, maior o risco do câncer. Em um estudo anterior, em 2002, a mesma equipe encontrou provas que ligam o excesso de peso a riscos elevados de câncer de cólon, rim, esôfago mama e útero. O novo trabalho também reforça a importância de limitar o ganho de peso, tanto por meio de iniciativas individuais quanto por políticas públicas, para conter o avanço dos casos da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), eles devem aumentar 70% nas próximas duas décadas, chegando a 22 milhões por ano em 2030.
“Os fatores de estilo de vida, como seguir uma dieta saudável, manter o peso e praticar exercícios, além de não fumar, podem ter um impacto significativo na redução do risco de câncer. Os esforços de saúde pública para combater a doença devem se concentrar nessas coisas sobre as quais as pessoas têm algum controle”, defendeu Colditz, ressaltando, em seguida, que não se trata de um desafio simples: “Perder peso é difícil para muitos. Em vez de ficarem desanimados e desistirem, aqueles que lutam para eliminá-lo poderiam se concentrar em evitar ganhar mais peso”.
Em todo o mundo, estima-se que 110 milhões de crianças e 640 milhões de adultos são obesos. No Brasil, os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que, em 2014, o excesso de peso atingia 52,5% da população adulta. Nove anos antes, a taxa era de 43%. Hábitos das novas gerações indicam que a tendência é de que o problema se agrave: pesquisa divulgada em abril deste ano pelo órgão mostra que 28,5% da população de 18 a 24 anos possui alimentação com excesso de açúcar. A média geral dos brasileiros é de 20%. “Um número significativo (…) da população mundial está acima do peso. Esta é mais uma chamada para acordarmos. É hora de levarmos a nossa saúde e a nossa dieta a sério”, ressaltou Colditz, referindo-se ao estudo que divulgou nesta semana.
“Perder peso é difícil para muitos. Em vez de ficarem desanimados e desistirem, aqueles que lutam para eliminá-lo poderiam se concentrar em evitar ganhar mais peso”
Graham Colditz, especialista em prevenção do câncer da Universidade de Washington e autor do estudo.
LETAL
Em geral, o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para cânceres de esôfago, cólon, reto, rim, vesícula biliar, mama na pós-menopausa e endométrio, segundo a Agência Internacional da Organização Mundial da Saúde para o cancro da Investigação (IARC). A entidade estima que, em 2012, o fato de não estar com o peso saudável foi responsável por 3,6% dos novos casos de carcinoma no mundo, cerca de 481 mil.
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