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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 21/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

A automedicação piora a dor

21/06/2016 - Correio Braziliense


A dor é um alarme emitido pelo organismo ao sofrer uma agressão, caso de queimadura, infecção, trauma ou tumor. Segundo o anestesista João Valverde Filho, coordenador do Centro de Dor do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, na dor aguda, o corpo libera substâncias que ativam os nervos periféricos. Eles conduzem um estímulo até a medula espinhal, onde a sensação dolorosa é modulada; e, de lá, para o cérebro, a fim de avisá-lo que, em determinado ponto, existe um problema. Para que ocorra uma resposta de inibição natural ao desconforto, um estímulo também parte do cérebro, passa pela medula e chega ao local da lesão. A serotonina, as endorfinas e outras substâncias conhecidas como neuromoduladores podem excitar ou inibir a dor na medula espinhal pelo chamado sistema inibitório da dor, ou sistema supressor da dor.

Nos casos em que o corpo não consegue naturalmente acionar esse mecanismo, é necessário recorrer às medicações analgésicas. “Quando as endorfinas (opioides produzidos pelo próprio organismo) não dão conta de resolver, usamos a morfina, um tipo de analgésico que amplifica o sistema inibitório da dor. Se no local, por outro lado, ocorre uma reação inflamatória ou um inchaço, é o caso de usar anti-inflamatórios para combater essa dor periférica. Remédios para dormir só acalmam e retiram a ansiedade e o sofrimento relacionados à dor, não agindo sobre ela. Para o alívio da dor, são necessários fármacos analgésicos e não ansiolíticos”, detalha Valverde.

Mas quando não se consegue agir sobre a causa e tratar a dor aguda adequadamente, o sistema inibitório entra em estágio de fadiga. Isso ocorre porque o medicamento é insuficiente, ou a combinação de remédios, inadequada. O sistema inibitório da dor começa, então, a falhar, o que pode levar até mesmo à morte celular. “Os neurônios envolvidos nessas ligações ficam falhos e não permitem mais a passagem do sinal inibitório. Ou, pior, o sistema passa a funcionar de forma excitatória e, então, onde não haveria mais motivos para dor, pois não existe mais lesão, ela permanece cronicamente. Nesse caso, é como se a fibra nervosa sofresse uma subversão da ordem dos estímulos elétricos. Essas dores podem ser controladas por antidepressivos, anticonvulsivantes, morfina e outros, além de medidas físicas e procedimentos cirúrgicos”, explica o médico.

Um exemplo de possível cronificação da dor é o herpes zóster. Oitenta e cinco por cento da população tem catapora. Como o vírus causador da doença fica armazenado na raiz do nervo, há a chance do desenvolvimento desse tipo de herpes, quando o sistema imunológico vai se enfraquecendo. Se tratado inadequadamente, na primeira semana, o herpes zóster evolui para uma dor crônica. “A passagem da dor aguda para a crônica ocorre em função de uma falha no sistema fisiológico inibitório da dor”, diz Valverde.

Daí a importância do diagnóstico precoce e da abordagem correta. Mas, apesar de seu grande impacto na vida social e produtiva e na qualidade de vida, a dor costuma ser subvalorizada e mal tratada. Só o tratamento pode quebrar esse ciclo, mas ele preciso ser certo. Segundo Valverde, a maioria da população e dos profissionais de saúde ainda negligencia esse problema. “Há componentes biológicos, genéticos e culturais envolvidos nesse descaso. Muitas vezes, a pessoa se queixa e logo ouve que não é nada e que vai passar, ou ela vai à farmácia e compra um analgésico ou um anti-inflamatório por conta própria. Existe dor inflamatória, neuropática, visceral... Quando se toma remédio para uma dor que não se tem, o sistema inibitório entra em exaustão e se ganha uma nova dor. Não é qualquer analgésico, por exemplo, que consegue substituir a transmissão de estímulos de um neurônio para o outro. Se tratada inadequadamente, a dor vai se prolongando e se torna crônica”, alerta o especialista.


DIAGNÓSTICO DETALHADO


A principal ferramenta para avaliar algo subjetivo como a dor é conseguir que o paciente descreva detalhadamente a característica, a intensidade, a localização, os fatores de melhora e piora, além dos tratamentos anteriores ao problema. Uma escala numérica, que varia de zero a 10, pode ser utilizada para analisar o nível de desconforto. Quanto melhor o paciente explicar o que sente, mais facilmente o médico poderá indicar o tratamento adequado.

Mas o diagnóstico não é fácil. Segundo o anestesista Roberto Paolinelli de Castro, presidente da Sociedade Mineira para Estudo da Dor (Somed), o corpo é formado de nervos da cabeça à ponta dos pés. A compressão de qualquer um deles pode gerar uma dor localizada ou irradiada, dependendo do tipo de comprometimento. Essa última, por não se manifestar no local afetado, também pode influenciar o diagnóstico.

“Quando se tem uma causa bem estabelecida, orgânica, caso de uma cefaleia provocada por um aneurisma comprimindo um nervo do sistema central, é possível estabelecer o diagnóstico da causa. Essa dor também é mais factível de ser tratada porque se pode abordar a causa”, explica. O problema são as dores de etiologia pouco conhecida. Caso das enxaquecas, que não têm causa bem estabelecida. “Às vezes, o paciente tem o diagnóstico depois de passar por vários especialistas e exames”, explica. O médico conta que as queixas mais comuns nos consultórios são de dores lombares e cervicais, mais fáceis de serem identificadas, assim como a oncológica e a decorrente de hérnia.


AS VANTAGENS DO TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR

Fuga pelo vício


Para aliviar o desconforto causado pela dor crônica, norte-americanos têm recorrido a drogas e álcool, segundo estudo divulgado, em maio, no Journal of General Internal Medicine. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, analisaram detalhadamente, num universo de 25 mil pacientes, 589 com histórico de uso de substâncias como maconha, heroína, cocaína e álcool. Descobriram que 87% deles sofriam de dor crônica, sendo metade desses casos classificada como condição severa.

No subgrupo dos participantes que usavam substâncias ilegais, 51% relataram o uso de uma ou mais drogas especificamente para aliviar a dor física. Entre os alcoólatras, 79% alegaram a ingestão em excesso pelo mesmo motivo. Os resultados, segundo Daniel Alford, um dos autores do estudo, reforçam a necessidade de o tratamento contra a dor fazer parte uma estratégia de longo prazo para a recuperação da dependência química. “Se as drogas estão sendo usadas para a automedicação, os doentes podem ficar relutantes em diminuir, parar ou permanecer abstinentes casa os sintomas de dor não sejam adequadamente geridos com outros tratamentos, incluindo os não baseados em medicamentos”, explicou.




Remédios mais procurados são os que ficaram mais caros após reajuste.

20/06/2016 - G1 - Bom dia Brasil


Os remédios mais procurados nas farmácias – como os anti-inflamatórios – foram os que ficaram mais caros este ano.

Eles já subiram quase tudo que podiam. Lembrando que o reajuste, autorizado pela Anvisa, foi acima da inflação.

Está difícil cuidar da saúde com esses aumentos. As pessoas têm que andar de farmácia em farmácia buscando as que oferecem o melhor desconto. E aí tem gente recorrendo a remédios caseiros.




Médicos que aceitam refeição paga pela indústria farmacêutica prescrevem droga mais cara

20/06/2016 - Época Online


O ditado “Não existe almoço grátis” foi comprovado cientificamente por um novo estudo. O pior é que a conta é paga por quem precisa de um tratamento médico. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, constataram que os médicos que aceitam refeições pagas pela indústria farmacêutica são mais propensos a receitar medicamentos de marca – mais caros – e não os genéricos – mais baratos – que são encontrados no mercado. Em alguns casos, a frequência da prescrição de uma droga específica aumentou em mais de cinco vezes. O estudo, publicado hoje em uma das revistas da Associação Médica Americana, vai ao centro de um dos temas mais delicados da medicina moderna: a influência da indústria farmacêutica na prática médica.

Os pesquisadores da equipe do médico R. Adams Dudley usaram um recurso valioso, à disposição nos Estados Unidos. Lá, desde que a reforma da saúde implantada pelo presidente Barack Obama entrou em vigor, em 2014, as empresas farmacêuticas são obrigadas a informar pública e nominalmente quais médicos receberam verbas de marketing da empresa – e quanto eles receberam. Isso inclui desde honorários para falar sobre um produto até almoços de relacionamento. O programa chamado Open Payments, algo como Pagamentos Abertos em português, foi implantado para coibir os conflitos de interesse que podem influenciar a pesquisa de novos medicamentos, a formação dos futuros médicos e a prática clínica dos profissionais. Além disso, quanto mais as empresas gastam com publicidade, mais caros ficam os medicamentos. Para os pacientes e para o sistema de saúde.

A equipe de pesquisadores cruzou alguns dos dados do Open Payments com as prescrições feitas pelos médicos e registradas em um dos sistemas de saúde do governo, o Medicare, voltado para pessoas com mais de 65 anos. O resultado não é uma surpresa: parece existir uma relação entre o maior contato dos médicos com a indústria e a prescrição de medicamentos da empresa. Mas o mais surpreendente foi a constatação de que mesmo os pagamentos módicos – refeições que custaram menos de US$ 20 – tiveram influência na maneira como os profissionais prescreviam. Dos mais de 63 mil pagamentos avaliados, 95% correspondiam a refeições cujo valor médio era US$ 20 (cerca de R$ 70). Apenas 5% eram referentes a viagens, honorários de palestras ou recebimento de livros. Isso significa que, mesmo médicos que tentem limitar seu contato com a indústria a alguns parâmetros, podem sofrer – consciente ou inconscientemente –infuência na hora de prescrever.

Os pesquisadores analisaram a prescrição de drogas para reduzir o colesterol, duas classes de medicamentos para controlar a pressão arterial e antidepressivos. As refeições pagas aumentaram em 1,8 vezes o receituário das drogas de marca contra o colesterol e em 3,4 vezes a prescrição de antidepressivos específicos. O aumento mais expressivo foi nos medicamentos para controlar a pressão arterial. Em uma das classes, as refeições tornaram a prescrição de drogas de marca 4,5 vezes mais frequente. Na segunda classe, 5,4 vezes. O receituário de quase 156 mil médicos foi avaliado. Quanto mais frequentes eram os encontros em que houve o pagamento da refeição ou quanto mais cara era a refeição, maior era o aumento na prescrição.

Os autores são cuidadosos ao traçar uma relação de causa e efeito entre os pagamentos e os receituários. De fato, não se pode afirmar que os médicos se sentiram na obrigação de prescrever as drogas de marca porque receberam gentilezas da empresa. Os próprios pesquisadores levantam a hipótese de que muitos profissionais iam aos encontros porque já usavam os produtos da empresa. Mas outros levantamentos semelhantes, como um feito pela agência de jornalismo americana ProPublica em março, encontraram o mesmo tipo de resultado. É um indício de que os profissionais da medicina – assim como de qualquer outra área – podem ser influenciados pelo fator reciprocidade. Ou, pelo menos, são tão suscetíveis a estratégias de marketing como a maioria das pessoas. Daí a importância de políticas que tentem blindar médicos e pacientes de práticas que possam influenciar no tratamento.

No Brasil, não existe nada parecido com o programa Open Payments, dos Estados Unidos. Seria uma boa oportunidade de tornar a relação médico-indústria mais transparente. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, o CFM, que regula a prática médica no país, programas desse tipo desrespeitam princípios éticos. “Não se pode violar o sigilo da relação médico-paciente registrando o que os médicos prescrevem”, afirma Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, do CFM. Mas ele reconhece que a própria indústria acaba sabendo o que muitos médicos prescrevem. As estratégias pelas quais a indústria descobre essas informações não são abertamente explicadas. No programa americano, os dados pessoais dos pacientes não são revelados publicamente.

A relação entre os médicos e a indústria farmacêutica no Brasil costuma ser alvo de críticas. Não faltam diretrizes. O Código de Ética Médica, do CFM, traz suas recomendações, assim como resoluções dos conselhos regionais de medicina e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula a propaganda de medicamentos. A própria indústria, representada pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, tem seu código de boas práticas, reconhecido pelo CFM. O problema, segundo especialistas, é que as diretrizes são brandas demais. “O conflito de interesses é um assunto muito mal regulado no país”, afirma Mario Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Começa na faculdade, com a indústria patrocinando churrasco e cervejadas, e vai até os congressos, usados por muitos médicos para se atualizar”, diz Scheffer. “A programação é pautada pelos interesses das empresas e os médicos ficam vulneráveis a essa influência. Muitos já não têm a formação adequada por causa da precariedade de alguns cursos e ainda existe a dificuldade de se atualizar porque têm múltiplos empregos.”

Para o médico gaúcho Guilherme Barcellos, que já encabeçou uma campanha para diminuir a influência da indústria farmacêutica, deveria existir mais controle sobre as instituições e não sobre os médicos. “As diretrizes costumam ditar que tipo de brinde o médico pode ou não pode receber, mas não são tão severas com o patrocínio de eventos promovidos pelas sociedades médicas”, afirma Barcellos. Ele diz não receber visitas de representantes comerciais das empresas farmacêuticas e tem como uma de suas bandeiras promover eventos sem patrocínio da indústria. “Esse assunto é muito desconfortável para os médicos. Eles nunca acham que eles mesmos estão sujeitos à influência”, afirma Barcellos.

A percepção de Barcellos é verdadeira, segundo uma pesquisa feita em 2010 com profissionais paulistas. O levantamento encomendado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, o Cremesp, mostrou que 62% avaliavam positivamente a relação com a indústria. Para eles, era uma fonte de informações científicas atualizadas, novos medicamentos e apoio técnico. Mais de 90% afirmaram receber brindes e benefícios das empresas e 80% relataram receber visitas de representantes da indústria de medicamentos.

De acordo com os códigos médicos, não há nenhuma incorrência ética em ir a congressos realizados com o patrocínio da indústria ou em receber representantes comerciais no consultório. Talvez, seja um bom remédio para os médicos refletir sobre o quanto possíveis decisões clínicas podem ser influenciadas pelas informações que estão facilmente a sua disposição. Os pacientes podem ajudá-los nessa reflexão, quando questionam os motivos por que aquele medicamento específico lhe foi prescrito, quais são as evidências que existem a favor dele e de seus concorrentes, quando questionam por que um genérico não poderia ser adotado. Os maiores favorecidos são os próprios pacientes. “Os gastos da indústria farmacêutica com marketing são muito altos e estão embutidos no preço final dos medicamentos”, afirma Scheffer, da USP. “Quem paga a conta é a sociedade.”

Brasileira cria chip que detecta câncer em 15 minutos

20/06/2016 - Galileu Online


Fazer com que as pessoas deixem de ver o câncer como uma sentença de morte é um dos principais objetivos da biomédica pernambucana Deborah Zanforlin, de 25 anos. Ela é a criadora do chip ConquerX, dispositivo que informa, em 15 minutos, se o paciente apresenta algum tipo de câncer em estágio inicial — um biossensor mapeia marcadores sanguíneos que podem indicar até 18 tipos da doença. Por ser portátil, o dispositivo será utilizado em lugares onde o acesso a exames como tomografia e mamografia são restritos.

Premiada pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) em 2015, Zanforin decidiu globalizar seu projeto. Para fazer os testes finais do ConquerX, a cientista formou uma sociedade com profissionais eslovacos, vietnamitas, espanhóis e argentinos. Atualmente, a equipe espera o término do processo de patenteamento do dispositivo e autorizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Brasil, e da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) para começar a produzir e utilizar o chip.

De acordo com a pesquisadora, pacientes que descobrem um câncer precocemente têm as chances de sobrevivência aumentadas em até 70%.

Cesárea somente poderá ser feita a partir da 39ª semana

21/06/2016 - Folha de S.Paulo


Médicos poderão realizar cesáreas agendadas, a pedido da gestante, somente a partir da 39ª semana de gestação, momento em que estudos apontam que há menos riscos ao bebê. A medida faz parte de novas regras previstas em resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina)para realização de cesáreas.

O documento, divulgado nesta segunda (20)e que vale a partir de sua publicação (que deve ocorrer até quarta, 22), estabelece que “é ético o médico atender à vontade da gestante de realizar o parto cesariano, garantida a autonomia do profissional e da paciente”, bem como a segurança da mãe e do bebê.

Neste caso, a gestante deverá assinar um termo de consentimento livre e esclarecido em que afirma ter sido informada dos benefícios e também dos riscos da decisão, “bem como sobre o direito de escolha da via de parto”.

Para o presidente do conselho, Carlos Vital, as novas regras visam assegurar tanto a segurança do bebê quanto o direito da gestante à cesárea.

A definição do período da 39ª semana de gestação como limite mínimo para realização da cesárea eletiva segue estudo elaborado em 2013 pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas. Na época, o grupo definiu que esse seria o marco das gestações e partos a termo—ou seja, não prematuros.

Antes, bebês que nasciam a partir da 37ª semana de gestação já eram considerados maduros.

“A data da última menstruação é uma informação insegura.

Ao fazer a cesárea a partir da 37ª semana, poderia estar fazendo de maneira muito precoce e com consequências nefastas ao feto”, diz Vital, presidente do CFM.

Segundo ele, bebês nascidos antes deste período recomendado têm mais chance de apresentar problemas respiratórios, além de dificuldades para manter a temperatura corporal e se alimentar, entre outros danos.

“O amadurecimento fetal ocorre de maneira mais intensa nessas últimas semanas”, afirma. “São desenvolvimentos delicados, do fígado, pulmão e até mesmo do cérebro.” A fiscalização do cumprimento das medidas deve ser feita pelas equipes dos conselhos regionais de medicina, a partir dos prontuários nas maternidades.

Em caso de descumprimento, o médico está sujeito a medidas como advertência até suspensão do registro profissional, de acordo com a gravidade do caso.


DIREITO DE NÃO FAZER


Em outro ponto, o CFM também estabelece a possibilidade de o obstetra se recusar a realizar o parto caso discorde da opção da gestante (seja essa parto normal ou cesárea), com base no seu direito de “autonomia profissional”.

Neste caso, a gestante deve ser referenciada a outro médico.

Questionado, o coordenador da câmara técnica de ginecologia e obstetrícia do conselho, José Hiran Gallo, nega que a medida possa abrir brechas para que gestantes que buscam o parto normal deixem de ser atendidas, crítica frequente entre pacientes.

A divulgação das novas regras voltou a dividir parte de quem atua no setor.

Enquanto representantes de associações de obstetras elogiam a medida, movimentos que defendem o parto normal questionam o fato de as medidas serem voltadas apenas ao parto cirúrgico.

Para o obstetra Newton Busso, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casade São Paulo, a definição por realizar a cesárea somente a partir da 39ª semana é positiva.

Juvenal de Andrade, diretor de defesa profissional da Febrasgo (federação de obstetras), diz que a medida resolve também um “dilema ético” sobre os casos de cesáreas agendadas a pedido da gestante. “Antes, fazer cesárea a pedido não era considerado ético”, afirma ele.

Já Raquel Marques, da ONG Artemis, que representa gestantes, avalia que, ao mesmo tempo em que a definição de um limite mínimo de gestação minimiza os riscos ao bebê, a resolução retira a responsabilidade dos médicos sobre a opção da cesárea.

A discussão sobre a necessidade de regras já havia sido alvo de polêmica no último ano, quando o governo lançou medidas para conter a alta taxa desse tipo de parto nos planos de saúde, onde 84,6% dos partos são cirúrgicos.

Na rede pública, o índice é de cerca de 40%.

O Ministério da Saúde e a ANS dizem que as novas regras definidas pelo conselho ampliam a proteção aos bebês. Ambos recomendam, no entanto, que o parto normal seja “sempre a principal opção”, uma vez que cesarianas “feitas sem necessidade” aumentam as chances de o bebê ter problemas respiratórios e o risco de morte para a mãe.




Regra para parto acirra discussão com gestantes

21/06/2016 - Folha de S.Paulo


De um lado, gestantes que condenam qualquer pressão ou interferência externa no tipo de parto de seus filhos. De outro, as que referendam a tese de que há uma cultura da cesárea —ou, ainda que não façam questão do parto normal, que rejeitam a antecipação do nascimento.

A discussão já é parte da rotina de grávidas com amigos, parentes e até desconhecidos antes mesmo de chegar a consultórios médicos. Agora, ficou ainda mais acirrada.

“Acho um absurdo limitar, a pessoa tem que poder escolher qual o tipo de parto”, diz a bancária Priscilla Teixeira, 36, que decidiu esperar 39 semanas para fazer sua cesárea, mas para quem a gestante deve ter a opção de antecipar.

Pelas novas regras previstas em resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), divulgada nesta segunda (20), os médicos só poderão realizar cesáreas eletivas, a pedido da gestante, a partir da 39ª semana, momento em que estudos apontam que há menos riscos ao bebê.

Para Denise Alencar, 37, a medida está correta. Ela decidiu marcar a cesárea por ter outra filha pequena. “Não sei se iria ser traumatizante para ela que eu saísse correndo no meio da madrugada. Então marquei a cesárea, mas segurei até 39 semanas.Acho que não é saudável para um bebê sair antes, ele tem que vir na hora que quiser”, diz.

Mulheres na reta final da gestação se mostravam apreensivas e temerosas nesta segunda sobre a possibilidade de a decisão do CFM interferir em seus partos.

A vendedora Priscilla Barbosa da Silva, 39, considerava não haver necessidade de esperar até a 39ª semana.

“Não acho legal essa medida, porque é muito cansativo esperar. Depois de 37 semanas já dá”, defendia ela, que está com 38 semanas e que tinha cesárea marcada ainda para esta segunda-feira.

A professora Tatiana Vitale, 33, é defensora da espera.

“Quero parto normal, acho que não tem necessidade de antecipar”, afirmou à Folha.

A bancária Gisele Bevilaqua, 26, teve seu primeiro filho de parto normal, no pronto-socorro. No caso do segundo, ficou preocupada de ficar esperando para ser atendida e preferiu marcar cesárea.

Com 38 semanas e meia, ela teria seu bebê nesta segunda-feira.

Mesmo assim, acredita que a mudança da regra é importante. “Acho interessante esperar. Minha médica disse que já podia ter com 38 semanas, e eu resolvi aguardar mais um pouco.” Maria Jaqueline Chezine, 37,é enfermeira e trabalha com pediatria e UTI neonatal.

Com 25 semanas, ela dizia concordar com a nova diretriz.

“Já vi muito bebê de 38 semanas ter que ir para a UTI, porque não estava maduro o suficiente. Eu queria ter parto normal, mas tenho problema na coluna e não posso.” Chezine vai esperar até a 39ª semana para fazer seu parto. “Tenho amiga marcando eletiva com 38 semanas para nem entrar em trabalho de parto, com medo da dor.”




CFM veta cesárea antes de 39 semanas

21/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Médicos só poderão fazer cesáreas a pedido da gestante após a 39.ª semana de gestação. É preciso ainda que a paciente assine um termo de consentimento. É o que diz resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que entra em vigor nos próximos dias. A norma ainda afirma ser ético o médico atender à solicitação da gestante e fazer o procedimento. Antes, o bebê era considerado maduro a partir de 37 semanas.

O presidente do CFM, Carlos Vital, afirmou que o prazo de 39 semanas tem como objetivo proteger os bebês. Cesáreas feitas antes desse período, informou, podem aumentar o risco de a criança ter problemas respiratórios, icterícia e, em casos mais graves, lesões cerebrais.

“Não podemos dizer que ocorriam abusos por parte dos médicos. Não havia um consenso sobre o prazo ideal para a realização do procedimento”, afirmou. De acordo com Vital, em alguns casos há erros no cálculo do período da gestação. Isso acontece sobretudo quando há falhas na informação sobre a última menstruação da mulher ou quando não é feito ultrassom no primeiro trimestre da gestação. “Nessas condições,aumenta o risco de o bebê ser prematuro.” Estudos feitos pelo pesquisador César Victora, da Universidade Federal de Pelotas, indicam um aumento expressivo de bebês prematuros no Brasil.

Para o pesquisador, há uma nítida relação entre esse fenômeno e a elevação das taxas de cesárea no Brasil.Dados do Ministério da Saúde indicam que 84% dos nascimentos na rede privada do País ocorrem por meio da cirurgia.Na rede pública, 40% dos bebês nascem por cesárea. Embora os números sejam menores, também no Sistema Único de Saúde (SUS) há uma tendência de aumento desse tipo de procedimento.

Vital afirma não haver um padrão mundial sobre o porcentual aceitável de cesárea. “A Organização Mundial da Saúde trabalha em uma tabulação, mas acredita-se que ela gire em torno de 30%”, disse. Para o presidente do CFM, não há uma explicação sobre as razões que levam o Brasil a apresentar taxas de cesáreas tão altas.

Ele afirma que o problema é “multifatorial”. “O ideal seria fazer um estudo epidemiológico”, disse.


ESCOLHA


A norma do CFM também desobriga o médico de fazer o parto normal, nos casos em que ele não concordar com a escolha do procedimento. Para o presidente da entidade, caberá à operadora de saúde ou ao sistema público ofertar o médico que fará o parto normal. “O problema é que muitas operadoras não oferecem essa garantia. Faltam leitos”, diz Vital.

Em janeiro de 2015, para tentar reduzir cesáreas, o governo lançou uma série de normas, que previam desde a divulgação de indicadores sobre cesáreas realizadas por médicos e hospitais até a apresentação de parto grama, um histórico sobre o parto.

Esse documento se tornou indispensável para o ressarcimento de profissionais. Para o CFM, desde que a paciente e o médico apresentem um termo de consentimento, declarando a intenção do parto cesáreo, o parto grama é desnecessário.

A resolução foi elogiada pelo Ministério da Saúde. “Ela amplia a proteção aos bebês, evitando a retirada do feto antes da sua maioridade”, afirmou em nota oficial.

Para o professor da Universidade Federal de Pelotas, Bernardo Horta, o ideal é desconstruir a imagem da cesárea no Brasil.

“Há um falso entendimento de que a cesárea é livre de riscos”, diz. “A vontade da mulher deve prevalecer. Mas médicos têm a obrigação de informar sobre as vantagens de cada um dos métodos.

Isso deve ser a prioridade.” O professor faz uma comparação com a amamentação, um hábito que aumentou no País. “A informação foi fundamental. E isso deveria ser feito também para o parto normal.”




Hospital suspende cirurgias no Rio

21/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Enquanto o governo estadual renegociava a dívida e o socorro emergencial ao Estado, em Brasília, a população do Rio viveu ontem mais um dia de agruras causadas pela crise financeira.

O Hospital Universitário Pedro Ernesto, na zona norte da cidade, suspendeu as cirurgias por 24 horas em protesto à falta de repasses de verbas e de pagamento aos servidores. A unidade ficou sem receber R$ 3 milhões do orçamento de R$ 7 milhões mensais.O diretor do hospital, Edmar Santos, teme que os servidores fiquem sem dinheiro até para ir trabalhar.

A paralisação foi um movimento pontual, mas o diretor acredita que a situação pode se agravar. “Com certeza implicará em alguma redução do tamanho do hospital e do serviço ofertado à população.” O hospital não é um caso isolado.

Ao longo dos últimos meses algumas Unidades de Pronto Atendimento fecharam as portas.

Com salários atrasados os funcionários do Hemorio suspenderam em abril a coleta de sangue. O Instituto Médico Legal chegou a parar de receber corpos.

Em 2015, o governador Luiz Fernando Pezão declarou situação de emergência na saúde por 180 dias.

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