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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 24/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Serra anuncia doação de medicamentos básicos à Venezuela

24/06/2016 - Valor Econômico


O governo brasileiro decidiu oferecer ajuda humanitária à Venezuela com o fornecimento de medicamentos básicos ao país vizinho por meio da organização da rede Cáritas, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, José Serra, após cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente interino Michel Temer.

Serra afirmou esperar que o governo venezuelano facilite a entrega desses medicamentos que serão fornecidos a partir da produção em laboratórios públicos no Brasil. As doações incluirão medicamentos básicos, como os usados para combater diarreia infantil, hipertensão e inflamações.

O chanceler brasileiro mencionou o "desabastecimento desesperador" de medicamentos naquele país, simultaneamente à carência alimentar "crítica" em meio a "uma crise econômica brutal" em "um momento crítico de sua história". "A Venezuela é um país que nos preocupa muito", disse Serra em entrevista, apontando ainda a ausência de uma "democracia plena" no país vizinho.

Serra acompanhou cerimônia no Palácio do Planalto para entrega de cartas credenciais de novos embaixadores estrangeiros com residência em Brasília. O ministro minimizou a ausência do embaixador da Venezuela no Brasil, Alberto Castellar, afirmando que não houve motivação política ou diplomática. "O embaixador venezuelano não chegou a apresentar credenciais e voltou à Venezuela", disse.




Importação de medicamentos biológicos é 10 vezes maior que a exportação

23/06/2016 - Saúde Business


A importação de medicamentos biológicos pelo Brasil supera em 10 vezes as vendas ao exterior. Enquanto o faturamento com exportações não passa de US$ 252 milhões, as compras já alcançaram US$ 2,5 bilhões em 2015. Essa diferença expressiva mostra que o país está perdendo, mais uma vez, a corrida pela competitividade internacional no setor farmacêutico. Isso pode agravar o déficit da balança comercial, que se aproxima de US% 5 bilhões.

“Sem inovação, estaremos condenados à dependência tecnológica e econômica”, afirma Antônio Britto, presidente-executivo da INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa). Mesmo com muitas indústrias investindo em pesquisas para a criação de biossimilares, o máximo que isso pode proporcionar é uma redução temporária da situação comercial desfavorável, pois o lançamento de novos medicamentos pode tornar os biossimilares em uso obsoletos.

“Não podemos dizer que o Brasil melhorou. Não estamos competindo com o nosso passado e sim com outros países. Precisamos dizer que o Brasil se tornou inovador, responsável pela criação de tecnologias no setor farmacêutico que sejam atraentes mundo afora”, argumenta Britto.

Para isso, o primeiro passo é criar um ambiente favorável à pesquisa clínica. “Hoje, o Brasil leva 12 meses para ter um pedido de pesquisa clínica aprovado; isso é o dobro da média mundial”, compara o presidente-executivo da INTERFARMA. O principal entrave está na dupla aprovação do sistema CEP/Conep.

Os estudos aprovados pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) precisam ser novamente validados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Ano passado, mais de 40 dos principais médicos e pesquisadores do país escreveram uma carta aberta à então Presidente da República, Dilma Rousseff, pedindo atenção ao assunto.

Outro obstáculo é a falta de diálogo entre universidade e iniciativa privada. “Nos países mais inovadores, as empresas estão próximas das universidades e ambas trabalham juntas em busca de soluções originais, enquanto no Brasil há uma grande resistência dos profissionais acadêmicos em colaborar com a iniciativa privada”, compara Britto.

Por fim, o terceiro obstáculo está na resistência de muitas indústrias farmacêuticas em assumir os riscos da inovação. “É muito mais cômodo fazer um financiamento no BNDES para copiar aquilo que já deu certo. O problema é que isso não favorece a balança comercial do setor. Não é possível ser competitivo mundialmente sem inovar”, diz Britto.

Os medicamentos biológicos representam uma tecnologia nova, alinhada com as tendências atuais da medicina, e que cresce mais rapidamente que qualquer outro segmento da indústria farmacêutica. A demora em criar um ambiente favorável à inovação pode desperdiçar o potencial dos cientistas altamente qualificados que o país possui, além da estrutura de muitas ilhas de excelência.


SOBRE A INTERFARMA


A Interfarma possui 56 laboratórios associados, responsáveis pela venda de 82% dos medicamentos de referência do mercado e por 33% dos genéricos. As empresas associadas respondem por 43% da produção dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) do mercado brasileiro e por 52% dos medicamentos tarjados – 50% do total do mercado de varejo. As farmacêuticas associadas à Interfarma investem por ano cerca de R$ 38 milhões para realizarem 2.200 ações de responsabilidade socioambiental. O relatório Responsabilidade Social-2015 mostra também que 20% dos funcionários se dedicam a atividades voluntárias, percentual acima da média nacional de 11%.


Custos dos medicamentos

24/06/2016 - Jornal do Comércio Online (RS)


O aumento no preço dos medicamentos, de 12,5% em março desse ano, foi longe do suficiente para sanar as dificuldades das empresas farmacêuticas, afirma o presidente da Indústria Farmacêutica do Rio Grande do Sul, Thomaz Nunnenkamp. Argumenta que entre outubro de 2014 e outubro de 2015, houve um aumento de 100% na energia elétrica. Ao mesmo tempo, as empresas do ramo sofreram com uma queda de produtividade por conta da redução do volume produzido e da impossibilidade de demitir, já que é bastante difícil treinar gente nova num ramo que precisa de trabalhadores qualificados. "Há muitas empresas pequenas que se inviabilizariam por conta dos custos maiores e das exigências cada vez mais restritas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ao mesmo tempo, as grandes empresas sofreram o baque da alta do dólar", diz Nunnenkamp. Ele explica que o aumento nos remédios é dividido em três faixas. A mais alta, cuja participação dos genéricos é superior a 20% do mercado, segue o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O custo ao consumidor é regulado por conta da concorrência. Há uma faixa intermediária, com representação de genéricos de 15% a 20%. A terceira faixa, com participação de menos de 15% de genéricos, teve um aumento de 34% entre 2004 a 2014, sendo que o IPCA no período foi de 70%. Nessa faixa, estão 43% dos produtos vendidos.


REMÉDIO PARA A INDÚSTRIA


Para Thomaz Nunnenkamp, a desoneração dos medicamentos não resolve o problema do custo. "Não adianta querer tirar imposto do medicamento sendo que os insumos são taxados. Assim, as empresas não conseguirão repassar a desoneração ao consumidor." Segundo ele, um caminho intermediário, com redução do ICMS, seria melhor. "O remédio é um bem essencial, como a cesta básica." Nunnenkamp acredita que o custo é a ponta de um problema muito maior: a pequena renda do brasileiro. E, para resolver esse problema, ganhos de produtividade são necessários. "Não significa ter que trabalhar mais, mas sim racionalizar a produção, adotar novas tecnologias, qualificar melhor. Desde a adoção da luz elétrica, ninguém tem saudade das acendedoras de lampião."




Para driblar a crise, distribuidora de medicamentos lança marca própria no varejo

23/06/2016 - Terra


Com as baixas margens de lucro e a crise no setor público, seu maior cliente, a curitibana Nunesfarma inicia nova fase com o lançamento de sua marca própria no varejo, após 35 anos de expertise em distribuição de medicamentos. Para a estreia da sua marca Nesh Laboratório nas prateleiras das farmácias, a empresa investiu em uma linha de medicamentos básicos, incluindo o Sulfato de Zinco, medicamento considerado essencial pelo Ministério da Saúde e até então inédito no Brasil. A grande aposta de vendas é o licenciado Nesh Vit Peppa Pig, direcionado para o público infantil.

Produzidos por parceiros indianos certificados pela Anvisa, os medicamentos são importados pela Nunesfarma e passam por um rígido controle de qualidade em seu Centro de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação.

A ampliação das atividades foi motivada por uma estratégia de crescimento em meio à crise. "A inovação passa pela necessidade. Sentimos que a capacidade de agregar valor e de margem de lucro era cada dia menor na distribuição por atacado então avançamos na cadeia dos medicamentos com um novo modelo de negócio", diz o diretor da empresa, Fernando César Silva.

A grande aposta da linha lançada no varejo é o suplemento vitamínico da personagem Peppa Pig, cujos produtos licenciados são campeões de vendas em diversos setores. Depois de meses de negociação, a Nunesfarma conquistou o primeiro licenciamento da personagem para um medicamento no Brasil, e pretende atrair os varejistas em peso, visando o público infantil.

Por meio de distribuidores e representantes comerciais, os produtos Nesh já começam a chegar às farmácias e devem atingir todas as regiões do país ainda neste ano. O segundo passo no varejo deve ser o lançamento de medicamentos genéricos.

Mercado Aberto: Saúde

24/06/2016 - Folha de S.Paulo


Saúde...

O Hospital São Lucas, de Ribeirão Preto, vai investir R$ 12 milhões para criar 50 novos leitos, para ampliar 30% da estrutura. As obras começam no segundo semestre.

...inabalada

O hospital não sentiu a queda no número de beneficiários de planos de saúde e opera com 90% de ocupação, afirma o presidente da instituição, Pedro Palocci.




Ministério da Saúde destina R$ 49,8 milhões para hospitais universitários

23/06/2016 - G1 - Bem Estar


O Ministério da Saúde liberou R$ 49,8 milhões para ampliação e qualificação de hospitais universitários com atendimentos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desse montante, R$ 23 milhões serão destinados a 13 unidades dos estados da região Sudeste.

Hospitais de todas as regiões do país - 20 estados e o Distrito Federal - deverão ser beneficiados. Os valores serão repassados em parcela única para as instituições que comprovaram o cumprimento de metas de qualidade de porte e perfil de atendimento, capacidade de gestão, desenvolvimento de pesquisa, ensino e integração à rede do SUS.

A verba é parte do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), parceria entre os ministérios da Saúde e Educação e instituída em 2010. Desde o início do programa, os hospitais receberam mais de R$, 2,9 bilhões. No ano passado, as unidades receberam R$ 344 milhões e outros R$ 1,4 bilhão de incentivo.

Valores que serão repassados por instituições do Sudeste:
Hospital Universitário C.Antonio Morais/UFES - R$ 470.249,32
Hospital das Clínicas/UFMG - R$ 8.861.885,15
Hospital Universitário - R$ 79.810,60
Hospital das Clínicas da UFTM - R$ 740.901,50
Hospital das Clínicas da UFU - R$ 9.314.345,14
Instituto de Ginecologia da UFRJ - R$ 14.895,50
Instituto Pueric. Ped Mat. Gesteora da UFRJ - R$ 2.800,00
Hospital Universitário da UFRJ - R$ 527.645,37
Maternidade Escola da UFRJ - R$ 294.855,32
Hospital Univ. Gaffree e Guinle da Unirio - R$ 171.246,32
Hospital Universitário Antonio Pedro - R$ 4.830,87
Hospital Universitário de São Carlos - R$ 118.640,59
Unifesp - Hospital Universitário - R$ 3.135.322,88

Resistência da malária a medicamento se limita ao sudeste asiático

23/06/2016 - IstoÉ Online


A resistência da malária ao principal medicamento usado para combatê-la se restringe ao sudeste asiático, e não se estendeu para a África, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira na revista americana New England Journal of Medicine.

Este primeiro mapa global sobre a resistência da malária à artemisinina, a principal droga contra a doença, foi realizado por um consórcio internacional apoiado pela Organização Mundial da Saúde.

O estudo, realizado em 59 países onde a malária é endêmica, é um passo importante para combater melhor a infecção.

O mapa permite vigilar praticamente em tempo real a propagação dos parasitas (Plasmodiumfalciparum) resistentes à artemisinina, detectados pela primeira vez em 2008 no Camboja.

Assim, será possível avaliar rapidamente se o uso da artemisinina será eficaz para o tratamento em determinadas áreas.

“Até agora, os cientistas não dispunham de ferramentas capazes de identificar com precisão a natureza da resistência aos antimaláricos nas principais regiões afetadas, como a África subsaariana”, disse à AFP o chefe da unidade epidemiológica do Instituto Pasteur do Camboja, Didier Menard, autor principal do estudo.

O trabalho, conhecido como “Karma”, se baseia na descoberta, feita em 2014 por cientistas do Instituto Pasteur em Paris e no Camboja, de um gene (K13) que desempenha um papel determinante na resistência ao medicamento antimalárico.

Os pesquisadores estudaram a diversidade do gene em mais de 14.000 amostras de sangue de pacientes infectados, provenientes de 59 países onde a malária é endêmica – 72% deles na África, 19% na Ásia, 8% na América Latina e 1% na Oceania.

Todas as amostras foram coletadas depois de 2012, o que permite ter uma ideia da situação real da resistência.

Os resultados do estudo poderiam prevenir cenários como o de parasitas resistentes à cloroquina, a primeira geração de resistência aos antimaláricos, que emergiu no sudeste asiático no final da década de 1960 e se propagou na África.

O estudo permitiu identificar 70 novas mutações da proteína K13 – antes, já se conheciam 103, entre elas quatro de resistência à artemisinina.

“Mostramos que apenas um número reduzido de mutações estão vinculadas à resistência, o que deveria facilitar a vigilância da resistência à artemisinina a nível mundial”, afirmou Odile Mercereau-Puijalon, do Instituto Pasteur de Paris.

Assim, o estudo revela que a mutação mais observada na África não está ligada à resistência.

A descoberta de dois focos isolados de resistência em regiões fronteiriças do Camboja, Vietnã e Laos, assim como no oeste da Birmânia e no sul da Tailândia, sugere que os esforços internacionais para conter sua propagação são eficazes.

A estratégia atual para tratar os doentes infectados por parasitas resistentes é recorrer a uma combinação de medicamentos, principalmente de antigos antimaláricos que funcionam por um tempo determinado, como se faz com os antibióticos, afirma Ménard.

“Mas se trata de uma estratégia provisória, à espera da comercialização de novas moléculas, o que não deve acontecer antes de 2020”, acrescentou.

A malária, doença transmitida por mosquitos, em 2015 afetou 214 milhões de pessoas e deixou 438.000 mortos, a maioria deles crianças na África subsaariana.




Butantã inicia última fase de teste de vacina em SP

24/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Os primeiros voluntários para os testes da vacina do Instituto Butantã contra a dengue receberam as doses ontem, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve na cidade para dar início à última fase de testes. No total, 1,2 mil pessoas receberão a vacina na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Toninho. Elas serão acompanhadas durante cinco anos. Rio Preto registrou 22 mil casos da infecção em 2015.

Na próxima semana, os testes serão iniciados em centros de pesquisa de Manaus e Boa Vista.

Ao todo, serão mobilizados 17 mil voluntários em 14 centros de pesquisas de 13 municípios brasileiros.




Casos de caxumba explodem em SP; situação não é de alarme, diz médico

23/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


O número de casos de caxumba explodiu no Estado de São Paulo e, em menos de seis meses, a incidência já supera os registros somados de 2015 e 2014.

De acordo com balanço divulgado pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), do governo estadual, com dados atualizados até 16 de junho, houve 842 casos só no primeiro semestre deste ano. Foram 671 em 2015, e 118 em 2014. É a maior incidência da doença desde 2008, quando o Estado registrou 3.394 casos.

A situação também é preocupante na capital paulista: a Secretaria Municipal de Saúde registrou 487 casos até 11 de junho deste ano. Foram 68 casos no mesmo período do ano passado, e 283 casos em todo o ano de 2015.

Tanto governo estadual quanto municipal explicam que a notificação não é compulsória e que só casos de surtos (quando mais de uma pessoa contrai a doença no mesmo local) são contabilizados.

Não existe uma explicação clara para o aumento do número de casos, mas não há motivo para alarme, diz o médico infectologista Guido Levi, da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Caxumba é uma doença que, em geral, não é mais que desagradável", afirma.

Entre os sintomas estão febre, dor de cabeça, dor muscular e inflamação em glândulas –na maior parte dos casos, na parótida, glândula salivar próxima do ouvido. Outras glândulas também são suscetíveis, como o pâncreas.


VACINAÇÃO


Para evitar a doença, deve-se tomar a vacina tríplice viral, que, além da caxumba, protege contra rubéola e sarampo. A primeira dose é dada de rotina em crianças de um ano de idade em postos de saúde. O aumento dos casos pode ser explicado, segundo Levi, pelo fato de poucas pessoas terem tomado uma segunda dose da vacina.

A cada cinco anos, o Programa Nacional de Imunização realiza uma campanha nacional de vacinação contra a doença –a última ocorreu em 2014

Fora da campanha, a vacina é encontrada em postos de saúde, mas deve ser tomada com receita médica, após exame de sangue, porque outros vírus, como o parainfluenza, podem causar sintomas similares, explica Fernando Gatte de Menezes, infectologista do hospital Albert Einstein.

Além disso, há restrição para gestantes e pessoas com baixa imunidade, como portadores de HIV, porque a vacina contem vírus vivos atenuados –nesses casos, pode acontecer a chamada reversão, quando o vírus consegue provocar a doença.

A doença é transmitida por via oral, explica Menezes, e pode passar em caso de tosse ou mesmo de fala. "O ideal é evitar aglomerações. Às vezes a pessoa ao lado tem caxumba e você não sabe", diz ele, que ainda recomenda manter uma dieta saudável e hidratação adequada.

E o tratamento? "Analgésico, anti-inflamatório e muito repouso", afirma. Os sintomas podem permanecer por sete a nove dias e, na maioria dos casos, o paciente se torna imune à doença.




Bebê é infectado por chikungunya durante gravidez

24/06/2016 - O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - Resultados de exames feitos na Paraíba confirmam a transmissão de chikungunya da gestante para o feto. Pesquisadores dizem desconhecer qualquer precedente similar no País. Trata-se de um bebê de 12 dias que apresentou fortes convulsões e agora está internado em uma unidade de terapia intensiva na cidade de Campina Grande.

O alerta foi dado por pediatras do Hospital Municipal da Criança e confirmado pela equipe da obstetra Adriana Melo, médica também responsável pela identificação do vírus zika no líquido amniótico de dois fetos com microcefalia em 2015.

O exame foi realizado em Campina Grande por pesquisadores do Instituto Paraibano de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Facisa) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Outros dois casos na cidade estão em investigação pelo grupo de pesquisa liderado por Adriana.

Já havia relatos de casos de transmissão de chikungunya da mãe para o bebê durante a gestação na literatura mundial, afirma Adriana. Ela diz desconhecer, no entanto, casos dessa transmissão comprovados no Brasil. O exame realizado para identificar traços do vírus foi feito tanto no bebê quanto na mãe.

O resultado reforça o alerta para gestantes, que devem adotar medidas de proteção contra o Aedes aegypti, mosquito vetor de zika, dengue e chikungunya, ao longo de todo o período da gestação. “Enquanto o maior risco de transmissão do zika ocorre nos primeiros três meses de gravidez, no caso de chikungunya ocorre o oposto. A transmissão para o feto geralmente acontece quando a mãe adoece já no fim da gestação”, afirma o pesquisador Rivaldo Cunha, da Fundação Oswaldo Cruz.

O pesquisador observa que casos de transmissão vertical já foram relatados em uma epidemia na Ilha Réunion, no Oceano Índico, durante os anos de 2005 e 2006. Cunha relata que a transmissão, quando ocorre, pode levar o bebê a ter problemas graves de saúde. “Não há casos de má-formação. O que ocorre são problemas depois, relacionados à ação do vírus no sistema nervoso”, diz a médica.

As convulsões, de acordo com Adriana, são resultado de meningite. “O vírus provoca problemas neurológicos, levando a esse tipo de reação.”


ATENÇÃO


O alerta é ainda mais importante quando se leva em conta a circulação do vírus no País. O chikungunya está presente em todas em todos os Estados e no Distrito Federal. Até maio, haviam sido contabilizados quase oito vezes mais infecções do que o identificado no mesmo período do ano passado, quando 11.216 casos foram informados.

Além do aumento de casos, há uma elevação expressiva do número de mortes relacionadas à doença – algo que, antes da experiência do Brasil, era considerado muito raro. Em Pernambuco, foram confirmadas 22 mortes. Uma reunião de emergência foi realizada há dois meses para definir estratégias de investigação sobre esses casos. Uma equipe foi enviada para Pernambuco.

Procurado, o Ministério da Saúde, em nota, afirmou que a infecção pela febre chikungunya em mulheres grávidas, especialmente no final da gravidez, pode ocorrer e ocasionar o nascimento de bebês com a infecção. A pasta afirmou acompanhar e incentivar os estudos sobre essa possível transmissão vertical.

A equipe de Adriana Melo foi a primeira a identificar traços de vírus zika no líquido amniótico de bebês com microcefalia. A descoberta foi um importante passo para reforçar a relação – hoje já tida como certa – entre o vírus e a epidemia de nascimentos de crianças com a má-formação no Brasil.

Dados do último boletim epidemiológico mostraram a confirmação de 1.616 bebês com microcefalia; outros 3.007 estão sob investigação.




Anticorpo da dengue é capaz de neutralizar zika, mostra estudo

24/06/2016 - O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - Dois novos estudos sobre os vírus da zika e da dengue mostram que a relação de familiaridade entre eles pode ser também de amor e ódio. Por um lado, dois anticorpos específicos contra a dengue se mostraram capazes de, potencialmente, também neutralizar o zika, indicando a possibilidade de desenvolvimento de uma vacina capaz de proteger contra as duas doenças simultaneamente.

Por outro lado, viu-se que muitos dos outros anticorpos gerados nas pessoas infectadas com dengue acabam, na verdade, favorecendo a replicação do zika, o que traz novas pistas que podem indicar por que a epidemia de zika se espalhou tão rapidamente em um país que já vinha sofrendo com surtos de dengue.

Os trabalhos, publicados nesta quinta-feira, 23, nas revistas Nature e Nature Immunology por um mesmo grupo de pesquisadores franceses e ingleses, podem parecer contraditórios à primeira vista, mas na prática eles jogam luz sobre a complexa relação da família dos flavivírus, da qual fazem parte os dois vírus, e também na imunologia.

Na pesquisa da Nature, Félix Rey, do Instituto Pasteur, e colegas observaram que dois anticorpos específicos produzidos por pessoas que tiveram dengue são capazes de se ligar ao zika e neutralizá-lo, impedindo a infecção. Para os pesquisadores, essa descoberta lança a possibilidade de se desenvolver uma vacina universal contra os dois vírus.

É uma capacidade muito específica desses dois anticorpos. Muitos dos outros gerados em pessoas infectadas com dengue parecem ter um efeito bem diferente, ao promover uma reação cruzada com o vírus da zika, aumentando sua capacidade de replicação. É o que observaram em estudos in vitro Gavin Screaton, do Imperial College de Londres, e colegas no estudo publicado na Nature Immunology.

Essa era uma suspeita que pesquisadores brasileiros já tinham há muito tempo. Havia a expectativa de que infecções prévias por dengue poderiam estar ajudando na dispersão tão rápida do zika no País. O imunologista Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantã e um dos responsáveis pela vacina da dengue que está em teste, afirma que isso era esperado uma vez que também ocorre com os diferentes sorotipos da dengue. “Pessoas que tiveram o tipo 1, por exemplo, e depois pegam o 3 têm a multiplicação dele muito facilitada. Já sabíamos que ocorre essa reação cruzada de anticorpos e sabíamos que isso poderia ocorrer para o zika”, explica.

Ele salienta, no entanto, que esse resultado de agora foi observado somente in vitro e ainda não oferece resposta para questões mais complexas. “Não sabemos se ter mais vírus no corpo resulta em uma doença com sintomas mais graves ou mesmo na microcefalia, que é a nossa preocupação. Também poderia ser uma explicação para termos tido uma epidemia tão rápida, mas ainda é uma coisa que precisa ser comprovada”, diz.

Já o primeiro trabalho foi considerado “bastante inesperado” por Kalil. Ele conta que o colega Esper Kallas, também imunologista da Universidade de São Paulo que vem estudando o zika, investigou 300 anticorpos produzidos por pessoas que tiveram dengue e nenhum deles foi capaz de neutralizar o zika, apesar de se ligarem a ele.

“A pergunta é se existiria um anticorpo universal que neutralize os quatro sorotipos de dengue e o zika. Os pesquisadores propõem que seria possível pensar nisso com um fragmento de proteína desses dois anticorpos. "É o que todos gostaríamos de ver, mas ainda precisa de mais pesquisa”, afirma Kalil.




Câncer contagioso se espalha entre espécies de moluscos

24/06/2016 - O Globo


Pesquisadores relatam que tumores transmissíveis como vírus atingem mexilhões e conchas, mas não oferecem perigo a humanos. Um câncer contagioso como vírus parece algo saído de nossos piores pesadelos, mas tais casos são uma realidade na natureza. Até recentemente, eram conhecidas quatro linhagens de células cancerosas que poderiam ser passadas de um animal para outro: duas afetando os demôniosda-tasmânia, espécie de marsupial da ilha na costa australiana; uma, com idade estimada em mais de seis mil anos, atingindo os cachorros; e outra numa espécie de amêijoa (Mya arenaria).

Agora, no entanto, cientistas identificaram mais quatro que também atacam moluscos marinhos bivalves de conchas como as amêijoas, sendo que uma inclusive teve origem em uma espécie diferente da que é afetada hoje, no primeiro episódio do tipo já relatado. Segundo os pesquisadores liderados por Stephen Goff, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia do Centro Médico da Universidade de Colúmbia, nos EUA, porém, não há risco de a doença passar para humanos que consumam os moluscos.

De acordo com o estudo, publicado na edição desta semana da revista “Nature”, células cancerosas de uma linhagem específica estão se espalhando na população de uma espécie de mexilhão (Mytilus trossulus) encontrada na costa da província da Colúmbia Britânica, no Canadá; outra linhagem, entre exemplares de amêijoas Polititapes aureus coletadas na costa atlântica da Espanha e também do Canadá; e duas linhagens de origens independentes em berbigões da espécie Cerastoderma edule no Leste do Atlântico. Em todos casos, análises genéticas comprovaram que os cânceres — que atingem o sistema circulatório dos animais, como a leucemia em humanos — têm um perfil de DNA diferente do dos moluscos afetados, isto é, foram contraídos.


RESISTENTES À INFECÇÃO


As mesmas análises mostraram que as células cancerosas que estão se desenvolvendo nas amêijoas P. aureus na verdade são provenientes de outra espécie do molusco, a Venerupis corrugata. Surpreendentemente, os cientistas verificaram que as amêijoas V. corrugata, que dividem habitat com as P. aureus, não parecem sofrer com o câncer. Os pesquisadores suspeitam que, com o tempo, as amêijoas nas quais a doença se desenvolveu originalmente adquiriram resistência à infecção e, para sobreviver, as células cancerosas passaram a atacar uma espécie relacionada.

“Juntos, estes achados parecem pintar um cenário de campos de mexilhões ao redor do mundo tomados por células cancerosas metastáticas que se espalham tanto intra quanto entre espécies”, escreveu Elizabeth P. Murchison, pesquisadora do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “E embora os mecanismos de transmissão do câncer ainda não estejam claros, a natureza imóvel destes invertebrados que se alimentam por filtragem sugere que as células cancerosas flutuam no ambiente marinho e invadem seus hospedeiros por meio de brechas nos seus sistemas respiratório ou digestivo”.

De acordo com os pesquisadores, o potencial de as células cancerosas se tornarem agentes infecciosos livres entre os moluscos levantam questões sobre se isso seria possível também entre seres humanos. Historicamente, há relatos de transmissão da doença de pessoa a pessoa, durante a gravidez, em tratamentos experimentais, por acidentes cirúrgicos e, em especial, por transplantes de órgãos. Mas tais casos são extremamente raros, ocorrendo em cerca de 0,04% das operações, e nunca além de entre dois indivíduos, o doador e o receptor. Mais recentemente, foi relatado o caso de uma pessoa imunodeprimida com células aberrantes de um verme da família das tênias espalhadas pelo seu corpo, o que demonstrou que, em condições especiais, células cancerosas podem invadir outras espécies, como os cientistas estão vendo acontecer entre as amêijoas.




Exposição prévia a dengue potencializa zika

24/06/2016 - Folha de S.Paulo


As defesas produzidas pelo organismo das pessoas que já foram infectadas pelo vírus da dengue podem deixá-las mais vulneráveis ao zika, sugere um estudo internacional. Essa péssima notícia talvez ajude a explicar porque o vírus ligado à epidemia de microcefalia tem conseguido causar tantos estragos na população brasileira, que convive há décadas com a presença constante da dengue.

A pesquisa, que está na revista científica "Nature Immunology", usou como plataforma de testes algumas amostras de sangue obtidas de crianças tailandesas que pegaram dengue. Gavin Screaton e seus colegas do Imperial College de Londres tomaram como ponto de partida o fato de que, mesmo entre os diferentes subtipos da dengue (o vírus causador da doença se divide em quatro cepas principais), é comum que existam efeitos indesejáveis de uma primeira infecção.

Digamos que a pessoa seja infectada pelo tipo 1 do vírus da dengue (também conhecido como DENV-1). Conforme o patógeno se espalha pelo organismo, células especializadas começam a produzir anticorpos contra ele. Os anticorpos passam a se encaixar na superfície das partículas de vírus e ajudam a neutralizá-las (veja infográfico). Se aquela mesma pessoa for picada por um mosquito que carrega o DENV-1, as células produtoras de anticorpos rapidamente entrarão em ação, evitando que ela desenvolva a doença novamente.


ENCAIXE IMPERFEITO


A questão, porém, é que os subtipos da dengue possuem diferenças de até 35% na composição do chamado envelope viral (a "capa" do vírus, justamente a parte que entra em contato com os anticorpos). Isso significa que os anticorpos para o DENV-1 continuam grudando nas partículas de DENV-4, por exemplo –mas de um jeito meia-boca.

Resultado: em vez de eliminar a infecção, como seria o correto, a presença dos anticorpos acaba por potencializá-la - eles ajudam a levar as partículas virais para dentro de células nas quais o vírus se reproduz de forma acelerada. Isso provavelmente explica por que manifestações severas da doença, como a dengue hemorrágica, são mais comuns quando a pessoa é reinfectada por um novo subtipo do vírus.

A diferença entre a composição do envelope viral do zika e a dos subtipos da dengue não é substancialmente maior do que a existente entre as variantes de dengue (entre 41% e 46%), então fazia algum sentido imaginar que um fenômeno como o descrito acima também poderia acontecer.

Foi o que Screaton e seus colegas da Tailândia, da França e da Polinésia Francesa verificaram in vitro. De maneira geral, quase todos os anticorpos contra o vírus da dengue produzidos pelo organismo das crianças tailandesas se mostraram capazes de se ligar às partículas virais de zika - mas de um jeito incompleto. Isso parece facilitar a ação do zika.

Em um dos experimentos, os cientistas expuseram uma linhagem de células humanas que normalmente não é invadida por vírus desse grupo com facilidade ao plasma sanguíneo das crianças infectadas. Esse "tratamento" fez com que o número de células dessa linhagem infectadas pelo zika aumentasse 12 vezes.

Resultados parecidos foram vistos tanto com a forma africana do zika quanto com a variante da Polinésia Francesa (muito parecida com a que existe no Brasil - o "nosso" zika veio originalmente de lá).

"É um trabalho bem feito, mas ainda é cedo para a gente extrapolar e afirmar que essas coisas estão acontecendo in vivo [nos pacientes]", diz Maurício Lacerda Nogueira, virologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP). "Pode ser uma peça do quebra-cabeças, que ajudaria a explicar a gravidade do zika aqui, mas provavelmente não é a única que falta."

Para o pesquisador brasileiro, só estudos mais aprofundados com populações afetadas por ambos os vírus poderão confirmar a hipótese do grupo internacional.


LADO BOM?


O trabalho dos pesquisadores não trouxe apenas más notícias, porém. Acontece que alguns dos anticorpos contra dengue parecem, na verdade, ter a capacidade de neutralizar o zika de maneira eficaz. Em outro estudo, desta vez na revista "Nature" e coordenado por Félix Rey, do Instituto Pasteur, em Paris, a equipe mostrou em detalhes como se dá o encaixe molecular entre dois desses anticorpos e os vírus. Eles defendem que seria possível usar essas informações para formular uma vacina "universal", que valha tanto para os diversos tipos de dengue quanto para o zika.

Nogueira, mais uma vez, pede cautela. "A diferença entre anticorpos que conseguem reconhecer todos os vírus e os que realmente são capazes de neutralizá-los é grande", destaca.




Vacinas contra dengue terão desafio a vencer

24/06/2016 - Folha de S.Paulo


A nova pesquisa da "Nature Immunology", que mostra que a infecção prévia por dengue pode agravar o ataque do vírus da zika, traz à tona um grande problema que pode surgir com as vindouras vacinas contra a dengue –a potencialização de outras infecções.

Em julho do ano passado, uma pesquisa da "Science" comandada pela cientista Shee-Mei Lok, da Universidade de Singapura, tentava desvendar os segredos do DENV2 (subtipo 2 do vírus da dengue, o mais estranhão entre os quatro conhecidos).

Era difícil criar um anticorpo que reconhecesse esse vírus (Lok conseguiu). E o problema de ter no organismo outros anticorpos –bons para se ligarem ao DENV1 ou ao DENV4, por exemplo– é que eles interagem fracamente com o DENV2.

Essa interação fraca potencializa a infecção de células por parte do DENV2. Imagine se esse vírus se torna o mais predominante em um determinado ano, quando boa parte das pessoas está vacinada –e com bons anticorpos para os outros três subtipos conhecidos? Talvez tenhamos uma epidemia de dengue hemorrágica (forma severa) entre os que receberam as injeções.

Por isso, o DENV2 é o pior inimigo das vacinas contra a dengue –a da Sanofi, já aprovada no Brasil, mas que ainda não está à venda, tem 47% de eficácia contra esse subtipo.

Suponha resolvida a questão do DENV2. Restará o ZIKV (vírus da zika) no caminho. As farmacêuticas e laboratórios que estão produzindo vacinas, como o Instituto Butantan, têm de lidar de maneira urgente com a questão.

Não dá para aceitar que, depois, digam que essa potencialização da infecção por DENV2 ou ZIKV era um efeito inesperado.

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