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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 28/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

   

 

 

Rede de drogarias investe em painéis de energia solar

28/06/2016 - DCI


São Paulo - Na rede de farmácias Pague Menos a sustentabilidade deixou de ser uma meta e já faz parte do DNA da empresa. Com um centro de distribuição (CD) em Fortaleza abastecido parcialmente com energia solar, e diversos projetos ligados ao meio ambiente, a rede lançará em julho um novo parque gerador.

A expectativa é que o sistema, que será inaugurado no CD da região de Hidrolândia (GO), consiga suprir 100% do consumo mensal de energia do centro, gerando uma economia de mais de R$ 62 mil ao ano. Ao final de 20 anos - prazo total do contrato com a Helio Energias Renováveis - a expectativa é de uma economia de cerca de R$ 3 milhões.

Com 378 kWp de potência, o equivalente para abastecer aproximadamente 353 residências por mês, o parque terá uma capacidade mensal de produção de 50.192 kWh de energia, evitando a emissão de 557 toneladas de CO2 na atmosfera por ano. O CD de Hidrolândia recebeu investimentos de R$ 60 milhões.

"O sistema utiliza 1.426 placas fotovoltaicas, ocupando 3.801 m² instalados na cobertura do centro de distribuição. As placas estão estrategicamente dispostas para receber maior incidência solar ao longo do dia, aproveitando ao máximo sua capacidade de produção", detalha a diretora de operações da Helio Energias Renováveis, Tâmara Cidade.

Para o diretor de expansão da Pague Menos, Carlos Henrique Queirós, o investimento vem em linha com dois pilares da companhia: a inovação e a cidadania. "Nosso intuito vai além da redução de custos, queremos mostrar para os nossos clientes que estamos preocupados com tudo aquilo que impacta o meio ambiente", afirma o executivo ao DCI.


INVESTIMENTO ANTERIOR


O investimento da empresa em energias renováveis não começou agora. Na realidade, em dezembro do ano passado a Pague Menos implantou seu primeiro parque gerador de energia solar no CD de Fortaleza. A capacidade de produção desse primeiro sistema, no entanto, é consideravelmente menor do que a do que será construído em Goiás.

A meta era suprir 30% do consumo médio mensal do centro de distribuição. Atualmente, o sistema já é responsável por 26% da produção da unidade e - da data de seu lançamento até fevereiro deste ano - a economia com o sistema foi de cerca de R$ 5 mil. O CD possui uma estrutura de 588 placas fotovoltaicas e já gerou 65.525,83 kWh, o equivalente à energia que seria consumida por 32 casas durante um ano, ou 47 toneladas de carbono que teriam sido emitidos na atmosfera.


USINAS SOLARES


Na região de Fortaleza, além do parque gerador a empresa construiu também duas usinas solares, em Limoeiro do Norte, com o objetivo de abastecer com energia do sol as farmácias da região. "A ideia é que até maio do ano que vem as 111 farmácias que temos na grande fortaleza sejam abastecidas 100% com energia solar gerada dessas duas usinas", afirma Queirós, explicando que uma das usinas abasteceria 50 farmácias e a outra 61 unidades da rede. Os planos ligados ao abastecimento com energia solar das lojas da empresa também devem se estender para a região de Goiás. Em Hidrolândia, conta o executivo, uma usina solar deve ser construída em breve, visando também o abastecimento com energia do sol das farmácias dessa região.


PRÓXIMOS PASSOS


Além dos projetos ligados ao uso de energia renovável nos centros de distribuição e drogarias da rede, o diretor de expansão conta que a empresa está com um projeto inicial de construir o que seria a primeira farmácia 100% ecologicamente correta.

"Seria uma megastore de 3 mil metros quadrados, em Fortaleza. Estamos tentando viabilizar o projeto ainda. Mas a ideia seria reciclar todo o material das obras e todos os dejetos que fossem gerados dentro dessa unidade, e usar para lavar caminhão, para lavar o piso. Temos a ideia também de fazer uma coleta de água suja", explica Queirós.

Mesmo com esse projeto ainda não viabilizado, o executivo conta que a rede já tem feito um trabalho forte para adequar suas lojas aos padrões de sustentabilidade. Um exemplo é colocar lâmpadas LED em todas as unidades, que têm uma vida útil maior e são mais ecológicas.

"Temos feito também doações de árvores e, em 15 farmácias da Grande Fortaleza, tiramos duas vagas de carro, e transformamos em vagas para bicicletas. Fizemos o mesmo em oito drogarias de Goiás. Queremos fomentar o uso de um transporte que não polui o meio ambiente", explica.




Países emergentes crescem em patentes

28/06/2016 - Valor Econômico


Há dias foi divulgada a lista de patenteadores no USPTO (sigla em inglês do escritório americano de marcas e patentes) referente ao ano de 2015. É uma oportunidade para se avaliar o ocorrido nos primeiros 15 anos deste século. Inicialmente, cabe explicar que a patente tem valor apenas no país que a concede. Portanto, não existe uma patente mundial. A saída, embora não seja o ideal, é avaliar e comparar a concessão de patentes no seu maior mercado, ou seja, nos Estados Unidos.

A patente como medida do desenvolvimento de inovações tecnológicas não é um indicador ideal, mas é o único quantitativo com correlação direta. Ou seja, o desenvolvimento tecnológico acarreta mais patentes, mais competitividade e o crescimento da economia. Exemplos desse processo serão vistos nesse artigo e esse é o principal interesse dessa análise.

Vemos que o número de patentes dobrou nesse período, mas os crescimentos não foram iguais. Os EUA tiveram outorgadas 141 mil patentes no ano de 2015, crescendo 66% no século. Os demais países passaram a 157 mil nesse ano, crescendo 118% no período, ou seja, há uma progressiva dispersão da geração e controle da tecnologia. Entre os países desenvolvidos que tiveram concedidas mais de 2.000 patentes em 2015, os destaques são o Canadá, Holanda e Suíça, todos com crescimento acima de 90% no período. Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Suécia ficaram em torno dos 70%, enquanto a Itália teve o pior desempenho, apenas 56%, reflexo de sua persistente crise econômica.

O grande destaque, porém, foram os países orientais emergentes. Mesmo os emergentes há mais tempo engajados em uma política de geração de tecnologia própria, e que por isso crescem há mais tempo, ainda assim mostram um desempenho extraordinário, quando comparados aos países tradicionais já desenvolvidos: a Coreia do Sul, do tamanho de Pernambuco e com pouco mais de 40 milhões de habitantes, multiplicou por 5,4 vezes as patentes no período, alcançando 17,9 mil, superando a Alemanha e consolidando-se como o terceiro patenteador, abaixo apenas do Japão (52,4 mil) e EUA. E mesmo Taiwan, uma ilha com cerca de 22 milhões de habitantes, multiplicou as patentes por 2,5 vezes chegando a 11,7 mil, o quinto patenteador.

Seria de se esperar que a China (incluindo Hong Kong) mostrasse a sua inexorável marcha para o domínio tecnológico, porém o seu avanço é surpreendente. Chegou a 8,7 mil patentes em 2015, que cresceram 29 vezes no período e a levaram à sexta posição, bem à frente do seguinte, o Canadá. A Índia, porém, ficou no mesmo patamar, pois cresceu suas patentes 26 vezes.

E o que há em comum entre esses países para esse notável aumento das patentes? Ambos estabeleceram políticas públicas de fomento ao desenvolvimento tecnológico de inovações para alcançar competitividade e crescer. A China, começando em 1980, optou pela indústria de manufaturas. A Índia, começando em 1996 bem após a China, deu ênfase a alguns setores industriais, mas principalmente a diversos tipos de serviços de elevados conteúdos tecnológicos como os desenvolvimentos de programas computacionais (software), química de medicamentos e ensaios clínicos, cirurgias programadas e até o próprio desenvolvimento de inovações tecnológicas para empresas de outros países.

Como seriam esses processos de crescimento tão bem sucedidos? Infelizmente é difícil a consulta às leis chinesas, além da enorme diferença de ambiente político e cultural. Com a Índia, porém, é bem mais fácil, pois devido à sua diversidade linguística as leis indianas são divulgadas em inglês. E o que nos diz a sua lei de fomento, nº 44, de 16 de dezembro de 1995? O artigo 6º que define seus objetivos é muito claro e simples, mostrando que se criou o Conselho de Desenvolvimento Tecnológico para prover capital de risco (equity capital, em inglês), bem como qualquer outro apoio financeiro, aos empreendimentos industriais que desenvolvam tecnologias próprias ou "adaptações" de tecnologias estrangeiras para quaisquer aplicações no país. O termo utilizado (adapted, em inglês) é claramente um eufemismo para a cópia, que assim ficou consagrada e incentivada. Hoje a Índia é o país que mais cresce. Cresceu 283% entre 1995 e 2014, enquanto que o Brasil só cresceu 80% no período.

Esses dois últimos países estavam atrás do Brasil, quando iniciaram a sua trajetória ascendente. O que aconteceu conosco? Alcançamos a aprovação de 323 patentes em 2015, um crescimento de 3,3 vezes nesses 15 anos. Mas isso não conta a verdade, pois ficamos parados por 10 anos e crescemos apenas nos últimos cinco anos porque tivemos os incentivos fiscais da Lei do Bem, ou seja, praticamos somente um pouco e por pouco tempo o que China e Índia fazem em larga escala, assim como ainda fazem Coreia e Japão.

Quando vamos nos desprover dos preconceitos e aprender que é a indústria permanentemente inovada (ou o serviço de alto conteúdo tecnológico) que fazem o crescimento aceleradamente, o verdadeiro PAC?

Mas há algo muito importante a lembrar: somente o compartilhamento do risco tecnológico entre Estado (através das suas agências ou órgãos) e a indústria vai viabilizar a necessária universalização do fomento à inovação. Após mais de 15 anos de insistência em financiamentos subsidiados, vemos que isso resultou em muito, muito pouco. O que valeu mesmo foi o incentivo do pequeno compartilhamento da Lei do Bem, e ainda assim restrito a grandes empresas.

Se tivéssemos usado amplamente o mecanismo da subvenção econômica criado pelo artigo 19 da Lei de Inovação (à semelhança da lei indiana) certamente estaríamos entre os que crescem. Temos a nossa chance agora com a mudança dos ventos. Vamos desperdiçá-la mais uma vez?




Empresa quer fazer no Brasil remédio à base de maconha

28/06/2016 - Folha de S.Paulo


Uma start-up do ramo farmacêutico decidiu produzir o primeiro medicamento brasileiro à base de maconha. A ideia é fazer um extrato fitoterápico que trate casos de epilepsia nos quais outros remédios não funcionam.

O anúncio da iniciativa será feito nesta terça (28)no 26º congresso anual da Sociedade Internacional de Pesquisa de Canabinoides, na Polônia.

A start-up Entourage Phytolab busca desenvolver um medicamento fitoterápico à base de maconha desde que foi fundada, em 2015. A previsão dela é que a droga seja lançada em 2018.

A vantagem de um medicamento brasileiro, desenvolvido e testado no país, seria a segurança e a garantia de fornecimento para quem necessita da droga —que não precisaria mais depender, como ocorre hoje, de autorizações para importá-la.

Os principais componentes do extrato da erva são o tetra hidro canabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O primeiro é psicotrópico; o segundo, não.

Tanto o THC quanto o CBD têm propriedades farmacológicas que os fazem ser de interesse medicinal. O problema é o grande potencial de abuso, principalmente do THC —isso dificulta o licenciamento de medicamentos baseados no composto.

A iniciativa da Entourage, no entanto, está direcionada para a produção de um extrato que seja rico em CBDe com pouquíssimo THC. Para isso, serão utilizadas flores de uma variedade de cannabis fornecida pela Bedrocan, multinacional especializada em produção para uso medicinal. Os demais componentes da erva não serão eliminados, de acordo com Caio Santos Abreu, diretor-executivo da start-up.O motivo é que a pequena fração de outras moléculas pode ajudar no efeito do CBD, reduzindo os efeitos colaterais e balizando os efeitos farmacológicos desejados.

Esse efeito de várias moléculas ajudando a ação de uma outra é conhecido como “efeito entourage” e tem ganhado entusiastas no meio acadêmico, particularmente entre os que estudam o sistema de receptores canabinoides, presentes em vários tecidos do corpo humano.

Isso transformaria, em tese, a desvantagem de ter um remédio “sujo”, não puro, em uma vantagem —já que seria praticamente impossível repor artificialmente as inúmeras moléculas presentes no extrato da cannabis.

Não se sabe exatamente qual é o mecanismo de ação do CBD para tratar a epilepsia, mas isso não inviabiliza o estudo de uma nova possibilidade de tratamento, diz Fabrício Pamplona, diretor científico da Entourage.

“Sabe-se que há um controle especialmente eficaz quando há excesso de excitabilidade neuronal característico de uma crise epiléptica”, afirma o farmacêutico.

Depois da padronização da obtenção do extrato candidato a medicamento, haverá testes em ratos para garantir a segurança do processo.

É aí que entra em cena a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),que deve supervisionar e chancelar todas as etapas de testes clínicos em pessoas e animais.

Por se tratar de tecnologia desenvolvida no Brasil, em uma questão de saúde importante para a qual não há tratamento (epilepsias refratárias, como a síndrome de Dravet),Abreu espera que o projeto transite com celeridade.

Da parte científica, não são esperadas dificuldades para se cumprir as etapas necessárias, dado que diversos estudos anteriores apontam na mesma direção para a qual a start-up está mirando.

Um medicamento à base de CBD da farmacêutica GW chamado Epidiolex obteve bons resultados em estudos —54% de redução no número de crises. Em breve pode haver o registro nos EUA.




Nova classe de remédios promete trazer mais economia aos pacientes

27/06/2016 - M de Mulher


O gastroenterologista Peter Lakatos, professor da Universidade Semmelweis, em Budapeste (Hungria), esteve no Brasil para uma série de palestras. Dedicado a pesquisas sobre doenças inflamatórias intestinais, ele tem grande experiência com o uso dos biossimilares, uma classe de medicamentos que acaba de ganhar suas primeiras moléculas mais complexas e foi recentemente aprovada no Brasil e nos Estados Unidos. O objetivo desses fármacos é reduzir os custos do tratamento de doenças — a expectativa é que eles sejam até 25% mais baratos que os remédios biológicos originais. Entre uma conferência e outra, ele se encontrou com a reportagem de SAÚDE e contou detalhes sobre a introdução das novas drogas na Europa.

Qual é o significado da aprovação do infliximabe, o primeiro biossimilar complexo, no Brasil e nos Estados Unidos?

É muito importante que as agências tenham aprovado esse biossimilar. Como você disse, o infliximabe é a primeira molécula complexa da classe a ser aprovada. O maior benefício dela será a ampliação do acesso a drogas pelo paciente. Por questões financeiras, muitos não são capazes de pagar pelos remédios originais, chamados de biológicos. Com a liberação dos biossimilares, mais gente poderá se beneficiar de um tratamento efetivo.

Com a aprovação, podemos concluir que eles estão se tornando mais acessíveis à população?

Exatamente. O principal benefício que veremos é a ampliação do número de pacientes tratados. Os médicos também poderão aumentar o perfil de indivíduos que se valerão desses medicamentos, na maioria das vezes, os mais avançados para algumas doenças. Mais acesso significa mais saúde.

Os biossimilares possuem algum tipo de desvantagem em relação aos biológicos?

Não há desvantagens. Como o próprio nome diz, eles são altamente similares ao produto original em questões bioquímicas e físicas, além da eficácia e dos efeitos colaterais. A expectativa é idêntica à droga original.

Há situações em que o médico deve escolher biossimilares no lugar de suas versões originais, os biológicos?

Sempre que possível. Essa é a ideia. Já acontece assim no meu país, a Hungria, e também em toda a Europa. Os programas de reembolso exigem que o médico prescreva a droga mais barata disponível nas farmácias. Os biossimilares serão menos caros. Então é natural que os médicos passem a indicar essas drogas.

Como foi a experiência de aprovação dos biossimilares na Europa?

Na época da aprovação, realizamos uma pesquisa e mais de 40% dos médicos diziam não ter nenhum problema para prescrever os biossimilares aos seus pacientes. Passados alguns anos da chegada da classe, refizemos o levantamento, e a estatística subiu para 80%. Conforme os médicos ganham experiência com esses fármacos, aumenta a confiança em utilizá-los.

Você acha difícil explicar o que é um biossimilar para o público?

Eu não vejo nenhuma dificuldade. Existem diversas maneiras de conversar com o paciente. Até porque estamos falando de uma droga produzida por uma empresa farmacêutica diferente, mas que funciona de maneira similar à molécula original. É mais uma opção terapêutica que temos. Também precisamos explicar que, ao prescrever o biossimilar, estamos aumentando a proporção de pacientes que terá acesso ao tratamento de ponta. Vale ressaltar que a eficácia e a segurança são as mesmas. Tanto que, se você for para a Noruega, verá que eles não fazem distinções entre o que é o biológico e o biossimilar. Eles só dizem que o distribuidor da droga é diferente e ponto.

Algumas drogas, como o infliximabe, têm uma extrapolação de uso. Ou seja: os estudos clínicos foram feitos em pacientes com artrite reumatoide, mas muitas agências aprovaram sua aplicação para outras doenças. Isso é seguro?

Essa é a principal questão quando pensamos na nova classe. Se nós aceitamos o conceito de biossimilaridade, isso significa que não há necessidade de realizar estudos para todos os casos. Se não ocorrem diferenças significativas entre a droga biológica original e a similar, em meu modo de pensar não há necessidade de pesquisas para todas as doenças. Até porque, quanto mais teste a empresa fizer, mais caro sairá o remédio, o que compromete a questão de economia para o paciente. Acredito que no futuro esse processo ficará mais ágil ainda: ensaios in vitro, na bancada do laboratório, já serão suficientes para moléculas que se mostrarem praticamente iguais.

Por que essas drogas precisam ser injetáveis?

Elas são utilizadas por meio de injeções ou infusões intravenosas. Isso é necessário porque são moléculas muito grandes, que não conseguiriam ser absorvidas em comprimidos ou cápsulas.

Quais são as aplicações dos biossimilares?

As principais áreas são nas doenças reumatológicas, inflamatórias e câncer. A oncologia será, de longe, o campo que mais se beneficiará com a chegada dos biossimilares. Os remédios de última geração contra os tumores são muito caros. Ninguém conseguirá pagar por eles nos próximos cinco ou dez anos se nada for feito.

Outras áreas da medicina poderão se beneficiar dos biossimilares no futuro?

Se você pensar nas doenças crônicas, como hipertensão e diabete, na maioria das vezes há um componente inflamatório por trás do quadro. Sempre que existir um bom alvo ou um receptor nas células, é possível pensar em terapias com drogas biológicas. É uma perspectiva interessante para o futuro, sem dúvida.

Como você imagina os biossimilares daqui a alguns anos?

Eu acredito que logo eles serão tão bem aceitos quanto os genéricos são reconhecidos pela população hoje em dia. Isso acontecerá naturalmente nos próximos dois ou três anos.




"Vendo a cama, durmo no chão, mas um credor não sai sem receber dinheiro", diz fundador da Pague Menos

27/06/2016 - Época Negócios Online


Aos 69 anos, o empresário Deusmar Queirós, fundador da rede de farmácia Pague Menos, mantém seu discurso afiado. Bem-humorado, polêmico, Queirós fez sua fama como comerciante ao transformar uma pequena loja em Fortaleza, fundada em 1981, na segunda maior rede de farmácias do país. Trinta e cinco anos depois, ele diz que superou "infinitas crises econômicas" seguindo uma premissa herdada de seu pai, também comerciante. "Vendo a cama, durmo no chão, mas um credor não sai sem receber dinheiro". Ter escolhido um setor resiliente às turbulências que "vende bens de primeiríssima necessidade" foi parte importante desse sucesso. Queirós costuma dizer que a doença é a coisa mais democrática que existe - "ninguém escapa" - quando justifica para qual público fundou sua rede: "Vamos no popular para atender todo mundo".

Com um faturamento de R$ 4,9 bilhões em 2015, a Pague Menos deve fechar o ano com 940 lojas e crescimento de 20%. Mantém sua meta de chegar a 2017 com mil lojas, ampliando um projeto que leva maior responsabilidade e atribuições ao farmacêutico e trabalhando com a IBM em um levantamento para mapear os hábitos de consumo dos brasileiros. Em troca, a ideia é oferecer opções personalizadas.

Ao refletir sobre conquistas e desafios em sua trajetória, Queirós prefere falar do que mais se orgulha atualmente: ver seus quatro filhos seguindo carreira dentro da empresa. O mais novo, Mário Henrique Alves de Queirós, assumiu a presidência em janeiro - uma troca exigida pelo fundo americano GE que adquiriu 17% da Pague Menos. A troca no comando, contudo, não mudou a rotina de Queirós pai, que mantém-se próximo do processo decisório e continua a viajar para visitar fornecedores e laboratórios.

Em entrevista à Época NEGÓCIOS, o empresário explica como a Pague Menos está atuando diante da atual crise, qual foi o único momento em que ele hesitou durante 35 anos e de que forma a sua empresa acompanhou as mudanças do varejo farmacêutico.

Qual é o balanço pessoal que o senhor faz desses 35 anos?

Há 35 anos começou um sonho. Sou filho de comerciante, nasci no comércio, fui comerciante na minha adolescência. Depois eu fui para o mercado financeiro, tive experiência muito boa do mercado financeiro. Eu me formei em economia, fui professor da universidade, mas me realizo mesmo sendo comerciante, sendo lojista. E no ramo que escolhi - varejo farmacêutico - me parece que foi um tiro certeiro. Ele é muito resiliente às crises. É um bem de primeiríssima necessidade - quem é hipertenso, diabético, tem que consumir, não pode substituir. E nós temos crescido ao longo desses 35 anos usando uma estratégia de acreditar muito. Tem dado certo. Temos um histórico, nos últimos 16 anos, de crescimento em torno de 18%.

O crescimento continua a despeito da grave crise econômica?

Nós terminamos o primeiro quadrimestre com mais de 20% de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. E no mês de maio continua. Eu acho que esse ano vamos terminar com 20%. Eu reconheço que o Brasil passa por um momento econômico e político muito difícil, com desemprego aumentando e isso desestimula investimentos. Empresas e pessoas estão com um nível de confiança muito baixo no futuro. Quem vai consumir e investir espera mais um pouco. Esse é o grande problema da economia brasileira hoje: essa desconfiança com relação ao futuro, essa falta de esperança. O que não acontece com a gente. Ano passado tínhamos 90 lojas líquidas no final do ano. Esse ano vamos ter 120. E no próximo ano vamos abrir 150. Acredito tanto que essa crise vai passar e que nós teremos novos dias pela frente que estou investindo pesado na abertura de lojas. Tínhamos o projeto de 1000 lojas até 2017, vamos conseguir antes do prazo. A gente fecha esse ano próximo a 940 lojas. Sabe, tem um estudo que mostra que, desde 1963, somente três vezes o PIB do Brasil ficou abaixo de zero. E nenhuma dessas crises demorou mais de 3 anos para passar. Ou seja, em 2018 estará resolvida.

Qual foi o momento mais difícil dessa trajetória? Em algum momento, a despeito de tantas crises que enfrentou, o senhor hesitou?

Em 2008 tivemos um problema muito sério. Mudamos um CD antigo para um novo implementando uma tecnologia austríaca que era então considerada a melhor do mundo em termos de separação de mercadorias. A ideia era automatar tudo. De repente, no primeiro dia era para separar 500 mil unidades, só separou 50. No segundo dia, havia as 450 mercadorias do dia anterior - e só separou 50 de novo. O saldo no final da semana? Um milhão de unidades ali paradas, esperando para abastecer lojas. Fiquei maluco, falei: 'vou quebrar, não vou abastecer as lojas, não vou vender'. Demorou cerca 60 dias para os alemães resolverem esse negócio. E com isso eu perdi muito dinheiro e cliente. Mas passou e pronto. Eu tive medo de quebrar. E, olha, que tenho uma filosofia que herdei do meu pai: "Vendo a cama, durmo no chão, mas um credor não sai sem receber dinheiro". Eu não sou obrigado a abrir 120 lojas neste ano, só vou abrir se tiver caixa. E agora, numa parceria com os americanos, estou cheio da grana. Eu já era ousado liso, imagina agora com dinheiro.

O que a Pague Menos inovou no setor farmacêutico?

Nós fomos a primeira rede de farmácias, pelo menos da região Norte e Nordeste, a ter lojas 24 horas sem porta fechada. Antigamente era uma janelinha ridícula - o balconista ficava dentro, o cliente do lado de fora. Antes, os produtos ficavam todos atrás do balcão porque havia receio de assalto. Nós tiramos perfumaria e higiene do balcão e botamos nas gôndolas. Em 1989, começamos a receber conta de água, luz, condomínio, como se fôssemos banco. O Banco Central veio nos procurar perguntando como fazíamos aquilo. Nós ensinamos casas lotéricas, padaria, supermercado para começar a receber contas. Atualmente, estamos trabalhando forte com energia fotovoltaica. Já temos algumas lojas abastecidas por energia solar. Por enquanto, só em Fortaleza, mas vamos começar em Goiânia. O melhor é que isso gera economia de 10% a 15% na conta de luz de cada loja.

A Pague Menos foi fundada em Fortaleza e há alguns anos, o senhor comentava que a expansão no Nordeste exigia particularidades diferentes daquelas necessárias no Sudeste. Essas diferenças ainda existem?

Não há mais muitas diferenças no Brasil de hoje. Com TV, novelas, internet, você lança no Rio Grande do Sul e o Piauí está sabendo. As particularidades não são tão importantes. Está todo mundo copiando os outros. Nós estamos, por exemplo, lançando o Clinic Farma, que é uma área dentro da loja onde vou resgatar a função do farmacêutico. Com o tempo, ele foi para detrás do balcão. Agora, estamos criando um espaço onde ele atende personalizadamente quem procurar pelo serviço. No interior, isso acontece de modo informal. Nós vamos implementar o serviço com treinamento, registro e acompanhamento eletrônico.Vamos falar de colesterol, tabagismo e sobrepeso, entre outros pontos. Já implementamos o serviço em 200 lojas no Nordeste, vamos agora para o Sul e até 2018 todas as lojas terão essa área.

Em termos de diversificação, o que mudou nesses 35 anos?

Nós começamos a vender sorvete, refrigerante, por exemplo. A vigilância não aceitava, proibia, multava. Foi muito difícil. Aos poucos fomos convencendo eles. Teve uma época em que tivemos 11 liminares em cidades diferentes para conseguir vender esses produtos. A gente questionava o juiz: que mal faz vender sorvete na farmácia? Hoje nem precisamos de liminares para vender.

Muitas farmácias menores sofreram com essa restrição... não conseguiam entrar com liminar e algumas não conseguem vender até hoje.

Mas essa é a força do grande, não é? Nós fomos atrás e conseguimos. Às vezes, o pessoal desiste com o primeiro não. A gente ia atrás, mostrava para o juiz, e conseguia. Por isso, nós que começamos pequenos, crescemos. Todo grande um dia já foi pequeno. É só o pequeno acreditar. Tem espaço para todo mundo. Cada segmento tem um Carrefour e tem outros pequenos. Basta que você acerte o passo. E não é só o dinheiro que faz isso. Foi força de trabalho. Nós, por exemplo, nunca tivemos muito dinheiro.

Há muitas críticas à Pague Menos com relação ao preço, de que ela acabou se tornando uma rede mais cara do que se pretendia no começo.

Eu desafio alguém em São Paulo a ter um preço, um medicamento normal da Pague Menos que seja mais caro do que qualquer uma das concorrentes. Temos um preço bem mais agressivo, por isso vamos crescer 20% neste ano. A média da Abrafarma [Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias], que reúne as 20 maiores redes do Brasil, está em 12%. E nós conseguimos manter o preço cortando custos, tendo uma operação limpa, sem mordomia, com cuidado. Operação é que nem unha: tem que cortar todo dia.

Em que medida a evolução da indústria farmacêutica alterou o modo de atuação da Pague Menos?

A indústria farmacêutica está evoluindo muito. Antes, você precisava tomar produtos de seis em seis horas. Depois, foi para 12 em 12 horas e hoje você toma 1 por dia durante 3 dias e sua inflamação na garganta vai embora. O advento dos genéricos também fez com que a população passasse a ter acesso maior aos medicamentos (em alguns casos, com preço 40% menor). Isso vai continuar. No mundo todo, os genéricos têm tido um papel muito importante, principalmente para aquelas classes menos favorecidas. Ele é bom para o pobre e bom para rico. O caminho é por aí. Agora, uma coisa que tem crescido muito é a parte da perfumaria e de comésticos. As pessoas que subiram de classe social passaram a ter xampu melhor, tintura no cabelo, desodorante, sabonete no banho. Isso não vai mudar. Na última década, milhões de pessoas mudaram de classe social e elas se acostumaram com produtos que nem usavam antes. Isso aumenta nosso tíquete médio. Queremos vender mais para cada pessoa que entra na loja.

O perfil do cliente que frequentava a Pague Menos mudou?

Não, porque nós nunca tivemos um perfil. Nós somos uma loja A, B, C, D. Temos na Avenida Angélica [em Higienópolis, bairro de alta renda em São Paulo], como temos na Lapa. A coisa mais democrática que existe é a doença: preto, branco, azul, pobre, rico. Não tem essa história para de fazer loja boutique para classe A. Vamos no popular para atender todo mundo. O que ocorre é que hoje o cliente está um pouco mais exigente que antes. Mas vamos acompanhando aos poucos, para conhecer nosso cliente mais. Por exemplo, estamos fazendo um investimento muito grande com a IBM para conhecer melhor o cliente, mapear os hábitos de consumo. Se ele compra determinado remédio, eu sei o que precisarei vender para complementar. Se ele compra um Synthroid, sabemos que ele está tratando algo relacionado à tireoide. Tem ume equipe da IBM trabalhando na Pague Menos para conhecer o perfil do cliente com base no que ele consome. É o que os grandes varejistas do mundo estão fazendo. É acertar na veia, no alvo, sem perder tempo.

Qual a sua maior conquista profissional nestes 35 anos?

Conseguir que meus quatro filhos estivessem comigo aqui. Os quatro se formaram nos Estados Unidos. Hoje, eu tenho a Rosilândia Maria [administradora que atua no gerenciamento de categorias], o Carlos Henrique [administrador e diretor de expansão e novos negócios, ele viaja o Brasil para identificar pontos para fechar compra ou locação]. Tenho a Patriciana [engenheira, que cuida de compra e marketing] e o Mário Henrique, o mais novo, administrador, hoje é o presidente da Pague Menos. Ele assumiu em janeiro, foi uma das exigências da GE [General Atlantic, fundo que comprou 17% da Pague Menos no final de 2015]. Eu já queria ter um processo de sucessão, os quatro filhos se uniram e escolheram o Mário Henrique por ter boa formação na área financeira. Sabe que eu penso que posso até ser preso por trabalho infantil porque eles já estavam na loja, no caixa, para pegar o gosto aos 10, 12 anos. E hoje eles se realizam.

Mas, todos eles, quiseram mesmo seguir carreira na empresa?

Sim. Eu usei a estratégia de convencê-los mostrando que o trabalho dignifica, que a soma das partes é maior que o todo.

Não tem briga familiar?

Não. Quando tem arranca braço de um, braço de outro, mas sai todo mundo abraçado depois (risos). Brincadeiras à parte, são todos unidos.

Longe da presidência, a sua rotina mudou desde janeiro?

Não. Eu continuo atuando na área de expansão, visitando laboratórios, fornecedores, fazendo a área de relações públicas. A diferença é que agora eu tenho mais tempo para fazer melhor.

Como você quer ver a Pague Menos no futuro?

Qualquer fundador não pensa em outra coisa senão deixar um legado de sucesso, mas uma obra que continue. Esse é meu objetivo. Espero que a rede cresça tanto que o time de casa não dê conta. E olha que eu tenho 14 netos.




Investigação da Petrobras sobre fraude em plano de remédios aponta 6 responsáveis

27/06/2016 - IstoÉ Online


A Petrobras vem investigando desde julho de 2015 as irregularidades envolvendo a prestação do Benefício Farmácia, plano de benefícios aos funcionários que era concedido a 300 mil pessoas. Segundo nota à imprensa distribuída pela estatal na madrugada desta segunda-feira, 27, pelo menos seis responsáveis pela fraude já foram identificados na apuração interna, incluindo empregados da Petrobras.

Na noite de domingo, o programa “Fantástico”, da TV Globo, revelou que o Tribunal de Contas da União (TCU) investiga o esquema, que teria lesado a empresa em cerca de R$ 6 milhões por mês. O programa Benefício Farmácia tinha um custo mensal de R$ 20 milhões para a Petrobras e estima-se que 30% dos valores tenham sido desviados. Segundo a estatal, o plano de benefícios foi estabelecido em 2006 e ampliado a partir do acordo coletivo de 2013.

Na nota à imprensa, a Petrobras confirmou que o TCU mandou suspender o Benefício Farmácia em setembro passado.

Pelas regras do Benefício Farmácia, o funcionário só podia fazer as compras em farmácias credenciadas, pelo próprio beneficiário, mediante receita em seu nome e apresentação do cartão do plano de saúde da empresa, para então receber o reembolso por parte da Petrobras.

A apuração identificou fraudes como compra de remédio para próstata por mulheres, de estimulação à produção de leite materno por homens e até remédios para cachorros. Foram identificadas mais de 13 mil receitas irregulares em apenas seis meses. Entre elas, receitas sem o nome do médico e com outras informações deixadas em branco.

Um dos casos é de uma aposentada de Salvador em cujo nome foram feitas compras em farmácias de nove cidades diferentes de quatro Estados no mesmo dia. Outro é de uma beneficiária de Curitiba que adquiriu remédios veterinários – ela alegou à reportagem que o cão (doente) “também é da família”.

Segundo a nota da Petrobras, as investigações internas tiveram início a partir de denúncias recebidas pelos canais de ouvidoria. O trabalho incluiu o levantamento de documentos e depoimento dos implicados, informou a estatal.

“O contrato do benefício farmácia foi cancelado em setembro de 2015 após aplicação de multas de mais de R$ 2,9 milhões à empresa Global, então prestadora do serviço, em função do descumprimento recorrente de cláusulas contratuais. No período do contrato, foram registradas 10.250 reclamações na ouvidoria da Petrobras e 208 notificações de investigação preliminar da Agência Nacional de Saúde (ANS)”, diz a nota divulgada pela estatal.

Com a suspensão do Benefício Farmácia, “a Petrobras gerencia internamente a compra e entrega de medicamentos para doentes graves, como pacientes de oncologia, para evitar a descontinuidade do programa”, diz a nota. Segundo a reportagem do “Fantástico”, os beneficiários do plano têm sido orientados a pagar pela compra dos remédios e pedir reembolso. A conta devida pela estatal aos funcionários estaria em R$ 200 milhões.

“O relatório do Comitê de Correição que analisou as investigações está em fase final de redação. A partir das conclusões, a Petrobras punirá os envolvidos e tomará todas as medidas legais cabíveis para a responsabilização devida nas áreas trabalhista, civil e criminal, bem como a reparação e compensação de danos, com envio do material ao Ministério Público Federal”, diz a nota da Petrobras.

 

 

Investimento na saúde é urgente

28/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Nos momentos de crise, os governos mais devem investir em saúde. Estudos comprovam que em épocas de menor crescimento econômico a população mais adoece e mais necessita da saúde pública.

A conjuntura econômica delicada que o país atravessa demanda esse investimento do setor público. Em períodos de contenção de despesas, um dos primeiros cortes da família é o plano de saúde, especialmente os corporativos, reflexo direto do alto índice de desemprego.

A cidade de Santos sente o impacto da crise diretamente no seu atendimento de saúde, especialmente por ser município polo da Baixada Santista.

Nos primeiros cinco meses do ano, Santos percebeu um aumento de 15% na distribuição de medicamentos nas unidades de saúde, comparado ao mesmo período de 2015. Um termômetro de que a população com dificuldades em manter as despesas rotineiras recorre mais ao poder público.

Ciente e alerta da situação, a Prefeitura de Santos tem investido além dos 15% obrigatórios do orçamento para a saúde. Somamos neste ano 20,19% em recursos destinados para a pasta. Um motivo é a migração de população de outros municípios para a rede santista -40% do atendimento de Santos é destinado a populações vizinhas.

Diante deste quadro da Baixada Santista, nesta administração trabalhamos para reconstruir o Complexo Hospitalar dos Estivadores. O novo prédio com 223 leitos será entregue no próximo semestre à população, com padrão digno de comparação a modernos centros hospitalares privados.

O Complexo Hospitalar vai colaborar para reduzir o deficit de leitos que temos na região, assim como a ampliação dos hospitais de Itanhaém e de Bertioga. O Ministério da Saúde tem como referência que haja três leitos a cada mil habitantes. A população da região é de 1,4 milhão pessoas para 2.800 leitos, quando teríamos de ter 5.000.

No entanto, os recursos financeiros da administração municipal são insuficientes para a gestão do Complexo Hospitalar.

A prefeitura precisa de verbas originárias de outras esferas do governo. Para a reconstrução do prédio foram gastos R$ 46 milhões, com recursos próprios e do governo do Estado de São Paulo. Sem nenhuma contribuição do governo federal.

Daremos início às operações do hospital no segundo semestre, mas, para isso, dependemos de que o Ministério da Saúde cumpra suas promessas de destinar recursos para o seu custeio.

Durante esses três anos de administração, os sucessivos ministros que passaram pela pasta da saúde se sensibilizaram e se comprometeram com o estivadores.

E em reunião com o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, percebemos que também houve compreensão, mas ainda não obtivemos a garantia da verba. Agora, confiamos na sensibilidade do presidente Michel Temer para que a nossa demanda seja definitivamente atendida.

Entendemos e vivenciamos os impactos das transições políticas do país, mas o momento exige uma posição imediata do governo federal. Não podemos deixar o cidadão desassistido.

Essa é nossa obrigação como representantes do poder público. Recentemente, o governador Geraldo Alckmin deu a boa notícia e garantiu o custeio de 50% do hospital. Falta agora o governo federal garantir a outra metade.

Temos urgência nesta batalha, por isso criamos o movimento suprapartidário O Estivadores é de Todos. Nesta tarefa, cada qual precisa fazer a sua parte para garantirmos, assim, uma saúde digna ao cidadão.




What's News: A Medtronic

28/06/2016 - Valor Econômico


A Medtronic, empresa irlandesa de produtos e serviços médicos, anunciou a compra da americana HeartWare, fabricante de dispositivos usados em cirurgias cardíacas, por US$ 1,1 bilhão. Em 2015, a Medtronic, que era sediada nos EUA, comprou a também irlandesa Covidien por cerca de US$ 50 bilhões, negócio que uniu duas das maiores firmas de suprimentos médicos do mundo e permitiu à Medtronic mudar sua sede para a Irlanda, onde os impostos são menores.

Envelhecimento elevará internações em mais de 30% até 2030

28/06/2016 - DCI


São Paulo - As internações de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares devem saltar de 8,2 milhões, em 2014, para 10,7 milhões em 2030, segundo projeção do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS)- ou um crescimento de 30,5% no período analisado.

O desafio ao qual o setor de saúde suplementar estará submetido será ainda maior no caso da faixa etária de 59 anos ou mais - nesse caso, nível de internações vai crescer 105% até 2030.

"O rol de cobertura e procedimentos exigido das operadoras pela ANS é bastante rigoroso. O mesmo vale para a exigência de dimensionamento da rede de cobertura. Será preciso um esforço grande de investimentos para manter esse equilíbrio assistencial", analisa o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro. "Esses investimentos podem e devem ser induzidos pelas operadoras, governo e, principalmente, pelos prestadores de serviços de saúde no Brasil. Mas, também, desponta como um enorme polo de atratividade para novos interessados em investir nesse setor", adiciona.

Segundo os números do estudo, os beneficiários com idade entre 19 anos a 58 anos responderam por 60,9% das 8,2 milhões de internações registradas em 2014, ou 5 milhões de internações. No mesmo ano, os beneficiários com 59 anos ou mais responderam por 24,4% - 2 milhões - das internações. Até 2030, a frequência de utilização desse serviço pela faixa etária mais velha deve chegar a um total de 4,1 milhões de internações - o que representaria 38,3% do total de internações previstas para aquele ano.

Já o total de internações de beneficiários de 19 a 58 anos avançaria 14%, chegando a 5,7 milhões e representando 53,3% das 10,7 milhões de internações previstas para 2030. Os beneficiários com até 18 anos responderam por 14,6% das internações em 2014, o que equivale a 1,2 milhões de procedimentos. Em 2030, esse grupo etário deverá responder por 8,4% do total de internações, com 0,9 milhão de beneficiários internados. O que representa uma retração de 25%, em linha com a mudança demográfica esperada para o País no período.

Apesar de a alteração do perfil da população e dos beneficiários ser mais sentida na quantidade de internações, as mudanças também serão nítidas nos demais serviços de saúde. O total de consultas deve saltar de 296,3 milhões, em 2014, para 349,1 milhões em 2030, crescimento de 17,8%. No mesmo período, para o mesmo grupo, o total de exames deve subir 101,9%.




Butantan fecha parceria com os EUA para desenvolver vacina contra zika

27/06/2016 - Valor Econômico / Site


O Instituto Butantan e o Departamento de Saúde dos Estados Unidos fecharam parceria para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika. A informação foi divulgada hoje pelo órgão ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O vírus zika é um dos causadores de microcefalia e de lesões cerebrais fetais graves.

A instituição brasileira receberá investimento de US$ 3 milhões da Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda) – Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa em Biomedicina Avançada –, órgão do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, para as pesquisas de uma vacina de zika com vírus inativado. O repasse financeiro se dará por meio de acordo entre a Barda e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para a expansão da capacidade de pesquisa e produção de vacinas no Brasil.

Segundo o instituto, os recursos serão investidos em equipamentos e insumos para o desenvolvimento da vacina contra a doença. O acordo também prevê cooperação técnica entre os especialistas em vacinas da Barda e os pesquisadores do Butantan.

“O Butantan já vem trabalhando no desenvolvimento de uma vacina de vírus inativado. Esse tipo de vacina tem desenvolvimento científico e tecnológico mais rápidos e, por usar vírus não infectante, tem aprovação pelos órgãos reguladores, como a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], facilitada”, disse, em nota, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Atualmente, a instituição está no estágio de imunização do vírus inativado em roedores. Nos últimos meses, os pesquisadores do instituto trabalharam no processo de cultura, purificação e inativação do vírus em laboratório, informou o Butantan.

A expectativa do Instituto Butantan é que a vacina possa estar disponível para os primeiros testes em humanos no primeiro semestre de 2017. “O investimento reconhece a excelência do Instituto Butantan na pesquisa e produção de novos imunobiológicos. A parceria permitirá que a instituição prossiga na produção de uma vacina contra o zika vírus, contribuindo para o avanço das pesquisas científicas no país”, afirmou Kalil.


MICROCEFALIA


Na quarta-feira passada, o Ministério da Saúde informou que 1.616 casos de microcefalia foram registrados de outubro do ano passado até o dia 18 de junho.

Segundo a pasta, há 3.007 bebês com suspeita de malformações que ainda não tiveram os exames concluídos para diagnóstico preciso. São 40 casos a menos sem diagnóstico conclusivo, considerando os dados do boletim anterior.

Dos casos confirmados, 233 tiveram exames laboratoriais comprovando que foram causados pelo vírus Zika. Entretanto, para o Ministério da Saúde, esse número não reflete a realidade. Para a pasta, a maior parte dos casos confirmados foi causada pelo Zika, mas, por dificuldades de diagnosticar a doença, a situação não foi comprovada em laboratório.




Vírus zika causa inflamação nos olhos em adultos

28/06/2016 - DCI


Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP acabam de publicar a primeira descrição de inflamação intraocular em adultos causada pelo vírus zika, o mesmo que é transmitido pelo Aedes aegypti.

O artigo foi publicado na The New England Journal of Medicine, revista considerada uma das mais importantes do mundo na área médica, e descreve pela primeira vez uma inflamação intraocular em adultos causada pelo vírus zika.

Até então, a comunidade científica acreditava que a zika adquirida causava somente conjuntivite.


POTENCIAL DE GRAVIDADE


"Essa é uma manifestação nova e potencialmente mais grave do quadro ocular. Pela primeira fez na literatura científica, está descrita a zika adquirida em associação com inflamação dentro do olho. Eram conhecidas somente as alterações oculares causadas pela zika congênita, aquela em que os bebês podem desenvolver lesões graves e permanente", relata o professor João Marcello Furtado, do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço da FMRP.


PRIMEIRA VEZ


O professor diz que essa é também a primeira vez que o material genético do vírus foi isolado a partir de amostras de líquido de dentro do olho, o chamado humor aquoso que fica na câmara anterior do olho.

"Essa é uma demonstração de que o vírus pode ultrapassar as barreiras que protegem o olho contra infecções", alerta Furtado.

O professor disse ainda que não há um tratamento específico para inflamação ocular causada pelo zika e que, no caso relatado na revista, o paciente - que foi atendido pelo Hospital das Clínicas da FMRP - foi tratado com colírio a base de corticoide, medicamento padrão para os casos de uveítes.

A tentativa de controle da inflamação teve sucesso uma semana após o início do tratamento. Além do professor Furtado, participam do trabalho o professor Benedito Antonio Lopes da Fonseca, o médico oftalmologista Tomás Teixeira Pinto, do Hospital das Clínicas da FMRP e Taline Klein e Danillo Espósito, do Laboratório de Virologia da FMRP.


ACHADOS CLÍNICOS


O caso relatado na The New England Journal of Medicine é de um homem de cerca de 40 anos, atendido em janeiro no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - FMRP, que teve sintomas compatíveis com a zika, associados a olho vermelho. Num primeiro momento, o paciente e o médico acreditaram ser conjuntivite. Entretanto, diz o pesquisador, na avaliação oftalmológica foi evidenciada inflamação intraocular, a chamada uveíte.

As uveítes podem ser causadas por agentes infecciosos como vírus, bactérias ou protozoários ou por doenças autoimunes.

Pela suspeita de que esta inflamação era causada pelo vírus zika, foi coletada amostra do líquido intraocular, o humor aquoso.

"Os exames de sangue do paciente deram positivos para zika e, para nossa surpresa, a amostra do material intraocular também continha material genético do vírus zika".


COMPLICAÇÕES


O pesquisador lembra que a inflamação dentro do olho, na parte anterior, tem como possíveis complicações o desenvolvimento de catarata e aumento da pressão do olho.

Caso isso venha a ocorrer de maneira prolongada pode levar ao desenvolvimento de glaucoma, por isso a necessidade de tratamento imediato e adequado.




Dores no estômago merecem atenção

28/06/2016 - Correio Braziliense


A aposentada Dagmar Ribeiro Xavier Cardoso, 85 anos, conta que, embora tomasse remédio para o estômago, ainda se queixava de azia e queimação. Foi, então, aconselhada pelo cardiologista a procurar um gastroenterologista. Marcou consulta e foi fazer os devidos exames. Realizada a endoscopia, constatou-se um tumor no estômago em estágio precoce.

Depois de se consultar com mais de um médico, acabou optando por uma cirurgia endoscópica, menos invasiva, para a retirada do câncer. “O médico esclareceu que se tratava de um método novo, desenvolvido no Japão e que era bem menos invasivo do que a outra cirurgia de abertura do estômago. Achei aquilo ótimo. Graças a Deus, foi como se não tivesse operado, pois não senti nada e já estava me alimentando bem no mesmo dia e comendo massas no seguinte. Sensacional. Em outro exame posterior, de controle, deu tudo normal, já cicatrizado”, conta a aposentada.

Antes do episódio, Dagmar conta que havia sido infectada pela bactéria H. pylori. “Quando fiz a primeira endoscopia, constatou-se a presença dela, porém fui tratada. Ocorre que, depois de algum tempo, ela voltou, como mostrou um segundo exame. Mas, já sob cuidados, fiz outro tratamento, eliminando de vez a tal bactéria. Hoje, tenho uma vida normal, pois me alimento bem e não estou proibida de comer nada, felizmente. O médico apenas me aconselhou a fazer uma nova endoscopia de acompanhamento no ano que vem para ver se está tudo bem, e acredito que estará.”


QUEIXAS


É comum pessoas se queixarem de dores na região do estômago, além de outros sintomas, como azia, indigestão e incômodo por gases. Muitas podem manifestar também sintomas como náuseas ou mesmo vômitos quando submetidas a um forte estresse ou a períodos de tensão emocional.

Órgão do sistema digestório, o estômago está situado entre o esôfago e o duodeno. Sua mucosa é formada por glândulas que produzem o suco gástrico e enzimas — substâncias importantes para a primeira fase da digestão dos alimentos. “A digestão varia entre indivíduos e é influenciada por diversos fatores, como as características dos alimentos e o volume da refeição. O estômago funciona como uma bolsa coletora dos alimentos e tem papel central na primeira fase da digestão dos alimentos”, explica Vitor Arantes, coordenador dos Serviços de Endoscopia do Hospital Mater Dei Contorno, em Belo Horizonte, e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

O médico, que também é professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Comissão do Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Endoscopia (Sobed), explica que a digestão se inicia na cavidade bucal com a mastigação, ação de enzimas salivares e formação do bolo alimentar, que será conduzido pelo esôfago até o estômago. “Simultaneamente, ocorre uma série de estímulos hormonais, desencadeados pelo cérebro, que induzirão à secreção de substâncias (ácido clorídrico, enzimas etc.) pelo estômago para receber a chegada dos alimentos. No estômago, os alimentos permanecerão por um período de duas a quatro horas, quando serão misturados com o suco gástrico, rico em enzimas. Posteriormente, o estômago propulsiona os alimentos em direção ao duodeno e intestino, órgãos onde serão absorvidos os nutrientes e será finalizado o processo de digestão, com formação das fezes e sua eliminação”, diz.

As principais causas de dores no estômago são: úlceras; gastrites, em especial aquelas relacionadas com uso de anti-inflamatórios; e os tumores. “Essas enfermidades podem gerar um espectro variado de sintomas, sendo possível destacar a dor de estômago, que costuma ser em ‘queimação’ ou azia; sensação de náuseas ou vômitos; sensação de plenitude após as refeições, que se manifesta como distensão abdominal, eructações ou enjoos”, explica o especialista.

Ainda de acordo com Arantes, nos indivíduos que apresentam esses sintomas, especialmente quando eles estão na faixa etária acima de 40 anos e convivem com fatores de risco como tabagismo, alcoolismo ou história familiar de câncer, ou vêm acompanhados de sinais de alarme, como anemia e emagrecimento, é indicada a realização de uma endoscopia digestiva alta para investigar esses sintomas. “O exame é muito seguro, feito geralmente sob sedação, com mínimo desconforto, e permite ao médico identificar alguma anormalidade no trato digestório superior que possa explicar os sintomas apresentados pelo paciente.”


SOLUÇÕES


O especialista ressalta que a coleta de informações por meio do exame é crucial para determinar o tratamento necessário. “Atualmente, temos indicado também o exame endoscópico para rastreamento de tumores ou neoplasias, mesmo na população assintomática acima de 50 anos e com antecedentes familiares. As neoplasias de estômago, quando detectadas em estágio inicial, permitem que seja realizado o tratamento curativo por métodos menos invasivos, por via endoscópica, minimizando os custos e os efeitos adversos dos tratamentos mais invasivos e proporcionando recuperação mais rápida.”

Contudo, esse tipo de cirurgia, para que seja bem-sucedido, deve ser realizado em pacientes bem selecionados, conduzido por especialistas que tenham feito treinamento adequado em hospitais que têm tecnologias e equipamentos apropriados.

O médico ressalta que o tratamento da maior parte das demais enfermidades citadas é clínico, com uso de medicamentos que inibirão a secreção de ácido pelo estômago ou que proporcionarão uma melhora no trânsito dos alimentos pelo trato digestório. “O encontro de tumores ou outras alterações desse gênero, evidentemente, necessitará de intervenções de acordo com cada caso, e um especialista da área deve ser consultado”, ressalta Arantes.


BACTÉRIAS


Uma das bactérias “inimigas” da mucosa estomacal é a Helicobacter pylori. Sua associação com doenças gástricas, como úlceras pépticas e alguns tipos de gastrite, foi descoberta nos anos 1980. “As pesquisas demonstraram que esse patógeno tem também associação com algumas neoplasias que se instalam no estômago. Por essa razão, a infecção pela H. pylori é considerada um fator de risco para câncer de estômago, apesar de a maioria dos humanos infectados nunca chegar a manifestar qualquer tipo de sintomatologia e/ou complicação”, acrescenta Arantes.

O especialista esclarece que essas bactérias vivem quase exclusivamente no estômago humano e no duodeno, sendo o único organismo conhecido capaz de colonizar esse ambiente muito ácido, em parte pela sua capacidade de secretar urease, que transforma a ureia presente no ácido gástrico em amônia, elevando o pH ao redor da bactéria, possibilitando sua colonização.

“Os estudos científicos mostram que, em alguns indivíduos, especialmente aqueles geneticamente predispostos, a infecção do estômago pela H. pylori induz uma atrofia da mucosa gástrica conhecida como gastrite atrófica. Uma parcela desses indivíduos pode desenvolver posteriormente outras alterações chamadas pré-neoplásicas, como a metaplasia intestinal ou as lesões displásicas, que são fatores precursores do câncer. Devido a esses riscos, recomenda-se o tratamento da H. pylori por meio de um coquetel de antibióticos e o acompanhamento periódico do estômago por meio do exame de endoscopia digestiva alta, preferencialmente feito por especialistas treinados no reconhecimento dessas alterações.”

O exame (endoscopia digestiva) é muito seguro, feito geralmente sob sedação, com mínimo desconforto, e permite ao médico identificar alguma anormalidade no trato digestório superior que possa explicar os sintomas apresentados pelo paciente” Vitor Arantes, coordenador dos Serviços de Endoscopia do Hospital das Clínicas da UFMG.




Pandemia de 2009 começou no México

28/06/2016 - Correio Braziliense


Um grupo de pesquisa liderado pelo Hospital Mount Sinai, em Nova York, afirmou ontem que a pandemia da gripe suína H1N1 em 2009, que matou mais de 17 mil pessoas em todo o mundo, teve origem em porcos de uma pequena região no centro do México. Segundo os cientistas, é a primeira vez que a origem de uma ampla epidemia viral foi tão bem localizada.

Para chegar ao resultado, publicado na revista especializada eLife, o time conduziu análises genéticas de última geração para precisar a localização e as transformações moleculares que permitiram a um vírus de gripe de porcos infectar humanos. Os autores descobriram que o micro-organismo era uma mistura de um vírus suíno norte-americano com capacidade de afetar aves, humanos e porcos, e um outro de origem na Eurásia, que circulou por mais de 10 anos em animais do México, antes de “pular” para seres humanos.

Anteriormente, o vírus mais próximo ao responsável pela pandemia de 2009 havia sido identificado em porcos da Ásia, mas existiam muitas diferenças genéticas entre eles. Já o H1N1 isolado em porcos dessa área mexicana são extremamente parecidos. O micro-organismo que circulou sete anos atrás no mundo foi responsável pelo maior número de mortes desde a gripe espanhola, outra cepa de H1N1 que, em 1918, matou entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas — entre 3% e 5% da população global da época.

“Saber quando e como um vírus influenza de origem animal infecta e se espalha entre humanos nos ajuda a entender como podemos reduzir os riscos desse tipo de pandemia”, disse o autor-sênio do estudo, Adolfo García-Sastre. Para o cientista, os resultados alertam para a necessidade de um acompanhamento mais amplo dos vírus influenza que afetam aves e porcos. “Esse vírus veio de uma porção geográfica muito pequena do México e ficou restrito a ela por 10 anos antes de uma cepa ganhar a capacidade de infectar humanos. Ele ficou totalmente fora dos nossos radares”, afirmou em um comunicado à imprensa.




Nova esperança no tratamento da insuficiência cardíaca

28/06/2016 - O Globo / Site


No mundo inteiro, milhões de pessoas convivem com a insuficiência cardíaca, condição em que o coração, enfraquecido por uma infecção ou um infarto, por exemplo, não consegue mais bombear satisfatoriamente o sangue pelo corpo. Grande parte destes pacientes, no entanto, deverá morrer num prazo de cinco anos, já que os medicamentos atuais, conhecidos como beta-bloqueadores, se por um lado ajudam a evitar a morte de mais células do músculo cardíaco, por outro desestimula sua contração, prejudicando sua função. Mas uma nova classe de moléculas descoberta por um grupo de pesquisadores nos EUA pode mudar este cenário, permitindo uma maior sobrevida das vítimas de insuficiência cardíaca.

- Todo coração, quando entra em insuficiência, deflagra a ação de um sistema de defesa do corpo conhecido como neuro-humoral – explica Marcelo Westerlund Montera, coordenador de Educação Continuada da Sociedade Brasileira de Cardiologia e do Centro de Insuficiência Cardíaca do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio. - O problema é que este sistema, quando estimulado cronicamente por uma disfunção cardíaca, passa a ser deletério ao músculo cardíaco, levando a arritmias e à morte das células, trazendo uma maior mortalidade de pacientes a longo prazo pela piora progressiva da função do músculo cardíaco. Assim, há uma proposta de longa data de procurar uma maneira de modular e melhorar a função cardíaca em um quadro de insuficiência por outras vias.

E é justamente aí que entram nos novos compostos descobertos por pesquisadores da Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia. Segundo eles, estudos iniciais com as novas moléculas, do tipo conhecido como pepducinas, demonstraram que elas têm a capacidade protetora das células do músculo do coração fornecida dos beta-bloqueadores tradicionais sem, no entanto, afetar sua contração. Assim, estas moléculas podem representar este buscado caminho alternativo para o desenvolvimento de novos remédios que tragam benefícios aos pacientes sem efeitos paralelos prejudiciais.

- Ainda há muito trabalho a ser feito antes que isto esteja pronto para os pacientes, mas (o caminho alternativo) é um excelente exemplo de como um pouco de curiosidade na pesquisa básica em laboratório pode levar a descobertas com o potencial de mudar a maneira como tratamos uma doença muito comum e muito mortal – avalia Jeffrey Benovic, professor da universidade americana e principal autor de artigo sobre o estudo, publicado na edição desta semana do periódico científico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (Pnas).

A possível utilidade para esta nova classe de moléculas foi vislumbrada inicialmente por Richard Carr, estudante do laboratório de Benovic. Enquanto analisava as propriedades das pepducinas, Carr notou que elas tinham uma grande similaridade com um medicamento usado comumente no tratamento da insuficiência cardíaca conhecido como carvedilol. Um tipo de beta-bloqueador, o carvedilol age preferencialmente sobre receptores na superfície das células cardíacas conhecidos como beta-1.

Ao se ligar a hormônios como a adrenalina e a noradrenalina, estes receptores beta-1 estimulam a atividade das células do músculo cardíaco, o que faz o coração se acelerar ou contrair mais forte em, por exemplo, situações de perigo. Assim, como o nome indica, os medicamentos beta-bloqueadores bloqueiam parcialmente o funcionamento destes receptores, protegendo o coração nos quadros de insuficiência.

Dentro das células do músculo cardíaco, no entanto, uma enzima, conhecida como beta-arrestina, modula a atividade determinada pelos receptores beta-1 ao mesmo tempo que favorece a ação de outro receptor existente em menor quantidade nelas, chamado beta-2, benéfico ao músculo cardíaco por controlar as arritmias e reduzir a apoptose (morte celular). E é exatamente este o caminho agora tomado com o desenvolvimento das pepducinas para o tratamento da insuficiência.

- Aproveitando este mecanismo, os novos remédios devem atuar sobre a beta-arrestina, fazendo um bloqueio interno do receptor beta-1 ao mesmo tempo que favorece o beta-2 – destaca Montera. - Dessa forma, os eventuais novos remédios trarão a vantagem de uma ação mais focalizada, sem os efeitos deletérios sistêmicos dos betabloqueadores tradicionais. Isso abre uma janela a ser pesquisada em estudos clínicos para saber se este tipo de benefício trará uma maior sobrevida aos pacientes de insuficiência cardíaca, que é o objetivo final de todo esta pesquisa.

Assim, Benovic e sua equipe pretendem desenhar versões melhoradas das pepducinas e avaliar se existem moléculas que podem replicar sua ação no corpo.

- Se encontrarmos ou desenharmos um composto que funcione como as pepducinas, elas não necessariamente curariam a insuficiência cardíaca, mas dariam aos médicos uma nova ferramenta para estimular o funcionamento de um coração doente – conclui Benovic.




“A judicialização da saúde virou anarquia”, diz a advogada Lenir Santos

27/06/2016 - Época Online


A advogada Lenir Santos é secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. Criadora do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), uma entidade que propõe formas de aprimorar o desempenho de instituições de saúde públicas e privadas, Lenir publicou sete livros.

O último, Judicialização da saúde no Brasil (Saberes Editora), trata das consequências do aumento das ações judiciais movidas por pacientes contra o Estado. Nesta entrevista, ela analisa o fenômeno crescente no país e comenta a reportagem especial de ÉPOCA sobre o caso dos falsos doentes de R$ 9,5 mihões.

Quarenta e seis pacientes exigiram na Justiça o fornecimento do remédio Juxtapid (lomitapida) no Estado de São Paulo. O remédio caríssimo (US$ 1.000 por dia) para combater o colesterol despertou a atenção da Secretaria Estadual de Saúde e levou a uma investigação. Mais que uma demanda habitual de saúde, a história se revelou um ousado caso de polícia.

O medicamento da empresa americana Aegerion não tem registro no Brasil. Foi aprovado nos Estados Unidos para uso apenas por portadores de uma doença genética rara, a hipercolesterolemia familiar homozigótica. Não é destinado ao tratamento de colesterol alto provocado por outras causas. Por ordem da Justiça, o governo estadual gastou R$ 9,5 milhões para fornecer o remédio a cidadãos que não tinham a doença.

Depois de dois anos de inquérito, a Polícia Civil e a Corregedoria-Geral da Administração do Estado de São Paulo estão convencidas de que houve fraude contra o Sistema Único de Saúde (SUS). Um esquema que envolveu o fabricante do remédio, representantes comerciais da empresa que recrutavam pacientes nos consultórios, médicos, a Associação Nacional de Doenças Raras e Crônicas (Andora), de Curitiba, e advogados.

O caso pode levar ao inédito indiciamento de 13 médicos de sete municípios, de responsáveis pela Aegerion no país e demais envolvidos. Nenhum dos responsáveis pela empresa no Brasil ou nos Estados Unidos aceitou dar entrevista a ÉPOCA. Em nota, a empresa afirma ter feito doações à Andora. Segundo o laboratório, o apoio financeiro foi interrompido. “Os funcionários da Aegerion no Brasil não estão autorizados a promover, induzir, incentivar ou recomendar prescrições dos produtos para o propósito aprovado pela FDA ou qualquer outra finalidade.”


ÉPOCA - Qual é a impressão da senhora sobre o caso Juxtapid? Os juízes foram manipulados?

Lenir Santos - Os juízes e os pacientes foram manipulados. Percebe-se que há um conluio entre o médico e o fabricante do medicamento. Em outras situações, as pessoas são induzidas a entrar com uma ação judicial contra o Estado. O caso dos falsos doentes é bem mais absurdo porque os cidadãos nem sabiam que estavam demandando contra o Estado.

ÉPOCA - Essa situação poderia ter sido evitada?

Lenir - Quando recebe uma demanda de um medicamento caríssimo [US$ 1 mil por dia], o juiz tem de ser mais cauteloso. A primeira pergunta que precisa ser feita é se a droga está na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais [a Rename é a lista oficial de medicamentos que o SUS é obrigado a fornecer]. O problema é que o Judiciário não reconhece essa lista e nem a relação de ações e serviços em saúde [Renases]. Os juízes continuam favorecendo pacientes que pedem produtos não oferecidos pelo sistema público de saúde. A judicialização foi criada para garantir justiça, mas na saúde ela promove mais desigualdade. Chegou a hora de dizer claramente que o direito à saúde tem limite.

ÉPOCA - E se o medicamento estiver na lista e o Estado não o estiver fornecendo?

Lenir - Aí não há o que discutir. O juiz tem de exigir que o Estado cumpra sua obrigação. A não ser que a justificativa para a falta de distribuição seja que a fábrica fechou e ninguém produz o medicamento.

ÉPOCA - No Reino Unido, a decisão sobre o que deve ser oferecido pelo sistema público de saúde cabe ao Instituto Nacional para a Saúde e Excelência Clínica (Nice). No Brasil, existe a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), do Ministério da Saúde. Por que ela não tem a mesma força?

Lenir - Ela é fragilizada. Até hoje não ganhou reconhecimento. Ninguém sabe o que é. Os juízes não a reconhecem. Acho que a Conitec não deveria estar dentro do Ministério da Saúde. Ela deveria ter mais liberdade para fazer suas análises. O órgão inglês [o Nice] tem total autonomia. A Conitec tem de ser reconhecida [como diz a lei] como o único órgão capaz de determinar o que deve ser incorporado no SUS. Se ela cometer erros ou abusos, as pessoas devem entrar com ações contra a Conitec, e não contra o SUS. O que acontece hoje? Os cidadãos entram com ações contra os pequenos municípios. Se o gestor destina recursos para atender ao pedido de um paciente e não oferece a mesma atenção aos demais, ele fere o princípio da igualdade. A judicialização da saúde virou anarquia.

ÉPOCA - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, está determinado a enfrentar esse problema?

Lenir - O ministro está muito interessado. Já se reuniu com o Conselho Nacional de Justiça e tem realizado encontros para discutir a questão. Quer mexer nisso. Desde 2003, tenho dito que o papel do SUS não é oferecer tudo para todos. Ele não pode ser uma porta aberta para tudo. É preciso trabalhar com os limites do orçamento e com a medicina baseada em evidências.

ÉPOCA - Muitas das ações movidas pelos pacientes são justificáveis porque, frequentemente, o Estado não cumpre seu papel. Mesmo quando os cidadãos pedem drogas caríssimas e não aprovadas pela Anvisa, muitos juízes optam por concedê-las. Por que a ideia de que não é possível dar tudo a todos não os convence?

Lenir - Em muitas situações, o Judiciário é preguiçoso. Os juízes se apegam a uma decisão do Supremo Tribunal Federal [STF] segundo a qual, quando houver uma competência comum da União, dos Estados e dos municípios [como no caso da saúde], há uma responsabilidade solidária. O cidadão pode entrar com a demanda contra qualquer uma das instâncias de poder. Os juízes não querem enxergar outro artigo da Constituição. Segundo ele, o sistema público de saúde é um conjunto de ações e serviços dos entes da Federação. Eles têm de se integrar de maneira regionalizada e de forma hierarquizada, de acordo com a complexidade de serviços. Um município de 5 mil habitantes não pode oferecer transplante. Isso fica a cargo de uma cidade maior na região. Os juízes não entendem que a Constituição já determinou que o sistema funciona assim. A responsabilidade tem de ser compactuada. Existe um contrato que determina quais são as grandes responsabilidades do SUS, e todos os entes assinam. O juiz tem de olhar isso.

ÉPOCA - Os juízes não olham?

Lenir - Eles consideram só a história da responsabilidade solidária. Chamo isso de responsabilidade preguiçosa. Eles não querem entender o sistema. Nunca querem ver todas essas pactuações que existem entre os entes. Eles pegam o Artigo 196 da Constituição [saúde é direito de todos e dever do Estado], como se não existisse mais nada. E daí? A educação também é direito de todos e dever do Estado. Por um acaso ela é desordenada? A pessoa entra sem vestibular? Pode estudar numa escola e escolher fazer a prova em outro lugar? Pode fazer tantas escolhas como se faz nos casos de judicialização da saúde?

ÉPOCA - Há mais algum artigo da Constituição que os juízes deveriam considerar nas demandas de saúde?

Lenir - O caput do Artigo 198 da Constituição determina que todos os entes devem integrar os seus serviços de modo regionalizado, em rede, de forma hierarquizada. A Lei 8.080 traz mais detalhes. Ficou para o Ministério da Saúde, com aquele mundo de portarias, fazer todas as coisas da pactuação. É realmente difícil entender. Compreendo que não seja fácil para o juiz. Mas existe o Decreto 7.508, que regulamentou a Lei 8.080. Ele tem só uns 30 artigos e delimita direitinho essa questão. Hoje, há a Constituição, a Lei 8.080, o Decreto 7.508 e várias mudanças que aconteceram na Lei 8.080 [como a que trouxe a Conitec]. É básico que o juiz pegue isso. Mas eles não olham.

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