Plano de saúde 'popular' pode ampliar judicialização, avalia o setor
07/07/2016 - Valor Econômico
A criação de um plano de saúde popular, ideia defendida pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na quarta-feira no Congresso, abre espaço para discussões sobre a judicialização, avaliam representantes do setor. Na avaliação deles, para operar com custos menores, a cobertura de atendimento desses convênios médicos provavelmente será inferior à dos atuais, assim como propôs o ministro.
Por isso, há entre os representantes do setor o receio de que os usuários dos planos de saúde populares entrem com ações judiciais, exigindo cobertura equivalente à dos atualmente comercializados, tendo em vista que existe uma legislação determinando um roll de procedimentos mínimos obrigatórios às empresas atuantes no setor.
Na fala do ministro, não ficou claro se haveria uma regra especial para o plano de saúde popular que os isentasse de cumprir essa obrigatoriedade.
As entidades que representam as operadoras e seguradoras de planos de saúde, Abramge e Fenasaúde, respectivamente, acreditam que ao tratar do assunto o ministro dá uma sinalização de que o governo está aberto ao diálogo para criação de mecanismos que possam reduzir os custos da saúde, seja pública ou privada. “É preciso levar à sociedade a discussão de que a saúde suplementar não tem como atender tudo e todos”, disse Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da Fenasaúde.
O presidente da Abramge, Pedro Ramos, também disse que o governo parece estar mais sensível aos elevados custos da saúde e criticou duramente a judicialização. “Não dá para deixar de discutir uma flexibilização das regras do setor com medo da judicialização. É preciso tomar um primeiro passo”, disse Ramos.
Jovens ingerem pouca fruta e muito ‘refri’
08/07/2016 - Folha de S.Paulo
Adolescentes deixam as frutas de lado na hora de matar a fome, ao mesmo tempo em que é alta a proporção daqueles que não largam os refrigerantes e doces.
Essa é uma das conclusões de um dos maiores estudos já realizados no país para mapear os hábitos alimentares dos adolescentes e os fatores de risco de doenças cardiovasculares entre este grupo.
Apelidada do Erica (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes),a pesquisa, feita pelo Ministério da Saúde e a UFRJ, entrevistou mais de 70 mil adolescentes entre 12 e 17 anos de 1.247 escolas, distribuídas em 124 municípios.
Entre os alimentos mais consumidos por este grupo, estão arroz, feijão, pães, sucos, carnes e refrigerantes. E aí vem o alerta: esta última categoria aparece como hábito alimentar de 45% dos adolescentes, uma proporção considerada alta pelo Ministério da Saúde.
Ou seja, de 1.600 alimentos possíveis,o“refri” é o sexto alimento mais lembrando. Doces e sobremesas aparecem na sequência, com 39,3%de adesão.
Frutas, por sua vez, nem sequer aparecem na lista geral de 20 alimentos mais consumidos, mostra o estudo.
Ao mesmo tempo em que ainda privilegiam bebidas açucaradas, parte dos adolescentes também mantém hábitos não recomendados por nutricionistas na hora das refeições.
A pesquisa mostra que 56,6% deles fazem as refeições “sempre ou quase sempre” em frente à TV, e 39,6% consomem petiscos em frente à telinha com esta mesma frequência. “Ao consumir mais alimentos na frente da TV, do computador, do celular, acabam não percebendo o que estão comendo, o que acaba aumentando a ingestão calórica e de alimentos ultra prossesados”,diz Michele Lessa, coordenadora de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde.
Entre os adolescentes, 100% têm consumo de vitamina E—antioxidante importante para a saúde da pele e cicatrização— e cálcio —importante para o crescimento ósseo— abaixo do adequado.
OBESOS
Para o ministério, os hábitos alimentares no país se refletem nos crescentes índices de obesidade. Em 2015, cerca de metade da população acima de 18 anos estava acima do peso. Destes, 18,9% eram obesos.
Para comparação, em 2006, este percentual era de 11,8% —ou seja, houve um crescimento de 60% em dez anos. A obesidade é um dos fatores de risco de doenças cardiovasculares. “É um problema que implica em muitos gastos na saúde pública”, diz o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Também é alto o índice de adolescentes acima do peso: 17,1%, segundo a pesquisa Erica. Destes, 8,4% são obesos.
Para tentar diminuir estes índices o ministro da Saúde afirma que vai levar ao Congresso uma proposta para regulamentar a comercialização e publicidade, em escolas públicas e privadas, de alimentos e bebidas industrializados.
“A intenção é que a publicidade não induza as crianças [a consumir alimentos processados].”
Falta de verba atinge medicina nuclear e pode prejudicar 6 mil pacientes por dia
08/07/2016 - O Estado de S.Paulo
A crise orçamentária da ciência brasileira ameaça paralisar a produção de radiofármacos no País. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela produção de 95% de todos os medicamentos desse tipo usados no Brasil, só tem dinheiro suficiente para operar até o fim de agosto. Depois disso, sem uma injeção emergencial de recursos, a fábrica fecha.
“Vai parar tudo, literalmente”, disse ao Estado o superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani. “A situação é muito crítica. Não teremos dinheiro nem para pagar a conta de luz”, ressaltou.
Cerca de 6 mil pacientes usam os produtos do Ipen diariamente, de acordo com a estimativa de Bressiani. O instituto fabrica 38 produtos para medicina nuclear, que são fornecidos para 430 clínicas e hospitais em todo o País. Entre eles estão o tecnécio-99, essencial para diagnóstico de câncer e várias outras doenças, e o iodo-131, para o tratamento de problemas da tireoide.
O número de pacientes beneficiados por ano é de aproximadamente 1,5 milhão. E cerca de um terço da produção é destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O orçamento do Ipen para 2016 é de aproximadamente R$ 100 milhões, mas o instituto precisa de pelo menos R$ 150 milhões para manter a produção de radiofármacos funcionando, afirmou Bressiani. “Todos os cortes possíveis nós já fizemos no ano passado”, disse o superintendente, que nesta semana participa da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Porto Seguro, na Bahia.
O Ipen fica dentro da Universidade de São Paulo (USP) e é vinculado ao governo do Estado, mas é gerido e financiado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Segundo o presidente da CNEN, Renato Cotta, o orçamento da comissão para este ano, que originalmente seria de R$ 216 milhões, foi reduzido para R$ 136 milhões. “A conta não fecha, já estamos cortando no osso”, afirmou.
A liberação de um recurso emergencial de R$ 15 milhões foi aprovada pelo ministério nos últimos dias, segundo ele, mas é crucial que o dinheiro chegue antes de agosto. E ainda assim, não será suficiente. “Para sobreviver até o fim do ano precisamos de mais R$ 60 milhões, pelo menos”, disse.
Caso a produção do Ipen seja interrompida, não há como substituir seus produtos com importações, pois os radiofármacos perdem eficácia rapidamente (por causa do decaimento natural dos elementos radioativos) e precisam ser produzidos quase que “em tempo real”, próximo do local onde serão utilizados.
Além do Ipen, a CNEN gerencia outras três unidades de produção de radiofármacos no País, em Belo Horizonte, Rio e Recife – especializados na produção de isótopos de vida curta (de poucas horas de duração), que não podem ser transportados por longas distâncias.
“O cobertor é curto. Se puxarmos uma ponta para salvar o Ipen, os outros vão sofrer”, avaliou Cotta.
SEM RISCO
Procurado pela reportagem, o ministério afirmou, por meio de nota oficial, que “não há risco de desabastecimento de radiofármacos”, pois a pasta “já havia recebido a solicitação da CNEN de adequação orçamentária para este ano equivalente às despesas programadas para a produção dos referidos produtos”.
“O MCTIC incluiu a solicitação do CNEN nas discussões sobre créditos orçamentários com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”, disse o texto oficial. “Paralelamente, o MCTIC tomará todas as providências necessárias para atender à solicitação do CNEN, que está recebendo normalmente a matéria-prima de Rússia, África do Sul e Argentina três vezes por semana.”
Adolescente se alimenta mal e risco à saúde cresce
08/07/2016 - O Estado de S.Paulo
Uma pesquisa inédita feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que adolescentes seguem uma dieta de alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade.
A lista de problemas é extensa: refrigerante é o sexto alimento mais consumido, só metade toma mais de 5 copos de água por dia, 80% consomem sódio em excesso e todos ingerem menos cálcio e vitamina E do que o adequado.
O trabalho tem por base um inquérito com estudantes de 12 a 17 anos, feito em 1.247 escolas espalhadas pelo País.
“Vivemos em uma transição do padrão africano, onde a fome era prevalente, para o padrão americano, onde a obesidade predomina”, afirmou a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção à Saúde, Fátima Marinho. A epidemiologista considera que o fenômeno identificado agora entre adolescentes já ocorre há alguns anos na população adulta.
“Nossa tarefa é tentar reverter esse padrão, sobretudo com população mais jovem.” O conjunto de hábitos retratado na pesquisa preocupa. Mais da metade faz refeições sempre ou quase sempre na frente da TV. Quando não é o prato de comida, é o salgadinho. Dos entrevistados, 40% disseram que comem petiscos enquanto estão com o aparelho ligado e 73,5% passam duas horas ou mais vendo TV ou no computador.
“Trabalhos mostram que, quando a pessoa faz refeições com companhia, há uma tendência maior de se prestar atenção no que se está comendo, reduzindo excessos”, afirmou a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.
ARROZ E FEIJÃO
A boa notícia está na permanência do hábito brasileiro de colocar no prato arroz e feijão. São os itens de alimentação mais consumidos pelos jovens, com 81,75% e 67,95%, respectivamente. No entanto, doces e refrigerantes, com 44,97% e 39,33%, por sua vez, estão mais bem colocados do que frutas e hortaliças (33,97%). No Nordeste, o consumo de frutas e hortaliças é tão baixo que não figura entre os 20 alimentos mais usados.
O padrão entre adultos é ainda mais desanimador. Estudo feito por telefone com moradores com mais de 18 anos das capitais do País mostra que 19% do brasileiros têm o hábito de consumir refrigerantes e sucos artificiais e 20% consomem doces 5 vezes por semana ou mais. O hábito reflete diretamente na obesidade: 18,6% são obesos – em 2010, eram 15%.
A estudante Morgana Miranda, de 18 anos, por exemplo, diz que toma refrigerante todos os dias e o hábito a acompanhou durante toda a adolescência.
“Até penso em tomar suco, mas vou comer uma batata frita e não combina.” Já na casa da estudante Tifany Ito, de 17 anos, sempre tem suco de caixa, diariamente.
“Fazer suco natural dá muito trabalho.” Endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Tarissa Petry diz que, por praticidade, brasileiros estão deixando de consumir alimentos naturais, mas que isso pode trazer sérias consequências para a saúde. “Estamos diagnosticando a obesidade cada vez mais cedo. Esses jovens vão ter diabete, hipertensão, enfarte e AVC mais cedo também.” Propaganda. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que a propaganda de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura e com excesso de álcool poderia ser “aprimorada”, sem dizer, no entanto, o que poderia ser feito. Mas assinou uma portaria que proíbe, a partir de hoje, a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados, ultraprocessados, com excesso de açúcar, gordura e sódio dentro das unidades do ministério.
O mesmo vale para eventos patrocinados e ele espera que a medida seja replicada por outros órgãos de governo.
Ministro diz que multas a planos são abusivas
08/07/2016 - O Estado de S.Paulo
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, saiu em defesa de planos de saúde e afirmou que as multas aplicadas às operadoras são abusivas e que empresas do setor não podem ser consideradas como inimigas. “As multas são exageradas. Um plano que deixa de cumprir uma obrigação de R$ 100 hoje é multado em R$ 50 mil”, disse, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde. “Quebrar os planos não ajuda em nada a saúde do Brasil nem dos brasileiros. Os planos geram emprego, pagam impostos. Não são nossos inimigos”, completou.
As declarações foram dadas um dia depois de o ministro sugerir a criação de “planos populares” de saúde, uma modalidade em que o usuário pagaria uma mensalidade menor, mas, em contrapartida, teria direito a uma cesta de serviços mais restrita da que é hoje definida como mínima pela lei.
Criticado por integrantes do conselho, o ministro afirmou que planos populares são uma sugestão. “Há dúvidas sobre se essa medida poderia ser tomada apenas com uma resolução ou se seria necessária a mudança da lei”, afirmou.
Barros disse ainda não ter uma sugestão para mudanças nas regras para punir empresas que resistem em prestar serviços devidos aos usuários. Mas afirmou ser necessário um olhar atento para operadoras.
ANISTIA
As declarações foram uma resposta a uma pergunta feita por integrantes do conselho, sobre a tentativa do Congresso de anistiar multas devidas pelas operadoras de saúde.
A proposta foi aprovada por parlamentares e, mais tarde, vetada pela presidente afastada, Dilma Rousseff. O texto, de 2014, permitiria um perdão de R$ 2 bilhões para o setor.
O ministro enxerga na saúde suplementar uma saída para driblar o orçamento apertado na Saúde. Desde que assumiu, ele diz que, quanto mais pessoas em planos, melhor.
Presidente da SBPC volta atrás após colocar cargo à disposição
08/07/2016 - O Estado de S.Paulo
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, colocou o cargo à disposição do conselho da entidade em reunião na manhã de ontem. O conselho, porém, solicitou por unanimidade que ela permanecesse, e Helena aceitou. A decisão foi comemorada pelos 22 conselheiros presentes.
“Vou continuar, mas com muito sacrifício, pode ter certeza”, disse Helena ao Estado após a reunião. O pedido de renúncia foi motivado por uma agressão verbal sofrida anteontem, durante um ato público na reunião anual da SBPC em Porto Seguro, no sul da Bahia.
Helena foi chamada de “pelega” e “chapa branca” por pessoas que protestavam contra o governo interino de Michel Temer — entre elas, o químico Antonio Carlos Pavão, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que acusou a presidente da SBPC de ficar “em cima do muro” e “negociar com golpistas”.
“Eu tenho uma história muito clara de luta contra a ditadura”, disse Helena, de 68 anos, ao Estado. “Eu não fui presa; o que é um buraco na minha formação.
Mas eu lutei pela democracia; estive presente em todas as reuniões. Eu tive amigos que foram presos e torturados, tive professores que foram violentamente torturados. A palavra ‘pelega’ para mim é muito forte. E ela foi usada conscientemente, de propósito.” Fusão. O ato público havia sido convocado para criticar a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o Ministério das Comunicações e pedir a recomposição do orçamento da pasta aos níveis de 2013, pelo menos. Mas acabou sendo dominado por manifestações contra o “golpe” e o governo interino.
“Fora Temer e seu bando”, disse Pavão diversas vezes ao microfone. Helena Nader disse então que a SBPC era uma “entidade sem cor político-partidária” e não participava desse “segundo slogan” do ato — referindo-se ao coro de “Fora Temer”.
Mesmo assim, uma proposta de apoio ao movimento Fora Temer será debatida. “O tema vai ser levado à assembleia para discutir se a SBPC deve ou não assumir essa ou aquela bandeira política”, disse Glaucius Oliva, professor da Universidade de São Paulo (USP). “O que é inaceitável é essa agressão pessoal contra a Helena, totalmente desmedida e desnecessária”, afirmou ele.
Cardápio pobre em nutrientes
08/07/2016 - O Globo
Uma pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Saúde mostra que a alimentação dos adolescentes brasileiros deve ser motivo de grande preocupação. Considerados saudáveis, arroz e feijão estão no topo da lista dos 20 produtos mais consumidos entre jovens de 12 a 17 anos. Mas, daí em diante, reinam alimentos industrializados como refrigerantes e carnes processadas que, ricos em sódio e açúcar, não deveriam fazer parte da dieta.
Hortaliças só aparecem na décima posição. E as frutas, recomendadas devido ao alto teor de nutrientes, não têm lugar no prato dos brasileiros em fase de crescimento. Nutricionistas ouvidos pelo GLOBO classificam os resultados como alarmantes e dizem que, sem uma mudança no quadro, a população pode enfrentar problemas sérios de saúde e até redução na expectativa de vida. Os dados fazem parte do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), feito em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram colhidas informações de 75 mil alunos em 1.247 escolas de 124 municípios.
— Na adolescência é preciso consumir em média seis porções de fruta por dia. O baixo consumo de alimentos in natura e alta ingestão de alimentos processados aumentam a carência nutricional e o risco de diabetes e doenças cardiovasculares — comenta Annie Bello, professora de nutrição clínica da Uerj e pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia.
Também preocupam o consumo de vitamina E e cálcio, muito abaixo do recomendado, e a ingestão excessiva de sódio, o que pode levar ao sobrepeso e à hipertensão. Segundo o Erica, 80% dos adolescentes consomem sódio acima do recomendado. Menos da metade (48,5%) toma sempre ou quase sempre café da manhã, e 21,9% nunca fazem a primeira refeição do dia. Mais da metade dos adolescentes come em frente à televisão.
— É muito alarmante. Se a maneira como as pessoas se relacionam com a alimentação e a atividade física não mudar, esse quadro vai gerar a longo prazo um custo alto em termos de saúde coletiva. Estudos relatam que esta geração pode ter uma expectativa de vida de quatro a seis anos menor — analisa o nutricionista Clayton Camargos, pós-graduado em Autogestão em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Dados divulgados anteriormente mostram que a obesidade — que atinge 8,4% dos adolescentes — é mais comum entre os meninos (10,8%) do que entre as meninas (7,6%). O sobrepeso chega a 17,1%. Anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta R$ 458 milhões para tratar problemas decorrentes da obesidade. Com internação de adolescentes, foram gastos R$ 126,4 milhões entre 2010 e maio de 2016. No mesmo período, o gasto com cirurgias bariátricas (de redução do estômago) alcançou R$ 233,1 milhões em todas as faixas etárias.
Para mudar o hábito dos jovens, nutricionistas defendem que o estímulo venha dos pais.
— Os maiores responsáveis por aumentar o consumo de alimentos saudáveis são a educação em casa e a escola. Se houver maior compra e aquisição de frutas em casa, possivelmente as crianças vão comer mais — argumenta Annie Bello.
15,5% SUBSTITUEM REFEIÇÕES POR LANCHES
Outro levantamento do Ministério da Saúde, o Vigitel 2015 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), feito em 27 capitais, mostra que há mais adultos comendo frutas e hortaliças regularmente. Ainda assim, menos da metade têm esse hábito. Além disso, o consumo de doces e refrigerantes é considerado excessivo.
Em 2010, 29,9% dos adultos consumiam frutas e hortaliças regularmente. Em 2015, o índice passou para 37,6% — as mulheres comem mais esse tipo de alimento que os homens. A pesquisa revela também que é alto o consumo de feijão: 64,8%, por cinco dias ou mais da semana. E o hábito de substituir o almoço ou o jantar por lanches é comum a 15,5% dos brasileiros.
Alguns alimentos considerados pouco saudáveis também são bastante consumidos, como carnes com excesso de gordura, no prato de 31,1% dos brasileiros, principalmente homens. Doces e sobremesas estão quase todos os dias na dieta de 20,1% da população, em especial as mulheres.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, apresentou uma portaria para estimular a alimentação saudável. Nos restaurantes e eventos realizados pelo ministério e órgãos vinculados serão priorizados cereais, raízes e tubérculos, verduras e legumes, frutas, oleaginosas, leite e derivados, carnes, ovos e pescados. Será proibida a venda de alimentos industrializados com excesso de açúcar, gordura e sódio. O ministério quer apresentar proposta no Congresso para que só sejam ofertados alimentos saudáveis nas escolas públicas e privadas.
— É preciso investir em saúde preventiva. É melhor para a população e onera menos o orçamento do Sistema Único de Saúde — disse Barros, que pediu que a população consuma menos sal e açúcar e faça mais exercícios, e que a indústria produza mais alimentos saudáveis.
Ministério da Saúde confirma 1.656 casos de microcefalia no país
07/07/2016 - O Globo / Site
O Ministério da Saúde divulgou, nesta quinta-feira, novos dados de microcefalia. Até 2 de julho, foram confirmados 1.656 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita em todo o país. Outros 3.130 casos suspeitos de microcefalia em todo o país permanecem em investigação pelo Ministério da Saúde e os estados.
Desde o início das investigações, em outubro do ano passado, 8.301 casos foram notificados ao Ministério da Saúde. Destes, 3.515 foram descartados por apresentarem exames normais, ou por apresentarem microcefalia ou malformações confirmadas por causa não infecciosas. Também foram descartados por não se enquadrarem na definição de caso.
Do total de casos confirmados, 255 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o vírus Zika. O Ministério da Saúde, no entanto, ressalta que esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia. Os 1.656 casos confirmados em todo o Brasil ocorreram em 588 municípios, localizados em todas as unidades da federação e no Distrito Federal.
Em relação aos óbitos, no mesmo período, foram registrados 334 óbitos suspeitos de microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação (abortamento ou natimorto) no país. Isso representa 4% do total de casos notificados. Destes, 92 foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central. Outros 184 continuam em investigação e 58 foram descartados.
O Ministério da Saúde ressalta que está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central informados pelos estados, além da possível relação com o vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa, diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.
A pasta orienta as gestantes adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.
Casos de câncer associados ao HPV estão em ascensão nos EUA
07/07/2016 - G1 - Bem Estar
O número de casos de câncer associados ao vírus do papiloma humano (HPV) está em ascensão nos Estados Unidos, atingindo cerca de 39 mil pessoas a cada ano, revelou um relatório das autoridades sanitárias americanas nesta quinta-feira (7).
A estimativa, feita pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), abrangeu o período de 2008 a 2012 e mostrou um aumento em relação aos pouco mais de 33 mil casos anuais observados entre 2004 e 2008.
Cânceres relacionados ao HPV costumam aparecer nas regiões genitais de homens e mulheres, assim como na cabeça, no pescoço e na garganta.
Os cânceres descritos no relatório incluem cerca de 11,7 mil casos de câncer de colo de útero em mulheres e mais de 12,6 mil casos de câncer bucal entre os homens.
Nos Estados Unidos, as vacinas para prevenir o HPV, que é uma infecção transmitida sexualmente, estão disponíveis para meninos e meninas a partir dos 11 anos de idade.
No entanto, muitos adolescentes americanos não recebem a vacina, que deve ser tomada em três doses.
Em 2014, no grupo das meninas de entre 13 e 17, 60% tinham recebido uma dose, e 40% tinham tomado as três doses, segundo o relatório.
Entre os meninos, a taxa de vacinação foi ainda mais baixa, com 42% tendo recebido uma dose, e 22% as três doses.
No Brasil, a vacina é oferecida de modo permanente na rede pública para meninas de entre 9 a 13 anos, e deve ser tomada em duas doses.
"Os cientistas do CDC ressaltam que 28,5 mil casos de câncer causados pelo HPV poderiam ser evitados com a vacina contra o vírus", informou a agência federal americana.
O relatório ressalta, ainda, a importância do exame preventivo do câncer do colo do útero (teste Papanicolau) para detectar lesões antes que elas se transformem em câncer.
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