Agência de saúde dos EUA confirma que vírus da zika causa microcefalia
14/04/2016 - O Estado de S.Paulo
Depois de fazer uma detalhada revisão de estudos recentes que têm mostrado crescentes evidências da associação entre o vírus e as más-formações, os cientistas do CDC afirmaram que “não há dúvidas de que o zika causa a microcefalia”. “Esse estudo marca um ponto de virada na epidemia de zika. Agora está claro que o vírus causa microcefalia”, disse o diretor do CDC, Tom Frieden, em comunicado à imprensa.
“Nós também estamos lançando mais estudos para determinar se as crianças com microcefalia nascidas de mães infectadas com o vírus zika são apenas a ponta do iceberg de uma série de outros danos ao cérebro e problemas de desenvolvimento”, afirmou Frieden.
A suspeita surgiu, no fim do ano passado, quando o Estado antecipou a decisão do governo federal de decretar emergência nacional, no dia 11 de novembro. No dia 28, estudo revelado pelo Estado confirmou a relação ao detectar o zika em um bebê do Ceará que nasceu com microcefalia.
SEM DÚVIDA
Coordenador da Rede Zika - uma força-tarefa criada por cientistas paulistas para combater a epidemia do vírus transmitido pelo Aedes aegypti -, o pesquisador Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que, para pesquisadores envolvidos com estudos sobre o vírus, já não havia mais dúvidas sobre a relação causal com a microcefalia.
“O CDC se baseou em uma série de estudos que já foram publicados ou estão em vias de publicação. Há uma grande massa de evidências comprovando que a relação entre o vírus e a microcefalia está muito bem estabelecida. É muito saudável que o CDC a tenha endossado”, disse Zanotto ao Estado.
Segundo Zanotto, o relatório da agência facilitará a resposta das autoridades de saúde dos Estados Unidos a uma iminente epidemia de zika. “Os americanos estão em uma situação de pré-surto, com uma pressão muito grande nas fronteiras, já que há muitos casos de zika em países do Caribe e da América Central. Ao dissipar qualquer dúvida sobre a relação causal, o CDC vai justificar investimentos para tomar medidas necessárias, conseguindo apoio popular, jurídico e legislativo.”
Para o professor de Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Maurício Lacerda Nogueira, a divulgação feita pelo CDC é importante para esclarecer a população sobre a relação entre o vírus e a má-formação, reduzindo a disseminação de boatos. “Isso coloca um ponto final nas teorias conspiratórias, porque é uma relação que existe e é um fenômeno que está acontecendo há seis meses”, disse.
Segundo Nogueira, o relatório mostrou que houve uma resposta rápida da ciência brasileira, que já “estava na faixa de certeza de 99,9%” sobre a relação, com base em estudos que descobriram o vírus em crianças e no líquido amniótico.
O professor disse também que há questões relevantes que precisam ser respondidas. “Faltam dados epidemiológicos importantes. Precisamos saber o fator de risco, quais são os outros potenciais cofatores e, o mais importante, quantas mulheres com zika terão o bebê com microcefalia”, afirmou.
CRITÉRIOS
O relatório do CDC destaca que não houve uma prova única de que a infecção por zika causa a microcefalia. Foi possível, porém, estabelecer a conexão com base nos chamados “critérios de Shepard”, um conjunto de sete regras - criado em 1994 pelo pediatra Thomas Shepard - que diz se um determinado fator está causando defeitos congênitos.
O primeiro critério determina que a exposição ao agente causador deve acontecer em momento crítico do desenvolvimento fetal - o que foi atestado pelo grande número de mulheres que contraíram zika e tiveram filhos com má-formação. O segundo critério exige que pelo menos dois estudos epidemiológicos de alta qualidade apoiem a associação - e foi confirmado com a contribuição de estudos brasileiros.
O terceiro e o quarto critérios foram preenchidos: um claro delineamento de casos clínicos com um defeito congênito específico e uma associação entre uma exposição rara e um defeito congênito raro. Como os outros três critérios restantes não são considerados essenciais, a relação entre vírus e microcefalia foi considerada confirmada.
‘Faltava a formalização’, diz governo
O diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, não tinha dúvidas de que em breve a relação entre zika e microcefalia seria reconhecida. Para ele, o sinal de que a confirmação não tardaria partiu da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Em março, a diretoria do organismo internacional já havia indicado um consenso sobre a associação, que começou a ser feita no Brasil em outubro, depois de identificado o espantoso aumento de nascimento de bebês com a má-formação.
“Faltava a formalização. As recomendações dos EUA, por exemplo, para que gestantes evitassem viajar para locais com transmissão de zika, já demonstravam que o risco era considerado plausível”, observou.
Maierovitch considera que estudos conduzidos no Brasil em parceria com o CDC ajudaram a reforçar a tese. São três: em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia. Resultados preliminares de dois trabalhos já indicavam a forte relação entre zika e a síndrome em bebês. O diretor avalia que o reconhecimento não deve mudar de forma significativa o que já vem sendo feito. “Todas as medidas de prevenção já eram movidas pela crença de que a transmissão do vírus zika tem potencial para provocar a má-formação no bebê.”
Clínicas particulares lotam para vacinação contra H1N1
14/04/2016 - O Globo
“Isso aqui está parecendo o SUS", resmunga a empresária Jaqueline Barbosa, na fila de vacinação contra a gripe H1N1, à porta da clínica particular Kinder, em Ipanema. Em seus 40 anos, ela nunca precisou do Sistema Único de Saúde, mas bastou esperar três horas em pé para sentir um pouco do sabor amargo da rede pública. Na véspera, chegou tarde e não havia mais senhas de atendimento (são 200 por dia).
— Quero me prevenir. Essa doença pode matar — disse.
Os dias têm sido movimentados na Rua Redentor, onde fica a matriz da Kinder, que tem outras três unidades na cidade. Esta é uma das redes autorizadas a vender vacinas contra o H1N1. Com medo de um possível surto do vírus transmitido pelas vias aéreas, muitos cariocas estão em pânico.
— Teve gente que veio às 5h e só foi atendido às 10h. Estou esperando há 3 horas e ainda não sei se vão me atender — disse Angela Figueiredo, de 79 anos.
Não raro saem brigas do lado de fora — a paciência das pessoas se esgota.
— Só pode pegar até duas senhas por pessoa, cadê o respeito, cadê o respeito? — gritava com raiva uma mulher de uns 40 anos a uma idosa. — Comece você respeitando os mais velhos — berrou outro, no fim da fila.
Do lado de dentro da clínica, pouco menos de 20 funcionários trabalham sob pressão — segundo eles, as pessoas não entendem que a quantidade de vacinas produzidas é limitada.
O aumento do número de casos da gripe H1N1 nas últimas semanas fez o governo antecipar em cinco dias a campanha de vacinação. As doses estarão disponíveis nos postos de saúde a partir do dia 25 para gestantes, crianças a partir de seis meses e menores de 5 anos, e também pacientes renais crônicos.
7 MORTOS NO MÉDIO PARAÍBA
Ontem, o município de Resende confirmou mais uma morte por H1N1. A vítima é o empresário Alexandre Boldrim, do setor de material de construção. Com isso, a Região do Médio Paraíba já tem 7 óbitos confirmados, sendo 3 em Resende, um em Volta Redonda, um em Barra Mansa, um em Porto Real e um em Valença.
No último balanço divulgado pela secretaria estadual de Saúde, quinta-feira passada, havia sete mortos por H1N1 em todo o estado, mas há casos ainda não contabilizados na estatística.
Vacina da gripe ainda tem fornecimento irregular
14/04/2016 - Folha de S.Paulo
Apesar de disponível na rede pública desde o início da semana,a vacina contra a gripe continua difícil de se encontrar nas clínicas privadas de São Paulo. Conseguir se imunizar contra a doença que chegou mais cedo neste ano, principalmente no Estado de São Paulo, virou questão de sorte,ou de muita insistência.
Os lotes que chegam às clínicas acabam rapidamente e muitas unidades já advertem em seus sites que não têm a vacina em estoque —tudo isso para evitar tumultos.
A advogada Juliana Cruz de Almeida, 36, que enfrenta dificuldades para encontrar outra vacina nas clínicas—a hexavalente — conta que após muito procurar conseguiu que a família fosse vacinada contra a gripe.
Mãe de Vittorio, de cinco meses, e Vicenzo, de três anos, apenas o mais novo ficou de fora por não ter a idade mínima para a imunização (seis meses). “Acabou dando certo, venci o caos que está para achar [a vacina] e dei a tetravalente”, afirma ela.
Em 2016 o Brasil já registra 102 mortes relacionadas à gripe H1N1. Em todo o ano passado, foram 36. O Estado de São Paulo concentra 70 registros neste ano.
PÚBLICA
Na rede pública, as filas para tomar a vacina contra o a gripe H1N1 continuam.
Diferentemente da rede privada, em que adultos e crianças mais velhas também são imunizados, nas unidades de saúde do SUS estão sendo vacinados desde a última segunda-feira (11) apenas gestantes,idosos e crianças com idade entre seis meses e cinco anos.
As unidades de saúde funcionam das 7h às 19h. Como a Folha mostrou na terça(12), para fugir das filas que têm espera de até duas horas,idosos começaram a chegar bem mais cedo, antes das 5h.
Diferentes tipos de vacinas infantis ‘somem’ de clínicas privadas de SP
14/04/2016 - Folha de S.Paulo
Encontrar a vacina contra a gripe H1N1 disponível nas clínicas privadas de São Paulo está longe de ser o único desafio para os pais que tentam imunizar seus filhos.
Indicadas pelos pediatras, a hexavalente acelular, a pentavalente acelular e a meningocócica B também sumiram do mercado desde o final do ano passado.
A hexavalente acelular protege contra difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, hepatite B e as doenças causadas pelo Haemoplilus influenzae tipo B, como a meningite e infecções bacterianas.
É quase a mesma proteção da pentavalente acelular, que não cobre a hepatite B.
Fora da lista do Programa Nacional de Imunizações e disponíveis apenas na rede privada, a opção a elas é a pentavalente oferecida pelo SUS — que não é acelular, e sim feita com células inteiras.
Ela também protege contra difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenzae tipo B e contra a hepatite B.
A indicação da Sociedade Brasileira de Imunizações é que os pais não deixem de vacinar as crianças e recorram à vacina da rede pública.
“Não atrase o calendário, pois a vacina do SUS funciona muito bem. O risco de reação é maior, mas em termos de eficácia é tão boa quanto”, diz o médico e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri.
Foi oque a advogada Juliana Cruz de Almeida, 36, fez após procurar pela hexavalente, até mesmo em outras cidades. Vittorio, de cinco meses, tomou a primeira dose no SUS em janeiro. “Ele teve febre alta, o local da picada ficou inflamado e com inchaço quase uma semana.” “Pelo menos metade das crianças acabam tendo febre ou outros sintomas”, diz Marco Aurélio Palazzi Safadi, da Sociedade Paulista de Pediatria.
“Mas, é importante dizer que ela não protege menos.
Tem proteção, no mínimo, igual e há estudos que mostram que contra a coqueluche pode ser ainda melhor”.
PROCURA
No próximo mês, Vittorio completa seis meses e vai precisar tomar mais uma dose.
“Tive problemas para encontrar naquela época e acho que vou ter de novo”, diz Juliana.
O mesmo vale para a meningocócica B. Aprovada pela Anvisa (agência nacional reguladora) em 2015, ela não está disponível no SUS.
A psiquiatra Camila Magalhães Silveira, 38, também encontrou dificuldades. Moradora da capital e mãe de um menino de dois anos e de outro de dois meses, ela achou uma dose da hexavalente em Santo André (Grande São Paulo). “Só quem tem filho nessa fase sabe como isso é importante e angustiante.” Fabricante da pentavalente, a Sanofi Pasteur afirma que o produto está em falta devido a“um aumento mundial da demanda” e que empreende “todos os esforços para disponibilizar o mais rápido possível novas doses desta vacina”. A previsão é ainda no primeiro semestre.
A GSK também culpa a demanda maior e diz que espera regularizar o fornecimento da hexavalente em junho.
A pentavalente tem“ algumas doses” sendo liberadas neste mês, o que já vem ocorrendo com a meningocócica B.
Clique Pediatra
14/04/2016 - Folha de S.Paulo
Com prontos-socorros e consultórios lotados por causa do surto de gripe H1N1, uma nova forma de assistência médica ganha força entre os pais de crianças pequenas: o pediatra em casa.
Plataformas digitais, como a Dr. Vemea Dokter, utilizam um modelo parecido com o do Uber: a pessoa se cadastra, aponta sua localização pelo celular e chama o profissional.
O aplicativo então aciona o pediatra mais próximo para o atendimento. O médico telefona para a família e faz uma triagem para saber o estado geral da criança. Se for uma emergência, orienta os pais a levarem ao hospital.
Se o caso for considerado de baixa complexidade (gripe comum, uma otite ou outra virose, por exemplo), a consulta domiciliar é agendada para uma hora depois, em média. Em São Paulo, o custo da primeira consulta é de R$ 197. Em Brasília, varia de R$ 300 a R$ 400, dependendo do horário.
“Está difícil ir a um pronto socorro de pediatria e não ficar quatro horas esperando.
A ideia[como aplicativo] é esperar pouco por uma consulta que demande o tempo necessário”, afirma o cirurgião Marco Antonio Venturini, criador do aplicativo Dokter.
Moradora de São Paulo, a contadora Elisabeth Kessper, 41, mãe de Pietro, de um ano e dez meses, usou pela primeira vez o serviço há duas semanas, após se deparar como pronto-socorro lotado.
“Meu filho estava com dor de garganta e vomitava muito. O pediatra dele estava viajando. Fui até o PS, mas a previsão era de três horas de espera e fiquei com medo de ele sair de lá ainda pior”, diz.
Segundo ela,a médica examinou o menino “dos pés à cabeça” e, ao final de quase uma hora de atendimento, receitou um antitérmico e um medicamento para conter o vômito. Ela conseguiu que o plano de saúde reembolsasse o valor do consulta.
A pediatra Fernanda Trolezi, da plataforma Dr. Vem, afirma que 80% dos casos são de baixa complexidade e podem ser resolvidos no atendimento em casa (ou no consultório médico).
“No PS, você acaba tendo contato com outros tipos de doença, sem contar o próprio H1N1. Você pode estar com qualquer tipo de gripe e sair de lá com H1N1”, explica.
Ela diz que outra vantagem do atendimento em casa é que a criança fica menos estressada.
“A gente consegue examiná-la melhor, sem choro.
Alguns até dizem: ‘Quando você volta, tia? ’A situação é muito diferente daquela que a gente vê num hospital ou consultório.” No final da consulta domiciliar, o médico gera um relatório que é compartilhado com o pediatra da criança.
Segundo o economista Daniel Lindenberg, co-fundador da Dr.Vem, o perfil dos médicos que atuam na plataforma é de jovens entre 28 e 35 anos que já têm uma experiência prática (em hospitais pediátricos, por exemplo),masque ainda não dispõem de consultórios privados.
“É um profissional em fase de transição, que procura uma maior qualidade de atendimento do que aquela dispensada nos prontos-socorros. Mas também temos pediatras com horas livres no consultório que têm interesse em atuar na plataforma.” Atualmente, a Dr. Vem conta com 50 pediatras no corpo clínico e se prepara a para oferecer também clínicos gerais e geriatras. Atua somente em São Paulo (capital). A Dokter tem 40 pediatras e 20 clínicos gerais e pediatras para o atendimento de adultos.
Por questões de mercado, as empresas não abrem o número de atendimentos, mas dizem que, desde fevereiro, a procura pelo serviço triplicou, especialmente em razão do surto de H1N1.
ACOMPANHAMENTO
Bráulio Luna Filho, secretário do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), diz que, até o momento, não houve questionamentos ou reclamações à entidade sobre os serviços de médico em casa.
Ele afirma que, desde que o médico faça um bom atendimento e obedeça os preceitos éticos, não vê problema na expansão dessa modalidade de atendimento.
Tanto a Dr.Vem quanto a Dokter informam que fazem checagem sobre a vida profissional de cada médico (verificam se tem processo no Cremesp, por exemplo) que atende por meio da plataforma.
Para o clínico geral Gustavo Gusso, professor da USP, o atendimento por meio de aplicativos é uma tendência, mas o problema é que o cuidado médico “fica solto”.
“A medicina tem que trabalhar em rede. Como se pode ter certeza de que o caso é de baixa complexidade? E se complica, quem se responsabiliza, quem acompanha o paciente?”, questiona.
Técnica para cicatrizar fraturas nos ossos pode beneficiar pacientes
13/04/2016 - G1 - Jornal Nacional
No Brasil, pesquisadores do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, no Rio, provaram as vantagens de uma técnica para cicatrizar fraturas nos ossos. Esse trabalho inédito foi apresentado no Congresso Americano de Ortopedia, na Flórida, e pode beneficiar muitos pacientes.
Do alto de um salto de 15 cm, Joyce nem se lembra de que a pequena cicatriz na coxa é de uma cirurgia, feita há menos de um ano.
A cabeleireira foi atropelada, quebrou o fêmur e precisou operar. Mas se recuperou logo.
“Foi ótimo. Com um mês e meio eu já estava andando, no mesmo ano eu já fiz já spinning, academia e tudo! Realmente não parece que eu sofri um acidente”, conta Joyce Cipriano da Silva.
Essa rapidez é resultado de uma técnica usada pelos médicos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, no Rio.
Com o equipamento chamado fresa, eles alargam a parte interna do osso quebrado e depois instalam a haste de titânio que vai ajudar na fixação.
Na literatura médica mundial, não existe um consenso sobre esse procedimento. Muitos médicos acham que ele destrói células.
Mas no laboratório os pesquisadores brasileiros descobriram que a fresa movimenta as células do osso e, com esse estímulo, elas dobram de quantidade no local da lesão, acelerando o processo de "colagem". Assim, a recuperação da área fraturada é mais rápida.
Os médicos esperam que a partir desse estudo, a técnica se torne referência, pelo menos no Brasil.
“A gente observou que de fato existe um componente biológico bastante importante, bastante significativo. Essa comprovação nos dá mais firmeza em daqui pra frente optar pela técnica baseado em dados científicos, e não mais apenas em dados da literatura”, diz a chefe de pesquisa do Into, Maria Eugênia Duarte.
A melhor forma de explicar a vantagem dessa descoberta é dizer que ela reduz pela metade o tempo de internação e de reabilitação. Nas cirurgias convencionais os pacientes levam de quatro a seis meses pra se recuperar. Com a técnica, são dois meses em média. O outro benefício é a cura. Dos treze pacientes que participaram da pesquisa, todos eles tiveram regeneração completa dos ossos.
Matheus é mais um caso de sucesso. Ele quebrou o fêmur num acidente de moto.
“Hoje eu me sinto novo. Me sinto melhor do que antes”, diz o cantor Matheus Oliveira da Silva.
Vacina com químio reduz o câncer
14/04/2016 - Correio Braziliense
A vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) evita a contaminação pelo micro-organismo que causa 98% dos casos de câncer do colo do útero. Mas, além da proteção, ela pode ser usada no tratamento desse tumor. É o que sugerem cientistas da Holanda na edição desta semana da revista Science Translational Medicine. Ao unirem uma vacina experimental com a quimioterapia, eles conseguiram diminuir o tumor e aumentar a sobrevida em ratos. Testes com mulheres também mostraram redução de células cancerígenas.
Os cientistas acreditam que os resultados foram alcançados graças a um reforço do sistema imunológico proporcionado pela vacina. Eles também têm a esperança de que a estratégia possa ser usada no combate a outros tipos de cancros. Em 2009, a equipe desenvolveu uma vacina para o HPV que mostrou alto grau de proteção em testes iniciais com pessoas saudáveis. Em busca de mais ganhos, resolveram observar se o medicamento também mostrava benefícios em mulheres já diagnosticadas com tumores. “Nós testamos essa vacina em pacientes com câncer e a resposta imunitária foi muito fraca”, contou Sjoerd Van Der Burg, um dos autores do estudo e pesquisador do Hospital Universitário Leids Universitair Medisch Centrum.
Após a tentativa frustrada, a equipe resolveu investigar se a vacina combinada com o medicamento padrão da quimioterapia traria melhores resultados. A união de procedimentos surpreendeu: a redução do tumor e a sobrevida das cobaias foram maiores se comparados aos efeitos da químio isolada. Um segundo teste foi feito com 19 pacientes que sofriam de câncer do colo do útero em estado avançado. Duas semanas depois da quimioterapia, elas receberam o tratamento conjunto e também constatou-se redução dos tumores. “A vacina estimula os linfócitos (células brancas do sistema imune) do paciente para se tornarem ativos e reconhecerem o tumor. Desse modo, o sistema imunitário começa a lutar contra o câncer mesmo quando a quimioterapia não é mais ministrada”, explicou Van Der Burg.
João Serafim da Cruz Neto, coordenador do Ambulatório de Obstetrícia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, explica que os ganhos relatados no estudo podem ser atribuídos principalmente à ação de duas substâncias importantes do sistema imunológico. “Durante a quimioterapia, os linfócitos diminuem e os mielócitos, outra linhagem de células de defesa, ficam em nível normal. Com a associação da vacina, os pesquisadores viram que a resposta das células de defesa era melhor, já que os mielócitos voltavam ao nível padrão e os linfócitos davam respostas mais exacerbadas. Isso interfere no tamanho dos tumores, já que essas substâncias inibem o crescimento tumoral”, detalhou.
Neto também destaca que o experimento holandês mostra que a vacina pode assumir um papel diferente do original, apenas protetivo, mas ressalta que outras análises devem ser feitas para confirmar se os ganhos observados nos experimentos iniciais podem ser considerados como um novo tratamento. “Nesse estudo, a vacina age como um adjuvante à quimioterapia. Os resultados são importantes, mas é preciso destacar também que os pacientes testados se encontravam no estágio avançado do câncer, uma situação em que nem a cirurgia pode ser feita. É necessário uma avaliação maior, em outros cenários e com um número maior de participantes”, opinou.
MAIS TESTES
Os cientistas holandeses farão novos testes com o objetivo principal de aumentar a eficácia do tratamento combinado. “Prevemos que haverá ainda outros obstáculos. Queremos, por exemplo, que os linfócitos ativados tornem-se regulares e também pretendemos combiná-los com outros tipos de anticorpos”, disse Van Der Burg. O médico exemplifica que o câncer de ovário se comporta de forma semelhante ao do útero. “Isso sugere que, se futuramente tivermos disponível uma vacina para esse tipo de tumor, essa terapia também pode funcionar na luta contra esse câncer.”
Cruz Neto destaca que tentativas que priorizam a otimização do sistema imune como a do estudo holandês têm sido opções cada vez mais exploradas na oncologia. “Esse tipo de procedimento entra na linha da imunoterapia, envolve estratégias que melhoram o desempenho do sistema imunológico para favorecer o tratamento anticâncer. O HPV têm sido muito estudado devido a sua alta incidência, o que também gerou a vacina. É natural que ela também seja considerada e testada como um auxiliar a esse problema de saúde”, analisou.
"Nesse estudo, a vacina age como um adjuvante à quimioterapia. Os resultados são importantes, mas é preciso destacar também que os pacientes testados se encontravam no estágio avançado do câncer”, João Serafim da Cruz Neto, coordenador do Ambulatório de Obstetrícia do Hospital Santa Lúcia
AVANÇOS
Existem algumas drogas com o objetivo de estimular a resposta imunológica contra as células cancerígenas que já usadas na área médica, como a alfainterferona e a interleucina-2, utilizadas no tratamento do câncer de rim e do melanoma. O bacillus Calmette-Guerin (BCG) é outro remédio com o mesmo poder. Injetado dentro da bexiga, no tratamento do câncer no órgão na fase inicial. A busca por novas moléculas com poder imunoterápico esbarra, porém, nos altos valores de produção.
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