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CRF-SP - Clipping de Notícias
 

CLIPPING - 05/04/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 
   

 

 

Crise e concorrência seguram ganhos de drogarias menores

05/04/2016 - DCI


São Paulo - Apesar de o setor farmacêutico ter sido o único segmento do varejo brasileiro que cresceu no ano passado em meio à crise, as farmácias independentes não têm resistido à concorrência das grandes e vêm perdendo cada vez mais espaço. A tendência é que esse movimento de concentração, vivenciado nos últimos anos, aumente ainda mais.

Desde 2006, a fatia de mercado das farmácias independentes no número de lojas e no faturamento total do setor vem caindo ano a ano. Segundo informações divulgadas na apresentação para investidores da Raia Drogasil, com base em dados da IMS Health e da Abrafarma, de 2006 até 2014 a participação das independentes no total de lojas do setor recuou 6,2 pontos percentuais, de 91,7% para 85,5%, em todo o Brasil. Movimento similar ocorreu em relação ao faturamento total. Em 2006, a participação das independentes no faturamento era de 59,9%. Oito anos depois esse número caiu para 47%.

Analistas consultados pelo DCI afirmam que a perspectiva é de redução ainda maior da participação das farmácias independentes no segmento, motivada pela consolidação forte das grandes redes, como a Raia Drogasil e a Drogaria São Paulo Pacheco. "A participação das pequenas deve seguir caindo nos próximos anos", afirma o analista de investimentos da Quantitas, Rodrigo Maggi Martin. Segundo ele, as grandes empresas conseguem ter uma escala e uma eficiência operacional muito maior. "Com isso, elas têm um poder maior de barganha com os laboratórios. As pequenas farmácias, em geral, têm que comprar de distribuidores, o que prejudica bastante a margem de lucro", acrescenta.


DIFICULDADES


Para o dono da farmácia Pirapora, localizada no município de Jundiaí (SP), Julio César Pedroni, é justamente essa a maior dificuldade das pequenas e médias. "É muito difícil competir com os preços das grandes redes. Como eles compram em quantidade e direto dos laboratórios acabam conseguindo preços melhores", lamenta o empresário.

A forma como os tributos são cobrados é outra questão que prejudica as farmácias independentes, na opinião de Pedroni. "Com a entrada da substituição tributária, implantada em 2008, eu pago hoje o mesmo tributo que qualquer grande rede. Não há mais a diferenciação entre a pequena e a grande para o pagamento do ICMS", conta Pedroni.

De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (Abcfarma), Renato Tamarozzi, é necessário que haja políticas públicas que estabeleçam um equilíbrio maior entre as grandes e as pequenas farmácias. "Essa concentração é resultado da falta de políticas públicas para as microempresas. É uma questão de o governo olhar o setor como um todo, não apenas as grandes redes", afirma.

Diante desse cenário as pequenas drogarias vêm buscando alternativas para sobreviver à forte concorrência das grandes. Uma delas, e que aparentemente vem dando resultados, é juntar-se em redes associativas. "As farmácias que estão em redes associativas têm registrado um crescimento parecido com o das grandes redes. É uma saída para a competição agressiva dos grandes grupos", completou Tamarozzi.

Junto com mais 71 farmácias da região, Pedroni participa de uma dessas redes. Segundo o empresário, apesar de ter contribuído para os negócios e ser uma das saídas, o associativismo não é garantia de sucesso financeiro. "É importante também ter um atendimento diferenciado, que conquiste o cliente, e buscar nichos de atuação", disse ele ao DCI.

Com as medidas adotadas pela farmácia, Pedroni garante ter crescido 4,6% no faturamento no ano passado, em comparação com 2014. Para este ano a perspectiva é de um crescimento entre 7% e 10%.

Apesar da maior concentração das grandes redes nos últimos anos, o varejo farmacêutico independente ainda é muito pulverizado. "A concentração está mais nos grandes centros, e nas áreas mais nobres, nas capitais. Perifericamente e no interior as farmácias independentes ainda estão um pouco mais blindadas", avalia Tamarozzi.


INVESTIDORES ESTRANGEIROS


Outro fator que pode movimentar esse mercado é a entrada de investidores estrangeiros, ato que pode ocorrer no curto prazo e aumentaria a competição para as menores. "O movimento de fusões e aquisições das principais redes já aconteceu, mas o mercado ainda não está consolidado. Têm muitos investidores internacionais que ainda não estão aqui e que têm interesse em entrar. Ainda há muita coisa para acontecer", afirma o consultor de fusões e aquisições da PwC, Márcio Vieira.Em 2013, o grupo americano CVS comprou no Brasil a Onofre, com 47 lojas no País. De acordo com o analista da Guide Investimentos, Rafael Ohmachi, o intuito da compra era sentir o mercado brasileiro para depois adquirir grupos maiores. Desde 2014 a empresa vem negociando a compra da Drogaria São Paulo Pacheco. As negociações, que tinham esfriado nos últimos tempos, voltaram a ganhar força recentemente. "A negociação da CVS com o grupo DPSP é uma confirmação de que a presença de players estrangeiros tende a ter um papel mais protagonista dentro do setor nos próximos anos", afirma Vieira, da PwC. Ohmachi, da Guide Investimentos, concorda. "A desvalorização do real deixou o Brasil um País muito atrativo para o investidor estrangeiro. Acho bastante provável a vinda de investidores externos, ainda mais para um setor tradicionalmente resiliente aos períodos de crise, como o varejo farmacêutico", afirma.


EXPANSÃO DAS GRANDES


"Não acreditamos em crise, vamos continuar crescendo de qualquer forma." A frase do presidente da rede de drogarias Pague Menos, Francisco Deusmar Queíros reflete o ânimo das grandes empresas do setor. No ano passado, os 26 grupos associadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) tiveram, juntos, um faturamento de R$ 35,94 bilhões. O valor foi 11,99% maior do que em 2014. Só as três primeiras em faturamento do ranking, a Raia Drogasil, a Drogaria São Paulo Pacheco e a Pague Menos, tiveram, somadas, um faturamento de R$ 21,4 bilhões, mais da metade do total.

As três empresas têm planos agressivos de expansão para os próximos anos, o que deve aumentar ainda mais a concentração do setor. A Raia Drogasil prevê a abertura de 165 novas unidades em 2016 e de mais 195 em 2017. O grupo DPSP planeja inaugurar mais 100 unidades este ano, além de um novo centro de distribuição na região nordeste do País.

A Pague Menos deve abrir 135 novas unidades este ano, e um novo centro de distribuição na Bahia, ainda no primeiro semestre. "Vamos expandir por todo o Brasil. Onde tiver uma oportunidade vamos investir", garante Deusmar.


VELOCIDADE


De acordo com o sócio-líder da área de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, Luís Motta, a consolidação é a principal estratégia entre as grandes empresas neste momento. "Elas vão continuar expandindo, seja por aquisição ou abertura", aponta o especialista.

A velocidade, no entanto, deve ser menor que a dos últimos quatro anos. Segundo Motta, existem dois fatores para a desaceleração dos movimentos de fusões e aquisições. O primeiro é que algumas redes - que já expandiram inorganicamente - estão utilizando o momento para criar uma maior sinergia entre as empresas adquiridas. O segundo se refere à instabilidade econômica. "A instabilidade desacelera os movimentos [de fusão e aquisição] porque as empresas olham mais para o curto prazo e cuidam mais do fluxo de caixa", diz.




Procon-SP notifica hospitais por preço abusivo de vacina contra H1N1

05/04/2016 - Folha de S.Paulo


O Procon-SP vai autuar hospitais e laboratórios que praticam abuso no preço das vacinas contra a gripe H1N1. Segundo o órgão, que notificou oito empresas nos últimos dias, em alguns lugares o valor saltou de R$ 45 no ano passado para até mais de R$ 200.


PLANTÃO


Em outra frente, os fiscais vão inspecionar drogarias para verificar preços dos remédios contra o vírus e confirmar a presença de farmacêutico responsável




Alta dos remédios supera inflação e pesa mais no bolso dos aposentados.

04/04/2016 - G1 - Bom dia Brasil


O aumento autorizado pelo governo para os remédios superou em muito a inflação. É a primeira vez que isso acontece desde 2009. Agora, o peso do preço dos medicamentos no orçamento dos aposentados é ainda maior. Chega a ser o dobro do que em outras faixas de renda, como mostra a reportagem de Carlos de Lannoy.

"Pressão, aspirina, que eu não posso deixar de tomar, joelho, aqui é pro coração", diz Dona Ediamar, que precisa de cada uma das caixas de remédios mostradas na reportagem.

A filósofa chegou aos 79 anos cheia de ideias e energia. Mas a vida trouxe também diabetes, osteoporose, hepatite B, hipertensão e agora lida com as consequências de três acidentes vasculares cerebrais.

"Graças a Deus, eu vivo com minha filha, que trabalha, e que me ajuda. O meu neto me ajuda, que mora em Barcelona, me ajuda. Porque senão não dava certo", conta a aposentada Ediamar Cruz.

A Dona Ediamar toma 20 comprimidos por dia. Gasta por mês, R$ 1.200 só com remédio. Isso é 15% da pensão que recebe, sem contar consultas e exames que não estão incluídos no plano de saúde.

Por isso, Dona Ediamar muitas vezes diz que é obrigada a escolher o remédio que vai deixar de tomar: “Quando um é muito especial, e que eu vejo que está acabando, eu em vez de tomar dois por dia, tomo um. Isso é um risco, mas é um risco que eu tenho que assumir. Ou eu tomo um, ou eu não tomo nenhum".

Se o reajuste for repassado a todos os medicamentos, a conta de Dona Ediamar vai ficar R$ 120 mais cara. Em um ano, o impacto seria de R$ 1.440.

Para muitos aposentados, é a mesma história. “A conta é de mais ou menos R$ 250 por mês de remédio. É alto. Pra quem ganha um salário mínimo, aposentadoria de um salário mínimo é muito alto”, conta um aposentado.

Dona Rita usa marca-passo e tem problemas de pressão. Sem ajuda da família ficaria sem remédio. “Hoje fui comprar remédio com 12% de aumento. Agora, quem é que toma conta disso? Quem é que faz alguma coisa para que isso melhore para quem ganha pouco?”, questiona.

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos autorizou um reajuste de 12,5%.

O economista Andre Braz explica que a conta dos remédios é mais salgada para idosos de baixa renda. Os que recebem entre 1 e 33 salários mínimos, gastam em média 6% com medicamentos. Já para os idosos que tem renda de até 2,5 salários mínimos, essa média sobe para 10%.

“Os medicamentos comprometem aproximadamente 10% do orçamento das famílias, idosas e de baixa renda. E o aumento de 12,5% é um aumento que supera muito a inflação esperada para 2016, que está em torno de 7%. Então isso achata muito o poder aquisitivo dessas famílias de baixa renda, porque é um aumento real sobre um produto que essas famílias não podem abrir mão”, explica Andre Braz, economista do IBRE/FGV.

“Quem precisa de medicamento, pesa muito. Mas muito mesmo. Às vezes, você deixa de comprar uma fruta, uma carne porque o medicamento vem em primeiro lugar”, conclui uma aposentada.

 

 

 
 

Natulab planeja crescer no Brasil com aquisições

05/04/2016 - Valor Econômico


A Natulab, farmacêutica controlada pelo Pátria Investimentos, vai às compras em 2016 para ampliar presença no mercado brasileiro. Estão no alvo empresas com faturamento em torno de R$ 150 milhões, provavelmente do segmento de medicamentos de prescrição, que complementariam seu portfólio. Essa cifra, porém, não corresponde ao teto do que o grupo poderá empenhar em uma transação. "Não estamos limitados a esse valor", afirma o presidente da Natulab, Wilson Borges.

Conforme o executivo, que chegou ao grupo em dezembro e contabiliza 35 anos de experiência no mercado farmacêutico, dos quais quase 20 anos em dois diferentes períodos na Pfizer, a Natulab tem fôlego financeiro para fechar um negócio mais vultoso caso surja uma boa oportunidade. "Se houver um grande negócio de genéricos à venda, temos apetite. Mas não está nos planos entrar nesse segmento por meio de uma pequena empresa", diz.

As transações serão pagas com dinheiro do caixa e aportes adicionais do Pátria, que em 2013 comprou o controle da Natulab, ou 65% do capital total, em operação estimada pelo mercado em R$ 130 milhões. No setor farmacêutico, o Pátria já investiu na Elfa Medicamentos, fundada na Paraíba, e na fabricante de próteses hospitalares MDT.

A Natulab tem olhado ativos desde o ano passado e trabalha com a expectativa de alguma acomodação nos preços, que subiram de forma significativa na esteira do forte interesse de multinacionais em operações locais e dos prognósticos positivos para as vendas de medicamentos no longo prazo.

No ápice, o valor das operações de compra e venda de laboratórios no país chegou a corresponder a 10 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). "O mercado está bastante aquecido, com ativos ainda caros. Mas queremos fechar ao menos uma aquisição em 2016", diz Borges. Um segundo negócio poderá se concretizar entre 2017 e 2018.

A compra de empresas, na realidade, faz parte de um pacote mais amplo de medidas que a companhia acaba de colocar em marcha para se tornar, em três anos, uma farmacêutica com presença nacional e no hall das dez maiores do país no segmento de medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) por receitas.

Hoje, a Natulab ocupa a 18ª posição nesse segmento, em valores, segundo dados da consultoria IMS Health. Em unidades, porém, já é a 6ª maior do mercado de OTC, que responde por cerca de 60% do faturamento do grupo.

No ranking geral, a meta é estar entre as 30 maiores empresas farmacêuticas do Brasil em valores - atualmente é a 51ª em receitas e 21ª em unidades. No segmento de fitoterápicos, é dona da marca Sintocalmy, líder de mercado.

No comando da reorganização da companhia, Borges reconhece que o projeto da Natulab é ousado e o objetivo final, que implica necessidade de crescimento médio de 17% ou 18% ao ano, ambicioso. Mas, para ele, as metas são factíveis. "O grupo já subiu 40 posições no ranking em cinco anos, com a diversificação de portfólio." Fundada há quinze anos na Bahia pelos irmãos Marconi Sampaio e Milton Júnior, que juntos detêm cerca de 5% da empresa, a Natulab encerrou 2015 com vendas líquidas de R$ 217 milhões e projeta R$ 240 milhões para este ano. A estratégia de crescimento, que já passou pela profissionalização do grupo, inclui ainda transferência da sede de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, para a capital paulista. A expectativa é a de que, em dois meses, a área administrativa esteja nas novas instalações.

"Para crescer, é preciso estar no maior mercado [de medicamentos], que é o Sudeste", afirma o executivo, referindo-se tanto à transferência da sede quanto a outro pilar do planejamento estratégico, a nacionalização das vendas. Por enquanto, mais de 60% dos negócios do laboratório estão concentrados no Norte e Nordeste do país.

Com a contratação de novos profissionais de vendas, a transferência da sede e a ampliação das instalações fabris na Bahia, haverá condições para ganhar espaço nos mercados do Sul, diz Borges. O grupo prevê ampliar vendas por meio das grandes redes de drogarias - hoje o forte da Natulab está nas farmácias independentes -, que representam 55% do mercado.

Nos últimos dois anos, a empresa investiu R$ 60 milhões para ampliar a capacidade de produção no complexo de Santo Antônio de Jesus, onde trabalha quase 1% da população do município (de 100 mil habitantes). Em 2016, outros R$ 40 milhões serão aportados nesse projeto, que resultará na transferência dos produtos fitoterápicos e dos suplementos da marca Naturelife para uma nova fábrica na metade do ano. O investimento permitirá iniciar a produção de dermocosméticos, novo mercado para o grupo. Em 2015, a Natulab produziu 120 milhões de unidades. Com a expansão do complexo, a capacidade instalada passará de 210 milhões de unidades para 340 milhões de unidades por ano.




Alternativa ao transplante

05/04/2016 - O Globo


Células- tronco regeneram órgão com insuficiência. Dose diária de vitamina D faz coração fraco funcionar melhor. Uma nova possibilidade de tratamento com células- tronco pode dar esperança a quem sofre de insuficiência cardíaca grave, quando, muitas vezes, nem o transplante de coração é uma saída. O maior estudo já realizado sobre o tema foi apresentado ontem no encontro anual do Colégio Americano de Cardiologia, nos EUA, e mostra que, ao longo de um ano, um tratamento feito com células- tronco retiradas da medula óssea do próprio paciente reduziu em 37% o número de mortes e hospitalizações, em comparação com um grupo de pessoas tratadas com placebo.

— Este é o primeiro ensaio de terapia celular que mostra como isso pode ter um impacto significativo na vida dos pacientes com insuficiência cardíaca. Nos últimos 15 anos, muitos têm falado sobre o que a terapia celular pode fazer, e agora nossos resultados sugerem que ela realmente funciona — afirma o principal autor do estudo, Amit Patel, diretor de Medicina Regenerativa Cardiovascular da Universidade de Utah.

Os pesquisadores coletaram dois tipos de células- tronco da medula óssea: mesenquimais e macrófagos M2. Estas foram cultivadas e expandidas em laboratório e, depois, injetadas por meio de cateter — sem cirurgia — diretamente no coração de 60 pessoas com insuficiência cardíaca em fase terminal. Outros 66 pacientes foram tratados com placebo, sendo todos escolhidos de forma aleatória. O total de 126 participantes foi encontrado em 31 hospitais espalhados pelos Estados Unidos. Todos desenvolveram insuficiência a partir de doenças isquêmicas, como as que surgem após um infarto do miocárdio, por exemplo.


MENOS DE DUAS HORAS DE PROCEDIMENTO


Em média, o procedimento por cateter levou menos de duas horas, e os pacientes que não tiveram complicações receberam alta no dia seguinte. Além de um número menor de mortes nos 12 meses que se seguiram à injeção de células- tronco, o estudo indica uma redução na necessidade de assistência hospitalar. Entre os pacientes que não fizeram o tratamento, 82% precisaram ir ao hospital nesse mesmo período. Enquanto isso, apenas 51% dos que fizeram a terapia celular tiveram essa necessidade.

Publicada na revista “Lancet”, a pesquisa utilizou as células mesenquimais e macrófagos M2 porque estudos pré- clínicos sugeriram que elas têm a capacidade de remodelar o coração: aumentam o tecido cardíaco e diminuem sua inflamação.

De acordo com o médico do Hospital Pró- Cardíaco e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Evandro Tinoco, que está nos EUA participando do congresso, os resultados se mostram promissores.

— O tratamento padrão hoje, para quem está em estágio avançado de insuficiência, é o transplante. Mas muitas pessoas buscam uma alternativa, por não serem candidatas a transplante devido à idade ou outras condições. Este estudo mostra que existe uma boa alternativa, aparentemente viável — diz o cardiologista — Não há dúvida de que seja essa a expectativa dos médicos a longo prazo: substituir o transplante por terapias regenerativas, com célulastronco. Há alguns anos não temos uma notícia realmente boa e promissora como a que esta pesquisa traz.


150 MIL MORTES POR ANO NO BRASIL


A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração perde a capacidade de bombear corretamente o sangue. Reverter esse quadro é essencial: 23 milhões de pessoas no mundo — e cerca de três milhões no Brasil — sofrem de insuficiência. As doenças do coração são responsáveis por um terço das mortes de brasileiros, e, entre elas, a insuficiência cardíaca aparece como terceira principal causa. Estimase que 150 mil pessoas morram por ano no Brasil devido a insuficiência.

— Os dados que temos mostram que menos de um quinto dos brasileiros que têm insuficiência cardíaca estarão vivos daqui a cinco anos. É uma mortalidade muito alta, maior do que a de muitos cânceres em estágio avançado — afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcus Bolívar Malachias, que também está no encontro americano. — Os resultados desta nova pesquisa são interessantes, mas não definitivos. Ao longo das últimas duas décadas, vimos muitas pesquisas, inclusive no Brasil, indicando resultados bastante erráticos, como terapias que funcionavam bem para alguns pacientes, mas que não faziam efeito em outros do mesmo perfil. Agora, abre- se a possibilidade de um novo tratamento, mas ele ainda está longe de ser uma realidade.

Para alcançar resultados mais consistentes, o estudo liderado pela Universidade de Utah segue agora para a fase 3 de pesquisa, na qual buscará um grupo maior de participantes.




Fumo altera DNA dos fetos

05/04/2016 - Correio Braziliense


Não fumar é uma das principais recomendações feitas às gestantes. Isso não ocorre por acaso, uma vez que vários estudos apontam uma série de consequências negativas que o cigarro traz aos bebês. Porém, detalhes de como o tabaco afeta o desenvolvimento do feto ainda são pouco conhecidos, uma lacuna que começa a ser preenchida por pesquisas como a que um grupo americano publicou recentemente na revista especializada American Journal of Human Genetics.

Coordenado pelo Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental (NIEHS) dos Estados Unidos, o trabalho identificou mecanismos que levam à alteração de DNA das crianças cujas mães fumam durante a gravidez. Essas alterações no genoma podem causar de malformação fetal a sintomas comumente encontrados em adultos tabagistas. Participaram 6.685 pares de mães e recém-nascidos, divididos em três grupos: um em que as mulheres fumaram diariamente durante a maior parte da gravidez (13%), não fumantes (62%), e que fumaram ocasionalmente durante a gestação (25%).

A partir de análises do sangue retirado do cordão umbilical, os cientistas observaram uma alteração de genes chamada de metilação do DNA. As crianças cujas mães eram fumantes frequentes apresentaram 6.073 locais onde o código genético foi modificado, muitos deles relacionados ao sistema nervoso e ao pulmão, além de serem ligados ao desenvolvimento de tumores e defeitos congênitos, como o lábio leporino. “Nós já sabíamos que o tabagismo está relacionado com a fissura de lábio e palato (céu da boca), mas não sabíamos o porquê. A metilação pode estar de alguma forma envolvida nesse processo”, afirma em um comunicado Stephanie London, coautora do estudo e epidemiologista do NIEHS.

Os pesquisadores destacam que os efeitos vistos sobre o DNA dos fetos são tão prejudiciais quanto os malefícios do cigarro em adultos. “Acho que é algo surpreendente quando vemos esses sinais epigenéticos em recém-nascidos a partir de exposição no útero, que apresentam alterações nos mesmos genes causados pelo consumo de cigarros em um adulto. Essa é uma exposição transmitida pelo sangue. O feto não está respirando, mas muitos dos mesmos efeitos são passados através da placenta”, frisa London. Em uma análise separada, os cientistas também viram que várias das modificações no DNA vistas nos fetos ainda estavam evidentes em crianças mais velhas, cujas mães fumaram durante a gravidez.




Clínicas ainda sem vacinas

05/04/2016 - Correio Braziliense


No Distrito Federal, não haverá antecipação da campanha de vacinação, como ocorreu em algumas unidades da Federação nesses locais, o Ministério da Saúde distribuirá mais de 25 milhões de doses da vacina contra a gripe até a primeira quinzena de abril. A data de início da imunização na capital está mantida para 30 de abril. Até lá, a preocupação com a contaminação tem feito muitas famílias correrem atrás das redes particulares. No entanto, ainda não há doses disponíveis. A previsão é de que a vacina chegue nas clínicas privadas entre quinta e sexta-feira desta semana. Em algumas unidades procuradas pela reportagem, sequer há um prazo de chegada. Em um centro de vacinação no Terraço Shopping, por exemplo, muitas pessoas pagaram antecipadamente pela vacina, porque ela estaria disponível esta semana. Porém, por conta da alta procura, os pagamentos foram suspensos, pois não há data certa para o início da vacinação. Em um dos principais laboratórios do DF, era possível encontrar doses da vacina até a semana passada. Não chegaram na totalidade. E as que chegaram vieram em uma quantidade mínima, que em duas horas acabaram. Agora, a previsão dada é mesmo de sexta-feira, mas não podemos bater o martelo. É imprevisível, ponderou a infectologista responsável e gerente médica da clínica, Ana Rosa dos Santos. Segundo ela, a vacinação deve ser feita assim que a população tiver condições, seja por meio da campanha do governo, seja das clínicas particulares. O H1N1 de agora é o mesmo da pandemia de 2009/2010. Uma gripe com conotação mais relevante, com sintomas agravantes, que têm como preferência pessoas com doenças crônicas. No ano passado não houve esse apelo pela vacinação, poucas pessoas se interessaram, e esse cenário de agora tem a ver com isso, pois o resultado da vacinação é a longo prazo, explicou. Campanha A campanha nacional de vacinação contra a influenza é realizada anualmente. Além de pessoas com 60 anos ou mais, são imunizados os trabalhadores da área da saúde, os povos indígenas, as crianças na faixa etária entre 6 meses e menores de 5 anos, as gestantes, as puérperas (até 45 dias após o parto), os pacientes com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, a população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional. Este ano, a campanha começa em 30 de abril. Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz recomendação da vacina para os Hemisférios Norte e Sul. Para o Hemisfério Sul, em 2016, a trivalente é composta por dois vírus A (H1N1 e H3N2) e um tipo de B. Já a quadrivalente, disponível apenas na rede privada, contém, além das cepas da trivalente, um vírus B (Yamagata), que circula nos Estados Unidos durante o inverno. Pandemia Um surto de doença respiratória atingiu inicialmente o México, em março de 2009. Tratava-se da chamada gripe suína, provocada pelo vírus Influenza A H1N1. A gripe se espalhou rapidamente para os Estados Unidos, o Canadá e para o resto do mundo. Pelo menos 207 países e territórios confirmaram casos, incluindo mais de 8,7 mil mortes.


MEMÓRIA


2016

30 de março

A Região Centro-Oeste ligou o alerta de surto do H1N1. A Secretaria de Saúde, no fim do mês passado, já confirmava cinco casos de H1N1 na região e um no entorno desde o começo do ano. Nesse mesmo período, em 2014, apenas três casos tinham sido confirmados. Durante todo o ano, foram 21 notificações. A Secretaria de Saúde do Goiás também confirmou cinco casos de influenza A e 21 suspeitas.


2013

27 de julho

Morreu no Distrito Federal a quarta vítima da Influenza (H1N1). O desempregado José Márcio Holanda Oliveira, 46 anos, estava internado no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul, e morava no Cruzeiro. Naquele mesmo mês, outras três pessoas morreram após contrair a gripe. O número de óbitos de janeiro a julho de 2013 foi o dobro dos registros de todo o ano anterior e o maior desde o surto de 2009.


2009

8 de maio

O surto da doença atingiu mais de 2.370 pessoas em 23 países e matou 45 no México e nos Estados Unidos. No DF, uma mulher de 34 anos estava com suspeita de ter sido infectada pelo vírus H1N1. Em boletim divulgado no mesmo dia da suspeita, a Secretaria de Saúde confirmou a notícia de que quatro pacientes estavam sendo tratados na capital com a possibilidade de ter contraído a gripe suína. Além disso, três pessoas aguardavam o resultado do exame de confirmação, após apresentarem tosse e febre alta, depois de terem vindo de áreas afetadas.

 
 

Metade dos casos de gripe no Brasil já é de H1N1; número de mortos chega a 71

05/04/2016 - O Estado de S.Paulo


O vírus H1N1 já é responsável por metade dos casos de gripe registrados no País, afirma o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. O dado é observado nas análises de amostras enviadas para laboratórios públicos de todos os pacientes com suspeita de infecções respiratórias. Do total comprovado para influenza, 50% apresenta a infecção por essa variação do vírus, responsável por uma pandemia em 2009.

“Estamos todos muito preocupados”, admitiu Maierovitch ao Estado. Ele observa que o H1N1 é mais agressivo do que os demais subtipos de vírus influenza que circulam no País, como o H3N2 e influenza B. Além disso, a alta é registrada em um período em que a população ainda está suscetível. “O aumento de infecções aconteceu de forma antecipada. Mesmo que pessoas já tenham sido imunizadas no ano passado, boa parte do efeito protetor da vacina já passou”, disse.

Boletim divulgado nesta segunda-feira, 4, mostra que o subtipo de vírus influenza A já provocou, apenas nos primeiros três meses deste ano, 71 mortes – quase o dobro do que foi registrado entre janeiro e dezembro de 2015 (36 óbitos). Os casos também subiram de forma expressiva. Até agora, foram 444 notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – o triplo de todo 2015.

Além do aumento de pacientes atingidos, a doença se espalha pelo País – 15 Estados registram infecções provocadas pelo vírus, dois a mais do que há duas semanas. “O nosso maior temor é que a epidemia, tendo início precoce, atinja um número maior de pessoas, a exemplo do que aconteceu em 2013”, disse Maierovitch. Naquele ano, foram 3.733 registros de H1N1. “Os casos foram registrados a partir de abril. Agora, começaram ainda em março”, afirmou.

Não há ainda uma explicação para o fenômeno. Uma das hipóteses para o surto de gripe fora de época é a condição climática. “Alguns estudos mostram associação com o El Niño. Anos com o fenômeno propiciariam a antecipação dos casos de gripe”, disse o diretor.


CONCENTRAÇÃO


A maior parte das notificações está concentrada no Sudeste. Só em São Paulo, são 372 casos, o equivalente a 84% dos registros do País. Em segundo lugar está Santa Catarina, com 22 infecções, seguido por Bahia (9) e Paraná (7). Pernambuco, Goiás e Distrito Federal apresentam, cada um, cinco pacientes com a síndrome. Minas, Ceará, Pará e Rio têm o mesmo número de casos: 3 em cada Estado. No Rio Grande do Norte e em Mato Grosso, são dois casos. Mato Grosso do Sul traz um caso e Espírito Santo, também um registro.

Diante da epidemia provocada pelo vírus em São Paulo e do atípico aumento de casos provocados pela doença em outros Estados, o ministério decidiu antecipar a distribuição da vacina. Maierovitch, porém, advertiu que a proteção não é imediata. São necessárias pelo menos duas semanas para que a vacina comece a aumentar a imunidade ao vírus. “Por isso, de nada adianta correr para se vacinar, por exemplo, quando alguém do seu círculo apresenta sintomas de gripe”, afirmou. “Nesses momentos, o principal é a adoção de medidas de prevenção, como lavar as mãos e procurar evitar o contato com pessoas doentes.”

Maierovitch afirmou que, de acordo com o desempenho da vacinação em São Paulo, a estratégia do Dia D, marcado para o dia 30 deste mês, poderá ser revista. “Não queremos abrir mão dessa iniciativa, que, tradicionalmente, consegue atingir pelo menos 30% da população-alvo em apenas um dia”, afirmou.

Segundo o diretor, caso a cobertura de grupos vulneráveis seja atingida antes do Dia D, uma mudança poderá ser feita no Estado, como o cancelamento do evento. A decisão deverá ser definida dentro de duas semanas. Em São Paulo, a vacinação para profissionais de saúde começou nesta segunda e para grupos vulneráveis – idosos, pessoas com doenças pré-existentes como problemas respiratórios ou cardíacos – começa no dia 11.




‘Vírus tem maior capacidade de disseminação’

05/04/2016 - O Estado de S.Paulo


A alta capacidade de disseminação do vírus H1N1 e o grande movimento de pessoas entre diferentes regiões são as principais explicações para o rápido avanço da doença pelo País, segundo o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“A sensação que temos, principalmente com o surto deste ano, é que o H1N1 tem maior capacidade de disseminação do que os outros vírus da gripe. Trabalho com essa doença desde 1997 e nunca tinha visto uma coisa dessas”, afirma ele, referindo-se ao surto antecipado.

De acordo com o especialista, o fato de o H1N1 ser um vírus de transmissão respiratória também facilita sua ação. “Todas as doenças que podem ser transmitida por gotículas de saliva acabam tendo um alcance maior e, por isso, o cuidado com a higiene é a melhor forma de tentar evitar a contaminação.”

Para Granato, embora o vírus H1N1 seja transmitido de forma mais intensa no inverno, quando as pessoas permanecem mais tempo em ambientes fechados, o uso frequente do ar-condicionado no verão também pode favorecer a doença. “Nossa recomendação é desligar o aparelho de ar-condicionado e deixar a ventilação natural nos ambientes.”




Medo da gripe H1N1 provoca corrida por vacina em clínicas

05/04/2016 - O Globo


A bibliotecária Matilde Benchimol, de 71 anos, tomou um susto na semana passada, quando viu seu irmão cair de cama após contrair o vírus da gripe H1N1. Ontem, ela correu até a clínica Vaccini, em Copacabana, à procura da vacina para a doença. Ela era uma das cerca de 40 pessoas que aguardavam atendimento durante a tarde. O medo de que o surto registrado em São Paulo se espalhe para o Rio tem provocado uma grande procura por clínicas de vacinação na cidade. Como o Ministério da Saúde só dará início à campanha nacional de vacinação no dia 30 (e a rede pública não oferecerá a vacina antes disso), os estabelecimentos particulares estão lotados.


DOSES ESGOTAM RAPIDAMENTE


A Vaccini informou que, na semana passada, aplicou uma quantidade de doses igual à vendida entre abril e dezembro do ano passado. No site da clínica, a informação é que, devido à grande procura, muitas unidades de sua rede estão com linhas telefônicas ocupadas e o estoque pode se esgotar a qualquer momento. Em outra clínica de Copacabana, a Prevcenter, uma funcionária disse que lotes da vacina acabaram na semana passada e foram repostos ontem. Durante a tarde, no edifício comercial onde funciona a clínica, a fila se estendia até os corredores. O pequeno espaço da sala de espera não conseguia acomodar sequer metade do número de pessoas em busca de vacinação, e elas eram obrigadas a aguardar no calor, sem ar- condicionado ou ventilador.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, foram registrados este ano quatro casos de gripe H1N1 no Rio. O número, porém, pode ser bem maior, já que a notificação só é obrigatória para casos graves da doença. Segundo o Ministério da Saúde, até o dia 26 de março, foram notificados 372 casos em São Paulo.




Clínicas de SP têm falta de vacina contra o H1N1

05/04/2016 - Folha de S.Paulo


Após causar filas e superlotação em clínicas, a corrida pela vacina contra a gripe H1N1 em São Paulo esgotou o estoque de doses em parte dos pontos de atendimento particulares da capital. A previsão de alguns centros de vacinação, como os das maternidades Pró-Matre e Santa Joana, é que novos lotes cheguem na quinta-feira (7), quando deve ser retomada a distribuição de senhas.

Na clínicas Vacinarte, Clinivac e Digimagem, a informação disponível era apenas que não havia mais lotes da vacina para o público, sem previsão de chegada de novas doses. No site da Cedipi, nos Jardins, a imunização chegou a ser interrompida na manhã desta segunda (4), mas, às 17h30, um informativo entrou no ar dizendo que havia a vacina. Os telefones do centro, porém, estavam congestionados e não foi possível saber o tamanho do lote nem até quando duraria o estoque.

Na rede de laboratórios Delboni, a informação foi a de que, embora a procura esteja muito grande, a reposição dos lotes de vacina está sendo constante, para que não falte.
Na Alta, clínica na região do Ibirapuera (zona sul), um lote de vacinas chegou nesta segunda e "acabou" no mesmo dia –como a unidade trabalha também com vacinações a domicílio, o carregamento já estava comprometido com quem havia reservado. De acordo com a empresa, o serviço teve crescimento exponencial, "especialmente porque nesse ano a vacina foi disponibilizada no início de abril e porque o surto foi maior que do ano passado."

A empresa cobra R$ 160 pela imunização (da vacina tetravalente) e R$ 80 pela aplicação para grupos de até três pessoas. De acordo com a clínica, novos agendamentos poderão ser feitos somente a partir da próxima segunda (11).

De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, São Paulo tem o maior número de mortes por H1N1 neste ano –55 de 71– e também lidera no número de atendimentos da SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que ocorre quando há complicações dos sintomas da gripe, como falta de ar. Foram 372 pacientes até 26 de março.


REDE PÚBLICA


Na rede pública, começou nesta segunda a vacinação de profissionais da saúde. Serão imunizados 532,4 mil funcionários de hospitais públicos e privados da capital, segundo a Secretaria da Saúde do Estado.

A partir do dia 11, as vacinas vão estar disponíveis gratuitamente nos postos para pessoas do chamado grupo de risco: gestantes, crianças entre seis meses e cinco anos e idosos com mais de 60 anos.

Somente a partir do dia 30 de abril a imunização vai ser ofertada para o restante do Estado. A partir desta data, também serão atendidos doentes crônicos, índios, funcionários do sistema prisional e presos, além de mulheres que deram à luz há pouco tempo.




'Pronto-socorro é o lugar ideal para quem gosta de pegar gripe'

05/04/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Diante desse surto inesperado de gripe H1N1, o que é mais sensato: adotar medidas preventivas, como evitar lugares com grande aglomeração de pessoas, ou fazer exatamente o contrário, se enfiar no meio de uma multidão infectada?

Por mais surreal que possa parecer, as pessoas estão optando pela segunda alternativa. As cenas das últimas semanas, com mães passando horas na fila para conseguir uma dose de vacina contra a gripe nas clínicas privadas de imunização ou aguardando horas em pronto-socorros superlotados, mostram que, mais do que o H1N1, é as pessoas que estão em surto coletivo.

Como bem disse o doutor Drauzio Varella no programa "Fantástico" do último domingo, "pronto-socorro é o lugar ideal para quem gosta de pegar gripe". Por que? Porque esses locais estão cheios de pessoas infectadas, que tossem, espirram e espalham os vírus

Quem deveria estar na fila de um PS? Apenas pessoas do grupo de risco (idosos, pessoas com doenças crônicas, gestantes, crianças pequenas) que apresentam febre alta repentina, prostração, muito mal-estar e muita dor no corpo. Do contrário, a recomendação é para agir como nas gripes comuns: repouso, hidratação e antitérmico para combater febre e dores.

Ocorre que hoje as pessoas não dispõem de uma estrutura básica de atenção à saúde, faltam pediatras, faltam equipes de saúde da família. Diante das notícias de que há gente morrendo de gripe, as pessoas se desesperam e correm para os pronto-socorros. Sabem que mesmo que demore, uma hora serão atendidos.

Na outra ponta, quem possui um plano de saúde tampouco tem à disposição um médico de confiança ou um ambulatório de atenção básica. A opção de atendimento rápido acaba sendo também o pronto-socorro. Porém, muitas vezes, o que mais as pessoas precisam é de orientação, não de uma estrutura hospitalar complexa.

Por exemplo, muitos dos atendimentos nos pronto-socorros hoje são de pacientes resfriados e com quadros gripais leves. Gripe e resfriado são doenças distintas, causadas por vírus diferentes, mas que partilham vários sintomas em comum, o que leva muita gente a pensar que são sinônimos. Ambos são infecções respiratórias causadas pelos vírus de diferentes famílias.

Duas das principais diferenças entre a gripe e o resfriado são a febre e o estado geral da pessoa. Enquanto o resfriado não costuma causar febre (exceto em crianças pequenas), na gripe a febre é comum e costuma ser acima de 38°C, principalmente nas crianças. Na gripe, a pessoa também se sente mais prostrada, com dores de cabeça, nos músculos e articulações. No resfriado, tem coriza, tosse e espirros, mas se sente mais ou menos bem disposto, apenas fica incomodado com esses sintomas.

Ou seja, nessa panaceia que virou o enfrentamento do surto de H1N1, muita gente resfriada que lota as emergências pode sair de lá pior do que entrou, levando para casa uma gripe de brinde.

E o que dizer dessa histeria coletiva nas clínicas de vacinação? Gente, não estamos vivendo a versão moderna da gripe espanhola, pandemia de influenza que entre 1918 e 1920 que matou 50 milhões de pessoas no mundo. Antes de sair desesperado atrás de vacina, enfrentando horas de fila e preços exorbitantes, avalie se não é melhor esperar. Se você é idoso, gestante, criança pequena ou doente crônico, em seis dias terá vacina de graça nos postos de vacinação. Se não pertence a esses grupos, é o caso de se perguntar: preciso mesmo enfrentar essa loucura toda?

Só lembrando que após tomar a vacina, a pessoa só estará imunizada dentro de três a quatro semanas, que é o tempo necessário para a produção de anticorpos contra a doença. Já para ser infectado é bem mais rápido: de três a sete dias. Portanto, com vacina ou sem vacina, não descuide das medidas preventivas: lave bem as mãos com água e sabão ou com álcool, evite levar as mãos aos olhos, nariz e à boca e cubra a boca quando for tossir ou espirrar. E tenha calma porque o mundo não está acabando. Ainda.




Que medicina nos espera amanhã?

05/04/2016 - O Estado de S.Paulo


A relação indevida do público com o privado marcou a História deste país, tornando-se comum em boa parte da sociedade. O modelo universitário não foge desse padrão, levando-nos a questionar o quanto o ensino, a pesquisa e a assistência foram influenciados por esse sistema, e como será o futuro da saúde em nosso país. Vamos aos fatos.

Temos medicina primária que não necessita de minhas críticas. Basta consultar a imprensa diariamente. Essa endemia na saúde, que persiste há décadas, mata milhares de vezes mais que as epidemias virais que hoje nos acometem. Os órgãos oficiais fazem campanhas, muitas vezes demagogicamente, apenas na hora da desgraça, não entendendo, ou não querendo entender, o significado da palavra prevenção, que é o pilar fundamental de qualquer sistema de saúde.

Metade da população não é servida por saneamento básico. Em compensação, a medicina terciária, da qual nos orgulhamos pela qualidade atingida, deveria estar em centros especializados devidamente localizados, espalhados pelo País, de preferência perto de centros universitários, de acordo com as necessidades regionais. Os gastos com tecnologia se reduziriam muito e equipamentos caríssimos não ficariam encaixotados, deteriorando-se, ou em mãos inexperientes, sem condições de ser utilizados. Por que, então, foram encaminhados a esses locais?

Para agravar, a maioria das escolas forma profissionais especializados, geralmente mais interessados em técnicas e métodos, e não em clínica. O contato com o paciente, o ouvir, o olhar, o palpar, o auscultar foram substituídos pelos exames complementares. O indivíduo transformou-se em algo secundário, meio de fazer funcionar uma máquina de produzir dinheiro, pois a medicina se transformou num grande negócio, nas mãos de empresários com enorme poder econômico. Julgo precisarmos mais de ética que de técnica. Mas ética “não dá dinheiro”.

A tecnologia transformou-nos numa tecnocracia dominadora amoral, quando deveria estar a serviço do paciente, com equilíbrio de interesses e necessidades. Ela nos dá poder material que, quando não contrabalançado por um poder intelectual, pode tornar-se destrutiva.

A ciência também é amoral e deve ser digerida pela moral social. Quanto de tecnologia inútil se produz e se utiliza diariamente e quanto de ciência se publica para apenas engrossar currículos, sendo colocadas logo após na biblioteca do esquecimento, das inutilidades, sem colaborar em nada para uma saudável evolução. Quantos artigos médicos, além de aulas e conferências, são fraudados para convencer os menos informados a assumir determinadas condutas? Essa cultura já impregnou as academias médicas e as piores consequências se fazem sentir na qualidade do ensino e da assistência.

Como dizia Karl Marx, os setores que dominam o sistema financeiro, “ao fundarem a produção econômica na exploração da ciência aplicada, e ao monopolizarem em seu proveito as invenções tecnológicas”, caminhariam a passos largos para um domínio sem escrúpulos, amoral, das ciências. O paciente tornou-se um meio, e não um fim. Mesmo não sendo marxista, admiro a antevisão que teve esse pensador. Demorará para sairmos desse padrão, em direção a uma situação eticamente aceitável, pois a mudança depende dos responsáveis por essa situação.

As sociedades médicas deveriam ser mais fortes, e não submissas aos poderes políticos e econômicos, para poderem ditar as regras e servir a todos, sem interesses outros. Fazer da saúde e do ensino a sua finalidade, e não o seu meio, recuperando o poder de decisão do médico e a independência do professor, tomados pelos corporativismos, e livrar a maioria da escravidão exercida pelos poderes vigentes, da “democracia de poucos” que vivemos.

Esses poderes deveriam perder força nos meios universitários, para que a relação da indústria com as academias, fundamental e pouco explorada de forma correta, seja mais saudável, tornando-se, consequentemente, mais produtiva para a maioria. Que as escolas preservem os reais mestres, aqueles que têm como motivo de vida a universidade, não poluídos por fatores externos espúrios. Assistimos à evasão, nas faculdades, de profissionais de altíssimo gabarito, por não concordarem com sistemas impositivos, totalitários, personalistas, que os impedem de desenvolver suas habilidades. Em nome desses pensamentos, defendo uma reforma universitária em que os corpos docentes, com melhores condições de trabalho, e com mudanças culturais, mais vocacionados, pudessem exercer suas atividades acadêmicas com maior dedicação.

Um exemplo de sucesso vivido pelo Incor, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), foi a introdução do conceito de “tempo integral”, no qual havia envolvimento e compromisso de todos com ensino, pesquisa e assistência, tanto pública como privada, em elevado nível profissional, em apenas um centro geográfico compatível com todas essas atividades, com enormes benefícios para o atendimento público, que recebia o que havia de melhor. Infelizmente, esse conceito foi corrompido e destruído por interesses outros e a História se incumbiu de mostrar suas consequências. Realmente, vivemos uma associação maligna de fatos, com resultados evidentes para todos. Deveríamos ir além da simples terapia para os erros pontuais do momento e plantar sementes de um sistema futuro melhor, mesmo que o terreno esteja pantanoso e lamacento.

Como dizia Ruy Barbosa, “há tantos burros mandando em homens de inteligência que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência”. Poderíamos hoje trocar os termos “burros” e “burrice” por espertos desonestos e desonestidade. Caro Ruy Barbosa, além de não ter visto grandes resultados de suas pregações, alguém ainda decide mudar palavras de seus textos. Sinto muito, mas acho que você compreenderia.




Ministério quer reduzir cesáreas, mas evita fazer restrições

05/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Depois de dois anos de discussão,o Ministério da Saúde publicou o protocolo com diretrizes para partos no País em uma versão esvaziada. O documento, que foi criado para tentar reduzir o alto número de cesáreas realizadas,não traz um dos pontos considerados mais polêmicos e, para defensores do parto normal, o mais eficaz: a restrição à cirurgia “a pedido”.

“Decidimos tirar todos os pontos em que não havia um consenso”, afirmou o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame.

Ele observa que o assunto ainda é delicado e envolve vários pontos ligados à cultura do brasileiro. “Este é o primeiro passo. Procuramos mostrar que medidas são necessárias para reduzir o número de cesáreas no País, que há muito ultrapassou o limite da razoabilidade.” Dados indicam que 84% dos partos realizados na rede particular de saúde são feitos por meio de cesárea. Na rede pública, o porcentual é de 40% – um índice que vem crescendo ao longo dos anos. “A ideia do documento é retirar da cesárea a falsa ideia de que ela é inócua, de que ela pode ser glamourizada.

Ela traz riscos para mãe, para bebês”, afirmou.

A retirada da restrição da cesariana “a pedido” – feita quando não há nenhuma indicação médica para a escolha do procedimento – foi considerada uma tática por Beltrame. “A primeira tarefa do protocolo é divulgar informações sobre os riscos de cada parto. Se a mulher for informada, há a possibilidade de haver uma redução do número de cesáreas não necessárias.” Outro ponto polêmico retirado foi a dispensa da necessidade de um pediatra na sala do parto, como constava da primeira versão do texto, enviado para consulta pública. Na versão atual, o pediatra é considerado importante e som ente pode ser dispensado em casos de extrema necessidade.

As regras preconizadas pelo documento não são obrigatórias. “O ideal, no entanto, é que profissionais procurem se nortear pelas orientações. Elas foram inspiradas em práticas consideradas importantes em outros países”, afirmou.

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