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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 13/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Na base da pressão

13/06/2016 - IstoÉ Dinheiro


O Cristália começou a direcionar seus investimentos para a criação de remédios biológicos e para o desenvolvimento de princípios ativos por conta da força exercida por seus concorrentes. Há cerca de uma década, o laboratório alemão Knoll, fabricante do Iruxol, concorrente do Kollagenase, passou a pressionar fornecedores de matéria-prima a dificultar as vendas para o Cristália. “Na época, fomos obrigados a desenvolver”, diz Pacheco, do Cristália. Hoje, outros três medicamentos biológicos, um para tratamento de câncer, outro para artrite e psoríase, e, por último, para crescimento hormonal, estão à espera de um aval da Anvisa. “Investimos R$ 450 milhões nesses últimos dez anos”, diz Pacheco. Atualmente, a empresa produz 53% dos princípios ativos usados na fabricação dos medicamentos.




Defensoria quer anular teste da ‘pílula do câncer’

13/06/2016 - O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - A Defensoria Pública da União no Rio vai entrar com ação civil pública contra o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) pedindo a anulação dos testes feitos com a fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”. Segundo o defensor público Daniel Macedo, as pesquisas têm falhas e erros metodológicos.

Os primeiros testes feitos com o apoio do ministério apontaram que a substância não tem eficácia no combate às células tumorais. Relatório divulgado pelo MCTI em março com resultados das pesquisas in vitro mostraram que a substância não era pura e não conseguia destruir as células cancerígenas. No final de maio, o órgão apresentou os resultados dos primeiros testes em cobaias, nos quais a pílula foi testada em camundongos e ratos com dois tipos de câncer: carcinossarcoma 256 de Walker e sarcoma 180. Mais uma vez, a fosfoetanolamina sintética não foi capaz de combater o tumor.

Para o defensor público e os pesquisadores criadores da substância, os resultados podem ter sido prejudicados por falhas na condução dos testes.

“Uma irregularidade que destacamos é que o grupo de trabalho (do MCTI) foi criado para estudar a fosfoetanolamina sintética do professor Gilberto Chierice (pesquisador aposentado do Instituto de Química da USP São Carlos). E o que foi estudado lateralmente não foi a fosfoetanolamina sintética, estudaram a fosfoetanolamina da Unicamp. Ou seja, os pesquisadores da Unicamp refizeram o processo de síntese da fosfoetanolamina, olhando a patente que está no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual)”, argumentou Macedo ao Estado durante seminário sobre a substância feito pelo Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, neste sábado, 11. Para ele, o uso da cápsula sintetizada pela Unicamp pode ter alterado os resultados.


AUSÊNCIA


O defensor público criticou ainda o fato de os pesquisadores do grupo de Chierice não participarem dos estudos financiados pelo ministério. “Eles foram chamados para a primeira e segunda reuniões para debater como seria o estudo e depois não foram mais. Eu não posso ignorar a opinião de três químicos, um biomédico, um oncologista e um biólogo que, há 25 anos, estudam fosfoetanolamina. A opinião de como faz a solubilidade (da substância), como é o processo terapêutico. Isso não pode ser ignorado. É um erro gravíssimo.”

A assessoria de imprensa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informou, por meio de nota, que as pesquisas com a fosfoetanolamina prosseguem e que vai aguardar comunicação oficial sobre a ação civil pública para “tomar conhecimento do teor antes de qualquer manifestação”.




Agora é para valer: alergênicos serão informados no rótulo

12/06/2016 - O Globo


A indústria de alimentos até tentou, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aceitou o pedido de prorrogação do prazo para adequação e todos os produtos fabricados, a partir do próximo dia 3, deverão conter no rótulo um alerta sobre a presença de ingrediente que possa causar alergia. A resolução, publicada em julho do ano passado, deu um ano para as empresas se adequarem à nova regra. Surgiu após uma grande mobilização popular de pais e mães que enfrentam dificuldades para identificar quais alimentos os filhos alérgicos podem consumir. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 8% das crianças e 5% dos adultos têm algum tipo de alergia alimentar, que pode causar desde um simples vômito a um choque anafilático. Em alguns casos, o único tratamento possível é evitar o consumo dos alimentos que causam alergia.

Com a entrada em vigor da nova norma, passa a ser obrigatória a informação sobre a existência de 17 alergênicos: trigo (centeio, cevada e aveia), crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, leite de todos os mamíferos, amêndoa, avelã, castanha de caju, castanha do Pará, macadâmia, nozes, pecã, pistaches, pinoli, castanhas, além de látex natural (presente em luvas usadas na manipulação durante o processo de produção). A informação deve vir precedida da expressão “Alérgicos: Contém” ou “Alérgicos: Pode conter”.


REGRA GARANTE DIREITO CONSTITUCIONAL


A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) diz reconhecer como legítima a demanda dos consumidores e garante que dois terços dos alimentos vendidos pelas mais de cem empresas associadas, que representam 70% do setor, já estão adequados às novas regras. A entidade afirmou que os fabricantes estão “realizando todos os esforços” para cumprir o prazo estabelecido pela reguladora. Segundo a Abia, as dificuldades estão em colher informações sobre os ingredientes com toda a cadeia de fornecedores e identificar a ocorrência de contaminação cruzada. A indústria usa essa expressão para os casos em que um produto passa a conter traços de um alimento alergênico acidentalmente, porque foi manipulado num mesmo compartimento durante alguma etapa de fabricação.

Ao negar o pedido de adiamento do prazo, o diretor da Anvisa Renato Porto ressaltou que a indicação de alergênicos nos rótulos é fundamental para que o consumidor exerça o seu livre direito de escolha que, neste caso, evita riscos ao consumidor e garante o direito constitucional à saúde e à alimentação adequada. Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), complementa lembrando que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece como um direito básico a informação sobre riscos à saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2010 e abril de 2016, foram realizados, em todo o Brasil, 3.344 atendimentos por conta de alergia a alimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de um quinto deles, ou seja, 705, necessitou de internação, devido a reações mais graves.

— Hoje, a população alérgica não consegue ter certeza sobre a possibilidade de consumir um produto nem mesmo ligando para o SAC das empresas, que falham ao informar sobre a composição. É uma irresponsabilidade querer adiar esse prazo. Afinal, as empresas têm de saber o que colocam em seus produtos — avalia a nutricionista.

Patricia Capella é mãe de Francisco, de 7 anos. Ela descobriu que o filho era alérgico às proteínas do leite quando ele tinha oito meses. Ao provar pela primeira vez um leite diferente do materno, o bebê imediatamente inchou, ficou roxo e tossia sem parar. Patricia teve de correr para o pronto-socorro, onde recebeu o diagnóstico. Desde então, alimentálo tornou-se um desafio diário, que requer muita informação, criatividade e zelo. E, mesmo com muitos cuidados, os sustos e as idas à emergência de hospitais não deixaram de acontecer.

— Algumas empresas já trazem informação no rótulo, mas muita coisa a gente aprende conversando com outras mães ou na prática mesmo. Essa nova lei vai ajudar muito. É fundamental. Quando você lê na embalagem que tem traço de algum alimento que seu filho é alérgico você não compra. Mas, se não diz nada, você compra e corre o risco. E isso atrapalha o tratamento, que é uma dieta que, se bem feita, você acredita que com o passar do tempo o organismo pode até passar a aceitar aquele alimento — explica a mãe de Francisco.

A advogada Cecilia Cury, fundadora e coordenadora do Põe no Rótulo, movimento determinante para a criação da resolução, confirma que parte dos alimentos industrializados que estão no mercado já traz informações sobre alergênicos no rótulo, principalmente os fabricados por multinacionais ou exportados, que têm de estar adequados a regras semelhantes existentes em outros países. E critica o pedido de adiamento da indústria:

— Estamos há dois anos discutindo a criação dessa regra. As indústrias participaram desde o início. Não foram pegas de surpresa.

Cecilia considera a resolução uma vitória e espera que seja apenas um primeiro passo para que as empresas adotem uma nova postura:

— Esperamos que não fique somente nessa lista. Mas, se houver relatos de alergia amilho, à canela, por exemplo, as empresas acrescentem esse alerta no rótulo.

A nutricionista do Idec lembra que a indústria já é obrigada a informar a presença de dois alergênicos no rótulo de alimentos: glúten e tartrazina, um pigmento sintético usado como corante em refrigerantes, geleias, balas, caldos de carne etc.


MAIOR RISCO EM CRIANÇAS


A incidência de alergias alimentares é maior entre as crianças (leite, trigo e ovos são as mais comuns) do que em adultos (a castanhas, amendoins e crustáceos) explica a alergista e diretora da Asbai, Ana Paula Moschione Castro. O diagnóstico não é simples, pois reações causadas por esses alimentos, como diarreia, vômito, urticária e queda de pressão também são comuns a outras doenças. Segundo Ana, quem desenvolve a alergia quando criança tem mais chances de, ao longo dos anos, passar a tolerar o alimento e poder consumi-lo.

— O tratamento é o mesmo para todos. Para não ter a alergia, basta não consumir o causador. Não se sabe com precisão o que desencadeia as alergias, mas o histórico familiar conta muito — destaca a nutricionista da Asbai.

Segundo a Anvisa, as empresas que descumprirem a nova regra estão sujeitas a notificação, interdição, fechamento e multa, que vai de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, dependendo da gravidade da infração. Denúncias sobre descumprimento da regra poderão ser encaminhadas à reguladora e às vigilâncias sanitárias municipais. Deve-se ficar alerta, pois produtos fabricados até a data de entrada em vigor da nova regra podem ser vendidos, sem informações sobre alergênicos, até o fim do prazo de validade.

Fronteiras entre a mente e o cérebro

13/06/2016 - O Globo


Há mais coisas entre a mente e o cérebro do que supõe nossa vã filosofia. E, para muitos especialistas, é justamente nesta interseção entre a biologia e nossos comportamentos, emoções e reações que está o futuro para a maior compreensão e melhor tratamento de transtornos psíquicos. Pensando nisto, há 12 anos um grupo se reuniu para criar um evento multidisciplinar que juntasse de neurocientistas a terapeutas para apresentar e discutir os avanços nesta busca, que está apagando as fronteiras entre a ciência básica e a prática clínica. Devidamente batizado como “Congresso mundial sobre cérebro, comportamento e emoções”, este ano ele começou ontem e vai até quarta-feira na capital argentina, com a participação de mais de três mil pesquisadores, psiquiatras, neurologistas e psicólogos, entre outros profissionais da área.

— Na verdade, mente e cérebro estão sendo vistos cada vez mais como a mesma coisa — conta o psiquiatra Pedro do Prado Lima, integrante do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (InsCer-PUCRS), um dos idealizadores do evento e copresidente da edição deste ano. — Trazendo juntas estas diferentes visões biológicas e psicológicas, ciência básica e prática clínica, visamos não só a doença, mas também a neurociência da vida cotidiana, do amor, da raiva, da tomada de decisões, da ética e de todos os tipos de comportamentos. Desde o primeiro momento buscamos uma real integração destes vários assuntos, procurando as interfaces que existem entre eles, as explicações diferentes para os mesmos fenômenos mentais.

Segundo Lima, esta crescente integração entre os estudos do cérebro e da mente com a prática clínica deverá render muitos frutos, como a descoberta de biomarcadores e outras pistas físicas que possam servir de indicadores para a predisposição a alguns distúrbios mentais muito comuns, como depressão e bipolaridade.

— A busca por estes marcadores é meio como um Santo Graal para a psiquiatria, tanto que estamos à procura deles há décadas — considera. — Por enquanto, porém, a variabilidade nestes indicadores é muito grande, o que faz com que tenham validade nas pesquisas, mas ainda não na clínica, para beneficiar um paciente. Um dia isso virá, mas hoje não é o caso. Estamos vivendo uma era em que todo o funcionamento de um cérebro normal está sendo destrinchado, e isso vai nos informar muito sobre doenças mentais.

Para Lima, tal avanço se mostra ainda mais fundamental diante da grande prevalência de distúrbios psiquiátricos na sociedade atual e seu alto custo social. De acordo com ele, os gastos com essas doenças superam em muito os com problemas cardíacos, câncer ou outros, o que faz com que os investimentos em neurociência, em especial os voltados à psiquiatria, sejam os mais importantes a serem feitos na medicina.

— As doenças psiquiátricas afetam muita gente. Só a depressão pega 20% da população, o transtorno bipolar, 5%, transtorno obsessivo-compulsivo, 2,5%, personalidade borderline 3% da população, e assim por diante — enumera. — E são doenças que, além de serem extremamente prevalentes, pegam pessoas jovens, no auge de sua vida produtiva, à diferença de áreas como a cardiologia ou a oncologia, em que a grande maioria das pessoas que ficam doentes são idosas. E isso traz um enorme custo social.

Lima também lembra que algumas condições psiquiátricas, como a depressão, também levam ao aparecimento de outras doenças por meio de mecanismos inflamatórios, o que multiplica seu fardo para a sociedade.

— Estudos mostram, por exemplo, que quem tem depressão crônica também tem uma chance grande, em torno de 40%, de desenvolver placas nas artérias coronárias e ter um infarto, ou ficar diabético — aponta. — Por isso as doenças psiquiátricas são caríssimas, uma verdadeira tragédia para a saúde pública. Se os governos fizessem as contas, eles colocariam muitos recursos em pesquisas nesta área, pois sua repercussão, seus resultados, podem fazer com que a sociedade economize muito dinheiro e fique mais produtiva.

Este trabalho de unir mente e cérebro, claro, não vai ser simples, reconhece Lima. Além de genética e epigenética, isto é, natureza e criação, ambiente, hoje se sabe que o desenvolvimento de transtorno psiquiátricos envolve outras partes do corpo, como as glândulas, o que exige a atração de geneticistas e endocrinologistas, por exemplo, para este esforço.

— Este campo é muito maior do que se imaginava, de uma complexidade extrema, e por isso será um avanço complicado — admite. — Por outro lado, pensando na psicofarmacologia, o desenvolvimento de um novo medicamento é muito caro, e estas pesquisas estão trazendo novos paradigmas para isso. Estamos descobrindo substâncias que têm efeitos diferentes dos que estamos acostumados. Não estamos mais presos àquela história de serotonina, dopamina e outros mecanismos em que estão envolvidos neurotransmissores para uma abordagem mais ampla graças a estes novos entendimentos. E esta é a função da ciência, trazer visões novas e conhecimento para este desenvolvimento.




Usar maconha por anos não faz tão mal, diz estudo

11/06/2016 - Folha de S.Paulo


No esforço de entender os efeitos da maconha sobre a saúde, uma das principais lacunas é a avaliação de seu uso prolongado. Para tentar sanar isso, uma pesquisa da Nova Zelândia com 947 pessoas viu que a erva não faz tão mal para a saúde física das pessoas quanto se imaginava.

Não quer dizer que a maconha seja inócua. Malefícios como o prejuízo no desenvolvimento do cérebro, especialmente entre os jovens, e a piora de doenças mentais continuam ligados à droga.

No entanto, no que diz respeito a aspectos da saúde física, o efeito do uso da erva pode ser até ligeiramente benéfico, segundo o estudo — ainda que, na prática, esse efeito seja irrelevante. Foi o caso das medidas de circunferência abdominal, do IMC (índice de massa corporal) e dos níveis de colesterol “bom”, por exemplo.

O claro prejuízo observado foi na saúde bucal. Em 55,6% dos usuários que usaram a droga por mais de 15 anos foi constatado prejuízo periodontal (nas gengivas) em comparação a 13,5% de quem nunca usou a droga.

A explicação dos autores, liderados por Madeline Meier, da Universidade do Estado do Arizona, para a associação seria a relação entre uso de maconha e baixa higiene bucal.

Os cientistas esperavam mais prejuízos causados pela maconha, mas só outros dois apareceram: o da função respiratória e da autoavaliação de saúde. Esta última alteração desaparece quando “descontado” o uso do cigarro pelos voluntários usuários.

Já a explicação da avaliação pulmonar é um pouco mais complexa: o índice que mede o tanto que a pessoa consegue expirar no total não se saiu bem no estudo, mas o volume expirado forçado em um segundo (FEV1), parâmetro que estaria mais próximo de uma avaliação fisiológica real, segundo os autores, está inalterado nos usuários de maconha.


‘BASEADO-ANO’


Os cientistas reconhecem no artigo que a quantidade consumida de tabaco foi muito maior que a de maconha —o que pode ter ajudado a erva na comparação.

A conta que os autores fizeram para analisar o uso de cigarro foi dividir o número diário de cigarros consumidos por 20 (que representa um maço), e multiplicar pelos anos em que essa taxa de fumo foi mantida. Um maço ano é a unidade que representa o consumo diário de 20 cigarros ao longo de um ano.

De forma análoga, a unidade “baseado-ano” foi criada —ela representa o uso diário de cannabis pelo mesmo período.

Na comparação entre os voluntários, dos 26 aos 38 anos a média de maços-ano ficou em 3,3,e a de baseados ano ficou em 1,2.

Outro fator que pode ter dado um empurrãozinho para a boa performance da maconha é a quantidade do princípio ativo THC (tetra hidro canabinol) presente na planta.

Sabe-se que a maconha usada hoje em dia tem o “ingrediente” mais presente. Ele é responsável por parte dos efeitos alucinógeno da erva.

Os pesquisadores que estudam esse grupo neozelandês, que é acompanhado desde os anos 70, já haviam publicado um estudo destacando os efeitos negativos da droga, principalmente na saúde mental de adolescentes (refletido em uma perda nos testes de QI).

No novo estudo, publicado pela revista “Jama Psychiatry”, os autores afirmam que dificilmente a maconha seria capaz de melhorar a saúde metabólica da população, apesar dos (fracos)indícios nessa direção.

“Os resultados inesperados sublinham a importância de se fazer pesquisa rigorosa para testar hipóteses em vez de construir políticas públicas baseadas em mitos e dogmas que há muito pairam sobre esse assunto”, escreveram Kevin Hill, e Roger Weiss, da Faculdade de Medicina de Harvard e do Hospital McLean, em Belmont, Massachusetts, nos EUA, em comentário ao estudo.

Eles recomendam cautela também no uso médico. Apesar de indicações para alguns caso de dor crônica e de espasmos de origem neurológica, entre outras, “muitos pacientes usam cannabis medicinal para problemas para os quais há pouca ou nenhuma evidência científica”.

Ainda segundo eles, o uso recreativo da droga deve continuar sendo desencorajado pelos profissionais da área da saúde. “É importante frisar que, por melhor que tenha sido conduzido, este é apenas um estudo, com uma população homogênea, feito em um único país e terminando aos 38 anos de idade. É possível que alguns problemas surjam depois disso”.




Plantão Médico: Nosso comportamento muda sob observação

11/06/2016 - Folha de S.Paulo


Nosso comportamento muda quando sabemos que estamos sendo observados. É o "efeito Hawthorne", extremamente positivo para o pessoal da área da saúde, principalmente na atividade hospitalar, segundo estudo apresentado na 43ª Reunião Anual da Associação dos Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia, que termina dia 13, nos EUA.

O estudo mostra que esses profissionais, ao perceber a vigilância, seguem em dobro as regras e instruções para a higienização das mãos.

Foram realizados 4.640 registros de higienização das mãos, durante seis meses, por 15 observadores desconhecidos pela equipe hospitalar.

A pesquisa mostra uma diferença para mais de 30% de conformidade na higiene das mãos quando o profissional percebeu que estava sendo observado. Para Nancy Johnson, do setor de prevenção de infecções do Santa Clara Valley Medical Center, na Califórnia, o resultado é inesperado.

Para esse e vários outros estudos na área da saúde, o resultado mostra a influência do "efeito Hawthorne".

Em 1958 essa denominação foi dada por Henry Landsberger, da New York School of Industrial and Labor Relations, com base na experiência da produção por trabalhadores sob alta ou baixa luminosidade, em uma fábrica na Chicago da década de 20. A produção melhorou sob as duas formas de iluminação, mas diminuiu quando o estudo terminou. Conclusão: a sensação de um observador solidário teve efeito positivo.




‘Órfãos’ dos planos lotam clínica popular

12/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Foi no mês de janeiro que a empresária Eliene Pereira Andrade, de 42 anos, sentiu na pele os efeitos da crise econômica. Com a queda crescente de clientes em seu restaurante popular no Butantã, zona oeste de São Paulo, ela fechou o comércio. Teve de optar por manter o colégio particular dos filhos e cancelar o convênio médico, que custava R$ 1.737 para ela e mais quatro pessoas. Eliene e a família migraram para o Sistema Único de Saúde (SUS). E não é o único exemplo.

Também por causa da crise, o contador Ademir Alegria, de 66 anos, decidiu cancelar o plano de saúde, de R$ 1.200. Portador de hepatite e sem convênio, ele passou a buscar atendimento em uma clínica particular popular, com consulta a R$ 98.

Assim como Eliene e Ademir, 1,9 milhão de brasileiros perderam o plano de saúde nos últimos 18 meses, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Foi no fim de 2014 que a tendência de crescimento de clientes desse mercado se inverteu e o número de beneficiários começou a cair, passando de 50,4 milhões, em novembro daquele ano, para 48,4 milhões em abril de 2016.

A queda de beneficiários de planos vem trazendo dois principais impactos para o sistema de saúde brasileiro. Por um lado, mais pessoas passam a ser dependentes da rede pública, já sobrecarregada pela alta demanda e recursos insuficientes. Por outro, clínicas particulares com preços mais acessíveis, de olho nos órfãos dos convênios, abrem cada vez mais unidades e diversificam a oferta de procedimentos.

“O plano de saúde é sensível a emprego e renda”, diz Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Para o especialista, o que mais preocupa é que, enquanto a demanda cresce, o investimento no sistema público cai. “Este seria o momento de o SUS receber mais recursos para estar preparado para atender mais pessoas”, opina.


DEMORA


A dificuldade de acesso a especialistas na rede pública já é sentida por quem perdeu o plano de saúde. A empresária Eliene reclama da demora para conseguir agendar uma consulta. “Estou com uma dor de cabeça muito forte desde fevereiro e acho que pode ser por causa de um problema na visão. Fui ao posto de saúde e consegui uma data com o clínico-geral só para setembro.”

Para quem não quer esperar, a alternativa tem sido pagar consultas particulares em clínicas populares. No último ano, o contador Ademir já passou por gastroenterologista, urologista e cardiologista, pagando cerca de R$ 100 por atendimento. “Faço o acompanhamento da hepatite e também os check-ups que preciso por um preço que, para mim, é justo”, diz ele.

Na rede dr.consulta, o número de especialistas e procedimentos oferecidos cresce mês a mês, assim como o de unidades. Em cinco anos de existência, já são 12 centros médicos inaugurados e mais de 40 especialidades disponíveis. Dependendo do valor, o custo dos tratamentos pode ser parcelado em até dez vezes sem juros. “O número de atendimentos cresce 15% mensalmente e, no último mês, aumentou 30%”, diz Marcos Fumio, vice-presidente da área médica do dr.consulta. A empresa pretende chegar a 30 centros médicos até o fim do ano.

No nicho do pronto-atendimento, a rede Dr. Agora também expande suas atividades, com consultas a R$ 89. Em um ano, foram cinco unidades inauguradas, algumas delas dentro de estações do metrô. “Com o cenário atual do Brasil, a demanda ficou ainda maior”, diz Guilherme Berardo, cofundador e CEO do Dr. Agora.

Para Mario Scheffer, as clínicas particulares podem resolver problemas mais simples, mas os casos mais complexos continuarão a ser direcionados para o sistema público. “Em qualquer necessidade de maior complexidade, a pessoa vai voltar a depender do SUS e, como essas clínicas não têm ligação com o sistema público, esses pacientes terão de começar o processo desde o início”, alerta.

Descobertos dois novos tipos de leucemia

13/06/2016 - Correio Braziliense


Mais incidente em crianças, a leucemia linfoblástica adulta acomete células progenitoras da medula óssea

A partir do estudo detalhado de células de leucemia retiradas de mais de 200 voluntários, um grupo de pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, identificou dois novos tipos do câncer que acomete principalmente as crianças: a leucemia linfoblástica aguda. Esse tumor é caracterizado pelo crescimento excessivo das células progenitoras da medula óssea — tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna de vários ossos e é responsável pela formação elementos do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas.

Usando um método de sequenciamento avançado, os pesquisadores examinaram as mudanças que ocorrem nas células cancerosas com maior detalhe e conseguiram realizar a diferenciação. “Um tipo ocorre quando um gene chamado DUX4, que é normalmente inativo nas células do sangue, se torna ativo devido ao deslocamento do gene no genoma. O segundo tipo assemelha-se a outros tipos já conhecidos de leucemia infantil, mas é causado por outras mutações genéticas”, conta Henrik Lilljebjörn, pesquisador e gerente de projeto do estudo, detalhado na revista Nature Communications.

Batizados de DUX4-rearranged e ETV6 / RUNX1-like, os dois tipos descobertos, acredita Lilljebjörn, representam cerca de 10% de todos os casos de leucemia infantil. Médicos e cientistas geralmente trabalham com seis grupos principais de leucemia linfoblástica aguda em crianças. A esperança é de que os resultados levem a um melhor diagnóstico e monitoramento de leucemia infantil, além de a novas formas de tratamento.


AJUSTES


A terapia hoje disponível consegue ser bem-sucedida em grande parte dos pacientes, mas requer intervenções pesadas, como quimioterapia e radioterapia, que podem causar diversos efeitos colaterais. Existe, portanto, uma necessidade de distinguir os diferentes tipos de leucemia linfoblástica aguda a fim de adaptar o tratamento de acordo com a gravidade do caso, detectar possíveis recaídas e reduzir os sintomas adversos ao máximo.

“Como todos os tipos de tumor, a leucemia infantil é causada por mutações genéticas em células normais. Encontrar as mutações diferenciadas nas células doentes é uma condição importante para a compreensão dos mecanismos do câncer e, finalmente, a descoberta de novas terapias”, explica Thoas Fioretos, professor da Divisão de Genética Clínica da Universidade de Lund e principal autor da pesquisa.




Ministério da Saúde pode comprar testes que comprovam zika

11/06/2016 - Valor Econômico / Site


O ministro da Saúde, Ricardo Barros, vai a Salvador, na segunda-feira (13), verificar - junto ao Laboratório Bahiafarma - a possibilidade de compra, em grande quantidade, pelo governo federal, de um teste rápido de comprovação do vírus zika. Ele não informou quantos testes seriam comprados, mas acrescentou que, atualmente, os testes que já são aplicados em pessoas que apresentam os sintomas permitem a identificação e notificação de todos os casos.

Por isso, classificou de confiáveis os números de registros da doença feitos no país. O ministro fez o comentário durante entrevista a correspondentes estrangeiros para apresentar as ações de saúde com vistas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

“Estamos procurando dar a vocês subsídios para que possam tranquilizar as pessoas de que neste período [dos Jogos], no Rio de Janeiro, o risco é baixíssimo de alguém ser contaminado com zika. Menos de uma pessoa em 500 mil visitantes estrangeiros, pelas projeções da Universidade de Cambridge [no Reino Unido] e de outros tantos cientistas, está sujeita a ser contaminada, portanto, é quase risco zero”, contou.

O ministro espera que, com as informações prestadas, os atletas estrangeiros se tranquilizem e venham para o Brasil. “Estamos falando de um espetáculo, de um megaevento, mas para cada atleta é a vida deles. Aquilo para o que se dedicam e aquilo no que acreditam e nós queremos que eles venham com absoluta tranquilidade para o ápice de toda a preparação que fizeram durante anos”, destacou.


REUNIÃO DA OMS


Ricardo Barros revelou que, na terça-feira (14), o comitê de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS) vai se reunir, por videoconferência, como ocorre a cada 90 dias, e poderá avaliar as recomendações feitas com relação aos cuidados e prevenção relacionados ao vírus zika.

O ministro da Saúde afirmou que tudo indica que as recomendações permanecerão, como a de que grávidas evitem viajar para os 60 países onde foi constatada a presença do vírus, ou então, para que mulheres retardem a gravidez até que a comunidade científica internacional amplie os conhecimentos sobre os reflexos do vírus. Barros descartou, no entanto, a possibilidade de o comitê propor a mudança de datas ou de local dos Jogos 2016.

“Nós não consideramos a hipótese de adiamento das Olimpíadas. Não há nenhuma base científica que recomende este tipo de decisão. O que espero em relação aos atletas que estão em dúvida de virem ao Rio de Janeiro é que a nossa explanação hoje sirva de informação para que eles possam rever a sua posição e venham competir no Brasil, porque, de fato, nós estaremos em uma das regiões de menor circulação do vírus. Nos outros países em que ele existe, muitos estarão em temporada de verão, com alta proliferação do vírus. A região do Caribe, por exemplo, onde há uma circulação de milhares de turistas, tem uma possibilidade muito maior de alguém adquirir o vírus lá, do que aqui durante o inverno no Rio de Janeiro. Espero que os atletas possam, a partir das nossas informações, rever as suas posições e esperamos ter todos aqui conosco nas olimpíadas”, disse.

De acordo com o ministro, o governo brasileiro resolveu acatar todas as recomendações da OMS para as Olimpíadas e para o vírus zika. “Temos uma grande estrutura montada para que possamos - com segurança - receber aqueles que vêm ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos e vamos informar o que está disponível em infraestrutura para suportar esta vinda dos turistas e da família olímpica para os Jogos Olímpicos”, disse.

O ministro da Saúde afirmou, ainda, que, durante a Copa do Mundo, quando o número de visitantes superou 1 milhão de pessoas, houve apenas três casos de dengue e que, às vésperas dos Jogos 2016, a possibilidade é menor, com a expectativa de o país receber até 500 mil turistas para acompanhar as competições.

Barros assegurou que a rede de saúde está preparada. O governo federal repassou mais R$ 19,5 milhões para a rede de saúde do estado do Rio de Janeiro. Já há ambulâncias disponíveis e recursos para esses veículos no valor de R$ 30 milhões. Estão selecionados, ainda, 130 leitos para atendimentos de emergência caso sejam comprovados casos de zika. Além disso, haverá o reforço de 3 mil profissionais atuando no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya. No Rio de Janeiro, mais de 80% dos imóveis foram vistoriados para identificar focos de dengue.


CUIDADOS


De acordo com o ministro, o Comitê Olímpico vai distribuir repelentes para todos os atletas e o governo brasileiro está adquirindo unidades do produto para distribuir gratuitamente a gestantes incluídas no Programa Bolsa Família.

Ainda com relação às mulheres que querem engravidar, o ministro da Saúde lembrou que o Instituto Evandro Chagas desenvolveu pesquisas com a Universidade do Texas de uma vacina para o vírus zika e a previsão é iniciar os testes clínicos em novembro. “Temos a expectativa de fazer os testes em fast track como aconteceu com o vírus Ebola e, em pouco tempo, as mulheres poderão ter uma gravidez segura”, afirmou.




Rede chega a ter fila de espera de médicos

12/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Enquanto hospitais e ambulatórios públicos sofrem com falta de médicos, a rede de clínicas dr.consulta tem fila de espera de 250 desses profissionais à espera de uma vaga de emprego. Hoje, a empresa tem 450 doutores, e a estimativa é de que esse número chegue a 1 mil com a inauguração de mais 18 unidades até o fim do ano.

Para Marcos Fumio, vice-presidente da área médica da dr.consulta, a procura é causada por vários fatores, entre eles o modelo de remuneração e o tipo de serviço executado.

“O pagamento não é fixo. O médico tem bônus de acordo com a avaliação que recebe dos pacientes. O que posso dizer é que ele ganha mais por consulta do que o que é pago por um plano de saúde, e ainda se envolve em um projeto que tem um cunho social. Vale mais a pena para ele trabalhar no dr.consulta do que arcar com todas as despesas de um consultório particular, por exemplo.”

Logo após terminar a residência em otorrinolaringologia, a médica Samanta Dallagnese, de 33 anos, trocou empregos em hospitais públicos e em clínicas onde atendia planos de saúde pelo dr.consulta. “No SUS, a gente sabe que o tratamento acaba sendo muito aquém do que deveria e os planos pagam pouco. Aqui recebo um salário justo, fazendo algo diferente”, diz ela, que trabalha na rede quatro dias por semana, em período integral.




Biomedicina, que já foi 'patinho feio' da saúde, está em alta por conter epidemias

12/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Os surtos recentes de dengue e zika aumentaram a procura por exames de diagnóstico em hospitais e laboratórios, o que fez crescer a demanda por biomédicos.

"Estamos sempre enfrentando algum surto epidemiológico, o que favorece alguns setores da biomedicina", afirma Silvio José Cecchi, presidente do Conselho Federal de Biomedicina.

Essa alta, porém, é pontual, de acordo com Otávio Granha, gerente da consultoria de recrutamento Wyser. Segundo ele, o aumento ocorre principalmente com vagas de curto prazo e para profissionais voltados para análise clínica e diagnósticos.

No caso de biomédicos que atuam na pesquisa de medicamentos, a dinâmica é outra. "O tempo de pesquisa e reação para essas doenças requer soluções de longo prazo, e as empresas não fazem contratações só por causa dos surtos", afirma.

Ainda assim, ele considera o cenário favorável. "A biomedicina antes era o patinho feio da medicina e da farmácia, mas está vendo o estigma mudar", afirma.

Segundo Cecchi, um dos campos mais valorizados dentro da área é o de inovação. A diretora da Pfizer, Márjori Dulcine, concorda e afirma que a procura pelo profissional está aumentando nas empresas.

"Tem a ver com a criação de produtos inovadores. No último ano, abrimos nove posições tanto na área médica quanto na comercial, com demanda de alta qualidade técnica. Quatro foram preenchidas por biomédicos", afirma.


MENOS CONTATO


A biomédica Maytê Abrão Stocco, 25, optou pela profissão porque gostava de saúde, mas não queria ter contato com pacientes -um perfil comum, dizem os especialistas. "Além de realizar exames laboratoriais, a gente pode atuar em outras especialidades, como reprodução assistida, diagnóstico por imagem, acupuntura, pesquisa, estética", diz ela, que trabalha no Hospital Pérola Byington.

Além dos hospitais, laboratórios também são um caminho comum para o recém-formado em biomedicina. "O escopo de atuação para biomédicos no grupo é amplo. Além das áreas técnicas, eles podem atuar em diferentes funções e setores, como comercial, marketing, pesquisa e desenvolvimento", afirma Eduardo Marques, diretor de pessoal do Fleury.

Segundo Granha, da Wyser, faltam no mercado biomédicos que unam conhecimentos científicos aos gerenciais e de negócios. "São profissionais raros, e a remuneração reflete isso. Está muito acima da praticada em outras áreas, cerca de 30% mais alta do que a remuneração para cargos de gerência em geral", diz.


BIOMÉDICO

Salário de R$ 2.300 a R$ 16 mil
O que faz análise de materiais biológicos para diagnósticos ou desenvolvimento de novos produtos. Atua em hospitais, laboratórios, farmacêuticas, indústria química e de alimentos
Habilidades raciocínio lógico, dinamismo, habilidade manual e bom desempenho em biologia, química e matemática
Formação ciências biomédicas (são 35 especializações diferentes na área)




País registra mais 3 mortes provocadas por zika em adultos.

11/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Subiu de três para seis o número de mortes provocadas por zika em adultos no Brasil. Dois dos casos aconteceram em Minas e um, no Rio. A informação, obtida pelo Estado, deverá ser oficializada na próxima semana pelo Ministério da Saúde.

A confirmação, considerada relevante por especialistas, ocorre em um momento em que governo se esforça para transmitir segurança à comunidade internacional, que volta os olhos para o Brasil com a proximidade da Olimpíada. Ontem, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, concedeu uma entrevista para a imprensa internacional para mostrar o baixo risco de turistas se contaminarem com o vírus durante o período dos jogos.

Para cientistas, embora mortes provocados por zika sejam consideradas raras, elas indicam que o vírus tem potencial para levar a quadros bem mais graves do que se imaginava. Além de risco de aborto e microcefalia nos bebês infectados na gestação, o zika também pode provocar em adultos encefalite e Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que leva à paralisia dos membros.

“Cada informação que se tem sobre o vírus é essencial. Podemos dizer que ele ainda é um grande desconhecido da ciência”, afirma a pesquisadora da seção de Arbovirologia e Febre Hemorrágica do Instituto Evandro Chagas Socorro Azevedo. As novas confirmações indicam a necessidade de se pesquisar qual é o mecanismo de ação do vírus no organismo humano que pode provocar a morte. Outro ponto considerado essencial é desvendar quais fatores levam o paciente a ficar mais suscetível à ação do vírus.

O Brasil foi o primeiro país a confirmar que a zika poderia provocar morte em adultos. Três dos óbitos aconteceram no ano passado. As novas confirmações de morte são de pacientes que se contaminaram neste ano. Laboratórios oficiais investigam ainda a causa de outras 49 mortes suspeitas de terem sido provocadas pelo vírus.

Além do Brasil, os Estados Unidos também confirmaram uma morte provocada pelo zika. O caso, divulgado em abril, é de um homem de 70 anos. Ele teve a infecção tratada, mas morreu em consequência de uma hemorragia.


CASOS


No Brasil, o primeiro paciente a morrer por zika foi um homem do Maranhão. O resultado, divulgado em novembro, foi analisado com cuidado por causa das condições do paciente. Ele apresentava lúpus, uma doença que pode complicar-se de forma expressiva quando o organismo é infectado por bactérias ou por vírus.

No segundo caso, confirmado dias depois, a paciente, jovem, não tinha, até a infecção, problemas graves de saúde. Os primeiros sintomas apresentados foram dor de cabeça, náuseas e pontos vermelhos na pele e nas mucosas, em setembro. Ela morreu no fim de outubro. A terceira paciente que morreu tinha 20 anos. Ela ingressou no hospital do Rio Grande do Norte com queixas respiratórias. O óbito aconteceu em 12 dias.




Zika pode permanecer no organismo por meses

11/06/2016 - O Globo


O zika pode permanecer no organismo por mais tempo do que supunham cientistas. Casos investigados por uma rede de pesquisa no Rio mostram que o vírus é capaz de voltar a se manifestar em pessoas que desenvolveram síndrome de GuillainBarré, encefalite e encefalomielite. Além disso, há sinais de que pode causar distúrbios cognitivos, como perda de memória e dificuldades de raciocínio, em alguns desses pacientes.

A rede estuda também casos de distúrbios neurológicos graves em pacientes com chicungunha. Um deles é o de um homem que morreu em março após desenvolver uma forma grave de Guillain-Barré. O coordenador da rede, o neurologista Osvaldo Nascimento, professor titular de neurologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e presidente da Associação de Neurologia do Estado do Rio de Janeiro (ABNRJ/Anerj), conta que o paciente foi atendido num hospital do Rio, teve grave paralisia e acabou por não resistir.

— São casos mais raros, mas que, por sua gravidade, precisam de prioridade. Também temos observado uma espécie de persistência do zika e casos mais graves ligados ao chicungunha. O zika parece se esconder no sistema nervoso e reemergir meses depois, por gatilhos que ainda desconhecemos. Uma das possibilidades que investigamos é que ele se torne crônico em alguns casos. Como e por quê, não sabemos ainda — afirma.


EVENTO DISCUTIRÁ CASOS


Nascimento organiza hoje no Rio, no Instituto de Neurologia Deolindo Couto, da UFRJ, um fórum para pesquisadores sobre os distúrbios neurológicos associados ao zika e ao chicungunha. Alguns dos maiores especialistas do Brasil vão debater casos de síndrome de GuillainBarré, encefalite e meningoencefalite, entre outros problemas neurológicos, vistos em pacientes que contraíram os vírus.

A rede integrada por Nascimento reúne médicos e cientistas da UFF, UFRJ, Fiocruz, Dasa e PUC-RS, entre outras instituições. Eles têm acompanhado cerca de 50 pessoas com distúrbios neurológicos associados à infecção por zika ou chicungunha. Todos os pacientes são do Grande Rio, atendidos em hospitais das redes pública e privada.

Alguns pontos preocupam os pesquisadores. O primeiro é a persistência do vírus zika.

— Em alguns casos, a pessoa aparentemente se recupera. Mas a doença, a síndrome de Guillain-Barré, por exemplo, volta a se manifestar após semanas ou meses. Uma hipótese é que o zika se mantenha latente nos neurônios e algum fator de natureza imunológica o reative. Vírus como o do herpes-zóster fazem isso. Não sabemos como esses vírus realmente agem. Existe uma possibilidade de que possam causar uma espécie de doença crônica, uma Guillain-Barré de evolução prolongada. Isso é algo que precisa ser investigado — explica o médico.


SINAIS DE DEMÊNCIA


Outra preocupação dos pesquisadores é o aparecimento de comprometimento cognitivo em alguns desses pacientes.

— Temos observado casos de comprometimento da memória recente, dificuldades de raciocínio e até sinais de demência. Mas é cedo para saber o motivo e a evolução. Isso parece ocorrer em pequeno percentual de pacientes com distúrbios neurológicos relacionados ao zika. Esse será um dos destaques a serem debatidos no fórum — observa Nascimento.

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