Aflições perigosas
23/05/2016 - O Globo
Pesquisa mostra que 30% dos adolescentes no país têm transtornos que podem levar à depressão. Quase um em cada três adolescentes brasileiros sofre de transtornos mentais comuns (TMC), caracterizados por tristeza frequente, dificuldade para se concentrar ou para dormir, falta de disposição para tarefas do dia a dia, entre outros sintomas. Se não tratado, um problema desse tipo pode evoluir para distúrbios mais sérios.
O dado vem de uma pesquisa inédita no país, que analisou informações de 85 mil jovens de 12 a 17 anos de escolas públicas e privadas de 124 municípios com mais de 100 mil habitantes. O objetivo do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) foi, justamente, levantar a disseminação de fatores de perigo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre esses fatores, estão os TMC, por causa do desequilíbrio hormonal que podem provocar, além de outros como obesidade, hipertensão e tabagismo.
Os sintomas que caracterizam esses transtornos não são suficientes para um diagnóstico de depressão, o que dificulta a sua identificação — psiquiatras chegam a classificá-los, muitas vezes, como “silenciosos”. Mas os TMC podem levar estudantes até a abandonar suas escolas, por dificuldade de adaptação. Também podem estar na raiz de distúrbios como depressão, dificuldade de relacionamento e abuso de drogas no início da vida adulta.
Uma das coordenadoras da pesquisa Erica, a epidemiologista Katia Bloch, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que, embora seja difícil determinar as causas do elevado índice de transtornos — por se tratar de um estudo quantitativo —, os resultados acendem um alerta:
— É uma via de mão dupla: tanto os transtornos mentais comuns podem ser fator de risco para doenças cardiovasculares, por conta de uma mudança nos hormônios, quanto essas doenças cardiovasculares podem acabar provocando algum transtorno mental. Quem tem obesidade, por exemplo, pode vir a sofrer de TMC ou até depressão como consequência — destaca ela.
Conduzida entre 2013 e 2014 por várias universidades brasileiras, e financiada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa mostra não apenas que 30% dos adolescentes sofrem desses transtornos (o número é considerado alto por especialistas), como também indica que o problema piora à medida que as pessoas crescem.
Na faixa etária de 15 a 17 anos, os transtornos mentais comuns foram identificados em 33,6% dos estudantes, enquanto entre os alunos de 12 a 14 anos a taxa é de 26,7%.
Ainda de acordo com o levantamento, o índice é sempre maior entre as meninas, em todos os recortes de idade. Aos 12 anos, 28,1% delas têm algum tipo de TMC. O ápice acontece aos 17 anos, quando 44,1% das adolescentes brasileiras apresentam o problema.
Os resultados do Erica levaram os pesquisadores a produzir 13 artigos, cada um deles abordando um fator de risco diferente para o desenvolvimento de doenças do coração. Autora do artigo sobre transtornos mentais comuns, a psiquiatra e epidemiologista Claudia de Souza Lopes, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que o levantamento foi feito com a utilização do Questionário de Saúde Geral, uma ferramenta internacional de avaliação psicológica.
Os adolescentes tiveram que responder sobre aspectos como tristeza e dificuldade de dormir, sempre levando em conta os 15 dias anteriores. Os transtornos mentais comuns eram identificados com base na frequência com que os sintomas apareciam nesse período em cada questionário. Foi uma surpresa detectar que 30% dos jovens brasileiros se encaixam nesse perfil.
— Estudos internacionais costumam mostrar que 25% dos adolescentes apresentaram algum transtorno no ano anterior às pesquisas. Nosso trabalho mostrou um índice mais elevado, principalmente tendo em vista que o período analisado foi de apenas 15 dias — avalia Claudia. — Já era esperado que meninas apresentassem mais esse problema. Mulheres têm mais sentimentos depressivos, sofrem mais com as transformações do corpo. Esse tipo de dado já está bem estabelecido na literatura médica. Há algumas características quase inerentes ao sexo. Enquanto os homens são mais afetados por doenças como esquizofrenia, por exemplo, mulheres sofrem mais de depressão.
Segundo a pesquisa, esses transtornos são mais frequentes em alunas de escolas privadas. Entre os 15 e 17 anos, 46% das garotas que frequentam colégios particulares apresentaram o problema, enquanto o índice é de 42% nas escolas públicas, para a mesma faixa etária. O estudo não abordou as razões dessa diferença.
— Esperamos que nosso trabalho sirva de base para que outras pesquisas se aprofundem nesse tema — comenta Claudia.
De acordo com ela, é importante identificar esse tipo de transtorno ainda na adolescência para evitar sua evolução para problemas mais graves, como o abuso de drogas e a depressão.
— Acredita-se que adolescentes que apresentam esses transtornos têm risco maior para desenvolver tabagismo e abuso de outras drogas. Mas isso é algo que ainda temos que investigar — pondera. — Na adolescência, é frequente a ocorrência de bullying, obesidade, a busca pelo corpo ideal e todas as pressões decorrentes. Identificando os subgrupos de mais risco para desenvolvimento de transtornos mentais comuns, conseguiremos agir com mais precisão para ajudar esses adolescentes.
‘MUITO SENSÍVEL AO EXTERIOR’
Hoje aos 18 anos, a jovem Carla (nome fictício) teve uma adolescência problemática. As dificuldades para lidar com o mundo a seu redor — ela fugiu de casa algumas vezes quando ainda tinha 13 anos, ficando “desaparecida” por horas — evoluíram para um quadro mais sério. Aos 16, começou a usar diferentes drogas, o que piorou a situação. Um ano depois, a jovem interrompeu a escola, adiando sua participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para tratar de suas questões.
— Desde criança, eu era muito sensível ao exterior, chorava por qualquer coisa e aprendi cedo a manipular as pessoas — descreve ela. — Mas foi na adolescência que tudo piorou, porque passei a ter uma percepção mais clara das pessoas e do mundo e, na tentativa de me definir, acabei entrando num processo de autodestruição.
SP prorroga vacinação contra gripe até dia 31
21/05/2016 - O Estado de S.Paulo
Após vários postos de saúde ficarem sem a vacina contra a gripe antes da data do término da campanha, prevista para ontem, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo anunciou que prorrogará a imunização até o dia 31. “Aqui em São Paulo, a meta era vacinar 12,8 milhões de pessoas. Já passamos dos 100%,mas como teve um número de doentes crônicos maior (procurando a vacinação),o Estado já está distribuindo hoje (ontem) mais um milhão de doses”, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Ele afirmou que as doses extras foram adquiridas por meio de uma parceria com o Instituto Butantã, produtor do imunizante, com verba própria estadual.
“O Estado e o Butantã estão colocando esse recurso, não é o Ministério da Saúde. São quase R$ 20 milhões a mais que estão sendo colocados”, declarou o governador.
O secretário estadual da Saúde, David Uip, explicou que terão prioridade na distribuição das doses extras os municípios que ainda não alcançaram a meta de cobertura vacinal. “Temos regiões do interior que ainda não atingiram 100%. Então vamos suprir com esse 1milhão de doses do Butantã os locais que têm carência da vacinação”, disse.
Neste ano, até o dia 9, o País registrou 470 mortes por H1N1, a maioria no Estado de São Paulo, com 223 óbitos.
EUA têm 157 grávidas com suspeita de zika
21/05/2016 - O Estado de S.Paulo
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos informou ontem que mantém sob observação 157 mulheres grávidas por possível infecção do vírus zika naquele país.
Até o dia 12, tinham sido reportados os casos de 157 mulheres grávidas com o vírus nos EUA e 122 em Porto Rico e outros territórios sob jurisdição americana.
As autoridades informaram que as mulheres contraíram o vírus após terem viajado para regiões onde o zika está presente ou por contato sexual.
Em fevereiro, o Centro de Controle dos EUA reportou que pelo menos duas mulheres grávidas com zika tinham se submetido a abortos e outra deu à luz um bebê com sérias más-formações congênitas. Segundo o relatório divulgado ontem, das 157 mulheres grávidas nos Estados Unidos que deram positivo, 73 (49%) apresentaram sintomas da doença.
Açúcar, gordura e sal voltam ao prato
21/05/2016 - Folha de S.Paulo
Chocolate escuro é bom outra vez. Carne seca também. E sorvete feito com nata ou leite integral? Pode apostar que sim.
As definições do que é saudável mudam muito rapidamente, e hoje as pessoas estão voltando a comer o que há apenas dois anos evitavam. Estudos recentes sugerem que nem todos os tipos de gordura contribuem para o ganho de peso ou problemas cardíacos.
Com isso, as empresas estão correndo para promover alguns alimentos. E os proponentes da alimentação saudável se perguntam o que deu errado.
Segundo o novo modo de pensar, nem toda a gordura é prejudicial, tampouco todas as comidas com alto teor de sal. Ainda há um estigma ligado aos substitutos do açúcar, mas não tanto ao açúcar de cana, pelo menos quando consumido em moderação.
A marca americana Edy’s vendeu 10,8% mais de seu sorvete Edy’s Grand Ice Cream, feito com nata, nas 52 semanas que se encerraram em 21 de fevereiro, em comparação com o mesmo período do ano passado. A venda de outros sorvetes com alto teor de gordura também aumentou.
É claro que é preciso prestar atenção aos detalhes das novas descobertas científicas. Por exemplo, nenhum dos novos estudos recomenda que se consuma bacon à vontade. “A nova definição de saúde moderna é muito diferente da visão tradicional, que era que se reduzisse o consumo de gordura, açúcar e sódio”, disse Robert Kilmer, presidente da Nestlé Dreyer’s Ice Cream, divisão da Nestlé USA. “Hoje em dia, ‘saudável’ tem a ver com os ingredientes e de onde eles vieram.”
As empresas de alimentação vêm se esforçando para oferecer o que os consumidores consideram ser alimentos saudáveis e de teor nutricional aprimorado. As vendas de produtos feitos com ingredientes orgânicos subiram muito.
A Mars Food, cujas marcas incluem o arroz Uncle Ben’s e os molhos Dolmio para macarrão, reduziram em 20% o teor de sódio de muitos de seus produtos. Também a General Mills está eliminando as cores e os sabores artificiais de seus cereais matinais.
Mas os consumidores recalculam constantemente os prós e contras dos alimentos. Em 2015, por exemplo, os americanos checaram o teor de gordura apresentado nos rótulos dos alimentos que compraram com menos frequência do que fizeram em 2006, segundo uma pesquisa do Natural Marketing Institute. Hoje eles prestam mais atenção aos ingredientes de cada produto, seu impacto ambiental e o bem-estar de animais. E é bom não esquecer do sabor. A maioria dos americanos diz que valoriza mais o sabor dos alimentos do que se são ou não são saudáveis.
Especialistas em nutrição acompanham a mudança com cautela. Margo Wootan, diretora de política nutricional do grupo de pesquisas Center for Science in the Public Interest, observou que as empresas avançaram no sentido de reduzir ou eliminar gorduras saturadas, que elevam o nível de colesterol no sangue e aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
A Associação Americana do Coração e outros grupos de defesa da saúde recomendam há anos que se limite o consumo de gorduras saturadas. Nos últimos anos, porém, alguns estudos sugeriram que a gordura saturada talvez não seja tão nociva quanto se pensava.
O governo dos EUA recomenda um limite ao consumo total de gorduras, que inclui as gorduras boas e más. Uma barra de 230 gramas de chocolate Ghirardelli 72% Intense Dark contém mais que a quantidade diária de gordura saturada recomendada pelo governo e mais de 75% do total recomendado de gordura. “Nada nos dados científicos indica que seja saudável consumir gordura à vontade, desde que não seja saturada”, disse Wootan.
Os nutricionistas também fazem objeção ao aumento das vendas de carne seca, vista no passado como produto com teor altíssimo de sódio. Hoje, quando os consumidores pedem alimentos com alto teor de proteínas, a carne seca tornou-se uma opção popular. A empresa de pesquisas de mercado Nielsen revela que as vendas de lanches como charque subiram 46,9% entre 2011 e 2015.
Cada porção de 28 gramas do produto mais consumido da Link Snacks, Jack Link’s Teriyaki Beef Jerky, contém 12 gramas de proteínas e apenas 80 calorias —além de um quinto da quantidade diária recomendada de sódio. Troy Link, o executivo-chefe da empresa, disse que a companhia vem reduzindo o teor de sódio de seus produtos, além de ter eliminado o glutamato monossódico e os nitritos. “Em última análise, as pessoas querem algo saboroso.”
Médicos comemoram decisão do STF sobre ‘pílula do câncer’
21/05/2016 - O Globo
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a Lei 13.269, que liberava a fabricação, distribuição e uso da fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, foi recebida com entusiasmo pela comunidade médico-científica. Especialistas procurados pelo GLOBO afirmaram que o STF agiu de maneira responsável e coerente.
— Cuidar das pessoas exige extrema responsabilidade. Não é porque há um desespero e clamor por uma substância que responda a uma doença avançada que devemos defender que as pessoas usem algo que não sabemos o que é — comenta Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), que moveu a ação contra a lei aprovada pelo Congresso.
Cardoso defende que é obrigação da categoria médica brasileira estar alerta à utilização de tratamentos que ainda não são devidamente comprovados:
— Quando falamos de medicamento sempre pesamos riscos e benefícios. No caso da fosfoetanolamina, não sabemos nem uma coisa e nem outra. Não queremos cercear o direito de ninguém, mas nossa obrigação como médicos é verificar se isso foi testado adequadamente. Essa substância é produzida de maneira semiartesanal. Um medicamento precisa seguir padrões estabelecidos — explica.
Coordenador do Programa de Bioética da UnB, Volnei Garrafa afirma que o Congresso agiu de forma irresponsável aprovando uma lei que liberou a produção e comercialização da substância e que, felizmente, a Justiça reverteu esse dano.
— Eu considerava uma irresponsabilidade o Congresso ter aprovado essa lei, embora não seja nenhuma surpresa esse Congresso fazer irresponsabilidades. A medida do Supremo foi muito oportuna e responsável e a área científica em geral está de acordo com isso. A ciência é glacial: para comprovar se uma coisa é boa ou ruim tem que testar com uma metodologia rigorosa— destaca Garrafa.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) também manifestou seu apoio à decisão. Em nota, o presidente do CFM, Carlos Vital, elogiou a postura do tribunal:
“O Supremo decidiu de forma coerente com tratados internacionais e determinações constitucionais, que só autorizam o uso de medicamentos após o seu reconhecimento científico”.
Para Vital, tomar outra decisão que não esta colocaria em risco a vida de inúmeras pessoas que sofrem com a doença. “Atuar de forma diferente é colocar em risco a segurança do paciente em controversa argumentação dos direitos humanos”, considerou no comunicado.
CLAMOR POPULAR
Mesmo com a posição praticamente unânime de cientistas sobre a fosfoetanolamina, pacientes se revoltaram com a derrubada da lei que liberou a substância.
A catarinense Luci Flôr, de 45 anos, desabou em lágrimas com a notícia. A mãe dela tem câncer em estágio terminal e, como último recurso, Luci entrou com ação em abril para obrigar o laboratório PDT Pharma a liberar a substância. A unidade, em Cravinhos, no interior de São Paulo, está produzindo a substância apenas para testes clínicos.
— Não acredito que o STF fez isso. Tanta luta para nada. Minha vitória seria conseguir a fosfoetanolamina para minha mãe. Não está fácil. Quero muito que ela vença. Coloquei todas as minhas esperanças nessa substância — lamenta.
Apesar do clamor popular, de acordo com o coordenador jurídico da AMB, Carlos Michaelis, dificilmente a decisão será revertida. Ele explica que o plenário avaliará ainda o mérito da ação de forma definitiva, mas que a suspensão já é um forte indicativo.
— A ação era o melhor a se fazer para proteger a questão científica e promover a segurança dos pacientes — disse.
Uma nova velha ameaça à saúde sexual
23/05/2016 - Época
Um surto de gonorreia resistente ao tratamento convencional tem assustado o Reino Unido desde o final do ano passado. Com 34 casos já confirmados, o grande temor das autoridades é o surgimento de uma "superbactéria" que não seja sensível a nenhum dos antibióticos disponíveis hoje.
No início de maio, a agência de saúde pública da Inglaterra alertou que esses casos podem ser apenas parte do problema, já que 10% dos homens heterossexuais e metade das mulheres e gays podem não apresentar sintomas. Mesmo sem nenhum sinal, a doença é transmissível: 90% dos parceiros e parceiras sexuais daqueles que estavam infectados pela bactéria resistente também tinham gonorreia.
O atual surto, que começou em casais heterossexuais, agora já atingiu o grupo dos homens que fazem sexo com outros homens, o que poderia aumentar sua velocidade de transmissão, já que esse grupo tende a trocar de parceiros com maior frequência.
A gonorreia é considerada a segunda doença bacteriana mais comum transmitida pelo sexo, atrás apenas da infecção provocada pela clamídia. Ela aumentou cerca de 20% no Reino Unido no último ano, com quase 35 mil casos confirmados, a maioria na população abaixo dos 25 anos. Bom lembrar que uma pessoa pode se contaminar com a doença mais de uma vez e que a presença da bactéria aumenta os riscos de infecção pelo virus HIV, causador da aids.
Sem tratamento, a gonorreia pode causar inflamação do útero e trompas, provocar infertilidade e ser transmitida da mãe para o feto durante a gravidez, o que aumenta o risco de aborto, parto prematuro e problemas de saúde do bebê (como cegueira).
Como medidas para conter o avanço da gonorreia, os especialistas sugerem sexo seguro, teste diagnóstico e tratamento dos parceiros. Para evitar a resistência, seria importante controlar o uso indiscriminado de antibióticos e seguir o tratamento indicado pelo médico de forma correta.
Desafio à vista: no último ano, muito se falou do uso crescente de aplicativos de encontro pelos jovens e do aumento das DSTs, inclusive da gonorreia, nos Estados Unidos e na Europa. Agindo na pressão, por impulso, o jovem se arriscaria mais e usaria menos camisinha. O relatório de um consórcio internacional divulgado na última semana, baseado no levantamento Global Burden of Disease, mostrou que o sexo sem proteção foi o fator de risco que mais cresceu entre os jovens de 1990 a 2013 e, hoje, é o segundo que mais impacta a saúde daqueles que têm entre 15 e 19 anos. Na frente dele, apenas o consumo de álcool. Que tal repensar, mais uma vez, as estratégias de educação sexual?
Jairo Bouer o mèdico formado pela USP, com residência em psiquiatria. Trabalha com comunicação e saúde. E-maii: jbouer@edglobo.com.br
Samu de Haddad piora e demora demais
23/05/2016 - Folha de S.Paulo
As ambulâncias do Samu estão demorando mais tempo para conseguir prestar atendimento de urgência nas ruas da cidade de São Paulo.
Em 2015, a demora cresceu em quatro de cinco regiões em relação ao ano anterior e, na zona sul, já supera 15 minutos, conforme dados obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação. O padrão de referência aceito por parâmetros internacionais varia de 10 a 12 minutos.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi criado em 2003, é acionado pelo telefone 192 e faz parte da Política Nacional de Atenção a Urgências. Cabe ao governo federal repassar 50% do valor de custeio do serviço, compartilhado com Estados e municípios —na capital, está a cargo da gestão de Fernando Haddad (PT).
O levantamento considera os atendimentos de nível 1 do Samu —prioridade absoluta, para casos em que há risco de morte e requerem encaminhamento imediato da vítima ao hospital. Quanto maior a espera,menores as chances de sobrevida após um atropelamento ou acidente com poli traumatismo, por exemplo.
“Esse padrão tem que ser o mais rápido possível”, diz Dirceu Rodrigues Alves Junior, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego),lembrando que “a ambulância tem dificuldade para circular no meio do trânsito” de grandes centros urbanos.
Em São Paulo, a piora nos resultados contrasta com a melhora do trânsito na cidade entre 2014 e 2015, segundo medição da CET—resultado parcialmente explicado pela crise econômica, que reduz a quantidade de viagens.
Questionada, a prefeitura diz que aspectos como distância e dificuldade de acesso afetam os tempos de chegada das ambulâncias aos locais das ocorrências,mas não detalha os motivos da piora em 2015 nem as informações sobre as equipes —como as possíveis mudanças no número de veículos disponíveis.
TEMPO MÉDIO
Das cinco regiões em que a cidade é dividida para atendimento do serviço de saúde, duas ficaram no ano passado com padrão de socorro acima de 12 minutos: centro-oeste e sul. Em 2014, não havia nenhuma área nessa situação.
O tempo médio para a chegada da ambulância do Samu na centro-oeste foi de 13 minutos e 8 segundos. Na sul, 15 minutos e 8 segundos, uma piora próxima de 40%.
Alves Junior, da Abramet, avalia ser preciso distribuir melhor as ambulâncias pela cidade, colocando-as mais próximas de regiões em que estatisticamente ocorrem mais acidentes de trânsito.
Ele considera, ainda assim, haver qualidade no Samu.
“Temos um bom serviço, bem treinado, com gente especializada. A única coisa é a dificuldade de remoção. Tanto é que estamos vendo que resgate aéreo está sendo mais frequente.” O serviço chegou a receber, há quase quatro anos, um certificado internacional de qualidade.
Em São Paulo, além do Samu, há o pronto-atendimento do Grau (Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências), pelo telefone 193.
Distância e dificuldades de acesso afetam ambulâncias, diz prefeitura
23/05/2016 - Folha de S.Paulo
Responsável pela gestão do serviço prestado pelo Samu na capital paulista, a prefeitura afirma que o atendimento de urgência é realizado“ levando em consideração a estrutura disponível e o melhor percurso para atingir menor tempo de deslocamento”.
Em nota, a gestão Haddad (PT) diz que o tempo médio é determinado por diversos fatores, como as “distâncias percorridas, a dificuldade de acesso a alguns locais e da velocidade média da frota”.
Questionada, ela não chegou a detalhar os motivos que podem ter levado à maior demora para atendimento pelas ambulâncias em 2015 —nem deu informações a respeito do quadro de equipes.
Nos casos de máxima prioridade, diz a prefeitura, a orientação é deslocar a ambulância mais próxima.
“Dessa forma, os demais atendimentos são realizados por outros veículos disponíveis, que podem estar distantes, impactando o tempo de deslocamento”, afirma.
A prefeitura ressalta que não é possível atribuir o aumento do tempo de deslocamento das ambulâncias ao trânsito na cidade, uma vez que o congestionamento registrado na capital, pelos dados oficiais, teve queda entre 2014 e 2015.
A Central de Regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência atende cerca de 5.000 ligações únicas diariamente.
São abertas 1.100 ocorrências por dia.
Para Dirceu Rodrigues Alves Junior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego),a diminuição da velocidade média nas vias da cidade deve contribuir para a redução nesse número de chamados.
“Temos tudo para diminuir os acidentes, diminuímos as velocidades e as lesões produzidas para quem está nos veículos e fora deles”, diz.
Em 2015, pela primeira vez em dez anos, a quantidade de mortes em acidentes de trânsito na capital (992) ficou abaixo de 1.000—houve queda de 20,6% no número de vítimas em relação ao ano anterior.
É a maior baixa desde 1998, quando passou a vigorar o novo código de trânsito, e a redução atingiu 23,7%.
O número de mortes no trânsito é também o menor da série histórica da CET (companhia de tráfego) —iniciada em 1979.
Injeção de bolhas ajuda a tratar infarto
23/05/2016 - Folha de S.Paulo
Um inusitado tratamento contra infarto que usa uma injeção com cerca de 2 bilhões de microbolhas de gás é seguro e eficaz na desobstrução dos vasos sanguíneos e ainda melhora a função do coração, aponta um novo estudo.
O artigo, de autoria de brasileiros em parceria com um pesquisador americano, sairá nesta segunda (23) em uma das principais revistas científicas de cardiologia do mundo, o “Journal of the American College of Cardiology”.
As microbolhas funcionam como uma espécie de dinamite que explode o coágulo (que impede a circulação sanguínea e causa o infarto).
Elas são injetadas e correm livremente pelos vasos sanguíneos até se depararem com esse bloqueio, e ali se acumulam. Aí entra um aparelho de ultrassom, que é colocado no peito do paciente e faz com que as microbolhas vibrem e destruam o coágulo, liberando novamente a passagem para o sangue.
A ideia surgiu há cerca de 20 anos, quando um grupo no Canadá mostrou, em ensaios in vitro, que as bolhas expostas a um campo de ultrassom podiam romper coágulos.
Em 2004,pesquisadores da Universidade de Nebraska (EUA) testaram a técnica em animais. Em 2014 foram iniciados os testes em humanos, numa parceria do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP) com os americanos.
Durante o estudo, pacientes que chegavam ao pronto socorro do hospital com infarto agudo eram convidados a participar da pesquisa.
Caso concordassem em se submeter ao novo tratamento, recebiam a injeção de microbolhas e o ultrassom até que fossem chamados para receber a terapia convencional, que inclui medicamentos e angioplastia para desobstrução das artérias coronárias.
Os resultados preliminares do estudo, que avaliou a segurança da técnica, mostram que aqueles que receberam a injeção tiveram maiores índices de abertura da artéria obstruída e de recuperação do miocárdio quando comparados àqueles que não passaram pela técnica mas receberam o tratamento convencional.
“A terapia também conseguiu romper os coágulos menores que se soltam do coágulo maior. Eles vão obstruindo os ‘ramos’ da coronária e são inacessíveis pela angioplastia”, diz Wilson Mathias Jr.,diretor da unidade de ecocardiografia do Incor e coordenador-chefe da pesquisa.
Roberto Kalil Filho, presidente do Incor, lembra que o infarto é a doença que mais mata no mundo, apesar da tecnologia e dos medicamentos disponíveis hoje.
“Cada segundo de artéria fechada é mais tempo de coração morrendo. Quanto antes você conseguir abrir a artéria e jogar o sangue de novo ali, maior a sobrevivência e menor o risco de sequelas”, afirma. “Esse é mais um método para ajudar a salvar vidas, e esses resultados iniciais mostram que ele é bom, simples e sem riscos.” O cardiologista do HCor (Hospital do Coração) e professor da USP Leopoldo Piegas, que não esteve envolvido no trabalho, avalia a técnica como promissora.
“O trabalho tem um resultado impressionante, impactante.
Houve melhora na aberturadas artérias, na função do ventrículo esquerdo do coração e na contratura do músculo, o que sugere uma melhora da circulação. Toda técnica que ajudar a abrir artérias no tratamento do infarto é bem-vinda”, diz.
“Mas é um trabalho inicial, que precisa ser replicado com mais pacientes até para observar possíveis efeitos colaterais num grupo maior.” Ele lembra que outro trabalho que avaliou a técnica apontou efeitos adversos, como um espasmo na artéria coronária que causou sua constrição —coisa que não ocorreu no trabalho feito no Incor.
Os resultados publicados têm como base o tratamento de 30 pessoas. Hoje o Incor já tem 42 pacientes e o hospital pretende chegar a cem.
José Luiz Eusébio,47, foi um dos pacientes que participou do estudo. Em janeiro de 2015, o acupunturista estava na região do Anhangabaú, em São Paulo, quando começou a passar mal. Pegou o metrô e deu entrada no pronto-socorro do Incor, onde soube que estava tendo um infarto.
Na sua família, outras três pessoas tinham tido o problema.
Desde então, mudou hábitos: começou a praticar artes marciais e já perdeu 18 kg.
Tanto Kalil como Mathias apontam para a possibilidade de a terapia ser usada em centros não especializados, como postos de saúde, e em ambulâncias, pelo fato de não oferecer risco de hemorragia como certos medicamentos.
“Se comprovar eficácia em outros estudos, acredito que o tratamento será aprovado rapidamente. Aí é só uma questão de entrar no mercado e ver o custo”, diz Kalil.
Hospitais privados têm taxa de 80% de ocupação de leitos
23/05/2016 - O Estado de S.Paulo
Apesar de ter sido afetado pela crise, que acarretou a saída de 760 mil clientes dos planos de saúde em 2015, o setor de hospitais privados conseguiu manter a taxa de ocupação de leitos em 80% no ano passado, de acordo com levantamento divulgado pela Anahp, que reúne empresas do setor.
A entidade divulgou, no entanto, que a receita do setor teve redução de 3,3% em termos reais no ano passado, considerada a inflação medida pelo IPCA, enquanto as despesas subiram 2%. A pesquisa aponta outro indicador que mostra o controle de custos no setor: as despesas totais por internação subiram 6,4%, bem abaixo da variação de 10,7% do IPCA.
Número de mortes por dengue cai 90% no Estado de São Paulo
23/05/2016 - DCI
Após registrar a pior epidemia de dengue da sua história em 2015, o Estado de São Paulo reduziu em 90% o número de mortes pelo vírus no primeiro quadrimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo balanço apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) na sexta-feira (20), 403 pessoas morreram nos quatro primeiros meses de 2015 por complicações da doença. Já neste ano, foram 44.
O governo do estado informou ainda que o número de casos confirmados de dengue passou de 653 mil de janeiro a maio do ano passado para 114 mil neste ano.
Segundo Alckmin, a contratação, por parte do estado, de agentes extras de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti foi uma das razões que explicam a queda da circulação da doença neste ano.
"Fizemos uma coisa importante, que foi contratar os agentes de saúde todo sábado. Chegamos a ter 30 mil agentes, e o combate ao mosquito, que era feito em um quarto dos municípios (25%), passamos a ter no estado inteiro, porque 90% dos municípios aderiram a esse trabalho", disse.
O governador anunciou ainda que o pagamento extra a agentes de saúde aos sábados, implantado de março a maio deste ano, será retomado a partir de setembro com o objetivo de evitar uma nova epidemia no ano que vem.
Alckmin disse ainda que começará em junho a imunização dos voluntários que participarão da última fase da pesquisa da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantã.
Em São José dos Campos, a prefeitura realizou no sábado (21) um arrastão contra a dengue em parte da zona oeste da cidade, que compreende os bairros Jardim das Indústrias e Jardim Alvorada, visando vistoriar 6.106 imóveis, de 174 quadras. Foi o 8º sábado consecutivo de arrastão com atuação de 55 agentes.
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