Fila para exames cresce 56% na capital; tempo de espera passa dos 5 meses
09/05/2016 - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A fila para a realização de exames na rede municipal de saúde cresceu 56% no último ano. Atualmente, 347 mil pessoas aguardam chamado da gestão Fernando Haddad (PT) para se submeter a um exame simples, como uma endoscopia, ou mais complexo, como uma tomografia computadorizada. No início do ano passado, esse número era de 223 mil pacientes. O tempo de espera pode passar de cinco meses.
A crise econômica também influencia, pois a alta da taxa de desemprego reduz o porcentual da população que tem plano de saúde e ocasiona a volta dessas pessoas para o sistema público. A sobrecarga eleva o tempo de espera.
Como resultado desse cenário, há quem tenha de aguardar cerca de um ano para ser atendido. É o caso da espera média para cirurgias ginecológicas, que chega a 382 dias, ou do ultrassom de próstata – 317 dias. Os dados também revelam que, mesmo quando a fila é pequena, a demora é grande. Os 28 pacientes que precisam ser submetidos a um ultrassom do tórax, por exemplo, terão de esperar 27 dias para fazer o procedimento. Na prática, a Prefeitura só atende um deles por dia.
Com tanta gente na fila, a dona de casa Antônia Pereira Martins, de 54 anos, aguarda há seis meses para fazer dois exames para diagnóstico de incontinência urinária. São eles: avaliação urodinâmica, uma espécie de eletrocardiograma da bexiga, e tomografia computadorizada do mesmo órgão. Usuária da Unidade Básica de Saúde (UBS) República, na Praça da Bandeira, ela está na fila desde outubro do ano passado.
“Estão demorando demais para me chamar e não faço ideia de quando isso vai acontecer. Não costuma demorar tanto”, diz Antônia. Paciente da rede pública, ela afirma não ter como pagar pelos exames em uma clínica particular, por isso, o jeito é esperar. Em laboratórios mais populares, apenas a tomografia custa cerca de R$ 370. Segundo a secretaria, Antônia está na nona posição da fila, com prioridade no atendimento.
Usuária da mesma UBS, a bióloga Marcy Kurossu, de 32 anos, diz que exames simples, como raio X ou hemograma, saem rápido no posto, geralmente entre dez e 30 dias. O que demora, segundo ela, são as avaliações que exigem imagens, como tomografia. A paciente teve de esperar mais de três meses para se submeter ao procedimento e já entrou novamente na fila para novo acompanhamento, sem data para atendimento.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Renato Lima, diz que a Prefeitura precisa descentralizar os serviços de diagnóstico para reduzir a espera. “Com mais laboratórios atendendo, mais rápido sai o resultado. A demora hoje acontece não apenas para colher o exame, mas para fazer a análise do material”, explica.
VAGAS
A Prefeitura argumenta que o aumento da fila é também consequência do aumento da oferta de vagas para realização de exames na capital. De acordo com o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha, a secretaria faz 1,1 milhão de ultrassons por ano, ante 741 mil realizados em 2012, último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD). No geral, a oferta de exames passou de 1,6 milhão para 2,1 milhão por ano.
“Com a chegada da Rede Hora Certa na periferia, como em M’ Boi Mirim, na zona sul, e Cidade Tiradentes, na zona leste, os serviços estão mais perto das pessoas. Com o aumento da oferta, aumenta a demanda. E, com a crise, caiu muito o número de pessoas que têm convênio”, explica Padilha.
No caso das cirurgias, o secretário alega que a espera é alta porque a média é puxada para cima por procedimentos mais complexos, como os ortopédicos, ou porque é preciso atender pacientes que aguardam na fila há mais de quatro anos. Mas ressalta que alguns mutirões têm ajudado a reduzir esse tempo, especialmente nas áreas de ginecologia e pediatria – neste último caso, a espera média caiu para 53 dias e a meta é zerar a fila neste ano./
Sensível e calculista
09/05/2016 - O Globo
Diante da necessidade de tomar uma decisão, o cérebro humano analisa as evidências disponíveis em busca da escolha mais acertada, produzindo um sentimento de confiança na sua avaliação. Este sentimento, embora subjetivo, baseia-se em cálculos estatísticos objetivos. A conclusão é de um estudo de pesquisadores do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, e do Laboratório de Sistemas em Neurociência de Lendület, na Hungria, descrito no periódico científico “Neuron”. De acordo com os especialistas, portanto, apesar das muitas provas da falibilidade humana, a nossa tomada de decisões leva em conta um processamento de informações semelhante à forma de trabalhar de um computador.
— Na sua forma última, o sentimento (de confiança) tem como base os mesmos cálculos estatísticos que um computador realizaria — explica o pesquisador Adam Kepecs, professor de neurociência da instituição americana.
Segundo Kepecs, o desenvolvimento de um modelo de avaliação do sentimento de confiança, realizado por seu estudo, é o primeiro passo rumo ao objetivo final: descobrir a região do cérebro onde fica este nosso “estatístico interno” e como o órgão processa os dados recebidos. De acordo com os cientistas, a investigação promete trazer avanços não só para a neurociência como para a estatística e, principalmente, para o aprendizado de máquinas na busca pela criação de uma inteligência artificial.
PARALISADOS DIANTE DA DÚVIDA
Para isso, porém, Kepecs teve que buscar estudos anteriores que indicavam que o sentimento de confiança é decorrente de aproximações e simplificações provenientes da forma como trabalha nosso cérebro. Estas hipóteses são usadas para explicar por que a confiança estaria tão sujeita a nos induzir a erros. O pesquisador, no entanto, desconfiava que essa imagem não poderia estar certa, já que, se o sentimento fosse tão falho assim, ficaríamos como que paralisados diante de qualquer dúvida.
— As pessoas frequentemente se focam nas situações em que a confiança está divorciada da realidade — destaca. — Mas sempre que tomamos uma decisão, precisamos da confiança. Assim, se não tivéssemos um mecanismo acurado que geralmente estivesse certo, teríamos enormes dificuldades para corrigir nossas decisões ou fazer apostas.
Assim, para determinar se o sentimento de confiança poderia ser construído a partir de cálculos objetivos, Kepecs e o estudante de graduação do laboratório Joshua Sanders criaram jogos para comparar performances humanas e de computadores. Num experimento, voluntários ouviam sons entremeados por cliques e tinham que determinar quais sons tinham cliques mais rápidos. Os participantes, então, avaliavam suas escolhas em uma escala de um (chute completo) a cinco (alta confiabilidade). Kepecs e seus colegas descobriram que as respostas humanas eram similares a cálculos objetivos. A confiança em relação às respostas acompanhava a própria taxa de acerto. Eles concluíram, então, que o cérebro produz esses sentimentos de confiança que formulam decisões a partir de estatísticas.
— Se pudermos quantificar as evidências que baseiam a decisão da pessoa, poderemos então questionar o desempenho de um algoritmo estatístico diante das mesmas evidências — conta Kepecs, acrescentando que as respostas dos humanos foram similares às dadas pelos cálculos estatísticos, com o cérebro produzindo o sentimento de confiança da mesma forma que os algoritmos identificaram os padrões em meio ao ruído nos dados.
MELHORES QUE COMPUTADORES
O modelo para avaliação da confiança construído pelos pesquisadores se manteve válido em um experimento posterior. Neste, um outro grupo de voluntários respondeu a questões de comparação da população de vários países, que foram apresentados a eles em duplas. Os participantes, então, deveriam indicar qual país tinha mais habitantes. À diferença da experiência anterior, baseada simplesmente na percepção, esta segunda proposta dependia do próprio conhecimento acumulado pelos voluntários anteriormente. Mas, apesar disso, os resultados seguiram aqueles encontrados no primeiro experimento, com o nível de confiança subindo juntamente com a taxa de acerto.
Ainda assim, Kepecs ressalta que os cálculos estatísticos feitos pelo cérebro revelados no estudo provavelmente são apenas um primeiro indicador de como o nosso órgão processa as decisões que tomamos.
— A confiança humana não é equivalente à computação — comenta o cientista. — Nos experimentos que conduzimos, a confiança espelha esta computação, mas suspeitamos de que em situações mais complexas os cálculos estatísticos sejam apenas o ponto de partida para a construção da confiança.
Ter uma teoria sobre o sentimento de confiança, segundo o pesquisador, é um primeiro passo necessário para desvendar como o cérebro de fato faz isso e como os neurônios agem neste processo:
— Afinal, seres humanos ainda são melhores que computadores na solução de problemas realmente difíceis.
Mulheres superam câncer e viram mães
08/05/2016 - O Estado de S.Paulo
“Às vezes até esqueço que passei por tudo isso.” Carteira em Mirandópolis, no interior paulista, Patricia Alves de Oliveira Moraes, de 28 anos, é uma mãe que venceu todos os prognósticos médicos: superou um câncer no ovário durante a gestação e vai comemorar o Dia das Mães mais uma vez ao lado da filha, Estela Vitória, de 7 anos.
“Ela se chama Vitória porque foi uma vitória, né?”, diz Patricia.O drama todo foi vividoem2008.
Descobriu que estava grávida no segundo mês de gestação. Logo na primeira consulta pré-natal, o que era alegria se transformou em pânico.“ Fui diagnosticada com câncer.
E era um caso muito agressivo”, conta.“A médica que primeiro me atendeu foi taxativa: eu perderia (o bebê).” Encaminhada para o Hospital de Câncer de Barretos, também no interior, passou por uma cirurgia e começou a quimioterapia.
“Assinei um termo de ciência de que poderia sofrer um aborto em virtude do tratamento”, diz. Seis meses mais tarde, uma nova cirurgia: desta vez, o parto. “Um pediatra retirou a neném e, em seguida, um oncologista já tirou o tumor. Tudo na mesma operação.” Dia das Mães também se tornou uma data simbólica de superação para a publicitária Kellis Anastacio Vito, de 41 anos. Em 2011, em exames de rotina, ela foi diagnosticada com câncer no colo do útero. Na época, morava em Birigui, no interior paulista – hoje vive no Recife. “Os médicos disseram que eu teria de tirar o útero e estavam preocupados porque eu não tinha filhos”, diz.“ Confesso que não tinha mesmo intenção de me tornar mãe. Estava conformada.” Foi em Barretos que o panorama mudou. Os médicos optaram por uma cirurgia menos agressiva, tirando boa parte do colo do útero, mas preservando a estrutura necessária para uma gravidez. “Eles me conscientizaram: diziam que eu ainda poderia conhecer alguém no futuro e querer ser mãe”, conta.
PROFECIA
Em 2013, Kellis conheceu Kleber Luiz Vito, funcionário de uma empresa calçadista, hoje com 31 anos. “Começamos a namorar e ele foi comigo na última consulta de acompanhamento do meu tratamento do câncer, justamente quando o médico ‘liberou’ uma gravidez”, diz. Foi uma gestação de risco, exigindo muito repouso.
Cauã é um menino saudável de 2 anos e 5 meses.
De acordo com o pesquisador Marcelo de Andrade Vieira, cirurgião oncológico da instituição de Barretos, as chances de uma mulher engravidar após a retirada desse tipo de tumor são muito baixas porque um efeito colateral da cirurgia costuma ser o estreitamento do anel endocervical do colo do útero. “Se nenhum cuidado for tomado, eu diria que em 80% das pacientes a chance de gravidez vai a zero”, afirma.
Incomodado com isso, ele inventou, em 2012, um dispositivo plástico para colocar no anel durante a cirurgia, preservando o aberto. Com isso, as chances de gravidez passam a ser de 60%–em uma mulher sem o problema, oíndiceésuperiora95%.
RESULTADO
De lá para cá, 18 pacientes já usaram o dispositivo.
Uma delas é a gerente financeira Ana Paula da Silva Azevedo, de 32 anos. Moradora de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, ela descobriu o câncer no fim de 2014. O primeiro médico que a atendeu, na vizinha Dourados, recomendou um tratamento agressivo. “Ele queria retirar imediatamente útero, ovários, trompas, tudo”, conta ela.
Mãe de um filho – Lucas Daniel, hojecom8anos–,Ana Paula já estava no segundo casamento, com o encarregado de operações André José da Silva, atualmente com 32 anos, e queria ser mãe denovo.A equipe do médico Vieira assumiu o caso, em Barretos.
Ana Paula fez a cirurgia em março de 2015. Em janeiro deste ano, o médico a liberou para tentar engravidar, se quisesse.
Dito e feito. “Estou grávida de 15 semanas”, afirmou, na quinta feira. “Ainda não sei se é menino ou menina. Mas já tenho os nomes: ou Vitor ou Vitória, porque esta criança é a vitória da minha esperança.”
Plantão Médico: Prevenindo os tombos da vida
07/05/2016 - Folha de S.Paulo
Em diversos parques de São Paulo são observadas pessoas praticando o tai chi chuan. Essa atividade esportiva, segundo seus adeptos, melhora a flexibilidade corporal e promove o equilíbrio emocional.
Um estudo sobre essa prática realizada com idosos fragilizados e selecionados em pronto-socorro após quedas sugere melhor resultado do que exercícios físicos para as extremidades inferiores, segundo pesquisadores da Taipei Medical University.
Especialistas em ortopedia e fisioterapia há muitos anos expõem preocupação com idosos e seus possíveis graves acidentes relacionados a quedas.
A pesquisa de Hei-Fen Hwang e colaboradores publicada no "Journal of the American Geriatric Society" relata redução significativa de quedas com grave repercussão durante os seis meses da prática do tai chi chuan e melhora da função cognitiva nos 18 meses seguintes.
Os autores citam o U. S. Preventive Services Task Force, que refere que o tai chi chuan demonstra eficácia em reduzir quedas e suas consequências e sintomas de algumas doenças crônicas contribuindo assim para melhorar o bem-estar das pessoas.
Hei-Fen Hwang destaca ainda que a prática de origem chinesa é mais efetiva preventivamente do que a técnica convencional para reduzir quedas, mas, por outro lado, permanece desconhecida como exercício terapêutico.
Isso porque poucos estudos a comparam com outras formas de exercícios para a redução de quedas em idosos.
Teste 3 em 1 do ‘Aedes’ já atrasa 3 meses
07/05/2016 - O Estado de S.Paulo
Anunciado em janeiro como um grande trunfo para o diagnóstico rápido de zika, chikungunya e dengue, o kit três em um desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz ainda não foi distribuído para laboratórios públicos.
O atraso de mais de três meses no cronograma apresentado com orgulho pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Castro é fruto de uma decisão – considerada para alguns, como óbvia – de que a ferramenta, antes de ser colocada em uso, precisa de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Não era esse o acordo inicial”, afirmou o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli. Ele argumenta que o produto não seria usado com fins lucrativos e, por isso, dispensaria tal exigência.
A mudança na orientação aconteceu depois de o Ministério da Saúde divulgar a compra e a distribuição de 500 mil exames ainda neste ano. A ideia inicial era de que os primeiros lotes estariam disponíveis na rede pública já em fevereiro. A notícia na época foi considerada como um alento, sobretudo diante do aumento de casos de microcefalia e zika no País. O kit, dizia Castro, além de fornecer resultado do teste em três horas era significativamente mais barato. Pelos métodos tradicionais, reagentes importados custam entre R$ 800 e R$ 2 mil. Com o novo kit, o custo será de R$ 80.
Stabeli afirma que, se tudo correr como o previsto, o kit será liberado pela Anvisa no fim deste mês – para isso, seria necessário que a análise fosse feita em 15 dias. “Temos a previsão de que isso será possível.” O vice-presidente da Fiocruz avalia que, com a exigência imposta, tempo foi perdido. “Perdeu-se uma oportunidade de se usar o produto quando ele era mais necessário”, avalia.
O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que a exigência de registro na Anvisa não poderia ser dispensada. O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis da pasta, Cláudio Maierovitch, diz que o registro não é mera formalidade, mas garantia sobre a qualidade do resultado obtido.
Testes realizados atualmente para diagnóstico de zika são feitos praticamente de forma artesanal. Os exames procuram identificar fragmentos do vírus em amostras coletadas de pacientes com a suspeita da infecção. A qualidade dos testes é assegurada por equipes dos laboratórios encarregados.
BOLO
Maierovitch compara o teste com a preparação de um bolo. O exame atualmente usado é como um prato feito artesanalmente, onde a equipe é encarregada de fazer a mistura dos reagentes, de fiscalizar cada etapa até o resultado final. “O kit é diferente. É como uma mistura para bolo de caixinha. Ela já vem pronta. Quem o prepara não sabe quantos ovos foram usados, quanto de farinha e tem pouca interferência sobre a qualidade final do produto. Daí a necessidade de se fazer uma verificação prévia, na Anvisa, para assegurar que todos tenham acesso a um produto adequado”, comparou Maierovitch.
Técnicos da Anvisa ouvidos pelo Estado disseram que, desde o anúncio em janeiro, já estava claro que o kit deveria ser avaliado pela agência. Na época, classificaram o evento como uma comemoração para uma promessa, não para um fato. De acordo com técnicos, houve otimismo de sobra e precaução de menos.
Mercado Aberto: SANGUE RENOVADO
08/05/2016 - Folha de S.Paulo
A BD, multinacional fabricante de equipamentos para a área de saúde, vai investir US$ 30 milhões (R$ 106,1 milhões) na construção de uma segunda planta em Curitiba.
A nova fábrica do grupo servirá à produção de tubos para coleta de sangue, e o investimento e a implantação levarão de um a dois anos para se concretizarem.
As duas unidades atuais produzem de seringas a coletores para o descarte de materiais cortantes.
"Os mercados emergentes, entre eles o Brasil, representam cerca de 16% da receita anual da BD", diz Vincent Forlenza, principal executivo do grupo.
A perspectiva de crescimento das operações em países em desenvolvimento ainda é grande, por serem mercados que têm como prioridade prover assistência médica a uma fatia maior da população, lembra ele.
"Sendo uma atuação local com fabricação de produtos, o Brasil tem uma importância para nós que vai além do atendimento ao mercado interno. Os produtos brasileiros são vendidos em todo o mundo."
Com a compra da americana CareFusion, em 2015, a BD reforçou também a presença nos Estados Unidos e incluiu itens, como bombas de infusão, em seu portfólio.
2 FÁBRICAS tem a multinacional no Brasil, uma em Juiz de Fora (MG) e a outra em Curitiba
45 MIL é o total global de funcionários
R$ 1 BILHÃO foi o faturamento da operação no Brasil no ano passado
Bactérias do HC
08/05/2016 - Folha de S.Paulo
Quantas famílias de bactérias habitam os botões dos elevadores, as teclas dos caixas eletrônicos, os relógios de ponto ou as superfícies dos banheiros do maior complexo hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas de São Paulo?
Uma equipe do Instituto de Medicina Tropical da USP decidiu investigar as áreas de grande circulação do HC e frequentemente tocadas pelas mãos e fez um "censo" da população bacteriana. Foram identificados 2.832 gêneros de 926 famílias.
Os pesquisadores dizem que já esperavam encontrar um grande número de bactérias por causa da precisão do método de biologia molecular usado, que lê rapidamente milhões de fragmentos de DNA ao mesmo tempo.
A surpresa, no entanto, foi a enorme diversidade dessa população bacteriana, o que indicaria falhas na higienização das mãos e na rotina de limpeza do hospital.
"Nunca vai existir um ambiente livre de bactérias, mas a diversidade delas surpreendeu muito. Nem dá para dizer qual ambiente está mais sujo. Está tudo igualmente sujo", diz o pesquisador Sabri Sanabani, do Instituto de Medicina Tropical da USP, um dos autores do estudo.
O trabalho foi publicado na revista científica "International Journal of Environmental Research and Public Health".
A maioria das bactérias isoladas pertence à flora normal (habitam o intestino e a pele das pessoas, por exemplo) e não traz grandes riscos a pessoas saudáveis.
Mas algumas são potencialmente perigosas a pacientes imunodeprimidos e, segundo a literatura médica, responsáveis por muitos casos de infecções hospitalares.
Foram identificados, por exemplo, 35 diferentes variedades da bactéria Streptococcus ssp. Uma delas (Streptococcus pyogenes), isolada nos elevadores e bancos eletrônicos, causa desde faringites bacterianas até quadros mais graves como choque séptico (situações raras).
A Staphylococus foi encontrada em todas as superfícies pesquisadas. Entre elas está a S. epidermidis, presente na pele e nas mucosas e responsável por até 22% das infecções hospitalares nas UTIs dos Estados Unidos.
Também foi identificada, com menos frequência, a S. aureus, ligada a infecções mais graves, como pneumonia, endocardite e meningite. A Salmonella enterica, responsável por muitos casos de intoxicação alimentar, foi encontrada em todas áreas.
Segundo Sanabani, esse tipo de estudo é importante para conhecer melhor a comunidade bacteriana e investigar como esses agentes são transmitidos de lugar para lugar e de pessoa para pessoa.
O infectologista Esper Kallás, professor da USP, diz que é preciso ter cautela ao interpretar os dados da pesquisa. "Encontrar um monte de bactérias no botão do elevador, teclados, superfícies de banheiros e no relógio de ponto não seria novidade nenhuma. Agora, se representa risco de infecção, é diferente."
O estudo não faz nenhuma associação entre a identificação das bactérias e eventual aumento de infecção no HC.
Para Kallás, a conclusão do estudo, de que a alta diversidade de bactérias pode ser atribuída a falta de higiene, é precipitada porque não foram adotados controles que suportem essa hipótese.
MEDIDAS PREVENTIVAS
Para o pesquisador Sabri Sanabani, há caminhos que podem ajudar a melhorar as condições de higiene no hospital, como o reforço da limpeza dos ambientes ou mesmo reformas de áreas.
Ele sugere também o uso de uma voz automatizada nos principais ambientes, como corredores e salas de espera, alertando para a importância da higiene das mãos.
O infectologista Artur Timerman, chefe do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Edmundo Vasconcelos (SP), explica que as mãos são os principais veículos na transmissão das bactérias que estão no meio ambiente. Com água e sabão ou álcool gel, 99% desses germes podem ser eliminados.
"O índice de profissionais de saúde que lavam corretamente as mãos não chega a 50%. Quando tem campanha, chega a 60%, 70%, mas isso só dura uma semana", diz.
Timerman considera mais eficaz um programa de educação continuada nos hospitais, com supervisão, do que campanhas preventivas isoladas. "Tinha que ter gente fiscalizando se as pessoas lavam ou não as mãos."
O estudo no HC faz parte de uma investigação mais ampla do grupo de pesquisadores, que pretende mapear toda população bacteriana que possa representar perigo para a saúde pública.
O grupo já utilizou as mesmas técnicas para analisar notas de dinheiro e planeja estudar o microbioma no sistema de ar-condicionado nas linhas do metrô.
Hospital diz que faz controle permanente de infecções
08/05/2016 - Folha de S.Paulo
O Hospital das Clínicas da FMUSP afirmou em nota que, por não conhecer o protocolo da pesquisa citada, não se manifestaria especificamente sobre ele.
O hospital, porém, informa que realiza de forma permanente o controle de infecção hospitalar por todo o complexo, inclusive nas áreas de grande circulação, e tem equipes de médicos e enfermeiros dedicados integralmente à tarefa e equipes de limpeza atuando continuamente.
O HC disse ainda que tem uma comissão de controle de infecção hospitalar responsável por coordenar todas as ações de prevenção e controle de infecções no hospital.
"Cada um dos oito institutos possui equipe própria para realizar o controle e prevenção. As ações são realizadas continuamente em todo o complexo. Todos os profissionais ligados à assistência devem seguir os dois guias de procedimento do hospital para a área, com normas para a utilização de anti-infecciosos e recomendações para a prevenção de infecções e para a assistência segura para pacientes e profissionais de saúde", afirmou.
Além disso, o hospital informou que realiza campanhas de higienização e possui álcool gel em pontos de grande circulação e próximos a locais como elevadores e pontos eletrônicos.
Transfusão pode transmitir dengue e zika
09/05/2016 - Folha de S.Paulo
Os vírus da dengue e da zika podem ser transmitidos por meio de transfusões sanguíneas—além da via mais comum, que é a picada do mosquito Aedes aegypti.
A constatação vem de estudos recentes e abriu discussão sobre a necessidade ou não do uso de novos testes no sangue doado e de tecnologias de inativação dos vírus.
Em março, uma pesquisa publicada no “The Journal of Infectious Diseases”mostrou que a taxa de transmissão de dengue por transfusão sanguínea é de 37,5%.
O trabalho foi feito nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e de Recife (PE) durante a epidemia de dengue de 2012. É o maior levantamento sobre transmissão transfusional de dengue já feito no mundo (veja infográfico ao lado).
Segundo Ester Sabino, diretorado Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP e uma das autoras do trabalho, os infectados foram comparados com um grupo que não recebeu sangue contaminado (grupo controle) e não houve diferença em relação à mortalidade ou à gravidade de sintomas—como diminuição no número de plaquetas no sangue.
Sintomas mais leves, como febre ou mal-estar, são comuns tanto em pacientes com dengue como em pacientes internados. Ou seja, não dá para saber se eram relativos ao vírus ou à própria condição clínica do doente.
Em relação ao vírus da zika, dois casos de transmissão da infecção por meio de transfusões sanguíneas foram relatados no fim de 2015 na região de Campinas (SP) e ainda estão sendo investigados para, posterior, publicação.
Estudos feitos na Polinésia Francesa encontraram resultados positivos para o vírus da zika em quase 3% dos doadores de sangue.Não houve, porém, caso de transmissão sanguínea documentado.
TESTES
No momento,a USP desenvolve um novo estudo que avaliará o impacto das três arboviroses (dengue, zika e chikungunya) em pacientes que receberam transfusões em três institutos ligados ao Hospital das Clínicas.
Para Ester Sabino, é preciso buscar evidências que apontem o impacto dessas infecções nos receptores para, então, avaliar se é preciso introduzir novos testes no sangue dos doadores.
“Há várias infecções que podem ser transmitidas nas transfusões, mas que hoje não são testadas porque o impacto no paciente não é tão significativo e os custos são altos”, explica a médica.
Segundo ela, testes moleculares para detectar zika no sangue doado poderiam se justificar para grupos específicos, como gestantes que vão receber transfusões—já que a infecção pode causar microcefalia nos bebês.
Porém,na opinião de Dante Langhi, coordenador da Hemor rede do Estado de São Paulo, priorizar somente as grávidas pode gerar um debate ético. “A segurança na transfusão tem que ser para todo mundo”, afirma.
Não há, hoje, testes de diagnóstico da infecção pelo vírus zika que sejam registrados ou adequados para a triagem laboratorial de doadores de sangue, segundo Dimas Tadeu Covas, presidente da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular).
Covas afirma que,até o momento, não existem evidências na literatura científica que justifiquem a adoção de novos testes laboratoriais nos bancos de sangue para o diagnóstico das arbovirores.
“A transmissão [dos vírus da dengue, zika e chikungunya] pode estar ocorrendo, mas é um evento raro.A prioridade agora são estudos que e lucidem o real risco do desenvolvimento de doenças, o que ainda não sabemos.”
Técnica reduz chance de transmitir malária
09/05/2016 - Folha de S.Paulo
Embora a malária seja transmitida por picadas de mosquitos, a chance de contrair a doença por transfusão de sangue é alta em países africanos. Uma nova técnica conseguiu reduzir o risco de transmissão de malária por transfusão de sangue.
Em Gana, onde foi feita a pesquisa, 50% dos doadores de sangue contêm o plasmódio, parasita causador da doença. O resultado: entre 14% a 28%dos pacientes que receberam transfusões testam positivo para o parasita.
A técnica para reduzir esse risco consiste em tratar o sangue com radiação ultravioleta e vitamina B2. Estudos prévios em laboratório mostraram que ela poderia inativar vários patógenos, como o plasmódio,o vírus HIV ou os vírus das hepatites B e C.
No estudo,publicado na revista médica “The Lancet”, dentre os pacientes que não tinham o plasmódio, parte recebeu sangue tratado, parte recebeu o não tratado. No total, 22% dos que receberam o sangue tradicional testaram positivo para o parasita e só 4% dos que receberam o sangue tratado testaram positivo.
Comentando o estudo na mesma edição da revista médica, Sheila F O’ Brien, dos Serviços de Sangue do Canadá,disse que esse tipo de técnica deixaria ainda mais seguras as transfusões nos países desenvolvidos e pode “revolucionar a segurança na transfusão na África,onde ela é mais necessária”.
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