Dengue já é epidêmica em 12 Estados e no DF
29/04/2016 - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Pelo menos 12 Estados e o Distrito Federal já atingiram níveis epidêmicos de dengue neste ano, segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. A alta de infectados nessas unidades da federação fez o País também entrar em situação de epidemia, quando o índice de incidência da doença ultrapassa 300 casos por 100 mil habitantes.
Considerando dados de 1.º de janeiro a 2 de abril, os últimos disponíveis, já são 802,4 mil registros de dengue no País, 13% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando 705,2 mil pessoas ficaram doentes. Com o volume de casos, o País chegou ao índice de 392,5 casos por 100 mil habitantes.
A epidemia se instaurou com duas semanas de antecedência em comparação com o ano passado. Hoje, a taxa de incidência da doença ultrapassou esse nível na 13.ª semana epidemiológica. Em 2015, isso havia ocorrido na 15.ª semana.
Entre os Estados, o que tem a situação mais preocupante é Minas, que já acumula 278 mil registros e índice de 1.332 casos por 100 mil habitantes. Só em Belo Horizonte, já foram notificadas 79,7 mil infecções, o que coloca a capital mineira como a cidade com a maior taxa de incidência da doença entre os municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes.
Em seguida na lista de Estados com epidemia de dengue aparece o Rio Grande do Norte, com 857 casos por 100 mil habitantes.
Fazem parte também da lista de unidades da federação com surto da doença Acre, Rondônia e Tocantins, na Região Norte; Paraíba e Pernambuco, no Nordeste; Espírito Santo, no Sudeste; Paraná, no Sul; e todas as unidades da federação do Centro-Oeste: Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Entre todos os Estados brasileiros, o que tem a menor taxa de incidência da doença é o Rio Grande do Sul, com 2.436 casos e índice de 21,7 registros por 100 mil habitantes.
RISCO
São Paulo está a poucos casos de entrar em situação de surto. Já são 126,4 mil registros e taxa de incidência de 284,9 casos por 100 mil pessoas. O número, no entanto, é muito inferior ao registrado no ano passado, quando o Estado viveu a pior epidemia de dengue da sua história. No mesmo período de 2015, São Paulo já tinha 433 mil notificações da doença e índice de 977 casos por 100 mil habitantes.
Apesar da alta de registros de dengue neste ano no País, o número de pessoas que desenvolveram a forma grave da doença é menor do que o de 2015. Nas 13 primeiras semanas deste ano, foram 244 casos do tipo, ante 731 no mesmo período do ano passado. O número de mortes também caiu, de 427 para 140.
O maior número de óbitos de 2016 foi registrado em Minas, com 40 vítimas, seguido por São Paulo (28), Paraná (25) e Mato Grosso do Sul (11). No total, 18 Estados registraram mortes pela doença: dois no Norte, seis no Nordeste, quatro no Sudeste, dois no Sul e quatro no Centro-Oeste.
O gene da idade da pele
29/04/2016 - O Globo
O segredo da juventude ainda está longe de ser descoberto, mas cientistas holandeses alegam ter encontrado, pela primeira vez, um gene que ajuda a explicar por que algumas pessoas parecem ser mais novas do que outras da mesma idade. Segundo o estudo, publicado ontem na revista “Current Biology”, aqueles que têm determinadas mutações num gene chamado MC1R aparentam ser, em média, dois anos mais velhos do que aqueles sem a mutação.
Esse gene é um dos responsáveis pelo surgimento da pele clara e do cabelo vermelho, mas mesmo quem é negro ou tem cabelos de outras cores, aparentará ser mais velho do que realmente é se tiver o gene mutante em seu DNA, dizem os cientistas. Por isso, o gene influenciaria a aparência das pessoas independentemente da cor da pele, do gênero ou até mesmo dos estragos causados pelo sol.
De acordo com os autores, o trabalho pode ajudar a compreender como os fatores genéticos mudam o rosto das pessoas ao longo do tempo e, com isso, desenvolver formas de retardar os efeitos mais visíveis do envelhecimento. Eles acreditam que ainda serão descobertas muitas outras variantes genéticas que aceleram ou atrasam esse processo, especialmente no rosto.
— Este é o primeiro gene já encontrado com atuação sobre a idade aparente, e, sozinho, ele já consegue provocar um efeito de dois anos — disse ao jornal britânico “The Guardian” Manfred Kayser, professor de Biologia Molecular Forense no Centro Médico Erasmus, em Roterdã. — Sabemos que existem outras variantes genéticas para serem descobertas, estamos apenas no início.
Para realizar a pesquisa, Kayser pediu que um grupo de observadores estimasse as idades de cerca de três mil pessoas que haviam fornecido imagens de seus rostos e amostras de seus DNAs para o que é conhecido como Estudo de Roterdã — um conjunto de pesquisas da área médica que começou na década de 1980. Um dos primeiros dados obtidos foi que as mulheres frequentemente eram julgadas como sendo mais velhas do que de fato eram. Enquanto isso, grande parte dos homens era tida como mais nova.
Alguns cientistas levantaram a hipótese de isso ter ocorrido porque o padrão de jovialidade para a mulher, em nossa sociedade, é mais limitador do que para o homem. Porém, após avaliar o genoma das pessoas envolvidas, Kayser descobriu um fator em comum entre aquelas que pareciam mais velhas: variações do gene MC1R. Para confirmar o achado, ele repetiu a pesquisa em dois outros grupos de pessoas, um na Holanda, o outro, no Reino Unido. E, de novo, lá estava o mesmo gene.
Para Kayser, esse resultado tem implicações que vão muito além da criação de cremes faciais e outros cosméticos que podem, de certo modo, atuar sobre o MC1R. Segundo ele, a pesquisa pode jogar luz sobre o que a aparência dos indivíduos diz sobre a saúde deles.
— Ao encontrar mais genes envolvidos na idade aparente, podemos entender melhor a relação entre a idade que você parece ter e o quão saudável você é — especulou ele. — É uma abordagem diferente para a compreensão do envelhecimento saudável.
Alguns cientistas que não participaram do projeto, no entanto, ponderaram que pedir para observadores dizerem quantos anos as pessoas parecem ter é algo subjetivo. Cada um, alegam eles, perceberia de forma diferente o envelhecimento.
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE
Pesquisadores da área também insistem que os fatores ambientais e comportamentais, além da carga genética, têm enorme influência sobre a aparência das pessoas. Por isso, nada de desespero para quem tem as tais mutações no MC1R.
— De nada adianta ter uma genética favorável se a pessoa fuma — exemplifica Maria Cátira Bortolini, pesquisadora do Departamento de Genética do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). — Do ponto de vista científico, o cigarro é incontestavelmente causador de envelhecimento da pele. Outros aspectos como alimentação e exercícios físicos ainda não são consenso entre cientistas, mas o tabagismo, sim, porque ele causa danos ao DNA.
Ela destaca, no entanto, que é interessante o estudo revelar outro papel para esse gene em particular, até então associado basicamente à pele clara e aos cabelos vermelhos.
— Só sabíamos que esse gene atuava na rota da pigmentação. Mas, como temos uma quantidade muito pequena de genes para a grande variedade de características fenotípicas que o ser humano tem, já era esperado que a maioria dos genes atuasse em rotas diferentes — explica Maria Cátira.
Pesquisadora do Laboratório de DNA da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Leonor Gusmão acredita que a feição das pessoas está associada à saúde física delas apenas indiretamente. Não é possível, segundo ela, determinar que uma pessoa não está tão saudável quanto deveria apenas porque ela parece mais velha.
— Uma coisa é o envelhecimento celular, outra é a aparência. Problemas de saúde ou envelhecimento acelerado do organismo podem, sim, deixar indícios na aparência das pessoas. Mas o contrário é difícil de determinar — diz ela. — Mesmo com aparência boa, jovem, podese ter problemas fisiológicos.
Uma dose justa contra a pneumonia
29/04/2016 - Valor Econômico
A pneumonia é a principal causa da morte de crianças no mundo. Quase 1 milhão de crianças por ano são vítimas da doença, uma a cada 35 segundos. As populações mais atingidas vivem em países em desenvolvimento ou em condições vulneráveis, sem acesso a sistemas de saúde minimamente estruturados. A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), que leva assistência médica a pessoas em regiões de conflito, desastres e epidemias, é testemunha desse flagelo, tão cotidiano quanto evitável.
Existe uma vacina eficaz contra a pneumonia de origem bacteriana, a vacina pneumocócica conjugada - PCV, na sigla em inglês. Muitos países, porém, não conseguem distribuí-la amplamente porque não têm condições de pagar os preços cobrados pelos dois únicos fabricantes, as farmacêuticas Pfizer e GlaxoSmithKline (GSK).
Como as empresas negociam caso a caso, há distorções flagrantes nos preços da PCV. O estudo "Dose certa", publicado por MSF em janeiro de 2015, mostrou, por exemplo, que a dose custava US$ 63,74 no Marrocos, enquanto na França o fabricante cobrava US$ 58,43. São necessárias três doses para imunizar uma criança. O resultado é que metade dos países não conseguiu introduzir a vacina pneumocócica conjugada em seu calendário regular de vacinação, e o preço foi apontado como o grande obstáculo.
Apenas nações de renda muito baixa têm subsídio da Aliança Global de Vacinas para a compra da PCV. Ainda assim, o apoio da Aliança se limita à vacinação de crianças de até 1 ano de idade. Organizações humanitárias, que em muitas situações de crise representam o único recurso das populações a cuidados médicos, pagam preços de mercado. O Brasil negociou com a GSK a transferência da tecnologia da vacina para o Laboratório Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e a distribui no Sistema Único de Saúde. Mas a maioria dos países em desenvolvimento não tem peso - de mercado e estrutura de saúde - para obter acordos semelhantes.
No marco da Semana Mundial da Imunização, Médicos Sem Fronteiras entregou à Pfizer e à GSK um abaixo-assinado em que quase 400 mil pessoas de 170 países reivindicam das duas farmacêuticas um preço de US$ 5 pelas três doses da PCV para países em desenvolvimento e organizações humanitárias. Esse valor tem como base o anúncio feito pelo Serum Institute, da Índia, de que tem condições de produzir a vacina em alguns anos e vendê-la por US$ 6 as três doses.
A oferta do laboratório da Índia, país que está entre os maiores produtores mundiais de genéricos, é uma baliza para determinar o valor justo da vacina num mercado global dominado por grandes fabricantes e marcado pela opacidade. Há pouca ou nenhuma transparência sobre a composição dos preços de medicamentos essenciais. Uma resolução aprovada na Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2015 convocou os governos a informar quanto pagam pelas vacinas, a fim de que seja criado um banco de dados internacional, com os objetivos de aumentar a transparência e favorecer a redução de preços, sobretudo das vacinas mais recentes.
Em 2001, segundo o estudo "Dose Certa", era possível pagar 67 centavos de dólar pelo pacote básico de seis vacinas então recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Em 2014, o pacote passou a incluir vacinas contra 12 enfermidades, mas seu preço mínimo aumentou 68 vezes, para US$ 45,59 (ou US$ 32,09, se não for considerada a vacina contra o HPV, que se aplica apenas a meninas adolescentes).
O aumento se deveu em grande parte à introdução de vacinas mais caras, entre elas a PCV, a que mais pesa no pacote básico. Desde 2009, as vendas da vacina contra a pneumonia renderam mais de US$ 30 bilhões à Pfizer e à GSK - quase o triplo do orçamento da Aliança Global de Vacinas para 20 anos. O faturamento tem se sustentado na lógica de maximizar as vendas para os 25% mais ricos, deixando 75% das crianças do mundo desprotegidas contra seu maior algoz.
Nos anos 50, o médico e epidemiologista americano Jonas Salk, que desenvolveu a primeira vacina contra a poliomielite, foi contra o patenteamento da sua invenção. Além de sua pesquisa ter sido financiada em parte por doações do público, ele argumentou que as técnicas usadas não eram novas, já que se beneficiara do trabalho feito antes por outros cientistas. Albert Sabin, que logo depois de Salk aprovou sua versão da vacina antipoliomielite, também não quis patenteá-la.
A partir dos anos 90, novas regras globais de propriedade intelectual beneficiaram desproporcionalmente a indústria farmacêutica. É comum, por exemplo, que as empresas reivindiquem a patente - e, portanto, o monopólio da produção e da venda - de medicamentos que combinam princípios ativos já existentes e não representam, de fato, uma inovação. Na Índia, Médicos Sem Fronteiras apresentou uma oposição à concessão de patente à vacina PCV da Pfizer, que está sendo examinada pelas autoridades. O argumento técnico de MSF é que o método de produção da vacina não cumpre o requisito de atividade inventiva da lei indiana.
Se as vacinas contra a poliomielite fossem desenvolvidas agora, é razoável supor que a luta contra uma epidemia que matava ou deixava sequelas em milhares de pessoas todos os anos não seria tão bem-sucedida quanto foi. Para as crianças deste início do século XXI, notadamente aquelas mais desassistidas, a pneumonia é uma calamidade inaceitável. Médicos Sem Fronteiras acredita que garantir seu acesso à vacina é mais do que viável, é um imperativo que não pode ser adiado.
Dilma prorroga contratos do Mais Médicos e livra estrangeiro de exame
29/04/2016 - Folha de S.Paulo
A três meses do fim do prazo de participação dos primeiros profissionais selecionados para o programa Mais Médicos,o governo editará uma medida provisória para prorrogar os contratos com os estrangeiros.
A medida deverá ser anunciada nesta sexta-feira (29) em evento no Palácio do Planalto.
A ideia é estender a possibilidade de participação por mais três anos.
A decisão será facultada aos profissionais, em conjunto com prefeituras e a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde),responsável pelo contrato com os médicos cubanos no país.
Até então,a lei do Mais Médicos previa que a renovação do prazo de participação dos médicos estrangeiros só poderia ocorrer após a revalidação do diploma, por meio de exame aplicado em universidades públicas.
Agora, os profissionais poderão permanecer mesmo sem ter o diploma revalidado.
A Folha divulgou na quarta (27) que a medida já era planejada pela presidente Dilma Rousseff diante de um“afastamento inevitável”.
A prorrogação atende a reivindicações de associações de municípios, que temem “perder” ou ter que “trocar” os médicos às vésperas de eleições municipais.
Três organizações pediram ao Ministério da Saúde que os contratos sejam estendidos: Frente Nacional de Prefeitos, Associação Brasileira de Municípios e o Conselho Nacional de Saúde.
“Havia muita dificuldade em contratar médicos, principalmente em periferias e regiões mais afastadas dos centros”, diz Eduardo Tadeu Pereira, presidente da ABM.
“Fui pessoalmente a municípios do interior do Amazonas. Quando perguntei a uma prefeita o que aconteceria se o programa acabasse, a resposta foi ‘Deus me livre’.” O contrato dos primeiros médicos do programa vence em agosto. Um segundo grupo tem até outubro e outro,até janeiro de 2017 —eles representam 5.244 médicos,a maio-ria cubanos e estrangeiros.
Ao todo, 18.240 médicos atuam no Mais Médicos—destes, 11.429 são cubanos, 1.537 são formados no exterior e o restante, brasileiros.
A possibilidade de prorrogação já gera reações de associações médicas. O principal argumento é que não haveria falta de médicos,mas estímulos para a fixação desses profissionais no interior do país.
“Passados três anos [do programa],a saúde ainda é progressivamente mal avaliada”, afirma Florentino Cardoso,da Associação Médica Brasileira.
O Ministério da Saúde não comentou as novas medidas.
Dentro da pasta, a avaliação é que, apesar dos editais recentes terem tido recorde de brasileiros,é alto o índice de desistência entre eles — daí a necessidade de prorrogar os contratos com estrangeiros.
Dados obtidos pela Folha apontam que 40% dos brasileiros selecionados no programa desistem antes do prazo.
Já entre cubanos,a média de desistência é de 8%. Para outros estrangeiros e brasileiros formados no exterior, 15%.
Zika: ainda sem repelente, sem exames, sem pensão do INSS
29/04/2016 - Folha de S.Paulo / Site
No começo de fevereiro, conheci o bebê José Arthur em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco.
José Arthur nasceu com microcefalia e estava prestes a completar cinco meses. Nunca tinha feito uma sessão de fisioterapia ou estimulação precoce.
O Ministério da Saúde havia anunciado um plano para oferecer esse atendimento no SUS a todos os bebês com microcefalia.
Em Serra Talhada, no entanto, ainda não tinham conseguido contratar um profissional para o posto de saúde.
Três meses depois, a situação melhorou.
A mãe de José Arthur, Daniella Alves da Silva Campos, 23, contou-me que já há fisioterapeuta no posto de saúde da cidade e José Arthur faz duas sessões por semana.
Mas tirando isso, nada mudou
O hospital Professor Agamenon Magalhães, em Serra Talhada, foi designado como centro de referência para atendimento de bebês com microcefalia no Estado de Pernambuco, mas não tinha pediatra de plantão e nenhum neuropediatra para cuidar dos bebês com microcefalia.
Continua sem.
Serra Talhada, município de 84 mil habitantes mais conhecido como a terra natal de Lampião, tem um dos maiores índices de infestação por Aedes aegypti no Estado - o mosquito é vetor do vírus do zika, chikungunya e dengue.
Mas não há distribuição de repelentes.
Na casa de Daniella, só José Arthur usa. A R$ 25, não dá para comprar para todo mundo.
Como mostrou editorial da Folha, o Ministério da Saúde anunciou em dezembro de 2015 planos de distribuir repelentes a grávidas beneficiárias do Bolsa Família -um contingente estimado em 400 mil mulheres. Pretendia-se iniciar a entrega em fevereiro deste ano.
Mas só na última sexta-feira (22) é que foi publicado no Diário Oficial da União um decreto criando o programa de distribuição de repelentes a essas gestantes. E não há data para o início.
Em janeiro, José Arthur passou por exames para tentar determinar o que causou a microcefalia - se foi mesmo a infecção de Daniella por zika durante a gravidez.
A família está esperando os resultados dos exames até hoje.
Daniella acaba de ter negado seu pedido de "Benefício de Prestação Continuada", uma pensão de um salário mínimo (R$ 880) para deficientes em famílias de baixa renda.
O benefício é concedido apenas para deficientes que comprovem uma renda familiar mensal per capita inferior a 25% do salário-mínimo (R$ 220).
O pai de José Arthur, José Rosivaldo Ferraz da Silva, o Nenê, 27, trabalha com mototáxi e cobra R$ 4 por corrida. Em um mês ótimo, consegue ganhar um salário mínimo (R$ 880). A mãe, Daniella, não trabalha porque precisa cuidar do menino.
Portanto, mesmo muito pobres, eles têm renda familiar per capita acima de R$ 220 - e tiveram seu pedido negado. Vão recorrer.
José Arthur está com 8 meses. Ainda não senta, não sustenta o pescoço, nem segura objetos. Mas já consegue abrir um pouco a mãozinha.
A frágil saúde municipal
29/04/2016 - O Estado de S.Paulo
A “quarteirização” de partes da rede pública de saúde municipal – com a contratação de médicos de clínicas particulares pelas unidades gerenciadas por Organizações Sociais (OSs) que já são a terceirização do serviço – é mais uma demonstração da fragilidade desse setor vital da administração, despreparado para enfrentar situações de emergência. Foi principalmente para enfrentar o surto da gripe H1N1, que está assustando os paulistanos, que a Secretaria Municipal de Saúde autorizou – em princípio em caráter excepcional – a adoção desse tipo de procedimento.
Reportagem do Estado mostra, com base em dados oficiais constantes do site da Prefeitura, que os plantões vagos na rede terceirizada, para os quais devem ir os médicos “quarteirizados”, já são 662, de várias especialidades, sendo 273 para atendimento infantil. O déficit desse pessoal, especialmente grave na zona leste, atinge todas as regiões da cidade. Os médicos são contratados como pessoa jurídica (PJ), portanto sem necessidade de qualquer outro tipo de vínculo com a rede pública, além desse, que é precário.
Eles estão assumindo plantão, em geral à noite e em fins de semana, em unidades de Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e prontos-socorros, com remunerações de R$ 110 a R$ 130 por hora de trabalho, sem descontos. Exemplos de AMAs que já contam com seus serviços são as do Parque Anhanguera, na zona oeste, e Waldomiro de Paula, na zona leste. Estão funcionando dentro do novo modelo 152 plantões de pediatria, o mesmo devendo acontecer em breve com outros 264, números que dão uma ideia da amplitude que ele deve adquirir.
O superintendente de uma das maiores OSs em atividade na capital, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Mário Monteiro, confirma que foi a Prefeitura que solicitou a contratação de médicos na forma de PJ, para preencher as vagas existentes, porque a regra de sua entidade é que isso seja feito de acordo com a CLT.
É compreensível que a Prefeitura apele para a quarteirização, tendo em vista a coincidência do déficit de médicos na sua rede de saúde com o surto da gripe H1N1. Essa combinação leva a um quadro de emergência que pode justificar aquela providência, mas em caráter extraordinário e passageiro. Pessoas que dependem da rede municipal, ouvidas pela reportagem, aprovam a medida, porque para elas o mais importante, de imediato, é serem atendidas. Mostra a experiência, porém, que o provisório tende a se tornar permanente, quando não cercado dos necessários cuidados, porque se torna uma solução de facilidade.
É preciso atentar para esse perigo, porque a quarteirização tem defeitos graves que, restabelecida a normalidade, poderiam causar sérios danos à rede de saúde municipal. Um especialista na questão, o prof. Mário Scheffer, da Faculdade de Medicina na USP, depois de reconhecer que ela pode de fato resolver um problema emergencial, adverte que sua permanência será péssima. Os médicos assim contratados, diz, “são totalmente desconectados da rede municipal. Quanto mais intermediários contratados, menor vai ser a capacidade de controle da carga horária, da produtividade”.
Já o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Eder Gatti, chama a atenção para o que considera precarização desses profissionais: “É horrível, porque ele não tem garantia nenhuma. Se se acidentar no trabalho ou não receber o pagamento, não tem a quem recorrer”. Uma situação que, deve-se acrescentar, pode ter reflexos na qualidade do serviço.
Outro aspecto da questão – o mais grave – é que a quarteirização só se tornou necessária como consequência das notórias deficiências da rede municipal, que mal consegue manter um atendimento que já deixa a desejar. Enfrentar uma emergência, então, nem se fala. Esse fato deveria servir, portanto, para uma reavaliação em profundidade desse setor, que nem mesmo com o modelo mais ágil das OSs, que vem do governo anterior, tem conseguido fazer a contento o que dele se espera.
Hospital desenvolve sabonete "contra o câncer"
28/04/2016 - Portal Exame
O câncer é um inimigo silencioso e muitas vezes letal, mas que pode ser combatido com sucesso, principalmente quando detectado em seu início.
A grande questão é: como educar a população de um país onde a doença é a segunda principal causa de morte entre homens e mulheres?
Pensando nisso, o Hospital HIMA- San Pablo, em San Juan (Porto Rico) desenvolveu uma ideia inovadora em sua concepção e simples na execução, o "Life Soap"; um sabonete para lembrar e orientar cidadãos sobre a importância do autoexame.
"Em muitos casos, tudo o que preciso é um autoexame simples para detectar um tumor cancerígeno. Infelizmente, a maioria das pessoas não têm o hábito de realizar estes exames", afirmou Iván del Toro, médico diretor do hospital.
A ação, criada pela TBWA San Juan, consistiu em desenvolver sabonetes com mensagens gravadas que lembram as pessoas sobre o quanto é essencial que realizem o autoexame.
Além disso, a embalagem do produto funciona como uma espécie de bula contendo todas as instruções para a realização correta do procedimento, tanto em homens (testículo) como em mulheres (seio).
Para colocar a ideia em prática, o sabonete foi enviado por correio para os clientes do Hospital, além da realização de ativações em diversas ruas de San Juan.
"Estou muito orgulhosa por fazer parte de um projeto que pode fazer a diferença real e tem o potencial de salvar vidas", disse Luzirene Mendoza, CEO/sócia da TBWA San Juan.
O idealizador do projeto é o brasileiro André Felix, que recentemente descobriu que a sua avó de 88 anos está com câncer de mama.
O publicitário, que já criou cases como o inesquecível "Meeting Murilo", colocou cabeça e cérebro para funcionar e mais uma vez utilizou a criatividade a serviço de uma iniciativa que pode melhorar e até salvar a vida das pessoas.
Por que um sabonete? Depois de muita pesquisa, descobriu-se que o momento mais oportuno para entregar essa mensagem é durante o banho, quando geralmente as pessoas têm um contato mais íntimo com o próprio corpo.
"Se este projeto ajudar uma pessoa a ser salva com o autoexame, certamente será a ideia mais importante da minha carreira", concluiu Félix.
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