Mortes por H1N1 chegam a 102; 1º dia de vacinação tem filas a partir das 4h30
12/04/2016 - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O número de mortes provocadas pelo H1N1 em todo o País subiu de 71 para 102, em uma semana, alta de 43%. São Paulo concentra o maior o registro de vítimas, com 70 óbitos, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Com longas filas nas unidades da rede pública, começou nesta segunda-feira, 11, em São Paulo a campanha de vacinação antecipada para grupos de risco - gestantes, pessoas acima de 60 anos e crianças de 6 meses a 5 anos -, inicialmente prevista para o dia 30 deste mês.
Na rede estadual, do dia 4, quando teve início a campanha para profissionais de saúde, até esta segunda, foram imunizadas 243 mil pessoas - dessas, 120 mil gestantes, idosos e crianças da região de São José do Rio Preto. A estimativa é de que 3 milhões de pessoas sejam imunizadas. A Prefeitura de São Paulo não divulgou balanço.
“Estamos no início da curva”, afirmou o diretor de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. A tendência, segundo ele, é de que a epidemia de gripe, que neste ano teve início antecipado, cresça no próximo mês e atinja o seu ponto máximo. A previsão é feita com base na trajetória da epidemia em 2013.
Dos 686 casos identificados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 78% estão concentrados em São Paulo. Foram 534. Em todo o Sudeste, foram identificados 553 pacientes com complicações provocadas pelo vírus. Santa Catarina é o segundo Estado com maior número de casos da doença: 40, seguido do Paraná (21 casos), Goiás (12), Pernambuco (11), Minas (10), Bahia (9).
Ao todo, 18 Estados têm registro de complicações provocadas pelo H1N1. Há uma semana, eram 444 casos - alta de 54%. Além de São Paulo, outros 13 Estados registram mortes provocadas pelo vírus.
Maierovitch não descarta o risco de a epidemia atingir neste ano indicadores semelhantes ao registrado há três anos, que acabou com 768 óbitos. “Pode ser que vejamos uma repetição do grande número de mortes.” Ele, porém, observou que todos os anos a gripe provoca um número significativo de óbitos.
PREVENÇÃO
Com medo do surto, a população-alvo da campanha de vacinação chegou aos postos da capital nesta segunda-feira, 11, ainda de madrugada. O guia turístico Caio Damazio, de 27 anos, foi o primeiro a chegar à Unidade Básica de Saúde (UBS) Humberto Pascale, em Campos Elísios, no centro, para garantir uma dose para a sobrinha de 9 meses. Eram 4h20. “Na semana passada, nós tentamos em uma clínica particular. Cheguei às 4h30, mas não consegui senha”, disse Damazio. “A gente está assustado com esse surto.”
Não só ele. Em questão de minutos, o público se multiplicou. Às 6 horas, eram 20 pessoas. Às 6h30, havia cerca de 70 na fila. Por volta das 7 horas, já passavam de 120. “Tem de se cuidar, porque o negócio é muito sério”, disse o aposentado Antônio Amâncio, de 68 anos. “Um amigo meu ficou gripado na semana passada. Sentiu muita dor de cabeça e febre. Três dias depois, morreu”, contou.
Maria José Borges, de 66 anos, decidiu se vacinar o quanto antes. “Nos outros anos, eu não tinha muita pressa, mas agora eu quis vir logo no primeiro dia”, afirmou a aposentada, atendida na UBS Vila Ipojuca, na Lapa, zona oeste.
Na UBS Dr. Manoel Joaquim, na Vila Madalena, zona oeste, o advogado Ubiratan Custódio, de 69 anos, reclamou da espera. “Você coloca um idoso em pé por horas depois diz que a campanha foi um sucesso, mas é uma tragédia”, afirmou. Custódio disse que levou 1h25 para ser vacinado.
Quem optou por ir mais tarde teve mais tranquilidade. Por receio de enfrentar uma multidão na UBS Jardim Icaraí, na Brasilândia, zona norte, a dona de casa Carla Ariade, de 21 anos, chegou às 11 horas com o filho Murilo, de 4. “Vim no primeiro dia já para prevenir porque dizem que essa gripe mata, né? Achei que de manhã estaria bem cheio, então vim mais tarde.”
A aposentada Manuela da Silva, de 84 anos, preferiu esperar, foi sozinha ao posto e saiu vacinada em dois minutos. “Todo ano eu tomo. E imaginei que neste ano teria confusão, então vim quando achei que estaria mais sossegado”, contou.
O secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, pediu calma. “A vacina vai estar presente. Temos um estoque absolutamente garantido”, disse em visita à UBS Dr. Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, na Brasilândia, zona norte. Ele anunciou que neste sábado será realizado mutirão em lares de idosos. A Prefeitura pretende imunizar 1,3 milhão de pessoas
Mesmo com opção pública, filas continuam em clínica particular
12/04/2016 - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O início da vacinação na rede pública para idosos, gestantes e crianças não evitou a procura pela imunização em clínicas particulares. Nas filas havia nesta segunda-feira, 11, famílias inteiras buscando a vacina, além de interessados pela versão tetravalente (contra quatro tipos de vírus), que não é ofertada gratuitamente. Em algumas unidades, as doses acabaram rapidamente e não há data para a reposição.
Após 15 dias telefonando para consultar o estoque de uma clínica nos Jardins, na zona sul da capital, a bancária Marcia Matos, de 41 anos, conseguiu encontrar a vacina e foi com o marido, a mãe e os três filhos para o local. A filha de 10 meses e a mãe, de 84 anos, poderiam vacinar-se em uma unidade pública, mas ela preferiu que a vacinação fosse feita em um só lugar.
“Sou de Santana (zona norte) e o posto perto de casa não estava cheio, mas achei melhor não ter de pegar fila lá e aqui. Só me vacinei em 2009, mas fiquei preocupada com meus filhos.”
A engenheira civil Michelle Palladino, de 41 anos, foi com a filha Julia, de 6, e a sogra, a aposentada Luiza Palladino, de 85 anos, na mesma clínica, na tarde desta segunda. Elas já buscavam a dose desde a semana passada e o alerta de que a vacina estava disponível foi dado pela cunhada de Luiza, a também aposentada Therezinha Palladino, de 86 anos.
"Vim hoje ()segunda) às 6h30 e consegui. Já tinha tentado na sexta e no sábado. Vi que estava fácil e chamei a família.”
Embora a vacina esteja disponível para pessoas com mais de 60 anos em postos de saúde, Michelle conta que a sogra e a cunhada dela preferiram a rede privada. “Está difícil aqui. Imagine na rede pública.”
Em uma clínica de Higienópolis, na região central, dois cartazes na entrada informavam que as doses tinham acabado e não havia previsão de chegada. A assistente social Maria Angélica Oliveira, de 67 anos, tentou se vacinar e vai aguardar a chegada do imunizante. “Gostaria de tomar há mais de uma semana, porque minha filha está grávida. Não tomo todos os anos.”
Em apenas duas horas, as doses também acabaram em uma clínica em Perdizes, na zona oeste. Uma funcionária recomendava aos interessados que voltassem na quarta-feira, às 8 horas. “A vacina vai chegar amanhã (hoje), mas não tem previsão de horário. É melhor voltar na quarta.”
ASSÍDUO
O administrador de empresas Luiz Fernando Biasetto, de 69 anos, tentou tomar a vacina no fim da tarde desta segunda, mas não conseguiu. Ele sempre se protege contra a gripe, mas neste ano já buscou a clínica mais de uma vez, sem sucesso. “Está mais difícil. Não tentei na rede pública, porque prefiro a tetravalente.”
Atendimento no SUS
12/04/2016 - Valor Econômico
A 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) manteve condenação solidária do Estado e de município do sul catarinense ao pagamento de indenização por danos morais a agricultor que perdeu a chance de reverter falta de visão por atraso na prestação de tratamento clínico adequado por parte do Sistema Único de Saúde (SUS). O cidadão sofreu acidente de trabalho que lhe causou lesão ocular - foi atingido pelo laço de corda que prendia boi de sua propriedade e arrebentou. Após submeter-se a cinco transplantes de córnea, todos sem sucesso, a vítima buscou amparo no SUS, quando ainda havia chance de reversão do quadro de baixa acuidade visual - pelo menos de seu olho esquerdo. Passados dois anos sem resposta satisfatória dos órgãos públicos, foi diagnosticada sua definitiva cegueira bilateral completa. Com a decisão, o trabalhador receberá cerca de R$ 180 mil (valor corrigido).
Primeiro dia de vacinação contra H1N1 em SP tem confusão e bate-boca
11/04/2016 - Valor Econômico / Site
O primeiro dia da campanha de vacinação contra o vírus influenza, causador da gripe H1N1, começou com briga, bate-boca e desmaio nesta segunda-feira.
Na UBS Moóca 1, na rua Taquari, por volta das 9h20, houve um princípio de confusão quando uma idosa supostamente furou a fila. Houve bate-boca, gritaria e pacientes quase chegaram às vias de fato. Uma senhora desmaiou e foi atendida por funcionários da Unidade Básica de Saúde.
Estão sendo vacinadas crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos, idosos com mais de 60 anos e gestantes.
Depois de muita confusão e desorganização na fila, os próprios usuários da UBS Moóca 1 passaram a organizar a espera para fugir do sol. Graça Tucci, 89, estava havia três horas à espera da vacina. A aposentada acordou às 5h e chegou na unidade de saúde as 6h. Após a espera sua preocupação era com os mais novos. "É um absurdo, está cheio de criança e grávida esperando debaixo do sol", disse.
À medida em que o sol ia esquentando, a fila para a vacina se transformou em uma sequência de sombrinhas na Moóca. À espera é também de cerca de uma hora e meia.
No Belenzinho (zona leste), na UBS Marcus Wolosker, cerca de 300 pessoas estavam na fila desde às 7h. A espera dura cerca de uma hora e meia e a imunização só é dada para quem retira senha. A cada ônibus que para no ponto em frente à UBS, mais idosos vão chegando.
Um deles é a aposentada Roseni Dattas Corrêa, 79. Ela tem problemas cardíacos e com medo de se contaminar foi para a UBS com uma máscara. "Tenho problemas no coração e não quero pegar uma gripe esperando para ser vacinada", diz.
Já na UBS Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista (região central), 250 pessoas estavam à espera da vacina por volta das 9h. Os primeiros haviam chegado às 6h, uma hora antes de a unidade abrir. Haviam sido distribuídas, àquela altura, 200 senhas para idosos e gestantes e 50 para crianças. Uma fila se formou na rua onde fica a unidade.
Cientistas brasileiros ligam zika a novo distúrbio cerebral em adultos
11/04/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Cientistas brasileiros revelaram um novo distúrbio cerebral em adultos associado ao vírus da zika: uma síndrome autoimune chamada encefalomielite disseminada aguda, ou Adem, que ataca o cérebro e a espinha dorsal.
O vírus já foi relacionado a outro distúrbio autoimune, a síndrome de Guillain-Barré, que ataca os nervos periféricos fora do cérebro e espinha dorsal, causando uma paralisia temporária que pode, em alguns casos, fazer com que os pacientes precisem da ajuda de equipamentos para respirar.
A nova descoberta mostra que o zika pode provocar também um ataque imune contra o sistema nervoso central. Com isso, aumenta a lista de danos neurológicos associados a ele.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existe um grande consenso científico de que, além da Guillain-Barré, o vírus da zika pode causar a microcefalia em recém nascidos, embora a produção de provas conclusivas ainda deva demorar meses ou anos.
A microcefalia é uma má-formação cerebral, na qual os bebês nascem com cabeças menores do que o normal, o que pode resultar em problemas de desenvolvimento.
Além de doenças autoimunes, alguns pesquisadores também têm apresentado relatos de pacientes com vírus da zika que desenvolvem encefalite e mielite –distúrbios neurológicos tipicamente causados pela infecção direta de células nervosas.
"Embora nosso estudo seja pequeno, pode fornecer evidência de que, nesse caso, o vírus tem efeitos diferentes sobre o cérebro do que aqueles identificados nos estudos atuais", disse em um comunicado a doutora Maria Lúcia Brito, neurologista do Hospital da Restauração, no Recife.
A Adem ocorre tipicamente como consequência de uma infecção, provocando o inchaço acentuado do cérebro e da espinha dorsal e danificando a mielina, a proteção esbranquiçada que envolve as fibras nervosas. Os sintomas são fraqueza, dormência e perda do equilíbrio e da visão, similares aos da esclerose múltipla.
Maria Lucia Brito apresentou suas descobertas neste domingo, durante um encontro da Academia Americana de Neurologia, em Vancouver, no Canadá.
O estudo envolveu 151 pacientes que foram atendidos no hospital entre dezembro de 2014 e junho de 2015. Todos foram infectados com arbovírus, a família de vírus da qual fazem parte dengue, zika e chikungunya.
Seis dos pacientes desenvolveram sintomas consistentes com distúrbios autoimunes. Desses, quatro tinham Guillain-Barré e dois tinham Adem. Em ambos os casos de Adem, imagens do cérebro mostraram danos na mielina. Os sintemas da Adem duram tipicamente seis meses.
Todos os seis pacientes testaram positivo para zika, e todos tiveram efeitos prolongados após receberem alta do hospital, com cinco pacientes tendo apresentado disfunção motora, um problemas de visão e um declínio cognitivo.
Casos de dengue crescem 47% no país e chegam a quase 500 mil
11/04/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A dengue continua a avançar com força no país. Dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta segunda-feira (11), mostram que o Brasil já registra 495.266 casos prováveis da doença.
O número, que abrange os dados contabilizados desde janeiro até o início de março, já é 47% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior, quando havia 337.738 casos notificados.
O aumento ocorre em 20 Estados e no Distrito Federal. Destes, nove já apresentam incidência de dengue no patamar de uma epidemia –a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que isso ocorre quando há mais de 300 casos de dengue a cada 100 mil habitantes.
São eles: Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
MINAS
A situação é mais grave em Minas Gerais, onde essa proporção já é o dobro deste parâmetro, com 775 casos a cada 100 mil habitantes. O Estado também lidera em número de registros de atendimentos.
Até o dia 5 de março, o Estado somava 161.844 notificações de casos prováveis da doença. No mesmo período do ano anterior, eram 18.331.
O novo avanço da dengue ocorre menos de um ano após o país registrar números recordes da doença, com 1,6 milhão de atendimentos nas redes de saúde e 863 mortes.
Uma das explicações apontadas para o novo aumento está na distribuição dos casos. Enquanto no ano passado cerca de metade dos registros ocorria em São Paulo, agora, os casos estão espalhados em mais pontos do país.
Outra hipótese é que parte dos casos enquadrados como dengue após diagnósticos clínicos sejam de outras doenças com alguns sintomas semelhantes, como zika e chikungunya. Ambas são transmitidas pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti.
Apesar do novo avanço, o país registra menos mortes por dengue em relação ao ano anterior. Boletim do Ministério da Saúde aponta 67 registros até o dia 5 de março -uma redução de 73% em relação ao mesmo período do ano passado.
SÃO PAULO
Em São Paulo, o número de casos de dengue teve redução de 167% nos dados até 5 de março deste ano em comparação ao mesmo período de 2015. Agora, são 79.263 registros, contra 212.360 em igual época do ano anterior.
A queda nos registros paulistas ocorre, em parte, pela redução no número de pessoas suscetíveis ao sorotipo de vírus da dengue em circulação – devido ao alto número de infecções no ano anterior.
Dados do Ministério da Saúde, obtidos a partir da análise de 1.575 amostras, apontam que o tipo 1, entre os quatro existentes, ainda teria circulação predominante nesta região. A situação, porém pode variar conforme o local. Também há novas amostras sendo analisadas.
|