37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 17/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Após compra da rede Ale, Grupo Ultra mira farmácias e Liquigás, da Petrobrás

17/06/2016 - O Estado de S.Paulo


O apetite do grupo Ultra, dono da rede Ipiranga, por compra de ativos no País continua firme. Após anunciar a aquisição da distribuidora de combustíveis Ale, por R$ 2,17 bilhões no domingo passado, o conglomerado também está em negociações para a compra da rede de farmácias Big Ben, que pertence à BR Pharma, do banco BTG Pactual, e ainda disputa a compra da Liquigás, de gás de cozinha, controlada pela Petrobrás, apurou o ‘Estado’.

Uma fonte próxima ao Ultra, que é vice-líder em distribuição de combustíveis no País, reforçou que a divisão de varejo Extrafarma prioriza crescimento orgânico, mas não descarta aquisições. A estratégia do grupo nesse segmento, nos últimos meses, tem sido a expansão por meio das redes dos postos Ipiranga. “Aquisições, no entanto, podem ajudar a ganhar mercado e acelerar o crescimento”, disse a fonte.

Com uma operação deficitária, a BR Pharma, quarta maior rede de farmácias do País, está se desfazendo de suas bandeiras aos poucos, uma vez que o grupo, que já chegou a ser cobiçado por multinacionais, não consegue vender a companhia inteira. A Big Ben, do Pará, é o seu melhor ativo. No ano passado, a empresa vendeu a bandeira Mais Econômica para um fundo de investimento do Rio de Janeiro. Uma fonte do banco confirmou que há interessados na Big Ben, mas não detalhou o estágio das negociações. Procurado, o BTG não comenta o assunto.

Com uma receita de R$ 1,4 bilhão em 2015 e lojas concentradas na região Norte e Nordeste, a divisão de varejo farmacêutico do Ultra deve avançar sobre outras áreas do País. O grupo entrou nesse segmento em 2013 e figurou no ano passado como a sétima maior rede do País em faturamento, de acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A meta é ficar entre as cinco maiores nos próximos anos – Raia Drogasil e Drogaria Pacheco São Paulo estão à frente do setor.


BOTIJÃO


Líder no segmento de distribuição de gás de cozinha, por meio da Ultragaz, o Ultra também está no páreo para comprar a Liquigás, controlada pela Petrobrás. O Itaú BBA, que está coordenando a operação, já recebeu propostas não-vinculantes pela compra do ativo, avaliado em cerca de R$ 1,5 bilhão. A Supergasbrás, do grupo SHV, e a Copagaz, do empresário Ueze Zahran, também têm interesse na operação. Essa última deve se associar a investidores nacionais e estrangeiros para fazer a oferta, conforme antecipou o Estado. Entre julho e início de agosto, o Itaú BBA deverá selecionar as propostas pelo ativo para dar prosseguimento às negociações. Procurada, a Petrobrás não comentou. Sobre as duas possíveis aquisições, o Ultra informou que “analisa continuamente oportunidades em todas as suas áreas de atuação.”


RESILIENTE


Com um faturamento de R$ 75,7 bilhões em 2015, o grupo anunciou investimentos de R$ 1,8 bilhão para 2016. Esse valor não contempla aquisições. A estratégia da companhia é se fortalecer em segmentos mais resilientes à crise.

Em entrevista ao Estado no ano passado, o presidente do conselho de administração do grupo, Paulo Cunha, informou que a companhia tinha interesse na BR Distribuidora, se a empresa fosse vendida em partes.

A estatal, que está em processo de desinvestimento, tinha planos de abrir o capital da rede, mas voltou atrás. Depois, a Petrobrás informou que poderia vender uma participação minoritária do negócio. Gestores, como Brookfield e Advent, também tinham interesse no ativo, mas não como minoritários.




Extrafarma negocia a compra da Big Ben

17/06/2016 - Valor Econômico


A Extrafarma, do grupo Ultra, assinou um acordo de exclusividade para negociar a aquisição da rede Big Ben, controlada pela Brasil Pharma. Se a negociação for concluída, a Extrafarma passará de uma cadeia de 261 lojas para quase 520 unidades e o faturamento saltará de R$ 1,4 bilhão para quase R$ 3 bilhões.

O negócio não foi fechado ainda pois há divergências em relação a preço, segundo uma fonte a par das conversas. O direito de compra, válido por 90 dias, se aproxima do prazo final neste mês. Mas pode haver prorrogação por mais 90 dias, segundo antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

As conversas envolvem também a operação da antiga rede Guararapes, com lojas em Pernambuco, e que passou a integrar os negócios da Big Ben.

A varejista paraense Big Ben é considerada o melhor ativo da BR Pharma. Com R$ 1,5 bilhão em receita bruta anual, é responsável por cerca de 40% das vendas grupo. O banco BTG Pactual, que controla a BR Pharma, entende que não faz sentido se desfazer da Big Ben nas mesmas condições que envolveram a cadeia Mais Econômica, vendida para o fundo de investimento Verti Capital, em novembro do ano passado, por R$ 44 milhões.

Na época, havia interesse do BTG em se desfazer da Mais Econômica, que estava em má situação financeira e puxava para baixo quase todos os principais indicadores da BR Pharma. Já a Big Ben é a maior rede de farmácias do Norte do país, e até ser vendida para a BR Pharma, era rentável e lucrativa, segundo fonte ouvida.

A Big Ben é uma operação independente da BR Pharma, e apesar de ter sido comprada em 2011, continuou separada das outras redes - Sant'Ana, Farmais e Rosário. Portanto, não sofreu ajustes em custos e despesas e não traz hoje grandes ganhos de sinergia para a BR Pharma. Desde janeiro, a empresa deixou de ser presidida por seu fundador, Raul Aguilera, e em seu lugar está Orlando Silva. Com 257 lojas, a Big Ben foi adquirida em 2011 por R$ 453 milhões.

Segundo fontes do setor, o fato de permanecer separada dos outros ativos explicaria o interesse da BR Pharma em vender o negócio quando uma boa proposta aparecesse. O grupo chegou a informar o mercado, meses atrás, que havia sido procurado de forma "preliminar" por terceiros interessados na participação de algumas de suas cadeias.

Procurada ontem, a BR Pharma preferiu não comentar o assunto. O grupo Ultra informou que "analisa continuamente oportunidades em todas as suas áreas de atuação".

O interesse do Ultra tem relação com planos de expansão da operação de postos de combustíveis Ipiranga no Nordeste, apurou o Valor. As farmácias da Big Ben ajudariam a complementar o serviço oferecido dentro dos postos. Mas como ter apenas drogarias nos postos sem uma operação mais estruturada no varejo local não faria sentido em termos de escala, existe a necessidade de ter uma operação com uma marca regional.

A Extrafarma tem lojas em quatro postos Ipiranga no país. Em abril, a empresa inaugurou uma loja da rede de farmácias numa revenda da Ultragaz em Fortaleza. A Extrafarma tinha em março 261 lojas próprias, 35 a mais do que um ano antes. A receita bruta foi de R$ 1,4 bilhão em 2015.

No domingo, a Ipiranga anunciou a compra da rede de postos Ale por R$ 2,17 bilhões. A Ale, com sede em Natal, tem forte presença no Nordeste, onde a Big Ben é uma das líderes de mercado.

A BR Pharma tem tido dificuldade em obter propostas de compra de suas redes que satisfaçam o controlador, em parte porque não há muitas varejistas interessadas nos negócios - Raia Drogasil, Drogarias São Paulo e Pacheco, Onofre e Pague Menos já disseram não ter interesse nas cadeias do grupo. E, segundo uma fonte, os fundos de private equity sondados não fizeram propostas formais de aquisição dos negócios até o momento.

O fundador da Big Ben, Raul Aguilera, que em janeiro recebeu da BR Pharma a sua última parcela da venda da rede, não tem interesse em recomprar o negócio, apurou o Valor.




A Pfizer vai vender o Teuto

16/06/2016 - Exame


O laboratório Teuto. um dos maiores fabricantes de genéricos do país, será colocado à venda. Os atuais sócios são a farmacêutica americana Pfizer e a família Melo (fundadora do Teuto). e o processo de venda será coordenado por dois bancos. O Goldman Sachs vai assessorar a Pfizer; o BTG Pactuai, os Melo. Em 2010, os americanos compraram 40% do Teuto por 400 milhões de reais e tinham o direito de comprai- o restante até 2017, mas decidiram que o melhor negócio é mesmo vender. Seis anos atrás, o Teuto foi avaliado em 1 bilhão de reais. Após um período de expansão acelerada, a estimativa dos vendedores é que valha muito mais. Pfizer e Teuto não comentam.

Por um caminho mais curto

16/06/2016 - Exame


Em 2013, quatro anos depois de adquirir o laboratório brasileiro de genéricos Medley. os executivos da empresa farmacêutica francesa Sanofi perceberam que era hora de tornar mais eficiente a distribuição de medicamentos das duas companhias, que permaneceram separadas após a compra. Até então os dois laboratórios trabalhavam com três empresas de logística, e os produtos faziam um périplo antes de chegar a farmácias, hospitais e postos de saúde: eles eram recolhidos em três fábricas — duas no estado de São Paulo e uma em Brasília — e levados para dois armazéns. Depois. para 11 pequenos centros de distribuição e só então entregues aos clientes. Também foi constatado que 70% dos clientes eram compradores das duas companhias, mas os produtos eram recebidos em momentos diferentes e. muitas vezes, com avarias. Para eliminar essas ineficiências, a Sanofi colocou em prática uma série de medidas. Entre elas, fechou nove dos 11 galpões e investiu 200 milhões de euros na construção de um centro de distribuição de grande porte em Guarulhos, na Grande São Paulo, próximo a duas de suas três fábricas no país. O centro está em operação desde novembro de 2015. Veja os outros passos da mudança e os resultados.


TOTAL CONTROLE DAS ENTREGAS

A Sanofi passou a trabalhar com apenas uma empresa de logística e a monitorar de perto o trabalho dos funcionários dessa companhia dentro do próprio centro de distribuição. Isso permitiu negociar melhor custos e prazos com a terceirizada. Agora, dali, a maioria dos caminhões do prestador de serviços sai lotada diretamente para os clientes - sem desvios.


ESCOLHA DO MELHOR JEITO DE FAZER

Durante os nove meses de construção do centro. 90 funcionários de áreas como RH e tecnologia da Sanofi e da Medley avaliaram - entre as duas empresas - quais os processos que deveriam ser adotados na área de distribuição. Os códigos de barra, por exemplo, antes diferentes, passaram a ter a mesma qualidade de impressão e quantidade de informações.


USO DE NOVAS FERRAMENTAS

Com a adoção de um novo software, os clientes foram orientados a pedir caixas fechadas de produtos em vez de encomendas unitárias. Com isso, as separações manuais - que consumiam tempo dos funcionários e danificavam as embalagens -diminuíram. O uso de uma empilhadeira menor também deu agilidade á organização das mercadorias em corredores estreitos.




Mercado Aberto: Mais medicados

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


A região Centro-Oeste foi a que teve o maior crescimento no número de beneficiários de planos de saúde. Em março, na comparação com 2015, o aumento foi de 1%, o que equivale a 3,1 milhões, segundo a FenaSaúde.

Liga anti-hospital

16/06/2016 - Exame


Depois de alguns anos operando e dando plantões num hospital em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na década de 80, os cirurgiões Ari Bolonhezi, Emilio de Fina Júnior e José Eduardo Ramão identificaram um problema comum a muitos de seus pacientes. Passada a cirurgia, eles não precisavam mais de toda a parafernália de um hospital, mas de serviços mais simples, como enfermeiros capazes de medicá-los e camas adaptadas. Fizeram uma pesquisa e descobriram que havia pouquíssimas empresas no Brasil especializadas nesse tipo de assistência, mas que esse era um mercado em expansão nos Estados Unidos. Os médicos decidiram, então, virar empresários. Com a sobra de caixa do consultório que já tinham, alugaram equipamentos como cadeiras de rodas e balões de oxigênio. Também firmaram um contrato com uma cooperativa de médicos e enfermeiros e fundaram a Home Doctor. Inicialmente, a empresa atendia apenas pacientes em estado mais grave, que precisavam de internação. Hoje também oferece serviços mais light como acompanhamento psicológico e fisioterapia. A Home Doctor acabou sendo pioneira num setor que agora cresce de forma acelerada no país. Existem cerca de 400 concorrentes, que faturaram ao todo 3 bilhões de reais em 2014. A Home Doctor é uma das maiores empresas do segmento: está em 73 cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, além do Distrito Federal, e fatura 200 milhões de reais. "No início, queríamos ficar só em São Paulo, mas os planos de saúde nos procuravam e resolvemos atendê-los", diz Bolonhezi, de 58 anos.

Essas empresas caíram nas graças dos planos de saúde porque os atendimentos em casa são mais baratos do que em hospitais. "Tivemos uma redução de custos de 60% com essa troca", diz José Windsor, presidente da operadora de saúde Unimed de Campinas, no interior paulista. Por isso, apesar de essa não ser uma cobertura obrigatória dos planos, muitos a oferecem — o que ajuda a explicar o crescimento do setor. O preço de uma diária de internação domiciliar varia da média de 1000 reais à de 5 000 reais, dependendo dos serviços utilizados. Em hospitais, pode chegar ao dobro disso. A expectativa é que a demanda continue a aumentar devido, principalmente, ao envelhecimento da população. Mais da metade dos clientes dessas empresas é formada por idosos (também há vítimas de acidentes e portadores de doenças crônicas).

Essa perspectiva tem atraído empresários do setor de saúde e investidores. A varejista de medicamentos 4BIO, controlada pela rede de farmácias Raia Drogasil, deixou de apenas vender medicamentos para oferecer também serviço de aplicação, entrando no setor de atendimento domiciliar. "Hoje. 30% de nosso faturamento vem disso, e acreditamos que essa será nossa maior área de crescimento", diz André Kina. fundador e presidente da 4BIO. Em 2014, um executivo da gestora de fortunas GPS com ex-funcionários da rede de laboratórios Fleury e da gestora Gávea compraram a Dal Ben, empresa fundada por uma enfermeira na década de 90 e que hoje fatura 28 milhões de reais. "O objetivo é oferecer mais serviços e comprar concorrentes, porque esse é um setor bastante pulverizado", afirma Alexandre Olivieri, membro do conselho de administração da Dal Ben que já foi diretor financeiro da fabricante de bens de consumo Hypermarcas e da varejista Fast Shop. Nos Estados Unidos, as maiores empresas do setor têm capital aberto. Uma delas, a Brookdale Sênior Living, vale 3 bilhões de dólares.

O grande risco desse mercado é trabalhista. Poucas empresas (a Dal Ben entre elas) contratam os funcionários que fazem os atendimentos na casa dos clientes. A grande maioria tem contratos com cooperativas de médicos e enfermeiros. Há dois anos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) decidiu que os funcionários devem ser contratados.

O MPT já havia emitido uma norma semelhante direcionada à Med-Lar. que faz parte do grupo Tempo Assist. listado em bolsa — a Med-Lar, em razão da queda na rentabilidade, fechou as portas em 2015. As demais empresas do setor continuam operando no esquema de cooperativa. Se isso continuar, o MPT deverá entrar com ação civil pública contra os planos de saúde que oferecem esse tipo de assistência (a Fena-Saúde, associação que representa os planos, não deu entrevista). A queda de braço pode deixar esse serviço mais caro. mas dificilmente os pacientes vão preferir voltar aos hospitais.




Deficit de atenção pode surgir em adultos

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


Não é só durante a infância que podem surgir sintomas do transtorno do defict de atenção e hiperatividade (TDAH), de acordo com um novo estudo brasileiro.

A pesquisa aponta que, ao contrário do que estabelece o DSM, manual de psiquiatria americano usado como referência em diversos países, o TDHA poderia surgir em adultos que não apresentaram sintomas até a puberdade.

O estudo, publicado em maio no “Journal of the American Medical Association”, acompanhou mais de quatro mil pessoas dos 11 aos 18 anos de idade em Pelotas (RS). No início da pesquisa, 8,9% dos participantes foram diagnosticados com TDAH. No fim, aos 18 anos, 12,2% tinham o transtorno.

Excluindo indivíduos que apresentavam fatores que podiam influenciar no resultado, como por exemplo o abuso de drogas, os pesquisadores chegaram a um total de 6,3% de adultos com TDAH.

O interessante é que somente 17,2% das crianças com o transtorno continuaram apresentando sintomas na idade adulta e apenas 12,6%dos adultos com o problema o tinham na infância.

A preponderância de meninos com deficit de atenção também se inverteu na idade adulta, quando o problema acometeu mais mulheres.


MÉRITO DOS PAIS


Muita coisa pode explicar essa disparidade. É possível, por exemplo, que pais cuidadosos e estímulos ambientais amenizem um deficit de atenção na infância. Já na idade adulta, quando a cobrança aumenta, seria mais difícil mascarar os sintomas.

“Mas também é possível que estejamos diante de dois problemas distintos. O TDHA adulto pode ser independente do infantil”, diz Luis Augusto Rohde, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e um dos autores do estudo. Rohde foi o único brasileiro convidado pela Associação de Psiquiatria Americana para elaborar a última versão do DSM.

Ele falou à Folha durante o Congresso Mundial do Cérebro, Comportamento e Emoções, que aconteceu nesta semana, em Buenos Aires.

Longe das obrigações escolares, o deficit de atenção ganha contornos mais graves.

“Pesquisas apontam que adultos com TDAH se envolvem em mais acidentes de trânsito, brigas, são mais propensos a serem presos, a contraírem doenças sexualmente transmissíveis, alargarem os estudos. São, em suma, pessoas mais impulsivas e com dificuldades em lidar com as exigências da vida adulta”, diz o psiquiatra Ernesto Martínez, da Universidad del Norte , na Colômbia.

“Talvez o maior problema do adulto com esse tipo deficit seja a dificuldade em prospectar consequências e em sentir prazer com planos”, diz o neurologista André Palmin, da PUC do Rio Grande do Sul.

“Um adulto normal pode ter seu sistema de recompensa ativado diante da possibilidade de conquistar algo. Quem tem TDHA só sente prazer quando o prêmio chega”.

Isso tornaria os portadores da síndrome mais imediatistas.

“É como se o cérebro dessa pessoa fosse eternamente adolescente”, conclui Palmin.

O tratamento para adultos é semelhante ao das crianças.

Envolve medicamentos (sendo a Ritalina o mais difundido) e práticas complementares como treinamento cognitivo e meditação, usados para diminuir a dispersão.


DOPING INTELECTUAL


Mas será que todo mundo que acha que tem deficit de atenção de fato tem? Será que não estamos vivendo em um mundo propenso a distrações e com expectativas irreais de produtividade? Com certeza, diz Rohde.

“Há dez anos, era raro atender um paciente que achasse que tinha a síndrome e não tinha de fato. Hoje, entre dez desconfiados, três ou quatro devem ter um problema real”.

Para ele, o mito da produtividade plena e a expectativa de que sejamos multitarefa faz com que muitos busquem tratamento para doenças inexistentes.

“Recebi um paciente que era controlador da bolsa e precisava acompanhar seis monitores ao mesmo tempo.

Às vezes ele perdia detalhes e isso acarretava em perdas milionárias. Ele tem TDHA? Não, ele está se propondo a fazer algo que poucos conseguiriam.

Nossa capacidade de atenção é naturalmente limitada”, diz Rohde.

Uma questão espinhosa é se seria ético tomar remédios para TDAH sem ter o problema, só para aumentar a produtividade.

“Se o médico explica os riscos, sobretudo ao coração, e o paciente quer tomar, não vejo problemas”, diz.

“É claro que o trabalhador que toma Ritalina vai produzir mais, e isso pode não ser justo com aquele que não toma.

Mas não é assim com outras coisas? Com cirurgia plástica, por exemplo?”, questiona Palmin.

“A questão é pensar até que ponto queremos ser máquinas de produtividade. O quanto isso não vai trazer mais sofrimento do que benefício”, conclui.




‘Austeridade em saúde é uma falsa economia’

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


Cortar despesas na saúde em tempos de recessão é um desastre tanto do ponto de vista humano quanto do financeiro, afirma David Stuckler, professor de política econômica e saúde pública na Universidade de Oxford, Reino Unido.

Autor de“ A Economia Desumana - Por Que Mata a Austeridade” (ed. Bizâncio, Portugal, cerca de R$ 84), Stuckler esteve no Brasil para a 22ª Conferência Mundial de Promoção e Educação na Saúde UIPES, realizada em maio, em Curitiba (PR).

No livro, o economista e sociólogo britânico compara os efeitos da redução e do aumento de investimentos em saúde pública em diferente países, em períodos de crises econômicas.

No último dia 11 de junho, Stuckler deu uma entrevista, por telefone, à Folha.

Leia abaixo os principais trechos da conversa.

Folha - Por que o senhor afirma, em livros e palestras, que a redução de gastos em saúde é a pior catástrofe?

David Stuckler - Porque há um risco real e comprovado demais mortes, surtos de infecções como por HIV, retorno de doenças erradicadas como malária, aumento dos índices de alcoolismo e suicídio epidêmico. É o que vimos acontecer recentemente na Grécia, por exemplo.

Agora, para lidar com esses problemas, o governo grego vai ter de gastar mais do que teria gasto para prevenir doenças.

Austeridade em saúde é uma falsa economia, e não é nenhum exagero dizer que austeridade mata.

Quais seriam os argumentos econômicos para convencer as autoridades a não cortar o orçamento para a saúde durante uma crise?

Há um clichê econômico que diz: “Uma onça (28 gr) em prevenção vale uma libra (450 gr) em cura”.

Algumas pessoas pensam que saúde é só um custo a mais a ser abatido, mas os governos fazem escolhas sobre onde gastar ou poupar em tempos difíceis.

Frequentemente, este debate acaba sendo apenas ideológico, mas pode-se debater com evidências científicas.

No departamento de sociologia [de Oxford] estamos estudando um conceito chamado multiplicador fiscal.

É um cálculo sobre quanto dinheiro você consegue de volta com diferentes tipos de gastos públicos.

Descobrimos que os melhores índices multiplicadores vêm dos gastos com saúde e educação. Entre os piores, estão os gastos com defesa: em alguns países europeus, esses índices chegam a ser negativos.

Portanto, mesmo quando é inevitável fazer cortes, é melhor proteger a área da saúde. É uma oportunidade de recuperar a economia e crescer mais rapidamente.

Além de evitar cortes, os governos deveriam investir ainda mais em saúde durante a crise?

Sim, e isso tem sido feito com sucesso na história. Para citar um exemplo clássico, o “New Deal”, programa de recuperação econômica dos Estados Unidos após a Grande Depressão iniciada em 1929, investiu muito na construção de hospitais e escolas.

Investir em saúde e bem estar é uma oportunidade de retomada do crescimento, e eu espero que o governo brasileiro aprenda com essas lições da história para enfrentar a crise pela qual o país passa.




A caixa-preta da saúde

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


A falta de transparência nas informações sobre saúde no país tem levado a desperdício de recursos, fraudes e a mais custos tanto no sistema público quanto no privado.

Essa discussão, que é mundial mas no Brasil pouco avança, ganhou força nos Estados Unidos com uma nova lei exigindo que todos os pagamentos feitos a médicos pela indústria da saúde sejam liberados ao público.

No Brasil, a ausência de dados atinge todas as esferas da saúde. Vai desde como o orçamento é executado até a forma como o serviço é prestado à população.

O usuário do SUS não sabe quanto tempo vai esperar por uma cirurgia. No Reino Unido, cujo sistema inspirou a criação do SUS, ninguém pode esperar mais de 18 semanas para iniciar tratamento ou fazer cirurgia. E o paciente pode acompanhar pela internet o andamento da fila.

“Aqui, pela falta de transparência, nem fazemos ideia do tamanho dessa fila. Se o paciente conhece alguém com poder e influência, ou recorre à Justiça, consegue mais rápido”, afirma Yussif Ali Mere, presidente do Sindhosp (sindicato paulista dos hospitais privados).

No sistema privado, que atende 25% da população, as pessoas não têm acesso a indicadores de qualidade dos hospitais, como taxa de infecção e índice de mortalidade.

Nos EUA, isso é público.

“Quem não gostaria de ter a sua disposição um ranking mensurando a qualidade de hospitais, clínicas, laboratórios e, por que não, profissionais da saúde?”, indaga Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).

Para ele e outros oito especialistas ouvidos pela Folha, a transparência é tema central para assegurar a sustentabilidade financeira e assistencial da área de saúde e estimular a competição.

“Hoje, ninguém sabe direito quanto custa e quanto gasta. Isso vale tanto para o SUS quanto para o setor privado”, diz a médica Ana Maria Malik, coordenadora do centro de estudos em planejamento e gestão em saúde da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Segundo ela, falta transparência em todos os níveis, até nos contratos de prestação de serviços e de compra de insumos, que não deixam claro “o que pode e não pode”. “Falta um mínimo de carinho com o dinheiro público”, afirma.


RASTREAMENTO


Marcos Bosi Ferraz, professor de economia e gestão em saúde da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ilustra o caminho do orçamento público. “É como uma árvore. Do tronco aos galhos e ramos não há transparência.

Fica complicado rastrear o percurso do recurso, a sua aplicação em programas e os resultados do investimento.” No SUS, um exemplo é o investimento no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus da zika. Embora os recursos públicos para essas ações tenham crescido, faltam informações para saber quanto de dinheiro vem sendo aplicado de fato nessas ações.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2015 houve a liberação de R$ 1,25 bilhão do piso fixo de vigilância em saúde para Estados e municípios.

A estimativa é que cerca de 70% desse total tenha sido investido no combate ao aedes.

Mas como cada município determina quanto investirá, fica difícil saber se isso de fato aconteceu. “Sem transparência, não temos como avaliar se estão sendo tomadas as melhores decisões em saúde”, resume Ferraz.

Para Carneiro, no caso de indicadores de qualidade, a transparência daria mais segurança ao sistema. “Não sabemos quantos eventos adversos ocorreram nos hospitais do Brasil, em 2015, nem na última década.” Além disso, com dados claros sobre o desempenho assistencial, as operadoras poderiam remunerar melhor os mais eficientes e qualificados—o que ocorrem em países como EUA e África do Sul.

Hoje, as contas hospitalares são consideradas verdadeiras caixas-pretas. Cada hospital define o valor da sua diária, não há transparência, coerência dos valores cobrados e nem especificação dos produtos utilizados.

Cada vez que um paciente é internado para uma cirurgia, o hospital ganha uma espécie de cheque em branco.

Quanto mais procedimentos fizer, mais dinheiro receberá do plano. Contas hospitalares respondem por metade dos gastos das operadoras.

Os planos de saúde, por sua vez, remuneram esses prestadores sem saber quanto o serviço vale de fato.




Alta tecnologia não garante eficiência

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


A incorporação de novas tecnologias no atendimento médico é uma das responsáveis pelo aumento dos custos. Embora em alguns casos seu uso seja importante, em outros ele é desnecessário.

“As novas tecnologias só devem ser utilizadas com bons protocolos e eficiência.

Nem sempre ela é necessária ou sinal de qualidade”, disse Walter Cintra Ferreira Junior, daFGV-SP durante debate no 3º Fórum A Saúde do Brasil.

Segundo ele, a melhor forma de resolver isso é a transparência.

“O paciente precisa ter acesso a informações para dar valor a outros modelos, que privilegiam os resultados, não a tecnologia”.

Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, concorda.

“A sociedade quer algo diferente sem pagar mais, precisa ter acesso às informações para pode saber o quê e como mudar.”




O parto da prevenção

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


Exames sem sentido, internações longas, procedimentos exagerados, uso descontrolado da tecnologia. Além de não focar na qualidade de vida, o caminho tomado pela rede privada de saúde no Brasil custa caro.

“Quando o sistema foi criado, morria-se de doenças infecciosas, e não crônicas; então se desenvolveu um modelo que trata a doença”, diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).

Esquemas de prevenção e atenção primária entram em cena para que o objetivo do atendimento médico seja a saúde e os procedimentos sejam bem conduzidos. ”As operadoras não vendem qualidade de vida, e sim acesso à melhor tecnologia possível”, diz Martha Oliveira, diretora de desenvolvimento setorial da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Nesse contexto, a agência desenvolve projetos-piloto que têm como prioridade a relação médico-paciente e tentam otimizar o tratamento na rede particular.

Um desses projetos é o Parto Adequado, implementado há um ano em 40 hospitais do país e resultado de parceria com o Hospital Albert Einstein e o IHI (Institute for Healthcare Improvement).

A proposta é disseminar modelos que valorizem o parto normal e favoreçam a qualidade de serviços desde o pré até o pós-parto, diz Rita de Cassia Sanchez e Oliveira, obstetra do Einstein.

O segundo projeto piloto da agência chama-se Idoso Bem Cuidado, e será implantado ainda neste ano (leia nesta página).

Os próximos projetos focalizam o tratamento do câncer —que é desarticulado na rede privada—e a odontologia, para que os pacientes passem a priorizar a prevenção de problemas bucais Com esses projetos pilotos a ANS também quer discutir a redução de custos, bem como novas formas de remuneração para serviços médicos.

Mudanças que esbarram na resistência dos profissionais.

“O modelo de remuneração atual não incentiva a atenção primária”, diz Daniel Knupp, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade.

“Hoje, o pagamento dos serviços é por produção, o que leva médicos e instituições a gerar procedimentos de forma desenfreada.”.

No Parto Adequado, foram testadas fórmulas de pagamento que usam indicador de qualidade, para complementara remuneração já pactuada entre plano e hospital.

O mesmo ocorrerá no programa Idoso Bem Cuidado.


SISTEMA EXAURIDO


Mas a formação é outro entrave. Na faculdade de medicina, o aluno é treinado a diagnosticar, tratar e curar sintomas, explicou à Folha Mary Durham, diretora do Centro de Pesquisas em Saúde da Kaiser Permanente. “O sistema continuará a focar em tratamento e procedimento até haver incentivo para visar saúde e prevenção, dando ênfase no valor em vez de enfatizar o volume do serviço prestado”, disse.

As operadoras, em contrapartida, parecem sem saída e também querem nova maneira de tratar e remunerar.

A sinistralidade dos planos de saúde brasileiros gira em torno de 85,5%, quando o índice adequado seria de até 75%. “O sistema se exauriu, a operadora muda ou será mudada por força do cenário”, analisa Cloer Vescia Alves,que é coordenador do Comitê de Atenção à Saúde da Unimed do Brasil.

A conta deve ser revista, com novo sistema de financiamento que freia gastos abusivos e com médico generalista, figura central da atenção primária, capaz de conduzir o paciente em busca de prevenção e eficácia.

Operadoras como Unimed e Amil já incluem modelos de atenção primária em planos tradicionais e vendem produtos nos quais o acompanhamento do generalista é prioritário e obrigatório.

E colhem resultados preliminares.Com esses modelos, a Unimed de Belo Horizonte (MG) reduziu em um ano as visitas a pronto-atendimento dos beneficiários de 34% para 19% e as internações de pacientes com doenças sensíveis à atenção primária de 14% para 9%.Unimeds de Vitória (ES) e Guarulhos (SP) têm índices semelhantes.

Cloer Vescia Alves estima que a conduta, aliada a novas formas de remuneração, até reduza o custo assistencial.

“Um sistema mais racional gerará produtos de custo menor e talvez a saúde suplementar possa resgatar um contingente significativo que a deixa por conta da crise.”




Programa ‘segunda opinião’ reduz cirurgias desnecessárias

17/06/2016 - Folha de S.Paulo


Um exemplo de como evitar a máfia das próteses é um programa de segunda opinião do Hospital Albert Einstein, criado em 2011. Nesse período, ele já tirou da fila mais da metade dos 1.500 pacientes com indicação de cirurgia de coluna, que, na verdade, não precisavam operar.

Após receber o diagnóstico de cirurgia, o paciente é encaminhado para outo médico, que confirma ou não o tratamento. Com isso, o índice de operações desnecessárias caiu de 70% para 57%.

A opção, nesses casos, é um tratamento conservador (fisioterapia, por exemplo) o que gerou economia de ao menos R$ 102 milhões.

Para o superintendente da hospital, Miguel Cendoroglo Neto, há muitas razões que explicam o alto índice de indicação cirúrgica sem necessidade, entre elas a má formação do médico e a falta de dados clínicos e exames. Mas há também suspeitas de indicações fraudulentas. Ano passado, Cendoroglo falou sobre o programa à CPI da Câmara que investigava a máfia das próteses.

Segundo o programa, 3,5% das pessoas com indicações para operar a coluna não tinham doença alguma na região, mas sim problemas em outros locais do corpo.

Mesmo quando a necessidade de cirurgia é confirmada, as divergências continuam: 79% das indicações iniciais eram de procedimentos de alta complexidade (mais invasivos e caros). Na segunda avaliação, o índice cai para 35%. Para Cendoroglo, um diferencial do programa é contar com o consenso de uma equipe de profissionais experientes.

Sobre o impacto da iniciativa no mercado de próteses, ele diz: “Contribuímos no processo e também para um amadurecimento do mercado com relação a ética e transparência. Vimos mudanças de comportamento de operadoras, hospitais e fornecedores.” O hospital tem projetos de segunda opinião nas áreas de cirurgia buco maxilo-facial, cardiologia e outras áreas da ortopedia.




Brasil vai exigir vacina contra febre amarela a turistas da Angola e Congo

16/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


A partir da primeira semana de julho, o Brasil passará a exigir o certificado internacional de vacinação e profilaxia a turistas que chegam ou se destinam aos países com surtos de febre amarela.

A medida, anunciada nesta quinta-feira (16) pelo Ministério da Saúde, valerá para os turistas da Angola e República Democrática do Congo.

A exigência segue recomendação do comitê de emergência da OMS (Organização Mundial de Saúde), que acompanha os surtos nestes países, registrados desde dezembro.

Segundo o governo, a medida terá caráter temporário, até que ocorram novas orientações da OMS.

A exigência já havia sido recomendada ao Ministério da Saúde em abril por associações como a Sociedade Brasileira de Infectologia.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a medida é também "preventiva" para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que acontecerão nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Manaus.


ANTECEDÊNCIA


Com a exigência, viajantes, delegações e atletas em trânsito por esses países devem apresentar o certificado com data de vacinação ocorrida com, pelo menos, dez dias de antecedência da viagem.

A decisão foi informada às embaixadas da Angola, República Democrática do Congo e à Rio 2016, que organiza a Olimpíada. Companhias aéreas também devem ser comunicadas da medida.

O ministério também recomenda a profissionais de saúde que, em caso de atendimento a pessoas com sintomas semelhantes aos da febre amarela, seja investigado ou informado o histórico de viagens do paciente, para que sejam feitos os exames necessários e adotadas medidas de controle no país, evitando novos casos.

Em geral, os principais sintomas da febre amarela são febre, calafrios, dores de cabeça e no corpo, sensação de fraqueza, náuseas e vômitos. Em casos mais graves, pode ocorrer febre alta e a pele ficar amarelada. Também podem ocorrer casos de hemorragia e insuficiência dos órgãos.


FEBRE AMARELA


Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya, a febre amarela urbana é considerada erradicada no Brasil. Os últimos casos ocorreram em 1942, no Acre.

Já a febre amarela silvestre segue sob monitoramento. No ano passado, foram registrados nove casos de febre amarela silvestre no país, com cinco mortes. Neste ano, há uma morte contabilizada.

A prevenção ocorre por meio da vacina, disponível no calendário nacional de vacinação do SUS. Ela é indicada a partir de nove meses para pessoas que moram ou planejam viajar a locais onde é recomendada –no Brasil, a recomendação vale para quase todo o território nacional, com exceção apenas de alguns Estados.

Após a primeira dose, é indicada uma dose de reforço após dez anos. A proteção é acima de 95%.




Saliva do ‘Aedes’ deixa dengue mais grave

17/06/2016 - O Estado de S.Paulo


A saliva do mosquito Aedes aegypti pode ter papel importante na gravidade da infecção por dengue, de acordo com um novo estudo feito por cientistas da Bélgica e dos Estados Unidos.

Segundo a pesquisa, publicada ontem na revista científica Plos Pathogens, a presença da saliva do mosquito pode acelerar o alastramento do vírus no corpo do paciente.

Ao inocular o vírus em camundongos, os cientistas descobriram que a presença da saliva do mosquito enfraqueceu os vasos sanguíneos, tornando-os mais permeáveis. Ao facilitar as trocas entre os vasos sanguíneos e outros tecidos do organismo, a saliva pode ajudar o vírus a espalhar-se mais rapidamente, aumentando a severidade da doença, segundo os pesquisadores.

“Moléculas presentes na saliva do mosquito podem modificar e modular o processo de infecção”, disse uma das autoras do estudo, a virologista EvaHarris, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos).Segundo Eva, existem quatro tipos do vírus da dengue, que infectam quase 400 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. A doença se torna severa especialmente em pacientes que têm uma infecção secundária – isto é, que são infectados pela segunda vez após já terem sido expostos a um dos outros três sorotipos.

Nesses pacientes, ocorre o fenômeno conhecido como “amplificação dependente de anticorpo”: os anticorpos gerados pela primeira infecção aderem ao vírus de um novo sorotipo, mas não o destroem, porque eles são ligeiramente diferentes.

Em vez de atacar o vírus, os anticorpos “errados” acabam facilitando a infecção e provocando um aumento da carga viral nos pacientes, causando sintomas mais severos, incluindo hemorragia e morte.

No experimento, a equipe de cientistas inoculou o vírus com saliva – e também o vírus e a saliva isoladamente – em camundongos com infecção primária e secundária de dengue.

Em infecções primárias, a severidade da doença não teve alterações e os sintomas foram leves. Mas, em infecções secundárias, a combinação do vírus e da saliva foi letal para mais da metade dos camundongos. Sem a saliva, a mortalidade foi bem mais baixa, mesmo em infecções secundárias.

Os cientistas então fizeram um experimento para rastrear o alastramento do vírus no sistema circulatório. Quando uma molécula do tamanho do vírus da dengue foi injetada na orelha de camundongos, ela se moveu mais rapidamente e chegou mais longe quando foi inoculada com a saliva do Aedes.

No laboratório, os cientistas usaram também células endoteliais humanas – que recobrem a parte interna dos vasos sanguíneos – e observaram que elas ficaram mais permeáveis com a presença da saliva do mosquito.


VACINAS


De acordo com Eva, a descoberta sugere que “a saliva do mosquito e a amplificação dependente de anticorpo precisam ser levados em conta no desenvolvimento de vacinas e drogas contra a dengue”.

“Recomendamos que os modelos animais desenvolvidos para o estudo da dengue e para a validação de estudos pré-clínicos de candidatas a vacinas contra a doença sejam avaliados na presença combinada da saliva do mosquito e da amplificação dependente de anticorpo”, disse a pesquisadora.




Microcefalia: no Sudeste, Rio tem mais casos

17/06/2016 - O Globo


Dos 93 casos confirmados na Região Sudeste de microcefalia em bebês por infecção congênita, entre fevereiro deste ano e o último dia 11, 70 (75,26%) foram registrados no Rio de Janeiro. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde, com base em informações fornecidas pelos estados. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, boa parte dos casos está ligada à infecção de gestantes pelo vírus zika.

Os 70 registros confirmados correspondem a 32,55% das 215 notificações de suspeita da doença já investigadas no estado. O número — o maior do Sudeste — é sete vezes maior que o de São Paulo, o estado mais populoso da região. Lá, das 174 notificações investigadas até o último dia 11, só oito (4,59%) tiveram confirmado o diagnóstico de microcefalia por infecção congênita. O Espírito Santo teve, proporcionalmente, a segunda maior confirmação de casos no Sudeste: dos 61 investigados, 19,67% deram positivo. Em Minas Gerais, dos 58 registros examinados, apenas três (5,17%) foram confirmados .

Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria estadual de Saúde do Rio, culpou o zika pelo aumento do número de casos.

— O Rio teve, no começo deste ano e em 2015, uma circulação muito grande do vírus zika, com um número muito grande de gestantes infectadas e de casos de microcefalia identificados na rede. Não é possível afirmar que todos os casos foram decorrentes do vírus, porque, quando o bebê nasce, o micro-organismo não está mais presente. Mas é possível afirmar que parte significativa dos casos foi provocada pelo zika — afirmou o subsecretário, lembrando que os outros estados da Região Sudeste tiveram maior incidência de dengue (cujo vírus também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti), e não de zika.


GOVERNO CRIOU FORÇA-TAREFA


No total, o estado teve 491 notificações entre fevereiro e o último dia 11 (42,91% do total da Região Sudeste, 1.144, no período). De acordo com o Ministério da Saúde, 276 registros ainda estão em investigação no Rio. Para acelerar o exame dos casos, o governo criou uma força-tarefa.

— Como tivemos uma incidência muito grande de notificações, decidimos criar procedimentos para acelerar o processo de confirmação — disse Chieppe. — Entre eles, o uso dos serviços do Instituto Estadual do Cérebro, que tem uma equipe multidisciplinar com possibilidade de realizar exames de imagens e ter resultados num tempo bem rápido. Isso aumentou muito o nosso percentual de confirmação de casos, porque a criança chega ao Instituto do Cérebro e já passa por avaliação de um pediatra e de um neuropediatra, que realiza tomografia e ressonância, se for o caso, e já pode fechar o diagnóstico. Além disso, nós montamos um comitê multidisciplinar, que auxilia na avaliação.

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.