
CLIPPING - 02/10/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Anvisa suspende prazo da primeira etapa de rastreabilidade de remédios
01/10/2015 - Folha de S.Paulo / Site
A diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta quinta-feira (1°) suspender o prazo para a primeira etapa do sistema de rastreabilidade de medicamentos no país, previsto para dezembro deste ano.
Conhecido como "RG dos remédios", o objetivo do sistema é controlar todo o caminho desses produtos –da indústria às distribuidoras, passando pela farmácias e ao próprio consumidor. Inicialmente, a meta era que as indústrias farmacêuticas entregassem três lotes rastreáveis de medicamentos até esta data para a realização de testes do sistema.Um ano depois, em 2016, o modelo –que prevê a impressão de um código bidimensional e um número único de identificação nas embalagens, próximos à data de fabricação e número do lote– deveria ser implementado para todos os remédios. A estimativa é que 3,9 bilhões de embalagens circulem por ano no país.
A decisão por suspender a primeira etapa de testes ocorre após pressão do setor, que reclamava dos custos diante da crise financeira e dos riscos do compartilhamento dos dados que podem ser gerados com a rastreabilidade.
O prazo final para o sistema começar a operar, previsto para 2016, no entanto, ainda está mantido.
Segundo diretores da agência, a decisão sobre rever as datas cabe ao Congresso, que analisa o tema.
Após parte do setor cogitar adiar a medida por cerca de dez anos, representantes da indústria farmacêutica, distribuidores e do varejo pedem agora que o prazo seja estendido por quatro anos e oito meses, período no qual seriam realizados testes e inseridos códigos em todos os novos medicamentos.
Para Telma Salles, da Pró-Genéricos, a medida pode dar espaço para mudanças na norma no Congresso. "Fica claro que o sistema de controle de medicamentos só será feito se for abrangente [em todo o setor]", diz.
Questionado, o presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, nega riscos à rastreabilidade com a suspensão dos prazos da primeira etapa. "A apresentação dos três lotes não comprova que a indústria está preparada", afirma. "Ter que apresentar os lotes sem ter uma definição clara de como seria o sistema gerava uma insegurança muito grande em todo o setor", diz o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini.
CONTROLE DOS DADOS
Além da suspensão dos prazos, a agência também definiu nesta quinta-feira que irá fazer ajustes na norma atualmente em vigor.
O principal ponto em debate é quem deve administrar os dados que serão gerados a partir do rastreamento dos remédios, função que, na proposta anterior, seria atribuída aos fabricantes dos medicamentos.
Associações de farmácias, porém, veem riscos à questão da concorrência caso as informações de venda ao consumidor sejam compartilhadas com os produtores.
Para a Anvisa, o modelo atual também pode trazer prejuízos graves ao SUS, um dos principais compradores de medicamentos produzidos no país.
Conforme a Folha publicou nesta quinta, a agência defende um novo modelo de controle dos dados gerados a partir da rastreabilidade, centralizado no próprio governo.
Neste caso, a Anvisa receberia diretamente das indústrias, distribuidoras e pontos de venda os dados dos medicamentos, sem intermediários.
"A agência vai ter acesso aos dados e pode utilizar essas informações na medida em que a saúde da população precisa ser preservada", diz o diretor Renato Porto.
Agora, a ideia é que a norma seja ajustada para inclusão do novo modelo. A expectativa é que o ajuste ocorra até o final deste ano.
Entidades que representam o setor disseram aprovar o novo modelo.
"Não vejo outro caminho, sobretudo em um momento em que o mundo inteiro discute o acesso à informação e à privacidade dos dados", diz Sérgio Mena Barreto, da Abrafarma, entidade que representa farmácias.
Já o presidente da Interfarma, entidade que representa parte da indústria do setor, vê a proposta com ressalvas.
"Supor que o setor público vai ter recursos e agilidade [para manter um banco de dados do rastreamento dos remédios] me parece confiar demais. Isso pode atrasar a rastreabilidade", diz Antônio Britto.
Ele defende unir "rigor público" e "agilidade privada", em um modelo em que a Anvisa centraliza as informações, mas contrata o sistema em vez de desenvolvê-lo.
Mercado Aberto: Exportações de medicamentos recuam 16%
02/10/2015 - Folha de S.Paulo
A desvalorização de 22,6% do real em relação ao dólar registrada nos sete primeiros meses deste ano não conseguiu impulsionar as exportações da indústria farmacêutica brasileira, que recuaram 15,99% no período.
A queda das vendas para outros países foi mais acentuada do que a das compras. A retração das importações, decorrente da debilidade do mercado interno, ficou em 8,44%, segundo o Sindusfarma (sindicato do setor).
"Na área farmacêutica, não se conquista mercado por causa de variação cambial. Não é uma commodity", diz o presidente da entidade, Nelson Mussolini.
"Cada medicamento exportado precisa ter registro no país [de destino]."
O ganho de competitividade em alguns países da América Latina também levou empresas a adquirir ou instalar fábricas na região, segundo o executivo. A Eurofarma, por exemplo, tem unidades na Colômbia e na Argentina.
"Ainda tem a concorrência forte com produtos, principalmente genéricos, da China e da Índia", diz.
"O dólar alto acaba atrapalhando o setor, porque somos mais dependentes da importação [de insumos] do que exportadores. A rentabilidade das empresas piorou e isso terá um impacto nos descontos repassados pelas farmácias."
O deficit da balança comercial do setor passou dos US$ 3,4 bilhões dos primeiros setes meses de 2014 para US$ 3,2 bilhões no mesmo período deste ano, o que representa um recuo de 6,43%.
Governo zera previsão de descontos da Farmácia Popular a partir de janeiro
30/09/2015 - G1 - Bom dia Brasil
O governo zerou o dinheiro para o programa de descontos da Farmácia Popular a partir do ano que vem. Com isso, o aumento do preço de vários remédios importantes pode ser absurdo. Se já está difícil agora, imagine quando 24 remédios perderem esse desconto de 90%. São remédios para tratamento de várias doenças, como colesterol, Parkinson e osteoporose. Quem depende deles, não sabe o que vai fazer.Quem toma remédio de uso contínuo fica de olho nos descontos, principalmente os do programa Farmácia Popular. Remédios para tratar várias doenças, como osteoporose, Mal de Parkinson, rinite e até fraldas geriátricas podem sair bem mais baratos. Os descontos chegam a 90%. Mas os cortes no orçamento do Ministério da Saúde devem comprometer o programa no ano que vem. O projeto que está no Congresso não tem nenhum recurso previsto para manter os descontos nas farmácias. A aposentada Ivonice Abreu está preocupada. Diz que gasta muito por mês.
Ivonice: Na base de R$ 300, com os descontos.
Bom Dia Brasil: E se os descontos acabarem?
Ivonice: Aí, vai a RS 600, R$ 700, fica difícil para manter sim.
O Ministério da Saúde confirma a informação. Em nota, diz que a proposta de orçamento para o ano que vem prevê um corte de R$ 578 milhões no programa, o que vai ter impacto direto na oferta de remédios com desconto, que deixará de existir. E que isso deve sobrecarregar as redes municipais e estaduais de saúde. Mas o Ministério afirma que está trabalhando para tentar reverter essa situação e encontrar novas fontes para financiar o programa.
O governo também explica que uma parte importante do Farmácia Popular não foi atingida pelos cortes. E está mantida para o ano que vem a gratuidade para vários remédios que tratam hipertensão, diabetes e asma.
A tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Mônica Miranda é diabética. Pega o remédio de graça na farmácia e ficou aliviada com a notícia de que pelo menos uma parte do programa está garantida. Mas ela tem que comprar outros remédios caros. E diz que fica preocupada com as famílias que podem perder o desconto.
“Pesa e muito, porque tem a questão da saúde, a questão da alimentação, você fica entre uma situação e outra, ou come ou compra medicação, e são necessidades primárias”, queixa-se.
Só para se ter uma ideia de quanto o fim deste programa pode pesar no orçamento das famílias, vamos ver um remédio que é usado no tratamento de colesteral alto. Uma caixinha dá para um mês. Se for comprado no programa Farmácia Popular ele sai a menos de R$ 2. Sem desconto, pode chegar a R$ 70.
A professora Maria Luiza Calcanho toma o remédio para controlar o colesterol e diz que o desconto é muito importante.
“Complica, porque, normalmente, quanto mais idosa a pessoa fica, mais remédio ela toma. Aí, se você tem um casal de idosos dentro de casa, é o dobro”, diz.
As farmácias que têm convênio com o programa também estão preocupadas porque recebem dinheiro do governo para compensar os descontos.
“É bem relevante, é muito importante para nós que esse projeto continue”, afirma uma farmacêutica.
Para a Associação Médica Brasileira, a estratégia do governo com esse corte pode ser um tiro no pé porque, sem os descontos, muita gente pode interromper tratamentos, alerta um representante da AMB.
“O índice de doença aumenta, aumenta a internação, aumenta a despesa do governo, aumenta a despesa do hospital”
Na nota divulgada, o Ministério da Saúde diz que trabalha para solucionar o problema e admite que a situação preocupa e traz riscos à manutenção do SUS, o Sistema Único de Saúde.
Novas diretrizes da OMS propõem medicamento preventivo contra a Aids
01/10/2015 - O Globo
Todas as pessoas que têm HIV deveriam ser postas imediatamente em tratamento antirretroviral e todos em risco de infecção deveriam tomar doses de drogas similares por precaução, segundo as novas diretrizes de prevenção e tratamento da Organização Mundial de Saúde ( OMS) divulgadas ontem. As novas diretrizes aumentam em nove milhões o número de pessoas que deveriam receber tratamento e em muitos milhões os que deveriam tomar as doses preventivas — diretrizes anteriores recomendavam essas doses preventivas para gays, prostitutas e pessoas com parceiros infectados.
O quanto isso vai custar e se poderia ser feito em escala mundial ainda está em análise, porque a despesa é enorme. Cerca de 37 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV, segundo a OMS, e cerca de 28 milhões de se qualificam para o tratamento.
BRASIL AVALIA DADOS EM OUTUBRO
No Brasil, desde 2013 o Ministério da Saúde distribui, através do Sistema Único de Saúde ( SUS), antirretrovirais para todos os portadores de HIV. Também são distribuídos pelo SUS medicamentos para a profilaxia pós- exposição ( Pep), até 72 horas após a relação sexual sem preservativo.
Já quanto à profilaxia pré- exposição ( Prep), o Ministério da Saúde espera os resultados de pesquisas em andamento para avaliar como funcionaria na prática a administração das doses de tenofovir e entricitabina ( o composto conhecido como Truvada). No mês que vem, uma reunião do Ministério da Saúde com pesquisadores e a comunidade pode definir que política adotar no SUS.
Há três caminhos de administração do medicamento que impede a multiplicação do vírus: um comprimido quatro vezes por semana; um comprimido sete vezes por semana; ou sob demanda, que seria tomar dois comprimidos até duas horas antes da relação sexual, outro comprimido 24 horas depois, e outro 48 horas depois.
— A eficiência desses medicamentos é até maior que a da camisinha — diz o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.
Pacientes com hepatite C reclamam da espera por novos medicamentos
30/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site
Imagine sofrer há 15 ou 20 anos com uma doença viral grave ou ser familiar de alguém que passe por esse sofrimento. Daí você descobre que novos medicamentos podem representar, na prática, a cura dessa moléstia, mas o custo desse tratamento pode chegar a R$ 546 mil.
Se você é brasileiro pode contar, em tese, com o SUS (Sistema Único de Saúde) para financiar a compra desses medicamentos. Contudo, o que fazer se até mesmo essa ajuda parece demorar demais? Para um grupo de pacientes com hepatite C e seus familiares a ideia foi aderir a um grupo pela internet e exigir que o custeio desse tratamento aconteça o mais rápido possível.
O "Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite" e o portal "Hepato", que reúnem mais de 40 mil curtidores em todo o Brasil, questionam porque os medicamentos simeprevir, sofosbuvir e daclatasvir ainda não estão sendo distribuídos para os pacientes infectados com o vírus, mais de três meses após a aprovação de seu uso.
Em junho, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) aprovou a incorporação dos três remédios que, segundo o Ministério da Saúde, tem seis meses como prazo máximo legal para serem distribuídos na rede pública de saúde.
Mas apesar de não poder se falar ainda em atraso, para quem vê a própria vida ou a de um parente ameaçada de ser interrompida a qualquer momento, esperar mais três meses é uma hipótese considerada "absurda".
"Você saber que tem um medicamento que pode curar uma pessoa da sua família e não ter acesso é uma coisa absurda", protesta Valéria Corrêa Mello. A mãe dela, a dona Arlete Talarico Corrêa Mello, 79, sofre com a enfermidade há quase 13 anos.
"Ela já passou ao estágio de início de cirrose e no relatório médico dela diz que o risco de aparecer um câncer, a qualquer momento, é muito alto. Aí, esses remédios não vão fazer efeito nenhum", conta.
"Como minha mãe já é reincidente no tratamento, os remédios que ela precisa custam R$ 546 mil. Quantas pessoas no Brasil podem pagar? A maior parte dos pacientes precisa por menos semanas, 12 em média. A minha mãe precisa por 24 semanas. Só o simeprevir custa R$ 210 mil", relata.
23 ANOS DE LUTA
O senhor Osvaldo Jorge Simões Buschi está há ainda mais tempo lutando contra a hepatite C e deposita todas as suas esperanças de cura nos três novos medicamentos. São mais precisamente 23 anos enfrentando a doença.
"Eu sou portador do genótipo 1a, de hepatite C. E a hepatite C tem vários genótipos de vírus", explica com a autoridade de quem conhece bem o inimigo microscópico.
"O primeiro tratamento que eu fiz foi convencional, com interferon e ribavarina. Eram três aplicações semanais. Depois do convencional, veio o outro tratamento, que eu fui submetido por dois anos. Porém, essas medicações em si são paliativas. Tratam a causa, não procedem a cura. Essa, é a grande diferença. Os novos medicamentos curam e deixam o vírus indetectável", relata.
Ele deseja que os medicamentos sejam distribuídos o mais rapidamente possível. "O ministro Arthur Chioro prometeu. Fez um contrato com os laboratórios internacionais para providenciar os remédios via oral", cobra.
DE PACIENTE A ATIVISTA
A luta contra a hepatite C, para Carlos Varaldo, foi muito além da busca pelo que muitos julgavam uma improvável cura, após ele receber a previsão de que teria apenas seis meses de vida.
Não aceitando o prognóstico negativo, ele buscou os tratamentos mais inovadores e eficazes disponíveis na década de 1990. Acabou chegando à combinação entre interferon e ribavarina, tratamento que é padrão hoje.
"Eu me tratei durante 21 meses. Tomando três injeções por semana e quatro pílulas por dia. No vigésimo mês, ainda estava positivo, mas acabei o tratamento e seis meses depois estava negativado [sem vírus detectáveis no organismo] e continuo assim até hoje", comemora.
"Tempos depois, uma amiga minha descobriu que tinha hepatite C. Mas ela não tinha como se tratar. Não tinha tratamento gratuito. Não tinha consenso em protocolo de tratamento no mundo. Então, surgiu a ideia de formar um grupo para conseguir que o governo desse atenção à hepatite. Na primeira reunião tínhamos 3 mil pessoas. Hoje temos 32.500 associados", relata Varaldo, que hoje é presidente do "Grupo Otimismo".
Sobre os novos medicamentos, Varaldo expressa ao mesmo tempo satisfação e preocupação. Embora elogie como sendo inovadora a forma como o Ministério da Saúde negociou a compra desses produtos, ele critica a demora para que o tratamento efetivamente chegue à rede pública de saúde.
"Qual o problema neste momento? No final de julho, foram assinados os contratos. Um medicamento, o daclatasvir, foi pago e já foi entregue. Está em Brasília. Os outros dois medicamentos, o sofosbuvir e simeprevir foram assinados os contratos. Em agosto, eles foram publicados no Diário Oficial, mas entrou a crise, entrou o [ministro Joaquim] Levy e se suspendeu o pagamento", critica.
"O pagamento tem que sair. Esse dinheiro está empenhado. Mas até hoje está tudo parado e esse é o grande medo. Com a mudança do ministro não sabemos o que vem por aí", questiona.
O DAF (Departamento de Assistência Farmacêutica), ligado ao Ministério da Saúde, teria acenado com a possibilidade de colocar os três novos medicamentos à disposição, a partir da 2ª quinzena de outubro, segundo Varaldo.
OUTRO LADO
De acordo com o Ministério da Saúde não se pode falar em atraso no caso da distribuição dos medicamentos daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir, apesar de justificada a ansiedade dos pacientes e familiares.
"O Ministério da Saúde reforça que os três novos medicamentos (daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir) para tratamento de hepatite C estarão disponíveis na rede pública de saúde até dezembro, conforme anunciado pela pasta em julho deste ano. Cabe informar ainda que, como esses produtos foram incorporados no SUS em julho deste ano, a oferta está dentro do prazo previsto", explica nota do ministério.
Ainda segundo a pasta, "inicialmente, os medicamentos devem atender a cerca de 30 mil pacientes com dificuldades de cura com o tratamento já disponível. Entre eles estão pacientes em retratamento, com HIV, cirrose descompensada e que passaram por transplante".
O comunicado exalta também o fato de que "o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a incorporar a nova terapia, que trará um avanço importante na assistência dos pacientes com hepatite C, aumentando as chances de cura em mais de 90% e diminuindo o tempo de tratamento".
A compra dos três novos medicamentos, segundo o ministério, envolve R$ 500 milhões em investimentos. Por fim, a nota do órgão federal cita os medicamentos já disponíveis no SUS para tratar a doença. São eles:
- Alfainterferona 2b 3.000MUI
- Alfainterferona 2b 5.000MUI
- Alfapeginterferona 1A de 180 mcg
- Alfapeginterferona 1B de 80, 100 e 120 mcg
- Ribavirina 250mg
- Boceprevir 200mg
- Telaprevir 375mg
- Filgrastim 300 mcg
Anvisa quer centralizar rastreamento de remédios
01/10/2015 - Folha de S.Paulo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vai propor um novo modelo para administrar os dados gerados a partir da rastreabilidade de medicamentos, medida inicialmente prevista para ser implementada até 2016.
Conhecido como RG dos remédios, o objetivo do sistema é controlar todo o caminho desses produtos –da indústria às distribuidoras, passando pela farmácias e ao próprio consumidor.
Pela proposta aprovada anteriormente, os dados, que permitem saber a localização dos produtos, ficariam de posse dos fabricantes.
Agora, a agência irá propor um modelo próprio e centralizado de informações. Neste caso, o governo receberia diretamente das indústrias, distribuidoras e pontos de venda os dados dos medicamentos, sem intermediários.
A nova proposta, à qual a Folha teve acesso, deve ser apresentada em reunião da agência nesta quinta (1º).
A medida responde a críticas do setor, especialmente do varejo, que vê riscos no compartilhamento de alguns dados com os laboratórios farmacêuticos.
Entidades como a Abrafarma, que representa um terço das farmácias no país, entraram na Justiça contra a Anvisa para evitar o problema. A preocupação é que o acesso às informações poderia ferir a questão de concorrência.
Com as reformulações, a agência espera reconciliar o setor sobre a proposta da rastreabilidade e evitar o naufrágio da medida, criada por uma lei federal há seis anos.
Com o rastreamento, a Anvisa espera evitar falsificações de remédios, impedir a distribuição de produtos fora da validade e acelerar o recall em caso de problemas, entre outras medidas.
O rastreamento é feito por meio da impressão, em cada embalagem, de um código bidimensional e um número de identificação próximos às datas de fabricação e de validade e ao número do lote do medicamento.
PRAZOS
Inicialmente, a meta da Anvisa é que o sistema seja testado a partir do final deste ano –quando a indústria deve apresentar três lotes de medicamentos rastreáveis– e implementado em 2016.
O prazo, no entanto, tem dividido o setor.
Após propostas no Congresso de adiar a implementação da ferramenta de controle por até uma década, representantes da indústria farmacêutica, do varejo e distribuidores agora pedem que o processo seja implementado em até quatro anos e oito meses.
Procurada pela reportagem, a Anvisa diz esperar que o novo modelo para o sistema de controle de medicamentos possa simplificar o processo e acelerar o cumprimento do prazo inicial.
A previsão da agência é que o sistema fique pronto em até um ano. O custo é estimado em R$ 10 milhões.
O desafio de unir cientistas e empresários
02/10/2015 - Valor Econômico
Durante toda sua carreira como pesquisador e acadêmico, o professor Jorge Almeida Guimarães lidou com temas complexos, como enzimas proteolíticas e peptídeos biologicamente ativos. Agora, longe dos laboratórios, ele está prestes assumir uma missão de caráter muito diferente, mas igualmente desafiadora: aproximar universidades e empresas para acelerar a inovação no Brasil.
Guimarães toma posse, hoje, no cargo de diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma organização social criada em 2013 para reduzir a distância entre cientistas e empresários, que muitos consideram um dos principais empecilhos para a produtividade e a inovação no país.
"Na relação com a indústria, os pesquisadores precisam aprender a lidar com prazos, metas, valor de mercado etc. Muitos deles acreditam que suas pesquisas têm valor, mas nem sabem se há mercado para aquilo em que estão trabalhando", diz Guimarães.
O ponto de partida da Embrapii é a academia. Primeiro, são feitas chamadas públicas de qualificação para grupos de cientistas que atuam em universidades e centros de pesquisa, públicos ou privados. Os grupos aprovados tornam-se unidades da Embrapii. Esse selo é dado aos grupos avaliados, não à instituição como um todo.
Hoje, estão em funcionamento 13 unidades. Em cada uma delas pode haver um ou mais projetos em andamento. As áreas de atuação também variam bastante. Por exemplo, há uma unidade de engenharia submarina na Coppe, no Rio; uma de polímeros no Senai do Rio Grande do Sul; outra de material de alto desempenho no IPT, em São Paulo.
Pelas regras, a Embrapii entra com um terço dos recursos financeiros necessários à pesquisa. As empresas privadas envolvidas no projeto respondem por mais um terço. O restante é financiado pela instituição de pesquisa na qual está a unidade, na forma de salários para os pesquisadores, uso de laboratórios etc. "Isso reduz o risco para as companhias. De outra forma, elas teriam de fazer o investimento total sozinhas", afirma Guimarães.
Atualmente, cerca de 30 empresas trabalham com as unidades da Embrapii. A cervejaria Brasil Kirin tem uma parceria na área de biomassa para bebidas com o CNPEM, centro de energia e materiais; a Padtec fechou um acordo com o CPqD para criar sistemas de comunicações ópticas; e os grupos Natura, Boticário e TheraSkin Farmacêutica desenvolvem um projeto de nanoencapsulação de ativos cosméticos com o IPT.
Se para o cientista a chance é de ver sua pesquisa transformar-se em produto e chegar ao mercado, para a empresa trata-se de uma maneira de inovar sem ter de criar seu próprio braço de pesquisa.
A Embrapii se encarrega de divulgar o que os grupos estão fazendo para atrair mais empresas, mas a aproximação também pode partir diretamente dessas unidades, já que muitos pesquisadores têm relacionamentos com profissionais de mercado. "Buscamos nos concentrar no interesse da indústria e em competências únicas ou muito particulares da instituição de pesquisa", afirma Guimarães.
Em seis anos, a previsão da Embrapii é investir cerca de R$ 1,5 bilhão em projetos. Os recursos vêm dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação. No momento estão sendo avaliados 19 projetos, no valor de R$ 40 milhões.
A expectativa, diz o novo presidente da Embrapii, é ampliar o número de unidades para algo entre 22 e 24. As chamadas públicas estão prontas. Duas delas, já abertas, mostram o interesse dos pesquisadores. A primeira, destinada à área de "bio", recebeu 37 propostas; a outra, de interesse geral, atraiu mais de 60.
A biodiversidade é uma das áreas que vão merecer mais atenção da Embrapii. O negócio é complexo e depende de mudanças no quadro regulatório, mas se não houver investimentos nem as adequações legais, o país pode passar a ser alvo de biopirataria, alerta Guimarães. "Isso é fácil porque basta você cortar uma folha para extrair um grande número de informações".
A área química, especialmente o segmento relacionado aos fármacos, é outra prioridade. Nesse caso, a balança de pagamentos tem se mostrado muito desfavorável por causa da importação maciça de princípios ativos de medicamentos. Agricultura e defesa também estão na mira.
Os projetos em andamento na Embrapii começaram há cerca de um ano. O perfil em geral é de pesquisas de curto prazo, que duram entre um e dois anos, mas as unidades da Embrapii tem até seis anos para trabalhar com seus clientes. Ainda não foi definido se depois desse período cada unidade terá de passar por um novo processo de qualificação ou se haverá mecanismos de renovação automática.
Graduado em medicina veterinária, com doutorado em ciências biológicas, Guimarães tem experiência administrativa: por 11 anos, foi presidente da Capes, órgão de fomento à pesquisa ligado ao Ministério da Educação. O mandato tem duração de quatro anos. Ele substitui o professor João Fernando de Oliveira, que foi o primeiro presidente da Embrapii.
Bactérias no intestino dos bebês podem reduzir asma
02/10/2015 - O Globo
Pesquisa mostra que bactérias no intestino dos bebês evitam asma. Crianças com alto risco de desenvolver asma carecem de bactérias intestinais em seus primeiros meses de vida. Esta é a conclusão de um estudo canadense divulgado ontem, na revista “Science Translational Medicine”.
A partir das fezes de 319 crianças, em diferentes fases da vida, os pesquisadores identificaram quatro bactérias, chamadas FLVR, que parecem proteger o sistema imunológico. As amostras revelaram que as crianças que apresentavam baixos índices destes quatro tipos de bactérias, nos cem primeiros dias de vida, tinham risco maior de desenvolver asma aos 3 anos de idade, de acordo com testes de alergia, respiração e de pele. A mesma relação não foi observada em crianças de 1 ano, sugerindo que os primeiros meses de vida são cruciais para a proteção contra a doença.
Os especialistas acreditam que a introdução desses micro-organismos no corpo humano, no momento certo, pode ser uma forma eficaz para prevenir crises de alergias e de asma. Além disso, eles chamaram a atenção para outras experiências que mostraram que dar este coquetel bacteriano a ratos previamente livres de germes reduziu a inflamação nas vias aéreas de seus filhotes.
Segundo o pneumologista Carlos Alberto de Barros Franco, será preciso mais pesquisas para poder afirmar que este “pool de bactérias” pode ser introduzido em crianças ou bebês. Barros Franco também observou que a asma se manifesta em pessoas que têm predisposição genética. E que já é possível induzir uma mudança no organismo incluindo as chamadas bactérias boas, o que acontece em casos de diarreia por uso prolongado de antibióticos, por exemplo.
— O que a pesquisa canadense discute é a possibilidade de algumas bactérias boas poderem constituir a microbioma, ou seja, fazer parte do organismo normal, para evitar que bactérias nocivas possam determinar o desencadeamento de crises — explica. —Mas, um asmático, uma pessoa geneticamente determinada a ter esta doença, continuará a ser um asmático.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os pesquisadores acreditam que este estudo também pode ajudar a entender por que nos países desenvolvidos há mais crianças asmáticas. Desde 1950 o número de doentes aumentou nos países ocidentais, mas não houve aumento significativo nos países em desenvolvimento — o que talvez possa ser explicado por alguns excessos cometidos nos países ricos, como partos por cesariana, uso de fórmulas lácteas para complementar ou substituir o leite materno, e o consumo exagerado de antibiótico.
— Esta pesquisa sustenta a hipótese de que estamos convertendo nosso entorno num lugar limpo demais — diz Brett Finlay, coautor do estudo e professor de microbiologia e imunologia da Universidade British Columbia.
A alergista Teresa Seiller afirma que, de fato, as bactérias constituem papel importante no desenvolvimento da imunidade.
— Crianças que têm pouco contato com fatores externos acabam tendo mais facilidade de desenvolver doenças específicas, não desenvolve suas defesas — observa Teresa. — Mas também acredito que a vida tem o seu curso natural e que algumas defesas se constroem com o tempo. Não sei se é o caso de acelerar este processo — diz.
Fleury prevê expansão de 11% ao ano
02/10/2015 - Valor Econômico
O Fleury estima que sua receita bruta tenha um crescimento médio anual de 11% entre 2015 e 2020, acima dos 8,5% previstos para o setor de medicina diagnostica. Nos cinco anos anteriores, o Fleury obteve uma expansão orgânica média de 13%, enquanto o mercado cresceu 11%.
"Vivemos um cenário macroeconômico complicado para acertar na mosca, mas precisamos ter alguma previsibilidade nos negócios. Passamos por uma reorganização e hoje estamos preparados para enfrentar o atual cenário, além disso o setor de saúde é mais resiliente", disse Carlos Marinelli, presidente do Fleury, durante encontro para analistas.
Nas unidades com as bandeiras regionais localizadas em São Paulo (marca a ), Sul (Weinmann e a ) e Nordeste (Diagnoson), a previsão é que o faturamento cresça cerca de 14% ao ano. Já no Rio de Janeiro, onde o grupo é dono dos laboratórios Felippe Mattoso e Labs a , o crescimento previsto é de 11%.
Como usa materiais e equipamentos médicos importados, o comando do grupo calculou os efeitos que a alta do dólar deve ter sobre seu desempenho.
O impacto na margem Ebitda deve ser de 0,5 ponto percentual neste ano. Já em 2016, levando¬se em consideração a moeda americana a R$ 4, a previsão é que a margem Ebitda tenha um impacto entre 1 e 1,5 ponto percentual.
"Mas temos como compensar essa queda negociando com fornecedores e operadoras de planos de saúde e em outras linhas dos nossos custos", disse Adolpho Souza Neto, diretor-executivo de finanças do Fleury.
A variação do câmbio eleva em cerca de 10% o custo de materiais médicos e em 5% os suprimentos. Entre 20% e 25% do investimento (capex) está exposto ao dólar.
Estudo europeu cria células produtoras de insulina capazes de curar diabetes.
01/10/2015 - O Globo
Uma nova técnica para produzir células com capacidade de secreção de insulina foi apresentada ontem no encontro da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica. O desenvolvimento da tecnologia poderá ser usada em pacientes com diabetes, apenas do tipo 1.
Com a doença, o sistema imunológico ataca e destrói erroneamente células beta do pâncreas, que são as responsáveis pela produção, armazenamento e secreção de glicose no sangue. Uma das terapias mais promissoras na luta contra a diabetes é a reposição destas células.
— Até agora, os experimentos eram baseados em células de linhagem primitiva, como as célulastronco — destaca Isabela Bussade, professora de Pós- Graduação de Endocrinologia da PUC- Rio, que não participou do novo trabalho. — A novidade do estudo europeu é a reposição com uso exclusivo de células adultas, que proporcionam mais segurança, inclusive contra doenças como o câncer.
REPROGRAMAÇÃO CELULAR
Autor- chefe da pesquisa, Philippe Lusy também destaca a criação de um protocolo que atua diretamente sobre o DNA das células, mas sem causar mudanças estruturais nas áreas estudadas.
— Nosso sistema de reprogramação celular abre portas para experimentos em outros campos científicos, empenhados em dar novos papéis às células prejudicadas após a apresentação de doenças — comemora.
A tecnologia teria aplicação, por exemplo, em terapias para hipotireoidismo e doença de ovário. Estima- se que até um terço da população mundial seja diabética, embora somente 16% conheçam o seu diagnóstico. Um em cada dez casos é de diabetes tipo 1, cuja maior prevalência ocorre nos primeiros 20 anos de vida. Nas outras ocorrências de diabetes, o paciente é capaz de produzir insulina.
— Antes da aplicação do experimento no ser humano, é preciso acompanhar ao longo de anos as células que são transformadas em nosso corpo — ressalta Isabela. — Por enquanto, o experimento está restrito a camundongos.
A ciência por trás da vacinação é indiscutível
30/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site
Sempre que me sento para assistir a um debate presidencial, tenho uma esperança sincera: de que o tema das vacinas não seja citado. Além de não existir "discussão" nenhuma a ser travada sobre a verdade científica de como funcionam as vacinas ou como elas podem fazer mal, o simples fato de se falar publicamente sobre a negação das vacinas muitas vezes leva pessoas a endurecer suas posições.
Mas minha esperança caiu por terra quando o debate da noite de 16 de setembro estava chegando ao fim. Perguntas sobre vacinas e autismo foram feitas não apenas a Donald Trump, mas também aos dois médicos participantes do debate: o neurocirurgião Ben Carson e o oftalmologista Rand Paul. Pelo menos os médicos deveriam saber a verdade.
Seguem os fatos:
Não há ligação entre vacinas e autismo.
O número de vacinas dadas às crianças hoje não é mais preocupante do que era no passado.
Adiar a vacinação das crianças não traz benefício algum e as expõe a riscos.
Todas as vacinas infantis são importantes.
Simplesmente não existem evidências científicas que vinculem as vacinas ao autismo. Muitos, muitos estudos já confirmaram o fato. A mais recente revisão sistemática feita pela Colaboração Cochrane das pesquisas sobre a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) incluiu seis estudos de caso autocontrolados, dois estudos ecológicos, uma prova de entrecruzamento de casos, cinco provas de tempo em série, 17 estudos de caso controlados, 27 estudos de coorte e cinco ensaios controlados randomizados. Mais de 15 milhões de crianças participaram do estudo. Ninguém conseguiu encontrar qualquer evidência de que as vacinas tenham ligação com o autismo.
Esse tema rende mais evidências que qualquer outro sobre o qual já escrevi em "The Upshot", no site do "New York Times". E esse é um dos tópicos mais estudados da história.
Mesmo assim, algumas pessoas não param de pedir mais pesquisas. Não importa o fato de que mesmo um vínculo estatisticamente significativo que porventura fosse encontrado agora quase certamente seria um falso positivo, em vista dos milhões de crianças já estudadas. Este ano foi publicado no "Journal of the American Medical Association" um estudo que analisou uma coorte de cerca de 100 mil crianças. Todas foram acompanhadas do nascimento até os 5 anos de idade. Os pesquisadores examinaram novamente se a vacina Tríplice Viral tem alguma associação com o autismo. Não encontraram nenhuma. Nem mesmo em crianças que têm irmãos autistas –e que, portanto, teriam risco mais alto de apresentar autismo– foi encontrado qualquer vínculo.
Na realidade, um dos poucos "estudos" a encontrar uma ligação ainda é o estudo original publicado na "Lancet" por Wakefield et al. O estudo foi uma série de casos glorificada que analisou um punhado de crianças com autismo. Não havia estatísticas que comprovassem qualquer ligação. Foi repudiado posteriormente por quase todos os outros autores e retratado pela revista em 2004. Em 2011, Brian Deer escreveu um artigo contundente mostrando como todos os dados desse estudo tinham sido falsificados de alguma maneira. Os editores do periódico médico "BMJ" qualificaram de "fraude" o estudo de Wakefield que vincula vacinas com autismo.
São essas as evidências que ligam o autismo a vacinas.
Tampouco é correto descrever o autismo como uma "epidemia", como Trump parece fazer com frequência. O autismo é diagnosticado com mais frequência hoje que no passado. Mas boa parte desse aumento nos últimos anos se deve ao fato de termos mudado a definição de "desordens do espectro autista" (DEA). Dez anos atrás, por exemplo, dois terços das crianças que recebiam o diagnóstico de autismo apresentavam inteligência abaixo da média. Hoje, porém, esse é o caso de apenas um terço das crianças que recebem esse diagnóstico. Entre as crianças com autismo, o grupo em mais rápido crescimento é o das crianças com inteligência mediana ou acima da média. Estamos sendo mais inclusivos no diagnóstico.
Não quero de maneira alguma minimizar a importância dos desafios enfrentados por quem tem autismo nem negar a prevalência da desordem. Espero que minha coluna recente em que discuti se devemos ou não fazer exames universais para detectar o autismo em crianças pequenas convença o leitor que eu levo a DEA a sério. Mas assustar as pessoas, afirmando que o autismo está se alastrando como uma doença, causa preocupação desnecessária.
Apesar de ter observado que não existem provas que vinculam as vacinas ao autismo, Ben Carson disse que muitos pediatras admitem que "provavelmente estamos aplicando muitas vacinas demais num período de tempo curto demais". Não tenho conhecimento de dados quaisquer que fundamentem essa afirmação. Os pediatras, em sua maioria avassaladora, são a favor das vacinas e do cronograma atual de vacinação.
As vacinas não impõem tanta pressão assim ao corpo humano. As crianças são continuamente expostas a substâncias estranhas que ativam seu sistema imunológico. Em um manuscrito publicado pela "Pediatrics" em 2002, Paul Offit e colegas estimaram que as crianças na primeira infância seriam capazes de reagir a cerca de 10 mil vacinas em qualquer momento dado. As vacinas que aplicamos jamais conseguiriam "consumir" o sistema imunológico. Acredita-se que, se 11 vacinas fossem aplicadas ao mesmo tempo, elas exigiriam a atenção de cerca de 0,1% do sistema imunológico.
Além disso, não é com o número de injeções ou mesmo o número de vacinas que deveríamos nos preocupar. Deveríamos prestar atenção ao número de antígenos nas vacinas. Os antígenos são as moléculas que deflagram a ação do sistema imunológico. As vacinas são feitas para "enganar" o sistema imunológico, levando-o a desenvolver armas contra certos antígenos que são semelhantes à doença, antes de terem que enfrentar a própria doença.
Ao longo do tempo os cientistas conseguiram purificar as vacinas, reduzindo o número de antígenos que contêm, sem deixar de proporcionar imunidade. As vacinas atuais obtêm os mesmos resultados, exigindo menos do sistema imunológico. Uma única vacina contra a varíola continha mais de 200 proteínas antigênicas distintas. Hoje o número de antígenos contidos em todas as vacinas dadas às crianças até os 2 anos de idade não chega a 315. Enquanto isso, pensa-se que as crianças provavelmente combatem entre 2.000 e 6.000 antígenos a cada dia, vindos do ambiente.
Sim, estamos dando mais injeções, mas o sistema imunológico da criança precisa fazer muito menos que no passado para reagir a elas.
O espaçamento maior entre vacinas não traz benefícios e deixa as crianças vulneráveis a doenças por mais tempo. Além disso, torna necessárias mais idas ao médico, cada uma das quais encerra chances de a criança ser exposta a outras crianças doentes. Além disso, estudos revelam que o espaçamento das vacinas reduz a probabilidade de as crianças concluírem o programa completo de imunização.
Para concluir, Ben Carson indicou que algumas vacinas salvam vidas e outras podem ser mais "opcionais". Todas as vacinas recomendadas pelos Centros de Controle de Doenças foram avaliadas como importantes. Sei de algumas pessoas que consideram a vacina contra a varicela, ou catapora, uma das "menos importantes". Diga isso a meu pai, que contraiu a doença como adulto, quando meus irmãos e eu a tivemos, e quase teve que ser hospitalizado. Ou aos muitos bebês que podem contrair a doença antes de ser vacinados e correr o risco de adoecer gravemente.
Em um de meus estudos favoritos sobre esse tópico, pesquisadores examinaram quantas crianças morreram de varicela antes e depois da introdução da vacina, em 1995. Entre 1990 e 1994, mais de 45 crianças morreram tendo a varicela como causa subjacente. Entre 2003 e 2007, morreram apenas dez. Fato ainda mais significativo é que no segundo período morreu apenas uma criança de menos de 1 ano tendo a varicela como causa subjacente, e, depois de 2004, nenhuma. Esse resultado decorreu apenas da imunidade coletiva –o que acontece quando o número de pessoas vacinadas é suficiente para proteger aquelas que não podem ser vacinadas.
Todas as vacinas salvam vidas.
Seria melhor para nossa política de vacinação que este tema nem sequer fosse um tópico de discussão –com certeza não entre pessoas que não estejam muito bem informadas sobre a ciência das vacinas. Discutir qualquer desses fatos não faz bem a ninguém.
Aula de medicina no Einstein
01/10/2015 - Valor Econômico
O novo curso de medicina do Hospital Albert Einstein recebeu 11 mil inscritos para 50 vagas, segundo Claudio Schavartsman vice-presidente do Albert Einstein. Essa é a primeira turma do curso de medicina do Einstein, que terá 50 vagas por semestre. As aulas começam em 2016 e o valor da mensalidade será de R$ 5,9 mil, patamar semelhante ao da Santa Casa.
ANS informa valores de 4 planos da Unimed para atender a Paulistana
30/09/2015 - Valor Econômico / Site
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou na noite desta quarta-feira os valores máximos e mínimos que podem ser praticados nos quatro novos planos de saúde individuais criados pela Central Nacional Unimed, Federação das Unimeds do Estado de São Paulo e seguradora Unimed para atender aos clientes da Unimed Paulistana.
Vale destacar que o preço dos convênios médicos para pessoas com 59 anos ou mais não pode ser seis vezes superior à primeira faixa etária que vai de 0 a 18 anos. Levando-se em consideração esses critérios, os quatro tipos de planos e seus respectivos tipos de cobertura e preço mínimo são os seguintes, para a primeira faixa: básico com enfermaria e coparticipação a R$ 136,04; básico com enfermaria a R$ 176,86; básico com apartamento por R$ 209,21; e especial, com apartamento por R$ 294,48.
Migração para sistema Unimed
Cerca de 160 mil usuários de planos individual, familiar e empresariais com até 30 vidas da Unimed Paulistana poderão migrar para a Central Nacional Unimed (CNU), Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp) e seguradora Unimed. Deste total, 98% dos clientes da Paulistana residem em 31 cidades da Região Metropolitana de São Paulo e poderão escolher uma das três cooperativas médicas.
Já aquelas pessoas que moram em Guarulhos, Vargem Grande Paulista, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e em outros Estados do país deverão procurar a Unimed do Brasil, entidade das cooperativas médicas, que será responsável pela transferência da carteira.
As três cooperativas médicas terão que oferecer quatro novos tipos de planos individuais para atender os clientes da Paulistana. O Sistema Unimed assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) com os Ministérios Públicos Federal e Estadual de São Paulo, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Procon-SP. As cooperativas médicas fizeram propostas de preço dos novos planos, mas o Ministério Público reprovou e exigiu uma redução de 25% no valor da mensalidade.
Gravidez após os 50
01/10/2015 - Folha de S.Paulo
Autonomia, mas não muita. Esse é o resumo da recém-publicada resolução 2.121, do Conselho Federal de Medicina, que revê as normas éticas para o uso de técnicas de reprodução assistida.
A principal mudança, o relaxamento da norma que fixava em 50 anos a idade máxima da mulher nos tratamentos para engravidar, foi concedida com relutância.
Em tese, o teto continua valendo, mas agora exceções à regra podem ser negociadas entre o médico e a paciente desde que devidamente esclarecida dos riscos, tornando desnecessária a autorização específica do conselho regional.
Fixado em 2013, o limite etário enfrentava um importante questionamento jurídico. Em um pacote de orientações relacionadas à saúde, divulgado no ano passado, o Conselho Nacional de Justiça considerou que a imposição afrontava o direito constitucional à liberdade de planejamento familiar.
Ademais, parece um contrassenso estabelecer um número linear, sem levar em conta as condições de saúde da paciente nem o valor emocional que ela dá à gravidez.
Sempre existirão mulheres jovens com determinadas comorbidades que correrão muito mais riscos numa gravidez do que uma paciente saudável de mais de 50.
O impulso controlador do conselho aparece em outros pontos da resolução. É difícil, por exemplo, compreender por que foi vetada a doação de gametas femininos (óvulos), que era permitida na versão anterior do documento.
Possivelmente, os conselheiros imaginem que esteja ocorrendo comércio clandestino de óvulos. Mas, ainda que seja verdade, trata-se de um problema do âmbito da polícia e do Judiciário, escapando, portanto, à esfera de competência do CFM, que só pode regular a atuação de médicos.
De forma análoga, o conselho insiste em manter proibida a escolha do sexo do embrião, exceto para evitar certas doenças genéticas. É difícil encontrar um motivo para o veto, já que a prática não causaria nenhuma espécie de dano.
Brasileiros, ao contrário de chineses e indianos, nem sequer possuem preferência clara por um dos sexos. Assim, mesmo se as dispendiosas técnicas de reprodução assistida se massificassem, seria diminuto o risco de desbalanceamento da razão sexual da população.
A interdição parece estar calcada numa combinação de um viés antiautonomista com uma espécie de reverência à suposta sabedoria da natureza. É o livre arbítrio dos casais, contudo, a melhor resposta para a maioria das complexas questões bioéticas.
Soneca amarga
02/10/2015 - Correio Braziliense
Dormir pouco é uma característica típica da modernidade, marcada também por um estilo de vida cada vez mais acelerado dentro e fora de casa. Cientistas têm observado, no entanto, que o hábito de fechar os olhos por menos de oito horas durante a noite aumenta o risco de desenvolver ou agravar o diabetes tipo 2, além de problemas cardiovasculares e neurológicos. Um estudo da Universidade de Tóquio, no Japão, mostra que pessoas com sonolência excessiva durante o dia e que tiram cochilos por horas apresentam mais chances de ter a complicação metabólica, ao contrário de quem se contenta com sonecas de até 30 minutos.
“Essa sonolência e esses longos cochilos podem ser consequência de distúrbios do sono durante a noite, como a apneia obstrutiva do sono”, explica o especialista em epidemiologia e doenças metabólicas Tomohide Yamada, líder da pesquisa japonesa, que foi detalhada, no mês passado, no encontro da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD, na sigla em inglês). Ele e a equipe fizeram uma meta-análise para investigar a relação entre sonolência diurna e/ou cochilos e o risco de desencadeamento do diabetes tipo 2. A pesquisa considerou três bases internacionais de publicações científicas — Medline, Cochrane Library e Web of Science — e foram selecionados artigos publicados a partir de novembro de 2014.
Dos 683 estudos identificados, 10 se enquadraram nos critérios estabelecidos por eles para o estudo aprofundado. As pesquisas selecionadas foram realizadas na Suíça, na China, na Espanha, na Alemanha, nos Estados Unidos e na Finlândia. A análise mostrou que o risco de diabetes tipo 2 era aumentado em 56% entre aqueles que sofriam sonolência durante o dia. Para quem afirmou tirar cochilos longos, o incremento foi de 46%. Os autores concluíram que cochilos curtos, de meia hora, não apresentam riscos para a doença metabólica.
Yamada alerta, porém, que ainda não é possível estabelecer uma relação de causa entre problemas de sono e diabetes. “A sonolência excessiva e os cochilos longos podem ser apenas algumas marcas dessa doença, ainda não há uma evidência da causa”, ressaltou o pesquisador em entrevista ao Correio. Há, no entanto, outros estudos que chegaram à mesma conclusão.
Especialista em endocrinologia e diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes, Antônio Carlos Lerário acredita que as complicações noturnas e as consequências delas ao longo do dia possam ser, na verdade, mais um fator atrelado ao desenvolvimento de doenças. “Os distúrbios do sono podem ser fatores de risco comuns de alguns males, mas não são os únicos. Existem também a genética, a falta de exercícios, o estresse, a má alimentação, tudo isso pode levar ao diabetes e a outros prejuízos à saúde”, ressalta.
A especialista em medicina do sono Luciane Mello, do Hospital Federal da Lagoa, no Rio de Janeiro, complementa: “Há indícios de que cochilos prolongados estão associados ao risco de desenvolver doenças cardiovasculares, mas existem várias condições para essas doenças. O hábito de dormir pouco nem sempre é determinante”. Lerário considera importante que haja mais pesquisas para identificar, de forma detalhada, como o sono pode provocar prejuízos graves ao organismo. “Ainda é confuso, difícil, separar uma coisa da outra. Por que um indivíduo aumentou a taxa de glicemia? Por ele estar obeso ou por dormir mal? Essa obesidade causou apneia do sono, ou o contrário? Algumas pessoas têm apneia e não têm diabetes. Não foi explicado o que desencadeia o quê”, observa.
Mesmo sem consenso, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta outro indício para a ligação entre o sono e o desencadeamento de doenças. “Ocorre durante o sono uma limpeza de toxinas que se acumulam no cérebro. Sem ele, o acúmulo é maior. Por isso, dormir alivia os sintomas da enxaqueca e o Alzheimer, por exemplo”, explica. “No mundo moderno, com tantas pressões sociais, respeitar a necessidade de repouso é importante. Quem tenta dormir o quanto quer e não consegue, ou acorda no meio da noite sem sono, precisa procurar auxílio médico”, recomenda.
Defesa em alerta
O que acontece com o corpo quando ele está em repouso intriga e move pesquisadores pelo mundo. Uma das descobertas é de que não há tanta inatividade assim; ao contrário, diversos mecanismos são acionados durante o período, como a liberação de hormônios, a consolidação do aprendizado e até mesmo a criação de uma memória imunológica. Um artigo publicado no último dia 30, na revista Trends of Neurosciences, segue essa última linha. Segundo o estudo alemão, no sono profundo, o sistema imunológico, responsável pelo combate de bactérias e vírus, faz uma espécie de arquivo com características desses invasores para identificá-los em uma próxima infecção.
“Se nós não dormimos, o sistema de defesa poderá focar em partes erradas do invasor”, explica Jan Born, autor da pesquisa e especialista em sono e memória pela Universidade de Tuebingen, na Alemanha. O estudo aponta que esse sistema coleta fragmentos de vírus e/ou bactérias para criar as células T de memória, que duram por meses ou anos e podem ajudar o corpo a reconhecer uma infecção, atuando de forma mais rápida no combate. Dessa forma, a privação de sono deixaria o organismo vulnerável aos ataques de patógenos.
O artigo acrescenta ainda que pesquisas anteriores em humanos mostram uma associação entre o aumento da quantidade de células T de memória e a fase de sono profundo logo após o corpo receber uma vacina. “Esse modelo de memória celular deve ser avaliado, tendo em vista a criação de vacinas contra o HIV, a malária e a tuberculose, que são baseadas na memória imunológica”, ressaltou Born.
Quatro fatos sobre o Outubro Rosa, campanha do câncer de mama
02/10/2015 - O Globo
O Rio celebra a chegada do Outubro Rosa com duas exposições que ficarão este mês no Terminal Alvorada, do Consórcio BRT. Uma, promovida pelo Inca, conta a história do câncer de mama da antiguidade até os tempos atuais. A outra, do Projeto Pérolas em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia, mostra fotos de quem passou pelo tratamento.
Cristo Redentor será iluminado no dia 5
Na próxima segundafeira a Fundação Laço Rosa e a Américas Amigas iluminam o Cristo Redentor, mais uma vez, como forma de conscientização para o combate ao câncer de mama. As duas associações têm uma missão em comum: reduzir os índices de mortalidade do câncer de mama e disseminar a causa na sociedade.
Nenhuma mulher precisa viver sem mama
Essa é a tônica da Sociedade Brasileira de Mastologia nesta edição do Outubro Rosa: um alerta para conscientizar as brasileiras que ninguém tem necessidade de viver sem sua mama. Para isso, é necessário diagnóstico precoce através da mamografia e, para as que já se submeteram à mastectomia, que se informem sobre a reconstrução das mamas.
15% dos novos casos da doença são no Rio
De acordo com o Inca, em 2015, dos mais de 57 mil novos casos de câncer de mama no país previstos para este ano, mais de 8,3 mil (cerca de 15%) serão somente no Rio de Janeiro. Anualmente, são mais de 12 mil mortes em todo o país causada pela doença, que é a segunda maior causa de óbito da mulher brasileira.
Um em cada cinco clientes de planos de saúde recorrem ao SUS em SP
01/10/2015 - Folha de S.Paulo / Site
Um em cada cinco clientes de planos de saúde em São Paulo recorrem ao SUS (Sistema Único de Saúde), por falta de atendimento. O dado foi revelado nesta quinta-feira (1º) pela pesquisa Datafolha, encomendada pela APM (Associação Paulista de Medicina).
O número poderia ser ainda maior se procurar a rede pública de saúde fosse a opção de todos os clientes que relataram ter problemas com planos de saúde no Estado. Dentre os beneficiários que recorreram a um plano de saúde nos últimos 24 meses (11,9 milhões de pessoas), 84% relataram problemas (o equivalente a cerca de 10 milhões de pessoas).
A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos e o intervalo de confiança do levantamento é de 95%. As entrevistas foram realizadas com homens e mulheres maiores de 18 anos, entre os dias 30 de julho e 4 de agosto.
O estudo consultou os pacientes sobre a qualidade da assistência oferecida por planos de saúde, em São Paulo. As principais reclamações dos usuários de plano de saúde são quanto ao pronto socorro (80%), às consultas médicas (69%), e aos exames e diagnósticos (58%).
A pesquisa também revelou que 68% dos clientes desse tipo de serviço no Estado acreditam que os planos de saúde dificultam a realização de exame de alto custo, 58% acham que as operadoras pagam valores muito baixos aos médicos por consultas e procedimentos, além de 54% considerarem que os médicos são pressionados a reduzir tempos de internação.
Apesar do alto percentual de queixas, apenas 15% dos usuários relatou ter feito alguma reclamação oficial, entrado com recurso ou notificação contra algum plano de saúde. Um número ainda menor, 2%, recorreu à justiça contra operadoras de planos.
Também há 66% de clientes satisfeitos ou muito satisfeitos, com seus respectivos planos.
UNIMED PAULISTANA
O caso mais recente de problemas envolvendo planos de saúde em São Paulo é o da Unimed Paulistana, que perdeu sua carteira de 744 mil clientes por determinação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Nesta quarta-feira (30.set), a agência reguladora firmou TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Sistema Unimed para receber 300 mil clientes de planos individuais, familiares ou empresariais (com até 30 beneficiários) da Unimed Paulistana.
Deputado Marcelo Castro, do PMDB, será o novo ministro da Saúde
01/10/2015 - Folha de S.Paulo / Site
O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI), 65, será o novo ministro da Saúde, em substituição a Arthur Chioro, ligado ao PT.
Ele teve seu nome levado à presidente Dilma Rousseff pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e é ligado ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ). O anúncio oficial será amanhã, salvo algum novo entrave à reforma ministerial.
Ao longo da negociação da reforma, Picciani vem se apresentando como um interlocutor independente do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem já foi apadrinhado.
Com a piora da condição política do presidente da Câmara, devido ao acúmulo de denúncias que o relacionam a desvios apurados pela Operação Lava Jato, Picciani tem sido tratado como autônomo pelo Planalto –interessado em isolar Cunha, que comanda o rito de um eventual processo de impeachment contra Dilma.
Mas, no caso das indicações, Cunha e Picciani jogaram afinados. O objetivo final do Planalto é o mesmo: conter, com o apoio da bancada do PMDB, o avanço do processo de impedimento de Dilma e, se possível, dar seguimento às votações mais difíceis do ajuste fiscal proposto pelo governo.
REFORMA POLÍTICA
Médico psiquiatra, Castro se notabilizou na atual legislatura por ter seu relatório da reforma política desprezado pela Câmara e classificado como de pouca "inteligência política" por Cunha.
Cunha havia indicado o correligionário para relatar o tema, mas não gostou do resultado final. Devido a isso, patrocinou uma manobra para levar o projeto a votação diretamente no plenário, ignorando o texto de Castro e nomeando outro relator, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ao ter o trabalho descartado, Castro trocou críticas públicas com Cunha, mas depois retomou a relação com o presidente da Casa. Deputado federal de quinto mandato, Marcelo Castro foi secretário de Agricultura do Piauí de 1999 a 2001.
Cidades paulistas se antecipam e usam 'tropa' e drone contra a dengue
02/10/2015 - Folha de S.Paulo
Após a denúncia, a "força tática" da dengue entra em ação. Criadouros são procurados em locais inóspitos –sob viadutos, em linhas férreas e em córregos– para evitar uma nova epidemia.
A equipe, criada em Catanduva, uma das campeãs de casos no Estado neste ano, é só uma das estratégias de prefeituras paulistas para tentar coibir o avanço do exército de mosquitos Aedes aegypti.
Para isso, ações de combate foram antecipadas ou não sofreram interrupção em municípios como Campinas, Rio Claro e São José dos Campos, que também estão no ranking das cidades com maior transmissão da doença no ano.
Com previsão de um mês de outubro mais chuvoso que a média em certas regiões, campeãs de infestação apostam em políticas variadas.
Em São José dos Campos, a prefeitura lançará a campanha contra a dengue nos próximos dias –em vez de deixar para dezembro– e utilizará um drone para monitorar áreas onde os agentes não conseguem chegar.
O equipamento já foi usado neste ano, mas terá o uso ampliado, assim como outras ações, que incluem multas para quem impedir a entrada de agentes nos imóveis, segundo o secretário da Saúde, Paulo Roitberg.
Em Catanduva, além das ações em locais críticos, casas fechadas são um dos alvos da prefeitura, informa a Secretaria da Saúde.
Já em Campinas, cidade líder de casos, a prefeitura elaborou pela primeira vez um plano de contingência.
"Tivemos um ano avassalador, um tsunami sobre todo o Estado, e temos um cenário preocupante para 2016. É muito melhor mantermos as ações, cuidar de pequenos incêndios, que são os casos que têm surgido agora, do que de um incêndio enorme", disse Carmino Antonio de Souza, secretário da Saúde.
As 15 cidades com mais casos da doença somam 303.556 confirmações autóctones (contraídas no próprio município), ou 51% dos 595.637 registros do Estado neste ano.
Embora não seja uma das campeãs (teve 2.077 casos), São Carlos é outra cidade que antecipou as ações preventivas, para esta sexta (2). Campo Limpo Paulista, com 344 casos, estuda recorrer ao Exército, como fez neste ano.
CHUVA OU SECA
A expectativa é que outubro e o início da estação chuvosa sejam marcados por precipitação acima da média em algumas regiões do Estado.
"No norte e no nordeste, pode ficar um pouco mais seco", afirma a meteorologista Helena Turon Balbino, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Se o excesso de chuva contribui para o mosquito se procriar, a seca pode levar ao armazenamento inadequado de água. Por isso, em Sumaré e em Marília a aposta é na distribuição de telas para proteger caixas-d'água e reservatórios sem tampa.
Sete das prefeituras ouvidas pela Folha relataram o armazenamento inadequado como um dos motivos para a epidemia de 2015: Guarulhos, São José dos Campos, São Paulo, Americana, Rio Claro, Sorocaba e Marília.
Para o infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, coordenador do núcleo de medicina tropical da Universidade Federal do Ceará, as medidas tomadas pelas prefeituras são corretas, mas devem ser ininterruptas.
"Devem sempre ser mantidas, tendo ou não casos da doença. Se feitas por cinco ou dez anos, teremos um controle maior da doença", afirma.
A Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual, contratou 500 agentes neste ano, que podem atuar em qualquer lugar que registre alta incidência da doença.
Santa Casa demite
02/10/2015 - Valor Econômico
A Santa Casa de São Paulo admitiu que estuda desligar 1,5 mil funcionários - 12% do seu quadro de servidores, segundo a Agência Brasil. A instituição enfrenta uma grave crise financeira e não definiu data para iniciar as demissões.
OMS defende tratamento precoce com medicamentos para todos os portadores de HIV
30/09/2015 - Reuters Brasil
Todas as pessoas com HIV deveriam receber medicamentos antirretrovirais o mais rapidamente possível após o diagnóstico, o que significa que 37 milhões de pessoas no mundo inteiro precisariam estar em tratamento, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira.
Ensaios clínicos recentes confirmaram que o uso precoce de medicamentes prolonga a vida das pessoas com o vírus da Aids e reduz o risco de transmissão da doença para parceiros, disse a OMS em um comunicado que estabelece um novo objetivo para seus 194 Estados membros.
Sob as diretrizes anteriores da OMS, que limitavam o tratamento às pessoas cuja contagem de células imunes tivesse caído abaixo de um determinado limiar, 28 milhões de pessoas eram consideradas elegíveis para a terapia antirretroviral.
Todas as pessoas em situação de risco "substancial" de contrair o HIV também devem receber a terapia preventiva, e não apenas os homens que fazem sexo com homens, disse a OMS.
"Todo mundo vivendo com HIV tem o direito a um tratamento para salvar vidas. As novas diretrizes são um passo muito importante no sentido de garantir que todas as pessoas que vivem com HIV tenham acesso imediato a tratamento antirretroviral", disse Michel Sidibe, diretor executivo da Unaids.
A medida levará a um aumento acentuado na demanda por medicamentos antirretrovirais que normalmente são dados como um coquetel de três drogas para evitar o risco de o vírus desenvolver resistência. Os principais fornecedores de medicamentos para o HIV incluem a Gilead Sciences, a ViiV Healthcare, que é maioritariamente propriedade da GlaxoSmithKline, e vários fabricantes indianos de medicamentos genéricos.
Santa Casa inclui 184 médicos na lista de demissões
01/10/2015 - O Estado de S.Paulo
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo definiu as demissões de 1.500 profissionais, entre eles 184 médicos. No início do mês, a instituição - que convive com uma dívida de R$ 800 milhões, que ainda tenta renegociar - havia anunciado um plano de reestruturação. As demissões, no entanto, ficaram acima dos 10% inicialmente previstos - chegaram a 12% do quadro geral e devem ser efetivadas em menos de um mês.
As verbas rescisórias serão parceladas, e a rodada de negociações deve ser levada até o Ministério Público do Trabalho para que funcionários e entidade consigam fechar um acordo. Superintendente da Santa Casa, José Carlos Villela diz que a entidade tem trabalhado para que o processo ocorra com transparência. "São 13 sindicatos que representam os trabalhadores da Santa Casa. O que fizemos foi conversar com eles para explicar a necessidade das demissões. Isso para que eles tivessem certeza de que o processo seria claro. Já estamos em uma segunda rodada de negociações com os sindicatos."
Ele detalha que será iniciada uma conversa com o Ministério Público do Trabalho e com o Ministério do Trabalho e Emprego. O objetivo é tentar fazer um acordo para que as verbas rescisórias sejam parceladas. A negociação pode incluir até a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as partes.
O superintendente também afirma que não há como precisar prazos para o pagamento do parcelamento. "O tempo desse parcelamento ainda vai ser analisado com os sindicatos e os trabalhadores. A ideia é atingir uma parcela que impacte o mínimo possível, considerando o salário que o funcionário tinha."
Villela diz que o "processo demissional" deve ocorrerem um curto prazo de tempo. "Embora as negociações incluam conversas com diversas entidades, acredito que possamos fazer o processo completo e bem comunicado em menos de um mês."
Segundo o superintendente, um terço dos demitidos é de setores administrativos. As dispensas representam 12% dos colaboradores, de acordo com a assessoria da instituição. A entidade tem 11 mil funcionários.
A meta inicial era de fazer o desligamento de 2 mil profissionais, mas, nos últimos três meses, cerca de 400 servidores saíram do cargo, alguns por pedirem demissão. Além disso, vagas foram congeladas e o número total foi reduzido. Segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), serão atingidos médicos, enfermeiros e funcionários que desempenham funções administrativas.
Prejuízo. O presidente do Simesp, Eder Gatti, afirma que se reuniu com integrantes da instituição médica na terça-feira, f quando as condições para o desligamento dos médicos foram apresentadas. Ele diz que, inicialmente, a proposta não beneficia os profissionais que serão demitidos.
"Eles delegaram para diretores escolherem os nomes e apresentaram uma proposta de demitir e parcelar as multas rescisórias com parcelas de até R$10 Funcionários da Unimed. Ao todo, migração será mil por mês. É uma situação prejudicial para a categoria, mas a negociação está aberta."
O presidente do Simesp diz que, durante a reunião, foi informado de que a prioridade definida para a demissão foi para profissionais que não têm mais interesse cm trabalhar na instituição, funcionários que estão ociosos e servidores com salários incompatíveis com as funções que realizam. Mesmo assim, ele afirma que a entidade pretende acompanhar o processo de demissões para evitar casos de abuso.
Segundo Gatti, a verba deveria ser paga em parcela única e, com o parcelamento, o prazo para o término do pagamento sempre vai depender do valor que o profissional tem para receber de rescisão. "A instituição está em crise, é importante para a sociedade, mas os médicos e funcionários vão arcar mais uma vez. Já estamos com o salário de novembro do ano passado e o 13.0 atrasados. Os médicos serão demitidos e terão a rescisão parcelada. É muito desfavorável."
Mais perdas para a saúde
01/10/2015 - Correio Braziliense
A sucessão de equívocos cometidos pelo governo federal na condução da economia e nas relações com o Congresso Nacional afundou o país em profunda crise. O ônus recai sobre as costas dos cidadãos. Derretem-se os avanços sociais conquistados. Na tentativa de realinhamento das contas públicas, a retração do Orçamento da União atingiu o Programa Farmácia Popular, que não terá um centavo em 2016 — morte precoce quando completaria 10 anos. O Orçamento de 2015 destinou R$ 578 milhões ao programa. Para o próximo, a União manterá apenas um dos braços da ação: o Saúde Não Tem Preço, que garante, sem custo ao paciente, medicamentos para diabetes, hipertensão e asma. Acabaram os descontos de até 90% aos remédios para renite, colesterol, mal de Parkinson, glaucoma, anticoncepcionais e fraldas geriátricas.
A proposta orçamentária original contemplava a saúde com R$ 104 bilhões, mas dela foram subtraídos R$ 3,8 bilhões, bem mais do que foi reduzido do custeio com a máquina pública, R$ 2 bilhões. Na mensagem do Executivo, a saúde contará com R$ 100,2 bilhões. A previsão de recursos para 2016 preserva a compra de medicamentos, vacinas. Mas diminui os repasses a estados e municípios por meio de convênios para as ações de média e alta complexidade, o que implica ampliar as restrições financeiras de hospitais universitários, filantrópicos, Santas Casas para pagamento de cirurgias e internações. Menor será a verba destinada ao custeio de Serviços de Atendimento Móvel (Samu) e UPAs, análise clínica e exames de imagem.
A rede pública de saúde está sucateada. Faltam profissionais, medicamentos, material de consumo, equipamentos. Sentir-se mal e depender de hospital do governo é cair na via do calvário. Trata-se de setor que deveria estar no topo das prioridades, mas segue negligenciado pelo poder público e vitimado pela má gestão na maioria das unidades da Federação, constituindo-se uma das vergonhas da nação. A redução da oferta de medicamentos de uso contínuo levará à sobrecarga dos equipamentos hospitalares, que não dão a resposta adequada aos usuários.
A crise econômica provocou a expansão do desemprego, a corrosão dos salários. Os reajustes concedidos aos benefícios previdenciários (aposentadorias e pensões) foram encolhidos pela alta da inflação e da carga tributária. Em contrapartida, os sucessivos aumentos autorizados à indústria farmacêutica, aos combustíveis — com profundo impacto na alimentação e, de resto, nos demais segmentos produtivos — não cabem no orçamento familiar.
Compete ao Congresso Nacional rever a proposta orçamentária do governo federal e recompor as perdas impostas ao Ministério da Saúde, resgatar os ganhos sociais e, se necessário, aprofundar os cortes em outros segmentos, não nos que impõem mais perdas aos contribuintes. Responsabilidade e bom senso deverão nortear a análise a fim de poupar a sociedade de desacertos dos quais não foi autora nem chamada a opinar.
Um exame que salva vidas
01/10/2015 - Correio Braziliense
No ano passado, mais de 57 mil mulheres descobriram que tinham câncer de mama. A doença não tem uma causa única e pode ter origem em riscos ambientais e comportamentais, origens reprodutivas, hormonais, hereditárias e genéticas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer, os dois últimos fatores respondem por até 10% dos casos entre pacientes do sexo feminino. Há modos de se evitar a doença. De acordo com estudos, até 30% poderiam ter afastado o mal com prática de atividade física, boa alimentação e manutenção do peso. Amamentar e evitar bebidas alcoólicas também contribuem. Mas não há dúvidas de que as maiores chances de se curar do câncer de mama vêm com a descoberta precoce. Para isso, o autoexame e o acompanhamento médico são fundamentais.
Longevidade no Brasil ‘ é quase um milagre’
01/10/2015 - O Globo
Hoje é comemorado o Dia Internacional do Idoso e, segundo a Organização Mundial da Saúde ( OMS), no Brasil, esse grupo passará de 12% da população para cerca de 30% em 2050 — de 24,4 milhões para cerca de 70 milhões. Para Alexandre Kalache, é “quase um milagre” o Brasil ter conseguido aumentar a expectativa de vida da sua população, já que a maioria dos brasileiros não tem acesso às condições para que isso aconteça.O envelhecimento saudável também é responsabilidade de cada um individualmente? O brasileiro cuida da saúde como deveria?
Como comprar comida saudável e colorida se a população brasileira só tem dinheiro para o cardápio branco, com arroz, farinha e óleo? Como estas pessoas farão exercícios físicos se trabalham onze horas por dia e ainda encaram o transporte público para chegar em casa? Vai correr na praça? Que praça? Onde esse cara mora não tem lugar para lazer. A responsabilidade de envelhecer bem é algo complexo, que envolve educação até para que as pessoas consigam projetar o futuro. O brasileiro é imediatista porque tem de pensar em como pagar a conta no fim do mês. Tem mais dificuldade para pensar nos anos à frente. Além disso, um terço da população tem dificuldade de ler e escrever e não saberá fazer escolhas saudáveis. É preciso mais sensibilidade social.
Como o Brasil está em comparação com os países vizinhos em relação à saúde dos idosos?
Segundo dados da OMS, no Brasil a expectativa de vida de um bebê nascido hoje é de 75 anos, com cerca de dez anos com saúde debilitada. Em países vizinhos, como Argentina, Chile, Costa Rica e outros, a expectativa de vida é de 78 a 80 anos, com sete ou oito anos com doenças. Estamos pior. E se compararmos com países desenvolvidos, como Japão e Alemanha, pior ainda. Nesses lugares, as pessoas vivem até mais do que 80 anos e têm menos anos “extras” com saúde debilitada. Estes países enriqueceram primeiro e depois envelheceram. É quase um milagre o Brasil ter ganhado este gap de longevidade. Quando eu nasci, há 70 anos, a expectativa de vida era de cerca de 43 anos. Qual a novidade do Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde, da OMS, que afirma que a quantidade de pessoas com mais de 60 anos deverá duplicar no mundo até 2050?
Não é uma novidade em relação ao conteúdo. É em relação ao foco. Este é o primeiro relatório da OMS sobre a longevidade, é a primeira vez que o órgão olha com esta atenção para o idoso. Os idosos são uma realidade no século atual. E a OMS está dizendo aos seus 193 países membros: acordem! É preciso pensar no idoso, temos de dar ênfase a eles. Porque o envelhecimento está chegando rápido. Na sua opinião, o que é preciso fazer no caso do Brasil?
É preciso tornar os lugares em que vivemos ambientes amigáveis para as pessoas mais velhas, realinhar sistemas de saúde às necessidades dos idosos e que o governo desenvolva sistemas de cuidados de longo prazo que possam reduzir o uso inadequado dos serviços de saúde. O Brasil precisa dar atenção à educação. Incluo aqui mudanças nas faculdades de medicina, na formação educacional dos médicos. Hoje em dia eles estudam como se estivessem no século passado. Por que tantos especialistas em reprodução, se cada vez mais nascem menos bebês? Porque se estuda tanto sobre criança, se a população está cada vez mais velha e tem mais cachorros do que bebês nos lares atuais? Precisamos de melhores cardiologistas, ortopedistas, geriatras e, de uma forma geral, que os médicos foquem nas doenças crônicas e que sejam antenados com o envelhecimento.
Saúde é direito fundamental, mesmo com crise
01/10/2015 - Folha de S.Paulo
Saídas para a crise política e fiscal não podem promover crises sociais. A proposta de desobrigação parcial e temporária com gastos compulsórios em saúde e educação é inconstitucional, imoral e deveria ser rechaçada por toda a sociedade.
Em tempos difíceis, o Estado tem o dever de proteger direitos fundamentais de seu povo e maximizar a justiça social permitida no capitalismo. Nem na década "perdida" de 1980, com inflação e recessão, foi cogitada uma solução como esta.
Ao contrário, foi a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que o Brasil deu o grande passo de criar o Sistema Único de Saúde (SUS), com atendimento integral e universal –princípios que estão sob ataque no Congresso Nacional.
Além de autorizar a ampliação da entrada do capital estrangeiro na assistência à saúde, o Congresso tirou do baú a PEC 451/2004, de Eduardo Cunha, que propõe desobrigar o Estado de prover saúde como direito universal do povo brasileiro, e autoriza seu arrendamento para empresas e operadoras de planos privados.
Houve também a grave tentativa de passar a cobrar pelo atendimento do SUS por faixa de renda, que constava da Agenda Brasil, de Renan Calheiros.
Esses políticos esquecem que, num país onde a concentração de riquezas é secular e os direitos sociais são conquistas recentes, uma crise social aumentaria a desigualdade, a discriminação e os preconceitos, gerando conflitos e violência social.
O SUS vem sendo implantado no país sob forte militância de entidades e movimentos sociais e populares, que pressionam todas as esferas de governo para tornar realidade seus princípios constitucionais.
Neste ano, está sendo realizada a 15ª Conferência Nacional de Saúde, na qual um dos principais temas debatidos é como superar o subfinanciamento do SUS. O Brasil investe 3,9% do PIB em saúde, enquanto a Organização Mundial de Saúde preconiza um percentual acima de 7%. A saúde de cada brasileiro custa, em média, cerca de R$ 3 ao dia.
Iludem-se aqueles que entendem que o SUS é somente para atender as classes populares. No Brasil, a saúde pública cuida não apenas da recuperação da saúde, mas também de sua promoção e prevenção.
Dentre os inúmeros serviços ofertados pelo SUS estão a fiscalização de cargas perigosas em portos, aeroportos e estabelecimentos comerciais e industriais, o registro e a avaliação de medicamentos e cosméticos, e ainda o monitoramento da qualidade da água e dos alimentos.
Mas de onde viriam mais recursos para saúde? Além de cortar mordomias dos congressistas, o Conselho Nacional de Saúde defende acabar com os planos privados de saúde para servidores públicos e autoridades, acabar com o subsídio e a isenção fiscal aos planos privados de saúde.
Do ponto de vista tributário, há cinco propostas: ampliar permanentemente a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); criar uma contribuição sobre as grandes transações financeiras e a tributação das remessas de lucros das multinacionais; taxar grandes fortunas; revisar o DPVAT (seguro sobre acidentes de trânsito) para ampliar a destinação de recursos ao SUS; e elevar a taxação sobre os produtos derivados de tabaco, as bebidas alcoólicas e as motocicletas.
Saúde não é programa governamental, é direito fundamental. Em tempos de crise, é preciso mobilizar a sociedade para salvar o SUS e mantê-lo como medida de proteção social.
Clientes da Paulistana vão para Sistema Unimed
01/10/2015 - Valor Econômico
Os 160 mil usuários de planos individuais, familiares ou empresariais com até 30 vidas da Unimed Paulistana podem, a partir de hoje, migrar para a Central Nacional Unimed (CNU), Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp) ou seguradora Unimed.
Essas três cooperativas médicas criaram quatro novos tipos de convênio para atender aos usuários da Paulistana, com preço 25% inferior ao praticado no mercado.
Para o consumidor, esse abatimento pode compensar, pelo menos no curto prazo, a medida da ANS que autorizou um reajuste de até 20% nos planos individuais de operadoras quebradas. O reajuste pode ser aplicado 12 meses após a contratação, pelas empresas que assumirem essas carteiras.
A transferência da carteira da Paulistana para as três cooperativas médicas foi fechada por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC) que envolveu o sistema Unimed com os Ministérios Públicos Federal e Estadual de São Paulo, ANS e Procon¬SP. O não cumprimento da TAC acarretará em multa diária de R$ 5 mil.
A Unimed Paulistana tem um total de 738 mil usuários de planos individual, familiar, por adesão e empresariais. No entanto, os usuários de convênios individuais eram os mais afetados, uma vez que não há interesse das demais empresas do setor em absorver essa carteira, considerada deficitária.
As três cooperativas têm 20 dias para enviar correspondência aos clientes da Paulistana. A ANS já divulgou os valores dos quatro novos planos individuais. Vale destacar que o preço dos convênios médicos para pessoas com 59 anos ou mais não pode ser seis vezes superior à primeira faixa etária que vai de 0 a 18 anos. Levando-se em consideração esses critérios, os quatro tipos de planos e seus respectivos tipos de cobertura e preço mínimo são os seguintes: básico com enfermaria e coparticipação a R$ 136,04? básico com enfermaria a R$ 176,86? básico com apartamento por R$ 209,21? e especial, com apartamento por R$ 294,48.
A ANS antecipou o processo de liquidação da Unimed Paulistana, que há um mês foi obrigada pela agência reguladora a transferir sua carteira, devido ao porte da cooperativa médica. Normalmente, esses processos levam meses para serem concluídos. No entanto, a situação da Paulistana se deteriorou muito nos últimos meses com vários hospitais, clínicas médicas e laboratórios se descredenciando por falta de pagamento. Segundo fontes do setor, os médicos cooperados da Unimed Paulistana estão há dois meses sem receber os pagamentos pelos serviços prestados. Um grupo de cooperados está planejando criar uma associação para reivindicar as remunerações atrasadas.
Neste mês, a Qualicorp fechou acordo para transferir os 170 mil clientes de planos por adesão da Paulistana para a Fesp. Já os planos corporativos da Paulistana, que representam 420 mil usuários, vêm sendo cobiçados por outras operadoras de saúde. Segundo fontes do setor, as operadoras e corretoras têm procurado as empresas que oferecem o convênio da Paulistana a seus funcionários para trocar de plano de saúde. Essa prática não pode ser coibida pela ANS, uma vez que a empresa contratante pode trocar de plano. O assédio em torno da carteira de planos corporativos da Paulistana ganha força porque neste ano o setor perdeu pelo menos 200 mil usuários com o desemprego.
Consolidação de hospitais deve ser mais demorada
01/10/2015 - Valor Econômico
O processo de consolidação no setor de hospitais, cuja legislação passou a permitir capital estrangeiro em janeiro, deve ser mais longo quando comparado a outros segmentos da saúde, como medicina diagnóstica ou planos de saúde. "O ciclo de consolidação de hospitais será mais longo porque ainda falta gestão profissionalizada, a legislação é recente e não está sendo totalmente compreendida. Mas, ao mesmo tempo, faltam leitos de hospitais. Ou seja, há uma ótima oportunidade e estamos entusiasmados com o setor", disse Breno Raikko, diretor da gestora americana de investimentos Advent, em seminário organizado pela Amcham em São Paulo.
Segundo a advogada especializada em saúde do escritório Pinhão e Koiffman, Suzi Hong Tiba, muitos investidores estrangeiros desembarcaram no Brasil nos três primeiros meses após a aprovação da legislação, mas desistiram porque encontraram hospitais pouco profissionalizados. "Os estrangeiros têm receio de encontrar contingências em negócios com pouca gestão. Tenho percebido mais interesse de [investidores] estratégicos ou fundos que já estão consolidados no Brasil", explicou Suzi.
Após aquisição de fatias minoritárias do Fleury e da colombiana LifeMiles, a Advent ainda tem US$ 1,6 bilhão para investir na América Latina. Deste total, entre 50% a 70% serão destinados ao Brasil. Segundo Raikko, na área da saúde, a gestora tem muito interesse na indústria farmacêutica, em especial, àquelas voltadas à alta complexidade e de prescrição médica, além de hospitais, clínicas e laboratórios de medicina diagnóstica.