Johnson & Johnson recebe nova condenação por caso de câncer ligado a uso de talco
03/05/2016 - Época Negócios Online
Um júri popular do estado do Missouri, nos Estados Unidos, condenou nesta segunda-feira a gigante farmacêutica e de produtos de higiene Johnson & Johnson a pagar US$ 55 milhões a uma mulher que desenvolveu câncer de ovário após o uso contínuo de talco da marca, na segunda sentença desse tipo emitida contra a companhia este ano.
A mulher, Gloria Ristesund, de 62 anos e moradora de Dakota do Sul, usou durante cerca de 40 anos produtos de higiene feminina com base de talco da Johnson & Johnson e em 2011 foi diagnosticada com câncer de ovário. Por isso, Gloria teve que se submeter a uma histerectomia (remoção do útero) e a outras operações.
Após a retirada do útero, os médicos encontraram talco no tecido de seu ovário e os custos médicos relacionados com o câncer superaram US$ 174 mil.
Apesar de o câncer da mulher estar regredindo, ela apresentou um processo contra a companhia farmacêutica e de higiene por ter escondido durante anos de seus consumidores os riscos do talco em produtos cosméticos e agora receberá US$ 50 milhões pelos danos causados e outros US$ 5 milhões como compensação adicional.
Em fevereiro, a Johnson & Johnson foi condenada a pagar US$ 72 milhões à família de outra mulher, Jacqueline Fox, que morreu de câncer após usar durante anos talco para bebê e outros produtos da empresa.
Os casos de Gloria Ristesund e Jacqueline Fox são apenas dois dos mais de mil processos similares que a companhia farmacêutica enfrenta na Justiça americana.
Pesquisadores da Escola de Medicina de Pittsburgh publicaram no ano de 2005 um estudo que sugere que as mulheres que evitam o talco na higiene genital têm menor probabilidade de desenvolver câncer de ovário.
México fracassa em conter consumo de refrigerantes com mais imposto
04/05/2016 - Valor Econômico
As vendas de refrigerantes estão subindo dois anos depois de o México ter criado um imposto de 10% sobre bebidas açucaradas - um resultado positivo para uma indústria que temia enfrentar os mesmos problemas que os fabricantes de cigarros.
O imposto mexicano foi uma tentativa de conter as alarmantes taxas de obesidade e diabetes num país com o maior consumo per capita de refrigerantes do mundo. Ele foi lançado na época em que o então prefeito de Nova York, o bilionário Michael Bloomberg, estava tentando limitar a venda de refrigerantes na cidade. Agora, mais países estão cogitando um imposto semelhante.
As vendas de refrigerantes, entretanto, estão subindo no México depois de uma queda inicial, tornando o país novamente um mercado essencial para as gigantes dos refrigerantes Coca-Cola Co. e PepsiCo Inc. O imposto de 1 peso mexicano (quase US$ 0,06) por litro arrecadou mais de US$ 2 bilhões desde janeiro de 2014, cerca de 35% a mais do que o governo esperava.
"A Coca é como o cigarro - ela deixa você viciado", diz Luis de León, que tem 24 anos e é manobrista num estacionamento da Cidade do México, em pé ao lado de uma garrafa de três litros que dividiu com dois colegas de trabalho. Ele diz que parou de beber refrigerante por um mês após ver uma campanha publicitária financiada pela Bloomberg Philanthropies, organização filantrópica financiada por Bloomberg, que vinculava a diabete às bebidas açucaradas. A campanha perguntava se eles comeriam 12 colheres cheias de açúcar, quase a quantidade que a popular garrafa de 600 ml da Coca contém.
Embora a campanha de saúde pública tenha acabado há muito tempo, os fabricantes de refrigerantes continuam a anunciar seus produtos pesadamente e afirmam que não é justo discriminar algo que representa menos de 10% da ingestão diária de calorias.
A Coca-Cola Femsa SAB, maior engarrafadora de Coca-Cola do país, informou na semana passada que suas vendas de refrigerantes por volume no México cresceram 5,5% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2015. A Arca Continental SAB, a segunda maior engarrafadora, divulgou uma alta de 11% no volume.
A recuperação começou no ano passado, quando os volumes da indústria mexicana de refrigerantes subiram 0,5%, depois de terem recuado 1,9% em 2014, segundo o serviço de dados Canadean. Os consumidores também não estão migrando para bebidas com zero caloria e isentas de impostos. A participação de mercado das calóricas Coca-Cola e Pepsi-Cola aumentou no ano passado para 48% e 11%, respectivamente, segundo a firma de dados Euromonitor.
As organizações contrárias aos refrigerantes ainda não estão dispostas a reconhecer que o imposto foi um fracasso e afirmam que as vendas foram beneficiadas por temperaturas anormalmente altas.
O Instituto Nacional de Saúde Pública do México estima que o consumo per capita de bebidas açucaradas foi 8% menor em 2015 do que no período anterior ao imposto, entre 2007 e 2013, depois de fazer ajustes para o crescimento da população e da atividade econômica.
Em janeiro, uma comissão da Organização Mundial de Saúde recomendou aos governos taxar bebidas que adicionam açúcar para reduzir a obesidade infantil, citando um estudo conjunto das autoridades de saúde do México e da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. A pesquisa, que foi avaliada por outros especialistas, estimou que as compras de bebidas açucaradas caíram 6% em 2014, comparado com a média dos dois anos anteriores.
O estudo concluiu ainda que a queda foi acentuada para 12% em dezembro de 2014, ante os dois dezembros anteriores. Vários países estão cogitando impostos especiais sobre refrigerantes, como Índia, África do Sul e Filipinas. No Brasil, há um projeto sendo discutido no Congresso há anos para proibir a venda de refrigerantes nas escolas.
Nos EUA, o prefeito de Filadélfia sugeriu um imposto de US$ 1 por litro em bebidas adoçadas.
A Associação Americana de Bebidas está lutando contra essa proposta e planeja apresentar um novo estudo que mostra que a indústria de bebidas do México perdeu cerca de 3 mil empregos no primeiro trimestre de 2014 devido ao imposto. A pesquisa, conduzida pela Beverage Marketing Corp., consultoria americana do setor de bebidas, estima que o consumo de refrigerantes no México voltou para os níveis anteriores ao imposto em meados de 2015.
Mesmo a queda inicial no consumo apenas reduziu a ingestão calórica diária dos mexicanos de seis a sete calorias, ou 0,2%, segundo o estudo.
"Sabemos que esses impostos não funcionam", disse o diretor- presidente da Coca-Cola, Muhtar Kent, durante a assembleia anual de acionistas realizada na semana passada, apontando o México.
Os governos também devem investir dinheiro para tornar as pessoas mais informadas sobre a ingestão de açúcar, exigir rótulos nutricionais esclarecedores e incentivar os exercícios físicos, entre outras medidas, dizem especialistas em saúde.
"O imposto do açúcar é uma parte importante, mas não é a única", diz Kelly Henning, que dirige o programa de saúde pública da Bloomberg Philanthropies. Quando era prefeito de Nova York, Bloomberg também tentou limitar o tamanho dos copos de refrigerantes, mas não teve sucesso.
Defensores dos impostos sobre bebidas adoçadas afirmam que o tributo mexicano devia ser mais alto para ter um impacto maior. O senador Armando Ríos Piter quer dobrar o imposto para compensar o custo dos órgãos de saúde pública para tratar pessoas com diabetes, uma doença que afeta desproporcionalmente os mexicanos pobres, que compram a maioria das bebidas açucaradas.
Wilebaldo Ramírez, um engraxate de 45 anos da Cidade do México, diz que usa cerca de 6% de seus ganhos diários para beber refrigerante, embora sua esposa esteja insistindo para que ele beba água engarrafada.
"Se a água fosse mais barata que o refrigerante, talvez eu mudasse. Mas, enquanto isso, eu quero algum sabor", diz Ramirez, depois de beber uma garrafa de 600 ml de Jarritos, um refrigerante local com sabor de frutas.
A garrafa é vendida por 6,50 pesos numa loja perto de onde ele engraxa sapatos, comparado com o preço de pelo menos 8 pesos de uma garrafa de água do mesmo tamanho.
Estoque de vacinas contra gripe no interior e litoral de SP são esgotados
04/05/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A intensa procura por vacinas contra a gripe H1N1 fez os estoques de municípios do interior e do litoral de São Paulo acabarem nos últimos dias. Em alguns locais, a vacinação deve ser retomada nesta quarta-feira (4). Segundo o Ministério da Saúde, não há falta de vacina.
Em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), por exemplo, as 54 mil doses disponíveis para vacinação no último sábado (30) acabaram nos postos de saúde e a vacinação será retomada somente nesta quarta-feira (4).
De acordo com a Secretaria da Saúde, foram recebidas mais 49 mil doses –um total de 103 mil nas duas remessas–, ainda insuficientes para atender o público-alvo, de 174 mil. A meta é vacinar 80% desse contingente, o equivalente a 139 mil pessoas.
A perspectiva é de nova alta procura pelos moradores, razão pela qual até um posto volante será instalado provisoriamente no calçadão da região central da cidade.
Em outras cidades da região, como Sertãozinho e Batatais, os lotes enviados também não foram suficientes. Já no Vale do Paraíba, em 13 unidades de saúde de São José dos Campos houve falta de doses nesta segunda-feira (2), de acordo com a prefeitura.
No último sábado, foram aplicadas 51.353 doses da vacina, 79% do total recebido para o início da campanha.
Conforme o governo, é o recorde de imunização na cidade para um único dia. A imunização também foi acima da marca de 2015 em cidades como Piracicaba, que vacinou cerca de 26 mil pessoas agora, ante menos de 10 mil no ano passado.
Em Limeira, sobraram apenas 180 doses da campanha de imunização do último sábado, insuficiente para abrir uma segunda etapa da vacinação. Foram vacinadas 19.473 pessoas.
Com isso, os postos também ficaram sem doses nesta segunda-feira e a vacinação somente foi retomada nesta terça-feira (3).
No litoral, Bertioga retomará a campanha nesta quarta-feira após a suspensão devido à alta procura no último sábado. Foram imunizadas 4.233 pessoas do grupo prioritário.
AVISO
A Secretaria de Estado da Saúde disse que na última semana informou ao Ministério da Saúde que o total de doses de vacina não seriam suficientes para atender a demanda do interior no Dia D, no último sábado (30).
Um novo lote foi enviado no fim da tarde de sexta-feira (29), o que prejudicou a logística de distribuição, ainda conforme o Estado. Duas novas remessas, para atingir as 12,7 milhões de doses necessárias para imunizar o público-alvo, devem ser entregues até a próxima sexta-feira (6).
Já segundo o Ministério da Saúde, não há falta de vacina para imunizar o público prioritário na campanha deste ano. Balanço do ministério divulgado nesta terça-feira (3) aponta que 21,3 milhões de pessoas já foram imunizadas neste ano, 43,6% do público-alvo.
A meta é vacinar ao menos 80% das 49,8 milhões de pessoas consideradas de risco. A campanha prossegue até o próximo dia 20.
De acordo com a pasta, em São Paulo a vacinação atingiu 61,6% de cobertura e, anualmente, o governo federal recebe as vacinas em etapas e, conforme chegam, são distribuídas aos Estados.
MORTES
Segundo o Ministério da Saúde, o país teve 1.571 casos de H1N1 neste ano, com 290 mortes. O Sudeste tem 1.106 casos, dos quais 988 em São Paulo. Santa Catarina (100), Goiás (69), Rio Grande do Sul (53) e Minas Gerais (50) aparecem em seguida.
São Paulo registrou também o maior total de mortes (149), seguido por Santa Catarina (20), Rio de Janeiro (18) e Rio Grande do Sul (18).
Hospital do Rio faz 1º Autotransplante Renal
04/05/2016 - O Estado de S.Paulo
Médicos do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),fizeram o primeiro auto transplante renal para o tratamento de pacientes com aneurisma grave de aorta abdominal.
Pela cirurgia tradicional para tratar esse tipo de aneurisma, é introduzido um cateter para implantar uma prótese, como um stent, na artéria aorta abdominal. Dessa forma, o sangue circula pela prótese e a dilatação na aorta reduz até desaparecer.
Mas em alguns casos o aneurisma está muito próximo da artéria renal (que leva sangue até o rim) e o implante da prótese obstruiria a entrada dessa artéria, o que torna o procedimento inviável. Os médicos retiraram o rim e o reimplantaram abaixo da aorta, na artéria pélvica. Dessa forma, a prótese pôde ser instalada.
“Este hospital foi pioneiro na técnica de tratamento endovascular de aneurisma, em 1997.Como a gente tem muita experiência comendo prótese e muita experiência com transplante renal, juntamos as duas ideias para viabilizar o tratamento do aneurisma”, afirmou o chefe do Serviço de Cirurgia Vascular, Gaudencio Espinosa. O aneurisma da aorta abdominal atinge cerca de 4% da população, principalmente homens acima dos 60 anos. É uma doença quase sempre assintomática, costuma ser descoberta por acaso, quando o paciente faz uma ultrassonografia ou tomografia para investigar outros problemas, como dor na coluna. Se não for tratada, a dilatação na artéria pode aumentar até chegar ao rompimento. “Não se sabem as causas exatas do aneurisma. Há um componente genético, mas hipertensão e fumo têm relação com a formação do aneurisma”, disse o médico.
IMPROVISO
De acordo com o diretor, o primeiro paciente operado havia passado por outras instituições. “O aneurisma ia explodir. Os médicos, então, retiraram o rim, o reimplantaram mais abaixo e corrigiram o aneurisma.
Foi uma criação na hora”, afirmou o médico. A equipe do Serviço de Cirurgia Vascular se prepara para descrever a técnica e submeter o artigo a revistas científicas.
No ano passado, três pacientes foram submetidos à técnica. O aposentado Ismair Oliveira, de 70 anos, foi um deles. Hipertenso, fumante por 55 anos, acordou na madrugada de 26 de abril de 2015 com intensa dor abdominal.
“Até hoje não senti nada no rim, nenhum problema para a urina”, conta. Ele tentava havia muitos anos parar de fumar. “Desde essa dor, parei de fumar. Fez um ano agora que eu larguei.”
Zika e chicungunha, uma nova ameaça
04/05/2016 - O Globo
“Houve no mundo tantas pestes como guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas.” Albert Camus
Desde a Antiguidade, há surtos de epidemias. Na Idade Média ocorreu a mais devastadora de todas, a peste bubônica ou “morte negra”. Aparecendo na China por volta de 1330, em 1347 chegou à Itália e, em 1353, já estava em toda a Europa. Estima- se de 75 a 200 milhões de mortes, e somente no século XVII a população europeia atingiu os níveis da fase pré- peste. De 1918 a 1920 a “gripe espanhola”, a primeira das pandemias do H1N1, dizimou de 50 a 100 milhões de pessoas. A melhoria das condições sociais e econômicas e o avanço da ciência do século XX trouxeram mais segurança às populações em relação às epidemias. Esse fugaz alívio foi quebrado pelo aparecimento da Aids nos anos 1980, que destruía o sistema imunológico e causou milhões de mortes. Como em 1980 a ciência já estava adiantada, em tempo recorde foram desenvolvidos os medicamentos que controlaram a doença.
Agora enfrentamos a epidemia de zika e a chicungunha. Ainda não se sabe muito sobre esses vírus, mas originaram- se na África e são transmitidos pelo Aedes aegypti e pelo sexo, entre outros. Seus efeitos são devastadores: microcefalia, Guillain- Barré, com paralisia muscular e respiratória, problemas articulares e outras complicações.
A epidemia causará impacto social e econômico. Crianças com microcefalia necessitarão de cuidados que poderão durar mais de 30, 40 anos. O problema articular da chicungunha poderá incapacitar para o trabalho e durar 36 meses. Os custos diretos de saúde com os pacientes e os indiretos com perda de força de trabalho e manutenção de incapacitados devem atingir bilhões de reais.
Na Aids e no H1N1, os países ricos foram acometidos e gastaram bilhões em pesquisas, e nós aproveitamos esses resultados. A epidemia de zika e chicungunha, no entanto, não está os atingindo, pois os mosquitos sobrevivem menos nas regiões temperadas, e eles não estão financiando a doença. Mas não teremos êxito se não tivermos informações, e o Brasil terá de investir em pesquisas. Não enfrentaremos esse problema sem dados, com improvisações.
Temos de conhecer bem a transmissão do vírus, validar métodos diagnósticos e compreender sua evolução clínica. Não podemos deixar situação tão grave à mercê dos acontecimentos. Haverá necessidade de organizar uma rede de atendimento e treinar profissionais rapidamente. A universidade brasileira tem de participar ativamente. No Hospital do Fundão, da UFRJ, acabamos de criar um Centro de Pesquisa Clínica da Zika e Chicungunha e estamos adequando instalações para atendimento de enfermos. Para isso, precisaremos aumentar a capacidade de leitos e contratar mais profissionais. O enfrentamento dessa epidemia necessita de um esforço amplo do governo.
O Congresso Nacional também precisa se envolver. Sabemos que passamos por enorme crise política e econômica, mas nessa hora difícil temos de nos superar. Não há outra saída.
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