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CRF-SP - Clipping de Notícias
 

CLIPPING - 09/05/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 
   

 

 

Mesmo sem testes, Justiça autoriza venda de 'pílula do câncer' por R$ 6

09/05/2016 - G1


Mesmo antes do início dos testes clínicos em humanos, a chamada "pílula do câncer" pode começar a ser distribuída pelo único laboratório autorizado a produzir a substância no país, pelo valor de R$ 6 cada cápsula.

O "preço" teria sido calculado pela própria PDT Pharma, com sede em Cravinhos (SP), ao ser questionado pela Justiça local sobre a possibilidade de fornecer a fosfoetanolamina sintética mediante ordens judiciais.

Ao menos 12 liminares já obrigam o laboratório a fornecer as cápsulas aos pacientes com câncer em 30 dias, como afirmou o diretor da PDT Pharma, Sérgio Perussi. Até esta segunda-feira (9), outras 275 ações tramitavam na Justiça de São Paulo com o mesmo teor.

Perussi disse que têm condições técnicas de produzir as pílulas, mas nega poder cumprir as sentenças porque depende de autorização dos detentores da patente e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercializar a substância.

Até agora, o laboratório recebeu permissão somente para produzir o princípio ativo e entregá-lo à Fundação para o Remédio Popular (Furp), que deve encapsular a substância e repassar ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

O Icesp, por sua vez, será responsável pela distribuição das pílulas aos hospitais que farão o estudo clínico pelos próximos seis meses. O primeiro lote com 35 quilos da fosfoetanolamina já foi entregue à Furp e deve se transformar em 70 mil cápsulas.


LABORATÓRIO DEFINIU PREÇO


Em liminar concedida em 2 de maio, o juiz Luiz Cláudio Sartorelli explica que ele e o juiz Eduardo Alexandre Abrahão, da 2ª Vara de Cravinhos, se reuniram com o diretor da PDT Pharma para discutir da possibilidade de o laboratório fornecer a fosfoetanolamina sintética mediante possíveis ordens judiciais.

O encontro ocorreu em 20 de abril e, de acordo com o juiz, Sérgio Perussi confirmou que poderia atender aos pedidos, desde que no prazo de 30 dias, uma vez que precisaria ampliar a produção e providenciar as cápsulas para armazenar a substância - atualmente, essa etapa é realizada pela Furp.

"Discutiu-se o custo de cada unidade e o representante da empresa estimou em R$ 6, por conta dos investimentos que se farão necessários para atender as ordens judiciais", afirma Sartorelli na sentença.

A partir da reunião, liminares passaram a ser concedidas pela Justiça local, destacando que os pacientes devem realizar depósito antecipado do valor referente à quantidade de pílulas que deseja adquirir - a dosagem fica a critério do paciente ou do médico que o acompanha.


FALTA AUTORIZAÇÃO


O diretor do laboratório PDT Pharma afirmou que tem condições de produzir as pílulas de fosfoetanolamina, mas, para isso, precisa adequar as instalações da empresa, uma vez que trabalha somente com princípios ativos, e não medicamentos.

"Vamos explicar ao meritíssimo juiz, como foi durante a minha conversa com ele, que nós temos restrições. Nós temos condições de escalonar a produção para atender uma demanda maior, mas não sei dizer se atenderíamos uma demanda nacional na sua totalidade", disse.

Ainda segundo Perussi, a "venda" das pílulas depende também de autorização da Anvisa e dos detentores da patente, no caso o químico Gilberto Chierice, pesquisador que desenvolveu a chamada "pílula do câncer" nos laboratórios da USP em São Carlos (SP).

"O que eles nos deram até agora foi autorização para produção e destinação à Furp para fazer o estudo clínico. Nós não produzimos o medicamento, não embalamos, não temos autorização da Anvisa para fazer isso", justificou.


O CASO


Desenvolvida para o tratamento de tumor maligno, a fosfoetanolamina sintética é apontada como possível cura para diferentes tipos de câncer, mas não passou por esses testes em humanos e não tem eficácia comprovada. A substância também não tem registro na Anvisa e seus efeitos nos pacientes ainda são desconhecidos.

Os primeiros relatórios sobre as pesquisas financiadas pelo governo federal apontaram que as cápsulas têm concentração de fosfoetanolamina menor do que o esperado e que somente um dos componentes na pílula – a monoetanolamina – apresentou atividade citotóxica e antiproliferativa, ou seja, capacidade de destruir células tumorais e inibir seu crescimento.

Em 13 de abril, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei n.º 13.269 que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes com tumores malignos. A determinação afirma que poderão fazer uso da substância, por livre escolha, aqueles que possuam laudo médico comprovando o diagnóstico, e que assinem um termo de consentimento e responsabilidade.

A substância estava sendo fornecida pela USP por meio de liminares na Justiça. No início de abril, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, determinou que a universidade forneceria somente "enquanto remanescer o estoque" do composto.

Logo depois, a USP fechou o laboratório que produzia as pílulas, dizendo que não produziria mais porque não é dona da patente e não é uma indústria para produção em larga escala.




Gim tentou intermediar negociação da ‘pílula do câncer’

08/05/2016 - O Estado de S.Paulo


Formalmente longe do Senado, desde 1º de fevereiro de 2015, após não ser reeleito para outro mandato na Casa em 2014, Gim Argello acompanhava dos bastidores as movimentações do Congresso. Em outubro do ano passado, enquanto o Senado discutia em audiência pública a liberação da “pílula do câncer”, Gim Argello teria proposto sociedade ao químico Gilberto Chierice,que desenvolveu a fosfoetanolamina sintética, para comércio da substância.

O encontro entre Gim Argello e Gilberto Chierice teria ocorrido no escritório político do ex-senador, em Brasília. O pesquisador havia ido à capital federal participar de audiência pública no Senado, com outros especialistas, a convite do senador Ivo Cassol (PP-RO).

Em depoimento à Polícia Federal, em 27 de abril, Gilberto Chierice contou que, ao chegar no Aeroporto de Brasília, o carro que o esperava o levou ao encontro de Gim Argello.

“Quando eu chego no aeroporto, tem lá alguém que veio me buscar”, contou o pesquisador.

“Quando eu chego em Brasília tem uma caminhonete, uma condução me esperando.

‘O senador mandou lhe buscar’.

Saiu dali, foi pra um escritório, onde tinha um escritório de um ex-senador.” Gilberto Chierice disse que o veículo não tinha nenhuma identificação. “Nos levou para conversar com esse senhor,eu não sabia do que se tratava.

Esse Gim não sei o quê.” O delegado Nelson Edilberto Cerqueira perguntou ao pesquisador se era “aquele que foi preso recentemente”. Gilberto Chierice disse que não havia reconhecido o ex-senador.

Gim Argello foi preso na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Lava Jato, em 12 de abril. A Polícia Federal investiga ‘tratativas ocorridas entre Jorge Gim Argello e o filho Jorge Gim Argello Junior,por meio da empresa HTS Gestão de Investimentos e Estudos Mercadológicos LTDA e os pesquisadores da substância fosfoetanolamina sintética, no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, ou seja,mesmo períododa tramitação legislativa que resultou na publicação da Lei nº 13.269/16, em 13 de abril de 2016, que autorizou a produção e distribuição daquela substância sintética.




Medicamento já usado contra malária pode proteger fetos contra zika

07/05/2016 - G1 - Jornal Nacional


Uma notícia boa para as futuras mamães: um medicamento já usado no tratamento de doenças como a malária pode ser eficaz para proteger o cérebro de fetos contra a infecção pelo vírus da zika. Mas os pesquisadores alertam que antes de liberar o uso é preciso fazer testes em humanos.

A descoberta é uma das mais importantes na luta contra o vírus da Zika e pode ser mais uma arma poderosa no combate à microcefalia e aos danos cerebrais causados pela doença, principalmente em fetos.

A equipe do Instituto de Biologia e do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e do Instituto D'or, comprovou que o medicamento cloroquina pode evitar que o vírus da zika danifique as células nervosas em formação.

Elas representam a formação do sistema nervoso nas primeiras semanas de gestação, quando o vírus da zika é mais destruidor. E foram produzidas em laboratório a partir de células tronco.

Ilustrações mostram o que acontece quando o vírus ataca. A primeira imagem é de um grupo de células saudáveis ganhando a forma de um neurônio. Na segunda, o mesmo grupo infectado pelo vírus da zika diminuiu de tamanho e perde a forma.

Em imagens coloridas, está o que os pesquisadores descobriram. Os pontos verdes são os vírus em pleno ataque. O tratamento com a cloroquina reduziu o número de células infectadas em 95% e impediu a alteração do formato.

O medicamento já é usado contra a malária e doenças autoimunes, como o lúpus, e não tem contraindicação para grávidas.

“Existe esse potencial de se usar a cloroquina em mulheres grávidas e a impedir que as células do sistema nervoso central do feto sejam infectadas”, explica a professora do Instituto de Ciências Biomédicas Loraine Campanati,

O grande alerta dos pesquisadores que essa ainda é uma descoberta de laboratório. A cloroquina ainda não pode ser usada, principalmente por mulheres grávidas para evitar a zika. Ainda são necessárias algumas etapas do estudo para garantir o resultado contra a doença e os efeitos dela em humanos.

Um dos desafios dos pesquisadores é descobrir a dosagem exata da cloroquina no combate à zika, pra que ela não se torne um rico à saúde.

“O medicamento traz uma vantagem: ele já é conhecido e a gente sabe que ele é seguro em mulheres grávidas, mas para certas indicações terapêuticas. Pra essa nova indicação terapêutica a gente ainda precisa ter um estudo clinico pra provar que é na mesma concentração que a segurança se mantém a mesma”, diz o diretor do Instituto de Biologia, Rodrigo Brindeiro.




Reajuste de remédios leva inflação a 0,61% em abril

07/05/2016 - Correio Braziliense


O reajuste médio de 12,5% dos medicamentos, autorizado pelo governo no mês passado, freou a queda da carestia. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante 0,43% em março. Em 12 meses, o custo de vida médio das famílias teve alta de 9,28%, sendo que o grupo de saúde e cuidados pessoais avançou 11,3%. Foi a maior variação dessa classe de despesas desde novembro de 2003.

A inflação em abril também foi pressionada pelos preços dos itens de alimentação e bebidas, que registraram alta média de 1,09%. Apesar de o resultado ter sido 0,15 ponto percentual inferior ao de março, foi o que mais gerou impacto no custo de vida. Somadas, as duas classes de produtos foram responsáveis por 89% do índice.

Para a gerente do IPCA, Irene Machado, o clima exerceu papel determinante na carestia. “Tivemos um outono muito quente e, depois, muita chuva, principalmente na Região Sul. Isso elevou os custos dos agricultores com a produção”, sustentou. Entre os alimentos, a batata-inglesa foi um dos itens de consumo básico que mais subiu, com alta de 13,13%. No grupo de saúde, Irene prevê que o reajuste dos medicamentos ainda pode se refletir na inflação de maio. “Pode ser que apresente um aumento residual não captado em abril”, ressaltou.

O gasto do servidor público João Magalhães, 69 anos, que era, em média, de R$ 70 por mês, saltou para R$ 90, uma alta de 28,6%. “Estou sempre tentando negociar algum desconto. Preciso economizar, até porque tudo está muito inflacionado. E, para mim, os preços só tendem a galopar mais”, lamentou. A percepção em relação à alta dos preços é a mesma do servidor Nivaldo Chaves, 41. Para aliviar o orçamento, ele tem comparado preços e feito as compras em dias de promoção. “Está tudo muito caro. Também estou trocando produtos e abrindo mão de outros”, contou.

A inflação em abril veio acima do 0,53% projetado pelo mercado financeiro. Em maio, o indicador não deve mostrar enfraquecimento, segundo o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, que espera um IPCA de 0,65%. “É reflexo da mudança de metodologia de apuração dos gastos com empregados domésticos, da elevação do preço de cigarros e da alimentação no domicílio mais pressionada”, avaliou.

Com o resultado de abril, o IPCA acumulado em 12 meses totalizou 9,28%, ficando pouco abaixo do registrado no período equivalente terminado em março, de 9,39%. A desaceleração, de 0,11 ponto percentual, foi inferior à média dos últimos dois meses, de 0,66. Diante disso, analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai postergar o corte na taxa básica de juros (Selic), que poderia ocorrer na próxima reunião, em junho.


JUROS


“Tudo indica que a taxa vai se manter nos 14,25% ao ano. O colegiado é bastante conservador em termos de alteração. Mas ninguém duvida de que a inflação assumiu trajetória de queda”, avaliou o economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Na avaliação dele, o custo de vida está caindo como reflexo do fraco nível de atividade.

O principal sinal de arrefecimento do IPCA é a perda de força da inflação de serviços que, em abril, cresceu 7,4% em 12 meses. É a menor taxa desde novembro de 2010. A diferença é que, naquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 7,5%. Já em 2016, a previsão é de retração de 3,9% na economia. Mantido o cenário, mais pessoas perderão o emprego, o que reduz o poder de compra das famílias, que pressionarão menos o mercado de bens e serviços.




Após alta de remédios, saiba como conseguir abatimentos

08/05/2016 - Extra Online


Para driblar o aumento dos medicamentos, que já está sendo repassado por farmácias de todo o país — desde que o governo federal autorizou um reajuste de até 12,5%, em 1º de abril —, consumidores têm buscado maneiras de conseguir descontos para aliviar o bolso na hora da compra. Uma opção para quem quer fugir dos preços mais altos é aproveitar os abatimentos concedidos por redes de drogarias e laboratórios por meio de programas de fidelidade.

A dona de casa Elizabeth de Araújo Costa, de 54 anos, descobriu, há um ano, que poderia obter descontos com inscrições em programas de fidelidade de drogarias. Segundo ela, suas despesas mensais com remédios diminuíram, pois os abatimentos chegam a 30%.

— Tomo medicamentos de uso contínuo, e a conta no fim do mês é sempre salgada, especialmente depois que os preços dos remédios subiram. Mas consigo fazer uma boa economia com os descontos que consigo na farmácia do bairro — contou.

A Droga Raia, por exemplo, oferece benefícios para os consumidores na hora da compra. A rede concede abatimentos conforme o cartão de fidelidade dos clientes, os benefícios dos planos de saúde conveniados, as empresas e as instituições parceiras, além dos programas de descontos oferecidos pela indústria, que juntos beneficiam mais de 90% dos clientes atendidos, segundo a rede.

Por meio do programa de fidelidade Muito Mais Raia, os consumidores contam com descontos especiais na aquisição de medicamentos. Para o público do Rio, a empresa lançou o cartão Droga Raia Sênior. Com ele, a rede oferece um abatimento diferente para quem tem mais de 55 anos ou é aposentado, com a promessa de uma economia mínima de 23% no valor do remédio.


LABORATÓRIOS OFERECEM BENEFÍCIOS


Além das farmácias, quem gasta muito com remédios pode se beneficiar dos descontos concedidos diretamente pelos laboratórios farmacêuticos. O Novartis, por exemplo, criou o Vale Mais Saúde (VMS), um programa de adesão ao tratamento que visa a auxiliar os pacientes com doenças crônicas, oferecendo abatimentos nos medicamentos das marcas Novartis, Alcon e Sandoz. A economia varia de 20% a 69%.

Qualquer paciente que receber a prescrição médica de um dos medicamentos da Novartis que integram o programa pode se inscrever por meio do site para obter o desconto. Já a Pfizer lançou, em 2006, o programa Mais Pfizer. Assim, os participantes podem adquirir remédios pagando até 65% menos, nas redes de farmácias conveniadas.


REDES DO RIO JÁ REPASSAM AUMENTOS


De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos do Rio (Sincofarma-RJ), Felipe Terrezo, o repasse do reajuste já chegou às farmácias do Rio, pois a maior parte do varejo já renovou seus estoques. Para ele, a melhor maneira de fugir de preços mais elevados é pesquisar: — O consumidor não pode comprar na primeira farmácia em que entra, especialmente quem procura medicamentos de uso contínuo e têm gastos maiores. A dica é sempre ir a, pelos menos, três farmácias para conseguir o melhor valor.

Ainda de acordo com Terrezo, o baixo estoque no mês de março fez o repasse chegar mais rapidamente: — A maior parte das farmácias do Rio estava sem estoque e comprou produtos novos já com o aumento.


SITE PARA PESQUISA DE PREÇOS


Para ajudar os consumidores a encontrar promoções, a plataforma de comparação de preços de medicamentos Cliquefarma é uma boa opção. Para fazer a busca, basta acessar o site www.cliquefarma.com.br e informar o nome do medicamento desejado. A ferramenta de pesquisa, que abrange grandes redes do país, mostra a farmácia que vende o produto pelo menor valor, além de informar se há taxa de entrega.

De acordo com uma pesquisa interna feita pelo Cliquefarma, os varejistas de todo o país já repassaram quase todo o aumento de até 12,5% autorizado pelo governo federal. De acordo com a empresa, na média, o reajuste ao consumidor ficou em 10,08%. A pesquisa comparou os valores dos dez medicamentos mais buscados no site antes e depois da correção e notou que a diferença entre os valores cobrados variou entre 7,76% e 12,51%.

— O aumento nunca é uma boa notícia para os consumidores, mas ficou muito próximo à inflação do período, de forma geral. Os laboratórios e, consequentemente, as farmácias já estão repassando quase ou integralmente essa taxa — comenta Ângelo Alves, fundador do Cliquefarma.

A aposentada Alda Queiroz Santana, de 73 anos, faz tratamento para os rins e diz que não só compra medicamentos depois de fazer muita pesquisa. Para ela, qualquer economia faz diferença:

— A pesquisa é importante para saber em que farmácia devo comprar. Os preços variam muito e, por isso, preciso ficar atenta. Além disso, os descontos da fidelidade ajudam muito.




Aqui não tem remédio

09/05/2016 - Folha de S.Paulo / Site


O noticiário das últimas semanas aponta uma série de problemas na rede municipal de saúde de São Paulo. Os destaques foram falta de médicos, de remédios e problemas no relacionamento com OSs (organizações sociais), que administram unidades de saúde pública. A imprensa acorda tarde para um nervo exposto da administração de Fernando Haddad (PT). A falta de medicamentos, mais evidente, começou logo após a posse e segue irresoluta, mesmo após a demissão do secretário José de Filippi.

Recentemente, ao elogiar ações da administração em mobilidade, a coluna ponderou que ela "amarga retrocessos importantes" em outras áreas, como a saúde. A prefeitura protestou. Citou várias realizações, como a entrega de três hospitais na periferia, que Haddad está para cumprir.

Quanto aos remédios gratuitos, destacou a criação de um site chamado "Aqui Tem Remédio" (aquitemremedio.prefeitura.sp.gov.br ), que permite ao cidadão digitar seu endereço, o nome do medicamento e encontrar onde está disponível, bem como um transporte até lá.

Além de não ter a divulgação necessária, há uma perversa inversão na concepção do serviço: em vez de resolver o problema de logística levando medicamentos às unidades de saúde, ele propõe que o cidadão vá buscar o que precisa onde a prefeitura tiver conseguido entregar.

Testei o site com quatro remédios. Todos aparecem em unidades distantes mais de 5 km de minha casa. O omeprazol, para problemas gástricos, estava disponível em duas unidades de saúde a mais de 6 km. A dipirona sódica, para dores e febre, só em duas unidades, a mais de 10 km. Fiz o mesmo com diclofenaco e cefalexina. Sugiro que o leitor faça com outros.

O trânsito de São Paulo anda a cerca de 12 km/h, uma pessoa marcha a 5 km/h. Ou seja, na melhor das hipóteses, uma hora para ir e outra para voltar. E depois ir trabalhar...

O site que deveria atenuar a falta de medicamentos é prova de que a administração municipal é incapaz de garantir qualidade a um programa de grande impacto social.


ESTUDANTES E A ELEIÇÃO


Durante duas décadas de governo de uma frente liderada pela esquerda, as entidades estudantis se mantiveram quietas e disciplinadas, "pelegas", se poderia dizer. Derrotado o governo da primeira mulher a presidir a nação, uma esquerdista cuja biografia inclui grande sofrimento sob a ditadura que asfixiou o país, imediatamente os movimentos juvenis se acenderam em torno de uma pauta difusa de reivindicações, entre defensáveis e impossíveis.

Em nome da lei e da ordem, o governo conservador usou a polícia e repetiu aos jornalistas o que lhe parecia óbvio: "Por que não se puseram em marcha antes, contra as mesmas mazelas, sob domínio do governo de esquerda?"

Depois de quatro anos de policiais batendo em estudantes, o empresário Sebastián Piñera, primeiro conservador a presidir o Chile após o domínio da esquerda, foi derrotado pela mesma Michelle Bachelet, esquerdista derrotada na eleição anterior.

A semelhança entre Chile e Brasil não é mera coincidência. Estudantes e movimentos de esquerda do mundo inteiro estudaram com atenção o que aconteceu ao sul, onde a direita foi aniquilada na batalha da comunicação.

Na ocupação de escolas brasileiras começa a ser disputada a eleição de 2018. Cada cacetada policial hoje é um ponto para a esquerda amanhã.

 

 

 
 

Ela disse adeus

09/05/2016 - Época


A cientista brasileira Suzana Herculano-Houzei ganhou fama internacional ao apontar que a ciência tinha um problema. Então professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Suzana se dedicava à arte de cortar cérebros - dividia nacos gelatinosos do órgão de diversos animais, que ela cozinhava até virar uma sopa de células. A ambição de Suzana e sua equipe era contar quantos neurônios compunham o cérebro humano. A literatura científica pensava conhecer a resposta - 100 bilhões, diziam os livros. Suzana mostrou que ninguém conhecia qual a fonte daquele número. Era uma informação sem base confiável, e liquefazer cérebros foi o método que ela encontrou para refazer essa conta. Em 2009, Suzana e seus colaboradores publicaram um trabalho revolucionário no Jornal de Neurologia Comparada - uma das mais importantes revistas científicas da área. O cérebro humano, mostravam os brasileiros, é composto de 86 bilhões de neurônios. O número chamou a atenção internacional para o pequeno laboratório de Suzana no qual ela distribuía aparelhos e alunos na Zona Norte do Rio de Janeiro. Suas descobertas foram discutidas em artigos publicados na Science, a revista científica de maior prestígio no mundo, e o trabalho de Suzana ganhou relevância internacional. Na última terça-feira, dia 3, Suzana anunciou publicamente que deixará o país. Sua decisão aponta que a ciência brasileira tem um problema.

No final de fevereiro, ela recebeu um convite para dar aulas e fazer pesquisas na Universidade Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos. A decisão, embora amarga, foi tomada com facilidade: “Não havia mais condições de continuar a trabalhar aqui”, disse Suzana a ÉPOCA. O convite para trabalhar na Vanderbilt era gestado desde o ano passado. A universidade criou uma vaga com estabilidade para Suzana. Nos Estados Unidos, os contratos dos professores universitários são revistos a cada cinco anos. Mas Suzana manterá o emprego pelo tempo que quiser.

A história recente de Suzana acompanha os avanços e retrocessos da ciência brasileira. Em 2004, ela assumiu a chefia do laboratório de Neuroanatomia Comparada da UFRJ. Depois de uma temporada de estudos no exterior, a cientista recusara tuna oferta de emprego nos Estados Unidos e voltara ao país: trabalhar aqui parecia a decisão mais inteligente. Nos oito anos seguintes, conforme a economia do país prosperava, o laboratório florescia. “Até 2012, a situação parecia melhorar”, diz Suzana. Em 2008, o governo federal criou o Programa de Institutos Nacionais, cujo objetivo era estimular a formação de centros especializados em pesquisa básica e aplicada no Brasil. O dinheiro, embora em quantias modestas, fluía: “O valor do auxílio que a gente conseguia do CNPq, a principal agência de fomento federal, saltou. Recebíamos R$ 100 mil para três anos de trabalho. Passamos a receber R$ 100 mil por ano”. Com os investimentos, vieram os principais trabalhos do laboratório.

Em maio de 2015, Suzana e o físico Bruno Mota publicaram um artigo na revista Science. O trabalho explicava um mistério antigo da neurociência - a origem das dobras da parte mais externa e volumosa do cérebro, o córtex. O texto foi celebrado como um raro trabalho assinado somente por brasileiros em um periódico de relevância internacional. A essa altura, Suzana já não tinha muito ânimo para comemorações. “Fazemos ciência em condições miseráveis”, disse em entrevista a ÉPOCA em agosto de 2015, quando já adiantava o desejo de deixar o país. “Ou eu mudo de profissão, ou eu saio daqui. A vontade é mesmo de chorar e ir embora.” Os reveses se agravaram para Suzana, e para a ciência brasileira, a partir de 2014. A crise econômica do governo Dihna Rousseff fez minguar os recursos já escassos para pesquisa. O ajuste fiscal das contas públicas reduziu em 25% o orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia para 2015. Os repasses ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) - a principal fonte de recursos para pesquisas no país - caíram 28%. Afetadas pela crise, as agências financiadoras estaduais -que tiram uma percentagem dos impostos arrecadados pelos Estados - ficaram na penúria. Suzana deveria receber R$ 50 mil do CNPq em 2015.0 dinheiro não chegou. Uma verba prometida pela Faperj, a agência de fomento do Rio de Janeiro, jamais foi paga.

Suzana buscou alternativas. Lançou uma campanha de financiamento coletivo que, até novembro de 2015, arrecadou pouco mais de R$ 113 mil. A verba foi suficiente para sustentar o laboratório por cinco meses. Para não fechar as portas, Suzana tirou dinheiro do próprio bolso: “Eu me vi devendo R$ 25 mil a mim mesma”.

A falta de verba não é o único entrave para quem faz ciência no Brasil. A burocracia para comprar equipamentos e substâncias atrasa as pesquisas: “Nos Estados Unidos, você pede um reagente e quatro dias depois ele está em sua mesa”, diz Dario Zamboni, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. “Aqui, com o governo trabalhando rápido, leva-se de três a seis meses.” Os materiais para pesquisa, como as enzimas usadas em laboratório, têm de passar por licitação antes de chegar às bancadas. Compra-se sempre o insumo mais barato. O resultado é uma pesquisa de baixa qualidade. “Como o material demora a chegar, o pesquisador prefere reproduzir os resultados de pesquisas internacionais, cujos reagentes ele já conhece”, diz Zamboni. A capacidade de a ciência brasileira inovar cai. No Brasil, o cientista também precisa acumular funções administrativas, além de pesquisar e dar aulas. “Nos últimos anos, fui agente de viagens, eletricista e administradora do meu laboratório”, diz Suzana. Nos Estados Unidos, ela terá estrutura para trabalhar sem ter de se preocupar com essas questões. Segundo ela, há ainda outro problema grave: como são contratados como funcionários públicos, os cientistas em universidades públicas brasileiras não são avaliados por seu desempenho como deveriam. “Prega-se que todos os professores e colaboradores sejam remunerados de maneira idêntica, não importa o que eles façam.” Os resultados de quem inova não são recompensados - e as falhas de quem trabalha mal não são coibidas.

Suzana ainda não tem data para embarcar. Está à espera da liberação do visto de trabalho. Na sala de casa, uma barafunda de malas e roupas aguarda o momento da partida. O marido e os cachorros da família já foram para os Estados Unidos. Junto com Suzana, viajarão duas pesquisadoras de sua equipe brasileira. Na Vanderbilt, Suzana terá verba para pesquisa, salário confortável e dois escritórios em departamentos diferentes da universidade. “No Brasil, meu escritório era um aquário dentro do laboratório”, diz, com uma risada meio desgostosa. Suzana viaja com esperança de que as coisas por aqui melhorem, mas teme que outros cientistas sigam seu rumo. “Sair do Brasil é a decisão natural para todo pesquisador brasileiro que tiver produção suficiente para conseguir emprego lá fora”, diz Suzana. “Certamente, não serei a última.” ?




Mercado Aberto: Tratamento

08/05/2016 - Folha de S.Paulo


Para 67% das funcionárias do grupo Sanofi, no nível de média gerência, é certo chegar a um alto cargo gerencial na empresa, mostra pesquisa da farmacêutica.

A companhia atribui o alto percentual a medidas internas de valorização, como o custeio de viagens de bebês e de um acompanhante para as mães que estão em fase de amamentação.

 
 

Fila para exames cresce 56% na capital; tempo de espera passa dos 5 meses

09/05/2016 - O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - A fila para a realização de exames na rede municipal de saúde cresceu 56% no último ano. Atualmente, 347 mil pessoas aguardam chamado da gestão Fernando Haddad (PT) para se submeter a um exame simples, como uma endoscopia, ou mais complexo, como uma tomografia computadorizada. No início do ano passado, esse número era de 223 mil pacientes. O tempo de espera pode passar de cinco meses.

A crise econômica também influencia, pois a alta da taxa de desemprego reduz o porcentual da população que tem plano de saúde e ocasiona a volta dessas pessoas para o sistema público. A sobrecarga eleva o tempo de espera.

Como resultado desse cenário, há quem tenha de aguardar cerca de um ano para ser atendido. É o caso da espera média para cirurgias ginecológicas, que chega a 382 dias, ou do ultrassom de próstata – 317 dias. Os dados também revelam que, mesmo quando a fila é pequena, a demora é grande. Os 28 pacientes que precisam ser submetidos a um ultrassom do tórax, por exemplo, terão de esperar 27 dias para fazer o procedimento. Na prática, a Prefeitura só atende um deles por dia.

Com tanta gente na fila, a dona de casa Antônia Pereira Martins, de 54 anos, aguarda há seis meses para fazer dois exames para diagnóstico de incontinência urinária. São eles: avaliação urodinâmica, uma espécie de eletrocardiograma da bexiga, e tomografia computadorizada do mesmo órgão. Usuária da Unidade Básica de Saúde (UBS) República, na Praça da Bandeira, ela está na fila desde outubro do ano passado.

“Estão demorando demais para me chamar e não faço ideia de quando isso vai acontecer. Não costuma demorar tanto”, diz Antônia. Paciente da rede pública, ela afirma não ter como pagar pelos exames em uma clínica particular, por isso, o jeito é esperar. Em laboratórios mais populares, apenas a tomografia custa cerca de R$ 370. Segundo a secretaria, Antônia está na nona posição da fila, com prioridade no atendimento.

Usuária da mesma UBS, a bióloga Marcy Kurossu, de 32 anos, diz que exames simples, como raio X ou hemograma, saem rápido no posto, geralmente entre dez e 30 dias. O que demora, segundo ela, são as avaliações que exigem imagens, como tomografia. A paciente teve de esperar mais de três meses para se submeter ao procedimento e já entrou novamente na fila para novo acompanhamento, sem data para atendimento.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Renato Lima, diz que a Prefeitura precisa descentralizar os serviços de diagnóstico para reduzir a espera. “Com mais laboratórios atendendo, mais rápido sai o resultado. A demora hoje acontece não apenas para colher o exame, mas para fazer a análise do material”, explica.


VAGAS


A Prefeitura argumenta que o aumento da fila é também consequência do aumento da oferta de vagas para realização de exames na capital. De acordo com o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha, a secretaria faz 1,1 milhão de ultrassons por ano, ante 741 mil realizados em 2012, último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD). No geral, a oferta de exames passou de 1,6 milhão para 2,1 milhão por ano.

“Com a chegada da Rede Hora Certa na periferia, como em M’ Boi Mirim, na zona sul, e Cidade Tiradentes, na zona leste, os serviços estão mais perto das pessoas. Com o aumento da oferta, aumenta a demanda. E, com a crise, caiu muito o número de pessoas que têm convênio”, explica Padilha.

No caso das cirurgias, o secretário alega que a espera é alta porque a média é puxada para cima por procedimentos mais complexos, como os ortopédicos, ou porque é preciso atender pacientes que aguardam na fila há mais de quatro anos. Mas ressalta que alguns mutirões têm ajudado a reduzir esse tempo, especialmente nas áreas de ginecologia e pediatria – neste último caso, a espera média caiu para 53 dias e a meta é zerar a fila neste ano./




Sensível e calculista

09/05/2016 - O Globo


Diante da necessidade de tomar uma decisão, o cérebro humano analisa as evidências disponíveis em busca da escolha mais acertada, produzindo um sentimento de confiança na sua avaliação. Este sentimento, embora subjetivo, baseia-se em cálculos estatísticos objetivos. A conclusão é de um estudo de pesquisadores do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, e do Laboratório de Sistemas em Neurociência de Lendület, na Hungria, descrito no periódico científico “Neuron”. De acordo com os especialistas, portanto, apesar das muitas provas da falibilidade humana, a nossa tomada de decisões leva em conta um processamento de informações semelhante à forma de trabalhar de um computador.

— Na sua forma última, o sentimento (de confiança) tem como base os mesmos cálculos estatísticos que um computador realizaria — explica o pesquisador Adam Kepecs, professor de neurociência da instituição americana.

Segundo Kepecs, o desenvolvimento de um modelo de avaliação do sentimento de confiança, realizado por seu estudo, é o primeiro passo rumo ao objetivo final: descobrir a região do cérebro onde fica este nosso “estatístico interno” e como o órgão processa os dados recebidos. De acordo com os cientistas, a investigação promete trazer avanços não só para a neurociência como para a estatística e, principalmente, para o aprendizado de máquinas na busca pela criação de uma inteligência artificial.


PARALISADOS DIANTE DA DÚVIDA


Para isso, porém, Kepecs teve que buscar estudos anteriores que indicavam que o sentimento de confiança é decorrente de aproximações e simplificações provenientes da forma como trabalha nosso cérebro. Estas hipóteses são usadas para explicar por que a confiança estaria tão sujeita a nos induzir a erros. O pesquisador, no entanto, desconfiava que essa imagem não poderia estar certa, já que, se o sentimento fosse tão falho assim, ficaríamos como que paralisados diante de qualquer dúvida.

— As pessoas frequentemente se focam nas situações em que a confiança está divorciada da realidade — destaca. — Mas sempre que tomamos uma decisão, precisamos da confiança. Assim, se não tivéssemos um mecanismo acurado que geralmente estivesse certo, teríamos enormes dificuldades para corrigir nossas decisões ou fazer apostas.

Assim, para determinar se o sentimento de confiança poderia ser construído a partir de cálculos objetivos, Kepecs e o estudante de graduação do laboratório Joshua Sanders criaram jogos para comparar performances humanas e de computadores. Num experimento, voluntários ouviam sons entremeados por cliques e tinham que determinar quais sons tinham cliques mais rápidos. Os participantes, então, avaliavam suas escolhas em uma escala de um (chute completo) a cinco (alta confiabilidade). Kepecs e seus colegas descobriram que as respostas humanas eram similares a cálculos objetivos. A confiança em relação às respostas acompanhava a própria taxa de acerto. Eles concluíram, então, que o cérebro produz esses sentimentos de confiança que formulam decisões a partir de estatísticas.

— Se pudermos quantificar as evidências que baseiam a decisão da pessoa, poderemos então questionar o desempenho de um algoritmo estatístico diante das mesmas evidências — conta Kepecs, acrescentando que as respostas dos humanos foram similares às dadas pelos cálculos estatísticos, com o cérebro produzindo o sentimento de confiança da mesma forma que os algoritmos identificaram os padrões em meio ao ruído nos dados.


MELHORES QUE COMPUTADORES


O modelo para avaliação da confiança construído pelos pesquisadores se manteve válido em um experimento posterior. Neste, um outro grupo de voluntários respondeu a questões de comparação da população de vários países, que foram apresentados a eles em duplas. Os participantes, então, deveriam indicar qual país tinha mais habitantes. À diferença da experiência anterior, baseada simplesmente na percepção, esta segunda proposta dependia do próprio conhecimento acumulado pelos voluntários anteriormente. Mas, apesar disso, os resultados seguiram aqueles encontrados no primeiro experimento, com o nível de confiança subindo juntamente com a taxa de acerto.

Ainda assim, Kepecs ressalta que os cálculos estatísticos feitos pelo cérebro revelados no estudo provavelmente são apenas um primeiro indicador de como o nosso órgão processa as decisões que tomamos.

— A confiança humana não é equivalente à computação — comenta o cientista. — Nos experimentos que conduzimos, a confiança espelha esta computação, mas suspeitamos de que em situações mais complexas os cálculos estatísticos sejam apenas o ponto de partida para a construção da confiança.

Ter uma teoria sobre o sentimento de confiança, segundo o pesquisador, é um primeiro passo necessário para desvendar como o cérebro de fato faz isso e como os neurônios agem neste processo:

— Afinal, seres humanos ainda são melhores que computadores na solução de problemas realmente difíceis.




Mulheres superam câncer e viram mães

08/05/2016 - O Estado de S.Paulo


“Às vezes até esqueço que passei por tudo isso.” Carteira em Mirandópolis, no interior paulista, Patricia Alves de Oliveira Moraes, de 28 anos, é uma mãe que venceu todos os prognósticos médicos: superou um câncer no ovário durante a gestação e vai comemorar o Dia das Mães mais uma vez ao lado da filha, Estela Vitória, de 7 anos.

“Ela se chama Vitória porque foi uma vitória, né?”, diz Patricia.O drama todo foi vividoem2008.

Descobriu que estava grávida no segundo mês de gestação. Logo na primeira consulta pré-natal, o que era alegria se transformou em pânico.“ Fui diagnosticada com câncer.

E era um caso muito agressivo”, conta.“A médica que primeiro me atendeu foi taxativa: eu perderia (o bebê).” Encaminhada para o Hospital de Câncer de Barretos, também no interior, passou por uma cirurgia e começou a quimioterapia.

“Assinei um termo de ciência de que poderia sofrer um aborto em virtude do tratamento”, diz. Seis meses mais tarde, uma nova cirurgia: desta vez, o parto. “Um pediatra retirou a neném e, em seguida, um oncologista já tirou o tumor. Tudo na mesma operação.” Dia das Mães também se tornou uma data simbólica de superação para a publicitária Kellis Anastacio Vito, de 41 anos. Em 2011, em exames de rotina, ela foi diagnosticada com câncer no colo do útero. Na época, morava em Birigui, no interior paulista – hoje vive no Recife. “Os médicos disseram que eu teria de tirar o útero e estavam preocupados porque eu não tinha filhos”, diz.“ Confesso que não tinha mesmo intenção de me tornar mãe. Estava conformada.” Foi em Barretos que o panorama mudou. Os médicos optaram por uma cirurgia menos agressiva, tirando boa parte do colo do útero, mas preservando a estrutura necessária para uma gravidez. “Eles me conscientizaram: diziam que eu ainda poderia conhecer alguém no futuro e querer ser mãe”, conta.


PROFECIA


Em 2013, Kellis conheceu Kleber Luiz Vito, funcionário de uma empresa calçadista, hoje com 31 anos. “Começamos a namorar e ele foi comigo na última consulta de acompanhamento do meu tratamento do câncer, justamente quando o médico ‘liberou’ uma gravidez”, diz. Foi uma gestação de risco, exigindo muito repouso.

Cauã é um menino saudável de 2 anos e 5 meses.

De acordo com o pesquisador Marcelo de Andrade Vieira, cirurgião oncológico da instituição de Barretos, as chances de uma mulher engravidar após a retirada desse tipo de tumor são muito baixas porque um efeito colateral da cirurgia costuma ser o estreitamento do anel endocervical do colo do útero. “Se nenhum cuidado for tomado, eu diria que em 80% das pacientes a chance de gravidez vai a zero”, afirma.

Incomodado com isso, ele inventou, em 2012, um dispositivo plástico para colocar no anel durante a cirurgia, preservando o aberto. Com isso, as chances de gravidez passam a ser de 60%–em uma mulher sem o problema, oíndiceésuperiora95%.


RESULTADO


De lá para cá, 18 pacientes já usaram o dispositivo.

Uma delas é a gerente financeira Ana Paula da Silva Azevedo, de 32 anos. Moradora de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, ela descobriu o câncer no fim de 2014. O primeiro médico que a atendeu, na vizinha Dourados, recomendou um tratamento agressivo. “Ele queria retirar imediatamente útero, ovários, trompas, tudo”, conta ela.

Mãe de um filho – Lucas Daniel, hojecom8anos–,Ana Paula já estava no segundo casamento, com o encarregado de operações André José da Silva, atualmente com 32 anos, e queria ser mãe denovo.A equipe do médico Vieira assumiu o caso, em Barretos.

Ana Paula fez a cirurgia em março de 2015. Em janeiro deste ano, o médico a liberou para tentar engravidar, se quisesse.

Dito e feito. “Estou grávida de 15 semanas”, afirmou, na quinta feira. “Ainda não sei se é menino ou menina. Mas já tenho os nomes: ou Vitor ou Vitória, porque esta criança é a vitória da minha esperança.”




Plantão Médico: Prevenindo os tombos da vida

07/05/2016 - Folha de S.Paulo


Em diversos parques de São Paulo são observadas pessoas praticando o tai chi chuan. Essa atividade esportiva, segundo seus adeptos, melhora a flexibilidade corporal e promove o equilíbrio emocional.

Um estudo sobre essa prática realizada com idosos fragilizados e selecionados em pronto-socorro após quedas sugere melhor resultado do que exercícios físicos para as extremidades inferiores, segundo pesquisadores da Taipei Medical University.

Especialistas em ortopedia e fisioterapia há muitos anos expõem preocupação com idosos e seus possíveis graves acidentes relacionados a quedas.

A pesquisa de Hei-Fen Hwang e colaboradores publicada no "Journal of the American Geriatric Society" relata redução significativa de quedas com grave repercussão durante os seis meses da prática do tai chi chuan e melhora da função cognitiva nos 18 meses seguintes.

Os autores citam o U. S. Preventive Services Task Force, que refere que o tai chi chuan demonstra eficácia em reduzir quedas e suas consequências e sintomas de algumas doenças crônicas contribuindo assim para melhorar o bem-estar das pessoas.

Hei-Fen Hwang destaca ainda que a prática de origem chinesa é mais efetiva preventivamente do que a técnica convencional para reduzir quedas, mas, por outro lado, permanece desconhecida como exercício terapêutico.

Isso porque poucos estudos a comparam com outras formas de exercícios para a redução de quedas em idosos.




Teste 3 em 1 do ‘Aedes’ já atrasa 3 meses

07/05/2016 - O Estado de S.Paulo


Anunciado em janeiro como um grande trunfo para o diagnóstico rápido de zika, chikungunya e dengue, o kit três em um desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz ainda não foi distribuído para laboratórios públicos.

O atraso de mais de três meses no cronograma apresentado com orgulho pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Castro é fruto de uma decisão – considerada para alguns, como óbvia – de que a ferramenta, antes de ser colocada em uso, precisa de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Não era esse o acordo inicial”, afirmou o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli. Ele argumenta que o produto não seria usado com fins lucrativos e, por isso, dispensaria tal exigência.

A mudança na orientação aconteceu depois de o Ministério da Saúde divulgar a compra e a distribuição de 500 mil exames ainda neste ano. A ideia inicial era de que os primeiros lotes estariam disponíveis na rede pública já em fevereiro. A notícia na época foi considerada como um alento, sobretudo diante do aumento de casos de microcefalia e zika no País. O kit, dizia Castro, além de fornecer resultado do teste em três horas era significativamente mais barato. Pelos métodos tradicionais, reagentes importados custam entre R$ 800 e R$ 2 mil. Com o novo kit, o custo será de R$ 80.

Stabeli afirma que, se tudo correr como o previsto, o kit será liberado pela Anvisa no fim deste mês – para isso, seria necessário que a análise fosse feita em 15 dias. “Temos a previsão de que isso será possível.” O vice-presidente da Fiocruz avalia que, com a exigência imposta, tempo foi perdido. “Perdeu-se uma oportunidade de se usar o produto quando ele era mais necessário”, avalia.

O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que a exigência de registro na Anvisa não poderia ser dispensada. O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis da pasta, Cláudio Maierovitch, diz que o registro não é mera formalidade, mas garantia sobre a qualidade do resultado obtido.

Testes realizados atualmente para diagnóstico de zika são feitos praticamente de forma artesanal. Os exames procuram identificar fragmentos do vírus em amostras coletadas de pacientes com a suspeita da infecção. A qualidade dos testes é assegurada por equipes dos laboratórios encarregados.


BOLO


Maierovitch compara o teste com a preparação de um bolo. O exame atualmente usado é como um prato feito artesanalmente, onde a equipe é encarregada de fazer a mistura dos reagentes, de fiscalizar cada etapa até o resultado final. “O kit é diferente. É como uma mistura para bolo de caixinha. Ela já vem pronta. Quem o prepara não sabe quantos ovos foram usados, quanto de farinha e tem pouca interferência sobre a qualidade final do produto. Daí a necessidade de se fazer uma verificação prévia, na Anvisa, para assegurar que todos tenham acesso a um produto adequado”, comparou Maierovitch.

Técnicos da Anvisa ouvidos pelo Estado disseram que, desde o anúncio em janeiro, já estava claro que o kit deveria ser avaliado pela agência. Na época, classificaram o evento como uma comemoração para uma promessa, não para um fato. De acordo com técnicos, houve otimismo de sobra e precaução de menos.




Mercado Aberto: SANGUE RENOVADO

08/05/2016 - Folha de S.Paulo


A BD, multinacional fabricante de equipamentos para a área de saúde, vai investir US$ 30 milhões (R$ 106,1 milhões) na construção de uma segunda planta em Curitiba.

A nova fábrica do grupo servirá à produção de tubos para coleta de sangue, e o investimento e a implantação levarão de um a dois anos para se concretizarem.

As duas unidades atuais produzem de seringas a coletores para o descarte de materiais cortantes.

"Os mercados emergentes, entre eles o Brasil, representam cerca de 16% da receita anual da BD", diz Vincent Forlenza, principal executivo do grupo.

A perspectiva de crescimento das operações em países em desenvolvimento ainda é grande, por serem mercados que têm como prioridade prover assistência médica a uma fatia maior da população, lembra ele.

"Sendo uma atuação local com fabricação de produtos, o Brasil tem uma importância para nós que vai além do atendimento ao mercado interno. Os produtos brasileiros são vendidos em todo o mundo."

Com a compra da americana CareFusion, em 2015, a BD reforçou também a presença nos Estados Unidos e incluiu itens, como bombas de infusão, em seu portfólio.

2 FÁBRICAS
tem a multinacional no
Brasil, uma em Juiz de Fora (MG) e a outra em Curitiba

45 MIL
é o total global de funcionários

R$ 1 BILHÃO
foi o faturamento da operação no Brasil no ano passado




Bactérias do HC

08/05/2016 - Folha de S.Paulo


Quantas famílias de bactérias habitam os botões dos elevadores, as teclas dos caixas eletrônicos, os relógios de ponto ou as superfícies dos banheiros do maior complexo hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas de São Paulo?

Uma equipe do Instituto de Medicina Tropical da USP decidiu investigar as áreas de grande circulação do HC e frequentemente tocadas pelas mãos e fez um "censo" da população bacteriana. Foram identificados 2.832 gêneros de 926 famílias.

Os pesquisadores dizem que já esperavam encontrar um grande número de bactérias por causa da precisão do método de biologia molecular usado, que lê rapidamente milhões de fragmentos de DNA ao mesmo tempo.

A surpresa, no entanto, foi a enorme diversidade dessa população bacteriana, o que indicaria falhas na higienização das mãos e na rotina de limpeza do hospital.

"Nunca vai existir um ambiente livre de bactérias, mas a diversidade delas surpreendeu muito. Nem dá para dizer qual ambiente está mais sujo. Está tudo igualmente sujo", diz o pesquisador Sabri Sanabani, do Instituto de Medicina Tropical da USP, um dos autores do estudo.

O trabalho foi publicado na revista científica "International Journal of Environmental Research and Public Health".

A maioria das bactérias isoladas pertence à flora normal (habitam o intestino e a pele das pessoas, por exemplo) e não traz grandes riscos a pessoas saudáveis.

Mas algumas são potencialmente perigosas a pacientes imunodeprimidos e, segundo a literatura médica, responsáveis por muitos casos de infecções hospitalares.

Foram identificados, por exemplo, 35 diferentes variedades da bactéria Streptococcus ssp. Uma delas (Streptococcus pyogenes), isolada nos elevadores e bancos eletrônicos, causa desde faringites bacterianas até quadros mais graves como choque séptico (situações raras).

A Staphylococus foi encontrada em todas as superfícies pesquisadas. Entre elas está a S. epidermidis, presente na pele e nas mucosas e responsável por até 22% das infecções hospitalares nas UTIs dos Estados Unidos.

Também foi identificada, com menos frequência, a S. aureus, ligada a infecções mais graves, como pneumonia, endocardite e meningite. A Salmonella enterica, responsável por muitos casos de intoxicação alimentar, foi encontrada em todas áreas.

Segundo Sanabani, esse tipo de estudo é importante para conhecer melhor a comunidade bacteriana e investigar como esses agentes são transmitidos de lugar para lugar e de pessoa para pessoa.

O infectologista Esper Kallás, professor da USP, diz que é preciso ter cautela ao interpretar os dados da pesquisa. "Encontrar um monte de bactérias no botão do elevador, teclados, superfícies de banheiros e no relógio de ponto não seria novidade nenhuma. Agora, se representa risco de infecção, é diferente."

O estudo não faz nenhuma associação entre a identificação das bactérias e eventual aumento de infecção no HC.

Para Kallás, a conclusão do estudo, de que a alta diversidade de bactérias pode ser atribuída a falta de higiene, é precipitada porque não foram adotados controles que suportem essa hipótese.


MEDIDAS PREVENTIVAS


Para o pesquisador Sabri Sanabani, há caminhos que podem ajudar a melhorar as condições de higiene no hospital, como o reforço da limpeza dos ambientes ou mesmo reformas de áreas.

Ele sugere também o uso de uma voz automatizada nos principais ambientes, como corredores e salas de espera, alertando para a importância da higiene das mãos.

O infectologista Artur Timerman, chefe do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Edmundo Vasconcelos (SP), explica que as mãos são os principais veículos na transmissão das bactérias que estão no meio ambiente. Com água e sabão ou álcool gel, 99% desses germes podem ser eliminados.

"O índice de profissionais de saúde que lavam corretamente as mãos não chega a 50%. Quando tem campanha, chega a 60%, 70%, mas isso só dura uma semana", diz.

Timerman considera mais eficaz um programa de educação continuada nos hospitais, com supervisão, do que campanhas preventivas isoladas. "Tinha que ter gente fiscalizando se as pessoas lavam ou não as mãos."

O estudo no HC faz parte de uma investigação mais ampla do grupo de pesquisadores, que pretende mapear toda população bacteriana que possa representar perigo para a saúde pública.

O grupo já utilizou as mesmas técnicas para analisar notas de dinheiro e planeja estudar o microbioma no sistema de ar-condicionado nas linhas do metrô.




Hospital diz que faz controle permanente de infecções

08/05/2016 - Folha de S.Paulo


O Hospital das Clínicas da FMUSP afirmou em nota que, por não conhecer o protocolo da pesquisa citada, não se manifestaria especificamente sobre ele.

O hospital, porém, informa que realiza de forma permanente o controle de infecção hospitalar por todo o complexo, inclusive nas áreas de grande circulação, e tem equipes de médicos e enfermeiros dedicados integralmente à tarefa e equipes de limpeza atuando continuamente.

O HC disse ainda que tem uma comissão de controle de infecção hospitalar responsável por coordenar todas as ações de prevenção e controle de infecções no hospital.

"Cada um dos oito institutos possui equipe própria para realizar o controle e prevenção. As ações são realizadas continuamente em todo o complexo. Todos os profissionais ligados à assistência devem seguir os dois guias de procedimento do hospital para a área, com normas para a utilização de anti-infecciosos e recomendações para a prevenção de infecções e para a assistência segura para pacientes e profissionais de saúde", afirmou.

Além disso, o hospital informou que realiza campanhas de higienização e possui álcool gel em pontos de grande circulação e próximos a locais como elevadores e pontos eletrônicos.




Transfusão pode transmitir dengue e zika

09/05/2016 - Folha de S.Paulo


Os vírus da dengue e da zika podem ser transmitidos por meio de transfusões sanguíneas—além da via mais comum, que é a picada do mosquito Aedes aegypti.

A constatação vem de estudos recentes e abriu discussão sobre a necessidade ou não do uso de novos testes no sangue doado e de tecnologias de inativação dos vírus.

Em março, uma pesquisa publicada no “The Journal of Infectious Diseases”mostrou que a taxa de transmissão de dengue por transfusão sanguínea é de 37,5%.

O trabalho foi feito nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e de Recife (PE) durante a epidemia de dengue de 2012. É o maior levantamento sobre transmissão transfusional de dengue já feito no mundo (veja infográfico ao lado).

Segundo Ester Sabino, diretorado Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP e uma das autoras do trabalho, os infectados foram comparados com um grupo que não recebeu sangue contaminado (grupo controle) e não houve diferença em relação à mortalidade ou à gravidade de sintomas—como diminuição no número de plaquetas no sangue.

Sintomas mais leves, como febre ou mal-estar, são comuns tanto em pacientes com dengue como em pacientes internados. Ou seja, não dá para saber se eram relativos ao vírus ou à própria condição clínica do doente.

Em relação ao vírus da zika, dois casos de transmissão da infecção por meio de transfusões sanguíneas foram relatados no fim de 2015 na região de Campinas (SP) e ainda estão sendo investigados para, posterior, publicação.

Estudos feitos na Polinésia Francesa encontraram resultados positivos para o vírus da zika em quase 3% dos doadores de sangue.Não houve, porém, caso de transmissão sanguínea documentado.


TESTES


No momento,a USP desenvolve um novo estudo que avaliará o impacto das três arboviroses (dengue, zika e chikungunya) em pacientes que receberam transfusões em três institutos ligados ao Hospital das Clínicas.

Para Ester Sabino, é preciso buscar evidências que apontem o impacto dessas infecções nos receptores para, então, avaliar se é preciso introduzir novos testes no sangue dos doadores.

“Há várias infecções que podem ser transmitidas nas transfusões, mas que hoje não são testadas porque o impacto no paciente não é tão significativo e os custos são altos”, explica a médica.

Segundo ela, testes moleculares para detectar zika no sangue doado poderiam se justificar para grupos específicos, como gestantes que vão receber transfusões—já que a infecção pode causar microcefalia nos bebês.

Porém,na opinião de Dante Langhi, coordenador da Hemor rede do Estado de São Paulo, priorizar somente as grávidas pode gerar um debate ético. “A segurança na transfusão tem que ser para todo mundo”, afirma.

Não há, hoje, testes de diagnóstico da infecção pelo vírus zika que sejam registrados ou adequados para a triagem laboratorial de doadores de sangue, segundo Dimas Tadeu Covas, presidente da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular).

Covas afirma que,até o momento, não existem evidências na literatura científica que justifiquem a adoção de novos testes laboratoriais nos bancos de sangue para o diagnóstico das arbovirores.

“A transmissão [dos vírus da dengue, zika e chikungunya] pode estar ocorrendo, mas é um evento raro.A prioridade agora são estudos que e lucidem o real risco do desenvolvimento de doenças, o que ainda não sabemos.”




Técnica reduz chance de transmitir malária

09/05/2016 - Folha de S.Paulo


Embora a malária seja transmitida por picadas de mosquitos, a chance de contrair a doença por transfusão de sangue é alta em países africanos. Uma nova técnica conseguiu reduzir o risco de transmissão de malária por transfusão de sangue.

Em Gana, onde foi feita a pesquisa, 50% dos doadores de sangue contêm o plasmódio, parasita causador da doença. O resultado: entre 14% a 28%dos pacientes que receberam transfusões testam positivo para o parasita.

A técnica para reduzir esse risco consiste em tratar o sangue com radiação ultravioleta e vitamina B2. Estudos prévios em laboratório mostraram que ela poderia inativar vários patógenos, como o plasmódio,o vírus HIV ou os vírus das hepatites B e C.

No estudo,publicado na revista médica “The Lancet”, dentre os pacientes que não tinham o plasmódio, parte recebeu sangue tratado, parte recebeu o não tratado. No total, 22% dos que receberam o sangue tradicional testaram positivo para o parasita e só 4% dos que receberam o sangue tratado testaram positivo.

Comentando o estudo na mesma edição da revista médica, Sheila F O’ Brien, dos Serviços de Sangue do Canadá,disse que esse tipo de técnica deixaria ainda mais seguras as transfusões nos países desenvolvidos e pode “revolucionar a segurança na transfusão na África,onde ela é mais necessária”.

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