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CRF-SP - Clipping de Notícias
 

CLIPPING - 11/04/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 
   

 

 

Plantão Médico: Suplementos dietéticos e seus problemas

09/04/2016 - Folha de S.Paulo


A seção Novidades & Perspectivasda revista "Annals of Emergency Medicine" deste mês aborda os perigos de remédios oferecidos como suplementos alimentares para emagrecer e vitaminas.

O artigo "Os perigos em pílulas", de Eric Berger, lista estudos sobre os suplementos, responsáveis por 23 mil consultas médicas anuais de emergência nos EUA.

Entre outros, Berger cita o médico Pìeter Cohen, de Harvard, que na década de 2000, em uma clínica em Cambridge, perto de Boston, prestou atendimento de urgência a pacientes com insuficiência renal e outras doenças.

Cohen encontrou conexão entre as pílulas para dietas, importadas do Brasil e complicações dos doentes. Testes revelaram presença desde anfetaminas até antidepressivos.

Esses medicamentos, vendidos como suplementos alimentares naquela época, foram identificados e sua fabricação proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

No artigo é citada pesquisa de Andrew Geller, publicada em 2015 no "New England Journal of Medicine" sobre efeitos adversos com suplementos alimentares. Dos 23 mil casos de emergência, 28% eram adultos entre 20 e 34 anos de idade com palpitação, dor torácica e elevada frequência cardíaca e 56% dos problemas estavam relacionados a regimes para perda de peso.

Em adultos acima dos 65 anos, grande parte das emergências foram sufocação por disfagia causada pelas pílulas.




Corrida por vacina contra H1N1 provoca filas pelo País; clínicas têm lista de espera

11/04/2016 - O Estado de S.Paulo


A procura pela vacina contra a gripe H1N1 tem provocado filas em clínicas particulares em todas as regiões do País, mesmo em Estados sem registros de mortes em decorrência da doença.

Do Recife a Santa Catarina, faltam imunizantes para atender à demanda e estabelecimentos passaram a agendar o atendimento para evitar a espera na porta.

Com 71 mortes confirmadas no País até sexta-feira, o Ministério da Saúde deixou a cargo dos Estados a antecipação da campanha de vacinação, prevista para começar no dia 30. Estados com mais mortes até agora, São Paulo e Santa Catarina começaram a imunizar profissionais de saúde na semana passada.

Hoje começa a vacinação para os grupos considerados prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, idosos e gestantes.

Mesmo sem nenhuma morte pela doença registrada em Pernambuco, a procura pela imunização no Recife é grande desde o início do mês. A dentista Samanta Guerra, de 31 anos, moradora do Recife, tentou por três vezes na última semana vacinar os gêmeos Lucas e Daniel, de 2 anos. Decidiu viajar para a Paraíba em busca da imunização.

“Minha irmã mora em João Pessoa e conseguiu fazer a reserva de duas doses para meus filhos. Cansei de tentar por aqui.

Na sexta, passei quatro horas em uma fila e, pouco tempo antes de sermos atendidos, a vacina acabou”, diz.

Proprietária de uma rede com quatro clínicas, a empresária Juliana Souza está preocupada em não conseguir atender seus clientes. “Na semana passada, em um só dia, aplicamos mais de 3mil vacinas, e a lista de espera não para de crescer. As vacinas chegam e acabam horas depois. E não tenho como ampliar a oferta, porque meus fornecedores também não dão conta da procura.” Em Santa Catarina, apenas metade das clínicas tem a vacina disponível. As demais estão agendamento atendimento, para quando as doses chegarem.

O Estado já confirmou seis mortes pela doença até a semana passada.

A comerciária Gorethe Maniski, de 48 anos, porém, não sabia dos agendamentos e acabou perdendo a viagem até uma clínica em Florianópolis. “Fico preocupada. Toda semana aparece uma nova morte”, diz.

Em Cuiabá, em Mato Grosso, a morte de um homem de 73 anos pelo H1N1 provocou uma corrida pela imunização. O estoque da cidade zerou na quinta-feira.

Também lá, o atendimento está sendo agendado.

A procura fez aumentar o preço do imunizante.

Até este mês, a dose custava entre R$ 80 e R$ 100. Na semana passada, já valia, em média, R$130. A assistente social Maria Aparecida Sena levou a filha, Maria Luiza, de 6 meses, para ser vacinada, mas foi informada de que as doses chegam nos próximos dias. “A vacina está cara, mas, nessa hora, a gente nem pensa nisso.” Segundo a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, 24 cidades têm registro da doença e nove mortes estão em investigação.


INTERIOR


Uma longa fila vem se formando todos os dias na frente da única clínica particular de vacinação de Frutal, a 620 km de Belo Horizonte. “Começa por volta das 5h30. Às 7h, as pessoas começam a entrar e, às 7h30, não tem mais nada”, afirma o atendente de farmácia Samuel Teotônio Silva Júnior. A cidade registrou as duas mortes em Minas por H1N1, conforme dados da Secretaria de Saúde.

“O pessoal aqui está cismado”, diz o aposentado João Batista da Cruz, de 73 anos. Ele, no entanto, desistiu de esperar pela vacina na fila.




Vacina grátis contra a gripe leva multidão a concessionária de SP

10/04/2016 - Folha de S.Paulo


O medo do vírus H1N1 fez mais de 500 pessoas madrugarem na frente de uma loja da BMW na zona sul de SP.

A loja comprou 1.500 doses da vacina e ofereceu aos primeiros que chegaram. As senhas se esgotaram às 11h30, e todos foram vacinados até as 16h, quando a loja fechou em seu horário normal.

“Vale muito mais a pena vir aqui”, diz Márcia Wataki, mãe de duas meninas, de 9 e 10 anos, que estavam entre as primeiras a tomarem a vacina.

“Cheguei às 5h. E ainda foi de graça. Nas clínicas particulares, a espera está muito maior” conta Márcia.

Durante a manhã, a aglomeração movimentou duas ruas calmas do bairro da Vila Mariana. Até os vizinhos da loja, na avenida 23 de Maio, entraram na fila, mesmo sem o perfil de renda de clientes de uma loja de carros de luxo.

Sentada na calçada, a família da professora Alessandra Castro fazia um lanche enquanto aguardava, sob o sol forte, sua vez de tomar a vacina. Ela estava com o marido e dois filhos de cinco e oito anos. “Nas clínicas particulares não estamos achando, então a saída foi vir aqui”, disse. Apesar de os filhos terem asma, ela resolveu não esperar pela vacinação nos postos públicos.

O tipo da vacina distribuída na concessionária é o trivalente, que protege contra três tipos da doença, incluindo o H1N1 e a do tipo B.

É o mesmo que será distribuído na rede pública da Grande SP a partir de segunda para crianças, grávidas e idosos. Em clínicas particulares, é possível encontrar a tetravalente, que imuniza contra mais um tipo do vírus.

O primeiro a retirar a senha foi o vigilante da própria loja.

Até alguns PMs que estavam no local também deram um jeitinho de ser vacinados.




Canabidiol é entregue após ação do MPF

09/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Um dia após o Ministério Público Federal (MPF) pedir a prisão de um ministro e um secretário de Estado, o governo paulista entregou o canabidiol para pacientes de Marília, no interior de São Paulo.

Desde o início deste ano, eles estavam sem o medicamento, que é derivado da maconha e foi obtido via judicial.

Ele é usado por pacientes que sofrem com encefalopatia epiléptica, entre outras doenças.




Farmácia de manipulação investe em técnica

11/04/2016 - DCI


A Fórmula & Cia. - Farmácias com Manipulação, de Campinas, alcançou a média de 5,4 mil produtos manipulados por mês, entre medicamentos e cosméticos. Isso permitiu à empresa driblar a difícil situação, diferenciando-se em relação aos concorrentes.

O diretor-proprietário, Marcos Ebert, prevê chegar ao final de 2016, em razão da conjuntura econômica atual, com faturamento aproximado de R$ 3,5 milhões. O montante seria o mesmo registrado em 2015. A empresa conta com sete laboratórios em duas unidades, que produzem cápsulas, soluções orais e fórmulas dermatológicas e cosméticos. A Fórmula tem 78 colaboradores e oito profissionais farmacêuticos.

Marcos Ebert aponta que alguns fatores colaboram para manter o faturamento equilibrado. Para ele, os investimentos realizados pela Fórmula nos seus sete laboratórios, a qualidade no atendimento, a ampliação das possibilidades oferecidas na manipulação de medicamentos, bem como a internacionalização do segmento, têm contribuído para que a empresa amplie a atuação num mercado altamente competitivo. "A manipulação de medicamentos em dosagens personalizadas tem crescido em todo o mundo e isso também tem se refletido no Brasil, onde as farmácias de manipulação, com a utilização de equipamentos mais modernos, aumentam a sua presença", explica.

Ele cita ainda a legislação específica e a fiscalização mais rigorosa sobre a atuação das farmácias de manipulação como também responsáveis pelo aumento da confiabilidade e da qualidade dos serviços oferecidos à população.

Marcos Ebert destaca que os investimentos nos seus sete laboratórios garantem a qualidade dos medicamentos manipulados. "Nos nossos laboratórios a renovação de ar ocorre a cada três segundos. Quando a porta se abre, há diferença de pressão de uma área para outra, evitando que haja contaminação entre os laboratórios. Os profissionais que atuam nos laboratórios, usam paramentação adequada como aventais, tocas, luvas, máscaras, entre outros, que são descartados toda vez que eles saem do laboratório. Tudo de acordo com nosso Programa de Gerenciamento de Resíduos", explica.

O diretor da Fórmula &Cia. afirma ainda que a individualização do medicamento através do comprimido orodispersível, que se dissolve rapidamente na saliva, sem a ingestão de água, atualmente não é uma exclusividade da indústria farmacêutica e que também está acessível para a manipulação.

A indicação para essa apresentação do medicamento em forma de comprimido orodispersível sempre será feita pelo médico do paciente, em consonância com o farmacêutico responsável pela manipulação. Entre as vantagens do orodispersível estão a fácil administração em pacientes com dificuldades de deglutição que incluem idosos, crianças, pacientes psiquiátricos, acamados, desabilitados ou hospitalizados; absorção pré-gástrica, com desintegração rápida na boca, em torno de 10 a 60 segundos, melhora a palatabilidade e produz uma sensação bucal agradável, sendo ainda uma forma farmacêutica inovadora e de fácil aceitação.




Anvisa aprova primeiro imunoterápico para câncer de pulmão no Brasil

11/04/2016 - Bem Estar


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (4), o primeiro medicamento imunoterápico para tratar câncer de pulmão no Brasil. O nivolumabe, cujo nome comercial é Opdivo, foi autorizado para tratar câncer de pulmão metastático ou localmente avançado e melanoma metastático.

Em vez de terem como alvo direto o tumor, os medicamentos imunoterápicos potencializam a resposta imunológica do próprio paciente contra o câncer. Uma das vantagens da estratégia é que ela apresenta muito menos efeitos colaterais do que a quimioterapia, por exemplo.

Segundo o oncologista Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima, do A.C.Camargo Cancer Center, o nivolumabe, da farmacêutica Bristol-Myers Squibb, têm sido testado para vários outros tumores contra os quais demonstra ter potencial. “Ele não ataca o tumor, mas modifica o sistema imunológico, então o mecanismo é igual para todos eles”, explica o médico.

Para câncer de pulmão, a droga será indicada para aqueles que, com câncer metastático ou localmente avançado, já se submeteram ao tratamento quimioterápico e não tiveram boa resposta. Em estudos, a sobrevida dos pacientes que receberam a droga dobrou em relação aos que receberam um quimioterápico.

A taxa de resposta também foi maior: de 20% com o nivolumabe, contra 9,9% com o quimioterápico convencional. “A resposta ainda não é alta, mas já é muito melhor do que o que se tem com o tratamento convencional”, diz Lima.


PREÇO ELEVADO


A partir da aprovação do medicamento, é feita a definição do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Anvisa, o que pode levar cerca de três meses.

Segundo Lima, cada aplicação do nivolumabe custa cerca de US$ 18 mil nos Estados Unidos e, para o tratamento, é indicado que se tome uma dose a cada 14 dias por um período indefinido enquanto o paciente estiver respondendo bem à medicação.

Uma das características do tratamento é que, no início, o tumor parece progredir antes de começar a diminuir. “Com essa droga, você reativa o sistema imune e o linfócito vai para dentro do tumor. O tumor aumenta de tamanho, mas não porque está crescendo, mas porque as células inflamatórias estão dentro dele, é uma pseudoprogressão.”

Já existe no mercado brasileiro outro imunoterápico indicado contra melanoma: o ipilimumabe, cujo nome comercial é Yervoy, também produzido pela Bristol. Segundo especialistas, a busca de imunoterápicos contra câncer é um campo promissor de pesquisa em oncologia.

 

 

 
 

Pfizer e Allergan desfazem fusão bilionária

11/04/2016 - IstoÉ Dinheiro


A farmacêutica americana Pfizer, dona do Viagra, anunciou o cancelamento do acordo de fusão de US$ 160 bilhões com a irlandesa Allergan, fabricante do Botox. Mais que uma decisão comercial, pesou o anúncio das novas regras tributárias, aprovadas pelo Tesouro dos Estados Unidos. Isso porque a união dos grupos tinha como objetivo a economia de US$ 1 bilhão em impostos por parte da fabricante americana, que passaria a ter sua sede na Irlanda. Para conter a “fuga global de taxas”, o presidente Obama incitou o Congresso a reduzir a carga tributária paga pelas empresas. A Pfizer terá de indenizar a Allergan em US$ 400 milhões.




Mercado Aberto: Saúde Frágil

11/04/2016 - Folha de S.Paulo


Cerca de 600 mil pessoas devem deixar de ter seguro saúde neste ano, segundo projeção da Abramge (associação das seguradoras).

Se confirmada essa queda, vai se tratar da segunda diminuição consecutiva do número de beneficiários, já que 776 mil perderam a cobertura no ano passado.

Os fatores levados em conta nos cálculos da entidade são os mesmos responsáveis pelo resultado do ano passado: uma expectativa de recessão de cerca 3,5% do PIB e uma perda de 1,4 milhão de empregos formais.

Há uma correlação forte entre essas variáveis macroeconômicos e o negócio das seguradoras, diz Antônio Carlos Abbatepaolo Dias, diretor executivo da Abramge.

As empresas devem perder margem de lucro ao longo do ano, ele afirma.

"Os reajustes do setor são altos, porque a inflação médica é muito maior do que o IPCA. As empresas e os clientes pessoas físicas não vão conseguir pagar."




Testes buscam vacina universal antigripe

11/04/2016 - Folha de S.Paulo


Uma grande corrida de grupos de pesquisa está em curso para o desenvolvimento de uma vacina antigripe universal, que proteja contra todas as cepas do influenza.

Há ao menos 31 candidatas em testes, a grande maioria ainda na fase pré-clínica (antes de testes em humanos), segundo revisão de estudos publicada na revista “Vaccine”, no final de março.

As pesquisas miram numa parte estável do vírus, igual em todos os casos de gripe, independentemente dos subtipos ou das mutações que frequentemente ocorrem.

Não há previsão de quando o produto chegará ao mercado.

As vacinas que hoje as pessoas buscam freneticamente nas clínicas de imunização, ou a que é distribuída na rede pública, são consideradas pouco eficazes, com índice médio de proteção de 60%.

Ou seja, de cada dez pessoas, quatro poderão ficar gripadas mesmo tomando a vacina.

Entre os imunodeficientes, como transplantados, pessoas fazendo quimioterapia ou pacientes com HIV, a taxa de proteção é ainda menor, em torno de 30%.

“Justamente entre aqueles que ela mais precisaria ter eficácia é que apresenta pior desempenho”, diz o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

A vacina antigripe se baseia em previsão da Organização Mundial da Saúde sobre quais sorotipos do vírus influenza atingirão a população naquele ano —em 2016, são dois A e um B na trivalente e dois A e dois B na tetravalente.

Essas duas linhagens respondem por 10% de todos os vírus circulantes. Há mais 200 que podem causar sintomas gripais parecidos, como febre, dores de cabeça e no corpo, tosse e secreção nasal.

A eficácia da vacina depende do grau de acerto dessa previsão, ou seja, se o vírus sofrer mutações entre a fabricação e a distribuição, a vacina se tornará menos eficaz.

Nos últimos sete anos, por exemplo, em metade das temporadas de gripe, a linhagem B recomendada para as vacinas foi diferente das cepas circulantes, segundos dados da Sanofi Aventis, fabricante da vacina tetravalente.

Além disso, as vacinas geram proteção por tempo limitado, em torno de seis meses.
“Infelizmente, elas protegem contra poucos tipos de vírus e por um curto período de tempo”, diz o infectologista Esper Kallás, professor da USP.


PONTAS E HASTES


Em razão dessas e outras limitações é que se recomenda hoje a vacina para grupos específicos (idosos e crianças pequenas, por exemplo)e que se busca um modelo de imunização universal. O foco dos estudos é uma proteína (hemaglutinina), que fica na superfície do influenza e que permite a sua fixação às células do sistema respiratório.

Segundo o virologista Celso Granato, professor da Unifesp (Federal de SP),as atuais vacinas têm como alvo a ponta dessa proteína. Ocorre que ela sofre mutações constantes, o que leva a vacina a ser reformulada todos os anos.

Imagine que o vírus seja uma bola com vários pirulitos espetados nela. A ponta (o doce) muda todos os anos, mas as hastes permanecem estáveis e são iguais em todos os casos de gripe.

É nessa haste que os estudos sobre as novas vacinas têm se fixado. “O potencial a médio prazo é grande. Basta que se consiga estabilizar a parte não variável do vírus para que seja reconhecida pelo sistema imune”, diz Kallás.

Para Renato Kfouri, apesar de estudos sobre a vacina universal estarem “engatinhando”, a necessidade é urgente.

“É insano todo ano você predizer o vírus que vai circular, cultivar esse vírus em ovos, e, por fim, a vacina chegara tempo de ser distribuída.”




Novo modelo dá resultado positivo em camundongos

11/04/2016 - Folha de S.Paulo


Nos últimos anos, em busca de uma vacina universal, os pesquisadores já tinham tentado a estratégia de centrar esforços na parte não variável do vírus influenza.Mas,quando retiravam a parte que muda todos os anos,o restante ficava inviável para pesquisas.

No ano passado, porém, resultados de dois estudos foram bastante promissores.

Cientistas americanos conseguiram reproduzir a haste (parte não variável) e acoplá-la a nano partículas que serviram como esqueleto para manter a estabilidade do conjunto. A candidata a vacina foi testada em camundongos e furões. Os resultados mostraram que ela protegeu totalmente os camundongos e parcialmente os furões.

Uma outra linha de pesquisa envolveu um grupo da Holanda, que criou um antígeno chamado mini-HA, que demonstrou capacidade de imunizar camundongos e reduzir sintomas em macacos.

Em relação à produção, considerada antiquada — por envolver o cultivo do vírus em ovo, por exemplo — linhas de pesquisa buscam, dentro da engenharia genética, alternativas para modernizá-la.

“O método é contraproducente, caro, demanda custo de produção e operacionalização para distribuí-la. A meta é conseguir uma vacina que não precisa ser mudada a cada hemisfério, a cada temporada”, diz o infectologista Renato Kfouri, vice da Sociedade Brasileira de Imunizações.




Butantã usa 54 milhões de ovos para produzir imunizante

11/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Para produzir as vacinas contra a gripe, os cientistas do Instituto Butantã, contrariando ditado popular, precisaram contar com o ovo dentro da galinha. O processo de fabricação das doses que começarão a ser distribuídas amanhã na rede pública exigiu não só o trabalho 24 horas de 500 funcionários, mas também a fecundação de 54 milhões de ovos, necessários para o cultivo dos vírus usados no imunizante.

É no interior de ovos fecundados, contendo embriões com exatos 11 dias, que são injetadas amostras do vírus H1N1 e das outras duas cepas da gripe incluídas na vacina: H3N2 e B. Durante pelo menos 72 horas, os ovos ficam em período de incubação, quando o vírus injetado se multiplica no líquido que envolve o pintinho. “Cada ovo rende o equivalente a três doses de apenas um dos vírus, e como a vacina protege contra três tipos, precisamos repetir esse processo com cada cepa, o que exige 54 milhões de ovos para produzir as 54 milhões de doses da vacina trivalente que fornecemos para o Ministério da Saúde”, explica Marcelo de Franco, diretor substituto do Butantã.

Após as 72 horas de incubação, o líquido é retirado do ovo e purificado, para que apenas as amostras de vírus sejam extraídas. “Em seguida, a gente inicia um processo para matar o vírus, para que ele seja fragmentado e fique sem atividade.”

Para conseguir entregar todas as doses encomendadas pelo ministério, o instituto começou o trabalho cedo, muito antes de os paulistas serem pegos de surpresa por um surto antecipado de gripe H1N1 no Estado. A produção das vacinas é iniciada em setembro, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) definir quais tipos de vírus estão mais circulantes e, portanto, devem constar na vacina.


ANTECIPAÇÃO


Com toda a complexidade do processo de produção, o Butantã encarou um desafio ao ter de antecipar a entrega de alguns lotes da vacina por causa do surto fora de época em São Paulo, que já matou 70 pessoas. Como não era possível pular etapas, o instituto resolveu adotar um turno extra de trabalho, de madrugada, no setor de envasamento das doses, conforme mostrou o Estado no dia 2.

Com isso, conseguiu adiantar em quase duas semanas a entrega de 16 milhões de doses, parte delas voltadas para a antecipação da vacinação em São Paulo, que começou na última segunda para os profissionais de saúde e será iniciada hoje para idosos, gestantes e crianças de 6 meses a 5 anos.


TECNOLOGIA


O conhecimento sobre o processo de produção da vacina contra a influenza foi transferido da francesa Sanofi Pasteur para o Butantã por meio de um acordo iniciado em 1999 e concluído em 2012. Naquele ano, o instituto inaugurou em São Paulo uma fábrica específica para a produção da vacina da gripe, a maior da América Latina exclusiva para a doença. Desde então, o número de doses produzidas nacionalmente vem aumentando, passando de 7 milhões no primeiro ano para o número atual.

“Essa fábrica foi pensada para produzir 20 milhões de doses por ano, mas fizemos investimentos, aumentamos turnos de trabalho e descobrimos formas mais eficazes de produzir o vírus, por isso hoje produzimos mais do que o dobro”, diz Jorge Kalil, diretor do instituto.




Soro antiveneno de abelha começa a ser testado em humanos

09/04/2016 - O Globo


Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu conseguiram autorização do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar testes em humanos do que promete ser o primeiro soro antiveneno de abelhas do mundo. Ontem, as equipes que irão ministrar o soro receberam treinamento para participar desta nova fase do estudo. Os testes serão feitos a partir da próxima semana, nas cidades de Botucatu (SP), Tubarão (SC) e Uberaba (MG). Quem for picado perto dessas regiões será levado para um dos centros de pesquisa e, em casos indicados, receberá o soro.

O avanço é resultado de cerca de 15 anos de pesquisa liderada pelo veterinário Rui Seabra Ferreira Jr., coordenador do Centro de Estudos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Unesp. O soro antiapílico — derivado de Apis mellifera, nome científico das abelhas — é produzido em parceria com o Instituto Vital Brazil, em Niterói.

— Nos testes em humanos, vamos avaliar a segurança do produto, isto é, se ele não piora o estado dos pacientes. Devemos terminar essa etapa até o final do ano. Depois, vamos avaliar a eficácia, e, neste caso, levaremos o soro a um número maior de cidades, para obter um número maior de pacientes, que pode chegar a 400. Só depois disso o soro poderá ser registrado pela Anvisa — explica Ferreira Jr.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 15 mil casos de picadas de abelhas são registradas por ano no Brasil, e mais de 40 mortes. Quando um adulto sofre mais de 200 picadas, recebe uma quantidade de veneno suficiente para causar lesões no coração, no fígado e nos rins. Mas mesmo uma quantidade menor de picadas já pode ser perigosa.

— Em pessoas alérgicas, uma picada pode ser suficiente para levar à morte. Se a pessoa não tiver alergia mas pesar 45 kg, 50 picadas já podem trazer complicações — exemplifica.


TECNOLOGIA TIPO EXPORTAÇÃO


Segundo o pesquisador, depois de registrado pela Anvisa, o soro pode ajudar também outros países.

— O continente americano como um todo sofre com o problema das abelhas. As únicas exceções são o Canadá, onde elas não chegaram por conta do frio, e o Chile, que elas não conseguiram alcançar devido à barreira feita pelos Andes. Nós poderemos exportar o soro para os demais países — acredita ele.

Hoje, o tratamento para picada de abelhas é feito com antialérgicos e anti-inflamatórios, sem remédio específico.

 
 

Criador da técnica opera mesmo sem aval do CFM

09/04/2016 - Folha de S.Paulo


A cirurgia experimental à qual Faustão se submeteu não é aprovada pelo CFM(Conselho Federal de Medicina) porque, segundo a entidade, faltam estudos que comprovem sua eficácia e segurança aos pacientes e, portanto, ela só pode ser feita dentro de protocolos de pesquisa.

Na época, o apresentador afirmou que sabia que a cirurgia era experimental.

Em seu programa, ele disse que com a operação, que o fez perder mais de 30kg, seria mais fácil controlar o diabetes e a pressão alta.

Mesmo sem respaldo do conselho, o cirurgião que operou o apresentador e também criador da técnica, Áureo Ludovico de Paula, continua realizando-a.

“Os resultados do estudo do Sírio são coincidentes com os nossos de mais de dez anos. A vantagem é que ele sai da minha experiência e compara outras modalidades de tratamento”, diz o médico, que não participou da pesquisa.

Em 2010, após uma paciente processar o cirurgião alegando problemas de saúde após a cirurgia, a Justiça Federal de Goiás proibiu, em caráter liminar, a realização do procedimento até que ele fosse aceito pelo CFM e pela Conep( Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

Mas, de acordo com o médico, outra decisão de janeiro de 2014 reverteu a anterior, baseada em avaliação de uma câmara técnica do CFM. “Judicialmente, estou autorizado a fazer a cirurgia.Mas o CFM formalmente não autorizou”, disse à Folha.

O conselho, porém, afirma que as câmaras técnicas propõem subsídios para que o plenário decida, mas não são um órgão autônomo dentro do conselho.

Segundo o CFM, médicos que infringem as regras do conselho, que estabelece limites éticos e práticos para a prática da medicina, estão sujeitos a penalidades.




Zika pode estar associado a outra doença neurológica

11/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Além da microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, o vírus zika pode estar associado a mais uma doença neurológica: a encefalomielite aguda disseminada (ADEM, na sigla em inglês), uma síndrome autoimune que causa inflamação no sistema nervoso central.

Um estudo feito no Recife e que será divulgado na sexta-feira, dia 15, no encontro anual da Academia Americana de Neurologia, em Vancouver, no Canadá, encontrou evidências de associação entre o vírus e a ADEM em pelo menos dois casos.

Cientistas já desconfiavam de uma conexão entre a zika e a ADEM, conforme foi noticiado pelo Estado em fevereiro. Mas só agora serão apresentados os resultados científicos do estudo liderado por Maria Lucia Brito Ferreira, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Restauração, no Recife.

“Embora seja um estudo pequeno, ele pode fornecer evidências de que, nesse caso em particular, o vírus causa no cérebro efeitos diferentes daqueles que haviam sido identificados nos estudos em curso. Mas muita pesquisa ainda terá de ser feita para explorar se há uma relação causal entre o zika e esses problemas cerebrais”, disse Maria Lúcia.

No estudo os cientistas acompanharam, entre dezembro de 2014 e junho de 2015, todos os casos de pessoas que chegaram ao Hospital da Restauração com sintomas de infecção por arbovírus – a família de vírus que inclui zika, dengue e chikungunya.

Todos os pacientes estudados chegaram ao hospital com febre e erupções na pele. Alguns também apresentavam coceiras, dores em músculos e articulações, além de olhos vermelhos. Alguns tiveram sintomas neurológicos logo em seguida e outros os apresentaram cerca de 15 dias depois.

Os autores registraram 151 casos com algum tipo de manifestação neurológica entre os pacientes, mas seis deles desenvolveram sintomas neurológicos típicos de doenças autoimunes – aquelas nas quais o sistema imunológico do paciente ataca e destrói células de tecidos saudáveis de seu próprio organismo.


TESTES


Os seis pacientes foram submetidos a exames e testes sanguíneos. Quatro apresentavam a síndrome de Guillain-Barré que, assim como a microcefalia, tem sido associada à infecção por zika. Outros dois foram diagnosticados com ADEM. Os testes revelaram que os seis já haviam sido infectados por zika, mas nenhum deles por dengue ou chikungunya.

Nos pacientes com ADEM, segundo os especialistas, as células de defesa do organismo no cérebro e na medula espinhal atacam a bainha de mielina, uma cobertura de gordura que envolve as fibras nervosas e tem função semelhante à da capa de um fio condutor de eletricidade. A síndrome de Guillain-Barré também é autoimune e envolve danos à bainha de mielina.

Nos dois casos registrados, as tomografias do cérebro mostraram que os pacientes com ADEM tinham sinais de danos na matéria branca cerebral. Segundo os cientistas, os sintomas são semelhantes aos de uma esclerose múltipla, mas em geral a ADEM provoca um único ataque do qual a maior parte dos pacientes se recupera em cerca de seis meses.

Quando tiveram alta do hospital, cinco dos seis pacientes continuavam apresentando problemas motores. Um dos pacientes teve problemas de visão e outro apresentou problemas de memória e de capacidade de raciocínio.

“Isso não quer dizer que todas as pessoas infectadas com o zika terão esse tipo de problema cerebral. Daqueles que apresentaram problemas no sistema nervoso, a maior parte não tem sintomas cerebrais. No entanto, nosso estudo pode ajudar a esclarecer possíveis efeitos duradouros com os quais o vírus pode estar associado no cérebro”, disse Maria Lúcia.

“Neste momento, não parece que os casos de ADEM estejam ocorrendo com uma incidência tão grande como a dos casos da síndrome de Guillain-Barré, mas essas descobertas feitas no Brasil sugerem que os médicos devem ficar vigilantes quanto à possível ocorrência de ADEM e de outras doenças autoimunes relacionadas ao sistema nervoso central”, disse James Sejvar, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) de Atlanta, nos Estados Unidos.

“A questão que permanece é: por que o vírus zika parece ter essa forte associação com a síndrome de Guillain-Barré e, potencialmente, com outras doenças autoimunes e inflamatórias do sistema nervoso? Felizmente, as pesquisas em curso sobre o vírus zika e as doenças neurológicas mediadas pelo sistema imune deverão esclarecer essas importantes questões”, afirmou Sejvar.




Estudo do Rio pode ajudar a testar vacina ou remédio contra zika

11/04/2016 - O Globo


O mesmo grupo de pesquisadores do Rio de Janeiro que flagrou, pela primeira vez, a destruição causada pelo zika dentro de células humanas comprovou agora que o modelo usado por eles pode ser empregado para testar vacinas e medicamentos com segurança. O estudo revela ainda mecanismos da ação do zika nos neurônios. O trabalho está na edição desta semana da “Science” e é uma das raras pesquisas inteiramente produzidas no Brasil publicadas na revista, uma das bíblias da ciência mundial.

Desde 1887, a “Science” publicou 170 mil artigos, mas só 79 deles de produção integralmente brasileira, sendo 35 de São Paulo. A nova pesquisa foi realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e no Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), tendo sido financiada, majoritariamente, por fundos públicos, como Faperj, Finep e CNPq.

— É importante para o combate ao zika e para a autonomia da ciência brasileira. O triste é que, com os cortes de bolsas e fundos de pesquisa deste ano, não será mais possível desenvolver trabalhos assim. Pudemos responder rapidamente à demanda da sociedade brasileira, mas tememos pelo futuro — afirma o líder do trabalho, o neurocientista da UFRJ e do IDOR Stevens Rehen.

Ele e o grupo integrado por Amílcar Tanuri, Patrícia Garcez, Rodrigo Brindeiro e outros seis cientistas usaram tecnologia de ponta para investigar como o zika destrói células do sistema nervoso. Trabalharam com células-tronco do sistema nervoso e estruturas chamadas neuroesferas e organoides cerebrais, os minicérebros.


ZIKA: PIOR QUE DENGUE 2


O trabalho obteve células tronco por meio de uma tecnologia que as induz a “regredirem”. Com isso, células maduras se tornam células-tronco. Com elas, Rehen e seu grupo puderam desenvolver neuroesferas, que a grosso modo são estruturas 3D do tecido nervoso e minicérebros.

Esses são uma ferramenta poderosa para simular o cérebro humano em desenvolvimento. Permitem acompanhar a devastação que o zika provoca no sistema nervoso dos fetos, o que seria, por motivos óbvios, impossível de se fazer de outra forma. O estudo revelou que os minicérebros infectados pelo zika sofreram maciça morte de neurônios, malformações e tiveram redução de crescimento de cerca de 40%. Para fins de comparação, os cientistas testaram o efeitos do vírus da dengue 2 nos minicérebros.

— A dengue 2 é capaz de infectar, mas não destrói as células nervosas. Nem de longe tem os efeitos do zika — diz Rehen.

O cientista observa que a tecnologia para desenvolver minicérebros é de extrema relevância.

— Esse tipo de trabalho é caro, mas a epidemia causa danos incalculáveis — destaca.

Uma das raras especialistas em microcefalia do país, a neurocientista Patrícia Garcez espera que a continuação do estudo revele muito mais sobre o avanço do zika no cérebro dos fetos.




Quanto vale prevenir contra o HIV?

11/04/2016 - Época


O Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT), em São Paulo, ocupa um prédio pintado de amarelo, com aparência de gasto pelo tempo, na esquina de uma avenida movimentada. Por ele passam, todo mês, 9 mil pessoas em busca de tratamento. Quem trabalha no local percebe, no dia a dia, o que as estatísticas oficiais costumam acomodar em tabelas: o número de casos continua a crescer no Brasil. No final de 2014, viviam no país 781 mil pessoas com HIV/aids. Entre 2005 e 2014, o número de novas infecções entre brasileiros subiu 6%. No mundo, no mesmo período, caiu 28%.

A resistência em adotar métodos de prevenção nas relações sexuais é uma das principais causas. “Trabalho com aids há 25 anos”, diz o infectologista José Valdez Madruga, diretor do CRT. “Há 25 anos, digo ‘usem camisinha’. Mas não usam.”

Apenas pouco mais da metade da população sexualmente ativa diz usar camisinha em todas as relações sexuais, segundo um estudo do Ministério da Saúde. Por isso, uma combinação de drogas que reduz as chances de contrair o vírus é considerada um grande avanço no combate à epidemia.

O comprimido Truvada, produzido pela empresa americana Gilead Sciences, combina duas substâncias que bloqueiam a multiplicação do vírus, o teno-fovir e a emtricitabina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou sua adoção como método de prevenção em políticas públicas para homens que fazem sexo com homens. É nesse grupo que a epidemia mais cresce: 35% dos homens brasileiros infectados em 2015 faziam sexo com outros homens. Em 2014, esse grupo respondeu por 45% das novas infecções.

O Ministério da Saúde estuda desde 2014 incorporar o Truvada a sua política pública de distribuição de medicamentos. O objetivo é oferecê-lo a pessoas em grupos vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, transexuais e profissionais do sexo. Encomendou uma pesquisa com 500 voluntários, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Porto Alegre, para entender se os brasileiros teriam disciplina para usar o medicamento todos os dias e se não abandonariam o preservativo por já se sentirem seguros com o remédio. Esse é o pior dos pesadelos de especialistas que são contra esse tipo de prevenção, chamada profilaxia de pré-exposição. Há a possibilidade de as pessoas apostarem apenas no comprimido como prevenção, em vez de usá-lo como complemento, e se exporem ao vírus, ao não usarem preservativo. Se elas não tomarem o remédio rigorosamente todo dia, aumentarão seu risco de contrair o vírus HIV.

Os resultados preliminares sugerem que tomar o Truvada não afetou a disposição dos participantes para usar preservativos. “Há indícios de um aumento no número de relações protegidas, em que a pessoa usa camisinha”, diz Madruga, que coordenou o trabalho com voluntários do CRT, em São Paulo.

O estudo deveria acabar em 2015, mas foi prolongado para mais um ano. “Quando pensamos que o estudo acabaria, ao final do primeiro ano, alguns voluntários juntaram dinheiro para tentar comprar o Truvada em uma importadora”, diz Madruga. O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, diz não haver dúvidas de que o Truvada será incorporado ao programa de prevenção do Ministério em 2016. “Os resultados preliminares dos diversos estudos são muito animadores”, diz Mesquita. A incorporação, prevista para o início deste ano e adiada sem prazo definido, esbarra em uma questão significativa: o preço do medicamento.

Críticos afirmam que o maior mérito do Truvada é servir como uma mina de ouro para a Gilead Sciences. Nos Estados Unidos, um mês da droga custa US$ 1.000.0 paciente, ou seu plano de saúde, deve bancar a compra. O Reino Unido, cujo sistema público de saúde se assemelha ao brasileiro, acaba de decidir que não é sua responsabilidade bancar o acesso da população à droga. Na Austrália, um dos países que cogitam oferecer o método, um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde concluiu que ele é caro demais, nos preços atuais, para ser ofertado a toda a população que poderia ser beneficiada. No Brasil, o ministério procura formas de driblar os preços altos: além da negociação com a Gilead, já procurou fabricantes de genéricos fora do país. Quer chegar a um valor inferior a US$ 320 por ano por pessoa.

O dilema de incorporar ou não drogas caras a políticas de saúde pública não é exclusividade do programa de aids. Acontece em outras áreas e é cada vez mais frequente, à medida que crescem os preços dos novos medicamentos. As opções nos tratamentos de câncer dão uma dimensão do problema: um estudo da Associação Econômica dos Estados Unidos concluiu que, entre 1995 e 2013, os preços de novas drogas oncológicas aumentaram US$ 8.500 em média a cada ano. Um dos motivos é a dificuldade para inovar. “Os medicamentos precisam ficar cada vez mais específicos. É mais difícil desenvolvê-los”, diz Antônio Britto, presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. Estima-se que o custo de desenvolvimento de uma nova droga a partir do zero fique próximo de USS 850 milhões. A OMS alerta sobre o problema em seu site: “Há um conflito de interesses inerente entre o objetivo legítimo das indústrias (de ter lucro) e as necessidades sociais, médicas e econômicas dos prestadores de serviços de saúde e do público de selecionar e usar remédios de maneira racional”. Segundo a OMS, as dez maiores farmacêuticas do mundo trabalham com margem de lucro superior a 30%. Juntas, elas detêm mais de 30% do mercado. Hillegonda Maria Novaes, professora de medicina preventiva da Universidade de São Paulo, considera o setor concentrado demais. ‘‘Essas empresas podem impor preços”, afirma a pesquisadora.

O reflexo dos custos altos aparece nas contas do governo. Em 2003, 5,8% do orçamento do Ministério da Saúde era destinado a essas compras. Em 2015, a fatia cresceu para 14,4% do orçamento (leia 0 quadro acima). “No Brasil, a avaliação de eficiência laboratorial predomina sobre a avaliação de eficiência econômica”, diz Lia Hasenclever, economista especializada em saúde e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como qualquer outro critério, ele tem consequências. “O cobertor é curto. Há sinais de que os medicamentos de alto custo têm prioridade e há problemas de desabas-tecimento, de falta de outros medicamentos”, diz Lia.

O governo tem algumas táticas para tentar reduzir o custo dos novos medicamentos. A primeira é negociar com os fabricantes. O limite de ação é restrito. “As empresas sabem que, se baixarem os preços no Brasil, vão ser pressionadas para baixar no resto do mundo”, diz José Miguel do Nascimento Júnior, diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Mesmo negociações bem-sucedidas não garantem medicamento barato. No ano passado, o governo conseguiu incorporar ao Sistema Único de Saúde três novos medicamentos para tratar hepatite C. Juntos, o sofosbuvir, o daclatasvir e o simeprevir dobram as chances de cura da doença em menos tempo de tratamento. O Ministério da Saúde conseguiu descontos de 95% na compra das drogas. Mesmo assim, tratar um paciente custa US$ 9 mil. Hoje, 1,4 milhão de brasileiros sofrem com hepatite C.

A segunda tática é firmar acordos de transferência de tecnologia e produzir o medicamento em laboratórios de propriedade do governo. A terceira tática, mais agressiva, é a emissão de licenças compulsórias, também conhecida como quebra de patente. Quando um medicamento de alto custo é considerado de interesse público, o governo pode requerer sua produção em empresas nacionais, à revelia de quem o desenvolveu (embora a companhia que criou a droga receba royalties).

Prevenir o avanço da aids é urgente. “Cada mês que passa sem o acesso ao medicamento representa uma oportunidade perdida de proteger a população”, afirma Alexandre Grangeiro, especialista em saúde pública e pesquisador da Universidade de São Paulo. O mesmo vale para tratar a hepatite C ou vacinar contra o vírus H1N1. No Brasil, o acesso à saúde é um direito constitucional. Com novos medicamentos cada vez mais caros e recursos limitados, é também um desafio para todos os governos.




Gripe ‘fora de hora’ antecipa campanhas de vacinação.

09/04/2016 - Folha de S.Paulo


A preocupação com o avanço da gripe H1N1 já ultrapassa São Paulo, Estado que concentra a maioria dos casos, e se estende para outros pontos do país.

O alerta ocorre diante de sinais de alta antecipada nos registros de casos da chamada SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e de mortes pelo vírus em outros Estados.

Ao todo, ao menos cinco deles, somados ao Distrito Federal e SP, já decidiram antecipar a vacinação, até então prevista para ocorrer em todo o país só a partir de 30 de abril.

Em SP, por exemplo, a partir de segunda (11),a vacina estará disponível para gestantes, crianças de seis meses a até cinco anos e idosos.

Para Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, apesar de haver indícios de aumento de casos em outros pontos do país —principalmente em Santa Catarina,Goiás e Distrito Federal, segundo ele—ainda não é possível saber se esse avanço será mantido, assim como ocorre em São Paulo.

“Em Estados de menor população [e com menor número de casos], essa análise é mais difícil”, afirma ele. “Fazendo uma análise nacional, temos a impressão que a estação de gripe já chegou.” Para Maierovitch, apesar da necessidade de atenção, não há razão para alarme exagerado em todo o país.

“A ideia de que gripe é uma doença menor ainda é muito disseminada. Dificilmente vou me queixar de um alarme excessivo. Mas pelos dados que temos por enquanto, não parece que já tenhamos razão para isso”, afirma.

“Mas temos razões, sim, para alertar, especialmente pelo risco de uma situação de maior gravidade passar despercebida. Não temos que esperar uma epidemia para falar de prevenção.” antecipação Em Goiás,a imunização para o público considerado de maior risco de complicações da gripe (como gestantes, crianças menores de cinco anos e idosos) deve começar já no dia 12 na capital e em outras cidades do entorno.

No dia 18,a vacinação será estendida para os demais municípios goianos.

A medida ocorre diante de um aumento de casos graves ligados ao vírus H1N1.

Dados da Secretaria de Saúde do Estado apontam dez casos de síndrome respiratória aguda grave por H1N1 e seis mortes já confirmadas —no mesmo período de 2015, não houve registros.

O número de casos em investigação, no entanto, é maior, afirma o titular da pasta, Leonardo Vilela.

“Houve um aumento bastante expressivo. Em duas a três semanas, tivemos mais de uma centena de casos suspeitos notificados. É bastante significativo, e há possibilidade de aumentar. Temos um surto em Rio Verde e na capital”,diz o secretário, que reativou um comitê de especialistas em gripe A com reuniões semanais para acompanhar o cenário.

Outro alvo de alerta é Santa Catarina, Estado que já soma 41 casos graves e seis mortes confirmadas pelo H1N1.

O diretor de vigilância epidemiológica, Eduardo Macário, diz que ainda não é possível falar em surto.

“A quantidade de casos é atípica para o momento, mas não em termos de carga, porque já tivemos quantidade maior”, completa ele, que lembra que a última vez em que ocorreu forte aumento de casos foi em 2013.

“Oque geralmente acontece é que os casos iniciam no começo de maio. É a primeira vez que temos casos de influenza tão antes do inverno.” Assim como os casos surgiram mais cedo, o Estado também decidiu iniciar antes a vacinação contra a gripe: será em 25 de abril.

A decisão foi seguida pelos outros Estados da região Sul, Rio Grande do Sul e Paraná.

No Norte, após uma morte por H1N1, o Amapá também decidiu antecipar a imunização.

No Distrito Federal, a secretaria anunciou que irá iniciar a vacinação contra gripe no dia 25, para crianças até seis anos e gestantes. A data, porém, poderá ser adiantada para o dia 18, caso mais doses da vacina sejam enviadas até a próxima semana.

Balanço da pasta aponta 22 casos de síndrome aguda respiratória grave e três mortes por H1N1. Não houve registros no ano anterior. Em 2014, foram quatro casos da síndrome no mesmo período.




Professor é investigado por uso de equipamento da USP em consultas

10/04/2016 - Folha de S.Paulo


A imagem de Ronaldo Nazário, de sunga e touca, tentando perder uns quilinhos adquiridos após sua aposentadoria dos gramados virou evidência em um inquérito civil que o Ministério Público de São Paulo instaurou para investigar um professor com mais de duas décadas de USP.

As cenas, televisionadas pelo “Fantástico” em 2012,faziam parte do quadro “Medida Certa”, em que o ex-jogador era auxiliado por uma equipe na busca por um corpo mais saudável.

Um dos profissionais que apareceu no primeiro episódio foi o nutricionista Antonio Lancha Jr., que usou em seu consultório uma máquina chamada Bod Pod para medir, com rajadas de vento, o nível de gordura de Ronaldo.


PESQUISA


O equipamento de ponta custa US$ 50 mil (cerca de R$ 180 mil) e fora comprado para uma pesquisa científica da USP sobre mulheres e lipoaspiração financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP).

Segundo o contrato de bolsa científica, que era orientada por Lancha Jr., a máquina podia ficar no Instituto Vita, em Higienópolis. É onde o nutricionista atende pacientes particulares, mas só poderia ser usada gratuitamente em mulheres de 20 a 35 anos que tivessem sobrepeso — o grupo analisado.

O nutricionista nega que tenha usado equipamentos públicos em suas consultas.

Um dos profissionais mais conhecidos do mercado de nutrição e suplementação no país, Lancha Jr. escreveu cinco livros, dá entrevistas na TV e tem clientes famosos.

Uma consulta com ele custa R$ 850. É também professor titular da Escola de Educação Física e Esporte da USP.


OUTRO LADO


Em um primeiro contato da reportagem, Lancha Jr. negou ter usado equipamentos financiados com recursos públicos em consultas particulares.

“Havia um acordo com a Fapesp e o Instituto Vita, de conduzir lá as pesquisas.” O Instituto Vita, onde foram feitos os testes em Ronaldo e em dezenas de outros clientes, segundo inquérito ao qual a Folha teve acesso, afirma que “está tomando conhecimento de uma série de informações e está colaborando com o Ministério Público no inquérito civil”.

A USP também afirma colaborar com a investigação.

A TV Globo informou que não pagou pela consultoria do nutricionista e que desconhecia a natureza pública do equipamento.

Procurada, a Fapesp afirma que o bem “foi devidamente doado à USP quando do encerramento do projeto de pesquisa, conforme determinam as normas”.

A máquina foi devolvida à universidade, mas apenas em 2016, segundo o inquérito.

Quatro anos após o fim da pesquisa — e de ter ficado famosa na televisão.

Questionado posteriormente pela reportagem, que questionou onde esteve o Bod Pode para que ele foi usado nesse período de quatro anos, Lancha Jr. não respondeu a e-mails e ligações.




Qualidade médica

11/04/2016 - Folha de S.Paulo


É correta a ideia por trás da decisão do governo de implementar a Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem).

Trata-se de um exame que pretende aferir a qualidade técnica dos egressos de cursos de medicina. Alunos que iniciaram sua graduação a partir de 2015 terão de submeter-se à prova no segundo, no quarto e no sexto ano. Só conseguirá diploma o estudante que for aprovado no último teste.

O desempenho individual, além disso, será considerado nos processos seletivos para a residência médica. Espera-se a primeira edição da prova para agosto.

Hoje, basta o aluno concluir a graduação para estar legalmente habilitado a atender pacientes em todos os níveis de complexidade, diagnosticando, prescrevendo e até mesmo operando. Não há nenhum filtro qualitativo, como o exame da OAB para advogados.

A certificação da qualidade justifica-se como medida de proteção ao público, que não tem meios de saber por conta própria se o profissional que o atenderá tem a competência técnica necessária.

No papel, a Anasem tem vantagens sobre o teste a que o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) submete os egressos de faculdades paulistas.

Por idiossincrasias da legislação, o Cremesp pode obrigar o aluno a fazer a prova, mas não bloquear a concessão do diploma -o estudante o receberá mesmo que erre todas as respostas.

Também parece melhor que a avaliação seja feita ao longo de várias etapas do curso, e não apenas no último ano, quando o aluno já investiu muito tempo e dinheiro.

Apesar das vantagens, há muitas questões em aberto na sugestão do governo federal. A lacônica portaria 168/16, que regula a matéria, não traz aspectos importantes. Não diz, por exemplo, o que acontece com o aluno reprovado.

Na entrevista coletiva em que anunciou a Anasem, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou que apenas o teste do sexto ano será eliminatório. Os do segundo e do quarto serviriam para a autoavaliação dos estudantes -o que, registre-se, compromete um pouco a ideia de avaliação seriada.

Em relação ao sexto ano, porém, a dúvida permanece: quantas vezes ele poderá fazer a prova de novo em caso de reprovação? A instituição que o formou terá a obrigação de tentar recuperá-lo? Ele continuaria vinculado à faculdade? Como os resultados das instituições afetarão a nota que ela recebe do Ministério da Educação?

São perguntas importantes que a pasta ainda precisa esclarecer.




Gripe fora de hora

11/04/2016 - Folha de S.Paulo


Quadros gripais costumam ter evolução benigna. Assim, basta o controle dos sintomas a base de analgésicos e antitérmicos, hidratação, boa alimentação e repouso, que a doença tende a desaparecer em poucos dias. Em alguns casos, no entanto, a infecção pelo vírus influenza pode trazer complicações, principalmente em pessoas que possuem baixa imunidade ou fazem parte dos grupos mais vulneráveis, como os idosos, crianças, grávidas e doentes crônicos.

Quando o vírus A H1N1 retornou em forma de pandemia, em 2009, o susto foi grande. Não havia vacina à época. Somente em São Paulo foram registrados 9,7 mil casos e 641 mortes. Passados sete anos, já se sabe que a gripe causada pelo H1N1 não é mais nem menos perigosa do que as causadas pelas cepas mais comuns em circulação pelo mundo. Os cuidados relativos à prevenção e ao tratamento são os mesmos.

Em 2016 a gripe surgiu fora de hora no Estado de São Paulo, antes de o inverno chegar. Até 29 de março foram notificados pelos serviços de saúde 465 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) confirmados para o vírus influenza, com 82,5% de predominância para o tipo A H1N1, e 59 mortes.

O número de casos graves de gripe já supera os registrados durante todo o ano de 2015, quando o vírus A H3N2 foi predominante, respondendo por 55,6% do total. Mas o cenário não se assemelha, nesse momento, ao ano da pandemia.

Ao analisarmos os gráficos do Centro de Vigilância Epidemiológica, observamos que em novembro de 2015 se nota um aumento na frequência de casos de SRAG por H1N1 e, concomitantemente, há elevação do número de casos pelo influenza B, cenário que se manteve até a nona semana epidemiológica deste ano, quando, de fato, a circulação do H1N1 se mostrou prevalente.

Em 2015, a presença de uma ou mais comorbidade foi verificada em 60% dos óbitos por SRAG notificados no Estado. Neste ano, o índice é parecido: 61,5%. É precipitado dizer o que causou a circulação antecipada e não prevista dos casos de influenza antes do período de junho a agosto, como costuma ocorrer. Os institutos Adolfo Lutz e Butantan, ligados à Secretaria estadual da Saúde, estão investigando o porquê.

Evidentemente que não é possível esperar respostas para agir. Ao detectarmos uma circulação mais intensa do vírus no noroeste do Estado, iniciamos em 23 de março uma campanha extra de vacinação em 67 municípios da região de São José do Rio Preto, com doses de 2015.

Com o apoio do Ministério da Saúde, que enviou doses da campanha deste ano, o governo paulista antecipou a vacinação na capital e na região metropolitana de São Paulo, iniciada no dia 4 de abril para 532 mil profissionais de saúde de hospitais públicos e particulares e que a partir desta segunda-feira (11) também será estendida a idosos, gestantes e crianças entre seis meses e cinco anos incompletos, totalizando, nesta imunização antecipada, 3,5 milhões de paulistas.

Já a partir do dia 18, a imunização atenderá portadores de doenças crônicas e em tratamento com imunossupressores, puérperas (até 45 dias após o parto), e população indígena residente na capital e região metropolitana de São Paulo.

Para as demais cidades do Estado a campanha de vacinação contra a gripe deve seguir o calendário do Ministério da Saúde, com início previsto para o dia 30 de abril.

As vacinas –trivalentes– são produzidas pelo Instituto Butantan e protegem contra os três tipos de influenza que circularam no último inverno do hemisfério norte. Importante ressaltar que a vacina, além de prevenir a gripe, ajuda a evitar complicações decorrentes da infecção por esses vírus, a exemplo de pneumonias, otites e sinusites.

São Paulo está enfrentando sua onda de gripe fora de hora com a seriedade e a serenidade que o momento exige. Há motivo para alerta entre as autoridades de saúde, mas nenhum para pânico entre a população. Vida normal.




SP tem 70 mortes por H1N1; mais 2 hospitais registram surto.

09/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Subiu para 70 o número de mortos por consequência da gripe H1N1 no Estado de São Paulo, conforme balanço divulgado nesta sexta-feira, 8, pela Secretaria Estadual da Saúde. O número é sete vezes maior do que o registrado em todo o ano passado, quando dez pessoas morreram. Do total de óbitos de 2016, 17 foram registrados na capital paulista.
Os dados do governo do Estado e da Prefeitura mostram ainda que já são 534 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados pelo H1N1, 201 deles na cidade de São Paulo. Em 2015, foram 33 registros no Estado e 12 na capital.

O surto antecipado da doença levou o governo do Estado a antecipar a campanha de vacinação contra a gripe. A previsão original era de que fosse iniciada no dia 30 deste mês, mas foi adiantada na capital e na Grande São Paulo para a segunda-feira passada para profissionais de saúde e será expandida para idosos, gestantes e crianças de 6 meses a 5 anos a partir da próxima segunda.


HOSPITAIS


A circulação precoce do vírus no Estado provocou surto interno em pelo menos mais dois hospitais públicos: o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Conforme revelado pelo Estado na quarta-feira, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo também relatou surto interno, com 171 casos suspeitos.

A ocorrência de dois casos da doença por transmissão interna em um período de sete dias já configura um surto, segundo a vigilância municipal. De acordo com a Prefeitura, nos dois casos, o problema já foi controlado. A Secretaria Estadual da Saúde, responsável pelo Dante Pazzanese, negou a ocorrência. Já o Hospital das Clínicas admitiu que houve casos da gripe H1N1 no Instituto da Criança, mas informou que a situação está controlada.

Apesar do crescimento de casos na cidade, o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta sexta que não há razão para que a população tema nova pandemia da doença, como a de 2009. “Não há ‘reemergência’ do vírus nem mutação. Estamos tendo uma antecipação da circulação dos vírus gripais, mas não há indícios de que repetiremos o cenário de 2009. Naquela ocasião, não tínhamos a vacina adequada nem tínhamos clara a função do oseltamivir (Tamiflu) na redução das complicações”, disse.


PERFIL


Segundo o secretário, do total de mortos na capital, 14 eram idosos ou tinham alguma doença crônica, ambos grupos de risco para desenvolver quadros mais graves da doença. Os outros três óbitos ainda estão em investigação.

Com o surto na cidade, a quantidade de cápsulas de oseltamivir distribuídas na rede municipal triplicou na última semana, segundo a secretaria, passando de 30 mil na última semana de março para 109 mil na primeira semana de abril.

Padilha afirmou que, para reforçar a estrutura das unidades de saúde durante o período de surto, as Organizações Sociais da Saúde (OSSs), unidades conveniadas à Prefeitura que administram serviços municipais, foram autorizadas a contratar médicos de forma emergencial na modalidade de pessoa jurídica. A secretaria municipal disse ainda que montará bancos de reservas de médicos que possam ser deslocados para unidades com maior demanda.

Segundo o secretário, a estrutura das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também será reforçada na próxima segunda-feira, por causa do início da campanha de imunização. “Poderemos usar mais de uma sala só para isso e desmarcar vacinações agendadas contra outras doenças”, disse Padilha.




Em crise, Hemorio suspende coleta de sangue

11/04/2016 - O Estado de S.Paulo


A grave crise financeira do Estado do Rio afetou os serviços do Instituto Estadual de Hematologia (Hemorio), órgão que capta e distribui sangue a pacientes em tratamento em pelo menos 200 unidades da rede estadual. O atendimento no local foi suspenso ontem. Os funcionários já tinham reduzido o horário de coleta na última semana, após dois meses sem receber os salários.

De acordo com comunicado do Hemorio, o atendimento foi interrompido em caráter “excepcional”. A previsão é de que o atendimento ocorra normalmente hoje, das 7h às 18h.

“Contamos com a solidariedade de todos os nossos doadores e da população do Rio”, informa o aviso publicado no site da instituição.

O Hemorio tem cerca de 180 funcionários, dos quais 90% são terceirizados, com salários atrasados. De acordo com o instituto, os próprios médicos e enfermeiros têm feito as funções administrativas, como forma de não interromper o atendimento. Ainda assim, a coleta de sangue teve o horário reduzido desde a última terça. Na semana passada, os empregados tiveram os vales refeição e transporte suspensos. Alguns funcionários relataram não ter dinheiro para chegar ao trabalho.

Na semana passada, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) fiscalizou o instituto e constatou problemas, como a suspensão parcial dos atendimentos e a falta de medicamentos. Segundo o Cremerj, no último dia 2, o atendimento aos doadores já havia sido interrompido. A estrutura do prédio do Hemorio, no centro, também está precária, com infiltrações. O Cremerj estuda denunciar a situação ao Ministério Público Estadual.


GREVE


A crise financeira do Estado atinge ainda servidores de outras categorias, que deflagraram greve na semana passada. A paralisação atinge parcialmente 33 categorias, como policiais civis, professores e servidores de órgãos como o Detran e o Instituto Médico-Legal (IML).

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