Nova regra para cesariana passa a valer nesta quarta
22/06/2016 - Folha de S.Paulo
Com o anúncio de novas regras para a realização de cesáreas agendadas no país, médicos e gestantes que já tinham esse tipo de parto marcado para ocorrer antes da 39ª semana terão que adiá-lo.
O alerta é do CFM (Conselho Federal de Medicina), que elaborou a norma vetando a realização de partos cirúrgicos a pedido da gestante, a partir da 37ª semana de gestação. As novas regras devem entrar em vigor nesta quarta feira (22),data em que a resolução deve ser publicada no “Diário Oficial da União”.
“As cesarianas que já estão pré-agendadas vão ter que se adequar à resolução”, disse à Folha o presidente do conselho federal, Carlos Vital.
Para ele, a mudança é apenas uma “questão de agenda”.
“Se [a cesárea] está marcada para amanhã e a gestante está na 37ª semana, atinja a 39ª marcando para 15 dias à frente”, recomenda.
“O que é de maior custo? Adequar-se a uma agenda ou assumir uma insegurança para o feto?”, questiona.
“Se for reagendar por questão de conforto profissional, ou porque a família fez preparativos festivos, o que é de maior valor? Isso que é supérfluo ou a segurança de um feto que vai nascer?” Mesma avaliação tem o obstetra José Hiran Gallo,que participou da redação da nova medida do conselho.
“Se aquela criança nascer prematura e alguém denunciar no conselho regional, o médico pode ter sanções éticas.
‘Ah, mas já tinha agendado’. Esse agendamento não tem mais validade.” Segundo o presidente do conselho, caso houver a impossibilidade do reagendamento do parto a partir da 39ª semana de gestação, o médico deve registrar as razões que o levaram a manter a data —em caso de eventual fiscalização, por exemplo.
“Se houver em algum caso concreto a impossibilidade do reagendamento, isso pode ser justificado e fundamentado.
Mas é algo que vai demandar exceções. A regra é a obediência à resolução”, afirma.
Apesar do alerta, a possibilidade de reagendamento dos casos já marcados é vista com ressalvas.
“Em uma grande maternidade, não se tem facilidade para dizer ‘não quero fazer dia 10, quero dia 17’. Não é uma coisa que o médico vai conseguir mudar em cima da hora”, disse à reportagem o obstetra Juvenal de Andrade, diretor de defesa e valorização profissional da Febrasgo (federação de obstetras).
“Uma mulher que está com 38 semanas e três dias vai querer ficar mais três dias só porque mudou a regra nesse período? Não vai”, afirma.
PREOCUPAÇÃO
Ao mesmo tempo em que geraram debate sobre a necessidade de reagendamento pelos médicos das cesáreas já marcadas, as novas regras do conselho também despertaram preocupação em gestantes que planejavam ter o parto mais cedo.
Para Carlos Vital, do CFM, essa situação já era esperada.
“A gestante tem certa ansiedade que é natural. Mas a maioria tem uma preocupação primeira e primária, que é a segurança do seu bebê.
Consciente, ela certamente vai optar por isso”, afirma.
Dados da última edição da Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, dão uma dimensão do alcance da mudança.
Segundo o estudo, metade dos partos por cesárea no Brasil ocorre com dia e horário marcados —53,5% do total.
Um percentual que é ainda maior em algumas regiões.
No Sudeste, por exemplo, chega a 57,9%. No Norte, é 46%.Ao todo, cerca de 1,1 milhão de mulheres de 18 a 49 anos cujo último parto ocorreu entre janeiro de 2012 e julho de 2013 optaram por agendá-lo com antecedência, segundo os dados mais recentes disponíveis.
A maioria desses casos (74%) ocorreu em maternidades privadas.
PREMATUROS
Para a pesquisadora Maria do Carmo Leal, coordenadora da “Pesquisa Nascer no Brasil”, da Fiocruz, que mapeou dados sobre nascimentos no país, as novas regras devem diminuir o número de bebês prematuros no país.
“Essa decisão é muito importante.
Ela já aconteceu nos Estados Unidos e é bem vinda no Brasil, onde 32%das crianças nascem com 37 e 38 semanas, uma quantidade alta se comparada a países desenvolvidos.
No setor privado, chega a 50%”, relata.
Para ela,é necessário que haja incentivo dentro das maternidades para que a nova regra seja seguida de fato.
“Fazer uma portaria não quer dizer que ela será cumprida.
Precisava desenvolver um sistema de monitoramento nas maternidades para que cesáreas fossem auditadas e, se elas ocorressem antes do tempo recomendado pelo CFM, o médico deveria ser chamado a atenção. Essa outra face não está desenhada.”
Grávida espera manter data do parto para a 38ª semana
22/06/2016 - Folha de S.Paulo
Com cesárea marcada para esta quinta-feira (23), na 38ª semana de gestação, a comerciante Nadine Kocinas, 39, ainda esperava manter a data do parto mesmo após as novas regras para realização do procedimento.
A resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) sobre esse tema prevê que médicos somente poderão realizar cesáreas eletivas, a pedido da mulher, a partir da 39ª semana de gravidez.
A gestação de Nadine alcançaria esse prazo na próxima segunda-feira (27),mas ela decidiu fazer seu parto antes por dois motivos: encaixar a data no cronograma de tratamento do marido, internado com leucemia, e parar de sentir dores na região da bacia.
Em uma loja de artigos infantis, ela dizia esperar que a data fosse mantida. “Já marcamos faz tempo.” A comerciante afirma, porém, que não teria problemas em adiar o parto se for preciso.
“O mais importante é o bebê não correr nenhum risco.” Segundo Nadine, inicialmente a médica dizia que era para esperar as 39 semanas.
“Mas fomos acompanhando semanalmente, e o bebê está plenamente maduro”, diz. No ultrassom de uma semana atrás, ele tinha 3,5 kg e 48 cm.
PRÁTICA
O limite para cesáreas eletivas estabelecido pelo Conselho Federal de Medicina já é usado como referência por uma parte dos obstetras da capital paulista.
No hospital Albert Einstein, no Morumbi (zona oeste de SP), desde 2012 um protocolo orienta que o procedimento só seja feito a partir da 39ª semana, a não ser que existem razões médicas.
Segundo Rita de Cássia Sanchez, coordenadora médica da maternidade, nas duas semanas anteriores a esse prazo, o bebê passa por etapas de desenvolvimento importantes.
Em cada uma dessas semanas, ganha 250 gramas. Nesse intervalo, diz, ainda melhora a capacidade de sucção e de manter uma temperatura corporal adequada.
A médica recomenda que, mesmo em caso de opção pela cesárea, a gestante aguarde para fazer o procedimento apenas depois de entrarem trabalho de parto.
Segundo ela, isso é importante porque, durante as contrações, o organismo produz oxitocina, substância que ajuda na produção de leite.
Ana Paula Santiago, obstetra com consultório na capital paulista, também diz que a resolução mudará pouco a rotina. “É muito raro um colega indicar uma cesárea antes da 38ª semana”, diz.
Segundo ela, alguns bebês já estão formados na 37ª semana, mas o prazo estabelecido pelo CFM seria benéfico por, entre outros fatores, “descontar” a margem de erro dos exames que estabelecem o início da gestação.
Em nota, o Grupo Santa Joana, que administra as maternidades Santa Joana e Pro Matre Paulista, afirmou que também apoia a resolução do Conselho Federal Medicina.
Tipo de câncer de Celulari tem boas chances de cura
22/06/2016 - Folha de S.Paulo
O câncer que o ator Edson Celulari anunciou ter, o chamado linfoma não Hodgkin, tem chances de recuperação maiores que 50% mesmo em casos agressivos, segundo novas diretrizes para o tratamento da doença, publicadas em junho pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA.
Relativamente raro, esse tipo de linfoma deve acometer cerca de 10 mil brasileiros em 2016, segundo projeção do Inca(Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), ligado ao Ministério da Saúde. O mais comum,o câncer de pele (não melanoma) deve afetar 176 mil no país no mesmo período.
O número de mortes em 2013 decorrentes de linfoma não Hodgkin ficou na casa dos 4.000 no Brasil, o que equivale a cerca de 40% dos novos afetados. Nos EUA, esse índice fica na casa de 28%.
O linfoma não Hodgkin é ainda o décimo tipo de câncer com maior incidência no mundo, segundo a Agência Internacional Para Pesquisa Sobre Câncer, atrás de tumores como o de pulmão, mama, cólon e próstata.
Mas a doença, na verdade, é uma categoria que abrange mais de 40 subtipos. Em comum, todos acometem células de defesa, responsáveis pela proteção contra infecções e até mesmo pelo combate contra outros cânceres. Os primeiros sinais geralmente são inchaços nas regiões da axila, virilha e pescoço.
Antes de Celulari, que apresentou a doença aos 58 anos, outras personalidades também tiveram diagnóstico de linfoma não Hodgkin.
A presidente afastada Dilma Rousseff, foi diagnosticada em 2009, aos 62 anos; o ex-presidente e atual senador paraguaio Fernando Lugo, em 2010, aos 59 anos; o ator Reynaldo Gianecchini, em 2011, aos 39; e o governador licenciado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, aos 61, neste ano. Mas, apesar das idades citadas, essa é uma doença mais comum em quem tem mais 65 anos.
Em todos os casos, há alterações genéticas em linfócitos, que passam a se proliferar desordenadamente. Dependendo de onde e como essas alterações ocorrem, no entanto, os tratamentos podem tomar rumos bastante distintos.
Há, inclusive, 2a chance de ser feita apenas uma “espera cautelosa” no caso de cânceres que levam até 20 anos para se desenvolver, explica o médico oncologista Jacques Tabacof, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e do Centro Paulista de Oncologia. Já alguns tipos de linfoma bacterianos podem ser tratados apenas com antibióticos. Esses parecem não ser o caso de Celulari, que já iniciou tratamento e apareceu careca em fotografias nas redes sociais.
TRATAMENTO
Para classificar o tumor e direcionar o paciente para o tratamento mais efetivo, os médicos se baseiam na biópsia do linfonodo, analisada por um patologista. O médico classifica o tumor de acordo com tamanho, formato e outras características do “jeitão” das células.
Quando há uma mistura de células características de tipos diferentes da doença (indolente e agressiva), a chance de o linfoma não Hodgkin reincidir no futuro é maior.
Entre os 40 subtipos da doença, os mais comuns são os linfomas difusos de células B grandes e os foliculares.
Esse primeiro é um dos mais graves e costuma ser tratado com químio e rituximabe, um medicamento anti-CD20(com anticorpos que combatem os linfócitos B que têm em sua superfície a molécula CD20).
Esses remédios poupam o paciente da toxicidade da químio ao tentar atacar somente os linfócitos potencialmente problemáticos.
Já os linfomas do tipo foliculares são um dos chamados linfomas indolentes e às vezes sequer precisam de tratamento, explica o hematologista Vanderson Rocha, professor da USP e médico do Hospital Sírio-Libanês.
Há ainda a combinação de radioterapia com imunoterapia —anticorpos carregando átomos radioativos e que se ligam a moléculas como o CD20, podem fazer o serviço, explica o hematologista Guilherme Fleury Perini,do Hospital Israelita Albert Einstein.
Linfomas agressivos ou reincidentes por vezes precisam de transplantes de medula.
“Quem recorre a um banco de doação de medula óssea tem 60% de chance de encontrar um doador compatível”, afirma Celso Massumoto, onco-hematologista do Hospital Nove de Julho.
Para os outros 40%, a solução é o chamado transplante de haploidênticos, feito com doadores parcialmente compatíveis.
Nesses casos, o paciente recebe altas doses de ciclofosfamida, que reduz a reação à medula do doador parcialmente compatível. Além disso, o paciente recebe, previamente, baixas doses de quimioterapia e de radioterapia corporal total, e medicamentos imunossupressores.
No caso de Gianecchini, o subtipo da doença era linfoma não Hodgkin de células T e ele utilizou uma forma de tratamento conhecido como auto transplante de medula óssea. Esse tratamento é feito depois da químio inicial para evitar uma recaída —já que o câncer, no caso dele, tem chance alta de retornar.
Nova terapia para tumor de mama é mais ecológica
22/06/2016 - Folha de S.Paulo
Optar por um tratamento de câncer de mama pode ajudar não só a saúde da mulher como também a do planeta. Uma terapia mais moderna se revelou mais ecológica e menos estressante para a paciente do que a tradicional em casos iniciais da doença.
Tradicionalmente, no estágio inicial da doença, a retirada do tumor costuma envolver sessões de radioterapia de 3 a 6 semanas.
Mas, quando uma mulher se locomove para receber essas sessões, está consumindo combustível fóssil derivado do petróleo. Quanto mais viagens, mais carbono gera.
Já com a técnica nova, desenvolvida por uma equipe de pesquisadores internacional e chamada Targit (“targeted intraoperative radiotherapy”, radioterapia intraoperatória direcionada), basta uma sessão de radioterapia “interna” logo depois da retirada do tumor, quando se irradia a cavidade na mama onde ele estava alojado antes do médico fechar a incisão.
Um grande estudo internacional prévio já havia demonstrado que a Targit é tão boa quanto a tradicional em pacientes diagnosticadas precocemente. A terapia mais moderna ainda é pouco disseminada —ela ainda é rara no Brasil e mesmo no Reino Unido, onde o estudo foi feito, ainda não está disponível em todos os centros.
A pesquisa tinha envolvido 485 pacientes. Já o novo estudo envolveu 22 novas pacientes que receberam a Targit em centros semirrurais. O artigo está publicado na revista “BMJ Open”.
Eles descobriram que dentro do estudo anterior pacientes do Reino Unido que foram designadas para a nova terapia deixaram de viajar 491 km e deixaram de emitir 86 kgde CO2 . Isso sem contar o estresse psicológico envolvido em realizar várias sessões.
Mesmo em um país pequeno como o Reino Unido — comparável em tamanho com o Estado de São Paulo—, a radioterapia força as pacientes a viagens prolongadas, pois as unidades que disponibilizam a técnica se concentram em grandes hospitais.
Dado que os pacientes com câncer da mama constituem cerca de um terço dos pacientes em um departamento de radioterapia, isso deve também reduzir o congestionamento do tráfego em torno do hospital, concluem os autores do estudo.
Para obstetra, nova regra de cesáreas educará médicos e pacientes
21/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A nova resolução que prevê que médicos só poderão realizar cesáreas eletivas, a pedido da gestante, a partir da 39ª semana de gestação vai ajudar a educar médicos e pacientes sobre os riscos da cirurgia de feita de forma precoce. É o que afirma Rossana Francisco, coordenadora científica de obstetrícia da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) e professora da USP.
Rosana, em entrevista transmitida ao vivo pela "TV Folha", diz ainda que a resolução, lançada nesta segunda (20) pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), deixará de estimular mais partos cirúrgicos.
'A resolução trata de algo que já vinha ocorrendo, que são as cesáreas eletivas, mas estabelece limites pela saúde do bebê', afirma.
Estudos apontam que a partir da 39ª semana de gestação há menos riscos ao bebê. Segundo a especialista, o bebê que nasce antes deste período corre mais riscos, como desenvolvimento incompleto do cérebro, pulmões e fígado.
Em entrevista aos jornalistas Gabriel Alves e Mariana Versolato, repórter de "Ciência e Saúde" e editora-adjunta de "Cotidiano", respectivamente, Rossana lembrou também que a discussão sobre o assunto —a partir de quando o bebê estaria pronto— começou em outros países no ano 2000.
Surto de caxumba em São Paulo é o maior desde 2008
22/06/2016 - O Estado de S.Paulo
O número de casos de caxumba registrados neste ano no Estado de São Paulo já é o maior desde 2008, segundo balanço do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual da Saúde. Até o dia 16 de junho, quando foi divulgado o último levantamento, foram contabilizados 842 casos. Entre 2009 e 2015, o número variou, no ano inteiro, entre 118 (2014) e 671 (em 2015). Em todo 2008, foram 3.394 registros.
A imunização incompleta de parte da população, que não tomou as duas doses da vacina, e o fato de o vírus estar mais atuante estão entre as razões apresentadas por infectologistas para o aumento dos surtos.
“Não tem uma explicação certeira para isso, mas sabemos que é um vírus altamente infectante e ele está circulando mais. Temos uma faixa de pessoas que não foram vacinadas adequadamente para a caxumba, porque é preciso ter duas doses e, antes de 2000, a padronização do esquema vacinal era diferente”, explica Ralcyon Teixeira, médico infectologista e supervisor do pronto-socorro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Ele explica que o período de incubação da doença é grande e que, mesmo antes da manifestação de sintomas – inflamação das glândulas salivares, dor de cabeça e febre –, a pessoa já pode transmitir a caxumba. “O prazo de incubação é de 16 a 18 dias, mas pode se manifestar em até 25 dias e a pessoa já começa a expelir o vírus.” Em janeiro deste ano, a infectologista Luciana Marques Sansão Borges, de 31 anos, teve caxumba, que se manifestou em ambos os lados do pescoço. Ela conta que ninguém de sua família nem do seu ambiente de trabalho estava com a doença.
“Foi depois da virada do ano e não tinha ido a nenhum lugar com aglomeração. Fiquei nove dias afastada do trabalho.” Apenas após o episódio que ela se deu conta de que não tinha tomado as duas doses da vacina.
“Meu cartão de vacina é atualizado, mas tomei a dose de sarampo e rubéola. Na minha cabeça, estava plenamente vacinada.
Só doente vi que faltava a de caxumba.” Mesmo vacinada, a administradora Flávia Oliveira, de 25 anos, foi contaminada e recebeu o diagnóstico na semana passada. Ela ainda se recupera em casa. “Fiquei tomando anti inflamatório e, desde então, estou de repouso e tem de ficar, porque dói muito para comer, ficar em pé. Ainda estou com um pouco de inchaço.” Para não contaminar a família, Flávia separou talheres, pratos e copos. “Lavamos tudo com água fervente.” Cuidados. Repouso e isolamento são as principais orientações para os pacientes, já que não há um medicamento específico para a doença. “Não tem nenhum antiviral para caxumba. A recomendação é fazer repouso, tomar analgésico e anti-inflamatório.
É importante evitar aglomerações e lavar as mãos”, diz Graziella Hanna Pereira, infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
Segundo Raquel Muarrek, infectologista do Hospital Leforte, a doença pode causar complicações, principalmente para os homens. “A caxumba pode causar meningite e pancreatite.
Em homens, pode vir com orquite, que causa aumento da bolsa escrotal e dor na região.”
Reação à picada do Aedes ajuda infecção
22/06/2016 - Correio Braziliense
Os estragos provocados pela picada de um mosquito vão além da coceira, do inchaço e da vermelhidão. Segundo cientistas da Universidade de Leeds (Reino Unido), na pele atingida, ocorre um processo biológico que pode ajudar patógenos presentes no inseto, como o da dengue e o da zika, a entrarem e se disseminarem com mais facilidade no corpo humano. “Nossas descobertas sugerem que a resposta inflamatória nesses locais ajuda os vírus a se replicarem, aumentando a capacidade de causar a doença”, diz Clive McKimmie, autor sênior do estudo, divulgado, hoje, na revista Immunity.
A equipe chegou à conclusão observando, em ratos, os efeitos do mosquito Aedes aegypti, que dissemina os vírus da zika, da dengue e da chikungunya. Ao picar os roedores, o mosquito injetou saliva na pele deles, e esse fluído passou a desencadear uma resposta imunitária responsável por levar células brancas de defesa ao local atingido. Os cientistas descobriram que, em vez de ajudar, algumas dessas células foram infectadas e passaram, inadvertidamente, a replicar o vírus presente na saliva.
“Foi uma grande surpresa, não esperávamos esse resultado. Esses vírus não são conhecidos por infectar células do sistema imunológico. Quando paramos a entrada dessas células imunes no local da picada, a infecção não aumentou”, complementou McKimmie.
Segundo o autor, estudos anteriores que usaram modelos in vivo para estudar infecções transmitidas por mosquitos não se ateram às picadas como um componente estratégico de contaminação. “Achamos que a mordida em si está afetando o rumo sistêmico e a evolução clínica da infecção”, defendeu. Ele e a equipe apostam no uso de medicamentos que não deixem que o local da picada se transforme em um ambiente propício a doenças. “Queremos agora olhar se medicamentos como os cremes anti-inflamatórios podem impedir que o vírus estabeleça uma infecção. Isso se usado de forma suficientemente rápida após aparecer a inflamação provocada pela mordida”, cogitou.
Se a abordagem for eficaz, poderá, segundo o estudioso, evitar que vírus até agora desconhecidos provoquem grandes estragos. “Ninguém esperava o zika e, antes, ninguém esperava o chikungunya. “Centenas de outros vírus transmitidos por mosquitos lá fora também não são estimados, é difícil prever o que vai iniciar o próximo surto”, justificou.
Ingerir bebidas a altas temperaturas pode causar câncer
21/06/2016 - O Estado de S.Paulo / Site
A ingestão de bebidas muito quentes, acima dos 65ºC, pode causar câncer no esôfago. O estudo da Agência Internacional para a Pesquisa sobre Câncer (IARC, em Inglês), que contou com 23 persquisadores de 10 países diferentes, foi divulgado na última quarta-feira, 15, e publicado na revista científica The Lancet.
Dentre os cerca de mil estudos, observacionais e experimentais, café e mate foram analisados, duas bebidas muito consumidas no Brasil. Vice-diretor do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e participante da pesquisa, Luis Felipe Ribeiro Pinto atesta que a causa do câncer está na temperatura, não na bebida em si.
“Não há achismo. Temos dados científicos que comprovam esse resultado. Nossa avaliação foi extremamente criteriosa, com parâmetros estabelecidos. Além disso, todo o processo foi transparente, representativo, minucioso e criterioso”, disse o pesquisador a um blog do Ministério da Saúde. Recomenda-se que bebidas com mais de 60°C não sejam ingeridas de imediato.
Brasil e EUA acompanham 10 mil gestantes para avaliar riscos do Zika
21/06/2016 - Portal EBC
Pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos acompanharão 10 mil gestantes em locais onde circula o Zika para verificar o alcance dos riscos do vírus à saúde. O estudo, em parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, pretende comparar as gestações de mães infectadas e não infectadas por Zika e a evolução dos seus bebês.
A ideia do estudo Zika in Infants and Pregnancy – ZIP (Zika em Grávidas e Bebês) é saber se as mulheres foram infectadas pelo vírus durante a gravidez e verificar as consequências dessa infecção para os fetos nos casos positivos.
Para a comparação, serão documentados frequência de abortos espontâneos, nascimentos prematuros, microcefalia, malformações do sistema nervoso e outras complicações. Problemas na gravidez também serão considerados para análise das ameaças do vírus Zika.
As participantes da pesquisa são mulheres em seu primeiro trimestre de gravidez que não tiveram Zika e que tenham mais de 15 anos de idade. O levantamento teve início em Porto Rico, e no Brasil deverá começar em entre julho e agosto.Das 10 mil gestantes que o estudo acompanhará, 4 mil serão brasileiras moradoras do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Ribeirão Preto.
O estudo também vai comparar o risco de complicações na gravidez entre mulheres que tiveram sintomas de infecção por Zika e aquelas infectadas, mas que não apresentaram sintomas.
Além disso, a pesquisa avaliará as alterações causadas pela infecção em embriões e fetos, bem como a forma com que outros fatores podem interferir como determinantes sociais, ambientais e a ocorrência de outras infecções, como casos prévios de dengue.
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