CLIPPING - 16/08/2016
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
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Medicamento indicado para controle de colesterol recebe aprovação da Anvisa
15/08/2016 - Diário de Pernambuco Online
Com influência direta do colesterol LDL, as doenças cardiovasculares causaram, no ano passado, cerca de 346.896 mortes, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para ajudar a reduzir os problemas causados pelo colesterol, a Sanofi e a Regeneron tiveram aprovação, nesta segunda-feira, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Praluent (alirocumabe) é indicado para a redução do colesterol nos casos em que as estatinas não sejam suficientes para a meta do paciente.
Por ser um anticorpo monoclonal, o Praluent identifica e inibe a PCSK9 de forma específica. A partir da redução da PCSK9 circulante no sangue, os receptores de LDL nas células do fígado aumentam, auxiliando a remoção do LDL-C da corrente sanguínea. Praluent é um medicamento injetável, com aplicação subcutânea por meio de caneta aplicadora.
Além do tratamento de pacientes adultos com colesterol LDL elevado que não conseguem atingir suas metas mesmo com estatinas nas doses máximas toleradas, o Praluent está indicado também para os portadores de hipercolesterolemia familiar heterozigótica.
Por meio do ODYSSEY, um dos programas de estudos clínicos para redução do colesterol LDL, inclui 16 estudos globais de Fase 3 que, quando concluídos, terão avaliado em todo mundo cerca de 25 mil pacientes em mais de 2 mil centros de pesquisa. O Brasil participa do ODYSSEY OUTCOMES com 928 pacientes e é o 3º maior recrutador de voluntários para esse estudo global.
SANOFI
A multinacional, que está presente no Brasil desde 1919, possui um portfólio diversificado que abrange medicamentos isentos de prescrição e produtos de consumo; genéricos e similares, com a Medley; e doenças raras e esclerose múltipla, com a Sanofi Genzyme; tratamentos em áreas terapêuticas como dor e inflamação, doenças cardiovasculares, doenças metabólicas, pediatria e oncologia; vacinas, com a atuação da Sanofi Pasteur.
A polêmica dos estudos que questionam o elevado preço dos medicamentos
15/08/2016 - Setor Saúde
O Institute for Clinical and Economic Review (ICER). uma organização de pesquisa sem fins lucrativos norte-americana que se propõe a melhorar os cuidados de saúde fornecendo análises do custo-efetividade de tratamentos, exames e procedimentos, tem promovido estudos que "atacam" o alto preço aplicado pela indústria farmacêutica em muitos dos medicamentos lançados recentemente.
Em maio, por exemplo, o ICER recomendou um desconto de 75% para 89% no custo por frasco de Empliciti (elotuzumab), da Bristol-Myers Squibb. O tratamento com o Emplicit (aprovado em 2015 e usado para tratar o mieloma múltiplo) pode alcançar mais de cem mil dólares por ano nos EUA. Outros medicamentos, como Kyprolis (carfilzomib) da Amgen e Ninlaro (ixazomib) da Takeda também deveriam ter descontos, segundo o relatório.
A indústria de medicamentos não concorda com os resultados apresentados pelo ICER e tem respondeu a Bristol-Myers, em comunicado. A biofarmacêutica Amgen, afirmou que as análises "não são clinicamente relevantes".
De qualquer forma, as avaliações do ICER sobre novas drogas têm chamado a atenção como uma forma de avaliar e comparar o valor de tratamentos.
Ao contrário de alguns países da Europa, nos EUA não há um órgão do governo encarregado de avaliar o investimento, custo e resultados na escolha entre alternativas terapêuticas. Na ausência de uma voz oficial, a avaliação do ICER é considerada por muitos como uma forma de segurar os preços mais elevados de algumas drogas.
Por sua vez a PhRMA um poderoso grupo que representa os principais pesquisadores biofarmacêuticos e empresas de biotecnologia dos EUA, também se manifestou contra o ICER. "O modelo desenvolvido pelo ICER utiliza uma metodologia que é sistematicamente tendenciosa contra o progresso contínuo, desvalorizando os avanços através de cortes no orçamento e com limiares de valor one-size-fits-all (termo inglês que se refere a um tratamento padrão para todos os pacientes)", disse a PhRMA em um comunicado em maio.
Inicialmente, o ICER respondeu solicitando sugestões da população em sua metodologia. Mas, em sua resposta recentemente publicada, o instituto adotou uma postura mais agressiva. "Infelizmente, muitas das críticas mais recentes tem sido alimentada por uma falta de conhecimento sobre o ICER ou mesmo a descaracterização intencional por aqueles que se opõem a um movimento em direção à fixação de preços de acordo com valores justos para os pacientes", disse o grupo.
O ICER tenta rebater as críticas que sinalizam representar os interesses das operadoras de planos de saúde, que buscam cortar custos e defende sua metodologia, que se baseia em uma métrica conhecida como "anos de vida ajustados por qualidade" (QALY - quality adjusted life years), que trata do custo-utilidade de diferentes intervenções que ajudam a estabelecer prioridades para a alocação dos recursos, notoriamente escassos. Um "QALY" combina, em uma única medição, ganhos ou perdas em ambos, quantidade de vida (mortalidade) e qualidade de vida (morbidade)*.
O ICER se defende dizendo que, atualmente, 70% do seu financiamento vem de organizações filantrópicas, com apenas 9% vinculado a contribuições de planos de saúde e grupos de fornecedores. "Segundo o grupo, a maior fonte de financiamento durante seus três primeiros anos veio do Conselho Farmacêutico Nacional (National Pharmaceutical Council, NPC), uma organização de pesquisa apoiada por muitas das principais empresas biofarmacêuticas".
Mas como destacou o portal Biopharma Dive, o Conselho teve dificuldade para descrever sua relação com o ICER. "Para ser claro, o engajamento do NPC com o ICER não é um endosso dessa organização [ICER] nem do seu método de avaliação de valor", afirmou o NPC em comunicado. O NPC tem sido um parceiro do ICER desde 2008, mas recentemente tornou-se mais crítico em relação aos métodos do ICER.
O Instituto justifica que suas avaliações estão baseadas no engajamento junto aos pacientes e aos grupos de defesa do consumidor, e defendeu o modelo QALY como o principal modelo padrão de análise.
As críticas sobre o ICER não devem diminuir. "O BIO. outra organização da indústria de biotecnologia, já começou a adotar uma posição pública mais assertiva enquanto a PhRMA está supostamente se preparando para uma grande campanha publicitária para mudar a visão pública em relação aos preços de medicamentos". Do outro lado, o ICER não dá indícios de que vá recuar. "Se os preços não entram em alinhamento em relação ao valor, haverá uma crise mais profunda no acesso dos pacientes e à acessibilidade da sociedade, criando uma potencial ameaça para a inovação no futuro", disse o grupo.
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Vendas das grandes redes aumentam 12,66% no semestre
15/08/2016 - Portal Snif Brasil
As redes associadas à Abrafarma mostram mais uma vez sua força e solidez no mercado farmacêutico. De acordo com os mais novos dados compilados pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP), o grande varejo farmacêutico nacional faturou R$ 19,32 bilhões em vendas totais no primeiro semestre de 2016? Um crescimento de 12,66% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre junho de 2015 e junho deste ano, houve aumento de 12,65%, totalizando R$ 3,34 bilhões.
O crescente avanço no faturamento deve-se à boa gestão das empresas, com minimização de rupturas (falta de abastecimento) e iniciativas como estruturação de centros de distribuição próprios, e à venda em grande volume de itens com maior valor agregado. Claro que há também o componente aumento dos preços, ocorrido em março passado”, explica Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Ainda segundo o executivo, as categorias de medicamentos genéricos e itens de higiene, cosméticos, perfumaria e conveniência também influenciaram o resultado. “Remédios têm seus preços controlados, enquanto os não medicamentos oferecem uma margem maior de comercialização. Em paralelo, itens como protetor solar, xampu, tintura de cabelo e produtos similares formam um mix de produtos cada vez mais procurado nas farmácias e que fideliza consumidores pela comodidade e conveniência”, argumenta.
Os não medicamentos já representam 35% do volume comercializado. A categoria foi responsável por movimentar R$ 6,35 bilhões entre janeiro e junho”, um acréscimo de 11,95% em relação ao mesmo semestre de 2015. No período, os medicamentos representaram R$ 12,96 bilhões, contra os R$ 11,47 bilhões acumulados nos seis primeiros meses de 2015, uma alta de 9,05%. ?A abrangência geográfica e a gestão de estoque favorecem o bom desempenho financeiro. A tendência de envelhecimento da população é outro fator que incentiva a procura pelas farmácias”, acrescenta Barreto.
No primeiro semestre, cerca de 1,08 bilhão de unidades de produto foi comercializado, valor 2,93% acima do registrado nos seis primeiros meses de 2015. O número de pessoas atendidas, somente no semestre, chegou a mais de 418 milhões e o montante de lojas em operação passou de 5.713 para 6.206. Ainda de acordo com o estudo, a venda de genéricos totalizou mais de R$ 2,27 bilhões, 12,86% superior ao período entre janeiro e junho do ano passado. Ao todo, foram vendidas mais de 145 milhões de unidades.
Cresce a impopularidade do plano de saúde popular
16/08/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A proposta do Ministério da Saúde em mudar a legislação brasileira para criar planos populares de cobertura reduzida ganha cada dia mais opositores e se torna mais impopular. Entre eles estão Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), conselhos federal e regional de medicina (CFM e Cremesp), Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e CNS (Conselho Nacional de Saúde).
Até agora, de verdade, de verdade mesmo, só setores ligados aos planos de saúde defendem a medida, além, é claro, do ministro Ricardo Barros, que diz ver na proposta uma tentativa de aliviar os gastos do governo com o financiamento do SUS.
A coisa é tão esquisita que nem a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) foi informada previamente da criação do grupo de trabalho que vai discutir o tal "plano de saúde acessível".
Diz um trecho da nota da Associação dos Servidores e demais Trabalhadores da ANS: "Gera dúvidas sobre a finalidade do estímulo a esse tipo de produto, que certamente só beneficiará as operadoras, dada a redução da cobertura assistencial exigida pela ANS, ou seja, um produto de menor preço, que corresponderá a uma entrega menor –quer seja na quantidade, quer seja na qualidade, direcionando para o SUS os procedimentos de média e alta complexidade, de custos mais elevados."
O Cremesp chama a atenção para outros pontos: "Muitas especialidades médicas poderão ficar de fora dos "planos acessíveis", limitando o âmbito de cuidados aos pacientes; nos "planos acessíveis", muitos exames e procedimentos médicos tendem a ser excluídos, limitados ou glosados.
Para o CFM, a proposta não é a solução para os problemas do Sistema Único de Saúde, pois os planos populares seriam limitados a consultas ambulatoriais e a exames subsidiários de menor complexidade. "Portanto, não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS", disse a entidade em nota. Segundo o CFM, os serviços só beneficiariam os empresários da saúde suplementar.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) também já se manifestou contra a proposta do ministro. Para os conselheiros, a criação de um plano de saúde "popular" não resolveria os problemas do sistema de saúde do país e enfraqueceria a rede pública. O conselho defende mais recursos públicos para o SUS e saúde pública de qualidade para todos com os impostos já pagos pelos cidadãos.
Já disse e repito: a medida proposta por Barros é mais uma ideia de negócio em saúde do que uma medida que vá trazer algum avanço para o setor ou para o cidadão.
Nada contra negócios em saúde já que nossa sociedade é fundada na livre iniciativa e na liberdade de escolha. Mas só lembrando que o foco, nesse caso, é o lucro, não é a assistência, a prevenção e a promoção de saúde.
O grupo de trabalho criado por Barros terá 60 dias para apresentar seu relatório final. Nos setor da saúde, há quem aposte que o polêmico ministro dificilmente terá fôlego para chegar até lá. A ver.
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ANS: 1,7 milhão de pessoas perdem plano de saúde nos últimos 12 meses
15/08/2016 - Valor Econômico / Site
Um total de 1,7 milhão de pessoas perderam o plano de saúde nos últimos 12 meses. Em julho, havia 48,3 milhões de usuários de convênios médicos, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Considerando o último ano e meio, período em que desemprego aumentou no país, mais de 2 milhões de pessoas perderam o plano de saúde.
Dos 48,3 milhões de usuários, 38,6 milhões são de planos corporativos, ou seja, benefício concedido ao funcionário.
No primeiro trimestre, o faturamento do setor foi de R$ 37,6 bilhões. A taxa de sinistralidade foi de 81,8%.
Epidemia de chikungunya cresce e deve sobrecarregar serviço de saúde
16/08/2016 - Folha de S.Paulo
Com uma epidemia da febre chikungunya em curso, o Brasil já concentra 88% dos casos confirmados da doença nas Américas, de acordo com a Opas (Organização Pan-americana de Saúde). Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a chikungunya não tem cura, somente medicação para alívio da febre e das dores intensas —e muitas vezes incapacitantes, principalmente nas articulações de pés e mãos. A preocupação dos especialistas é que a situação piore no verão e sobrecarregue ainda mais os serviços de saúde. Pelo menos 20% dos casos deixam sequelas crônicas, como artrites e artroses. No primeiro semestre do ano, o número de casos notificados no país foi quase dez vezes superior ao de igual período de 2015 —170 mil, contra 1 7 mil. Já há 38 mortes, contra seis no ano passado todo. A região Nordeste apresenta a maior taxa de incidência da febre chikungunya: 267,8 casos por 100 mil habitantes —contra 27,9 em 2015. No Sudeste, a incidência também disparou —de 0,2 casos por 100 mil para 11,5. “O chikungunya é a bola da vez. O país já vive uma uma epidemia, sem dúvida, e não é pequena”, diz o infectologista Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Os dados mostram que o vírus se espalhou pelo país —2.154 dos 5.570 municípios brasileiros têm notificações. No ano passado, eram 696. O Ministério da Saúde diz que o aumento de casos era previsto por se tratar de doença recente, identificada no Brasil em 2014. Afirma que o SUS disponibiliza acesso integral aos tratamentos para os pacientes com chikungunya. Os registros paulistas acompanham o aumento no resto do Brasil. Até o início de agosto, foram notificados 4.987 casos pela secretaria do Estado, 834 já confirmados. Em 2015 inteiro foram 1.505 notificações, com 189 confirmadas. “Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem em até seis meses, mas parte dos pacientes pode ficar com sequelas definitivas”, diz Boulos. Isso significa que, além de acesso a especialistas, como reumatologistas, e a remédios de alto custo, essas pessoas vão precisar de reabilitação, como sessões de fisioterapia, outro grande gargalo no SUS. A espera por uma consulta com um reumatologista no SUS pode levar até dois anos. “O país precisa se preparar rapidamente para lidar com as complicações a longo prazo. São artrites incapacitantes, que interferem no dia a dia, na vida profissional das pessoas”, diz o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. A auxiliar de enfermagem Marlúcia dos Santos, 37, de Feira de Santana (BA), retornou ao trabalho no mês passado, após dez meses afastada em razão das sequelas. Ela toma três medicamentos de uso contínuo (dois analgésicos e um anti- inflama tóri o). “Melhorou um pouco, mas ainda sinto muitas câimbras, dores nas articulações e limitações no braço direito. Mesmo assim, estou feliz por conseguir ficar de cócoras, escovar os dentes e pentear o cabelo”, conta. A ambulante Maria Lúcia Santos Silva, 41, da mesma cidade, completou um ano de dores e inflamações nas articulações, que limitam o seu trabalho. “Falta força nas mãos”, diz ela, que toma dois remédios de uso crônico. Segundo o reumatologista Morton Sheinberg, a infecção pode não só causar quadro novo de artrite como reativar inflamações sob controle. Para Artur Timerman, a explosão de chikungunya mostra que o vetor, o Aedes aegypti, está mais presente do que nunca no país. “Estamos enxugando gelo. A estratégia de combate domiciliar é inócua, e o mosquito está resistente aos inseticidas.”
Transmissão pode ocorrer de mãe para bebê
16/08/2016 - Folha de S.Paulo
Ao menos três Estados do país (Bahia, Paraíba e Pernambuco) já registraram casos de transmissão da febre chikungunya da gestante para o bebê. Em Campina Grande (PB), há um caso confirmado e outros cinco sendo investigados, segundo a obstetra Adriana Melo, médica também responsável pela identificação do vírus da zika no líquido amniótico de dois fetos com microcefalia em 2015. Ela afirma que faltam recursos para seguir com as investigações. “Coletamos o material, mas faltam kits sorológicos”, afirma. Os bebês apresentaram sintomas da febre ckinungunya quatro dias após o nascimento. Ela diz que ainda não é possível saber se a transmissão ocorreu na hora do parto ou por meio do leite materno. Um dos bebês apresentou fortes convulsões, resultado de meningite. “O vírus provoca problemas neurológicos, levando a esse tipo de reação”, afirma Adriana Melo. Em Salvador (BA), houve dois casos relatados. As mães tiveram sintomas dois dias antes do parto. Segundo a pediatra Lícia Moreira, os bebês nasceram bem, mas, dias após o parto, apresentaram hemorragia e dificuldade para respirar. Um deles teve hemorragia intracraniana e digestiva, além de endocardite. Ficou 37 dias na UTI. O outro permaneceu 17 dias internado, sendo 14 na UTI. No Recife, a Secretaria da Saúde da cidade notificou em julho as primeiras mortes de bebês (um feto e um recém-nascido) que teriam sido causadas pelo vírus chikungunya. Estudos feitos na ilha Reunião, localizada no meio do Oceano Índico e que enfrentou epidemia de chikungunya em 2010 e 2014, mostram que as crianças infectadas pelo vírus têm mais chances de apresentar déficit neuro cognitivo no futuro. Em um desses estudos, publicado na revista científica “PLoS Neglected Tropical Diseases”, pesquisadores seguiram durante dois anos 33 crianças infectadas pelo vírus no parto e as compararam com 135 crianças que não tiveram o contágio. Mesmo isolando variáveis, como idade gestacional ao nascer e ter sido ou não amamentadas no peito, após dois anos de seguimento, as crianças que tiveram chikungunya apresentaram três vezes mais chance de atraso no desenvolvimento neuro cognitivos, como dificuldade de coordenação e linguagem. O maior impacto do vírus parece ser no final da gravidez. O bebê nasce bem, mas depois de três, quatro dias, pode ter exantema [manchas vermelhas], choro forte, apresentar hemorragias e comprometimento neurológico. Nesta terça (16), a Fiocruz realiza seminário para discutir o avanço da chikungunya no país e os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde.
Tribunais de saúde
16/08/2016 - O Globo
No último triênio, o Ministério da Saúde gastou R$ 1,76 bilhão com ações judiciais, um salto de 129%. Só em São Paulo, o gasto chegou perto de R$ 1 bilhão no ano passado, e a previsão para 2016 é de R$ 1,3 bilhão. O ministro da Saúde apresentou recentemente a previsão de que em 2016 os gastos de União, estados e municípios com a judicialização cheguem a R$ 7 bilhões.
A judicialização desenfreada da medicina prejudica todo o sistema de saúde e desafia os executivos federal, estadual e municipal, e também os poderes Legislativo e Judiciário. E tem gerado oportunidades para ações prejudiciais ao sistema e até absurdas, que afrontam a comunidade médica e os próprios órgãos reguladores do governo, como a Anvisa.
O caso recente mais emblemático foi o da “pílula do câncer”, cujo uso foi autorizado em projeto de lei pelo Congresso e sancionado pela presidente afastada, à revelia das agências e dos testes apropriados. Por ação dos médicos e da Associação Médica Brasileira, com o apoio da Academia Nacional de Medicina, felizmente, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a absurda lei que autorizava o seu uso.
A judicialização gera conflitos entre médicos (prescritores), Estado, Judiciário e sociedade (paciente e família). Muitas vezes, os conflitos são de competência, como neste caso e em muitos outros, na qual Legislativo, Executivo e até Judiciário passam por cima de órgãos reguladores, assumindo o papel de gestor de saúde, que desconhecem e para o qual não estão preparados.
Apesar do grande volume de ações que tramitam hoje na Justiça referentes à saúde, o modelo de judicialização praticado favorece principalmente aqueles que têm melhores condições financeiras e, consequentemente, maior acesso a advogados qualificados. Assim, os recursos para a população carente, em geral, ficam mais escassos, pois, além de desvio de enormes somas de recursos, eles são mal geridos. E os gastos são feitos sem planejamento, sem licitação e pagando-se preços exorbitantes (o teto) por medicações e procedimentos.
Além disso, a judicialização tem gerado oportunidades para o crime organizado, através de quadrilhas que se utilizam da situação muitas vezes desesperadora da população para lesar o Estado e as seguradoras de saúde. Paralelamente a isso, deve-se lembrar a forte influência da indústria farmacêutica no exercício médico.
É imperioso adotar critérios e normas que possibilitem a modernização do arsenal terapêutico de maneira organizada, com o pleno uso de recursos financeiros e humanos, tentando diminuir o desperdício causado pelas demandas individuais e de última hora.
Algumas propostas para minimizar os danos da judicialização da medicina podem ser a ampliação de Varas Especializadas em Saúde; a criação de Câmaras Técnicas de Conciliação no Judiciário, com participação de profissionais da área; ampliação dos Núcleos de Apoio Técnico, preferencialmente com suporte de médicos independentes; cursos propiciando o uso das evidências científicas nas decisões da Medicina e do Direito, como já é feito pela Unifesp para juízes, promotores, defensores públicos, gestores etc.
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