37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias
 

CLIPPING - 01/04/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 
   

 

 

USP faz representação criminal contra criador da ‘pílula do câncer

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


A Procuradoria Geral da USP decidiu fazer uma representação criminal contra Gilberto Chierice, professor aposentado do IQSC (Instituto de Química de São Carlos, órgão da universidade) e coordenador dos estudos sobre a fosfoetanolamina, a suposta "pílula do câncer".

Segundo a USP, Chierice teria praticado dois crimes previstos no Código Penal ao distribuir a substância a pessoas com câncer durante mais de duas décadas. A investigação ocorre desde fevereiro.

Chierice disse à Folha que não pretendia fazer comentários sobre o inquérito. De acordo com Geraldo Souza Filho, delegado assistente da Delegacia Seccional de Polícia de São Carlos, o professor argumentou, em seu depoimento, que não praticou curandeirismo, porque só fornecia as pílulas a pacientes que chegavam até ele munidos de receita médica, além de não se beneficiar economicamente com a prática.

A reportagem também tentou entrar em contato com a Procuradoria Geral da USP por meio da assessoria de imprensa da universidade, mas não recebeu resposta até a conclusão desta edição.

Para a procuradoria da universidade, Chierice deveria ser responsabilizado por curandeirismo (artigo 284 do Código Penal) e por expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente (artigo 132). As penas previstas para os delitos são detenção de seis meses a dois anos e detenção de três meses a um ano, respectivamente. No caso da pena por curandeirismo, pode ainda haver multa caso o condenado tenha lucrado com a prática.

Souza Filho diz que já ouviu, além de Chierice, o atual diretor do IQSC, Germano Tremiliosi Filho, e o técnico Salvador Claro Neto, que foi orientando de doutorado de Chierice e ainda é responsável pela produção da "fosfo".

"Também devo ouvir ex-pacientes e pessoas que estão passando pelo tratamento hoje", afirma Souza Filho, "Quem vai avaliar se ele está correto é a Justiça, não me cabe opinar", diz o delegado. "Certamente é apenas o início de um processo muito longo." Souza Filho estima que o inquérito esteja concluído dentro de 45 dias.


APÓS DUAS DÉCADAS


Apesar da representação criminal feita neste ano, a USP passou cerca de duas décadas (de meados dos anos 1990 até 2014) sem interferir na fabricação e distribuição das pílulas da "fosfo".

Um pesquisador do Instituto de Química que ainda está na ativa e prefere não se identificar diz que a prática era de conhecimento geral no instituto, mas que nunca houve um movimento para coibi-la por parte dos professores ou da direção do órgão.

A proibição só veio com uma portaria de junho de 2014, após a aposentadoria de Chierice. Pacientes passaram a usar decisões judiciais em seu favor para exigir que a produção e distribuição da molécula continuasse.

Hoje, a quantidade de processos sobre o tema que chegam à USP é tamanha que triplicou o volume de trabalho da procuradoria da instituição. Apesar de relatos favoráveis de pacientes, não há evidências científicas de que a "fosfo" seja eficaz contra tumores em seres humanos.

Os primeiros testes independentes da molécula, conduzidos a pedido do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), cujos resultados foram divulgados neste mês, não tiveram êxito –a ação antitumoral da molécula parece ser nula ou muito fraca.




‘Esgotado’, Tamiflu tem eficácia em xeque contra gripe

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


Na corrida pela vacina contra a gripe H1N1 e pelo atendimento nos prontos-socorros, os paulistanos têm enfrentado um terceiro obstáculo: a falta do medicamento oseltamivir (Tamiflu) nas farmácias da capital paulista. Das seis farmácias da av. Angélica, em Higienópolis, somente duas tinham estoque nesta quinta (31). Na av. Paulista, de sete farmácias visitadas, ele não foi encontrado em nenhuma. O preço da caixa varia de R$ 117 a R$ 200.

"Se tivesse o dobro, teríamos vendido, mas o estoque acabou na semana passada e até nosso fornecedor está esgotado", diz a farmacêutica Daniela Cacuta, da drogaria São Paulo, na av. Angélica. Essa busca frenética, porém, não é respaldada pelos médicos. Estudos independentes (sem patrocínio da fabricante Roche) têm apontado limitações na sua eficácia.

A polêmica se arrasta desde 2009, quando dezenas de países começaram a estocar o remédio para o caso de uma pandemia de gripe H1N1. Em 2014, revisão de estudos da Cochrane (rede de cientistas independentes que investigam a efetividade de medicamentos) apontou que o Tamiflu não é mais eficiente do que um analgésico comum (paracetamol) para casos de influenza em geral.

Segundo a Cochrane, o remédio não evita a disseminação da gripe influenza e diminui a persistência dos sintomas em apenas um dia, em média –de 7 dias para 6,3 dias em adultos e para 5,8 dias em crianças. Em 2014, estudo publicado na revista britânica "Lancet" mostrou que, nos casos de gripe H1N1, ele reduz o risco de morte em 19% quando ministrado em até dois dias após o início dos sintomas. "Para o influenza comum, não justifica o uso. Nos casos de H1N1, ele pode ser útil em casos bem selecionados [pacientes de risco]", diz o médico Álvaro Attalah, do Centro Cochrane Brasil.

Segundo os estudos, os efeitos colaterais mais frequentes são náuseas e vômitos, além de distúrbios psiquiátricos (que não são especificados). Para o infectologista Esper Kallás, professor da USP, o Tamiflu é um remédio ruim. "A eficácia é limitada, e o impacto na epidemia de H1N1 é questionável", afirma.

A melhor indicação do remédio, diz ele, é na prevenção de casos de gripe em pessoas sob risco de doença grave após a exposição ao vírus. "Por exemplo, uma senhora recebeu um transplante de medula e o marido chega em casa com H1N1. Daí, damos oseltamivir para ela antes mesmo que desenvolva a doença."

O infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos, afirma que a corrida indiscriminada às farmácias não se justifica. "Ele só é válido para pacientes de risco ou se os sintomas de gripe [febre, prostração e falta de ar] forem significantes. E isso nas primeiras 48 horas após os sintomas."


OUTRO LADO


Em nota, a Roche informou que, desde a segunda quinzena de março, observa aumento excepcional e não previsto para esta época do ano na demanda por Tamiflu. "Os estoques relativos à apresentação de 75 mg esgotaram-se rapidamente." Segundo a Roche, novos lotes de Tamiflu chegarão em abril.

Sobre os estudos que questionam a eficácia do remédio, a fabricante argumenta que diversos testes clínicos realizados com Tamiflu atestam a eficácia do medicamento na redução da gravidade e duração dos sintomas em pacientes com gripe, sendo seguro, bem tolerado e reduzindo o risco de mortalidade.

A farmacêutica afirma que o remédio tem efeito antiviral e age dentro do organismo para interromper a replicação do vírus influenza A. "A Roche reitera todos os dados que constam na bula do produto aprovado no Brasil pela Anvisa." A empresa diz reforçar a qualidade de evidências clínicas do Tamiflu.




USP vê curandeirismo na pílula do câncer

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Gilberto Chierice, pesquisador que desenvolveu a fosfoetanolamina sintética, a chamada “pílula do câncer”, foi denunciado pela Procuradoria da Universidade de São Paulo (USP) por curandeirismo, porque teria prescrito, ministrado ou aplicado a substância para a cura de doenças. Ele prestou depoimento ontem, negou as denúncias e criticou a polêmica em torno da substância.

Citado ainda por crime contra a saúde pública, ele compareceu à delegacia de São Carlos (SP) acompanhado de dois advogados.

A substância vem sendo motivo de polêmica por, supostamente, combater o câncer. Um projeto de lei já foi aprovado pelo Congresso Nacional liberando a fórmula no País e ela pode até virar suplemento alimentar, conforme sugeriu o Ministério da Ciência em estudo divulgado anteontem.

Os crimes denunciados pela USP levam em consideração o Código Penal e podem resultar em até 4 anos de prisão. Um inquérito foi aberto na Delegacia Seccional e outros pesquisadores também serão ouvidos. A USP, que vem se manifestando contra o fato de ser obrigada por liminares a distribuir as pílulas, não comentou a denúncia apresentada inicialmente à Polícia Federal, que a remeteu para a Polícia Civil. A fosfoetanolamina ainda não tem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


DEFESA


Chierice é professor aposentado da própria USP e tem defendido o uso da fosfoetanolamina em entrevistas. Sobre os testes iniciais, que não teriam até agora confirmado eficácia terapêutica da substância, ele questionou a forma como foram feitos. “Uma coisa é você tratar a substância como veneno, envenenar as células (cancerígenas), que é o que estariam fazendo. Outra é dizer à célula: você tem de morrer, você está programada para morrer agora.

É isso que a fosfoetanolamina faz”, exemplificou.

De acordo com o pesquisador, a substância marca a célula e a obriga a cometer o fenômeno chamado apoptose, também conhecido como morte programada.

“E ela morre.” Dessa forma, a substância traria melhoria ao organismo ao impedir as replicações.

O pesquisador diz defender outras análises da substância.

“Se você tem dúvida, vá lá e faça o teste. Foi o que fizeram. Erradamente, mas fizeram.” As pílulas dividem opiniões e muitos pacientes também defendem a liberação. Já a classe médica tem avançado em críticas no assunto. Em Cravinhos, no interior paulista, um laboratório está com as máquinas prontas para sintetizar o composto, esperando só pelo início dos testes do governo estadual.




Medicamentos podem ficar 12,5% mais caros

31/03/2016 - Zero Hora Online


Os medicamentos podem ficar até 12,5% mais caros em todo o país a partir de hoje. A previsão foi feita pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Pela primeira vez em 10 anos, o aumento pode ficar acima da inflação (de 10,67%, em 2015).O cálculo para definir o reajuste dos remédios é feito pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 10,36% em 12 meses até fevereiro.

Em nota, o Ministério da Saúde não confirma essa previsão de aumento e afirma que o prazo para divulgação do reajuste nos medicamentos encerra nesta quinta-feira. A pasta destaca que uma resolução define o possível índice máximo de aumento e que a indústria farmacêutica pode regular os preços, inclusive abaixo do percentual previsto. "O índice deste ano ainda não foi publicado, mas, conforme a legislação, levará em consideração critérios técnicos como a produtividade da indústria, a variação de custos dos insumos e a concorrência dentro do setor, além da inflação do período", diz o comunicado.

De acordo a assessoria de comunicação social da pasta, há um período para que as indústrias atualizem os preços, ou seja, não necessariamente o aumento entrará em vigor nesta sexta-feira, 1º de abril. O reajuste deve ser gradual conforme as farmácias forem renovando os estoques, de acordo com a associação.

Para a Interfarma, a produtividade da indústria foi negativa e a crise econômica tem afetado o setor farmacêutico. Outros fatores que contribuem com o aumento é a desvalorização do real frente ao dólar e os aumentos no valor da energia elétrica. "O cálculo do governo mostra com clareza que até a indústria farmacêutica, normalmente menos prejudicada por crises econômicas, está sendo atingida pelo momento difícil que o Brasil enfrenta", comunicou Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma em nota divulgada pela associação.




A pílula da polêmica

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


A existência de uma pílula milagrosa, capaz de curar todos os tipos de câncer, é vista com muita desconfiança pela comunidade científica internacional. A razão é que existem quase 200 tipos de câncer, cada um com diferentes mecanismos.

É por isso que existe tanto ceticismo com relação à “fosfo”, como é conhecida a “pílula do câncer” desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos, interior de SP.

“Se essa droga supostamente funciona em todos os cânceres, como cientista eu diria: pode me explicar como?”, diz Steve Jackson, professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Ele é inventor da droga anticâncer olaparibe (comercializada em 15 países sob o nome Lynparza T Meque aguarda aprovação no Brasil).

“A triste verdade é que é improvável que [a fosfoetanolamina] seja milagrosa”, escreveram os editores da revista científica “Nature”.

Fato: os primeiros testes de caracterização e síntese da “pílula do câncer”, divulgados no dia 21 de março, mostram baixo grau de pureza e pouco ou nenhum efeito sobre células tumorais. Os resultados foram divulgados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

A Câmara dos Deputados e o Senado já aprovaram um projeto de lei que permite que todos os pacientes de câncer tenham acesso à substância.

A droga ainda passará por estudos clínicos conduzidos com a participação do Icesp (Instituto de Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira). “Espero ter algumas respostas nos próximos seis meses”, diz Paulo Hoff, diretor do instituto.

Mesmo antes da aprovação, alguns médicos prescreviam a “fosfo” informalmente em várias partes do Brasil.

A educadora infantil Débora Freitas, de Uberlândia (MG), conta que foi a médica de seu pai que a encorajou a buscar a droga, usada por ele nas últimas semanas de sua luta contra o câncer.

“A médica falava que se prescrevesse a fosfo numa receita, corria o risco de perder o registro profissional. Mas que, se a gente tivesse condição de ir atrás da pílula, que era para ir.” Débora conseguiu as cápsulas com um vendedor que, segundo ela, foi preso em dezembro.

O Canadá também vive o fenômeno de uma “pílula do câncer”. Chama-se dicloroacetato de sódio (DCA) e surgiu a partir de pesquisa na Universidade de Alberta.

O DCA é usado há anos para tratar doenças metabólicas raras. A equipe canadense descobriu, em 2007, que ele teria potencial antitumoral em vasta gama de cânceres.

O oncologista Akbar Khan, de Toronto, disse à Folha que um de seus pacientes, com câncer em estágio avançado, propôs o DCA como alternativa.

Khan revisou o estudo do grupo de Alberta e decidiu dar a droga a seus pacientes.

Após processo judicial, ficou definido que médicos poderiam prescrever o DCA desde que o doente tivesse esgotado as possibilidades de terapia convencional. “Houve melhora em dois terços dos pacientes”, diz Khan.

A adoção de droga ainda testada clinicamente por pacientes que esgotaram outras possibilidades é chamada de uso compassivo.

“A Anvisa e o Ministério da Saúde deveriam facilitar o acesso ao uso compassivo de produtos que já têm algum tipo de embasamento clínico”, diz Hoff, diretor do Icesp.

Embora ressalte que a legislação brasileira está “exageradamente burocrática”, ele ressalva que não se pode enquadrara “fosfo” no uso compassivo por ela não ter embasamento clínico provado.

Hoff lembra, também, que nos EUA cerca de 85% dos pacientes oncológicos fazem uso de algum tipo de terapia alternativa por conta própria.

“É uma realidade do mundo inteiro. É preciso que o médico tenha uma cabeça aberta para discutir isso”, diz.

No Canadá, segundo Khan, muitos médicos além dele prescrevem o DCA. Preferem não assumi-lo publicamente por medo de processos judiciais e julgamento de colegas.

“O juramento de Hipócrates, ‘acima de tudo, não causar mal’, foi substituído por ‘acima de tudo, não ser processado’”, afirma Martin Winer, jornalista de Toronto e ativista do uso compassivo.

Ele organiza uma petição pedindo a desburocratização do uso do DCA, que conta com milhares de assinaturas.

Para os doentes, a chance de sucesso de uma droga experimental, mesmo pequena, representa uma esperança.

O ex-motorista de caminhão João Vianei Lopes, de Biguaçu, no interior catarinense, fundador da Associação dos Amigos e Pacientes de Câncer de Santa Catarina, desabafa: “Queremos ter acesso à esperança,paciente de câncer vive de esperança”.

Vianei, diagnosticado há seis anos com linfoma não Hodgkin, organiza petição com milhares de assinaturas pela liberação da “fosfo”.

O debate sobre o uso compassivo não é trivial. Para Adrian Harris, professor da Universidade de Oxford, há mais danos que benefícios.

“Mesmo que você já tenha tentado cinco quimioterapias diferentes, ainda terá uma chance maior com uma droga que está no mercado e já se mostrou eficaz do que com uma que não foi testada.

Apoio que todos tenham acesso a drogas aprovadas.” Jackson, de Cambridge, discorda: “Se você é paciente de câncer e só tem alguns meses de vida, a situação é diferente. Eu jamais poderia dizer a essas pessoas se elas devem ou não tentar algo”.

Pesquisadores ouvidos são unânimes em defender mais apoio para estudos clínicos capazes de acelerar a pesquisa do câncer. “Tentamos colocar o paciente em estudos clínicos o mais cedo possível”, diz Harris.

No Reino Unido, 10% dos pacientes com câncer participam de algum estudo clínico.

Nos EUA, a meta é ter 5% dos pacientes. O Brasil tem cerca de 1%, lamenta Hoff.




Lote de vacina contra H1N1 dura 1h nas clínicas de SP; espera tem até 770 nomes

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Foram necessários apenas 60 minutos para que um lote de 150 vacinas contra a gripe se esgotasse em uma clínica do Ibirapuera, na zona sul paulistana, anteontem. Em uma unidade dos Jardins, também na zona sul, a remessa com centenas de doses acabou em duas horas.Com o surto antecipado do vírus H1N1 no Estado de São Paulo, clínicas de vacinação da capital não estão dando conta da demanda pela imunização. O produto está em falta em dezenas de estabelecimentos e alguns deles já fazem lista de espera de interessados no produto. Em uma unidade no Brooklin, zona sul, a lista ganhou 770 nomes em dois dias.

“Ligamos ontem (anteontem) para uma clínica para saber se um novo lote havia chegado e eles disseram que sim. Quando fomos hoje (ontem) nos vacinar, já tinha acabado. E tínhamos procurado a vacina em outros dois lugares”, comentou a administradora de empresas Cibeli Passarinho de Assis, de 45 anos, que faz tratamento para engravidar e busca proteção contra o vírus. “A gente ficou com medo.

Dizem que essa gripe pode matarem três dias”, afirma ela, que buscou a imunização com o marido.

Após procurar, sem sucesso, três clínicas em busca da vacina, o casal encontrou o produto disponível em um estabelecimento da Bela Vista (região central da capital), mas pelo dobro do preço das outras clínicas.

“Desistimos de tomar. Nos outros locais, a vacina quadrivalente estava R$ 120 e, aqui, custa R$ 230”, diz.

Mesmo sem fazer parte de nenhum grupo de risco para a doença, o administrador Peter Walsh, de 52 anos, também tentou vacinar-se ontem em uma clínica dos Jardins, mas não encontrou o produto. “Todo ano me vacino e nunca vi esse caos.

Só que agora a gente está mais preocupado. Tenho uma amiga de 38 anos que morreu dessa doença”, diz ele.


CONGESTIONADAS


O Estado entrou em contato com 21 clínicas de vacinação em São Paulo ontem.

A maioria estava com os telefones ocupados por pelo menos quatro horas durante a tarde. Só cinco atenderam.

O único com vacinas disponíveis foi um estabelecimento no Brooklin. Os atendentes relataram que as filas estão grandes desde o início da manhã até o fim da tarde. Anteontem, o estoque acabou e a clínica passou a colocar os pacientes na lista de espera, que chegou a 770 nomes.

No fim do dia, uma remessa com mil doses foi entregue. A expectativa é de que o novo lote se esgote hoje.

Uma clínica no Jabaquara(zona sul) informou que a vacina acabou, mas que uma nova remessa deverá chegar na próxima quarta. Foi relatado que as filas estão se acumulando e a quantidade de pessoas na lista é tão grande que a inclusão de novos nomes foi suspensa.

Na Mooca (zona leste), uma clínica relatou que não há mais vacina disponível e receberá o próximo lote apenas no dia 11 de abril. Desde ontem, quando o estoque esgotou, cerca de cem pessoas já foram incluídas em uma lista de espera.

No Morumbi, na zona sul, uma clínica informou que a vacina está esgotada. Mas é possível que uma remessa chegue na próxima semana. A clínica estava marcando horário para a vacinação, mas a entrega dos lotes começou a atrasar e os agendamentos foram suspensos.




Laboratório decide antecipar importação de doses

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Com o aumento inesperado no número de casos de H1N1 no País, o laboratório francês Sanofi Pasteur, um dos dois que produzem a vacina quadrivalente contra a gripe para o mercado privado, decidiu antecipar em duas semanas a importação das doses do produto. Segundo a companhia, como a vacina leva de quatro a seis meses para ser produzida, costuma ser entregue em meados de abril no Brasil, para ser comercializada a partir do fim do mesmo mês, época que coincide com o início da campanha da rede pública. Neste ano, no entanto, a vacina da companhia será entregue e estará disponível para o consumidor a partir da semana que vem.

O laboratório GSK, outro fabricante da vacina quadrivalente, diz que seu produto já estava nas clínicas privadas desde o fim de março e que não há falta. A vacina contra a gripe oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é produzida pelo Instituto Butantã de São Paulo.

 

 

 
 

Laboratórios ainda aguardam reajuste oficial

01/04/2016 - Valor Econômico


O Ministério da Saúde trabalhava ontem para publicar hoje, no Diário Oficial da União (DOU), a resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) que estabelece o reajuste máximo autorizado para medicamentos, com atraso de um dia em relação ao prazo regulamentar, ou 31 de março.

Em resposta a consulta do Valor, a assessoria de imprensa da pasta admitiu que a publicação da resolução pode atrasar um pouco mais e ficar para a próxima semana. O ministério não confirmou o índice de reajuste estimado em 12,5% pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

Conforme a Interfarma, é possível calcular o índice que será aplicado a partir do IPCA acumulado em 12 meses até fevereiro, e de outros três fatores, que medem produtividade, concorrência e custos da indústria e já foram divulgados pelo ministério.

Neste ano, como a produtividade da indústria foi negativa, o governo determinou apenas uma faixa de reajuste para todo o setor.

A inflação entre março de 2015 e fevereiro deste ano medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 10,36%. A produtividade foi negativa, o que significa que a mão de obra contratada produziu menos que no ano anterior e o fator foi anulado. E o fator Y, que inclui variáveis como câmbio e preço da energia, adicionou 2,14 pontos percentuais ao IPCA.

Diante disso, a entidade estimou em 12,5% o índice máximo de aumento de preços. Caso o governo confirme esse percentual, essa será a primeira vez, em mais de dez anos, que o teto do reajuste para medicamentos supera inflação.

Segundo o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto, historicamente, o repasse autorizado aos preços de medicamentos no país não tem sido realizado de forma integral. "A indústria vem de um cenário de forte pressão de custos. Ainda assim, não deve haver aplicação integral", afirmou.

Nos últimos dez anos, segundo a Interfarma, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta crescimento de 79,3%, enquanto os reajustes da CMED ficaram em 61,2%. "Essa diferença mostra que, apesar do reajuste deste ano, os medicamentos continuam com seus valores corrigidos abaixo da inflação", disse Britto.

Em nota, o Ministério da Saúde também manifestou essa percepção. "Segundo a CMED, que regula e monitora o setor, a prática de descontos do mercado é praxe tanto na indústria quanto no setor varejista por causa principalmente da concorrência existente neste mercado. Por isso, o impacto no consumidor historicamente tem ficado e deve ficar abaixo do índice que será anunciado em breve."

O executivo afirma ainda que os descontos praticados pelo mercado também influenciam o preço final do medicamento. No varejo, o abatimento médio para os genéricos gira em torno de 64%, enquanto os remédios de referência têm desconto médio de 18%. O aumento deve ser percebido gradualmente pelo consumidor, nos próximos meses, conforme as farmácias renovarem seus estoques.

Em relação ao atraso na divulgação oficial do reajuste, o presidente da Interfarma afirmou que, por enquanto, não há impacto significativo para a indústria.




What's News: A GlaxoSmithKline

01/04/2016 - Valor Econômico


A GlaxoSmithKline, farmacêutica britânica, não vai mais tentar obter patentes para seus remédios nos chamados países menos desenvolvidos e nos de baixa renda, como o Haiti. Nos países de renda média-baixa, como Bolívia e Paraguai, a firma vai solicitar patentes, mas também conceder licenças a fabricantes de genéricos. Ela afirma que a iniciativa ajudará os países mais pobres a ter acesso a réplicas de seus medicamentos e não deve afetar seu lucro, dado o pequeno tamanho desses mercados.




Retrato em 3D deve revelar mistérios do zika

01/04/2016 - O Globo


Primeiro retrato tridimensional em alta resolução pode revelar os pontos fracos do vírus zika e acelerar o desenvolvimento de vacina e remédios contra a doença, revela Cinco novos estudos internacionais apresentados esta semana trazem revelações sobre o ainda misterioso zika. O mais significativo deles, produzido nos Estados Unidos, traça o primeiro retrato tridimensional em alta resolução do vírus. Mais que mera curiosidade, funciona como um mapa para encontrar seus pontos vulneráveis e outros aspectos que facilitam sua propagação e aumentam a sua agressividade. Publicado numa das bíblias da pesquisa mundial, a “Science”, o material promete acelerar ainda o desenvolvimento de vacinas, testes e remédios. Um segundo estudo descreve mais um caso de deformidades neurológicas em feto, com o diferencial de que a mãe, uma finlandesa, contraiu a doença numa viagem a países da América Central.


SEM DINHEIRO NO RIO


Em comum, os cinco trazem mais e essenciais elementos para o combate à epidemia. Porém, cientistas brasileiros advertem que evidenciam também a necessidade de parcerias e desenvolvimento de pesquisas que atendam aos interesses nacionais. Eles citam, por exemplo, as vacinas da hepatite B, cuja dose internacional custava US$ 50 nos anos 90 e a brasileira, US$ 1. Lembram, ainda, a vacina recém- aprovada para a dengue, em fase experimental, que sai por RS$ 80 a dose. O Instituto Butantan tenta finalizar uma de baixo custo.

Com um orçamento de US$ 250 milhões só para a área biológica, a Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), tem um equipamento que permite construir uma espécie de lego molecular do vírus. Com isso, o zika é visto na intimidade de seus átomos. Um grupo liderado por Richard Kuhn e Michael Rossmann, dois dos maiores especialistas do mundo nesse tipo de estudo, identificou uma região que é forte candidata a ser o saco de maldades apresentado pelo vírus no Brasil e em outros países das Américas.
Essa região está presente na chamada linhagem Polinésia do zika, a mesma que desembarcou aqui em meados de 2013. O grupo também encontrou partes da estrutura do vírus que o distinguem de outros flavivírus, como os causadores da dengue, da febre amarela e da encefalite japonesa. Essas áreas são alvos em potencial para vacinas, remédios e testes de diagnóstico confiáveis e ainda inexistentes.

Especialista na mesma área de estudo, o professor titular de bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, diz que o trabalho é um passo importante para o combate ao zika. Ele, porém, preocupasse com o destino de pesquisas semelhantes no Brasil.

— A UFRJ tem um trabalho assim com o vírus da dengue. Só o Rio respondia por 36% das pesquisas de dengue no Brasil. Mas agora temos linhas inteiras de pesquisas estratégicas sendo cortadas, por falta de recursos — lamenta o pesquisador, que preside a Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.

Uma das primeiras aplicações do zika em 3D será o desenvolvimento de testes de diagnóstico rápidos, baratos e capazes de diferenciar o vírus de outros agentes, como o da dengue, por exemplo.

— Esse é um problema crítico em países que sofrem com epidemias simultâneas dessas doenças, como o Brasil — afirmou Theodore Pierson, um dos autores do estudo publicado na “Science” e pesquisador do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA.

Se testes e vacinas se mostram como primeiras aplicações do retrato 3D do zika, duas outras pesquisas buscaram oferecer alguma luz para os casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos em fetos. O primeiro, na revista “The New England Journal of Medicine”, apresenta novos distúrbios fetais associados ao vírus e propõe parâmetros para a avaliação de casos.

O estudo descreve o caso de uma finlandesa de 33 anos que viajou de férias com o marido para Belize e Guatemala — todos com registros de zika —, em novembro de 2015. Ela estava na 11 ª semana de gestação e apresentou os sintomas da doença um dias após voltar a Washington, nos Estados Unidos, onde vive. O marido adoeceu em seguida com zika. Exames genéticos do vírus apontaram a Guatemala como a origem mais provável da infecção.


ANOMALIAS EM FETO


Três ultrassonografias revelaram anomalias no feto, e o vírus foi detectado no sangue da mulher. Na 20ª semana de gestação, uma ultrassonografia revelou não só severa microcefalia, como destruição ou ausência de várias estruturas cerebrais. O córtex cerebral, por exemplo, uma das áreas mais importantes do sistema nervoso, era quase inexistente. A mulher decidiu abortar na 21 ª semana de gravidez. Exames no feto identificaram o zika em alta concentração no cérebro e, em menor escala, em músculos, no fígado, nos pulmões e no baço.

Além de descrever uma série de anomalias no cérebro do feto, o estudo traz uma novidade significativa: mostra que o vírus pode ser detectado no sangue da mãe até dez semanas depois de os sintomas da infecção (a chamada fase virêmica) terem desaparecido. A líder do estudo, Rita W. Driggers, da Universidade Johns Hopkins, suspeita que a permanência do zika no sangue da mãe foi consequência da replicação do vírus no feto e na placenta.

Uma outra pesquisa, publicada na revista “Cell Stem Cell”, indicou uma possível porta de entrada para o zika nas células nervosas. Chamada receptor AXL, ela é comum a variados tipos de células. Segundo o neurocientista Stevens Rehen, especialista em células- tronco da UFRJ e do instituto IDor, no entanto, falta explicar por que outros vírus, que também usam o AXL, não causam o mesmo estrago.

Uma das pesquisas analisou a capacidade de mosquitos transmitirem zika e dengue. E outra fez uma revisão das incertezas sobre os efeitos do zika sobre o sistema nervoso.




Notre Dame Intermédica triplica lucro e amplia receita em 2015

01/04/2016 - Valor Econômico


Na contramão do setor de planos de saúde, que perdeu quase 800 mil usuários no ano passado, o Grupo Notre Dame Intermédica conquistou 590 mil novos clientes e viu seu lucro líquido mais do que triplicar para R$ 236,2 milhões em 2015. O grupo é formado pelos convênios médicos Notre Dame Intermédica e Santamália, pela operadora dental Interodonto e pela empresa de saúde ocupacional RH Vida.

A última linha do balanço do grupo trouxe números expressivos devido ao avanço de 53% na receita líquida da Notre Dame Intermédica, que representa quase a totalidade do faturamento da companhia. Além disso, a taxa de sinistralidade caiu três pontos percentuais ficando na casa dos 72%. Para efeitos de comparação, a Amil terminou 2015 com prejuízo de R$ 107,5 milhões e uma sinistralidade de 81,5%. Na Bradesco Saúde, o lucro caiu 8% e o indicador que mede a diferença entre receita e custos aumentou 1,3 ponto percentual em 2015.

O que leva a Intermédica a controlar melhor os custos é a rede própria, formada por mais de 10 hospitais, 60 clínicas médicas e 110 ambulatórios instalados dentro das empresas clientes. Cerca de 65% dos atendimentos de usuários da Intermédica acontecem nessas unidades. Mas, essa já era a receita do fundador da Intermédica, o médico Paulo Barbanti que vendeu a empresa para o fundo americano Bain Capital por cerca de R$ 2 bilhões há dois anos. A nova gestão da Notre Dame Intermédica, comanda por Irlau Machado Filho, deu um "banho de loja" na operadora era mais conhecida no "chão de fábrica", jargão usado no setor para classificar os funcionários com salário menor. Para mudar essa percepção, foi criada em 2015 campanha de marketing com anúncios na TV - a primeira em quase 50 anos da Intermédica.

Mas, as iniciativas não se limitam à "perfumaria". Entre 2015 e 2016, estão sendo investidos R$ 130 milhões na modernização das unidades próprias e aquisição de equipamentos médicos. "Estamos realizando mudanças em várias frentes. Todos os nossos hospitais receberam selos de acreditação, criamos novas modalidades de planos de saúde, reorganizamos a estrutura da empresa", diz o presidente da Notre Dame Intermédica, Irlau Machado. Nessa reorganização, o registro da seguradora Notre Dame, que pertencia ao grupo, foi cancelado e criados outros produtos para um público intermediário alto. "Com essa mudança, a comercialização ficou mais eficiente. Antes, havia duas áreas comerciais e as negociações não fluíam. Agora, vendemos um plano de saúde com várias modalidades para atender diferentes hierarquias", complementa. O grupo tem uma carteira com 3,6 milhões de usuários, sendo 2 milhões de convênios médicos, 1,1 milhão no dental e o restante em saúde ocupacional.

Nesta fase, a empresa ganhou uma nova sede na avenida Paulista que passou a reunir todos os funcionários da operadora, que estavam espalhados em várias unidades. Não é a primeira vez que Machado implementa grandes mudanças em pouco tempo. O executivo foi o responsável pela reestruturação do Hospital AC Camargo, referência em oncologia, que no início dos anos 2000 estava endividado e hoje ostenta lucros crescentes mesmo dependendo de repasses do SUS.




Lucro da Omint sobe em 2015 puxado por receita financeira

31/03/2016 - Valor Econômico / Site


A Omint, operadora de planos de saúde voltada ao público premium, encerrou o ano passado com um lucro líquido de R$ 40,7 milhões, o que representa um aumento de 13,5% em relação a 2014.

O desempenho positivo foi influenciado por um aumento de 73% no resultado financeiro, que somou R$ 18, milhões em 2015.

Os custos médicos aumentaram 23,7% para R$ 954,5 milhões — percentual pouco acima do aumento de 21% da receita líquida de R$ 1,2 bilhão.

Do valor total da receita líquida, os planos empresariais representam R$ 843 milhões e, a modalidade individual, os demais R$ 335 milhões.

Em outubro do ano passado, a Omint parou de comercializar planos individuais — modalidade bastante escassa atualmente no mercado.

Em fevereiro, a Omint detinha 119,3 mil usuários.




Promessa genética

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


Nos últimos anos, a sigla inglesa CRISPR (pronuncia se “crísper”) se transformou na grande vedete das principais publicações científicas do planeta. O termo designa um tipo de manipulação genética simples de fazer e relativamente preciso, com potencial para tratar vários tipos de doenças —inclusive o câncer, que invariavelmente surge a partir de mutações no genoma. Será que a CRISPR pode mesmo “desarmar” o DNA dos tumores? É cedo para dizer, embora as coisas nessa área caminhem numa velocidade acima da média do que se vê na pesquisa básica.

No curto prazo, a tecnologia vai ser útil para entender detalhes da transformação de uma célula normal numa “vilã” tumoral e tentar achar possíveis calcanhares de aquiles do câncer. Mais desafiadora é a tarefa de transformá-la em arma terapêutica capaz de atacar tumores mais comuns, que muitas vezes surgem a partir de uma miríade de alterações no DNA, nada fáceis de rastrear.

“É inegável que existe muito ‘hype’ em relação à CRISPR, em grande parte porque se trata de uma técnica de edição do genoma muito mais fácil de ser aplicada em qualquer laboratório do que as demais”, diz o bioquímico Guilherme Baldo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que tenta aplicar a tecnologia ao tratamento de doenças genéticas raras.

Esse sistema de edição de DNA envolve três componentes (veja quadro). O primeiro é uma espécie de tesoura molecular, cuja especialidade é cortar DNA. O segundo é um pequeno trecho de RNA (molécula “prima” do DNA) que serve como guia: ele identifica uma sequência similar de “letras” químicas no genoma que se deseja editar.

Finalmente, pode-se inserir a sequência “certa” de DNA, suficiente para corrigir um problema genético. Se der certo, o RNA ajuda a “tesoura” a picotar a mutação indesejável, enquanto a própria célula se encarrega de substituí-la com o DNA correto.

Embora a técnica seja muito mais precisa que os métodos tradicionais de manipulação do genoma, não dá para descartar os efeitos“ off target”, ou seja, quando o pesquisador mira a região X do genoma mas altera também a região Y,o que pode ser péssimo para a saúde do corpo cujo DNA está sendo editado.

Isso acontece porque o RNA que serve de guia é curto, o que significa que a mesma sequência de “letras” pode estar presente em mais de uma área do genoma (o qual tem cerca de 3 bilhões de letras no caso do ser humano).

Pequenas modificações na tesoura molecular poderiam minimizar esse risco. “Outra possibilidade é usar softwares de análise do genoma que vão predizer a chance de pegar uma região errada por engano. A partir daí, você pode refinar o seu RNA-guia para evitar isso”, explica Baldo.

Uma primeira aplicação da técnica, na qual não seria necessário nem usar o DNA “corretor”, é o desligamento sistemático de diversos genes para entender o papel deles, separados ou em conjunto, na gênese dos tumores. Só isso já traria avanço para o estudo da biologia do câncer porque, antes do advento da CRISPR, alterações genéticas equivalentes eram muito caras e trabalhosas de obter.


POLÊMICA PRINCIPAL


As primeiras aplicações terapêuticas da tecnologia talvez aconteçam no caso de tumores mais raros, causados por mutações em um único gene que são transmitidas de pai para filho.

“No caso dessas síndromes de causa bem conhecida, você poderia corrigir diretamente aquele gene”, explica Martin Roffe, bioquímico argentino que trabalha no hospital A.C.Camargo, em São Paulo.

“Outra possibilidade é que casais portadores dessas síndromes modifiquem seus embriões para que seus filhos não herdemo problema. ”Essa, aliás, é uma das principais polêmicas em torno do uso da CRISPR em humanos.

A questão, porém, é que a maioria dos cânceres surge a partir de uma grande variedade de mutações, as quais não costumam ser passadas de pai para filho.

“Nesse caso, vai ser importante unir a técnica aos avanços da genômica de alto desempenho e da medicina personalizada, porque o ideal será saber o perfil genético completo de cada paciente”, diz o pesquisador argentino.

Antes disso, porém, também é necessário achar maneiras mais eficazes de “entregar” o CRISPR às células tumorais.

Uma abordagem comum é usar vírus como carregador, mas a desvantagem é que ele não consegue transportar muitos genes ao mesmo tempo, além de poder causar alterações indesejáveis no DNA do paciente.

Já métodos não virais poderiam modificar uma grande quantidade de genes ao mesmo tempo, o que é ideal para o caso de câncer, mas é mais difícil fazer com que “entreguem” a CRISPR ao tumor como um todo.

 
 

Interior tem filas até com contadores de histórias

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Com cinco casos confirmados da gripe H1N1, e mesmo sem nenhuma morte, Campinas começa a registrar uma corrida a clínicas particulares em busca de vacinas. Uma das unidades especializadas na cidade, a Imunocamp, que fica em um shopping, tinha filas de três horas nesta quarta-feira. Em outro local, contadores de histórias distraíam crianças durante a espera.

Nesta quinta, a Imunocamp iniciou a distribuição de senhas para a vacinação, mas teve de interromper o procedimento em poucas horas, no início da tarde, por ter atingido o limite do lote disponível.

A Clínica Previna também está distribuindo senhas e vacinando cerca de 500 pessoas por dia. No período da tarde, a distribuição foi interrompida e só deve ser retomada assim que chegar um novo lote. A demora na fila era de duas horas e a clínica organizou até apresentação de uma contadora de histórias para distrair as crianças que esperavam no local. Também houve reestruturação da equipe para acelerar o atendimento.

“A procura está sendo muito grande, principalmente para crianças, mas as pessoas não precisam entrar em pânico, pois haverá vacina para todos”, disse Alda de Miranda, responsável pelo marketing da clínica. Muitas unidades de saúde especializadas em vacinação não atendiam o telefone, nesta quinta, por causa do excesso de ligações de pessoas querendo informações. Comunicados foram colocados até em sites oficiais e no Facebook.


CAMPANHA PÚBLICA


Na rede municipal de educação não está sendo feita nenhuma campanha específica para evitar o contágio do H1N1, mas há instruções contínuas de higiene para as crianças. Em escolas particulares, a ação é mais efetiva. “Além da higienização de equipamentos e de oferecer álcool em gel para alunos, funcionários, professores e pais, estamos mandando e-mails com instruções e conseguimos descontos em clínicas de vacinação”, disse Juliana Rodrigues de Oliveira, coordenadora pedagógica da Brasinha, escola que atende 200 crianças de 1 a 5 anos.

Soraia Campos, orientadora educacional do Colégio Integral, disse que a instituição começará na semana que vem um trabalho de professores com os alunos para a prevenção, além de colocar álcool em gel em todos os ambientes de grande circulação e enviar informes aos pais com instruções. “Todas as famílias são comunicadas prontamente sobre qualquer alteração no estado clínico dos nossos educandos, atitude que auxilia os responsáveis na observação dos sintomas”, afirmou.


MORTES


Com três vezes mais mortes por complicações do H1N1 do que no ano passado, o interior paulista voltou a registrar mortes nesta semana. Apesar de Campinas não ter vítimas até o momento, um óbito em Americana deixou a região em alerta. O secretário adjunto de Educação do município, Wellington Zigarti, de 34 anos, morreu domingo, por causa da H1N1. Na segunda-feira, um homem de 47 anos morreu em Holambra e há suspeita que a gripe possa ser a causa.

Em São Carlos, 16 pacientes foram notificados neste ano com a H1N1. Na cidade, um óbito foi confirmado nesta semana. Diante disso, a procura tem sido intensa nas clínicas.
Em Pirassununga, são 11 casos suspeitos e uma morte. Um óbito foi registrado em Batatais, cidade que alterou protocolo de atendimentos: funcionários da saúde foram orientados a usar máscaras cirúrgicas e a encaminhar pacientes para alas de isolamento.

Já em Bauru, depois de passar mal no Pronto-Socorro Central, o preso Adelson Rodrigues Teixeira, de 52 anos, morreu na quarta-feira, após dar entrada no Hospital Estadual. Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que o detento sofreu um enfarte. Mas a suspeita de H1N1 não foi descartada.


RIO PRETO


Em São José do Rio Preto, em três dias de campanha de vacinação nesta semana, a Secretaria de Saúde imunizou mais de 18 mil pessoas. A ação foi antecipada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo no município e em outros 66, usando o produto de 2015.

“A população-alvo deve tomar a vacina agora e, quando começar a campanha nacional, terá de se imunizar novamente, pois as cepas usadas vêm modificadas”, ressalta Michela Dias Barcelos coordenadora do setor de imunização da Secretaria de Saúde.




‘Há forte consenso de que o vírus zika causa microcefalia’, diz OMS

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, pela primeira vez, para o fato de que já existe um "forte consenso" entre a comunidade científica sobre o impacto do vírus zika em síndromes como a microcefalia e Guillain-Barré. Em seu informe semanal sobre a situação da doença pelo mundo, a OMS abandona qualquer tipo de cautela e confirma uma mudança importante em sua avaliação sobre os casos.

Se no início de fevereiro a OMS insistia que ainda precisava aguardar por provas científicas para estabelecer a relação, a entidade agora indica que os casos suspeitos na Colômbia, a proliferação da incidência de Guillain-Barré e a continuação da tendência no Brasil apenas reforçam a tese de que o zika é mesmo o responsável pelas doenças.

Já em março, a OMS havia mudado sua avaliação inicial e indicava que as chances de o zika causar a microcefalia era "altamente provável". Em sua nova versão, a agência de saúde da ONU é ainda mais enfática.

"Baseado em observações e estudos de casos, existe um forte consenso científico de que o vírus da zika é a causa da síndrome de Guillain-Barré, microcefalia e outras desordens neurológicas", indicou a OMS.

Em seu informe, a entidade ainda aponta que, em seis países, existem casos de zika, sem a presença de mosquitos, o que leva a crer que existem outras formas de contaminação. Tais casos atingem a Argentina, Chile, França, Itália, Nova Zelândia e EUA. Uma das suspeitas é de que os novos casos tenham sido contaminados por transmissão sexual.

No caso da Colômbia, a OMS também avalia que os dados apontam para um salto na incidência de microcefalia. No total, 56 mil casos suspeitos de zika também foram registrados no país e, até junho, a OMS espera ter confirmações sobre um eventual salto no casos de microcefalia e outras incidências de má-formação em recém-nascidos.

No total, 32 crianças nasceram com microcefalia na Colômbia em 2016 e estão sob investigação. Inicialmente, o número suspeito chegava a 50, bem acima da média de 30 casos a cada três meses.

Outra avaliação da OMS se refere a dois casos de crianças que nasceram com microcefalia em Cabo Verde, onde o zika também havia sido identificado.

Além disso, um total de 13 países ou territórios registraram já um aumento de casos de Guillain-Barré. Desde 2007, 61 países já notificaram a OMS sobre a presença do zika em seus territórios.


Faltam álcool em gel e até sabão em unidades da rede municipal

01/04/2016 - O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - Em meio ao surto de H1N1 em São Paulo, pacientes da rede municipal de saúde sofrem com a falta de itens básicos de higiene para prevenir a doença. Em algumas unidades, faltam álcool em gel e sabão. Há também doentes que precisam sentar no chão enquanto aguardam atendimento. Para especialistas, o quadro pode agravar ainda mais a propagação do vírus. Em nota, a Prefeitura informou que vai repor os itens de higiene.

Na tarde desta quinta-feira, 31, a sala de espera da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) da Sé, no centro, estava lotada, o que obrigou pelo menos oito pessoas a sentar no piso para esperar a consulta. Com tosse e febre, o ator Luiz Castro, de 27 anos, era um deles. “É uma calamidade, as pessoas são tratadas feito latinhas de refrigerante amassadas”, disse. De acordo com Castro, ele esperou por mais de três horas na unidade. “O pior é a completa falta de higiene”, reclamou. “Não tem o mínimo básico.”

Um cartaz na entrada avisava que, “por prevenção”, os pacientes deveriam usar papel descartável, disponível na AMA, “ao tossir ou espirrar”. Não havia álcool em gel na unidade. No banheiro masculino, as pias estavam depredadas e os usuários nem sequer podiam lavar as mãos após utilizá-lo.

“É um absurdo. Só vim aqui porque estava me sentindo muito mal”, disse a empregada doméstica Cristiane Mendes, de 35 anos. Ela conta que sentia sintomas de gripe e estava na fila por cerca de quatro horas.

O infectologista Fernando Gatti de Menezes, do Hospital Albert Einstein, alertou que a falta de itens de higiene e a superlotação podem disseminar ainda mais o vírus, que já matou oito pessoas na capital paulista neste ano. “A higienização é o mínimo necessário”, afirmou. “É uma forma de prevenir.”

Segundo o especialista, os pacientes deveriam ser mantidos a mais de um metro de distância um do outro. “A aglomeração facilita a transmissão da doença, via gotículas”, disse.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que solicitou mais cadeiras e acionou a equipe de manutenção para reparar o banheiro e repor álcool em gel. A previsão era de que a situação fosse normalizada até o final do dia de hoje. A pasta também disse que o quadro médico estava completo e que foram abertas 350 fichas para clínico-geral e 80 para pediatras até as 18 horas desta quinta. “O tempo de espera, monitorado em sistema, não ultrapassou 1h30, dessa forma não procede a informação apurada pela reportagem”, disse.


RECEIO


A falta de álcool em gel também preocupava o cozinheiro Euzébio Gonçalves, de 41 anos, que levou a filha Julia, de 5, para a AMA Vila Barbosa, na zona norte, onde os recipientes estavam vazios. “Essa gripe está terrível e a gente percebe que faltam questões mínimas de higiene. A gente fica mais preocupado com as crianças.”

Acompanhando a filha Ana Gabriela, de 2 anos, que sentia dor de estômago, o controlador de acesso David Oliveira, de 35, também demonstrava preocupação. “O perigo é ela ser contaminada. Tem de tomar todo cuidado num hospital.” Em nota, a SMS afirmou que a AMA repõe constantemente o produto.




Em laboratório privado, 52% dos exames de H1N1 deram positivo

01/04/2016 - O Globo


Apesar de apenas três casos da gripe H1N1 terem sido confirmados pela Secretaria estadual de Saúde este ano, dados de um laboratório privado indicam que esse número pode ser maior. De dezembro de 2015 para março de 2016, houve um aumento de 1.250% na procura pelos testes rápidos da doença no Richet Medicina & Diagnóstico. Dos exames feitos em março, 52% deram positivo.

— Temos apenas uma amostra no laboratório. Não podemos dizer que isso indica um surto. Mas, no começo do ano, tínhamos 10% de resultados positivos. Pode ser um crescimento da doença — diz o patologista clínico Hélio Magarinos Torres Filho, diretor- médico do Richet.


EXAME CUSTA R$ 600


Torres Filho diz que o diagnóstico rápido e preciso da doença é fundamental para o início imediato do tratamento e pode evitar o uso desnecessário de antiviral. Os testes, que oferecem resultado em cerca de uma hora e meia, custam R$ 600 e não são cobertos pelos planos de saúde.

— O exame GeneXpert FluA detecta fragmentos genéticos do vírus ( RNA). O teste também informa se o doente está com gripe comum ou sazonal, fornecendo resultados para influenza A, influenza B e influenza H1N1 — explica o patologista.

Na cidade do Rio, uma morte causada pela doença foi confirmada anteontem. A paciente, uma mulher de 58 anos, moradora da Zona Norte, era obesa, passou 20 dias internada num hospital privado e veio a óbito no início de março. A Secretaria municipal de Saúde afirma que, apesar de a cidade não enfrentar hoje surto ou epidemia da gripe, estuda a possibilidade de antecipação da campanha nacional de vacinação contra a doença para grupos prioritários, como gestantes, crianças, idosos e obesos. Se não houver necessidade de mudança, o atendimento começará dia 30.

O avanço dos casos de H1N1 em períodos mais quentes — principalmente no Sudeste — pode indicar que o vírus da doença este ano antecipou sua chegada ao país. De acordo com especialistas, apesar de o influenza normalmente circular pelo Brasil no outono e no inverno, coincidindo com temperaturas mais baixas, não é incomum a ocorrência de surtos em outras épocas.


MUDANÇAS NO CLIMA


Entre os fatores que podem alterar o período de incidência da doença, estão mudanças climáticas, modificações na imunidade da população ou até mesmo a entrada do vírus no território por meio de visitantes estrangeiros ou brasileiros que viajam para o exterior e se contaminam.

— O vírus influenza normalmente é sazonal. Se observarmos como ele circula no Hemisfério Norte, vemos que lá ele tem um período bem definido, de meados de dezembro até março, até porque lá as temperaturas são bem marcadas. Já no Hemisfério Sul, o vírus geralmente circula de meados do outono até o fim do inverno. Sabemos, no entanto, que há alguns anos ele antecipa essa circulação, como está ocorrendo em São Paulo — diz a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz ( IOC/ Fiocruz).

Na avaliação de Marilda, ainda é cedo para afirmar se o surto que já acontece em São Paulo, onde 38 pessoas morreram, poderá se repetir no Rio.

— Ainda é muito cedo. É preciso analisar os dados clínicos e epidemiológicos registrados em São Paulo para entendermos melhor quando o vírus começou a circular — disse, acrescentando que o vírus influenza todos os anos tem taxa de mortalidade alta no Brasil e no mundo inteiro.




Cientistas revelam, pela 1ª vez, a estrutura do vírus da zika

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


A primeira análise detalhada da estrutura molecular do vírus da zika revelou que ele é praticamente um sósia do vírus da dengue —mas com algumas pequenas diferenças que podem ser cruciais para a capacidade que esse vilão microscópico tem de invadir as células humanas.

Os resultados, relatados na revista especializada “Science”, abrem caminho para o design racional de estratégias contra a doença, que ainda é pouco compreendida. Ao determinar exatamente como o vírus vence as defesas do organismo, fica mais fácil projetar moléculas que “fechem a porta” na cara dele, ou vacinas que preparem as células para enfrentar a invasão.

Michael Rossmann e Richard Kuhn, da Universidade Purdue, nos EUA, construíram seu retrato do vírus da zika a partir de amostras de um paciente que foi infectado na Polinésia Francesa, durante a epidemia de 2013-2014.

A técnica usada é a microscopia crioeletrônica. Nela, os vírus são congelados e bombardeados com elétrons. A maneira como os elétrons ricocheteiamnas partículas virais permite criar um mapa da estrutura do vírus —no caso, com resolução próxima do nível atômico. É quase como se os cientistas conseguissem contar, átomo por átomo, os componentes do zika.

Já se sabia que o genoma Cientistas revelam, pela 1ª vez, a estrutura do vírus da zika ‘Retrato’ mostra que ele é quase sósia do vírus da dengue; análise pode levar a estratégias para evitar infecção do vírus é composto por RNA (molécula “prima” do DNA do genoma humano) e está protegido por uma primeira capa de proteína, o chamado capsídeo. Por cima dele está outra carapaça, o envelope viral, formado por 180 cópias de duas outras moléculas, a glicoproteína E (de “envelope”) e a proteína M (de “membrana”).O conjunto tem a forma de um icosaedro (uma figura de 20 lados).

“Glico” significa açúcar, como a palavra glicose —ou seja, a molécula E é uma proteína à qual foi adicionada uma molécula de açúcar. E esse provavelmente é o ponto crucial do esforço para decifrar a estrutura do vírus. Bem em torno do ponto onde o açúcar se liga à proteína no envelope do vírus, há diferenças significativas numa lista de dez aminoácidos (os componentes das proteínas) do zika, quando se compara o vírus ao da dengue ou a outros parentes, como o da febre amarela.

Ora, ocorre que, no caso dos demais vírus do grupo, é justamente esse pedacinho da estrutura do envelope que é “oferecido” para as células humanas que vão ser invadidas pelo patógeno —os pesquisadores chegaram a compará-lo a um doce oferecido por um estranho a uma criança.

Em contato com essa parte do vírus, a célula “inocente” se liga ao invasor.

“Caso esse local do envelope funcione com o a região similar no vírus da dengue e esteja envolvida na conexão com as células humanas, será um bom alvo para um composto antiviral. Talvez seja possível projetar um inibidor que bloqueie essa função, evitando que o vírus infecte células humanas”, disse Rossmann.




Vírus é encontrado no sangue materno após dez semanas

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


Um estudo de caso publicado nesta semana pela revista médica “New England Journal of Medicine” traz uma descrição minuciosa da gestação de uma mulher infectada pelo vírus da zika na 11ª semana de gravidez.

O estudo mostra que a cabeça do feto tinha um valor mediano e acabou tendo o crescimento defasado de forma expressiva entre a 16ª e a 24ª semanas de gestação, não tendo ficado pequena o bastante para caracterizar um quadro de microcefalia.

O vírus foi encontrado no sangue materno entre a 16ª e 21ª semana de gestação. A partir da 19ª semana, anormalidades cerebrais foram detectadas por ultrassonografia e ressonância magnética.

Durante a autópsia do feto, foi constatado um “afinamento” do córtex cerebral.

Segundo os autores, o trabalho é útil para estabelecer relação de causa entre o vírus da zika e os danos no sistema nervoso central, além de descobrir que é possível encontrá-lo no sangue após a primeira semana de infecção.

Acredita-se que o vírus da zika permaneça no sangue por menos de uma semana após o indivíduo ter sido infectado.

Nesse caso, porém, ele foi detectado no sangue materno dez semanas após o surgimento dos sintomas, indicando um caminho para diagnósticos tardios.




Consumo de café reduz risco de câncer colorretal

01/04/2016 - O Globo


Não importa o seu tipo preferido de café, fique à vontade para bebê- lo. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia ( USC) afirmam que o consumo da bebida reduz em até 26% o risco de câncer colorretal.

O estudo americano examinou mais de 5.100 homens e mulheres que foram diagnosticados com câncer colorretal nos últimos seis meses, e quatro mil pessoas sem histórico da doença. Os participantes relataram seu consumo diário de café expresso, instantâneo, descafeinado ou filtrado, assim como a ingestão de outras bebidas, além de preencherem um questionário sobre hábitos alimentares, frequência de atividade física, tabagismo e histórico familiar da doença.

O levantamento mostra que, isolando os outros fatores de risco da doença, até um baixo consumo de café — de uma a duas xícaras por dia — provoca uma redução de até 26% no risco de desenvolver câncer colorretal. E esta diminuição chega a 50% entre aqueles que bebem mais de 2,5 xícaras por dia — uma ocorrência observada no consumo de todos os tipos de café, inclusive o descafeinado. Por isso os pesquisadores ressaltam que ninguém precisa recorrer descontroladamente à bebida.

— Ficamos surpresos em ver que a cafeína não exerce um papel fundamental — revela Gruber. — Isso indica que ela sozinha não é responsável pelas perspectivas de proteção de tumores oferecidas pelo café.


PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES

O café contém elementos que contribuem para a saúde colorretal em geral. A cafeína atua como antioxidante, limitando o potencial de crescimento de células do câncer do cólon. Compostos químicos gerados durante o processo de torra do grão de café teriam papel no incentivo à mobilidade do cólon.

O câncer colorretal é curável quando detectado precocemente, antes de se espalhar para outros órgãos. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 34.280 novos casos serão registrados ainda este ano no país.




Rio tem primeira morte por vírus H1N1 confirmada em 2016

31/03/2016 - Valor Econômico / Site


A Secretaria de Saúde do Rio confirmou nesta quinta-feira (31) a primeira morte provocada pelo vírus da gripe H1N1 no Estado em 2016. Outros dois casos de infecção foram confirmados por exames laboratoriais.

Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no Estado, de acordo com a secretaria.

O governo do Estado não deu mais detalhes sobre o óbito registrado em 2016.

O surto da doença ocorreu dois meses antes do previsto e já havia causado 45 mortes neste ano no país -38 delas no Estado de São Paulo. A quantidade de infectados até agora já supera a de 2015 inteiro.




Reação à gripe

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


Com três casos confirmados de gripe H1N1 na escola de Felipe, 4,a mãe, Alexandra Itacarambi, 42, acionou alerta máximo para espirros e tosses dentro de casa. Antes de procurar a emergência médica ao primeiro sinal de resfriado no filho,porém,procura identificar sintomas que indiquem essa necessidade.

Para pediatras, observar bem a criança e identificar mudanças comportamentais repentinas são medidas fundamentais para tomar a melhor ação em relação à saúde dos pequenos —que, diante do atual surto de gripe, nem sempre é a ida ao pronto-socorro super lotado e onde há risco de novas infecções.

“Antes de correr para um hospital por causa de um resfriado, é preciso tentar seguir alguns critérios, como aparecimento de um quadro de febre por mais de 48 horas, uma prostração repentina, a falta de apetite”, afirma Teresa Uras, coordenadora da UTI Neonatal e Perinatal do Hospital Samaritano.

Segundo a médica, “valorizar o pediatra” e a “sensibilidade materna” nas horas de dúvida também ajuda.

“O pediatra da família, que pode ser particular ou de uma unidade de saúde pública, conhece a história da criança e vai fazer a indicação correta.

Sempre que possível, é bom consultá-lo antes de ir à emergência. A mãe também deve usar sua sensibilidade.

Ela sabe quando há algo muito errado com o filho.” De acordo com os médicos, resfriados ou gripes comuns se repetem, em média, por até dez vezes por anona molecada.

Os que vão para escolas infantis desde muito pequenos estão mais expostos.


MICROORGANISMOS


Medidas de higienização regular das mãos e do ambiente são fundamentais para baixar os riscos de contaminação.

Os pais também devem observar as condições da escola do filho e de monitores ou babás. O conselho é que sejam evitados adornos como pulseiras e unhas muito compridas. O uso do álcool em gel precisa ser frequente.

O pediatra José Gabel, da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que “nas salas de espera de prontos-socorros estão crianças com infecções e doenças graves e que necessitam atendimento de urgência. A criança com resfriado comum ou gripe poderá se infectar com microrganismos oportunistas que levarão a uma doença pior”.


PERGUNTAS E RESPOSTAS

O que é a gripe H1N1?

É uma gripe do tipo A causada pelo vírus H1N1, que circula entre humanos. Ele foi detectado no México, em abril de 2009, e se disseminou rapidamente, causando uma pandemia mundial chamada, na época, de gripe suína.

Qual é a diferença entre o H1N1 e os outros vírus da gripe?

Os sintomas são bastante parecidos, mas o H1N1 tem mais chances de causar complicações como a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), especialmente em pessoas de maior risco (idosos, crianças, grávidas e asmáticos, entre outros)

Por que a gripe chegou mais cedo este ano?

Não se sabe exatamente, mas há certa tendência de antecipação a cada ano. Alguns motivos podem ser o contato com turistas do hemisfério Norte, a variação do clima e a baixa vacinação em 2014 e 2015

Há motivo para pânico?

Não. Deve-se seguir as recomendações de higiene e, assim que possível, tomar a vacina, especialmente os grupos de risco. É a melhor maneira de prevenir a doença Quando começam as vacinações? A campanha nacional começa em 30.abr e vai até 20.mai. Na Grande SP, a vacinação foi antecipada para crianças de seis meses a cinco anos, idosos e gestantes (a partir de 11.abr). Na rede particular já é possível encontrar a vacina.

Quem não pode tomar a vacina?

Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo — a vacina tem traços de proteínas do alimento — também deve ter cautela.

Se eu já tiver pegado a gripe H1N1, ainda preciso tomar a vacina?

Sim. Quem foi infectado fica imunizado por um tempo (é difícil prever quanto porque é bastante variável), mas depois pode voltar a pegar a doença




A ciência vai vencer a luta contra o câncer?

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


A cada dia, milhares de pessoas no mundo recebem o diagnóstico de câncer. se no passado isso era uma sentença de morte, no futuro espera-se que a doença seja crônica e controlável, como a aids. fórum promovido pela folha sobre o tema mostrou um misto de otimismo e realismo. enquanto as pesquisas avançam, os custos do tratamento dificultam sua universalização.

O câncer desafia a ciência há mais de um século. nenhuma outra doença foi tão estudada. por dia, são publicados em média 280 artigos científicos sobre o tema. o caminho para o futuro se divide em três possibilidades: imunoterapia, terapia-alvo e manipulação de DNA. nada disso elimina a prevenção e o diagnóstico precoce. enquanto a guerra não é vencida, pacientes comemoram o sucesso em cada batalha.




Oncologia evolui no país, mas custo limita acesso

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


De um lado, a medicina oncológica avança, com tratamentos sofisticados como a imunoterapia, que promete transformar tumores agressivos em doenças tratáveis.

De outro, os entraves que já são velhos conhecidos no Brasil: a burocracia para a realização das pesquisas clínicas, que atrasa o lançamento de medicamentos, e os altos custos do tratamento, que oneram os cofres dos sistemas de saúde público e suplementar.

Enquanto isso, cresce o clamor popular por soluções acessíveis para tratar a doença, ao ponto de a fosfoetanolamina, a “pílula do câncer”, ter sido aprovada pelo Senado antes mesmo de passar por ensaios clínicos (teste em seres humanos).

Esses e outros temas foram discutidos no fórum O Futuro do Combate ao Câncer, realizado pela Folha no Tucarena, em São Paulo, na terça (29) e na quarta (30), com patrocínio dos laboratórios MSD e Bristol-Myers Squibb.

A cada ano, 15 milhões de pessoas em todo o mundo recebem o diagnóstico de câncer, doença que mata 8 milhões anualmente.

“É a segunda causa de morte em nosso país. E,nesta década, se tornará a primeira causa em vários países da Europa e algumas regiões dos Estados Unidos”, disse o oncologista Paulo Hoff, presidente do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), que abriu o evento.

Com os tratamentos disponíveis hoje, segundo Hoff, 60% dos pacientes sobrevivem.

Mas muitos ainda sofrem por falta de diagnóstico precoce, o que diminui as chances de cura.

Uma questão recorrente durante os dois dias do encontro foram os valores altos dos tratamentos de câncer.

“Chegamos a uma situação em que o custo do tratamento oncológico ficou absurdo.

Calcular custo é uma equação complexa, e esse cálculo é um buraco negro”, afirmou o oncologista Drauzio Varella, colunista da Folha.

Ele lembra que há novos medicamentos que, se fossem comprados, custariam metade de todo o orçamento do Ministério da Saúde.

“É preciso identificar quais tratamentos fazem a diferença e quais pacientes seriam mais beneficiados por eles.” Stephen Stefani, oncologista do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus, disse que o custo de um tratamento chega a mais de US$ 1 milhão (R$ 3,6 milhões) por ano por paciente. “Está cada vez mais difícil encarar esse custo. Isso aumenta a desigualdade entre os recursos para a saúde pública e os aplicados na privada.” Raquel Lisboa, gerente-geral de regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, afirmou que, embora haja uma pressão para que os planos de saúde incorporem tecnologias sofisticadas, os recursos são limitados.

“Quem financia o sistema é o próprio usuário, por isso usamos tantos critérios.”


PÚBLICO E PRIVADO


Durante o evento, Henrique Prata, diretor-geral do Hospital do Câncer de Barretos, criticou a isenção fiscal a grandes hospitais privados em um cenário em que os recursos para saúde pública são escassos. Segundo ele, a isenção de R$ 1,6 bilhão ao ano beneficia só seis hospitais em todo o país.

“Existe, por debaixo dos panos, favorecimento à medicina privada.” O aumento de custo causado pelo diagnóstico tardio e pela demora no atendimento também foi apontado.

No Hospital do Câncer de Barretos, mais de 50%dos tumores de mama chegam em estágio avançado, quando o tratamento custa dez vezes mais do que na fase inicial.

Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein, conta que, no sistema privado, tumores de mama têm, em média, 1,5 centímetro, enquanto no SUS a metade das mulheres chega com tumores de 5 centímetros. “Tumores avançados exigem todas as terapias disponíveis, a custo muito alto.” Para ele, o acesso rápido ao tratamento é mais importante do que terapias caras, como exames ultrassensíveis.

“Detectamos alterações mínimas, mas, talvez 30% das intervenções feitas hoje não fossem necessárias.” Mesmo com tantos problemas e limitações orçamentárias, Paulo Hoff se diz otimista: “O Brasil está melhor do que há 15 anos e temos ferramentas para progredir mais”.




Não da pra fazer químio e tomar garrafada

01/04/2016 - Folha de S.Paulo


“Não dá para tomar garrafada da Amazônia e fazer quimioterapia ao mesmo tempo.” A frase não surpreenderia se viesse de um oncologista famoso ou de um pesquisador cético, mas o conselho é da apresentadora Ana Maria Braga, que fez todo o tratamento contra o câncer sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima e foi a Portugal agradecera cura com um percurso de joelhos.

“Fé sim, mas sem abandonar o racional”, aconselha Ana Maria, que enfrentou três vezes a doença e que completa 67 anos nesta sexta (1º).

Em 1991, era um câncer de pele que se resolveu com cirurgia.

Dez anos depois, um carcinoma do canal anal, que exigiu doloroso tratamento radioterápico.

“Tinha hora em que eu ligava o chuveiro, deitava embaixo e chorava muito.” Em dezembro do ano passado, a apresentadora surpreendeu a todos anunciando no “Mais Você” que tinha sido operada de um câncer pulmonar. Levou sua equipe médica ao programa e começou uma campanha para que as pessoas parem de fumar.

Ana Maria assumiu a doença. “Nunca dá certo tentar esconder. A verdade é voadora, soberana”.

Folha - Você teve câncer três vezes: em 1991, em 2001 e em 2015. Como foi receber cada diagnóstico?

Foi bem assustador. Da primeira vez, era um câncer de pele, tratado com uma cirurgia profunda no braço. Ficou uma grande marca, mas a gente sempre sai com cicatriz, onde for, depois de uma doença séria. Na segunda vez, foi tão assustador quanto na primeira, até mais pela violência do câncer.

Tinha medo de falar ‘câncer’?

A palavra começou a fazer parte da minha vida. Optei por falar com todas as letras, c-â-n-c-e-r, para combater o estigma,o medo de que, se repetir a palavra ou usá-la inteira, você morrerá disso. Inimigo,agente encara, olha de frente.

Você enfrentou a doença como se fosse uma guerra?

Sim, eram células inimigas que não queriam que eu continuasse por aqui. Em guerra, você não pode ficar em estado de desânimo. Precisa manter a cabeça alerta porque todo o resto dói.

Como conviveu com a dor?

Eu sou uma sortuda por ter acesso ao que há de melhor na medicina. Hoje, é possível fazer um tratamento grave e ainda viver relativamente bem, manter suas atividades.

Mesmo assim, tive sequelas horríveis, que às vezes me impediam de andar.

No segundo caso, o do câncer no canal anal, a radioterapia foi muito difícil?

Foi arrasadora. Eu tenho um limiar alto de dor e mesmo assim sofri. Tomava muita morfina quando eu podia. Nas outras horas, eu trabalhava. Continuei trabalhando porque era um grande motivo para levantar todo dia. Gosto muito do que faço.

Alguns pacientes não conseguem reagir tão bem, sofrem de depressão, por exemplo.

Tem gente que é mais sensível, não só à dor física, mas a uma ofensa, a uma contrariedade. A pessoa se entrega, por exemplo, após um abandono.

Outros conseguem sublimar, manejar, tocam a vida e choram em casa. Tem gente que é mais sensível ao que a vida reservou a ela, aos ‘nãos’ que todos recebem.

Você acredita que o pensamento positivo ajudou nos tratamentos?

Em casos de problemas físicos, não só no câncer, você depende muito da sua cabeça, da qualidade do seu pensamento. Mas não pode ser da boca para fora. É preciso ter, o tempo inteiro, um nível de alerta com você mesmo.

Precisa ajudar o seu corpo a combater, com a rádio e a quimioterapia, aquelas células inimigas.

Batia desespero, autopiedade, vontade de ficar largada na cama?

Sim. Tinha hora em que eu ligava o chuveiro, deitava em baixo e chorava muito. É natural que isso aconteça. Mas você tem que acreditar de verdade. Eu dizia ‘vou aguentar’. Nunca imaginei que a doença pudesse ser maior do que eu.

Diferentemente de outras pessoas públicas, você revelou a doença, tanto em 2001 quanto agora. Por quê?

Nunca dá certo tentar esconder. A verdade é voadora, soberana. O que eu já vi de gente tentando fazer coisas escondidas dos mais variados tipos, problemas financeiros, de saúde, mas sempre dá errado. Duas pessoas sabendo de alguma coisa já são uma multidão. Mesmo falando, há espaço para especulações. Eu contei: foi assim, assado, estou assim… Se escondesse, a bolha seria enorme. A verdade é o caminho mais curto. Dá menos trabalho.

Mas desta última vez, você só contou ao público após retirar o tumor.

Eu já tinha planejado uma semana de férias, ia viajar, então aproveitei para ser operada. Trabalhei até sexta, depois me internei e fiz a cirurgia.

No quinto dia, fui para casa.

Voltei ao trabalho, mas tive falta de volume de ar. Frases longas, por exemplo, eram difíceis. Deixei pássaro período crítico e aí contei ao público.

Você se perguntou ‘porque eu de novo?’?

Eu fumei por tanto tempo, era previsível. Foi minha culpa.

Quer dizer, não é questão de culpa, é vício. Sou viciada em nicotina, como um drogado é em drogas ou um alcoólatra em bebida.

Você é formada em biologia e é muito religiosa. Tentou algum tratamento alternativo?

Eu não acredito que se possa servir a dois senhores, usar dois chapéus. Quando eu tive o segundo câncer, o mais pesado, chegavam ideias, tratamentos milagrosos de todos os lados. Se eu dividisse minha força, eu enfraqueceria o tratamento, porque bagunçaria a minha cabeça e o meu organismo. Você precisa acreditar em uma coisa e segui-la. Não dá para tomar garrafada da Amazônia e fazer quimioterapia ao mesmo tempo.

Você procurou informações na internet, tentou saber de novas opções de drogas no exterior?

Não adianta ler todas as bulas nem ficar vasculhando a internet, onde existe muita porcaria. Você tem que se entregar, de corpo e alma, a quem o está tratando.

Que balanço você faz desse sofrimento todo?

Depois do câncer, eu só melhorei. Sou muito exigente com as coisas, passei a ser mais condescendente. Você valoriza mais a vida. Falar sobre isso faz com que eu me lembre de que eu só tenho hoje. A gente se esquece disso, de que é preciso ser feliz agora, porque amanhã ninguém sabe.

 

 

 

 

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.