CLIPPING - 24/03/2016
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
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‘Aprovar pílula do câncer foi decisão política’
24/03/2016 - O Estado de S.Paulo
O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Gustavo Fernandes, classificou de oportunista a aprovação pelo Senado da chamada “pílula do câncer”. Para ele, o Congresso “agiu por desespero”, numa tentativa de se aproximar dos eleitores em um momento de impopularidade de políticos. Fernandes disse que a liberação da fosfoetanolamina prejudica a pesquisa clínica. “É isso o que o Congresso tem oferecido para a gente ultimamente: resoluções desqualificadas.” A sociedade recomenda aos médicos que não prescrevam a “pílula do câncer”. Em conjunto com entidades médicas, ela prepara carta aberta à presidente Dilma Rousseff, pedindo o veto à lei. Fernandes é diretor-técnico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, em Brasília.
Como o senhor vê a aprovação da chamada "pílula do câncer"?
É uma medida baseada no desespero. Sem dúvida nenhuma a decisão foi política. Não houve contestação. Não houve voto contra. Um voto sobre tema técnico, é preciso chamar técnicos. Se eu tivesse que dar opinião sobre Direito, sobre impeachment da Dilma, provavelmente ficaria calado. Não tenho conhecimento técnico. Todo brasileiro tem direito a dar opinião sobre futebol. Sobre ciência, não. As pessoas não estão habilitadas a falar. Não há sentido em discutir ciência em roda de boteco. É uma medida oportunista do ponto de vista eleitoral, sem o debate adequado, por gente que não tem qualificação. É isso o que o Congresso tem oferecido para a gente ultimamente: resoluções desqualificadas.
A política atropelou a ciência?
Sem dúvida. Os órgãos competentes para esse tipo de análise foram ignorados. É difícil ter unanimidade. Fizemos pesquisa na SBOC e 98% dos oncologistas acreditam que não há evidência suficiente para tratar ninguém com a substância. A ciência foi completamente atropelada por razões políticas; nem houve discussão. Foi aprovado por aclamação. É uma desmoralização para o Ministério da Saúde, para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A opinião dos órgãos técnicos do governo e da sociedade foi solapada.
Qual a consequência dessa aprovação?
O triste é que a gente vai terminar sem pesquisa. Isso mata o estudo clínico. Que paciente vai entrar num protocolo de pesquisas se a droga já está disponível? Essa aprovação ocorreu no momento em que o espaço estava sendo tomado, tem uma pesquisa providenciada, o Ministério da Saúde começou a estudar a substância, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo tem estudo desenhado, estava tudo andando. Você percebe que isso é oportunista, que não é sério. O que se gerou foi uma solução tupiniquim, criou-se uma Anvisa legislativa. A gente vai continuar com o mesmo problema do passado - mais de 40 mil pacientes usaram o medicamento e a gente não conhece o resultado.
Qual a recomendação da SBOC para os médicos?
A recomendação da sociedade é para que os médicos não prescrevam a substância. O paciente que já estiver em uso da fosfoetanolamina continuará a ter todo acompanhamento que precisa. Sobre possível punição para o médico que prescrever, cabe ao Conselho Federal de Medicina (CFM). A Sociedade não excluirá ninguém dos seus quadros.
O senhor acredita num efeito em cascata, que haverá pressão para aprovação por lei de outras substâncias?
É um precedente perigoso. Criou-se uma forma alternativa de se oferecer medicamento sem pesquisa clínica. Na história da medicina, pesquisa clínica sem controle já foi feita. E ocorreram verdadeiras atrocidades no passado, como procedimentos cirúrgicos experimentais.
O senhor acredita que a presidente Dilma vá vetar a lei?
Juro que não tenho expectativa a esse respeito. No momento em que o Brasil vive, não sei se ela tem coragem de tomar medida antipopular de vetar essa lei. Se ela fizer isso, vou levantar e aplaudir. Porque será valorizar o corpo técnico do Ministério da Saúde.
CFM desconsidera autorização da Anvisa para importar maconha
24/03/2016 - O Globo
As novas regras que ampliaram o rol de produtos derivados da maconha passíveis de importação para uso medicinal, editadas esta semana, entraram na mira do governo e da comunidade médica.
Ontem, o Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou informe aos 430 mil médicos do país desconsiderando a mudança da resolução 66/ 2016 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que admite a importação de compostos à base de tetra-hidrocanabinol ( THC), e pedindo aos profissionais que cumpram a resolução 2113/ 2014, do próprio CFM, que “determina o uso compassivo do canabidiol para o tratamento de epilepsias da criança e do adolescente refratárias aos tratamentos convencionais”.
Segundo o conselho, “não há estudos científicos que comprovem a eficácia e a segurança desses fármacos no tratamento de doenças”. A assessoria do CFM não soube informar se cabe alguma punição ao médico que descumprir a recomendação.
EFEITOS PSICOATIVOS
Na resolução, a Anvisa foi obrigada a mudar o protocolo para cumprir uma decisão da Justiça Federal em Brasília, e deve entrar hoje com um recurso para tentar derrubar a sentença. Antes da medida, o THC, substância entorpecente da Cannabis sativa responsável pelos seus efeitos psicoativos, só podia constar em quantidades mínimas, consideradas residuais dentro do processo de extração do canabidiol, o composto liberado. O presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, diz que o questionamento na Justiça é técnico, não havendo “qualquer juízo de valor” a respeito do uso de derivados da maconha.
— Não se tem conhecimento, até o momento, de estudos científicos comprovando resultados do THC. Da maneira como está a sentença, ela libera qualquer produto, sem que tenhamos informação sobre a segurança e muito menos sobre a eficácia. Queremos voltar ao estágio anterior, pois sobre o canabidiol já temos informações de que não há efeitos negativos — afirmou Barbosa.
Na prática, segundo ele, a importação dos produtos pode ser inviabilizada por outras normas hierarquicamente superiores, como no caso de compostos de THC, substância proibida em vários países:
— Não sei nem se o produtor conseguiria despachar para cá um produto desses, mas esperamos conseguir mudar essa decisão antes de ter esse problema.
A pesquisadora Ana Paula Pellegrino, do Instituto Igarapé, discorda de Barbosa e diz que há pesquisas que reconhecem a maconha como fármaco e comprovam a eficácia do uso medicinal da planta.
— É espantoso que no Brasil a gente não reconheça isso. Na própria declaração da Anvisa chama atenção uma relutância de ter feito essa resolução e o CFM está alinhado com essa relutância em reconhecer esse avanço. É uma postura muito infeliz — observa Ana Paula.
Criador da ‘pílula do câncer’ rebate resultados negativos de estudos
24/03/2016 - Folha de S.Paulo
O professor aposentado de química da USP Gilberto Chierice, o “pai” da fosfoetanolamina sintética, que ficou conhecida como “pílula do câncer”, questionou, em um ofício da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro, os resultados independentes sobre a ação da droga.
Os testes fazem parte da investigação patrocinada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e tiveram resultados divulgados nesta semana. Em resumo, eles apontam a segurança dos componentes da fórmula e uma ineficácia em agredir células tumorais in vitro.
Outra constatação foi o baixo teor de fosfoetanolamina na cápsula: menos de um terço do total. A resposta de Chierice é que a “fosfo” é ácida e, portanto, para ser ingerida, tem que ser neutralizada com outros componentes presentes na cápsula.
O aparecimento de outras substâncias —monoetanolamina protonada e fosfobisetanolamina —, segundo o químico, poderiam ser “produto de degradação durante o processo de análise”.
Curiosamente, uma dessas substâncias “piratas”, a monoetanolamina, e somente ela, mostrou razoável efeito antitumoral nos testes.
Além de Chierice, o pesquisador do Instituto Butantan Durvanei Augusto Maria participou da elaboração do documento.
Ele fazia parte do grupo de trabalho do MCTI que analisa a “pílula do câncer”, mas afirma que pediu para sair após o uso de uma formulação sua, patenteada no exterior, sem autorização.
Segundo ele, um dos problemas dos estudos foi a dose testada, até 100 vezes menor que aquela já usada em outros testes.
A comparação com drogas antitumorais clássicas como a cisplatina revelou que a monoetanolamina é 3.000 vezes menos potente, em seu melhor desempenho.
O motivo da diferença seria que a fosfoetanolamina, por ser uma molécula já presente no organismo, só poderia ter alguma ação observável em “excesso”. Dessa forma, a “fosfo” influenciaria o funcionamento de diversas moléculas importantes para o funcionamento da célula, inclusive a tumoral.
“Não há uma concentração em que ela se torne tóxica.
Pode-se dar uma maior dose para conseguir suplantar o metabolismo que a célula já tem”, diz Maria.
O ofício foi encaminhando nesta terça (22) para a secretária executiva do MCTI Emília Maria Silva Ribeiro Curi.
Anvisa vai pedir que Dilma vete fosfoetanolamina
24/03/2016 - Folha de S.Paulo
O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Jarbas Barbosa, disse que vai recomendar à presidente Dilma Rousseff o veto ao projeto de lei que prevê a liberação da fosfoetanolamina, conhecida como “pílula do câncer”.
A nota técnica dirá que liberar a droga antes da realização de estudos clínicos de segurança e eficácia pode trazer riscos à saúde dos pacientes.
O projeto foi aprovado pelo Senado e segue para sanção de Dilma.
“Quem vai garantir que o que está dentro daquela cápsula é fosfoetanolamina? Se houver algum dano, o que vai acontecer? Não vai ter registro,não vai ter bula. “Voltamos ao começo do século passado.”
Cientistas são céticos sobre 'pílula da USP', mas há defensores do seu uso
23/03/2016 - Folha de S.Paulo / Site
A existência de uma pílula milagrosa, capaz de curar todos os tipos de câncer, é vista com muita desconfiança pela comunidade científica internacional. A razão é que existem quase 200 tipos de câncer, cada um com diferentes mecanismos.
É por isso que existe tanto ceticismo com relação à "fosfo", como é conhecida a "pílula do câncer" desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos, interior de SP.
"Se essa droga supostamente funciona em todos os cânceres, como cientista eu diria: pode me explicar como?", diz Steve Jackson, professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Ele é inventor da droga anticâncer olaparibe (comercializada em 15 países sob o nome LynparzaTM e que aguarda aprovação no Brasil).
"A triste verdade é que é improvável que [a fosfoetanolamina] seja milagrosa", escreveram os editores da revista científica "Nature".
Fato: os primeiros testes de caracterização e síntese da "pílula do câncer", divulgados no último dia 21, mostram baixo grau de pureza e pouco ou nenhum efeito sobre células tumorais. Os resultados foram divulgados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
A droga ainda passará por estudos clínicos conduzidos com a participação do Icesp (Instituto de Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira). "Espero ter algumas respostas nos próximos seis meses", diz Paulo Hoff, diretor do instituto.
A Câmara dos Deputados e o Senado já aprovaram um projeto de lei que permite que todos os pacientes de câncer tenham acesso à substância.
O Canadá também vive o fenômeno de uma "pílula do câncer". Chama-se dicloroacetato de sódio (DCA) e surgiu a partir de pesquisa na Universidade de Alberta.
O DCA é usado há anos para tratar doenças metabólicas raras. O grupo canadense descobriu que ele teria potencial antitumoral em uma vasta gama de cânceres.
A descoberta foi em 2007. O oncologista Akbar Khan, de Toronto, disse à Folha que um de seus pacientes, com câncer em estágio avançado, propôs o DCA como alternativa. Ele revisou o estudo da equipe de Alberta e decidiu dar a droga a seus pacientes.
Após longo processo judicial, ficou determinado que médicos poderiam prescrever o DCA, desde que o paciente já tivesse esgotado as possibilidades de tratamento convencional. "Observamos alguma melhora em dois terços dos pacientes", diz Khan.
O uso de um medicamento que ainda não passou por testes clínicos em pacientes que esgotaram as possibilidades da medicina é chamado de uso compassivo.
"A Anvisa e o Ministério da Saúde deveriam facilitar o acesso ao uso compassivo de produtos que já têm algum tipo de embasamento clínico", diz Hoff, diretor do Icesp.
"Nossa legislação está exageradamente burocrática."
Não se pode ainda enquadrar a "fosfo" na categoria de uso compassivo porque ela não tem embasamento clínico provado, explica Hoff.
Ele lembra ainda que nos EUA cerca de 85% dos pacientes oncológicos fazem uso de alguma terapia alternativa por conta própria. "Essa é uma realidade do mundo inteiro. É preciso que o médico tenha uma cabeça aberta para discutir isso", diz.
No Canadá, segundo Khan, muitos médicos além dele prescrevem o DCA. Preferem não assumi-lo publicamente por medo de processos judiciais e julgamento de colegas.
"O juramento de Hipócrates, 'acima de tudo, não causar mal', foi substituído por 'acima de tudo, não ser processado'", afirma Martin Winer, jornalista de Toronto e ativista do uso compassivo.
Ele organiza uma petição pedindo a desburocratização do uso do DCA, que conta com milhares de assinaturas.
Para os pacientes, a possibilidade de sucesso de uma droga experimental, ainda que pequena, representa uma chance.
O ex-motorista de caminhão João Vianei Lopes, de Biguaçu, no interior catarinense, fundador da Associação dos Amigos e Pacientes de Câncer de Santa Catarina, desabafa: "O que nós queremos é ter acesso à esperança, o paciente de câncer vive de esperança".
Vianei, diagnosticado há seis anos com linfoma não-Hodgkin, também organiza uma petição com milhares de assinaturas pela liberação da "fosfo". "Agora vamos lutar pela aprovação [da fosfoetanolamina] no Senado... E vamos conseguir."
O debate sobre o uso compassivo não é trivial. Para Adrian Harris, professor da Universidade de Oxford, há mais danos que benefícios.
"Mesmo que você já tenha tentado cinco quimioterapias diferentes, ainda terá uma chance maior com uma droga que está no mercado e já se mostrou eficaz do que com uma que não foi testada. Apoio que todos tenham acesso a drogas aprovadas."
Jackson, de Cambridge, discorda: "Se você é paciente de câncer e só tem alguns meses de vida, a situação é diferente. Eu jamais poderia dizer a essas pessoas se elas devem ou não tentar algo".
Os pesquisadores ouvidos pela reportagem são unânimes em defender um apoio maior para os estudos clínicos para acelerar a pesquisa do câncer.
"Tentamos colocar o paciente em estudos clínicos o mais cedo possível", diz Harris, que se orgulha em dizer que no Reino Unido em torno de 10% dos pacientes com câncer estão participando de algum estudo clínico.
Nos EUA, a meta é de cerca de 5% dos pacientes. O Brasil, no entanto, tem hoje menos de 1%, lamenta Hoff.
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Pesquisas da zika terão verba de R$ 649 milhões
24/03/2016 - O Estado de S.Paulo
Um cronograma de ações divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo governo federal promete investir R$ 649,1 milhões nos próximos quatro anos em pesquisas sobre o vírus da zika e a microcefalia. As atividades incluem o desenvolvimento de testes diagnósticos e vacinas, o tratamento e a inovação em gestão de serviços de saúde, além de estratégias de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da zika, além da dengue e da chikungunya.
O anúncio integra as estratégias do Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à Microcefalia. “É um projeto ambicioso, que coloca o Brasil em um patamar de ponta em relação ao mundo todo”, disse o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera.
Os R$ 649,1 milhões virão do Ministério da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia. O governo garante que os gastos estão previstos no orçamento e que nenhuma outra pasta ou programa será afetado.
Outros R$ 500 milhões ficarão disponíveis em forma de crédito pelo BNDES. Desse total, o banco oferecerá R$ 350 milhões para concessão de crédito ao setor privado, que poderão ser requisitados pelas empresas do complexo industrial da saúde para desenvolvimento, produção e comercialização de tecnologias para combater as doenças relacionadas ao Aedes. O dinheiro será liberado por meio das linhas e programas tradicionais do BNDES, como o BNDES Profarma (dependendo do subprograma, o prazo de pagamento pode ser de até 15 anos, com carência de 5).
Os demais recursos (R$ 150 milhões) são não reembolsáveis, provenientes do BNDES Funtec, e estão sendo aplicados em duas iniciativas: desenvolvimento da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantã (R$ 100 milhões) e plano de ação contra o zika da Fiocruz (R$ 50 milhões), que inclui o desenvolvimento de testes sorológicos e moleculares para diagnosticar a doença, além de pesquisas clínicas e apoio à investigação de medicamentos e vacinas.
O BNDES diz também que “tem condições de ampliar o montante de acordo com a demanda das empresas e entidades do setor público”.
DISCURSO
Em seu pronunciamento, a presidente Dilma Rousseff diz que 93% dos recursos prometidos serão aplicados até o fim do seu mandato. “Em 2018”, fez questão de frisar.
O Ministério da Saúde lançou, também nesta quarta, um edital para financiar R$ 20 milhões em pesquisas contra o mosquito nas áreas de controle, diagnóstico, prevenção e tratamento. O ministro Marcelo Castro informou ainda uma nova fase de um estudo com a bactéria Wolbachia – que, quando presente no organismo do Aedes, impede a transmissão de doenças. Segundo ele, representantes da Fundação Bill Gates virão ao Brasil auxiliar nos próximos passos da pesquisa, que deve contemplar uma localidade maior em área e em população do que a Ilha do Governador (RJ) e o bairro Jurujuba, em Niterói, onde já foram realizados testes-piloto.
A presidente Dilma afirmou que o governo está fazendo uma “busca ativa” das crianças com microcefalia que ainda não estão sendo atendidas.
Disse, ainda, que o conhecimento sobre o vírus da zika está “aquém do esperado” e que, por isso, o governo “corre contra o tempo”.
Bayer fatura mais de R$ 10 bi no Brasil
24/03/2016 - Valor Econômico
No ano passado, às vésperas de completar 120 anos de presença no Brasil, a gigante alemã Bayer tornou-se uma empresa com vendas de mais de R$ 10 bilhões no país. A desvalorização do real, porém, impediu que a subsidiária brasileira ultrapassasse a China em importância dentro do grupo e cumprisse a meta de crescimento estabelecida pela matriz, de 8% em euros, a despeito da expressiva expansão de 26% das receitas em moeda brasileira.
Em 2016, a depender do câmbio e do reajuste determinado pelo governo para o preço de medicamentos, disse ao Valor o presidente do grupo no país, Theo van der Loo, é possível que a Bayer Brasil registre desempenho melhor em euros, o que a colocaria na rota para alcançar a meta de crescimento.
Mais uma variável pode interferir nos objetivos da subsidiária brasileira: a eventual venda da divisão global de agronegócios, a Crop Science, que no ano passado representou quase três quartos das vendas da Bayer no país. Já há algum tempo, na esteira do intenso movimento de consolidação da indústria mundial agroquímica e de sementes, a empresa alemã tem sido citada em rumores. A mais recente especulação veio a público nesta semana e dá conta de uma possível oferta da Monsanto pela área agrícola do grupo.
Questionada, a Bayer informou que não comenta rumores de mercado.
O teto do reajuste para medicamentos autorizado pelo governo, que tem o controle dos preços desses produtos no país, não foi oficializado e ainda depende da assinatura do ministro-chefe da Casa Civil. Mas um cálculo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) indica que, pela primeira vez em mais de dez anos, o índice máximo poderá ficar acima da inflação e chegar a 12,5%. Pela regra, o reajuste pode ser aplicado a partir de 31 de março.
"Estamos em dois segmentos mais favorecidos [nesse momento de crise econômica]. O Brasil é um dos maiores produtores de proteína animal e a população está envelhecendo", observou o executivo. No ano passado, a divisão de cuidados com a saúde da companhia, dona da marca Aspirina, respondeu por 22% dos resultados no país, e a Crop Science, de agronegócios, foi responsável por 73%.
O restante foi gerado pelo negócio de polímeros de alta tecnologia, recémcindido da Bayer em uma nova empresa, batizada Covestro. Conforme Loo, não fosse por esse último segmento, as receitas da Bayer Brasil teriam crescido ainda mais - cerca de 31% - em 2015. Globalmente, o grupo registrou recorde de vendas, com € 46,32 bilhões no ano e expansão de 12,1%.
Em 2016, quando a Bayer completa 120 anos no país, os investimentos da operação brasileira devem alcançar R$ 180 milhões, em linha com o valor desembolsado nos últimos anos, e não há previsão de compra de ativos locais. "Se a Bayer fizer uma aquisição, será global. No Brasil, só se for algo oportunista", disse.
Conforme o executivo, que é o primeiro brasileiro a comandar a empresa no país, a maior parte dos recursos será aplica em infraestrutura e em pesquisas com sementes, com vistas a adaptá-las às diferentes regiões, consolidando as aquisições fechadas pelo grupo, e "concorrer com a Monsanto".
Na área farmacêutica, a expectativa é poder ampliar o número de pesquisas clínicas realizadas no país, na esteira do abrandamento das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em todas as frentes, a palavra de ordem no grupo é inovação radical e, em saúde humana, estão no foco cardiologia, oncologia, saúde feminina e doenças respiratórias. "O maior desafio é alcançar uma inovação que seja, de fato, de ponta", disse Loo.
No ano passado, a divisão de cuidados com a saúde registrou receitas de R$ 2,16 bilhões no país, com expansão de 16%. A área farmacêutica cresceu 12%, impulsionada por novas indicações para o anticoagulante Xarelto, um dos cinco campeões de vendas da Bayer. Já a área de OTCs (medicamentos isentos de prescrição), que conta com marcas como Bepantol, Redoxon e Coppertone, cresceu 34%, enquanto saúde animal avançou 17%.
A fábrica de medicamentos que funciona em São Paulo produziu, no ano passado, dois bilhões de comprimidos, destinados tanto ao mercado brasileiro quanto às exportações - a companhia alemã é responsável por cerca de 10% dos embarques de toda a indústria farmacêutica instalada no país.
Para os próximos meses, a expectativa é trazer ao país outros três "blockbusters" do grupo: o Xofigo, para tratamento de câncer de próstata com metástase óssea; o Stivarga, indicado para câncer gastrointestinal; e o Eylia, para edema macular diabético.
No agronegócio, o crescimento da operação brasileira no ano passado alcançou 37%, para R$ 7,46 bilhões em receitas. Conforme Loo, o segmento agroquímico ainda recebe o maior volume de investimentos no país. Ao longo de 2015, a Bayer aportou R$ 31 milhões em novos laboratórios de monitoramento de resistência a fungicidas, herbicidas e inseticidas (FHI) e no Centro de Tecnologia de Aplicação, em Paulínia (SP).
Além disso, foram aplicados R$ 100 milhões para o lançamento da Rede AgroServices, que reúne agricultores, distribuidores e cooperativas e foi firmada a compra do negócio de sementes da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), do Rio Grande do Sul, por valor não revelado. Conforme o presidente da Bayer no Brasil, até o fim do ano será concluída a reorganização administrativa decorrente da nova estrutura global do grupo.
Desde 1º de janeiro, os negócios estão divididos em três: Pharmaceuticals (de saúde humana e a maior em termos globais), Consumer Health (que reúne os OTCs e vitaminas, entre outros) e Crop Science (de saúde animal e agronegócio).
A Covestro funciona como empresa independente no Brasil desde julho, embora compartilhe com a Bayer o complexo instalado na Zona Sul de São Paulo. "Não há hoje, no mundo, outro grupo com foco em ciências da vida além da Bayer", ressaltou Loo, ao ser questionado sobre a fusão entre Dow e DuPont, que cria um gigante global de químicos. "A Bayer vai focar nas áreas em que já está", disse.
Apesar do forte desempenho em 2015, a Bayer Brasil permanece como quarta maior operação do grupo, atrás da subsidiária chinesa do grupo, que também se beneficiou da compra de uma empresa local especializada em medicamentos dermatológicos isentos de prescrição, a Dihon Pharmaceutical, concluída no fim de 2014. Hoje, disse Loo, além do desafio de superar os chineses, o comando da operação brasileira está atento à aproximação do Japão no ranking interno do grupo.
Prejuízo da Amil
24/03/2016 - Valor Econômico
A Amil encerrou 2015 com um prejuízo de R$ 107,5 milhões, uma redução de 62,7% em relação ao resultado negativo registrado no ano anterior. A receita líquida da companhia, proveniente de pagamento de mensalidades dos convênios, aumentou 18,2% para R$ 14,6 bilhões em 2015. Já os custos médicos aumentaram 13,2%
Brasil Pharma perde
24/03/2016 - Valor Econômico
O grupo de farmácias Brasil Pharma registrou prejuízo líquido de R$ 654,5 milhões no ano passado, 6,7% superior às perdas de 2014. A receita totalizou R$ 3,4 bilhões, um recuo de 4,3% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 429,1 milhões.
Ackman tenta salvar fundo do desastre da Valeant
24/03/2016 - Valor Econômico
O megainvestidor ativista William Ackman passou a sexta-feira passada recebendo telefonemas, às vezes hostis, de clientes de sua firma de investimentos, a Pershing Square Capital Management LP, perguntando por que ele não estava seguindo outros gestores de fundos e vendendo as ações da Valeant Pharmaceuticals, segundo pessoas a par do assunto.
O investimento feito pela Pershing Square na Valeant havia se transformado de uma aposta promissora no pior fracasso da história do fundo, despencando 90% em sete meses, em meio a um fluxo contínuo de notícias ruins. Ele já perdeu cerca de US$ 3 bilhões desde que o investimento foi feito no ano passado.
Ackman afirmou a todos que sabia como arrumar a situação da farmacêutica. No fim de semana, ele desempenhou um papel central no esforço da Valeant de acalmar os investidores. Ele passou a ser membro do conselho, e o diretor-presidente da farmacêutica, Michael Pearson, será substituído.
Mas Ackman está longe de ter controlado a crise. Seus fundos teriam de registrar ganhos de cerca de 70% antes que ele possa cobrar comissões sobre desempenho lucrativo da maioria dos investidores. E pode levar anos para que ele saia desse buraco. Ainda assim, Ackman dedicou a carreira para construir a Pershing Square numa fortaleza que dá a ele proteções que a maioria dos fundos de hedge não tem. E os investidores até agora não o abandonaram.
A ciência vai vencer a luta contra o câncer?
22/03/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Há mais de um século, cientistas compartilham a tentativa de entender um pouco mais o câncer. Nenhum outro conjunto de doenças foi tão estudado e pesquisado. Levantamento mostra que de 2012 a 2014 foram publicados 305.858 artigos científicos sobre câncer. Cientistas, médicos e a indústria farmacêutica apontam três caminhos: imunoterapia (quando o sistema imunológico é fortalecido para combater os tumores), terapia-alvo (que vai direto nas células anormais e preserva as saudáveis) e manipulação de DNA. Alguns estudos põem ênfase também em prevenção e sugerem mudanças no estilo de vida.
A Folha reuniu histórias de pessoas que superaram a doença. E promoverá, nos dias 29 e 30 de março, em São Paulo, seminário com especialistas para discutir o assunto. A medicina vencerá essa guerra? Cientistas afirmam que, se for possível fazer do câncer uma doença controlável como a Aids, o que pode acontecer em algumas décadas, a batalha estará praticamente ganha.
Startups ajudam médicos a aprimorar prescrições
24/03/2016 - DCI
Quando se fala em tecnologia para saúde é possível listar infinitas aplicações na área de pesquisa. Mas é na outra ponta do setor, no dia a dia do médico, que estão surgindo startups especializadas. Elas facilitam o acesso a dados de medicamentos e a prescrição de receitas.
Pensando em facilitar a vida dos médicos e dos pacientes na hora de prescrever tratamentos surgiu a plataforma Memed. Inicialmente voltada aos dermatologistas, a solução se expandiu para todas as especialidades da medicina e hoje conta com cerca de 25 mil usuários.
Formado em marketing e filosofia, mas com vários médicos na família, Ricardo Moraes percebeu que praticamente todas as consultas apresentavam duas dificuldades na hora da prescrição. Uma era a letra do profissional, complicada para o paciente decifrar. Outra era que nem sempre o médico conhecia todos os medicamentos disponíveis para determinada situação. Então, o empreendedor se uniu a dois primos médicos para oferecer uma solução com o auxílio da tecnologia.
A ideia era tornar o processo mais simples por meio de um site. Ali os profissionais podem procurar os medicamentos por nome comercial, laboratório ou composição. Só ao iniciar o nome, a busca automaticamente oferece todos os medicamentos disponíveis com o mesmo prefixo. A consulta a princípios ativos permite ainda que o profissional monte fórmulas para manipulação.
Para tornar a leitura fácil para os pacientes, a plataforma se conecta com impressoras.
Depois que o aplicativo já estava fazendo sucesso entre os dermatologistas - cerca de 40% desses profissionais no País a usavam -, os empreendedores resolveram ampliar a iniciativa.
A partir de 2014, a Memed já estava funcionando para todas as especialidades e utilizando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como base de dados oficiais, ou seja, eles atualizam as informações de acordo com o órgão.
Atualmente, a empresa possui também um aplicativo e conta com cerca de 25 mil usuários, todos médicos. "É feita a validação do CPF para ver se o usuário realmente possui cadastro no Conselho Regional de Medicina [CRM]", diz Moraes. Dessa forma, a plataforma é restrita e gratuita aos médicos.
Para tentar ganhar relevância, a startup participou no ano passado do programa Pitch Gov SP, promovido pelo governo paulista, e foi selecionada para realizar testes. Até o final deste semestre a Memed vai testar sua plataforma com toda a base de médicos que trabalham no Hospital do Servidor e no Hospital Pérola Byington, ambos na capital paulista.
VERSÃO VETERINÁRIA E OUTRAS
Com uma ideia semelhante, mas voltada aos veterinários, atua a VetSmart. "A ferramenta ajuda os profissionais a encontrar os produtos que existem no mercado e a entrar em contato com os laboratórios. E damos referências de valores para facilitar na prescrição", diz Bruno Ducatti, um dos fundadores.
A VetSmart, fundada em 2013, quer mapear como os profissionais usam as informações da base de dados. "Dessa forma, conseguiremos gerar estatísticas do comportamento do veterinário, entender como e o que ele faz para transformar em estatísticas e comercializar no mercado", explica Ducatti.
Há ainda uma série de aplicativos específicos para médicos. Em três anos, a startup PEBmed já lançou cerca de 20 desses apps, todos voltados a profissionais ou estudantes de medicina. Depois de obter 100 mil usuários e 500 mil downloads, a empresa quer agora reunir todos os seus aplicativos em um único produto, o Whitebook. "Hoje nosso foco é criar uma ferramenta única para o médico e juntar os aplicativos em um só", diz o CEO Bruno Lagoeiro.
O intuito do Whitebook é ajudar o médico na tomada de decisão. Para isso, o aplicativo oferece funcionalidades como consulta de doses de medicamentos, de modelos de prescrição e protocolos indicados no tratamento de cada doença.
A ideia de Lagoeiro é automatizar e tornar mais velozes as pesquisas que o médico já faz no dia a dia. "Eles consultavam informações em livros. Queremos facilitar e tornar essas ações mais rápidas", diz.
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União libera R$ 1,2 bi para combater ‘ Aedes’
24/03/2016 - O Globo
O governo federal anunciou ontem um investimento de R$ 1,2 bilhão no combate ao mosquito Aedes aegypti nos próximos quatro anos. Do total, R$ 550 milhões sairão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os outros R$ 649 milhões virão dos ministérios da Saúde, da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A presidente Dilma Rousseff reconheceu o “momento crítico da saúde pública do nosso país” e a “etapa de dificuldades fiscais”, mas reafirmou o compromisso da União no combate ao mosquito.
— Eu quero cumprimentar a comunidade brasileira na área de saúde pela rápida reação no momento crítico da saúde pública do nosso país. Cabe a nós, agora, dar todas as condições, mesmo nessa etapa de dificuldades fiscais, para que esse trabalho se coloque em novos patamares. Como eu disse antes, nós temos compromisso de não deixar faltar recursos para essas pesquisas — disse Dilma. — Estamos todos nós correndo contra o tempo para conhecer melhor esse vírus que se espalhou com uma velocidade surpreendente e extraordinária. Verdadeiramente, uma velocidade espantosa pelo mundo.
O Ministério da Saúde anunciou também um edital de R$ 20 milhões para pesquisas sobre o Aedes aegypti. Além disso, o teste com o mosquito com a bactéria Wolbachia — que reduz a capacidade de o inseto transmitir zika, chicungunha e dengue — deve entrar em uma nova fase. Já houve experimentos em Tubiacanga, na Ilha do Governador, e em Jurujuba, em Niterói.
CASOS DE CHICUNGUNHA
O ministério também divulgou ontem o número de casos da febre chicungunha no país. Em 2016, foram 2.897 notificações suspeitas, das quais 2.503 continuam sob investigação. O restante foi confirmado por exame laboratorial ou critério clínico. Embora a infecção por zika tenha sido declarada de notificação compulsória há cerca de um mês, o informe do ministério não traz dados sobre número de doentes.
O boletim do Ministério da Saúde também traz números de dengue. Já são 300.980 casos no país, de 3 de janeiro a 20 de fevereiro. A quantidade é 49,5% maior que os 201.343 registros feitos no mesmo período do ano passado. O índice por cem mil habitantes passou de 98,5 para 147,2.
O número de mortes causadas por dengue, na comparação entre os dois períodos, caiu 77%, de 161 para 37. No entanto, há ainda 119 óbitos em investigação.
O Sudeste registra o maior número absoluto de casos prováveis de dengue (56,3% do total) em 2016, seguido do Nordeste (16,8%), Centro- Oeste (13,7%), Sul (8%) e Norte (5,2%).
Surto acelera vacina e faz hospital criar ‘ala da gripe’ em SP
24/03/2016 - Folha de S.Paulo
O aumento inesperado de casos de gripe influenza levou hospitais privados de São Paulo a criar alas especiais para atender os infectados e a uma tentativa do governo paulista de acelerar a vacinação de combate ao vírus A (H1N1).
Prevista a partir de 30 de abril, quando começa a campanha nacional, a vacina já foi antecipada, com lotes do ano passado, na região noroeste do Estado — assim como ocorrerá com profissionais de saúde da capital.
O governo também negocia adiantar a compra da nova vacina, da fabricante francesa Sanofi Pasteur, diante do surto de gripe H1N1 dois meses antes do previsto.
Na rede particular, hospitais como Albert Einstein, Nove de Julho e Samaritano passaram a reservar nas últimas semanas áreas específicas aos pacientes gripados para evitar a transmissão do vírus na espera por atendimento.
Eles recebem máscaras assim que chegam ao pronto socorro. “É uma forma de proteger quem está do lado”, afirma Antonio Carlos Pignatari, infectologista do Nove de Julho, onde foram confirmados (por exames) neste ano 15 casos de H1N1 —14 em março.
Em 2014 e 2015,foram quatro casos confirmados, ao todo.
O “kit gripe” do Einstein inclui, além da máscara, lenços de papel e álcool gel. Os atendimentos por influenza (com diagnóstico clínico) no hospital tinham, até dia 19, subido quase 150% em relação ao mesmo período do ano passado — de 850 para 2.108.
No Samaritano, a ala criada para atender pacientes com dengue e zika acabou usada para vítimas de gripe.
Segundo Bianca de Miranda, infectologista do hospital, foram 109 casos positivos de H1N1 até 19 de março, contra nenhum na mesma época de 2015. Duas pessoas morreram.
Só a forma mais grave da gripe, a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), é de notificação compulsória.
Na capital, havia nos últimos dias 35 casos da síndrome associados ao H1N1, com 12 mortes —em igual período de 2015, quatro casos e nenhum óbito. No Estado,havia 191 casos de SRAG atribuídos ao vírus influenza em geral (157 ao H1N1), com 27 mortes —em dois meses, mais de metade do ano passado inteiro.
A região de São José do Rio Preto é epicentro do surto de H1N1 no Estado, com 82 casos e dez mortes. Por isso, a vacinação começou nesta quarta (23) para a população de maior risco (como idosos, gestantes e crianças).
Essa vacina vem do estoque do ano passado e tem composição diferente da que será aplicada no fim de abril. É provável que essas pessoas tenham que ser revacinadas porque só estarão imunizadas para o H1N1 que circulou em 2015, não contra outros vírus influenza.
Vírus atinge médicos e enfermeiros do HC
24/03/2016 - Folha de S.Paulo
O surto de gripe A (H1N1) na capital paulista também atinge médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Ao menos 50 funcionários foram afetados nas últimas semanas, após o hospital registrar aumento do número de pacientes com o vírus, de acordo com Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria de Estado da Saúde do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Alguns profissionais tiveram insuficiência respiratória e precisaram ser até mesmo internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Segundo Boulos, a secretaria está negociando com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o envio de 20 mil doses da vacina para imunizar os funcionários do hospital.
O Estado também analisa estender a imunização extra a outros grupos de risco.
“O surto de gripe está na cidade toda, e o Hospital das Clínicas reflete isso. Dos dez pacientes que eu atendi hoje, seis estavam com influenza.
Tem paciente que ficou uma semana de cama”, afirma o clínico-geral Gustavo Gusso, professor da Faculdade de Medicina da USP.
Boulos afirma que o aumento de casos de gripe H1N1, dois meses antes do esperado, “é totalmente atípico para essa época do ano”.
hipótese Para o infectologista Artur Timerman, uma hipóteses para explicar a situação é que o vírus tenha sido “importado” do hemisfério Norte e encontrado condições favoráveis para se proliferar.
“Está tendo um surto de gripe A (H1N1) na Flórida, especialmente em Orlando. E muitos brasileiros viajam para lá”, afirma.
De acordo como infectologista Celso Granato, professor da Unifesp(Universidade Federal de São Paulo) e diretor clínico do grupo de diagnóstico Fleury,a antecipação dos casos de gripe pegou“todo mundo de surpresa”.
Nem a rede privada dispõe ainda da vacina preconizada para este ano, que contém o influenza A, dois tipos de influenza B distintos eoH1N1.
Ela deve chegar ao Brasil em 11 de abril.
O medicamento Tamiflu, usado para combater a gripe, também está em falta nas farmácias.
Dilma diz que irá liberar R$ 1,2 bilhões em quatro anos para combater aedes
23/03/2016 - Folha de S.Paulo / Site
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (23) a liberação de R$ 1,2 bilhões ao longo dos próximos quatro anos para o combate ao Aedes aegypti e para pesquisas e fomento à produção de meios de combate ao vírus da zika e às outras doenças transmitidas pelo mosquito, como a chikungunya e a dengue.
Em evento no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff afirmou que, mesmo diante de um cenário de ajuste fiscal e crise econômica, o governo irá garantir os recursos para que haja avanço nas pesquisas e nas ações de extermínio do mosquito. "Queremos aprimorar os testes para tornar mais rápido o diagnóstico e as medidas de atenção às pessoas contaminadas", disse.
No total, os ministérios da Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia liberarão R$ 650 milhões. O restante será complementado por recursos do BNDES (R$350 milhões) e do Finep (R$ 200 milhões).
Segundo o ministro Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), serão destinados R$ 304 milhões neste ano, R$ 162 milhões em 2017, R$ 136 milhões em 2018, e R$ 45 milhões para os anos seguintes. Os investimentos fazem parte do Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à microcefalia.
"Sabemos que a transmissão do zika se dá pelo mosquito aedes mas o restante do nosso conhecimento ainda está aquém do necessário. Estamos todos nós correndo contra o tempo para conhecer melhor esse vírus que se espalhou com uma velocidade verdadeiramente surpreendente, extraordinária e espantosa pelo mundo", afirmou Dilma.
IMPORTÂNCIA
Para a presidente, a liberação de recursos é "de extrema importância" neste momento para que o combate às doenças relacionadas ao aedes sejam de fato combatidas.
O cronograma de liberação dos recursos, porém, ainda não foi divulgado pelo governo. Segundo a presidente, a verba irá custear a produção de vacinas, testes de diagnóstico mais rápidos e estratégias mais eficazes de combate ao mosquito transmissor.
Durante o evento, os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) elogiaram o empenho do governo em relação aos problemas advindos do surto de zika no país e enfatizaram que agora o país atingirá outro patamar.
Dilma afirmou ainda a importância de colocar a população também como responsável pelo combate ao mosquito em suas casas e outros ambientes em que as pessoas frequentam. "Reitero o pedido de 15 minutos por semana para que as pessoas façam a vistoria em suas próprias casas para exterminar os criadouros. Eliminá-los é eliminar a possibilidade de uma criancinha brasileira nascer com microcefalia.
Tratamento hoje no Brasil é menos invasivo, afirma pioneiro da oncologia
23/03/2016 - Folha de S.Paulo / Site
O tratamento de câncer no Brasil é muito melhor hoje do que era décadas atrás. Quem diz é quem estava lá.
Pioneiros da oncologia ouvidos pela Folha concordam que, se ainda há muito o que se descobrir sobre o câncer, hoje o conhecimento sobre a doença é muito maior do que quando começaram.
"O tratamento hoje é mais contemplativo, menos invasivo, não prejudicando a sobrevida do paciente," diz Humberto Torloni, que começou a carreira nos anos 50 e até hoje cuida dos registros hospitalares A.C.Camargo Cancer Center.
Para certos perfis de tumor, melhor tratamento pode ser não fazer nada
23/03/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Há 13 anos, a esteticista Rosângela Bittencourt, 53, recebeu um diagnóstico que lhe tirou o chão: tinha um tumor de mama e precisaria se submeter à retirada dos seios. Após dois anos e muitas reuniões da equipe médica, nada de a cirurgia ser marcada.
Ao mesmo tempo, Rosângela se aproximou das práticas da medicina tradicional chinesa, adotou uma alimentação mais saudável e exercícios na rotina diária, além de diminuir o ritmo de trabalho.
"Entendi que, se meu corpo desenvolveu o tumor, ele poderia se livrar dele."
Foi quando tomou uma atitude radical: à revelia dos médicos, decidiu não fazer o tratamento proposto -cirurgia e hormonoterapia, bloqueio de hormônios que estimulam o crescimento tumoral.
"As pessoas achavam que eu era maluca", diverte-se. A última mamografia, feita há três anos, não aponta mais sinais de câncer, segundo ela.
Provavelmente, grande parte dos oncologistas continua considerando a atitude de Rosângela, no mínimo, imprudente. Mas ela começa a encontrar respaldo em estudos que apontam que, para certos perfis de tumor e de pacientes, o melhor tratamento pode ser não fazer nada.
O tumor de Rosângela, chamado carcinoma ductal in situ, é considerado não invasivo na maioria dos casos. As células anormais ainda estão confinadas nos canais que drenam o leite materno.
"O problema é que não sabemos quais desses tumores vão ou não progredir. Para uma mulher jovem, não fazer nada pode ser muito temeroso", afirma o mastologista José Luiz Bevilacqua, do AC Camargo Cancer Center.
Segundo ele, faltam mais dados sobre as características do tumor e das pacientes para as quais "não tratar" seria uma opção segura.
Essa postura "mais liberal", afirma ele, talvez possa ser aplicada a mulheres mais idosas, com tumores pequenos e de baixo grau de malignidade. "Você pode dar um [remédio] anti-hormônio e é provável que a pessoa vai morrer de outra coisa. Às vezes, a lesão até desaparece."
Com o advento da mamografia, o diagnóstico do carcinoma ductal in situ aumentou de 3% para 25% em três décadas. Mas o índice de mortalidade permaneceu inalterado, independentemente do tratamento adotado.
"Estamos identificando muitas alterações, em razão do diagnóstico precoce, que não se tornariam um problema. Estamos operando e tratando muito, mas a mortalidade não caiu na mesma proporção", diz o mastologista Antonio Frasson, do Hospital Albert Einstein.
Nos últimos anos, estudos apontaram que apenas 30% dos casos de carcinoma in situ evoluíram para um tumor agressivo. O resto teve crescimento lento e sem malignidade. Em alguns, houve regressão ou desaparecimento.
"Como não sabemos identificar esse paciente [de baixo risco] ou qual é o 'defeito' que pode evoluir para carcinoma invasor, tratamos todo mundo igual", afirma.
A questão é que ainda não há exames tumorais, por exemplo, capazes de prever com precisão quais células se tornarão malignas, quando e como isso acontecerá.
Hoje, cinco centros da Universidade da Califórnia acompanham mulheres com carcinoma in situ que não serão submetidas a terapias para que seja avaliado o tipo de célula que pode evoluir ou não.
A proposta de acompanhar tumores em estágio inicial de baixa malignidade e de crescimento lento não é exatamente nova. Chamada de vigilância ativa, ela é adotada desde a década de 1990 em casos de tumor de próstata.
Segundo Gustavo Guimarães, chefe de urologia do AC Camargo, há vários critérios de seleção a serem adotados, como o paciente não ter nódulos visíveis e apresentar exame de PSA abaixo de 10.
Entre pacientes mais jovens, o tema é mais controverso porque há riscos associados às biopsias frequentes feitas para acompanhar a evolução do tumor.
"Podem ter sangramentos, processos inflamatórios e fibrose. Se no futuro esse paciente tiver que ser operado, pode ser mais complicado", afirma Guimarães.
O processo de vigilância, diz, tem sido adotado com mais frequência para idosos. A partir dos 80 anos, não são mais indicadas biopsias ou exames de PSA para o paciente de baixo risco.
Nos casos de câncer de tireoide, a vigilância é adotada com grávidas, desde que o tumor seja pequeno. "A gente acompanha a gravidez e a amamentação e opera depois sem prejuízo", diz o cirurgião Luiz Paulo Kowalski.
Número de infectados pelo vírus H1N1 aumenta em São Paulo
23/03/2016 - G1 - Jornal Hoje
A gripe A chegou mais cedo no estado de São Paulo este ano. Na Região Metropolitana, o número de pessoas infectadas pelo vírus H1N1 já é três vezes maior do que no ano passado.
No Brasil inteiro, a vacinação contra a gripe a só começa no fim de abril, mas 67 cidades da região de São José do Rio Preto começaram a ser imunizadas nesta quarta-feira (23). É lá que estão metade dos casos registrados no estado: foram 70 dos 157 casos confirmados e sete das 14 mortes.
Porém, não é só no interior do estado que o aumento de H1N1 preocupa. Um pronto socorro na Zona Sul de São Paulo recebe, todos os dias, pacientes reclamando de sintomas de gripe. Desde o início do ano, a instituição já confirmou 19 casos de H1N1. O que chama a atenção dos médicos é que neste mesmo período, no ano passado, não apareceu nenhum paciente com sintoma da doença.
Não se sabe porque o número de casos aumentou e nenhuma hipótese está sendo descartada. “Esse verão não foi muito típico, foi verão com muita chuva, as pessoas ficaram com medo de se expor em área livre, por conta da dengue, do zika e da chikungunya. A gente acha que houve maior aglomeração e talvez contaminação viral maior”, afirma Régia Damous, infectologista responsável pela unidade de Saúde.
As máscaras viraram equipamento obrigatório nas salas de espera de hospitais. Todo mundo é orientado a se proteger. A bancária Julia Diniz chegou ao hospital passando muito mal. “Várias pessoas de onde eu trabalho começaram a ficar com gripe e uma delas foi diagnosticada com H1N1. Minha chefe me liberou de manhã e disse: ‘vai lá que pode ser perigoso’”, relata.
Por enquanto, o governo não pensa em antecipar a campanha de vacinação para outras regiões. “Nesse momento, considerando a situação epidemiológica de outros municípios, a antecipação está ocorrendo apenas na região de São José do Rio Preto”, relata Helena Sato, diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saúde.
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