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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 03/08/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Preços abusivos de vacina da dengue devem ser denunciados, diz Anvisa

02/08/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Clientes que buscarem a vacina contra a dengue já disponível em clínicas privadas devem verificar, por meio de nota fiscal, a discriminação dos preços cobrados por cada dose e também pela aplicação do produto.

A recomendação, que visa evitar "cobranças abusivas", foi divulgada nesta terça-feira (2) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após a Folha publicar que o preço das três doses da vacina já chega a R$ 915 em clínicas particulares de São Paulo.

Em nota, a agência reforça que o preço por cada dose da vacina contra a dengue não pode passar do intervalo de R$ 132,76 a R$ 138,53, valores máximos definidos pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) para a venda do produto às clínicas de vacinação – e também ao consumidor.

A Anvisa lembra, no entanto, que esses valores máximos que variam por Estado referem-se apenas à dose da vacina. Clínicas, assim, também podem cobrar pelo serviço de aplicação e pelo armazenamento do produto –daí a recomendação para que o cliente peça a nota fiscal com a discriminação dos preços de cada um desses serviços.

ç"Se o preço cobrado [pela dose] for maior que o teto máximo estabelecido pela Cmed, o estabelecimento estará sujeito a sanções, como multa, que pode variar entre R$ 590 e R$ 8,9 milhões", informa, em nota. Denúncias relacionadas ao preço da vacina devem ser encaminhadas para o e-mail cmed@anvisa.gov.br.

Ainda segundo a agência, clínicas e serviços de imunização "devem repassar ao consumidor a vacina pelo preço exato pelo qual foi adquirida pelo fabricante".

A Anvisa, porém, não regula o preço máximo dos serviços de aplicação. Ainda assim, "caso o consumidor sinta-se lesado por uma cobrança abusiva do serviço de aplicação da vacina, deverá procurar os órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, Ministério Público e demais entidades civis de defesa do consumidor", recomenda.

A vacina contra a dengue é produzida pela farmacêutica Sanofi Pasteur, a única empresa com registro já aprovado para comercialização do produto no Brasil. Ao todo, a vacina tem três doses, que devem ser aplicadas com intervalo de seis meses cada.

Além da Sanofi, outros três institutos e empresas pesquisam vacinas contra a dengue: Butantan, Takeda e Bio-manguinhos/Fiocruz (em parceria com a GSK).




Vacina da gripe protege menos os obesos

03/08/2016 - Correio Braziliense


Durante a epidemia de H1N1 de 2009, pouco se sabia sobre o então novo vírus que desencadeou a chamada gripe suína. Mesmo com o desconhecimento, os médicos já alertavam: entre os fatores de risco, estava a obesidade. Essa condição que afeta 10% da população mundial faz com que o organismo se torne mais suscetível a infecções, pois a gordura provoca um processo inflamatório que leva à imunossupressão.

O problema, alertam pesquisadores norte-americanos, é que o excesso de peso reduz muito a proteção das vacinas de influenza. Esse é um quadro grave, considerando um futuro muito próximo em que se prevê a explosão global de sobrepeso ao mesmo tempo em que novos micro-organismos letais estão por emergir. Um estudo publicado na revista mBio, da Sociedade Americana de Microbiologia, mostrou que os adjuvantes — substâncias que melhoram a efetividade da imunização — aumentam as defesas dos obesos, mas não o suficiente para protegê-los contra o H1N1 e o H7N9. Esse último é o causador da gripe aviária e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, tem potencial para provocar epidemias de grandes proporções, com índice de letalidade de 30%.

No estudo, os pesquisadores do Hospital Pediátrico de St. Jude, em Memphis, nos Estados Unidos, separaram ratos em dois grupos: obesos e com peso normal. Ambos receberam vacinas contra os vírus da influenza contendo os adjuvantes Alum e AS03. Eles também foram imunizados com substâncias que não tinham esses ingredientes. Exames de sangue mostraram que, independentemente do peso, a vacina com adjuvantes melhorou a resposta imune dos animais, aumentando a produção das células de defesa, quando comparada à versão pura. Contudo, nos obesos, esse incremento foi 50% menor que o verificado nos ratos com peso normal.

Passadas três semanas, os roedores foram expostos aos vírus H1N1 e H7N9. Nenhum dos ratos do grupo de controle exibiu sintomas de gripe. Contudo, todos os obesos, mesmo os imunizados com substâncias contendo adjuvantes, ficaram com a doença. Entre três e cinco dias após a infecção, eles exibiam uma carga viral muito alta nos pulmões, algo praticamente indetectável nos ratos com peso normal.

Os cientistas resolveram, então, testar uma estratégia para incrementar a resposta imunológica aumentando a dose da vacina em quatro vezes. Não deu certo. Os animais obesos não só continuaram desprotegidos como, uma vez em contato com uma quantidade menor de vírus, se mostraram ainda mais suscetíveis. De acordo com os pesquisadores, a hipersuscetibilidade pode estar contribuindo para diminuição da efetividade da vacina. “Estudos prévios indicam que, mesmo infectados com níveis muito baixos do vírus, os animais obesos desenvolvem a doença da forma mais severa, muitas vezes não resistindo”, observa Stacey Schultz-Cherry, professora do Departamento de Doenças Infecciosas de St. Jude e principal autora do trabalho.

A médica explica que esse mecanismo ainda não foi totalmente compreendido. “A obesidade é uma condição associada a muitas comorbidades, como doença cardiovascular e diabetes. Ela, por si, já é imunossupressora, deixando o organismo mais suscetível a infecções. Isso, aparentemente, está relacionado com as inflamações das células e dos tecidos provocadas pela obesidade. Contudo, é urgente tentarmos resolver uma questão intrigante: Por que mesmo com a resposta imunológica aumentada pelas vacinas com adjuvantes os animais obesos não ficam protegidos?”, questiona. De acordo com Schultz-Cherry, não há, por enquanto, pistas sobre esse mecanismo.


AÇÕES FOCADAS


A médica ressalta a importância de se pensar em políticas públicas de saúde específicas para a população obesa, incluindo financiamento de pesquisas que consigam decifrar o enigma da baixa imunidade associada ao excesso de peso, além do desenvolvimento de um método que, de fato, consiga proteger os que sofrem desse problema. “A Organização Mundial da Saúde prevê que, nos próximos anos, a prevalência da obesidade no mundo aumente 130%. Não podemos ignorar essa realidade”, observa.

“Nós precisamos continuar a estudar os efeitos da obesidade na capacidade de o organismo lutar contra infecções virais”, concorda Melinda Beck, professora da Faculdade de Saúde Pública Global UNC Gillings (EUA), que não participou desse estudo. Desde 2005, porém, ela investiga a resistência que o excesso de peso cria à imunização. “A influenza é uma ameaça séria à saúde pública, matando meio milhão de pessoas por ano. À medida que as taxas de obesidade continuam a crescer, o número de mortes por gripe também aumentará. Precisamos de uma compreensão melhor desse problema e de buscar soluções urgentemente”, diz.

Apesar do resultado, Stacey Schultz-Cherry destaca que obesos não devem deixar de se vacinar. “Em primeiro lugar, os estudos feitos até agora testaram ratos, e nem sempre a resposta de um animal será a mesma da dos humanos. Mesmo que a vacina não pareça a estratégia ideal para quem está acima do peso, ela é a única ferramenta que temos até agora, e isso é melhor do que nada. Sem a imunização, a severidade da gripe pode ser maior, levando até mesmo à morte”, afirma.

“A influenza é uma ameaça séria à saúde pública, matando meio milhão de pessoas por ano. À medida que as taxas de obesidade continuam a crescer, o número de mortes por gripe também aumentará”

Melinda Beck, professora da Faculdade de Saúde Pública Global UNC Gillings.




Remédios biológicos são tão bons quanto os seus ‘genéricos’

02/08/2016 - El País (Brasil)


A guerra dos genéricos ocorrida no final de século passado será vista como uma brincadeira de crianças perto daquela que se prepara com os medicamentos de última geração, os chamados remédios biológicos. Muito mais complexos, difíceis de fabricar e caros, os medicamentos biológicos também possuem os seus genéricos, conhecidos como biossimilares. Agora, uma análise feita a partir de vinte estudos mostra que os originais são tão bons quanto as suas cópias.

Para entender aquilo que se aproxima, é preciso olhar um pouco para o passado. A primeira coisa é diferenciar os remédios tradicionais dos biológicos. Os primeiros possuem uma base química, razão pela qual, utilizando o mesmo princípio ativo, a mesma fórmula e os mesmos meios de fabricação, um medicamento genérico pode ser tão eficaz (terapêutico), seguro (efeitos colaterais) e ter a mesma ação (farmacocinética) que o original. No caso dos biológicos, a coisa se complica. Como as vacinas ou a insulina, eles se baseiam em um ser vivo, seja uma bactéria, um fungo ou alguma célula modificada por meio da biotecnologia. Isso faz com que uma cópia perfeita seja impossível de se produzir. Por isso, os genéricos dos remédios biológicos são chamados de biossimilares e não bioidênticos.

O outro item a ser considerado é o preço. Os custos de desenvolvimento de um remédio biológico são muito elevados e não diminuem proporcionalmente quando, uma vez obtida a sua fórmula mágica, se passa a produzi-los em massa. Isso faz com que esses medicamentos sejam muito caros. Eles tornaram possível uma revolução no tratamento do câncer, da artrite ou de doenças inflamatórias do intestino, mas provocaram uma grande elevação nos custos do sistema de saúde. Para os fabricantes, foi um grande negócio. Em comparação com os milhares de remédios químicos, os biológicos são apenas algumas dezenas, mas, em 2017, deverão representar 20% do 1,04 bilhão de euros (cerca de 4 bilhões de reais) utilizados no consumo de remédios no mundo, segundo um relatório do IMS Health.

“Há muita coisa em jogo”, afirma Caleb Alexander, professor da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins (EUA), em conversa por e-mail. É enorme o fluxo de dinheiro que se dirige para as contas dos laboratórios farmacêuticos que desenvolveram os primeiros biológicos.

A quebra da patente de muitos deles, porém, já está estimulando a produção de biossimilares, que aliviariam relativamente os custos para a saúde pública. Nos EUA, já foram aprovados dois biossimilares. Na Europa, que nesse caso está bem à frente, a Agência Europeia de Medicamentos já liberou 21 biossimilares.

Com um grupo de colegas, Alexander fez uma compilação de todos os estudos comparativos entre remédios biossimilares e os originais usados no tratamento de artrite reumatoide, psoríase e doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn ou a colite ulcerosa. Trata-se de medicamentos baseados em inibidores de uma proteína decisiva para o sistema imunológico conhecida como fator de necrose tumoral. Entre esses trabalhos, há ensaios clínicos em fase I (para determinar sua segurança) e em fase III, prévios à sua comercialização. Há também estudos que fazem um acompanhamento dos medicamentos aplicados a pacientes tratados inicialmente com originais e depois com biossimilares.

Em texto publicado nos Annals of Internal Medicine, o grupo afirma que, em todos os ensaios clínicos analisados, tanto da fase I quanto da fase III, os biossimilares registraram uma margem de equivalência entre 80% e 125% em relação aos medicamentos originais de referência. Embora não se possa inferir diretamente desses percentuais que em alguns casos o biossimilar até mesmo supera o original, “essa margem de equivalência se refere ao mínimo que um produto rende em relação ao qual ele é comparado”, lembra Alexander.

“O mesmo debate que aconteceu por ocasião da chegada dos genéricos, bem menos complicados, se repete novamente, agora com muito mais em jogo, com maiores possibilidades de erros, mas com um potencial também maior de redução de custos para o sistema de saúde”, comenta Alexander, que também integra a diretoria do Centro Johns Hopkins para a Segurança e Eficácia de Medicamentos. “Com base nas provas disponíveis, podemos concluir que os produtos estudados são comparáveis e, com toda segurança, serão mais baratos”, acrescenta.

Embora a análise feita tenha focado apenas um tipo de remédio biossimilar, deixando de fora outros já existentes, como os que se baseiam em anticorpos monoclonais para a psoríase e vários tipos de câncer, os pesquisadores acreditam que seus resultados devem diminuir a exigências estabelecidas para que os biossimilares possam competir com seus originais à medida que as patentes se expirem.

“A verdadeira guerra se dará no mercado dos biossimilares”, comenta Miguel del Fresno, professor da UNED que pesquisa há muitos anos as estratégias adotadas para conter a chegada dos genéricos e, agora, a dos biossimilares. E, nessa guerra, ele vê a existência de várias frentes de batalha, desde a definição clara do que é um biossimilar até a definição de quem pode receita-lo, passando pela escolha a partir da marca ou do princípio ativo, como ocorre no caso dos genéricos.

Para Del Fresno, “a chave estará em que os responsáveis políticos pelo sistema de saúde saibam distinguir o bem público do bem privado”, e acrescenta: “as patentes preservam o bem privado, enquanto o acesso aos medicamentos a um custo razoável preserva o bem público”.




Google quer tratar doenças sem remédios e com bioeletrônicos

02/08/2016 - Portal Exame


O Google quer curar doenças crônicas sem o uso de remédios. Para isso, a Verily (organização que faz parte da Alphabet, holding do Google) fechou uma parceria com a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) para desenvolver dispositivos bioeletrônicos injetáveis que poderão substituir os remédios.

O resultado é uma nova empresa chamada Galvani Bioeletronics. Ela nasce graças a um investimento de 540 milhões de libras (720 milhões de dólares), que serão aplicados ao longo de sete anos. “Este acordo com a Verily sinaliza um passo fundamental na jornada bioeletrônica da GSK, reunindo saúde e tecnologia para realizar uma visão compartilhada de miniaturizados e terapias elétricas de precisão”, disse Moncef Slaoui, executivo da GSK, em comunicado.

A bioeletrônica é um campo científico relativamente novo que utiliza aparelhos miniaturas para modificar os sinais elétricos que passam ao longo dos nervos no corpo. Como cada neurônio é parte de uma rede que engloba todos os órgãos, os dispositivos os estimulariam para controlar as funções de um órgão específico. Ao estimular o nervo vago, por exemplo, o aparelho pode controlar o funcionamento do pâncreas e, consequentemente, tratar a diabetes.

Hoje, medicamentos são utilizados para regular essas funções. O problema disso, no entanto, são os efeitos colaterais que geralmente os acompanham. Com aparelhos bioeletrônicos, os cientistas esperam que essa quantidade de implicações negativas diminua.

Apesar de interessante, a proposta da nova empresa esbarra em um problema científico: os sistemas elétricos do corpo humano ainda não foram completamente mapeados. Assim, fica difícil tratar uma doença sem saber como chegar a ela.

Essa não é a primeira vez que a Verily faz uma parceria com uma companhia farmacêutica. Em 2015, ela criou junto a Novartis uma lente de contato que pode medir níveis de glicose.

Estudo identifica genes ligados à depressão

03/08/2016 - O Estado de S.Paulo


Um estudo identificou pela primeira vez 15 regiões do genoma que parecem estar associadas à depressão em europeus.

Os resultados da pesquisa foram publicados ontem na revista científica Nature Genetics. A maior parte das pesquisas feitas até agora havia sido incapaz de identificar variantes genéticas que influenciam o risco de depressão. As várias formas diferentes em que a depressão se manifesta, assim como ocorre em outros distúrbios, permitem concluir que ela é influenciada por diversos genes.




What's News: A Biogen

03/08/2016 - Valor Econômico


A Biogen, gigante americana da biotecnologia, foi abordada por grandes farmacêuticas, inclusive a Merck Sharp & Dohme, também dos EUA, e a irlandesa Allergan, sobre uma possível aquisição, dizem fontes, numa época em que a busca por novas fontes de crescimento tem gerado grandes fusões no setor. A Biogen, que domina o lucrativo mercado de remédios contra a esclerose múltipla, faturou US$ 10,8 bilhões em 2015.




Despesas pesam e Pfizer fecha trimestre com lucro 23% menor.

02/08/2016 - Valor Econômico / Site


Despesas maiores compensaram um forte salto nas vendas com uma aquisição, e a Pfizer fechou o segundo trimestre com queda de 23% no lucro. Ainda assim, a maior farmacêutica dos Estados Unidos conseguiu bater as expectativas de Wall Street.

Entre abril e junho, o lucro líquido da Pfizer somou US$ 2,02 bilhões, ou US$ 0,33 por ação, abaixo dos US$ 2,63 bilhões, ou US$ 0,42 por ação, obtidos em mesmo período de 2015.

A companhia disse que o lucro, ajusto por custos não recorrentes e por custos relacionados a fusões e aquisições, correspondeu a US$ 0,64 por ação. A estimativa média dos nove analistas consultados pela Zacks Investment Research era de um ganho de US$ 0,62 por papel.

A fabricante do medicamento Viagra e da vacina Prevnar 13, contra pneumonia e outras doenças, registrou receita de US$ 13,15 bilhões nos três meses até junho, avanço de 11% em relação a um ano antes. Três analistas ovuidos pela Zacks previam um montante de US$ 13 bilhões.

As vendas foram impulsionadas pela aquisição do ano passado da Hospira e pelo aumento das vendas em mercados emergentes, como China e Índia.

O negócio de saúde inovadora da Pfizer, de medicamentos protegidos por patentes, apresentou vendas 7% maiores, de US$ 7,11 bilhões.

Ao apresentar seus números, a companhia reforçou suas projeções para 2016, de lucro da ordem de US$ 2,38 a US$ 2,48 por ação e receita na faixa de US$ 51 bilhões a US$ 53 bilhões.

Pesquisa retrata a gravidez nos tempos de zika

03/08/2016 - O Globo


Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Patrícia Galvão, organização social sem fins lucrativos voltada à comunicação e direitos das mulheres, mostrou que 33% de 3.155 gestantes entrevistadas em todo o país, entre abril e julho, não tiveram orientação no pré-natal sobre como evitar zika. Entre as grávidas que fazem o acompanhamento no Sistema Único de Saúde (SUS), esse índice chega a 42%; e na rede privada, a 28%. O objetivo do levantamento era entender como a gravidez vem sendo vivenciada em meio à preocupação com o vírus.

O projeto tem o apoio da ONU Mulheres e da Fundação Ford. Entre os assuntos abordados, como a necessidade de mais exames durante o pré-natal, o ponto mais polêmico surgiu quando as entrevistadas foram confrontadas com a afirmação “quem decide se o bebê vai ter microcefalia ou não é Deus, por isso não adianta muito me cuidar”: 25% das entrevistadas disseram concordar.

A diretora-executiva do instituto, Jacira Melo, avalia que a resposta é fruto de desinformação. Ela destaca, porém, que “o ambiente de epidemia em que a própria ciência tem poucas respostas para as mulheres” precisa ser levado em consideração para o argumento:

— Vimos que 64% não concordam com essa afirmação, embora 25% digam que sim. Acho que nesse momento em que vivemos, em que as pessoas se sentem desamparadas, em um país religioso, vem esse sentimento de resignação.

Apesar do medo, os dados mais recentes mostram uma redução de novos casos. Do início do ano até o dia 12 de julho, cerca de 56 mil casos suspeitos de zika foram notificados no Estado do Rio. Nas duas últimas semanas epidemiológicas (de 26 de junho a 2 de julho e de 3 de julho a 9 de julho), porém, não houve registro de casos da doença, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde. Os casos de zika estão em curva descendente.

Em todo o país, de acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, na quarta-feira da semana passada, foram 165.932 casos prováveis de infecção pelo vírus zika do início do ano até 11 de junho. Segundo a pasta, quatro óbitos pelo vírus foram confirmados desde 2015.

Ainda de acordo com o órgão, foram confirmados 1.749 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, até o dia 23 de julho.


BUSCA POR INFORMAÇÃO


Segundo a diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, o destaque do levantamento é a necessidade de informações mais precisas sobre o vírus, como formas transmissão e prevenção:

— As mulheres estão muito atentas à zika e exigem informações. Elas se sentem pouco informadas.

A sensação de que o sistema de saúde ainda tateia no universo do vírus, porém, não é restrito às gestantes. Infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão), Celso Ramos Filho lembra que o vírus é novo:

— O zika é um problema extremamente novo. Está chegando muita informação, mas é claro que há muita coisa que ainda não se sabe e perguntas que ainda não foram feitas sobre o assunto.

Para ouvir mulheres grávidas de todo o país, a pesquisa se baseou em métodos qualitativos (a partir de grupos de discussão em São Paulo, Recife e João Pessoa) e quantitativos (respostas on-line, no site BabyCenter). A reação ao aborto também foi testada na pesquisa. A afirmação “eu entendo uma mãe que opta por interromper a gestação ao saber que o bebê tem microcefalia” foi aprovada por 27% das entrevistadas. O índice chamou a atenção.

— Nós sabemos que é muito complexo a mulher que está grávida falar de aborto. É uma discussão quase sempre evitada. Pareceu que, diante de toda a apreensão que estão vivendo, elas foram generosas ao olhar outras mulheres, independentemente da crença e da opinião pessoal. É surpreendente ver que 27% compreendem o aborto. É significativo pela complexidade cultural no Brasil — avalia Jacira.

Das entrevistadas, 90% afirmaram que, se tivessem acesso, fariam o exame para saber se têm ou tiveram zika durante a gravidez; e 52% disseram que gostariam de fazer mais ultrassons durante o pré-natal.


INDICAÇÃO MÉDICA


Apesar de concordar com a importância do acompanhamento médico, Ramos Filho ex plica que exames como o ultrassom demandam recomendação médica.

— As pessoas querem exames que, muitas vezes, não têm indicação clínica. Exames desnecessários aumentam o custo da assistência médica, e isso ninguém quer. O ultrassom não é uma medica terapêutica. Já a reivindicação por exames sorológicos (para descobrir se a gestante possui o vírus zika) tem mais lógica, e o resultado pode inclusive exigir outros exames — reforça.




Livro conta a breve história da epidemia do vírus da zika

03/08/2016 - Folha de S.Paulo


Será que não é cedo demais para tentar contar a história da epidemia de zika? Talvez, mas o americano Donald Mc Neil Jr.,62, repórter de ciência e saúde do “New York Times”, fez um belíssimo rascunho dessa saga em seu novo livro, batizado de “Zika: The Emerging Epidemic” (“Zika: A Epidemia Emergente”), ainda sem tradução no Brasil.

Veterano da cobertura de doenças infecciosas em países pobres, Mc Neil Jr. conseguiu produzir uma mistura habilidosa de drama humano, história de detetive e retrato dos bastidores da saúde pública no mundo.

Apesar do ponto de vista americano — pesquisadores, funcionários públicos e mochileiros dos EUA são os principais personagens para humanizara história—, brasileiros também têm muito a aprender com a obra.

O livro contextualiza as notícias cada vez mais alarmantes dos últimos dois anos (a começar pela onda de bebês com microcefalia em maternidades do Nordeste brasileiro) com o avanço do conhecimento sobre o zika, que engatinhou durante décadas após a descoberta inicial do vírus em Uganda, nos anos 1940 (veja infográfico).

O leitor atento será capaz de entender como um novo vírus é descoberto, como sua ação no organismo de seres humanos é testada em células e animais de laboratório —e como todo esse conhecimento pode precisar ser revisto de uma hora para outra, quando a natureza do vírus e as condições para sua propagação mudam de repente.

A obra mostra ainda como o avanço do zika é uma consequência das conexões globais que se intensificaram nos últimos anos —um vírus africano, que só precisaria ter atravessado o Atlântico para aportar por aqui, teve de dar a volta pela Ásia e pela Oceania antes de chegar ao Brasil, provavelmente na Copa das Confederações de 2013.

E, falando em grandes eventos esportivos, Mc Neil Jr. não pinta a Olimpíada do Rio como um prelúdio do apocalipse do zika. Faz questão de lembrar que a competição acontece no inverno, quando o Aedes aegypti é bem menos ativo. Por outro lado, destaca, o inverno carioca ainda é relativamente quente para os padrões americanos.

Resumo da ópera, segundo ele: se você está grávida ou pretende engravidar, o mais seguro é nem pensar em colocar os pés no Rio. E, se seu marido ou namorado vier e tiver sintomas da doença, ele tem de usar camisinha durante toda a gravidez, já que o vírus também pode ser transmitido pelo sexo.


INCÊNDIO DE BOATOS


Um dos pesquisadores citados no livro, especialista em história da medicina, lembra que boatos estapafúrdios e/ou preconceituosos sempre acompanharam as grandes epidemias. O avanço do vírus zika confirmou essa escrita, com o agravante de que a boataria foi impulsionada pela caixa de ressonância planetária das redes sociais.

“Parecia que eu estava tentando apagar vários incêndios ao mesmo tempo”, recorda Mc Neil Jr. ao falar de sua luta diária para esclarecer os rumores que supostamente traziam a “verdadeira explicação” para o aumento dos casos de microcefalia: a culpa era das vacinas estragadas de rubéola, dos “inseticidas da Monsanto” usados contra o A. aegypti (os quais, na verdade, nem da Monsanto eram), dos mosquitos transgênicos etc. Pelo menos ninguém tentou culpar os comunistas ou os ETs.

Essas e outras teorias conspiratórias estavam completamente equivocadas, lógico, mas isso não significa que a estratégia de comunicação dos governos e organizações de saúde mundo afora não tenha sido responsável por escorregadas também, diz ele.

O repórter americano critica a falta de clareza das autoridades quando parecia razoável aconselhar que as mulheres das regiões atingidas pelo vírus adiassem seus planos de ter filhos.

O medo de ferir susceptibilidades políticas à direita e à esquerda —de grupos que, por um motivo ou outro, abominam qualquer intervenção governamental nessa área— teria levado a uma postura pusilânime, escreve ele: “Os especialistas ficavam repetindo que engravidar é uma questão complexa e altamente pessoal. Bem, quando uma mulher tem câncer de mama e é preciso fazer uma mastectomia [retirar os seios], isso também é uma questão altamente pessoal, o que não impede os médicos de recomendarem o procedimento”.

É natural que, daqui a cinco anos ou mesmo seis meses, uma parte considerável do conteúdo do livro fique desatualizada.

Ainda sabemos pouquíssimo sobre o zika. Algumas lições da obra, porém, são perenes—a começar pelos riscos da complacência.

Novas ameaças parecidas surgirão, porque as populações do planeta continuarão altamente conectadas e a evolução de micro-organismos e vírus é veloz e nunca para. O preço da sobrevivência é a eterna vigilância.

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