Interior tem filas até com contadores de histórias
01/04/2016 - O Estado de S.Paulo
Com cinco casos confirmados da gripe H1N1, e mesmo sem nenhuma morte, Campinas começa a registrar uma corrida a clínicas particulares em busca de vacinas. Uma das unidades especializadas na cidade, a Imunocamp, que fica em um shopping, tinha filas de três horas nesta quarta-feira. Em outro local, contadores de histórias distraíam crianças durante a espera.
Nesta quinta, a Imunocamp iniciou a distribuição de senhas para a vacinação, mas teve de interromper o procedimento em poucas horas, no início da tarde, por ter atingido o limite do lote disponível.
A Clínica Previna também está distribuindo senhas e vacinando cerca de 500 pessoas por dia. No período da tarde, a distribuição foi interrompida e só deve ser retomada assim que chegar um novo lote. A demora na fila era de duas horas e a clínica organizou até apresentação de uma contadora de histórias para distrair as crianças que esperavam no local. Também houve reestruturação da equipe para acelerar o atendimento.
“A procura está sendo muito grande, principalmente para crianças, mas as pessoas não precisam entrar em pânico, pois haverá vacina para todos”, disse Alda de Miranda, responsável pelo marketing da clínica. Muitas unidades de saúde especializadas em vacinação não atendiam o telefone, nesta quinta, por causa do excesso de ligações de pessoas querendo informações. Comunicados foram colocados até em sites oficiais e no Facebook.
CAMPANHA PÚBLICA
Na rede municipal de educação não está sendo feita nenhuma campanha específica para evitar o contágio do H1N1, mas há instruções contínuas de higiene para as crianças. Em escolas particulares, a ação é mais efetiva. “Além da higienização de equipamentos e de oferecer álcool em gel para alunos, funcionários, professores e pais, estamos mandando e-mails com instruções e conseguimos descontos em clínicas de vacinação”, disse Juliana Rodrigues de Oliveira, coordenadora pedagógica da Brasinha, escola que atende 200 crianças de 1 a 5 anos.
Soraia Campos, orientadora educacional do Colégio Integral, disse que a instituição começará na semana que vem um trabalho de professores com os alunos para a prevenção, além de colocar álcool em gel em todos os ambientes de grande circulação e enviar informes aos pais com instruções. “Todas as famílias são comunicadas prontamente sobre qualquer alteração no estado clínico dos nossos educandos, atitude que auxilia os responsáveis na observação dos sintomas”, afirmou.
MORTES
Com três vezes mais mortes por complicações do H1N1 do que no ano passado, o interior paulista voltou a registrar mortes nesta semana. Apesar de Campinas não ter vítimas até o momento, um óbito em Americana deixou a região em alerta. O secretário adjunto de Educação do município, Wellington Zigarti, de 34 anos, morreu domingo, por causa da H1N1. Na segunda-feira, um homem de 47 anos morreu em Holambra e há suspeita que a gripe possa ser a causa.
Em São Carlos, 16 pacientes foram notificados neste ano com a H1N1. Na cidade, um óbito foi confirmado nesta semana. Diante disso, a procura tem sido intensa nas clínicas. Em Pirassununga, são 11 casos suspeitos e uma morte. Um óbito foi registrado em Batatais, cidade que alterou protocolo de atendimentos: funcionários da saúde foram orientados a usar máscaras cirúrgicas e a encaminhar pacientes para alas de isolamento.
Já em Bauru, depois de passar mal no Pronto-Socorro Central, o preso Adelson Rodrigues Teixeira, de 52 anos, morreu na quarta-feira, após dar entrada no Hospital Estadual. Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que o detento sofreu um enfarte. Mas a suspeita de H1N1 não foi descartada.
RIO PRETO
Em São José do Rio Preto, em três dias de campanha de vacinação nesta semana, a Secretaria de Saúde imunizou mais de 18 mil pessoas. A ação foi antecipada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo no município e em outros 66, usando o produto de 2015.
“A população-alvo deve tomar a vacina agora e, quando começar a campanha nacional, terá de se imunizar novamente, pois as cepas usadas vêm modificadas”, ressalta Michela Dias Barcelos coordenadora do setor de imunização da Secretaria de Saúde.
‘Há forte consenso de que o vírus zika causa microcefalia’, diz OMS
01/04/2016 - O Estado de S.Paulo
GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, pela primeira vez, para o fato de que já existe um "forte consenso" entre a comunidade científica sobre o impacto do vírus zika em síndromes como a microcefalia e Guillain-Barré. Em seu informe semanal sobre a situação da doença pelo mundo, a OMS abandona qualquer tipo de cautela e confirma uma mudança importante em sua avaliação sobre os casos.
Se no início de fevereiro a OMS insistia que ainda precisava aguardar por provas científicas para estabelecer a relação, a entidade agora indica que os casos suspeitos na Colômbia, a proliferação da incidência de Guillain-Barré e a continuação da tendência no Brasil apenas reforçam a tese de que o zika é mesmo o responsável pelas doenças.
Já em março, a OMS havia mudado sua avaliação inicial e indicava que as chances de o zika causar a microcefalia era "altamente provável". Em sua nova versão, a agência de saúde da ONU é ainda mais enfática.
"Baseado em observações e estudos de casos, existe um forte consenso científico de que o vírus da zika é a causa da síndrome de Guillain-Barré, microcefalia e outras desordens neurológicas", indicou a OMS.
Em seu informe, a entidade ainda aponta que, em seis países, existem casos de zika, sem a presença de mosquitos, o que leva a crer que existem outras formas de contaminação. Tais casos atingem a Argentina, Chile, França, Itália, Nova Zelândia e EUA. Uma das suspeitas é de que os novos casos tenham sido contaminados por transmissão sexual.
No caso da Colômbia, a OMS também avalia que os dados apontam para um salto na incidência de microcefalia. No total, 56 mil casos suspeitos de zika também foram registrados no país e, até junho, a OMS espera ter confirmações sobre um eventual salto no casos de microcefalia e outras incidências de má-formação em recém-nascidos.
No total, 32 crianças nasceram com microcefalia na Colômbia em 2016 e estão sob investigação. Inicialmente, o número suspeito chegava a 50, bem acima da média de 30 casos a cada três meses.
Outra avaliação da OMS se refere a dois casos de crianças que nasceram com microcefalia em Cabo Verde, onde o zika também havia sido identificado.
Além disso, um total de 13 países ou territórios registraram já um aumento de casos de Guillain-Barré. Desde 2007, 61 países já notificaram a OMS sobre a presença do zika em seus territórios.
Faltam álcool em gel e até sabão em unidades da rede municipal
01/04/2016 - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Em meio ao surto de H1N1 em São Paulo, pacientes da rede municipal de saúde sofrem com a falta de itens básicos de higiene para prevenir a doença. Em algumas unidades, faltam álcool em gel e sabão. Há também doentes que precisam sentar no chão enquanto aguardam atendimento. Para especialistas, o quadro pode agravar ainda mais a propagação do vírus. Em nota, a Prefeitura informou que vai repor os itens de higiene.
Na tarde desta quinta-feira, 31, a sala de espera da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) da Sé, no centro, estava lotada, o que obrigou pelo menos oito pessoas a sentar no piso para esperar a consulta. Com tosse e febre, o ator Luiz Castro, de 27 anos, era um deles. “É uma calamidade, as pessoas são tratadas feito latinhas de refrigerante amassadas”, disse. De acordo com Castro, ele esperou por mais de três horas na unidade. “O pior é a completa falta de higiene”, reclamou. “Não tem o mínimo básico.”
Um cartaz na entrada avisava que, “por prevenção”, os pacientes deveriam usar papel descartável, disponível na AMA, “ao tossir ou espirrar”. Não havia álcool em gel na unidade. No banheiro masculino, as pias estavam depredadas e os usuários nem sequer podiam lavar as mãos após utilizá-lo.
“É um absurdo. Só vim aqui porque estava me sentindo muito mal”, disse a empregada doméstica Cristiane Mendes, de 35 anos. Ela conta que sentia sintomas de gripe e estava na fila por cerca de quatro horas.
O infectologista Fernando Gatti de Menezes, do Hospital Albert Einstein, alertou que a falta de itens de higiene e a superlotação podem disseminar ainda mais o vírus, que já matou oito pessoas na capital paulista neste ano. “A higienização é o mínimo necessário”, afirmou. “É uma forma de prevenir.”
Segundo o especialista, os pacientes deveriam ser mantidos a mais de um metro de distância um do outro. “A aglomeração facilita a transmissão da doença, via gotículas”, disse.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que solicitou mais cadeiras e acionou a equipe de manutenção para reparar o banheiro e repor álcool em gel. A previsão era de que a situação fosse normalizada até o final do dia de hoje. A pasta também disse que o quadro médico estava completo e que foram abertas 350 fichas para clínico-geral e 80 para pediatras até as 18 horas desta quinta. “O tempo de espera, monitorado em sistema, não ultrapassou 1h30, dessa forma não procede a informação apurada pela reportagem”, disse.
RECEIO
A falta de álcool em gel também preocupava o cozinheiro Euzébio Gonçalves, de 41 anos, que levou a filha Julia, de 5, para a AMA Vila Barbosa, na zona norte, onde os recipientes estavam vazios. “Essa gripe está terrível e a gente percebe que faltam questões mínimas de higiene. A gente fica mais preocupado com as crianças.”
Acompanhando a filha Ana Gabriela, de 2 anos, que sentia dor de estômago, o controlador de acesso David Oliveira, de 35, também demonstrava preocupação. “O perigo é ela ser contaminada. Tem de tomar todo cuidado num hospital.” Em nota, a SMS afirmou que a AMA repõe constantemente o produto.
Em laboratório privado, 52% dos exames de H1N1 deram positivo
01/04/2016 - O Globo
Apesar de apenas três casos da gripe H1N1 terem sido confirmados pela Secretaria estadual de Saúde este ano, dados de um laboratório privado indicam que esse número pode ser maior. De dezembro de 2015 para março de 2016, houve um aumento de 1.250% na procura pelos testes rápidos da doença no Richet Medicina & Diagnóstico. Dos exames feitos em março, 52% deram positivo.
— Temos apenas uma amostra no laboratório. Não podemos dizer que isso indica um surto. Mas, no começo do ano, tínhamos 10% de resultados positivos. Pode ser um crescimento da doença — diz o patologista clínico Hélio Magarinos Torres Filho, diretor- médico do Richet.
EXAME CUSTA R$ 600
Torres Filho diz que o diagnóstico rápido e preciso da doença é fundamental para o início imediato do tratamento e pode evitar o uso desnecessário de antiviral. Os testes, que oferecem resultado em cerca de uma hora e meia, custam R$ 600 e não são cobertos pelos planos de saúde.
— O exame GeneXpert FluA detecta fragmentos genéticos do vírus ( RNA). O teste também informa se o doente está com gripe comum ou sazonal, fornecendo resultados para influenza A, influenza B e influenza H1N1 — explica o patologista.
Na cidade do Rio, uma morte causada pela doença foi confirmada anteontem. A paciente, uma mulher de 58 anos, moradora da Zona Norte, era obesa, passou 20 dias internada num hospital privado e veio a óbito no início de março. A Secretaria municipal de Saúde afirma que, apesar de a cidade não enfrentar hoje surto ou epidemia da gripe, estuda a possibilidade de antecipação da campanha nacional de vacinação contra a doença para grupos prioritários, como gestantes, crianças, idosos e obesos. Se não houver necessidade de mudança, o atendimento começará dia 30.
O avanço dos casos de H1N1 em períodos mais quentes — principalmente no Sudeste — pode indicar que o vírus da doença este ano antecipou sua chegada ao país. De acordo com especialistas, apesar de o influenza normalmente circular pelo Brasil no outono e no inverno, coincidindo com temperaturas mais baixas, não é incomum a ocorrência de surtos em outras épocas.
MUDANÇAS NO CLIMA
Entre os fatores que podem alterar o período de incidência da doença, estão mudanças climáticas, modificações na imunidade da população ou até mesmo a entrada do vírus no território por meio de visitantes estrangeiros ou brasileiros que viajam para o exterior e se contaminam.
— O vírus influenza normalmente é sazonal. Se observarmos como ele circula no Hemisfério Norte, vemos que lá ele tem um período bem definido, de meados de dezembro até março, até porque lá as temperaturas são bem marcadas. Já no Hemisfério Sul, o vírus geralmente circula de meados do outono até o fim do inverno. Sabemos, no entanto, que há alguns anos ele antecipa essa circulação, como está ocorrendo em São Paulo — diz a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz ( IOC/ Fiocruz).
Na avaliação de Marilda, ainda é cedo para afirmar se o surto que já acontece em São Paulo, onde 38 pessoas morreram, poderá se repetir no Rio.
— Ainda é muito cedo. É preciso analisar os dados clínicos e epidemiológicos registrados em São Paulo para entendermos melhor quando o vírus começou a circular — disse, acrescentando que o vírus influenza todos os anos tem taxa de mortalidade alta no Brasil e no mundo inteiro.
Cientistas revelam, pela 1ª vez, a estrutura do vírus da zika
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
A primeira análise detalhada da estrutura molecular do vírus da zika revelou que ele é praticamente um sósia do vírus da dengue —mas com algumas pequenas diferenças que podem ser cruciais para a capacidade que esse vilão microscópico tem de invadir as células humanas.
Os resultados, relatados na revista especializada “Science”, abrem caminho para o design racional de estratégias contra a doença, que ainda é pouco compreendida. Ao determinar exatamente como o vírus vence as defesas do organismo, fica mais fácil projetar moléculas que “fechem a porta” na cara dele, ou vacinas que preparem as células para enfrentar a invasão.
Michael Rossmann e Richard Kuhn, da Universidade Purdue, nos EUA, construíram seu retrato do vírus da zika a partir de amostras de um paciente que foi infectado na Polinésia Francesa, durante a epidemia de 2013-2014.
A técnica usada é a microscopia crioeletrônica. Nela, os vírus são congelados e bombardeados com elétrons. A maneira como os elétrons ricocheteiamnas partículas virais permite criar um mapa da estrutura do vírus —no caso, com resolução próxima do nível atômico. É quase como se os cientistas conseguissem contar, átomo por átomo, os componentes do zika.
Já se sabia que o genoma Cientistas revelam, pela 1ª vez, a estrutura do vírus da zika ‘Retrato’ mostra que ele é quase sósia do vírus da dengue; análise pode levar a estratégias para evitar infecção do vírus é composto por RNA (molécula “prima” do DNA do genoma humano) e está protegido por uma primeira capa de proteína, o chamado capsídeo. Por cima dele está outra carapaça, o envelope viral, formado por 180 cópias de duas outras moléculas, a glicoproteína E (de “envelope”) e a proteína M (de “membrana”).O conjunto tem a forma de um icosaedro (uma figura de 20 lados).
“Glico” significa açúcar, como a palavra glicose —ou seja, a molécula E é uma proteína à qual foi adicionada uma molécula de açúcar. E esse provavelmente é o ponto crucial do esforço para decifrar a estrutura do vírus. Bem em torno do ponto onde o açúcar se liga à proteína no envelope do vírus, há diferenças significativas numa lista de dez aminoácidos (os componentes das proteínas) do zika, quando se compara o vírus ao da dengue ou a outros parentes, como o da febre amarela.
Ora, ocorre que, no caso dos demais vírus do grupo, é justamente esse pedacinho da estrutura do envelope que é “oferecido” para as células humanas que vão ser invadidas pelo patógeno —os pesquisadores chegaram a compará-lo a um doce oferecido por um estranho a uma criança.
Em contato com essa parte do vírus, a célula “inocente” se liga ao invasor.
“Caso esse local do envelope funcione com o a região similar no vírus da dengue e esteja envolvida na conexão com as células humanas, será um bom alvo para um composto antiviral. Talvez seja possível projetar um inibidor que bloqueie essa função, evitando que o vírus infecte células humanas”, disse Rossmann.
Vírus é encontrado no sangue materno após dez semanas
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
Um estudo de caso publicado nesta semana pela revista médica “New England Journal of Medicine” traz uma descrição minuciosa da gestação de uma mulher infectada pelo vírus da zika na 11ª semana de gravidez.
O estudo mostra que a cabeça do feto tinha um valor mediano e acabou tendo o crescimento defasado de forma expressiva entre a 16ª e a 24ª semanas de gestação, não tendo ficado pequena o bastante para caracterizar um quadro de microcefalia.
O vírus foi encontrado no sangue materno entre a 16ª e 21ª semana de gestação. A partir da 19ª semana, anormalidades cerebrais foram detectadas por ultrassonografia e ressonância magnética.
Durante a autópsia do feto, foi constatado um “afinamento” do córtex cerebral.
Segundo os autores, o trabalho é útil para estabelecer relação de causa entre o vírus da zika e os danos no sistema nervoso central, além de descobrir que é possível encontrá-lo no sangue após a primeira semana de infecção.
Acredita-se que o vírus da zika permaneça no sangue por menos de uma semana após o indivíduo ter sido infectado.
Nesse caso, porém, ele foi detectado no sangue materno dez semanas após o surgimento dos sintomas, indicando um caminho para diagnósticos tardios.
Consumo de café reduz risco de câncer colorretal
01/04/2016 - O Globo
Não importa o seu tipo preferido de café, fique à vontade para bebê- lo. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia ( USC) afirmam que o consumo da bebida reduz em até 26% o risco de câncer colorretal.
O estudo americano examinou mais de 5.100 homens e mulheres que foram diagnosticados com câncer colorretal nos últimos seis meses, e quatro mil pessoas sem histórico da doença. Os participantes relataram seu consumo diário de café expresso, instantâneo, descafeinado ou filtrado, assim como a ingestão de outras bebidas, além de preencherem um questionário sobre hábitos alimentares, frequência de atividade física, tabagismo e histórico familiar da doença.
O levantamento mostra que, isolando os outros fatores de risco da doença, até um baixo consumo de café — de uma a duas xícaras por dia — provoca uma redução de até 26% no risco de desenvolver câncer colorretal. E esta diminuição chega a 50% entre aqueles que bebem mais de 2,5 xícaras por dia — uma ocorrência observada no consumo de todos os tipos de café, inclusive o descafeinado. Por isso os pesquisadores ressaltam que ninguém precisa recorrer descontroladamente à bebida.
— Ficamos surpresos em ver que a cafeína não exerce um papel fundamental — revela Gruber. — Isso indica que ela sozinha não é responsável pelas perspectivas de proteção de tumores oferecidas pelo café.
PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES
O café contém elementos que contribuem para a saúde colorretal em geral. A cafeína atua como antioxidante, limitando o potencial de crescimento de células do câncer do cólon. Compostos químicos gerados durante o processo de torra do grão de café teriam papel no incentivo à mobilidade do cólon.
O câncer colorretal é curável quando detectado precocemente, antes de se espalhar para outros órgãos. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 34.280 novos casos serão registrados ainda este ano no país.
Rio tem primeira morte por vírus H1N1 confirmada em 2016
31/03/2016 - Valor Econômico / Site
A Secretaria de Saúde do Rio confirmou nesta quinta-feira (31) a primeira morte provocada pelo vírus da gripe H1N1 no Estado em 2016. Outros dois casos de infecção foram confirmados por exames laboratoriais.
Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no Estado, de acordo com a secretaria.
O governo do Estado não deu mais detalhes sobre o óbito registrado em 2016.
O surto da doença ocorreu dois meses antes do previsto e já havia causado 45 mortes neste ano no país -38 delas no Estado de São Paulo. A quantidade de infectados até agora já supera a de 2015 inteiro.
Reação à gripe
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
Com três casos confirmados de gripe H1N1 na escola de Felipe, 4,a mãe, Alexandra Itacarambi, 42, acionou alerta máximo para espirros e tosses dentro de casa. Antes de procurar a emergência médica ao primeiro sinal de resfriado no filho,porém,procura identificar sintomas que indiquem essa necessidade.
Para pediatras, observar bem a criança e identificar mudanças comportamentais repentinas são medidas fundamentais para tomar a melhor ação em relação à saúde dos pequenos —que, diante do atual surto de gripe, nem sempre é a ida ao pronto-socorro super lotado e onde há risco de novas infecções.
“Antes de correr para um hospital por causa de um resfriado, é preciso tentar seguir alguns critérios, como aparecimento de um quadro de febre por mais de 48 horas, uma prostração repentina, a falta de apetite”, afirma Teresa Uras, coordenadora da UTI Neonatal e Perinatal do Hospital Samaritano.
Segundo a médica, “valorizar o pediatra” e a “sensibilidade materna” nas horas de dúvida também ajuda.
“O pediatra da família, que pode ser particular ou de uma unidade de saúde pública, conhece a história da criança e vai fazer a indicação correta.
Sempre que possível, é bom consultá-lo antes de ir à emergência. A mãe também deve usar sua sensibilidade.
Ela sabe quando há algo muito errado com o filho.” De acordo com os médicos, resfriados ou gripes comuns se repetem, em média, por até dez vezes por anona molecada.
Os que vão para escolas infantis desde muito pequenos estão mais expostos.
MICROORGANISMOS
Medidas de higienização regular das mãos e do ambiente são fundamentais para baixar os riscos de contaminação.
Os pais também devem observar as condições da escola do filho e de monitores ou babás. O conselho é que sejam evitados adornos como pulseiras e unhas muito compridas. O uso do álcool em gel precisa ser frequente.
O pediatra José Gabel, da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que “nas salas de espera de prontos-socorros estão crianças com infecções e doenças graves e que necessitam atendimento de urgência. A criança com resfriado comum ou gripe poderá se infectar com microrganismos oportunistas que levarão a uma doença pior”.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
O que é a gripe H1N1?
É uma gripe do tipo A causada pelo vírus H1N1, que circula entre humanos. Ele foi detectado no México, em abril de 2009, e se disseminou rapidamente, causando uma pandemia mundial chamada, na época, de gripe suína.
Qual é a diferença entre o H1N1 e os outros vírus da gripe?
Os sintomas são bastante parecidos, mas o H1N1 tem mais chances de causar complicações como a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), especialmente em pessoas de maior risco (idosos, crianças, grávidas e asmáticos, entre outros)
Por que a gripe chegou mais cedo este ano?
Não se sabe exatamente, mas há certa tendência de antecipação a cada ano. Alguns motivos podem ser o contato com turistas do hemisfério Norte, a variação do clima e a baixa vacinação em 2014 e 2015
Há motivo para pânico?
Não. Deve-se seguir as recomendações de higiene e, assim que possível, tomar a vacina, especialmente os grupos de risco. É a melhor maneira de prevenir a doença Quando começam as vacinações? A campanha nacional começa em 30.abr e vai até 20.mai. Na Grande SP, a vacinação foi antecipada para crianças de seis meses a cinco anos, idosos e gestantes (a partir de 11.abr). Na rede particular já é possível encontrar a vacina.
Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo — a vacina tem traços de proteínas do alimento — também deve ter cautela.
Se eu já tiver pegado a gripe H1N1, ainda preciso tomar a vacina?
Sim. Quem foi infectado fica imunizado por um tempo (é difícil prever quanto porque é bastante variável), mas depois pode voltar a pegar a doença
A ciência vai vencer a luta contra o câncer?
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
A cada dia, milhares de pessoas no mundo recebem o diagnóstico de câncer. se no passado isso era uma sentença de morte, no futuro espera-se que a doença seja crônica e controlável, como a aids. fórum promovido pela folha sobre o tema mostrou um misto de otimismo e realismo. enquanto as pesquisas avançam, os custos do tratamento dificultam sua universalização.
O câncer desafia a ciência há mais de um século. nenhuma outra doença foi tão estudada. por dia, são publicados em média 280 artigos científicos sobre o tema. o caminho para o futuro se divide em três possibilidades: imunoterapia, terapia-alvo e manipulação de DNA. nada disso elimina a prevenção e o diagnóstico precoce. enquanto a guerra não é vencida, pacientes comemoram o sucesso em cada batalha.
Oncologia evolui no país, mas custo limita acesso
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
De um lado, a medicina oncológica avança, com tratamentos sofisticados como a imunoterapia, que promete transformar tumores agressivos em doenças tratáveis.
De outro, os entraves que já são velhos conhecidos no Brasil: a burocracia para a realização das pesquisas clínicas, que atrasa o lançamento de medicamentos, e os altos custos do tratamento, que oneram os cofres dos sistemas de saúde público e suplementar.
Enquanto isso, cresce o clamor popular por soluções acessíveis para tratar a doença, ao ponto de a fosfoetanolamina, a “pílula do câncer”, ter sido aprovada pelo Senado antes mesmo de passar por ensaios clínicos (teste em seres humanos).
Esses e outros temas foram discutidos no fórum O Futuro do Combate ao Câncer, realizado pela Folha no Tucarena, em São Paulo, na terça (29) e na quarta (30), com patrocínio dos laboratórios MSD e Bristol-Myers Squibb.
A cada ano, 15 milhões de pessoas em todo o mundo recebem o diagnóstico de câncer, doença que mata 8 milhões anualmente.
“É a segunda causa de morte em nosso país. E,nesta década, se tornará a primeira causa em vários países da Europa e algumas regiões dos Estados Unidos”, disse o oncologista Paulo Hoff, presidente do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), que abriu o evento.
Com os tratamentos disponíveis hoje, segundo Hoff, 60% dos pacientes sobrevivem.
Mas muitos ainda sofrem por falta de diagnóstico precoce, o que diminui as chances de cura.
Uma questão recorrente durante os dois dias do encontro foram os valores altos dos tratamentos de câncer.
“Chegamos a uma situação em que o custo do tratamento oncológico ficou absurdo.
Calcular custo é uma equação complexa, e esse cálculo é um buraco negro”, afirmou o oncologista Drauzio Varella, colunista da Folha.
Ele lembra que há novos medicamentos que, se fossem comprados, custariam metade de todo o orçamento do Ministério da Saúde.
“É preciso identificar quais tratamentos fazem a diferença e quais pacientes seriam mais beneficiados por eles.” Stephen Stefani, oncologista do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus, disse que o custo de um tratamento chega a mais de US$ 1 milhão (R$ 3,6 milhões) por ano por paciente. “Está cada vez mais difícil encarar esse custo. Isso aumenta a desigualdade entre os recursos para a saúde pública e os aplicados na privada.” Raquel Lisboa, gerente-geral de regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, afirmou que, embora haja uma pressão para que os planos de saúde incorporem tecnologias sofisticadas, os recursos são limitados.
“Quem financia o sistema é o próprio usuário, por isso usamos tantos critérios.”
PÚBLICO E PRIVADO
Durante o evento, Henrique Prata, diretor-geral do Hospital do Câncer de Barretos, criticou a isenção fiscal a grandes hospitais privados em um cenário em que os recursos para saúde pública são escassos. Segundo ele, a isenção de R$ 1,6 bilhão ao ano beneficia só seis hospitais em todo o país.
“Existe, por debaixo dos panos, favorecimento à medicina privada.” O aumento de custo causado pelo diagnóstico tardio e pela demora no atendimento também foi apontado.
No Hospital do Câncer de Barretos, mais de 50%dos tumores de mama chegam em estágio avançado, quando o tratamento custa dez vezes mais do que na fase inicial.
Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein, conta que, no sistema privado, tumores de mama têm, em média, 1,5 centímetro, enquanto no SUS a metade das mulheres chega com tumores de 5 centímetros. “Tumores avançados exigem todas as terapias disponíveis, a custo muito alto.” Para ele, o acesso rápido ao tratamento é mais importante do que terapias caras, como exames ultrassensíveis.
“Detectamos alterações mínimas, mas, talvez 30% das intervenções feitas hoje não fossem necessárias.” Mesmo com tantos problemas e limitações orçamentárias, Paulo Hoff se diz otimista: “O Brasil está melhor do que há 15 anos e temos ferramentas para progredir mais”.
Não da pra fazer químio e tomar garrafada
01/04/2016 - Folha de S.Paulo
“Não dá para tomar garrafada da Amazônia e fazer quimioterapia ao mesmo tempo.” A frase não surpreenderia se viesse de um oncologista famoso ou de um pesquisador cético, mas o conselho é da apresentadora Ana Maria Braga, que fez todo o tratamento contra o câncer sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima e foi a Portugal agradecera cura com um percurso de joelhos.
“Fé sim, mas sem abandonar o racional”, aconselha Ana Maria, que enfrentou três vezes a doença e que completa 67 anos nesta sexta (1º).
Em 1991, era um câncer de pele que se resolveu com cirurgia.
Dez anos depois, um carcinoma do canal anal, que exigiu doloroso tratamento radioterápico.
“Tinha hora em que eu ligava o chuveiro, deitava embaixo e chorava muito.” Em dezembro do ano passado, a apresentadora surpreendeu a todos anunciando no “Mais Você” que tinha sido operada de um câncer pulmonar. Levou sua equipe médica ao programa e começou uma campanha para que as pessoas parem de fumar.
Ana Maria assumiu a doença. “Nunca dá certo tentar esconder. A verdade é voadora, soberana”.
Folha - Você teve câncer três vezes: em 1991, em 2001 e em 2015. Como foi receber cada diagnóstico?
Foi bem assustador. Da primeira vez, era um câncer de pele, tratado com uma cirurgia profunda no braço. Ficou uma grande marca, mas a gente sempre sai com cicatriz, onde for, depois de uma doença séria. Na segunda vez, foi tão assustador quanto na primeira, até mais pela violência do câncer.
Tinha medo de falar ‘câncer’?
A palavra começou a fazer parte da minha vida. Optei por falar com todas as letras, c-â-n-c-e-r, para combater o estigma,o medo de que, se repetir a palavra ou usá-la inteira, você morrerá disso. Inimigo,agente encara, olha de frente.
Você enfrentou a doença como se fosse uma guerra?
Sim, eram células inimigas que não queriam que eu continuasse por aqui. Em guerra, você não pode ficar em estado de desânimo. Precisa manter a cabeça alerta porque todo o resto dói.
Como conviveu com a dor?
Eu sou uma sortuda por ter acesso ao que há de melhor na medicina. Hoje, é possível fazer um tratamento grave e ainda viver relativamente bem, manter suas atividades.
Mesmo assim, tive sequelas horríveis, que às vezes me impediam de andar.
No segundo caso, o do câncer no canal anal, a radioterapia foi muito difícil?
Foi arrasadora. Eu tenho um limiar alto de dor e mesmo assim sofri. Tomava muita morfina quando eu podia. Nas outras horas, eu trabalhava. Continuei trabalhando porque era um grande motivo para levantar todo dia. Gosto muito do que faço.
Alguns pacientes não conseguem reagir tão bem, sofrem de depressão, por exemplo.
Tem gente que é mais sensível, não só à dor física, mas a uma ofensa, a uma contrariedade. A pessoa se entrega, por exemplo, após um abandono.
Outros conseguem sublimar, manejar, tocam a vida e choram em casa. Tem gente que é mais sensível ao que a vida reservou a ela, aos ‘nãos’ que todos recebem.
Você acredita que o pensamento positivo ajudou nos tratamentos?
Em casos de problemas físicos, não só no câncer, você depende muito da sua cabeça, da qualidade do seu pensamento. Mas não pode ser da boca para fora. É preciso ter, o tempo inteiro, um nível de alerta com você mesmo.
Precisa ajudar o seu corpo a combater, com a rádio e a quimioterapia, aquelas células inimigas.
Batia desespero, autopiedade, vontade de ficar largada na cama?
Sim. Tinha hora em que eu ligava o chuveiro, deitava em baixo e chorava muito. É natural que isso aconteça. Mas você tem que acreditar de verdade. Eu dizia ‘vou aguentar’. Nunca imaginei que a doença pudesse ser maior do que eu.
Diferentemente de outras pessoas públicas, você revelou a doença, tanto em 2001 quanto agora. Por quê?
Nunca dá certo tentar esconder. A verdade é voadora, soberana. O que eu já vi de gente tentando fazer coisas escondidas dos mais variados tipos, problemas financeiros, de saúde, mas sempre dá errado. Duas pessoas sabendo de alguma coisa já são uma multidão. Mesmo falando, há espaço para especulações. Eu contei: foi assim, assado, estou assim… Se escondesse, a bolha seria enorme. A verdade é o caminho mais curto. Dá menos trabalho.
Mas desta última vez, você só contou ao público após retirar o tumor.
Eu já tinha planejado uma semana de férias, ia viajar, então aproveitei para ser operada. Trabalhei até sexta, depois me internei e fiz a cirurgia.
No quinto dia, fui para casa.
Voltei ao trabalho, mas tive falta de volume de ar. Frases longas, por exemplo, eram difíceis. Deixei pássaro período crítico e aí contei ao público.
Você se perguntou ‘porque eu de novo?’?
Eu fumei por tanto tempo, era previsível. Foi minha culpa.
Quer dizer, não é questão de culpa, é vício. Sou viciada em nicotina, como um drogado é em drogas ou um alcoólatra em bebida.
Você é formada em biologia e é muito religiosa. Tentou algum tratamento alternativo?
Eu não acredito que se possa servir a dois senhores, usar dois chapéus. Quando eu tive o segundo câncer, o mais pesado, chegavam ideias, tratamentos milagrosos de todos os lados. Se eu dividisse minha força, eu enfraqueceria o tratamento, porque bagunçaria a minha cabeça e o meu organismo. Você precisa acreditar em uma coisa e segui-la. Não dá para tomar garrafada da Amazônia e fazer quimioterapia ao mesmo tempo.
Você procurou informações na internet, tentou saber de novas opções de drogas no exterior?
Não adianta ler todas as bulas nem ficar vasculhando a internet, onde existe muita porcaria. Você tem que se entregar, de corpo e alma, a quem o está tratando.
Que balanço você faz desse sofrimento todo?
Depois do câncer, eu só melhorei. Sou muito exigente com as coisas, passei a ser mais condescendente. Você valoriza mais a vida. Falar sobre isso faz com que eu me lembre de que eu só tenho hoje. A gente se esquece disso, de que é preciso ser feliz agora, porque amanhã ninguém sabe.
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